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Direito Civil e Direito Penal - Infração Penal

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Infração Penal
SEGURANÇA PÚBLICA - Agente
INFRAÇÃO PENAL
No Brasil, Infração penal é gênero, podendo ser dividida em:
Infração penal
Crime/Delito
Contravenção 
Penal
Infração Penal
Ø CONCEITO FORMAL: infração penal é aquilo que assim está rotulado em uma norma
penal incriminadora, sob ameaça de pena.
Ø CONCEITO MATERIAL: infração penal é comportamento humano causador de relevante
e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção
penal.
Ø CONCEITO ANALÍTICO: leva em consideração os elementos estruturais que compõem
infração penal, prevalecendo fato típico, ilícito e culpável.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES
- Crimes comuns ou gerais: são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. O tipo
penal não exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial. Fala-se também em
crimes bicomuns, compreendidos como aqueles que podem ser cometidos por qualquer pessoa e
contra qualquer pessoa;
- Crimes próprios ou especiais: são aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou
jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Admitem coautoria e participação. Os crimes
próprios dividem-se em puros e impuros. Naqueles, a ausência da condição imposta pelo tipo penal
leva à atipicidade do fato, enquanto nestes a exclusão da especial posição do sujeito ativo acarreta
na desclassificação para outro delito.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES
(...)
Existem ainda em crimes próprios com estrutura inversa, classificação relativa aos crimes praticados
por funcionários públicos contra a Administração em geral (crimes funcionais), bem como os
chamados crimes bipróprios – delitos que exigem uma peculiar condição (fática ou jurídica) no
tocante ao sujeito ativo e ao sujeito passivo. É o caso do infanticídio, que somente pode ser praticado
pela mãe contra o próprio filho nascente ou recém-nascido;
-Crimes de mão própria; de atuação pessoal ou de conduta infungível: são aqueles que somente
podem ser praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. Não admitem coautoria,
mas somente participação, eis que a lei não permite delegar a execução do crime a terceira pessoa.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES
- Crime simples: é aquele que se amolda em um único tipo penal. É o caso do furto (CP, art. 155);
- Crime complexo: é aquele que resulta da união de dois ou mais tipos penais. Fala-se, nesse
caso, em crime complexo em sentido estrito. O crime de roubo (CP, art. 157), por exemplo, é
oriundo da fusão entre furto e ameaça (no caso de ser praticado com emprego de grave ameaça
– CP, art. 147), ou furto e lesão corporal (se praticado mediante violência contra a pessoa – CP,
art. 129).
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS CRIMES
(...) Denominam-se famulativos os delitos que compõem a estrutura unitária do crime complexo. De
seu turno, crime complexo em sentido amplo é o que deriva da fusão de um crime com um
comportamento por si só penalmente irrelevante, a exemplo da denunciação caluniosa (CP, art. 339),
originária da união da calúnia (CP, art. 138) com a conduta lícita de noticiar à autoridade pública a
prática da infração penal e sua respectiva autoria.
- Crimes materiais ou causais: são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e
um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária para a consumação. É o caso
do homicídio (CP, art. 121). A conduta é “matar alguém”, e o resultado naturalístico ocorre com o
falecimento da vítima, operando-se com ele a consumação;
- Crimes formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado: são aqueles nos quais o
tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é
desnecessário para a consumação. Em síntese, malgrado possa se produzir o resultado
naturalístico, o crime estará consumado com a mera prática da conduta.
- Crimes de mera conduta ou de simples atividade: são aqueles em que o tipo penal se limita a
descrever uma conduta, ou seja, não contém resultado naturalístico, razão pela qual ele jamais
poderá ser verificado. É o caso do ato obsceno (CP, art. 233).
- Crimes instantâneos ou de estado: são aqueles cuja consumação se verifica em um momento
determinado, sem continuidade no tempo. É o caso do furto (CP, art. 155);
- Crimes permanentes: são aqueles cuja consumação se prolonga no tempo, por vontade do
agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente, razão pela qual a prisão em
flagrante é cabível a qualquer momento, enquanto perdurar a situação de ilicitude.
Os crimes permanentes se subdividem em:
ünecessariamente permanentes: são aqueles que para a consumação é
imprescindível a manutenção da situação contrária ao Direito por tempo
juridicamente relevante. É o caso do sequestro (CP, art. 148);
üeventualmente permanentes: em regra são crimes instantâneos, mas, no
caso concreto, a situação de ilicitude pode ser prorrogada no tempo pela
vontade do agente. Como exemplo pode ser indicado o furto de energia
elétrica (CP, art. 155, § 3º);
- Crimes instantâneos de efeitos permanentes: são aqueles cujos efeitos subsistem após
a consumação, independentemente da vontade do agente, tal como ocorre na bigamia
(CP, art. 235).
- Crimes a prazo: são aqueles cuja consumação exige a fluência de determinado período.
É o caso da lesão corporal de natureza grave em decorrência da incapacidade para as
ocupações habituais por mais de 30 dias (CP, art. 129, § 1º, I), e do sequestro em que a
privação da liberdade dura mais de 15 dias (CP, art. 148, § 1º, III).
- Crimes unissubjetivos, unilaterais, monossubjetivos ou de
concurso eventual: são aqueles em regra praticados por um
único agente. Admitem, entretanto, o concurso de pessoas. É o
caso do homicídio (CP, art. 121);
- Crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário: são aqueles em que o tipo penal
reclama a pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou partícipes, imputáveis ou não, conhecidos
ou desconhecidos, e inclusive pessoas em relação às quais já foi extinta a punibilidade.
Subdividem-se em:
- crimes bilaterais ou de encontro: o tipo penal exige dois agentes, cujas condutas tendem a se encontrar. É
o caso da bigamia (CP, art. 235);
- crimes coletivos ou de convergência: o tipo penal reclama a existência de três ou mais agentes.
Podem ser:
de condutas contrapostas – os agentes devem atuar uns contra os outros. É o caso da rixa (CP, art. 137);
de condutas paralelas – os agentes se auxiliam, mutuamente, com o objetivo de
produzirem o mesmo resultado. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288).
Contudo, os crimes plurissubjetivos não se confundem com os delitos de participação
necessária. Estes podem ser praticados por uma única pessoa, nada obstante o tipo
penal reclame a participação necessária de outra pessoa, que atua como sujeito
passivo e, por esse motivo, não é punido (ex: rufianismo – CP, art. 230);
- Crimes eventualmente coletivos são aqueles em que, nada
obstante o seu caráter unilateral, a diversidade de agentes atua
como causa de majoração da pena, tal como se dá no furto
qualificado (CP, art. 155, § 4º, IV) e no roubo circunstanciado (CP,
art. 157, § 2º, II).
- Crimes de subjetividade passiva única: são aqueles em que
consta no tipo penal uma única vítima. É o caso da lesão corporal
(CP, art. 129);
- Crimes de dupla subjetividade passiva: são aqueles em que o tipo penal prevê a existência de duas ou
mais vítimas, tal como se dá no aborto sem o consentimento da gestante, em que se ofendem a gestante
e o feto (CP, art. 125), e na violação de correspondência, na qual são vítimas o remetente e o destinatário
(CP, art. 151).
- Crimes de dano ou de lesão: são aqueles cuja consumação somente se produz com a efetiva lesão do
bem jurídico. Como exemplos podem ser lembrados os crimes de homicídio (CP, art. 121), lesões
corporais (CP, art. 129) e dano (CP, art. 163);
- Crimes de perigo: são aqueles que se consumam com a mera
exposição do bem jurídico penalmente tutelado a uma situação de
perigo, ou seja,basta a probabilidade de dano.
Subdividem-se em:
- Crimes de perigo abstrato, presumido ou de simples desobediência: consumam-se com a prática da
conduta, automaticamente. Não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. Ao
contrário, há presunção absoluta (iuris et de iure) de que determinadas condutas acarretam perigo a
bens jurídicos. É o caso do tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33,caput). Esses crimes estão em
sintonia com a CF, mas devem ser instituídos pelo legislador com parcimônia, evitando-se a
desnecessária inflação legislativa;
- Crimes de perigo concreto: consumam-se com a efetiva comprovação, no caso concreto, da
ocorrência da situação de perigo. É o caso do crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (CP, art.
132);
- Crimes de perigo individual: atingem uma pessoa ou um número determinado de pessoas, tal como
no perigo de contágio venéreo (CP, art. 130);b.4) crimes de perigo comum ou coletivo: atingem um
número indeterminado de pessoas, como no caso da explosão criminosa (CP, art. 251);
- Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo, a exemplo do abandono de incapaz (CP, art. 133);
- Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
- Crimes de perigo futuro ou mediato: a situação de perigo
decorrente da conduta se projeta para o futuro, como no porte
ilegal de arma de fogo permitido ou restrito (Lei 10.826/2003,
arts. 14 e 16), autorizando a criação de “tipos penais
preventivos”.
- Crimes unissubsistentes: são aqueles cuja conduta se revela mediante um único ato de
execução, capaz por si só de produzir a consumação, tal como nos crimes contra a honra praticados
com o emprego da palavra. Não admitem a tentativa, pois a conduta não pode ser fracionada, e, uma
vez realizada, acarreta automaticamente na consumação.
- Crimes plurissubsistentes: são aqueles cuja conduta se exterioriza por meio de dois ou mais
atos, os quais devem somar-se para produzir a consumação. É o caso do crime de homicídio praticado
por diversos golpes de faca. É possível a tentativa justamente em virtude da pluralidade de atos
executórios.
- Crimes comissivos ou de ação: são os praticados
mediante uma conduta positiva, um fazer, tal como se dá
no roubo (CP, art. 157). Nessa categoria se enquadra a
ampla maioria dos crimes;
- Crimes omissivos ou de omissão: são os cometidos por meio de uma conduta negativa, de uma inação,
de um não fazer. Subdividem-se em:
- Crimes omissivos próprios ou puros: a omissão está contida no tipo penal, ou seja, a descrição da
conduta prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa. Não há previsão legal do dever
jurídico de agir, de forma que o crime pode ser praticado por qualquer pessoa que se encontre na posição
indicada pelo tipo penal. Nesses casos, o omitente não responde pelo resultado naturalístico
eventualmente produzido, mas somente pela sua omissão. Exemplo típico é o crime de omissão de
socorro, definido pelo art. 135 do CP. Os crimes omissivos próprios são unissubsistentes, isto é, a conduta
é composta de um único ato. Como decorrência, não admitem a forma tentada;
- Crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão: o tipo penal aloja em sua
descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente, que descumpre seu dever
jurídico de agir, acarreta a produção do resultado naturalístico e a sua consequente responsabilização
penal. As hipóteses de dever jurídico de agir foram previstas no art. 13, § 2º, do CP. Tais crimes entram
também na categoria dos “próprios”, uma vez que somente podem ser cometidos por quem possui o
dever jurídico de agir. São ainda crimes materiais, pois o advento do resultado naturalístico é
imprescindível à consumação do delito, e admitem a tentativa, pelo fato de serem plurissubsistentes;
- Crimes de conduta mista: são aqueles em que o tipo penal é composto de duas fases distintas,
uma inicial e positiva, outra final e omissiva, a exemplo da apropriação de coisa achada, definida
pelo art. 169, parágrafo único, II, do CP.
- Crimes de forma livre: são aqueles que admitem qualquer meio de execução. É o caso da ameaça
(CP, art. 147), que pode ser cometida com emprego de gestos, palavras, escritos, símbolos etc.;
- Crimes de forma vinculada: são aqueles que apenas podem ser executados pelos meios indicados
no tipo penal. É o caso do crime de perigo de contágio venéreo (CP, art. 130), que somente admite a
prática mediante relações sexuais ou atos libidinosos.
- Crimes mono-ofensivos: são aqueles que ofendem um único bem jurídico. É o caso do furto (CP,
art. 155), que viola o patrimônio;
- Crimes pluriofensivos: são aqueles que atingem dois ou mais bens jurídicos, tal como no latrocínio
(CP, art. 157, § 3º, parte final), que afronta a vida e o patrimônio.
- Crimes principais: são os que possuem existência autônoma, isto é, independem da prática de um
crime anterior. É o caso do estupro (CP, art. 213);
- Crimes acessórios, de fusão ou parasitários: são os que dependem da prática de
um crime anterior, tal como na receptação (CP, art. 180), no favorecimento pessoal e
no favorecimento real (CP, arts. 348 e 349) e na lavagem de dinheiro (Lei
9.613/1998, art. 1º). Nos termos do art. 108 do CP, a extinção da punibilidade do
crime principal não se estende ao crime acessório.
- Crimes transeuntes ou de fato transitório: são aqueles que não deixam vestígios
materiais, como no caso dos delitos praticados verbalmente (ameaça, desacato,
injúria, calúnia, difamação etc.);
- Crimes não transeuntes ou de fato permanente: são aqueles que deixam vestígios materiais,
tais como o homicídio (CP, art. 121) e as lesões corporais (CP, art. 129). Nos crimes não
transeuntes, a falta de exame de corpo de delito leva à nulidade da ação penal, enquanto nos
delitos transeuntes não se realiza a perícia (CPP, arts. 158 e 564, III, “b”).
- Crimes à distância (ou crimes de espaço máximo): são aqueles cuja conduta e resultado
ocorrem em países diversos. No tocante ao lugar do crime, o art. 6º do CP acolheu a teoria mista
ou da ubiquidade;
- Crimes plurilocais: são aqueles cuja conduta e resultado se desenvolvem em comarcas diversas,
sediadas no mesmo país. Em relação às regras de competência, o art. 70 do CPP dispõe que, nesse
caso, será competente para o processo e julgamento do crime o juízo do local em que se operou a
consumação, mas existem exceções legais e jurisprudenciais;
- Crimes em trânsito: são aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em um país, sem
lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem. Exemplo: “A”, da
Argentina, envia para os Estados Unidos uma missiva com ofensas a “B”, e essa carta passa pelo
território brasileiro.
- Crimes independentes: são aqueles que não apresentam nenhuma ligação com
outros delitos;
- Crimes conexos: são os que estão interligados entre si. Essa conexão pode ser
penal ou processual penal. A conexão material ou penal, que nos interessa,
divide-se em:
a) Teleológica ou ideológica: o crime é praticado para assegurar a execução de
outro delito;
b) Consequencial ou causal: o crime é cometido para assegurar a ocultação,
impunidade ou vantagem de outro delito. Essas duas espécies de conexão têm
previsão legal. Funcionam como qualificadoras no crime de homicídio (CP, art. 121,
§ 2º, V) e como agravantes genéricas nos demais crimes (CP, art. 61, II, alínea “b”);
c) Ocasional: o crime é praticado como consequência da ocasião, da oportunidade
proporcionada por outro delito. O agente responde por ambos os crimes, em
concurso material. Cuida-se de criação doutrinária e jurisprudencial, sem amparo
legal.
- Crimes condicionados: são aqueles em que a inauguração da persecução penal
depende de uma condição de procedibilidade. É o caso da ameaça, de ação penal
pública condicionada à representação do ofendido ou de seu representante legal (CP,
art. 147). Anote-se que a legislação penal indica expressamente a condição de
procedibilidade, quando necessária, pois a ausência de menção direta acarretaa
conclusão de tratar-se de crime de ação penal pública incondicionada;
- Crimes incondicionados: são aqueles em que a instauração da persecução penal é
livre. Constituem a ampla maioria de delitos no Brasil. O Estado pode iniciá-la sem
nenhuma autorização, como ocorre no crime de homicídio, de ação penal pública
incondicionada.

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