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Módulo 1 - Introdução à comunicação científica

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1
Avaliadores de
Artigo Científico
Introdução à comunicação 
científica1
2
Conteudista:
Claudio Paixão Anastácio de Paula (conteudista, 2021); 
Eliane Pawlowski de Oliveira Araújo (conteudista, 2021); 
Fernanda Oliveto (conteudista, 2021); 
Keila Rêgo Mendes (conteudista, 2021); 
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.
Enap Escola Nacional de Administração Pública
Enap, 2021
SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF
3
Sumário
Apresentação e boas-vindas .....................................................................................................4
Unidade 1: A comunicação científica ......................................................................................5
1.1 Contexto histórico da comunicação científica ....................................................................................... 5
1.2 O periódico científico ..................................................................................................................................... 9
1.2.1 A estreita ligação entre o periódico científico e o método científico ........................................11
Referências .............................................................................................................................................................13
Unidade 2: O artigo científico ................................................................................................ 14
2.1 Definição e tipos ...........................................................................................................................................14
2.2 As partes do artigo científico ....................................................................................................................17
2.2.1 Título e resumo: “vendendo o peixe”...................................................................................................18
2.2.2 A introdução e seus elementos.............................................................................................................18
2.2.3 Materiais e métodos .................................................................................................................................19
2.2.4 Resultados ...................................................................................................................................................19
2.2.5 Discussão e análise dos resultados: o lugar onde de fato se apresentam as conclusões .19
2.2.6 Conclusões ..................................................................................................................................................19
2.3 Quais as qualidades de um bom artigo científico? .............................................................................20
Referências .............................................................................................................................................................22
4
Apresentação e boas-vindas
Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso Avaliadores de Artigo Científico.
O objetivo deste curso é capacitar você para avaliar artigos científicos com qualidade e apuro. Para tanto, 
você terá acesso a um treinamento com carga horária de 20 horas e a um material básico, estruturado em 
cinco módulos. Selecionamos uma literatura complementar caso queira aprofundar-se sobre o assunto; 
elaboramos exercícios que envolvem estudos de casos e selecionamos questões práticas sobre a avaliação 
de artigos.
O curso pretende, em seus objetivos específicos, colaborar para a melhoria da qualidade dos pareceres 
dos avaliadores, contribuir para padronizar os procedimentos do processo editorial, orientar o processo 
de revisão e subsidiar a elaboração de feedbacks adequados. Faremos isso por meio de uma exposição 
dialogada, leitura dirigida e realização de exercícios práticos. 
Esperamos que você desenvolva, por meio do material disponibilizado, um olhar crítico sobre a atividade de 
avaliador, não numa posição de poder – aquele que decide o destino de um texto –, mas numa posição de 
contribuição para que a informação divulgada como conhecimento científico seja de qualidade e contribua 
para o desenvolvimento da sociedade.
Este curso foi estruturado para ser utilizado na avaliação de periódicos científicos de qualquer área, pois 
as diretrizes gerais podem ser aplicadas na análise de artigos independente da sua abordagem temática.
O curso é oferecido no formato online autoinstrucional, ou seja, não terá tutoria. Isso significa que todo o 
conteúdo, cronograma e atividades foram elaborados para que você consiga desenvolver seu aprendizado 
sem a necessidade de um mediador. O público-alvo são os servidores públicos e profissionais da iniciativa 
privada que atuam ou pretendem atuar como avaliadores de artigos científicos.
O conteúdo foi estruturado em 5 módulos, a saber:
• Módulo 1: Introdução à comunicação científica
• Módulo 2: O processo editorial
• Módulo 3: O avaliador
• Módulo 4: Processo de revisão
• Módulo 5: Sistema OJS
O curso prevê a emissão de certificado. Para fazer jus a ele, você deverá realizar as atividades avaliativas 
presentes ao final de cada módulo e obter, no mínimo, 60% de rendimento em cada uma delas.
Desejamos a você bons estudos!
5
1.1 Contexto histórico da comunicação científica
Você já parou para pensar sobre o que compreende a atividade de avaliação de um artigo científico para fins 
de publicação em um periódico, e sobre o papel do avaliador nesse processo? Muitas vezes assumimos essa 
tarefa sem refletir sobre seu impacto, seja numa perspectiva individual, institucional ou social.
Ao fazermos isso, incorporamos uma responsabilidade atribuída devido à nossa experiência em determinado 
tema e, não raro, não conhecemos exatamente tudo o que envolve esse processo.
Prendemo-nos ao texto e, num movimento muitas vezes autômato, seguimos as diretrizes estabelecidas 
pelo periódico e pontuamos um texto decidindo sobre sua publicação ou não. Incorporamos o poder de 
deliberar sobre o destino de uma publicação e, sem percebermos, agimos como Maat, a deusa egípcia 
responsável por decidir o destino dos mortos (Figura 1).
Unidade 1: A comunicação científica
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer as noções básicas da comunicação científica, o contexto 
histórico e algumas características do periódico científico. Para isso, nesta unidade serão apresentadas 
questões reflexivas sobre ciência, produção e comunicação científica. Desse modo, você será direcionado 
para um olhar crítico da atividade do avaliador e sobre o processo de comunicação científica.
Neste módulo, serão apresentadas noções básicas da comunicação científica, assim como as especificidades 
características dos artigos científicos. 
O módulo 1 está estruturado da seguinte forma:
Introdução à comunicação científica
M
Ó
D
U
LO
1
• Unidade 1 – A comunicação científica
• Unidade 2 – O artigo científico
6
Entretanto, o papel do avaliador deve ser visto sob outras perspectivas. Uma delas considera o avaliador 
como um mediador entre o autor e o público leitor. Outra perspectiva, trazida por Ariádne Rigo e Andréa 
Ventura, ressalta que, muitas vezes, a contribuição trazida por um bom avaliador pode ser comparada a 
uma coautoria do próprio trabalho que está sendo avaliado:
Essa forma de pensar sobre o papel de avaliadores de artigo científico remete à percepção de que eles 
fazem parte de comunidade científica. Isso porque os avaliadores contribuem para o fortalecimento e 
avanço da ciência ao procurar assegurar a qualidade das publicações científicas por meio do know-how. 
É importante destacar que há várias definições para o conceito de comunidade científica (que vem sendo 
substituído pela ideia de coletividade científica), mas esse tema será abordado sem suas implicações 
epistemológicas, considerando-o apenas como um agrupamento composto de cientistas provenientes de 
diferentes disciplinas (POLANYI, 1951).
Maat, deusa egípcia. 
Fonte: TYalaA,CC BY-SA 4.0.
 [...] o avaliador, sugerindo alterações, reflexões, bibliografia e apontando fragilidades, 
dependendo do nível de detalhamento, contribui enormemente para a qualidade final do 
trabalho, sendo ele publicado ou não. Sua atuação, nestes casos, não é de um simples avaliador; 
mas sim de um verdadeiro coautor (RIGO; VENTURA, 2019, p. 197). 
Saiba mais:
É muito interessante observar como o conceito de comunidade científica vem sendo 
ampliado, incluindo outros atores e perspectivas. Veja, por exemplo, a discussão que 
está sendo desenvolvida acerca da definição de Coletividade científica no artigo de 
Maíra Baumgarten, intitulado “Comunidades ou coletividades? O fazer científico na era 
da informação”, que está disponível clicando aqui.
https://www.ufrgs.br/cedcis/comunidade.pdf
7
A atividade de avaliar artigos em periódicos científicos é referenciada por vários termos na literatura. Podem 
ser denominados como árbitros, revisores, pareceristas, consultores, examinadores, peer reviewer, referee, 
dentre outros. Neste curso, uniformizou-se a referência a essa atividade utilizando o termo avaliador, no 
masculino, para fins de padronizar a nomenclatura, apesar de sabermos que essa função não é privilégio 
ou é restrita a homens.
Para iniciar a reflexão sobre a avaliação de artigos científicos, vamos começar discutindo acerca do processo 
de comunicação científica, que tem passado por mudanças ao longo dos séculos. Neste século, algumas 
mudanças apontadas por Maurício Pereira mostram como a divulgação científica, por meio da publicação 
de artigos em periódicos científicos, tem sido alterada. Segundo o autor:
Em meados do século 20, havia pouca competição para publicar. Sobrava espaço nas 
revistas científicas. Parte da tarefa dos editores daquela época estava voltada para cativar 
autores e conseguir textos originais. Hoje não é mais assim. A disputa por um lugar nas 
páginas de periódicos científicos tornou-se acirrada. A oferta supera em muito a capacidade 
de absorção. Em numerosas revistas de prestígio, a taxa de recusa é alta, superior a 90%. 
(PEREIRA, 2011, prefácio)
 [...] métodos específicos (científicos) que propiciam a comprovação dos conhecimentos; os 
conhecimentos decorrentes da aplicação desses métodos; a conjunção de valores culturais 
que governam essas atividades ditas científicas; e a própria combinação dos elementos ora 
citados. (TARGINO, 2010, p. 3)
Para desenvolver esse tópico, vamos refletir sobre a ciência considerando a abordagem trazida por Maria 
das Graças Targino. Segundo essa autora, a ciência busca, essencialmente, desvendar e compreender a 
natureza e seus fenômenos utilizando-se de métodos sistemáticos e seguros. Conforma-se em um processo 
ininterrupto de investigação, o que faz dela uma instituição social, dinâmica, contínua e cumulativa, que 
estabelece as “verdades fundamentais” de cada época. Na visão de Targino (2010), a ciência envolve:
Mas por que começamos falando sobre a ciência? É porque o crescimento da ciência traz uma influência 
direta na comunicação científica, pois o volume de pesquisas e o de literatura científica, como destacado 
por Suzana Mueller (1995), crescem juntos. A publicação de um artigo não é algo isolado; situa-se num 
contexto de produção científica que ocorre em espaços específicos e como decorrência de um amplo estudo 
sobre determinado tema que é influenciado, não só pelo contexto técnico, mas também econômico, social 
e político.
Podemos ver esse fenômeno na pandemia desencadeada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), que teve 
seu primeiro registro em dezembro de 2019. O número de publicações oriundas de pesquisas para auxiliar 
no enfrentamento da COVID-19 teve um volume intenso devido ao grande quantitativo de investigações 
realizadas, conforme demonstrou o estudo de Oliveira et al. (2021). Efetuado em maio de 2020, por meio 
de análise bibliométrica, o trabalho identificou 2.625 artigos publicados em 859 periódicos diferentes 
indexados na Web of Knowledge/Web of Science, por 9.791 autores vinculados a 3.365 instituições de 
pesquisa localizadas em 105 países!
8
Sem aprofundar em todos os elementos que compõem sua história, podemos dizer que a ciência se originou 
na Grécia, sendo os gregos os primeiros a iniciarem práticas científicas. Mas esse surgimento não ocorreu 
de repente, como uma invenção com data e hora marcada. O advento da ciência foi fruto da evolução de 
novas formas de explicar os fenômenos e da adoção de novos comportamentos e modos de pensar.
A base da comunicação científica são as pesquisas. Conforme menciona Le Coadic (1996), as atividades 
científicas são as responsáveis pelo surgimento do conhecimento científico que, depois de registrado, é 
transformado em informações científicas acessíveis e compartilháveis. Esse registro tem apresentado 
características diferentes ao longo dos séculos. Veja na linha do tempo a seguir, um resumo desse 
desenvolvimento baseado no levantamento feito por Suzana Mueller e Rita Caribé: 
Século XV 
A transformação na história da transmissão de saberes ocorreu nas últimas décadas do século XV em 
decorrência do avanço da imprensa de tipos móveis de Gutenberg, sendo a troca de cartas e de outros 
documentos a forma usual de comunicação entre indivíduos. Entre 1490 e 1520, a inovação de Gutenberg 
já havia se estabelecido em vários lugares, e o livro científico impresso começava a fazer parte do panorama 
editorial europeu. 
Século XVI
Os primeiros cientistas se encontravam às escondidas para evitar a censura da Igreja e do Estado. A tradição 
da comunicação aberta e oral sobre itens científicos teria brotado dessas reuniões. As primeiras academias 
eram vistas com desconfiança pelos governos dos países onde foram fundadas, e, muitas vezes, sofreram 
repressão.
Século XVII 
Lançamento dos primeiros periódicos realmente científicos: Journal de Sçavans, publicado por Denis Sallo, 
na França, e Philosophical Transactions, editado na Inglaterra. A obra de Galileu Galilei (Diálogos sobre 
os dois sistemas máximos do mundo, ptolomaico e copernicano), publicada em 1632, é considerada, por 
alguns autores, importante precursora da divulgação científica.
Século XVIII 
Ocorreram as primeiras conferências científicas públicas não universitárias. Possuíam o formato de cursos 
curtos ou de aulas magnas, ou mais extensas, prolongando-se por vários meses.
Século XIX 
O avanço de novas técnicas de impressão e a superação do analfabetismo criaram condições propícias para 
a divulgação da ciência, firmando-a como força cultural influente em todos os setores da sociedade. O livro 
científico contribuiu para a industrialização das atividades editoriais, desempenhando papel fundamental na 
criação de grandes conglomerados comerciais e surgiram periódicos científicos nacionais no estrito e novo 
sentido da ciência. Outro acontecimento de destaque do início do século XIX foi a criação das associações 
para o progresso da ciência.
Século XX 
A tecnologia da comunicação se expandiu na metade do século e revolucionou a forma de fazer divulgação 
científica. Rádio, televisão, cinema e imprensa mais apurada, conjugados com o incremento da educação 
básica, fizeram do século XX a era da informação. O advento da internet, onde todas as formas de 
comunicação se fundem, potencializou a informação científica. 
9
Século XXI 
No espaço virtual, há museus, livros, revistas, enciclopédias, cursos, filmes, sites oficiais, comerciais e 
pessoais e inúmeras novas formas de comunicar, de acesso gratuito ou pago. (MUELLER, CARIBÉ, 2010)
Saiba mais:
O desenvolvimento da comunicação científica compreende muitos outros episódios 
além dos que foram elencados aqui. Acesse o artigo de Mueller e Caribé para conhecer 
esse processo. O texto está disponível clicando aqui.
1.2 O periódico científico
O que é um periódico científico?
Um periódico científico é uma coleção organizada de textos (artigos) científicos publicados com regularidade 
(daí o nome periódico).Os periódicos são um tipo muito específico de revista, que se diferencia de outros 
tipos não somente por seu assunto central, a Ciência, mas por sua relevância e seu processo diferenciado 
de publicação, conforme será visto mais à frente.
Por que os periódicos científicos são importantes?
Os periódicos científicos surgiram da impossibilidade de os cientistas comunicarem suas descobertas 
para seus colegas através de cartas e de disseminá-las através dos livros. As primeiras não conseguiam 
atingir vários leitores ao mesmo tempo e os segundos, além de necessitarem de tempo para serem escritos, 
careciam da agilidade necessária para comunicar descobertas de maneira rápida. A rapidez com a qual 
a Ciência avançava produziu a necessidade dos pesquisadores se adaptarem às suas novas condições e 
garantirem maior visibilidade e rapidez no reconhecimento por parte de seus colegas da prioridade de suas 
descobertas. Os periódicos cumprem, assim, um quádruplo papel: 
1 Divulgação científica; 
2 Visibilidade ao trabalho; 
3 Proteção de descobertas; 
4 Promoção da aprovação dos colegas da área.
Qual é a sua origem?
As revistas científicas (e o seu método de publicação) surgiram a partir de um processo de evolução 
que teve início do século XVII, quando, durante a guerra civil inglesa (uma época de intensa intolerância 
obscurantista), um grupo de filósofos da natureza (como eram chamados os cientistas da época) fundou 
um grupo secreto para fazer pesquisas e discutir ciência que ficou conhecido como o “colégio invisível”. 
Foi só em 1660, com o fim da guerra civil, que foi possível dar o próximo passo. O colégio invisível pôde 
se tornar público e tornar-se a Royal Society (RS), e seu secretário, o filósofo Henry Oldenburg, pôde ter a 
ideia de publicar um periódico que registrasse e tornasse públicos os resultados dos experimentos feitos na 
RS. Nascia aí, em 1665, a primeira revista científica da história, a Philosophical Transactions of the Royal 
Society.
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/13202/1/ARTIGO_ComunicacaoCientificaPublico.pdf
10
A primeira revista científica, de 1665. 
Fonte: Henry Oldenburg, CC BY 4.0.
Essa ideia mostrou-se interessante e, logo, outros grupos de estudiosos da França e da Alemanha também 
começaram a criar as suas próprias publicações periódicas. O processo foi se complexificando até atingir 
a casa de centenas de milhares de publicações e um elevado nível de especialização, atingindo todos os 
temas de segmentos do conhecimento científico.
Assim, as revistas científicas passaram a se dividir por escopos. O escopo é o tema central das pesquisas 
ali divulgadas. No entanto, algumas revistas mantiveram o seu caráter generalista (os exemplos mais 
relevantes dessa categoria são as famosas Science e Nature).
Com o crescimento do interesse por publicar nas revistas científicas, veio um problema. Como avaliar todas 
as propostas que eram recebidas? De novo, o pioneirismo cabe à Royal Society e a Henry Oldenburg, quem 
criou um comitê para assessorá-lo na seleção dos manuscritos. Logo, o número de interessados em publicar 
artigos em outras revistas passou a sobrecarregar outros secretários que acabaram criando seus próprios 
comitês para avaliar e revisar os artigos.
Foi uma seção da Royal Society de Edimburgo (na Escócia) que publicou a primeira edição de uma revista 
científica com artigos inteiramente avaliados por outros cientistas membros da instituição. A prática se 
revelou muito bem-sucedida porque passou a exigir dos autores uma melhor sustentação para as suas 
pesquisas. Com o tempo, começaram a ser convidados pesquisadores de outras instituições para se 
tornarem revisores da revista, e isso passou a se tornar um ponto de prestígio na carreira desses revisores.
Mas revisores e autores são seres humanos, e seres humanos estão sujeitos a emoções, vaidades e 
interesses. Surgiu aí um novo problema. Como garantir que não houvesse, de um lado, favorecimento de 
um revisor em relação ao trabalho de um autor em demérito de outro, ou, a perseguição a um revisor por 
causa de alguma crítica ou rejeição? A solução foi criar o estilo de revisão duplo cego: onde nem autores, 
nem revisores sabem quem submete ou avalia o artigo. Assim, estavam lançadas as bases para o processo 
que guia a maioria das publicações atuais. 
Finalmente, existe o mercado que movimenta milhões pelo pagamento de taxas para a publicação de 
artigos e taxas para acessar esses conteúdos com grandes remunerações aos acionistas das revistas e com 
o surgimento das revistas predatórias (revistas caça-níqueis que publicam artigos sem critério de qualidade 
e apenas mediante pagamento).
11
Saiba mais:
O canal Meteoro Brasil no YouTube traz um excelente retrato ilustrado sobre a origem 
dos periódicos científicos e da revista da Royal Society. Acesse clicando aqui.
Aproveite e amplie seus conhecimentos lendo, também, sobre o Colégio invisível, 
clicando aqui. Assim como sobre a Royal Society, clicando aqui. E também sobre o 
primeiro periódico científico, clicando aqui.
1.2.1 A estreita ligação entre o periódico científico e o método científico
O método científico, também conhecido como método hipotético-dedutivo, tem uma relação muito estreita 
com os periódicos científicos, não só por eles serem o seu principal meio de divulgação, mas também 
porque, sem eles, as pesquisas como hoje as conhecemos não seriam possíveis e nem avançariam como 
nós necessitamos.
Mas, afinal, o que é o método hipotético-dedutivo? Sinteticamente, são as regras para produzir conhecimento 
científico.
Diferentemente do senso comum, que é o conhecimento popular, o conhecimento científico não é sustentado 
apenas por evidências anedóticas (aquele tipo de situação que eu sinto que é verdadeira porque aconteceu 
comigo ou da qual eu ouvi falar e que é baseada em experiências subjetivas), mas por uma empiria (por um 
processo de testagem metódica das possibilidades que nos ocorrem para explicar as coisas).
Ou seja, o método hipotético-dedutivo é um procedimento científico para testar a validade de uma ideia. 
Esse procedimento científico é desenvolvido a partir de uma sequência de passos:
Cérebro e engrenagens. 
Fonte: CEPED/UFSC (2021).
https://www.youtube.com/watch?v=w2Sbh7xHHoo
http://www.lodgestpatrick.co.nz/origins.php
https://royalsociety.org/about-us/history/
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1087/20140101
12
1 Observação - Tudo começa com a observação 
de um fato, de uma alteração numa rotina de 
acontecimentos e que desperta o interesse. Nessa 
observação se busca estabelecer e, na medida do 
possível, isolar a forma do fato (como ela ele se 
manifesta), quais são seus agentes ou os elementos 
envolvidos, as condições em que ele ocorre, as suas 
possíveis variações de acordo com a interferência 
dos agentes anteriormente identificados e outros 
elementos dignos de nota. 
2 Problematização - Tendo sido estabelecidas 
essas referências básicas, surge o momento de 
problematizar o fato. Elabora-se uma reflexão que 
culmina com uma pergunta de pesquisa que irá 
guiar a investigação: o que poderia causar esse 
fato?
A partir dessa pergunta, é possível formular 
uma hipótese para explicar o fato (a partir de 
deduções ou experimentos mentais – se alguma 
coisa acontecer dessa maneira, então tal coisa 
irá resultar. Uma ou mais relações de causas e 
consequências, de “se, então”.
Essas possíveis relações de causas e consequências 
são essenciais para a pesquisa científica. Elas são 
chamadas hipóteses e precisam ser formuladas 
para poderem ser testadas: hipótese 1, hipótese 2, 
etc.
3 Experimentação - Finalmente, são planejados 
experimentos para testar as hipóteses e verificar 
se alguma delas é comprovada. Geralmente, 
as hipóteses (quando há mais de uma) são 
mutuamente excludentes de forma a deixarem os 
seus resultados o menos ambíguos possível.
É essencial que se submetam as hipóteses a teste 
utilizando grupos experimentais e de controle: no 
grupo experimental, introduz-sea variável nova 
que se deseja testar e no grupo de controle se 
mantém as coisas como estão, apenas simulando 
a introdução dessa variável.
Ao fim desse processo, e submetendo o material 
testado à análise, é possível refutar ou provar uma 
hipótese e, a partir dessa avaliação, chegar a uma 
conclusão.
É essencial destacar que a conclusão a que se chegou é, geralmente, uma conclusão provisória. É importante 
publicá-la para registrar a hipótese, os procedimentos e os resultados e repetir o experimento com múltiplos 
sujeitos para verificar se o fenômeno ocorre em outros contextos. A publicização dos resultados através 
de artigos permite que outros pesquisadores repitam a operação e submetam a hipótese testada a novas 
avaliações em novas condições.
E, em algumas ciências, é possível chegar até a proposição de uma Lei Científica, que é a descrição da 
regularidade com que um fenômeno se manifesta (talvez o exemplo mais popular disso sejam as Leis de 
Newton).
Ao se analisar toda essa metodologia, fica evidente como as publicações científicas evoluíram não só para 
ser uma etapa fundamental do processo de construção do conhecimento científico, mas também para se 
tornarem um espelho desse processo.
Com esse tópico, você chegou ao fim do estudo desta unidade. Parabéns! Continue os estudos para 
compreender um pouco mais sobre o artigo científico. 
Com o passar do tempo, a reunião de vários estudos pode 
permitir que um ou mais pesquisadores cheguem ao ponto 
de publicar uma Teoria (que nada mais é que um conjunto de 
hipóteses relacionadas, confirmadas por experimentos repetidos), 
e torna-se possível que as pessoas possam confrontá-la e tentar 
provar que ela está errada (falsear a teoria) e, dessa forma, 
permitir que o conhecimento avance.
13
LE COADIC, Y. F. A ciência da informação. Brasília: Briquet de Lemos Livros, 1996. 119p.
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. O crescimento da ciência, o comportamento científico 
e a comunicação científica: algumas reflexões. Revista da Escola de Biblioteconomia da 
UFMG, Belo Horizonte, v. 24, n. 1, jan./jun. 1995.
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado; CARIBÉ, Rita de Cássia do Vale. Comunicação 
científica para o público leigo: breve histórico. Informação & Informação, Londrina, v. 15, 
2010. Número especial. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/
article/view/6160. DOI: 10.5433/1981-8920.2010v15nesp.p13.
OLIVEIRA, Erika Morganna Neves; CARVALHO, Ana Raquel Bastista; SILVA, Joyce Soares; 
SOUSA NETO, Antônio Rosa; MOURA, Maria Eliete Batista; FREITAS, Daniela Reis Joaquim. 
Analysis of scietific production on the new coronavirus (COVID-19): a bibliometric analysis. São 
Paulo Med. J. 139 (01) Jan-Feb 2021. https://www.scielo.br/j/spmj/a/5SyhpMcdW6RXpNnxGq
88wVD/?lang=en.
POLANYI, Michael. Self-government in Science: The Logic of Liberty. London: Routledge e 
Kegan Paul LTD, 1951 .
RIGO, Ariádne Scalfoni; VENTURA, Andréa Cardoso. Revista Organizações & Sociedade - v. 
26, n. 89, p. 194-199, abr./jun. 2019. DOI 10.1590/1984-9260890 | ISSN Eletrônico - 1984-
9230 
TARGINO, Maria das Graças. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. 
Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v.10, n.2, 2000.
Referências
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/6160
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/6160
https://www.scielo.br/j/spmj/a/5SyhpMcdW6RXpNnxGq88wVD/?lang=en
https://www.scielo.br/j/spmj/a/5SyhpMcdW6RXpNnxGq88wVD/?lang=en
14
2.1 Definição e tipos 
Você viu que a pesquisa científica começa com uma boa pergunta sobre o universo e segue propondo um 
caminho para respondê-la. Porém, viu que não basta apenas responder perguntas. É preciso fazer com que 
não somente as respostas cheguem ao público de forma a serem compreendidas, como também o caminho 
que permitiu que elas fossem encontradas. 
Unidade 2: O artigo científico
Objetivo de aprendizagem
Ao final desta unidade, você deverá conseguir reconhecer o gênero textual artigo científico, identificando as 
partes que o compõe, além de diferenciar o artigo científico de outros tipos de texto. 
Pesquisando artigos científicos. 
Fonte: CEPED/UFSC (2021).
Partindo dessa premissa de perguntas para a pesquisa científica, o que você já sabe a respeito de artigo 
científico? 
Bem, o artigo científico é um tipo de texto narrativo bem peculiar e inconfundível. De acordo com a NBR 
6022 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), artigo científico é a “Parte de uma publicação 
com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas 
diversas áreas do conhecimento.” (ABNT, 2003). Ele não só se diferencia dos textos de cunho literário, 
como também se separa dos outros textos de cunho não literário, nos quais ele se configura como uma 
subcategoria.
Textos literários
Os textos literários são carregados de subjetividade e, por serem centrados na expressividade do autor, 
permitem que os leitores se projetem em seu conteúdo e os interpretem de acordo com suas vivências e 
referenciais ideológicos. Por estarem abertos ao subjetivo, podem incluir manifestações poéticas e ficcionais, 
voltando-se de forma criativa para a expressão de pensamentos e sentimentos do autor e destinar-se ao 
entretenimento do leitor.
Textos não literários
Já os textos não literários são informativos, elaborados de forma específica e intencional para serem claros, 
objetivos e informativos. Embora eles também possam ser enviesados por ideologias e interpretados a partir 
delas, a linguagem de um bom texto não literário busca, por sua objetividade, diminuir o grau de subjetividade 
com o qual tenderá a ser interpretado. São exemplos de textos não literários os didáticos, as matérias jornalísticas 
e os textos, artigos científicos (comunicações, pôsteres, teses, dissertações e, entre eles, os artigos).
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Os artigos científicos são caracterizados, portanto, por serem a comunicação dos resultados de estudos e 
experimentos científicos, geralmente originais, e se materializam como um relato para tornar públicas essas 
informações. São publicados por revistas científicas e devem seguir padrões e convenções, redigidas com 
o objetivo de homogeneizar a forma dessas produções e diminuir ao máximo as imprecisões, discrepâncias 
e mal-entendidos.
Manuscrito x Artigo
Antes de ser submetido a uma revista científica, denominamos o texto como manuscrito (que é a versão original 
do texto). O manuscrito só passa a ser considerado artigo após o aceite da revista para o processo editorial. 
Existem tipos diferentes de artigos científicos: Artigo científico original, Artigo científico original curto, 
Artigo científico de revisão bibliográfica, Estudo de caso e Artigo de opinião. Conheça a seguir o objetivo 
de cada um deles.
Artigo científico original
Esse tipo de artigo é elaborado como resultado do desenvolvimento de pesquisas inéditas ou progressos 
obtidos em determinada investigação, que busca responder objetivos específicos, partindo de uma hipótese 
do estudo, usados para embasar as conclusões concretas e mais relevantes.
O artigo científico original é redigido de modo que outros pesquisadores possam reproduzir os experimentos, 
descritos no tópico materiais e métodos. Além disso, são mostrados resultados científicos, que são discutidos 
com base na análise de dados. Na discussão podem ser abordados os pontos fortes e os pontos fracos do 
estudo onde são explanados os achados do estudo, o significado dos principais achados comparados com 
os de outros estudos publicados. Geralmente, esse tipo de produção científica possui a seguinte ordem 
estrutural, embora possa variar dependendo da revista científica na qual o artigo venha a ser publicado:
- Título;
- Resumo;
- Introdução;
- Metodologia;
- Resultados;
- Discussão;
- Conclusão;
- Agradecimentos;
- Referências bibliográficas.
Artigo científico original curto
Esse tipo de artigo científico é muito similar ao artigooriginal, mas com a diferença de possuir menor 
extensão, uma vez que estamos lidando com um produto de uma pesquisa que também é mais diminuta 
em sua abordagem geral.
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Geralmente, nos aportamos aos artigos originais breves quando queremos apresentar estudos descritivos 
ou retrospectivos. Além disso, esse tipo de artigo científico entrega ao leitor uma série de fatos que o 
convidam a realizar pesquisas mais profundas sobre o tema tratado. Geralmente, este tipo de artigo contém 
uma estrutura diferente:
- Introdução;
- Conteúdo – desenvolvimento;
- Discussão sobre o tema apresentado;
- Referências bibliográficas.
Artigo científico de revisão bibliográfica
Produção textual desenvolvida de forma completa, estruturada e simples. O artigo científico de revisão 
bibliográfica utiliza o levantamento de literatura para obtenção de artigos, livros, capítulos de livros, entre 
outros tipos de documentos, para subsidiar o tema do trabalho de pesquisa. O autor fornece aos seus leitores 
uma visão geral e sistemática sobre um determinado assunto, considerando as diferentes perspectivas 
teóricas e práticas a partir dos estudos clássicos e atuais. A estrutura desse tipo de artigo é a seguinte: 
- Título;
- Resumo;
- Introdução;
- Desenvolvimento;
- Conclusão;
- Agradecimentos;
- Referências bibliográficas.
Estudo de caso
Esse tipo de artigo científico aborda uma pesquisa pautada em informações e descrições de casos 
individuais (uma doença, um procedimento técnico) ou múltiplo, nos quais vários estudos são conduzidos 
simultaneamente: vários indivíduos, várias organizações, por exemplo, acompanhados de análise e 
discussão. Também é necessário fazer o diálogo do relato de caso com referências teóricas sobre os temas 
abordados.
O estudo de caso apresenta diversas aplicações e utilidade em pesquisas exploratórias e comparadas. 
Como toda pesquisa, apresenta vantagens e limitações na sua aplicação, merecendo o cuidado necessário 
quando buscar generalizações. Em nenhum momento o pesquisador deverá desprezar, em busca da 
simplificação, o rigor científico necessário para sua validação.
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São atributos indispensáveis nos estudos de caso: consistência; sistematicidade e periodicidade de 
acompanhamento; registro detalhado; o período de médio a longo prazo de experiência. Geralmente, o 
artigo de estudo de caso tem a seguinte estrutura: 
- Resumo;
- Introdução; 
- Descrição do caso; 
- Discussão; 
- Referências bibliográficas.
Artigo de opinião
O artigo de opinião utiliza o gênero discursivo, e é considerado adequado para a exposição, descrição e 
discussão de temas com relevância coletiva e que proporcionam o debate público.
Esse tipo de artigo científico busca defender uma opinião que pressupõe argumentos ou provas, e construir 
um bom texto argumentativo apresentando a situação-problema, discussão e solução-avaliação. Além 
disso, não existe um formato específico para a sua apresentação, mas usualmente pode ter a seguinte 
estruturação:
- Introdução;
- Reporte ao caso;
- Discussão;
- Referências bibliográficas.
Ao optarmos por esse tipo de produção textual, devemos observar que as notas precisam ter produções de 
caráter concreto e com uma escrita bastante clara.
2.2 As partes do artigo científico
Agora que você já conhece os tipos diferentes de artigos científicos, saiba que para garantir que essa 
narrativa seja boa e compreensível, todo artigo científico precisa incluir algumas partes básicas: título, 
resumo, materiais e métodos, resultados, discussão (ou análise) dos resultados e conclusão. Cada um 
desses elementos irá contar uma parte dessa história.
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2.2.1 Título e resumo: “vendendo o peixe”
O título é o primeiro anúncio da história a ser contada e, muitas vezes, já oferece um vislumbre dos resultados 
ou de sua conclusão. Um bom artigo pode fazer essa indicação e, ao longo do caminho, na medida em que 
for compondo a sua narrativa, mostrar como esse resultado foi alcançado, levando o leitor (junto com o 
narrador/pesquisador) pelo caminho que conduziu à descoberta.
Após o título, vem o resumo. Um resumo bem escrito deve ter as seguintes partes bem identificadas:
Motivação 
Qual é o problema estudado? O que levou o pesquisador a se debruçar sobre a pesquisa? Qual foi o contexto 
em que a pesquisa ocorreu? 
Método 
Como o estudo foi realizado? Quais materiais o pesquisador utilizou durante o estudo?
Resultados 
Quais os resultados obtidos a partir da motivação e do método empregado. 
Discussão
Interpretação dos resultados.
E a introdução, como deve ser? Um bom artigo científico apresenta uma introdução que tem, logo no início, 
o contexto da pesquisa, situando-a no tempo e no espaço e as informações essenciais que permitirão ao 
leitor acompanhar o desenrolar da argumentação.
Parte da argumentação da introdução e da discussão precisa ter o suporte ou o apoio de citações, 
referências às ideias de outros autores que sustentam a argumentação apontada. Considerando que a 
Ciência é construída por peças que gradualmente vão se conectando, as ideias não surgem do nada, é 
essencial indicar de onde elas vieram. Isso garante que o leitor tenha acesso à origem das informações 
apresentadas e que ele possa julgar a relevância e a respeitabilidade daquelas informações. 
2.2.2 A introdução e seus elementos
Após o contexto, que ocorre em um ou dois parágrafos, é o momento em que é apresentada a 
problematização. Ou seja, a lacuna que deverá ser explorada. Ela é, usualmente, sinalizada através de uma 
conjunção adversativa, como: porém, no entanto, contudo, todavia. 
É na introdução que se esboça, em linhas gerais e claras, o plano proposto para resolver a situação nova 
que surgiu e, de forma especial, acena para as micronarrativas de causa e efeito que irão demonstrar as 
diferentes situações com as quais o personagem terá que lidar e que podem gerar consequências futuras.
A situação problema é, geralmente, uma lacuna no conhecimento que se tem acumulado, até então, sobre aquele 
tema. É nesse ponto que se torna relevante outro elemento fundamental da introdução, a apresentação de uma 
proposta sobre como essa lacuna deverá ser preenchida. Essa proposta será a hipótese do estudo.
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2.2.3 Materiais e métodos
2.2.4 Resultados
2.2.5 Discussão e análise dos resultados: o lugar onde de fato se apresentam 
as conclusões
2.2.6 Conclusões
Mesmo que na introdução o pesquisador apresente, em linhas gerais, a forma pela qual buscou responder 
ao problema de pesquisa para alcançar os objetivos do estudo, na seção de materiais e métodos ele deverá 
descrever os detalhes, o “como” fez para chegar à determinada conclusão. A importância de descrever os 
detalhes é possibilitar que outros pesquisadores consigam reproduzir os passos e as análises para chegar 
aos mesmos resultados. É o chamado princípio da reprodutibilidade, ou seja, a capacidade de reproduzir um 
experimento de tal modo que chegue a um mesmo resultado.
Cada teste gera um resultado. E é a partir dos resultados, que são micronarrativas, que irá se formar a 
grande narrativa a ser apresentada.
Os impactos e as implicações dos resultados são apresentados na discussão dos resultados. Geralmente, a 
discussão começa expondo o resultado mais importante e vai, a partir dele, costurando os demais resultados 
para formar a narrativa e cotejando esses resultados com referências de outros estudos e autores que irão 
explicar esse resultado. Ao final da discussão, o autor conclui a sua análise reunindo tudo o que foi dito de 
forma a deixar claro tudo que ali foi descoberto.
Nas conclusões, finalmente, o autor deverá dissertar sobre a importância de tudo que foi descoberto nesse 
estudo e, se possível, apresentar possíveis desdobramentos e sugestões para novos estudos. É nesse 
momento que o autor pode, literalmente, apontar para novos voos e novos horizontes.
Hipóteses são respostas provisórias para as perguntas de pesquisa e que ainda não foram 
testadas. Geralmente, as hipóteses relacionam variáveis,especulando, por exemplo:
“SE” a presença de A indica B 
“SE” a presença de B indica A
“SE” A afeta B, “SE” B afeta “A”
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Avaliador eficiente. 
Fonte: CEPED/UFSC (2021).
O experiente editor Rafael Loyola, diretor científico da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento 
Sustentável (FBDS), autor de mais de 200 publicações científicas (entre as quais, 12 livros), comenta 
(LOYOLA, 2021) que existe um nível de subjetividade ao se tentar definir o que é um “bom artigo científico”, 
mas há três pontos que nos ajudam na definição:
Albuquerque (2009), também editor com vasta experiência, segue outro caminho para chegar à resposta do 
que é um bom artigo, a partir da análise dos artigos rejeitados. Ao observar os argumentos utilizados pelos 
avaliadores para rejeitarem os artigos e os considerarem de baixa qualidade e, portanto, sem condições de 
serem publicados, ele observou que há fundamentalmente três aspectos que devem ser levados em conta:
• a exatidão do trabalho científico; 
• o público a que o trabalho se destina; 
• o veículo em que será publicado.
• a qualidade da ciência, o mérito científico;
• a apresentação da ciência; 
• a conduta do pesquisador.
2.3 Quais as qualidades de um bom artigo científico?
Caso você esteja fazendo este curso porque pretende ampliar suas qualidades como revisor ou se preparar 
para se tornar um, saiba que avaliar um artigo é um desafio para qualquer revisor. Principalmente quando se 
trata da primeira avaliação que fazemos. É natural que surjam perguntas como: “o que diferencia um artigo 
de qualidade de um artigo de baixa qualidade? Quais são as características que fazem com que um artigo 
seja considerado bem escrito ou relevante para a ciência?”. A pergunta que buscamos responder aqui neste 
curso é: como ser um avaliador eficiente e assertivo?
Os problemas de qualidade da ciência dizem respeito às lacunas deixadas pelo pesquisador ao realizar sua 
pesquisa – o que, para Loyola (2021) é a “exatidão do trabalho científico”. Trata-se de falhas na concepção 
do estudo, na estrutura, no embasamento teórico e metodológico, no levantamento dos dados, na análise e 
discussão, e na elaboração dos resultados. 
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Saiba mais:
Para ler um exemplo de caso em que os autores demoraram a responder o 
editor e, com isso, ocasionar um atraso na publicação, clique aqui.
Podemos resumir que um artigo de qualidade deve possuir algumas características. Qualidade da ciência; 
da apresentação e Conduta do pesquisador.
Com esse tópico, você termina a apresentação do conteúdo selecionado para esta unidade. Vamos fazer 
uma verificação de como foi sua aprendizagem? Execute as atividades disponibilizadas no Ambiente Virtual 
de Aprendizagem (AVA) e veja se você compreendeu os principais pontos desenvolvidos. Qualquer dúvida 
retorne ao texto!
Qualidade da ciência • Mérito científico
• Consistência na construção de:
 ȍ Hipótese;
 ȍ Objetivo do estudo;
 ȍ Método; 
 ȍ Literatura científica;
 ȍ Discussão dos resultados;
 ȍ Resultados.
Qualidade da apresentação • Estrutura bem definida;
• Clareza no título;
• Resumo direto e objetivo;
• Texto coeso, coerente, gramaticalmente correto;
• Figuras e tabelas de qualidade;
• Linguagem científica;
• Normas da revista.
Conduta do pesquisador • Integridade na pesquisa;
• Observação às boas práticas.
Com relação aos problemas de apresentação da ciência, são considerados desde a estrutura do artigo 
científico, como escolha do título, das palavras-chave, clareza das partes do artigo (introdução, materiais e 
métodos, resultados, discussão dos resultados, conclusão); a qualidade e pertinência das figuras, gráficos e 
tabelas; a correção gramatical; a coerência e a coesão do texto; uso adequado da linguagem científica; até 
o uso correto das normas utilizadas pela revista para a qual foi submetido o artigo. 
Por último, a conduta do pesquisador diz respeito aos problemas éticos envolvidos na pesquisa e na escrita 
do artigo (plágio, manipulação de dados, fraude, conflito de interesse). O Committee on Publication Ethics 
(Comitê de Ética em Publicações – COPE) publica uma série de orientações e boas práticas relativas à 
integridade na pesquisa e à ética na publicação dos resultados. No site do COPE, além de guias, textos 
informativos e orientações sobre ética na atividade de editor, de autor, de avaliador, entre outros, é possível 
ter acesso a situações práticas, com exposição do caso, questões centrais e aconselhamento sobre o que 
deve ser feito para solucionar o problema.
https://publicationethics.org/case/unresponsive-authors-delaying-publication
22
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e documentação: 
artigo em publicação periódica técnica e/ou científica: apresentação. 2. ed. Rio de Janeiro, 2018. 
ALBUQUERQUE, Ulysses Paulino de. A qualidade das publicações científicas – considerações 
de um editor de área ao final do mandato. Acta Botanica Brasilica, 23(1). 2009. https://doi.
org/10.1590/S0102-33062009000100031
BÉGULT, Béatrice. O periódico científico, um papel para a mediação de informação entre 
pesquisadores: qual seu futuro no ambiente digital? Revista Eletrônica de Comunicação, 
Informação e Inovação em Saúde, 3(3). 2009. doi: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.
php/reciis/article/view/796.
BOFF, Odete M. B. KÖCHE, Vanilda S.; MARINELLO, Adiane F. O gênero textual artigo de 
opinião: um meio de interação. REVEL, 7(13), 2009. 
LOYOLA, Rafael. Palestra “Os bastidores da publicação científica”. In: XII SEMINÁRIO DE 
PESQUISA DO ICMBIO. 2021, palestra online.
OLIVEIRA, Erika Morganna Neves; CARVALHO, Ana Raquel Bastista; SILVA, Joyce Soares; 
SOUSA NETO, Antônio Rosa; MOURA, Maria Eliete Batista; FREITAS, Daniela Reis Joaquim. 
Analysis of scietific production on the new coronavirus (COVID-19): a bibliometric analysis. São 
Paulo Med. J. 139 (01) Jan-Feb 2021. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33656129/.
Ventura, Magda Maria. O Estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa. Rev SOCERJ. 20(5). 2007.
Referências
https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/796
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https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33656129/
	Apresentação e boas-vindas
	Unidade 1: A comunicação científica
	1.1 Contexto histórico da comunicação científica
	1.2 O periódico científico
	1.2.1 A estreita ligação entre o periódico científico e o método científico
	Referências
	Unidade 2: O artigo científico
	2.1 Definição e tipos 
	2.2 As partes do artigo científico
	2.2.1 Título e resumo: “vendendo o peixe”
	2.2.2 A introdução e seus elementos
	2.2.3 Materiais e métodos
	2.2.4 Resultados
	2.2.5 Discussão e análise dos resultados: o lugar onde de fato se apresentam as conclusões
	2.2.6 Conclusões
	2.3 Quais as qualidades de um bom artigo científico?
	Referências

Outros materiais