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Caderno de Questões: Provas Teórica e Teórico-Prática Instruções 1. Este Caderno de Questões contém 40 (quarenta) questões de múltipla escolha da Prova Teórica; e 04 (quatro) questões dissertativas da Prova Teórico- Prática. 2. Você recebeu uma Folha de Respostas e um Caderno de Respostas personalizados para registro das respostas da Prova Teórica e da Prova Teórico- Prática, respectivamente. Verifique se: Este caderno de questões, a sua Folha de Respostas e o seu Caderno de Respostas são referentes à sua Área de Atuação. O número do Gabarito impresso na sua Folha de Respostas é o mesmo impresso neste Caderno de Questões. Se, neste caderno de questões, a numeração das questões e a paginação estão corretas. 3. Você dispõe de 04 (quatro) horas para: Responder as questões das provas Teórica e Teórico-Prática; Marcar as respostas da Prova Teórica na Folha de Respostas; Transcrever as respostas da prova Teórico- Prática para o Caderno de Respostas; e Copiar, se desejar, o seu gabarito em formulário padronizado, fornecido pela Organização da Prova. 4. NÃO será permitido copiar seus assinalamentos em outro material que não os fornecidos pela Organização da Prova. 5. Somente depois de decorrida 01 (uma) hora do início da prova, você poderá entregar o seu Caderno de Questões, o seu Cartão de Respostas e as suas Folhas de Respostas. 6. Após o término da sua prova entregue, obrigatoriamente, ao fiscal, este Caderno de Questões, a Folha de Respostas e o Caderno de Respostas. 7. Apresente o formulário padronizado com o gabarito, copiado ou não, ao fiscal na saída do setor de prova. 8. NÃO será permitido levar o Caderno de Questões em hipótese alguma. 9. Os três últimos candidatos de cada sala só poderão sair juntos. 10. Transcreva a frase “A ABP incentiva a educação.” para os locais apropriados na Folha de Respostas e no Caderno de Respostas. 11. Se você precisar de algum esclarecimento, solicite a presença do responsável pelo local. Hipóteses de eliminação do candidato da prova Em conformidade com subitem 6.16 do Edital no 2 de 15 de maio de 2017, será eliminado das provas, com o devido registro do ato em Termo de Ocorrência, o candidato que: a) Comunicar-se com outro candidato ou com pessoa não autorizada; b) Portar armas ou qualquer aparelho eletrônico no setor ou nas dependências do seu local de prova; c) Utilizar-se de qualquer tipo de consulta; d) Desrespeitar membro da Organização da Prova; e) Perturbar a ordem e a tranquilidade no local de prova; f) Descumprir qualquer das instruções descritas no material de prova; g) Não realizar qualquer uma das provas; h) Ausentar-se do setor de prova sem autorização; i) Não devolver o material de prova; e j) Não assinar a lista de presença e/ou o material de prova, nos locais indicados. BOA PROVA! Associação Brasileira de Psiquiatria Concessão de Certificado de Atuação - 2017 Área: Forense - CAPF G A B A R I T O 1 GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 2 PROVA TEÓRICA QUESTÃO 01 Os peritos detêm os seguintes direitos típicos de sua atividade: A) periciar paciente seu. B) exercer sua autonomia profissional. C) elaborar parecer da pessoa por ele periciada. D) encaminhar diretamente o periciando para tratamento médico. E) comentar com o periciando sobre o tratamento que este recebe de seu psiquiatra assistente. QUESTÃO 02 Quanto à prodigalidade, é correto afirmar que trata-se de um conceito: A) médico-psiquiátrico e deve ser avaliada pelo perito. B) jurídico e não cabe ao perito emitir comentário sobre ela. C) psiquiátrico-forense e que pertence ao meio jurídico e médico. D) psiquiátrico, sendo encontrado, por exemplo, em portadores de transtorno afetivo bipolar, em fase maníaca. E) jurídico e cabe ao perito se restringir à possível avaliação do pródigo dentro da esfera psiquiátrica. QUESTÃO 03 Para que haja a conversão de uma pena que esteja sendo executada em medida de segurança, é necessário que o indivíduo preso: A) apresente um transtorno mental e deseje ser tratado. B) apresente um transtorno mental com comportamento violento. C) apresente um transtorno mental e que haja um especial tratamento curativo para sua patologia. D) revele fazer tratamento psiquiátrico anteriormente, tendo, inclusive, prova documental sobre isso. E) apresente um transtorno mental que não possa ser tratado na unidade penitenciária em que se encontra recolhido. QUESTÃO 04 Segundo a Lei Federal no 12.318, de 26 de agosto de 2010, que dispõe sobre a alienação parental, pode-se afirmar que: A) a alienação parental fere direito fundamental do cônjuge afetado. B) esse tipo de alienação constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente. C) considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida necessariamente por um dos genitores. D) havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psiquiátrica. E) a alteração de domicílio da criança ou adolescente é relevante para a determinação da competência relacionada às ações fundadas em direito de convivência familiar. QUESTÃO 05 A Lei Federal no 11.340, de 7 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir violência doméstica e familiar contra a mulher. Segundo essa lei, em seu artigo 19, as medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz: A) somente. B) e por autoridade policial. C) e pelo promotor de justiça. D) e pelo advogado da vítima. E) pelo promotor de justiça e por autoridade policial. QUESTÃO 06 A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência entrou em vigor em 2 de janeiro de 2016, revogando e alterando diversos artigos do Código Civil de 2002. Segundo essa lei, a curatela passou a ser uma medida protetiva extraordinária e afeta tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza: A) eleitoral e familiar. B) negocial e familiar. C) sexual e matrimonial. GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 3 D) patrimonial e negocial. E) matrimonial e reprodutivo. QUESTÃO 07 O exame de verificação de cessação de periculosidade (EVCP) é aplicado a pacientes que se encontram em medida de segurança. O HCR-20 é uma escala de avaliação de risco e útil nessa perícia. Embora ela possa não ser aplicada de forma literal, auxilia a direcionar o EVCP, considerando como item importante a ser investigado no periciando: A) o estado civil. B) a impulsividade. C) o padrão de sono. D) o esquema medicamentoso atual. E) a existência de vínculo empregatício. QUESTÃO 08 A simulação deve ser diferençada do transtorno factício e do transtorno dissociativo. Dessa forma, o que caracteriza a simulação é a produção dos sintomas e motivação, consecutivamente: A) consciente e consciente. B) inconsciente e consciente. C) inconsciente e inconsciente. D) consciente e pré-consciente. E) pré-consciente e inconsciente. QUESTÃO 09 O tema sobre psiquiatria nas prisões é bastante atual e vem ganhando cada vez mais atenção devido à sua importância e à sua complexidade. A literatura mostra alta morbidade psiquiátrica na população prisional em todo o mundo, sendo os mais prevalentes os transtornosmentais: A) orgânicos, psicóticos e de personalidade. B) de personalidade, os de ansiedade e os de humor. C) orgânicos, por uso de substâncias e os de humor. D) psicóticos, por uso de substâncias e os de ansiedade. E) por uso de substâncias, os de ansiedade e os do humor. QUESTÃO 10 O consentimento esclarecido é uma questão ética relevante para a realização de uma perícia e representa a aplicação do princípio de respeito ao periciando. Embora em alguns processos judiciais, a determinação do juiz para a realização da perícia seja o suficiente, em outros casos, o consentimento válido do sujeito (ou de seu representante legal no caso de incapazes) é imprescindível para que este seja periciado, como o que ocorre nas perícias de: A) interdição. B) dependência química. C) responsabilidade penal. D) superveniência de doença mental. E) verificação de cessação de periculosidade. QUESTÃO 11 O psiquiatra que atua na seara forense deve ter o domínio de dois campos de saberes distintos que se intercomunicam: a Medicina e o Direito. A complexidade dessa interação demanda que, na realização de uma perícia psiquiátrica, tenham-se claros os conceitos referentes à perícia, aos peritos e aos documentos médico-legais envolvidos. Nessa perspectiva, de acordo com o novo Código de Processo Civil - Lei Federal no 13.105, de 16 de março de 2015 - legislação em vigor no Brasil que trata do tema, é correto afirmar que: A) os assistentes técnicos são de confiança da parte, estando esses profissionais sujeitos a impedimento e suspeição. B) em caso de, por motivo justificado, o perito não conseguir apresentar o laudo no prazo estipulado pelo juízo, o mesmo poderá ser prorrogado por igual período ao fixado originalmente. C) em caso de o perito fornecer no laudo informações inverídicas, por dolo ou mesmo por culpa, o mesmo ficará inabilitado para atuar em outras perícias por um ano. D) a prova pericial pode ser dispensada pelo juiz quando as partes apresentarem pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. E) a remuneração inicialmente arbitrada para a realização de uma perícia não pode ser GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 4 reduzida pelo juiz, mesmo se o laudo for inconclusivo ou deficiente. QUESTÃO 12 As avaliações psiquiátricas em matéria cível abrangem um amplo espectro de possibilidades periciais. O profissional forense deve conhecer, por um lado, as apresentações dos transtornos psiquiátricos e possível influência destes na capacidade de discernimento do examinando e, por outro, a legislação vigente em nosso país no tocante à capacidade que for avaliar. Com relação a este complexo assunto, é corretor afirmar que: A) o exame retrospectivo em perícia para avaliar a capacidade testamentária é sempre mais fácil de realizar do que o transversal, visto que, no primeiro, se tem dados longitudinais. B) o transtorno mental pode levar à incapacidade laboral, o que implica, por si só, em incapacidade para os atos da vida civil. C) a incapacidade na esfera civil torna impossível ao indivíduo contrair matrimônio. D) a anulação de negócios jurídicos, a aptidão para guarda de filhos, a agressão em violência doméstica e a destituição do poder familiar são exemplos de perícias cíveis. E) o vício de consentimento por erro essencial em relação ao cônjuge por ser portador de uma doença mental grave é raramente invocado atualmente em eventual anulação de casamento. QUESTÃO 13 O psiquiatra forense deve conhecer a nomenclatura utilizada no meio judicial quando da realização de uma perícia criminal. Nesse sentido, os termos “doença mental”, “perturbação da saúde mental”, “desenvolvimento mental retardado” e desenvolvimento mental incompleto”, presentes no artigo 26 do Código Penal Brasileiro, podem ser representados, respectivamente, pelas seguintes categorias diagnósticas: A) depressão neurótica, delirium, retardo mental, silvícolas. B) delirium, parafilia, encefalopatia crônica irreversível, surdos-mudos. C) transtorno de personalidade borderline, embriaguez aguda, retardo mental, pedofilia. D) transtorno de humor bipolar, transtorno de ansiedade, estado de aculturamento, retardo mental. E) demência de Alzheimer, transtorno de personalidade antissocial, inteligência fronteiriça, esquizofrenia. QUESTÃO 14 A delinquência juvenil pode ser considerada um problema de ordem biopsicossocial significativo, com etiologia multifatorial e manejo complexo e multidisciplinar, tanto em sua abrangência legal quanto de saúde. O psiquiatra forense pode se deparar com o tema, por exemplo, na realização de perícia de crianças ou adolescentes infratores. Entre as opções a seguir, assinale a que traz informações corretas sobre este tema de tamanha relevância nos dias atuais. A) Os comportamentos antissociais em crianças e adolescentes sempre ocorrem no contexto de um transtorno mental. B) No Brasil, os menores de 18 anos são considerados inimputáveis independentemente da sua capacidade de compreensão e determinação em relação ao ato infracional. C) Às crianças menores de 12 anos que cometam uma infração são cabíveis medidas protetivas e socioeducativas, tais como prestação de serviços comunitários e liberdade assistida. D) A prevalência de meninos e meninas infratores é semelhante entre os jovens que cumprem medidas socioeducativas de internação e de semiliberdade no Brasil. E) O Estatuto da Criança e do Adolescente carece de previsão de tratamento de saúde específico gratuito para uso de drogas na população em tela. GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 5 QUESTÃO 15 A violência doméstica contra a mulher pode ser considerada um problema de saúde pública que afeta vítimas de todas as idades e estratos socioeconômicos. Sobre este assunto, é correto afirmar que: A) a nossa nação conta com uma ampla rede de atendimento para mulheres vítimas deste fenômeno, pois a “Lei Maria da Penha” assim normatizou. B) o número de ingresso de processos na área e a consequente solicitação de perícias psiquiátricas vêm diminuindo em função do combate ao fenômeno da violência doméstica. C) o Brasil promulgou legislação específica de combate à violência contra a mulher no âmbito familiar, a qual modificou as penas anteriormente previstas para tais casos. D) a Lei nº13.104 de 2015 prevê o crime de homicídio qualificado quando cometido contra a mulher por razões de condição de sexo feminino, mas não traz o conceito de feminicídio. E) o uxoricídio, na maioria dos casos, trata-se de ato impulsivo isolado, e resulta de agressividade crescente contra a companheira. QUESTÃO 16 A simulação é definida pelo Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais em sua quinta edição como produção intencional de sintomas físicos ou psicológicos falsos ou grosseiramente exagerados motivada por incentivos externos. No contexto psiquiátrico forense, tanto na seara cível quanto na criminal, a detecção da simulação se reveste de importância, mas, no entanto, não é de fácil detecção na avaliação. Nesse sentido, um ponto importante é o conhecimento das diversas apresentações clínicas das doenças. Nesse contexto, é correto afirmar que: A) a simulação de mania é comum e de fácil fingimento. B) os delírios genuínosgeralmente começam e param subitamente. C) as entrevistas prolongadas estão indicadas, bem como evitar a confrontação. D) a presença de esquizofrenia exclui a possibilidade de alucinações simuladas. E) a simulação é classificada nos manuais diagnósticos como um transtorno mental. QUESTÃO 17 O suicídio é um fenômeno global, com grande ônus para a sociedade, podendo ser considerado um dos mais impactantes problemas de saúde pública. Sobre este assunto, assinale a alternativa correta. A) A desesperança, a idade avançada, o gênero feminino, a doença mental, a doença física grave, a perda financeira, a história de abuso sexual, e o isolamento social podem ser considerados como fatores de risco para o suicídio. B) O suicídio era, até alguns anos atrás, uma das principais causas de óbito em ambientes forenses mas, com os esforços das estratégias preventivas de saúde pública, não é mais considerado como uma das principais causas de morte em tais amostras. C) A necropsia psicológica pode auxiliar para fins legais no esclarecimento da intencionalidade do ato que levou à morte do indivíduo em casos de concessão de seguro de vida, execução de dívidas ou validade testamentária. D) O psiquiatra, em sua atividade médica no atendimento ao paciente, tem a obrigação legal de predizer quem irá ou não cometer suicídio, e para isso deve realizar uma avaliação minuciosa e individualizada do risco de tal evento. E) Os homicídios seguidos de suicídio são casos bem pouco frequentes que são cometidos em sua quase totalidade por indivíduos homens com história criminal prévia, a maioria tendo como alvo a companheira. GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 6 QUESTÃO 18 Com as mudanças culturais e sociais e com a impessoalização da relação médico-paciente, observa-se, nas últimas décadas, um aumento expressivo de processos contra médicos. Nesse contexto, assinale a alternativa correta sobre o tema da responsabilidade civil do psiquiatra. A) Os psiquiatras não se encontram entre os médicos mais frequentemente acusados perante os Conselhos Regionais de Medicina. B) O mau resultado no atendimento médico psiquiátrico é fato gerador, por si só, do dever de indenização ao paciente pelo profissional. C) Imperícia é a falta de cautela na realização do tratamento escolhido, e negligência é a falta de empenho ou diligência no atendimento do caso. D) O psiquiatra que respondeu a um processo ético-profissional perante o Conselho Regional de Medicina e foi condenado não pode responder cumulativamente na esfera cível perante a justiça comum. E) A manutenção de registros médicos meticulosos e atualizados através do prontuário médico, documento que pertence ao médico, é uma das medidas defensivas apropriadas em casos de processo judicial. QUESTÃO 19 A Lei Federal no 10.216, de 6 de abril de 2001, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Em seu artigo 2° ela dita que, nos atendimentos em saúde mental, a pessoa e seus familiares ou responsáveis devem ser formalmente certificados de uma série de direitos, dentre os quais se incluem: A) ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração e ter acesso restrito aos meios de comunicação disponíveis. B) ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis e ter garantia de sigilo nas informações prestadas. C) ser tratada preferencialmente em serviços hospitalares de saúde mental e ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração. D) ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis e receber o mínimo de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento. E) ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde consentâneo às suas necessidades e receber o mínimo de informações disponíveis a respeito de sua doença e de seu tratamento. QUESTÃO 20 Há uma série de diretrizes e normas regulamentadoras no tocante a pesquisas envolvendo seres humanos, desde por exemplo o Código de Nuremberg, a Declaração de Helsinque, até legislações e resoluções específicas de cada país, como é o caso, por exemplo, no Brasil, da Resolução no 466 de 2012. O psiquiatra forense em atividade de pesquisa deve ter o conhecimento de que: A) a eticidade da pesquisa em seres humanos implica em assegurar aos participantes os benefícios resultantes do projeto, seja em termos de retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa. B) a pena de privação de liberdade restringe a capacidade de consentimento e as prerrogativas e direitos de indivíduos presos que participem de pesquisa. C) o termo de consentimento livre e esclarecido deverá conter esclarecimento sobre a forma de assistência a que terão direito os participantes, mas não é necessário considerar acompanhamentos posteriores ao encerramento da pesquisa. D) a pesquisa em seres humanos, dadas as consequências potencialmente danosas, deve ser desenvolvida exclusivamente em indivíduos com autonomia plena. E) o dano associado ou decorrente da pesquisa abrange o agravo imediato, direto, ao indivíduo, decorrente da pesquisa, mas não cabe abranger agravo posterior, indireto ou à coletividade. GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 7 QUESTÃO 21 A Avaliação da Imputabilidade Penal de indivíduos que praticaram atos delitivos e existe dúvida a respeito da sanidade mental a época dos fatos, é realizada com embasamento no artigo 26 do Código Penal Brasileiro. São considerados portadores de Perturbação da saúde mental os réus que preenchem critérios para os diagnósticos de: A) pedofilia e esquizofrenia. B) esquizofrenia e transtorno delirante. C) pedofilia e transtorno de personalidade paranoide. D) transtorno de personalidade antissocial e esquizofrenia. E) transtorno delirante e transtorno de personalidade antissocial. i QUESTÃO 22 A interdição parcial para os atos da vida civil pode ser solicitada para os portadores de: A) retardo mental. B) idade superior a 80 anos. C) câncer em estágio terminal. D) idade entre 60 anos e 70 anos. E) idade entre 70 anos e 80 anos. QUESTÃO 23 A produção intencional de sinais e sintomas físicos e/ou psicológicos com o objetivo de assumir o papel de doente e ser cuidado, sem qualquer outro ganho é chamado de: A) Metassimulação. B) Supersimulação. C) Transtorno Factício. D) Transtorno Conversivo. E) Transtorno Dissociativo. QUESTÃO 24 A Avaliação de Risco de Violência pode ser realizada em: A) em portadores de transtornos psicóticos, apenas. B) população que solicita auxílio desemprego, apenas. C) Portadores de transtornos mentais e população prisional. D) população prisional em cumprimento de primeira pena, apenas. E) portadores de transtorno antissocial de personalidade, apenas. QUESTÃO 25 São orientações recomendáveis para detecção de simulação em entrevista psiquiátrica pericial, EXCETO: A) Evitar a confrontação. B) Fazer perguntas abertas. C) Fazer entrevistas prolongadas. D) Demonstrar desconfiança com o relato do simulador. E) Indagar sobre contato com serviços psiquiátricos. QUESTÃO 26 Em relação ao Código de Ética Médica atualmente vigente, apresentado pela Resolução do Conselho Federal de Medicina – CFM no 1.931 de 17/09/2009é INCORRETO se afirmar que: A) É vedado ao Médico delegar a outros Profissionais atos ou atribuições exclusivos da Profissão Médica, salvo a Profissionais Paramédicos em condições especiais elencadas em Lei, e é vedado ao Médico não assumir responsabilidade sobre Procedimento Médico que indicou ou do qual participou, salvo quando vários Médicos tenham assistido o Paciente. B) A Medicina é uma Profissão a serviço da saúde do Ser Humano e da Coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza, bem como o Médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido, pelos seus atos profissionais, resultantes de relação particular de confiança e executados com diligência, competência e prudência. C) Ao Médico é facultado indicar o procedimento mais adequado ao Paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas, respeitada a Legislação vigente, bem como internar e assistir seus Pacientes em hospitais privados e públicos com caráter filantrópico ou não, ainda que não faça parte do seu Corpo Clínico, respeitadas as Normas Técnicas aprovadas pelo Conselho Regional de Medicina – CRM da pertinente jurisdição. GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 8 D) É vedado ao Médico deixar de obter consentimento do Paciente ou de seu Representante Legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte, bem como deixar de garantir ao Paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo. E) É vedado ao Médico assinar Laudos Periciais, Auditoriais ou de Verificação Médico-Legal quando não tenha realizado pessoalmente o Exame, bem como ser Auditor ou Perito do próprio Paciente, de pessoa de sua família ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado. QUESTÃO 27 Considerando a Resolução do Conselho Federal de Medicina – CFM no 2.057 de 20/09/2013, que consolida as diversas Resoluções Conselhais relacionadas à Área da Especialidade Médica da Psiquiatria, pode-se afirmar que em relação: A) ao Tratamento Psiquiátrico, este deverá ser administrado a Paciente padecente de Transtornos Mentais sem necessidade consentimento esclarecido do mesmo, salvo exclusivamente em condições de Tratamento Involuntário, em que nesta situação tal consentimento deverá ser buscado junto ao Representante Legal do Paciente. B) à Neuropsicocirurgia, ela não deverá ser realizada em Pacientes que estejam involuntária ou compulsoriamente internados em estabelecimento de Assistência Psiquiátrica, mesmo com prévia Autorização Judicial, obedecendo ao pré-requisito de fundamentação mediante Laudo Médico, bem como deverá ser precedida de consentimento esclarecido do Paciente ou do seu Representante Legal e aprovada pela Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Regional de Medicina – CRM e homologada pelo seu Plenário. C) à Eletroconvulsoterapia, ela deverá ser realizada em ambiente com infraestrutura adequada de suporte à vida e com procedimentos de anestesia e de recuperação, conforme o Manual de Vistoria e Fiscalização da Medicina no Brasil, bem como sua indicação é genérica na literatura médica, tratando-se de terapêutica de exceção. D) a Atos Periciais em Psiquiatria, estes deverão obedecer ao roteiro descrito no Manual de Vistoria e Fiscalização da Medicina no Brasil, bem como se destina a elucidar o diagnóstico e a esclarecer à Autoridade que o solicitou, dentre outros pontos, elementos para avaliação sobre Capacidade Civil, Capacidade Laborativa, Responsabilidade Penal e Prognóstico de Risco de Violência de Origem Psicopatológica. E) à Internação Psiquiátrica, ela deverá ocorrer mediante nota de internação circunstanciada que exponha sua motivação, podendo ser classificada em Voluntária, Involuntária ou Compulsória, bem como a Internação Psiquiátrica do tipo Involuntária é a que se dá contrariamente à vontade do Paciente, sem o seu consentimento expresso ou com consentimento inválido, sem nenhuma necessidade da concordância de Representante Legal. QUESTÃO 28 Em relação à Lei Federal no 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das Pessoas Portadoras de Transtornos Mentais e redireciona o Modelo Assistencial em Saúde Mental no Brasil, é INCORRETO afirmar que: A) a Internação Psiquiátrica, em qualquer de suas Modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes, devendo sempre ser estruturada de forma a oferecer Assistência Integral ao Indivíduo padecedor de Transtornos Mentais, incluindo Serviços de Assistência Médica e de Assistência Psicológica, Ocupacional e Social, dentre outros (Lazer, etc.). B) a Internação Psiquiátrica somente será realizada mediante Laudo Médico circunstanciado que caracterize seus motivos, sendo vedado internar Pacientes padecedores de Transtornos Mentais em Instituições com características asilares, desprovidas de recursos que ofereçam GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 9 Serviços Médicos e de Assistência Psicológica, Ocupacional e Social, dentre outros (Lazer, etc.), e que não assegurem aos Pacientes seus direitos elencados no Parágrafo Único do Artigo 2º da A Lei Federal no 10.216, de 6 de abril de 2001. C) a Internação Psiquiátrica do Tipo Voluntária, que é aquela que se dá com o consentimento do Paciente, ou do Tipo Involuntária, que é aquela que se dá sem o consentimento do Paciente e a pedido de Terceiro, somente será autorizada por Médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado onde se localize o Estabelecimento. D) na Internação Psiquiátrica do Tipo Involuntária, aquela que se dá sem o consentimento do Paciente e a pedido de Terceiro, deverá ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo Responsável Técnico do Estabelecimento no qual tenha ocorrido no prazo de setenta e duas horas, não se necessita que esse mesmo procedimento seja adotado quando da respectiva alta do Paciente, em que o término da mesma dar-se-á por solicitação escrita do Familiar do paciente ou do Responsável Legal, ou quando estabelecido pelo Médico Assistente responsável pelo Tratamento. E) a Internação Psiquiátrica do Tipo Compulsória, aquela que é determinada pela Justiça, através de um Juiz Togado competente, de acordo com a Legislação vigente, e que levará em conta as condições de segurança do Estabelecimento, quanto à salvaguarda do Paciente, bem como dos demais Pacientes Internados e dos Funcionários do Estabelecimento. QUESTÃO 29 Em relação à Área de Atuação Psiquiatria Forense, da Especialidade Médica Psiquiatria, é correto afirmar, EXCETO que: A) A Perícia Médica da Especialidade Psiquiatria tem como missão, entre outras, realizar Exame para apuração direta da Responsabilidade Civil, onde em seu termo, deve-se chegar a uma conclusão se a pessoa Periciada deve ser responsabilizada civilmente por determinado ato praticado por ela, isto é, se ela deverá ser obrigada a indenizar pecuniariamente a pessoa lesada pelo seu ato, bem como o valor aproximado desta mencionada indenização. B) Para se apresentar publicamente como “Psiquiatra Forense” o Médico, além de ser Especialista em Psiquiatria com seu Diploma de Especialização em Psiquiatrialegalmente obtido, e devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado em que ele atue profissionalmente, deverá ter seu Certificado de Área de Atuação em Psiquiatria Forense legalmente obtido e também devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado em que ele atue profissionalmente. C) Pode ser um Modificador Acidental da Capacidade Civil e Laboral e da Responsabilidade Penal a Intoxicação Aguda por Substância Psicoativa. D) “Alienação Mental” ocorre quando um Adoecimento (Mental ou Físico) leva a uma perda do juízo de realidade, com falseamento da realidade objetiva do “mundo externo”, e leva a uma alteração profunda das funções mentais, intelectuais. E) Nas Pericias Médicas da Especialidade Médica Psiquiatria, o documento final que o Perito emite, apresentando suas conclusões sobre a Perícia Médica realizada, denomina-se “Laudo Pericial”, já, o documento final que o Assistente Técnico emite, apresentando suas conclusões sobre a Perícia Médica realizada, denomina-se “Parecer Técnico Pericial”. QUESTÃO 30 No Ordenamento Jurídico Penal Brasileiro atualmente vigente, um dos pilares da Responsabilidade Penal se fundamenta na Capacidade de Entendimento Criminal do Indivíduo acusado de praticar delito(s). Esta mencionada capacidade cognitiva não está clara e necessariamente prejudicada, e não desresponsabiliza legalmente o Indivíduo quando ele, no momento da Prática Delitiva, em consequência de: A) um Transtorno Mental, não compreende que está praticando uma conduta tipificadamente criminosa. GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 10 B) um Transtorno Mental, não compreende que está praticando uma conduta ilícita penalmente. C) um Transtorno Mental, não compreende que está praticando uma conduta passível de punição judicial penal. D) um Transtorno Mental, não compreende que está praticando uma conduta passível de indenização pecuniária. E) uma Embriaguez Completa, proveniente de caso fortuito ou de força maior, não compreende que está praticando uma conduta criminosa. QUESTÃO 31 A principal causa, entre as doenças psiquiátricas de afastamento do trabalho no Brasil, é: A) Alcoolismo. B) Depressão. C) Ansiedade. D) Reação a estresse grave. E) Transtornos neurológicos. QUESTÃO 32 A CID-10 deve sempre constar no atestado médico, sem ter que o paciente assinar a sua permissão, no caso em que o atestado for solicitado para fins: A) escolares. B) de pericia médica. C) de ingresso ao trabalho. D) de atividades desportivas. E) de avaliar a sanidade mental. QUESTÃO 33 Considera-se alteração mental todo caso de distúrbio mental ou neuromental grave e persistente no qual, esgotados os meios habituais de tratamento, haja alteração completa ou considerável da personalidade, comprometendo relativamente os juízos de valor e realidade, destruindo a autodeterminação do pragmatismo e tornando o paciente total e permanentemente impossibilitado para qualquer trabalho. Nestas condições a alternativa que se aplica a alteração mental é: A) Ansiedade. B) Alcoolismo. C) Esquizofrenia. D) Psicoses orgânicas transitórias. E) Transtornos mentais não patológicos. QUESTÃO 34 Em perícias judiciais para avaliar estados demenciais os juízes esperam que o perito apresente: A) Pet-sc. B) Eletrocardiograma. C) Tomografia cerebral. D) Ressonância magnética. E) Exame do estado mental (MMSE) QUESTÃO 35 O psiquiatra forense está a serviço do interesse da sociedade. Para isso é necessário que ele: A) tenha compromisso com a verdade dos fatos. B) tenha como objetivo avaliar os regulamentos legais da sociedade. C) ao fazer uma perícia só se preocupe com a independência do direito do indivíduo. D) ao fazer uma perícia busque a verdade dos fatos, independentemente do direito do indivíduo. E) ocupe-se com a tarefa de se considerar um indivíduo em suas variantes pessoais e singulares. QUESTÃO 36 O psiquiatra forense deve definir as condições mentais à época dos fatos em nexo causal ou consequente a uma condição psíquica, que tenha gerado um procedimento do direito. Com base nessas informações podemos afirmar que: A) não é necessária a definição das condições mentais pelo psiquiatra forense. B) o psiquiatra forense deve definir as condições mentais à época dos fatos, sejam elas quais forem. C) o nexo causal não é condicionante como diagnóstico em laudo psiquiátrico forense. D) o psiquiatra forense tem, apenas, como praxes o esclarecimento da condição GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 11 mental do sujeito que busca um benefício da lei. E) o psiquiatra forense tem que definir as condições mentais e o nexo causal dessas condições com os fatos que levaram à abertura de um processo. QUESTÃO 37 É vedado ao médico assinar laudos periciais, auditorias ou de verificação médico-legal quando não tenha realizado pessoalmente o exame. Considerando o exposto, é correto afirmar que: A) se o perito assinar laudo sem ter participado pessoalmente do exame, apenas fere o código de ética médica. B) o perito deve estar acompanhado de um represente legal do juiz para que o laudo seja validado. C) a função do perito tem natureza pública e, portanto, ele pode assinar perícia sem ter participado pessoalmente do exame. D) se o perito assinar uma perícia sem realizá-la ou sem dela ter participado pessoalmente, estará sujeito à infração do código de ética médica e do código penal brasileiro. E) se o perito assinar laudo sem ter participado pessoalmente do exame, apenas fere o código penal brasileiro, sendo a sua conduta configurada como falsa perícia. QUESTÃO 38 As perícias de avaliação da capacidade de receber citação judicial ocorrem mais frequentemente em: A) alienação parental. B) ações de indenizações. C) separações judiciais litigiosas. D) avaliações de transtorno mental em ações secundárias. E) ações de despejo por descumprimento contratual do inquilino. QUESTÃO 39 Onde não haja especialista, qualquer médico pode ser designado para a perícia, mas só deve aceitar se sentir-se apto. Com base nessa informação, pode-se afirmar que um médico: A) responde por imperícia se ocasionar algum dano consequente ao laudo pericial que elaborou. B) não pode rejeitar uma intimação de perícia mesmo que não se sinta apto a realizá-la. C) quando intimado pelo juiz é obrigado a aceitar o encargo. D) não recebe honorário quando designado para perícia por ordem judicial. E) caso ocasione algum dano por consequência do laudo pericial, não responderá por imperícia. QUESTÃO 40 Em relação à perícia retrospectiva póstuma, pode-se afirmar que: A) geralmente visa a reafirmação do testamento. B) não se deve utilizar documento que não seja médico. C) é muito mais fácil de ser realizado, posto que é indireta. D) é o exame pericial em caso de testador menor de idade. E) refere-se à avaliação post mortem de testamento; é o exame pericial em caso de testador falecido. GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017Página 12 PROVA TEÓRICO-PRÁTICA Caso 1 (Criminal) 1 - Identificação João de Souza, 31 anos, brasileiro, solteiro, natural e procedente de Florianópolis, grau de instrução ensino médio incompleto. 2 - Motivo e Circunstâncias do Presente Exame Exame Pericial para fins de Avaliação da Indicação de Conversão de Pena em Medida de Segurança solicitada pela Dra. Juíza de Direito do 2a Vara de Execuções Criminais de Florianópolis/SC. Consistiu a presente avaliação pericial na análise de cópia dos autos do processo, avaliação clínica e neurológica e entrevistas, individuais, com o periciando e sua mãe. 3 - Situação Jurídica: O periciando foi condenado a pena privativa de liberdade de 21 anos e 8 meses, em regime inicial fechado, pelo homicídio da companheira que estava grávida. Não possui crítica sobre sua conduta e não demonstra qualquer arrependimento: “Teve uma namorada minha, peguei ela com um amigo meu...Foi uma fatalidade, dei uns tapas nela, ela caiu e bateu a cabeça” (sic). 4 - Antecedentes Mórbidos Pessoais O periciando responde a outros três processos por lesões corporais, cárcere privado e estupro. Nega doenças clínicas. 5- Antecedentes Mórbidos Familiares Nega doenças clínicas ou psiquiátricas na família, bem como histórico familiar de suicídio. Informa que o tio paterno cumpre pena por tráfico de drogas. 6- História Social Os dados foram levantados em entrevistas com o periciando e sua progenitora. João apresentou-se inicialmente sedutor com relato superficial onde ficou evidente a omissão de informações. Periciando nasceu de parto hospitalar normal, a termo, sem intercorrências. Apresentou desenvolvimento neuropsicomotor normal e ausência de histórico de abuso físico, sexual ou psicológico. Residiu durante toda a infância com os pais e os dois irmãos. Precocemente apresentou condutas agressivas voltadas contra animais e familiares. Aos seis anos de idade, o periciando trancou os irmãos no quarto ameaçando-os com uma faca. Aos 7 anos fugiu de casa pela primeira vez após ser contrariado. Com nove anos de idade já demonstrava crueldade contra animais queimando as patas dos cachorros com isqueiros e apedrejando gatos e galinhas. Estudou em três escolas, apresentando problemas disciplinares que culminaram na expulsão de dois colégios. Costumava cabular aulas, ameaçava colegas e professores, agredia crianças menores no recreio. Quando confrontado, mentia e projetava nos outros a sua agressividade. Embora negasse dificuldades cognitivas, interrompeu os estudos na 2a série do ensino médio. Desempenhou atividades laborativas em diversos locais por breve período de tempo (meses), sentia-se humilhado por ouvir ordens de superiores, costumava chegar atrasado e faltar. Vivia às custas dos pais e das companheiras. Possui três filhos com os quais não mantém contato ou presta ajuda financeira. Relata ter tido diversos relacionamentos amorosos, que descreve como sendo “tudo a mesma coisa” (sic). Responde a processos por lesões corporais, cárcere privado e estupro praticados contra mulheres com as quais conviveu maritalmente. Em uma das agressões utilizou corrente quebrando o braço da vítima, levando-a a fugir para escapar do seu comportamento violento. Quando perguntado sobre estes fatos inicialmente os nega e após afirma: “Não foi tudo aquilo, foi uns puxões de cabelo, uns empurrões” (sic). GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 13 Durante o cumprimento da pena passou a queixar-se de “depressão”. Seu relato era vago e sua conduta demonstrava domínio do ambiente. Não aceitou ser avaliado pelo psiquiatra do presídio. Afirmava necessitar ser transferido para um hospital psiquiátrico forense onde pudesse receber tratamento adequado. 7 – Avaliações Complementares Exame Neurológico: dentro da normalidade. Exame clínico: dentro da normalidade. A propósito deste caso, responda as indagações abaixo: QUESTÃO 01 O réu preenche critérios para algum diagnóstico de interesse psiquiátrico forense? Se sim, cite os critérios para tal diagnóstico e descreva o enquadramento legal deste caso. Justifique. QUESTÃO 02 Caso você fosse o perito, como escreveria as considerações psiquiátrico-forenses e a conclusão deste Laudo de Avaliação de Troca de Pena por Medida de Segurança? Caso 2 (Cível) 1-Identificação Otaviano Almeida, brasileiro, masculino, branco, viúvo, funcionário público aposentado, grau de instrução ensino superior, 85 anos, natural e procedente do Rio de Janeiro. 2 - Motivo e Circunstâncias do Presente Exame Exame de Avaliação da Capacidade Civil solicitado pelo Dr. Juiz de Direito da Vara de Curatelas do Rio de Janeiro. Consistiu a presente avaliação pericial na análise de cópia dos autos do processo e entrevistas individuais, com o periciando e seus filhos. 3- Antecedentes Mórbidos Pessoais Nada digno de nota. 4- Antecedentes Mórbidos Familiares O pai do periciando apresentou sintomas demenciais iniciados aos 70 anos, vindo a falecer atropelado poucos meses após. 5- Situação atual e passada O Sr. Otaviano não apresentou problemas no parto ou no desenvolvimento neuropsicomotor. Estudou em seminário durante a adolescência e após concluiu o curso de Bacharelado em Matemática. Trabalhou como funcionário público, aposentando-se por tempo de serviço. Casou-se e teve dois filhos, possuindo relacionamento harmonioso com a esposa. Após o falecimento dessa, há dez anos, foi residir com o filho caçula. O Periciando e os familiares descrevem gradativa perda de memória, acentuada a partir do ano de 2013, com perdas cognitivas, destacando-se: 1. Desorientação espacial na cidade e em sua própria residência. 2. Dificuldade de manter a atenção, modificando o tema da conversa. 3. Apresenta raciocínio predominantemente concreto, com dificuldade de abstrair provérbios durante a entrevista. 4. Alteração no ritmo do sono, buscando permanecer na cama durante toda a manhã. 5. Abandono de atividades ocupacionais e de lazer. 6. Necessita de supervisão e auxílio para a higiene pessoal, bem como orientações no vestir, tendo em uma ocasião se vestido com as roupas do filho. 7. Todas as alterações acima descritas contribuem para que apresente uma incapacidade em administrar sua rotina diária e seus bens. GABARITO 1 Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP Certificado de Atuação – Área: Forense - Ano 2017 CAPF - Ano 2017 Página 14 6-Observação Psiquiátrica O Sr. Otaviano possui estatura média, é eutrófico, aparenta a idade real, veste-se de forma adequada à estação, porém apresenta descuido com sua higiene, locomove-se sem qualquer dificuldade. Durante as entrevistas demonstra empobrecimento cognitivo. Descrição do exame do Estado Mental: Consciência: lúcido. Orientação: desorientação parcial no tempo e espaço. Orientado quanto à sua pessoa. Sensopercepção: sem alterações. Atenção: hipovigil e hipotenaz. Afeto: modulado. Memória: déficit significativo da memória de fixação e evocação, comprometimento da capacidade para adquirir e evocar informações recentes, com sintomas que incluem: repetição das mesmas perguntas ou assuntos e esquecimento de eventos. Pensamento: importante déficit na capacidade de abstração, com padrão concreto em seu pensamento. Linguagem: déficit na repetição de sentenças e frases. Inteligência: declínio da inteligência, quando comparado a seu padrão pré-mórbido. Tal situação determinauma compreensão pobre de situações de risco, redução da capacidade para cuidar das finanças, de tomar decisões e de planejar atividades complexas ou sequenciais. Conduta: importante e progressivo deterioro do comportamento associado às alterações da cognição, expresso através de apatia, redução das atividades diárias, incapacidade laborativa e descuido com a higiene. Juízo Crítico: déficit de juízo crítico por ser portador de significativo déficit cognitivo. Você é o perito encarregado de avaliar a capacidade para os atos da vida civil do Sr. Otaviano. Indique, então, o que segue: QUESTÃO 03 Descreva todos os passos e procedimentos que realizaria durante essa avaliação. QUESTÃO 04 Qual sua hipótese diagnóstica inicial e como escreveria as considerações psiquiátrico- forenses e a conclusão deste laudo?
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