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citopatologia-2 (1)

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Aula 02
Natália Gindri Fiorenza
Maria Paula de Souza Sampaio
Citopatologia
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor 
EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
NATÁLIA FIORENZA
Olá. Meu nome é Natália Fiorenza. Sou formada em Ciências 
Biológicas, com mestrado e doutorado na área de Ciências da Saúde. 
Passei por diferentes laboratórios de pesquisa, publicando trabalhos 
científicos e participando de muitos Congressos e Cursos em diferentes 
área de saúde e educação. Fui professora universitária e tutora durante 
4 anos do curso de medicina, onde me conectei com minha paixão pela 
docência e por metodologias ativas de ensino. Sou ávida por aprender e 
ensinar e por trocar conhecimentos quer na área científico-acadêmica, quer 
na área de desenvolvimento humano e autoconhecimento. Recebi com 
muita alegria o convite da Editora Telesapiens para integrar seu elenco de 
autores independentes, pois tenho como propósito transmitir aquilo que 
sei e auxiliar outras pessoas no início de sua jornada profissional. Estarei 
com você nessa caminhada de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
As Autoras
MARIA PAULA DE SOUZA SAMPAIO
Meu nome é Maria Paula, sou graduada em Biomedicina, habilitada 
em Citopatologia. Além da prática com a minha habilitação, pude realizar 
um curso avançado em Citopatologia Cérvico-Vaginal. Atualmente, 
sou voluntária de um projeto de pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz 
(FIOCRUZ) sobre Patologia Mamária Comparada, onde fiz iniciação 
científica por um ano. Em minha jornada de aprendizado contínuo pude 
participar ativamente de congressos e projetos de estudo, e sempre 
tive uma paixão por ensinar. Junto com Natália, pretendo transmitir todo 
o ensinamento que obtive até aqui, buscando sempre aprender mais. 
Estamos juntos nesse aprendizado!
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimen-
to de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram 
que ser prioriza-
das para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e inda-
gações lúdicas sobre 
o tema em estudo, 
se forem necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e 
links para aprofun-
damento do seu 
conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoapren-
dizagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro-
jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de 
aprendizagem toda vez que:
SUMÁRIO
Compreendendo a citologia do trato genital feminino 10
Anatomia do trato genital feminino 10
Histologia do aparelho genital feminino 11
Células escamosas 15
Células endocervicais e endometriais 17
Colpites e Cervicites 19
Colpites 20
Candidíase vulvovaginal 20
Vaginose bacteriana 21
Tricomoníase 22
Lactobacilos 23
Actinomyces spp. 24
Leptothrix vaginalis 24
Herpes vírus 25
Cervicites 25
Chlamydia trachomatis 26
Citopatologia hormonal e endometrial 27
Citopatologia hormonal 28
Ciclo menstrual 29
Trofismo do epitélio 32
Padrões citológicos em diferentes etapas da vida 35
Índices citológicos de avaliação hormonal 35
Tratamentos hormonais 36
Citopatologia endometrial 37
Adenocarcinoma de endométrio 39
Gravidez e citopatologia do líquido amniótico 40
Citologia da gravidez 41
Citopatologia do líquido amniótico 42
Psicofarmacologia Clínica 7
UNIDADE
02
Citopatologia8
Você sabia que o câncer do colo do útero é o terceiro mais 
incidente na população feminina brasileira, excetuando-se os casos 
de câncer da pele não melanoma (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER 
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2014). Para o rastreamento desse 
tipo de câncer, o método mais amplamente utilizado é o teste de 
Papanicolaou (exame citopatológico do colo do útero), o qual é 
oferecido gratuitamente, através do SUS e recomendado às mulheres 
de 21 a 64 anos, com periodicidade em torno de 1 ano. Considerando-se 
que o exame citopatológico é vital na prevenção desse tipo de câncer, 
é necessário que o profissional da área tenha bastante conhecimento 
dos padrões e das mudanças histológicas sofridas pelo trato genital 
feminino, ao longo do ciclo de vida da mulher, além das alterações 
citopatológicas associadas à DSTs e infecções. Vamos agora aprofundar 
em cada um dos capítulos dessa unidade que contempla a citopatologia 
ginecológica. Vamos nessa?
INTRODUÇÃO
Citopatologia 9
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso propósito é auxiliar 
você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Estudar os epitélios presentes no trato genital feminino, conhe-
cendo as características morfológicas das células presentes.
2. Aprender sobre os processos inflamatórios nos epitélios 
escamoso e glandular do colo uterino, assim como a sua sintomatologia e 
os microorganismos responsáveis pelas inflamações.
3. Compreender a respeito do grau de maturação do epitélio 
escamoso do trato genital feminino e os hormônios relacionados, conhecer 
as células normais do endométrio, além de critérios de anormalidades.
4. Ressaltar aspectos citológicos do líquido amniótico e suas 
principais técnicas para diagnóstico laboratorial, correlacionando-os com 
a gestação. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conheci-
mento? Ao trabalho!
OBJETIVOS
Citopatologia10
Compreendendo a citologia do trato 
genital feminino
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
sobre o trato genital feminino - com ênfase na vagina 
e cérvice - e como se aplica a citologia ginecológica, 
aprendendo sobre a anatomia dessas estruturas, as células 
presentes e seus critérios de normalidade. Essa unidade é 
fundamental para o exercício de sua profissão, uma vez que 
o câncer de colo de útero está entre os mais frequentes na 
população feminina e a colpocitologia oncótica é o método 
universal de escolha na prevenção dessa patologia. Então 
vamos iniciar nossa jornada pelo esse pequeno e complexo 
universo. Vamos lá?
Anatomia do trato genital feminino
Para compreender a citologia ginecológica é de extrema 
importância entender e conhecer sobre o local da coleta do material 
que será analisado, além de saber identificar os elementos presentes 
nos esfregaços da ectocérvice e da endocérvice, através do exame de 
Papanicolaou. O trato genital feminino é composto por vulva, vagina, 
útero (cérvice e corpo), tubas uterinas e ovário. 
Figura 1: Representação dos elementos presentes no trato genital feminino.
A vulva é composta pelo monte de vênus, pelos pequenos e 
grandes lábios, clitóris, prepúcio, vestíbulo, meato uretral, glândulas de 
Bartholin e de Skene e pelo óstio vaginal, onde fica o hímen. A vagina 
é um órgão musculomembranoso tubular que comunica-se, na sua 
Citopatologia 11
porção superior, com o útero e inferiormente com o vestíbulo da vulva. 
Possui quatro fundos de saco, porção da vagina que fica ao redor do 
colo uterino: um anterior, dois laterais e um posterior. As tubas uterinas 
são compostas por dois ductos que se estendem bilateralmente desde 
o útero até os ovários. Os ovários (direito e esquerdo) possuem superfície 
lisa até a puberdade e torna-se irregular devido à ruptura dos folículos 
ovarianos. Além da função de produçãodos óvulos, este órgão também 
é importante para a produção de hormônios sexuais, como o estrogênio 
e a progesterona. O útero é um órgão muscular, côncavo, de paredes 
espessas, que se divide em duas partes, colo e corpo do útero. 
Figura 2: Representação do útero.
Histologia do aparelho genital feminino
A parede vaginal é composta por três camadas, sendo elas: 
mucosa, camada muscular intermediária e camada externa. A camada 
mucosa possui epitélio pavimentoso estratificado, enquanto que a 
muscular intermediária é composta por músculo liso e a externa por 
tecido conjuntivo denso. 
O epitélio da camada mucosa contém glicogênio e é dividido 
em camada basal (única camada de células), parabasal (duas a cinco 
camadas de células), intermediária e superficial (essas últimas com 
número de camadas variável).
O colo do útero (cérvice ou cérvix) é formado por duas mucosas 
e por tecido conjuntivo. Uma mucosa reveste o lado externo do colo do 
útero e a outra reveste internamente. A cérvice inicia-se dentro da vagina 
e possui glândulas cervicais na mucosa. O trato genital apresenta vários 
tipos de epitélios e tecidos de sustentação. 
Citopatologia12
Epitélio escamoso estratificado não queratinizado (epitélio 
escamoso)
O epitélio escamoso é composto por camadas de células basal, 
parabasal, intermediária e superficial.
Figura 3: Representação esquemática do epitélio escamoso estratificado não queratinizado.
A camada basal está apoiada em uma lâmina basal, suas células 
são pequenas e possuem capacidade mitótica. As células parabasais 
estão dispostas em várias camadas e são maiores que as basais; 
possuem um papel importante na regeneração epitelial. A maturação e 
diferenciação delas dão origem às células intermediárias. A espessura de 
suas camadas vai depender dos estímulos hormonais no ciclo menstrual. 
As células intermediárias podem conter uma grande quantidade de 
glicogênio em seu citoplasma. A camada mais madura desse epitélio é 
composta por células superficiais, que sofrem descamação. 
O epitélio escamoso não queratinizado reveste os pequenos 
lábios da vulva, a vagina e a parte externa do colo uterino.
Figura 4: Histologia do epitélio escamoso estratificado não queratinizado.
Citopatologia 13
Na idade reprodutiva, o estímulo hormonal faz com que o epitélio 
escamoso sofra maturação completa e ocorre a descamação celular.
Epitélio endocervical e endometrial
O canal cervical é revestido por epitélio cilíndrico simples e possui 
em sua maioria células secretoras e poucas células ciliadas. As células 
secretoras produzem o muco cervical; sua atividade secretora é regulada 
pelo estrógeno, atingindo sua atividade máxima no pico da ovulação. As 
células ciliadas formam uma corrente mucociliar que transporta células 
e partículas. As estruturas glandulares formam-se por invaginações do 
epitélio cilíndrico e dão origem às criptas endocervicais.
Figura 5: Histologia do epitélio cilíndrico simples endocervical.
O endométrio é a parte mais interna do útero e é recoberto por 
mucosa vascularizada. Possui lâmina própria e epitélio de revestimento 
simples, cilíndrico, associado a glândulas endometriais que produzem 
o muco.
Figura 6: Histologia do epitélio cilíndrico simples endometrial
Citopatologia14
Junção escamocolunar (JEC) e zona de transformação
A JEC é o local de transição entre os epitélios da endo e da 
ectocérvice. A sua localização original fica na junção entre o orifício da 
ectocérvice e o epitélio endocervical, porém a sua localização pode variar 
de acordo com fatores como idade, uso de anticoncepcionais, número 
de gestações e estímulo hormonal. Com o crescimento do colo do útero, 
o canal cervical se alarga, fazendo com que haja uma ectopia, ou seja, 
uma eversão do epitélio endocervical. A exposição do epitélio ectópico 
ao meio ácido vaginal faz com que ocorram os processos de metaplasia, 
substituindo o epitélio escamoso pelo metaplásico. A JEC funcional é a 
união do epitélio metaplásico com o epitélio endocervical e a zona de 
transformação é a região desde a JEC original até a JEC funcional. 
Figura 7 – Localização da junção escamocolunar.
Identificar a zona de transformação durante a coleta do exame 
citológico é extremamente importante, visto que a maioria das lesões 
precursoras do câncer de colo de útero se estabelece nessa região.
Citopatologia 15
Células escamosas 
Células basais
As células basais estão presentes na camada mais profunda do 
epitélio e são basófilas, ou seja, coradas com Hematoxilina. São células 
pequenas, de formato arredondado e apresentam um núcleo central e 
volumoso.
Figura 8 – Célula basal comparada à células maduras.
As células basais podem aparecer em esfregaço citológico em 
casos de atrofia grave e após o parto, devido à descamação intensa 
causada pela queda hormonal brusca.
Células parabasais
Essas células possuem um tamanho maior do que as células 
basais; são arredondadas, possuem citoplasma mais abundante e de 
coloração que varia do azul-esverdeado para o rosa. São observadas, 
principalmente, na infância, no pós-parto e na pós-menopausa (atrofia).
Figura 9 – Células parabasais.
Citopatologia16
Em atrofia bem pronunciada, como o que ocorre alguns anos 
após a menopausa, as células parabasais podem apresentar picnose e 
cariorrexe, características de degeneração, com fragmentação do seu 
conteúdo.
Células intermediárias
As células intermediárias possuem formato poligonal, núcleo menor 
que das células profundas e de formato arredondado com cromatina 
finamente granular. Tem citoplasma mais abundante e geralmente 
cianófilo. Essas células possuem um alto teor de glicogênio fazendo 
com que os lactobacilos presentes ali metabolizem esse glicogênio em 
ácido lático, que mantém o pH vaginal entre 3,8 a 4,2. Isso faz com que 
haja degradação do citoplasma, formando núcleos desnudos facilmente 
visualizados no esfregaço. Possuem junções celulares (desmossomos) e 
isso faz com que sua descamação seja em aglomerados.
Figura 10 – Células intermediárias acompanhadas de lactobacilos.
Na gravidez, devido ao alto teor de glicogênio, ocorre arredon-
damento da borda citoplasmática com deslocamento do núcleo para a 
periferia, deixando o seu formato navicular.
Células superficiais
As células superficiais são as mais diferenciadas; estão na fase 
final de maturação do epitélio e sofrem descamação de forma isolada. 
Seu citoplasma é o mais abundante, delicado, poligonal e transparente, 
podendo ser cianófilo ou eosinófilo, a depender da coloração de 
Papanicolaou. O núcleo é central, picnótico e denso. Não possuem 
junções celulares, por isso descamam isoladamente. 
Citopatologia 17
Figura 11 – Células superficiais eosinofílicas.
Células endocervicais e endometriais 
As células endocervicais, ou glandulares, possuem núcleo volumoso, 
arredondado ou oval, com cromatina finamente granular. São células altas, 
com citoplasma basófilo e vacuolizado. Essas células são bastante sensíveis 
a alterações reativas, podendo apresentar multinucleação. Descamam 
em agrupamentos e podem estar dispostas em “favo de mel”, quando 
visualizadas de cima, e “paliçadas”, quando visualizadas de lado. A presença 
dessas células no esfregaço indica que a coleta foi realizada na JEC, sendo 
esse um indicativo da boa qualidade do esfregaço.
Figura 12 – Células glandulares dispostas em “paliçada’’.
As células endometriais são observadas nos esfregaços devido à 
descamação do epitélio glandular durante a menstruação, podendo ser 
vistas até o 12º dia do ciclo menstrual. São células pequenas, menores 
que as células endocervicais, tendo pouca definição das bordas do seu 
citoplasma. Podem ser ciliadas ou não. Seu núcleo é hipercromático e oval.
Citopatologia18
A visualização de células endometriais após o 12º dia do ciclo 
menstrual é considerada anormal e possui maior relevância em mulheres 
na pós-menopausa. 
Figura 13 – Grupo de célulasendometriais.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o 
acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: 
Artigo: “Importância da qualidade da coleta do exame 
preventivo para o diagnóstico das neoplasias glandulares 
endocervicais e endometriais” (UGHINI & CALIL), acessível 
pelo link: http://bit.ly/2VzJD1D
Outros elementos
Além das células supracitadas, o esfregaço comumente pode 
conter outros elementos contaminates ou celulares como muco, 
espermatozoides, histiócitos (células que apresentam formas variadas), 
leucócitos polimorfonucleares (principalmente neutrófilos) e hemácias.
E então? Gostou do que lhe mostramos? Para facilitar a 
compreensão deste tema que é tão importante dentro da citopatologia, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você aprendeu aqui que o trato 
genital feminino possui estruturas anatômicas específicas e diferentes 
células que compõem essas estruturas. Conseguiu diferenciar os 
tipos de epitélios presentes, a ectocérvice, a endocérvice e a junção 
escamocolunar; aprendeu sobre suas características individuais e suas 
funções, observando exemplificações de cada tipo celular apresentado 
– células escamosas na ectocérvice e endocervicais ou glandulares na 
Citopatologia 19
endocérvice. Pôde entender a importância da coleta cérvico-vaginal na 
zona de transformação (JEC) e a significância da presença das células 
endocervicais no esfregaço. Compreendeu que existem diferentes 
fases do ciclo reprodutivo feminino em que estarão presentes algumas 
células características que não estarão presentes em outras fases. E que 
alterações nesse perfil são indicativas de anormalidade ou atipia, e isso 
é utilizado como diagnóstico nos exames preventivos. 
Colpites e Cervicites
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de compreender 
sobre os processos inflamatórios que ocorrem nos epitélios 
constituintes do trato genital feminino e os microorganismos 
causadores da inflamação nessa região. Considerando-
se que o exame citopatológico tem papel importante no 
diagnóstico e estudo dos processos inflamatórios em geral, 
a capacidade de reconhecer as características citopatoló-
gicas relacionadas a cada tipo de infecção que acomete 
o trato genital é fundamental para o profissional da área. 
Sendo assim, vamos explorar mais detalhadamente esse 
assunto, neste capítulo. Está preparado? Então vamos lá!
O ambiente da cérvice-vaginal é composto, normalmente, por 
elementos como glândulas (sebáceas, sudoríparas, de Bartholin, de 
Skene), células vaginais e cervicais esfoliadas, transudato da parede 
vaginal, microorganismos (bactérias como lactobacilos) e seus produtos 
metabólicos, líquidos endometriais, entre outros. O trato genital feminino 
está em contato direto com o ambiente externo através da vagina, o que 
favorece o surgimento de infecções. Secreção vaginal anormal, prurido, dor 
e sangramento são os sintomas mais comuns associados a essas. O exame 
citológico tem como principal objetivo detectar as lesões neoplásicas 
do colo uterino, entretanto também possibilita reconhecer os processos 
inflamatórios associados à quadros infecciosos e avaliar a sua intensidade. 
Recomenda-se a colheita de amostra do fundo de saco posterior 
da vagina para estudar a microbiota vaginal. O exame citológico deve 
Citopatologia20
conter amostras representativas da ectocérvice, endocérvice e também 
da vagina (colheita tríplice).
Apenas a presença de microorganismos no esfregaço citológico 
não significa infecção, visto que na vagina há a presença de bactérias 
que não são patológicas (microbiota vaginal). Alguns fatores fisiológicos 
(gravidez, parto, menopausa), patológicos (distúrbios hormonais e 
metabólicos, insuficiência hepática) e locais (uso de DIU, exposição 
sexual) irão interferir na microflora.
O processo inflamatório pode acometer tanto o epitélio escamoso, 
como o glandular. Denomina-se colpite a inflamação que ocorre em epitélio 
escamoso estratificado, o qual reveste a parede vaginal e a ectocérvice, e 
cervicite quando a inflamação acomete o epitélio glandular do colo uterino.
Colpites 
O processo inflamatório que ocorre na ectocérvice pode ser 
causado por uma série de patógenos e gera sintomas como corrimento, 
mal odor, prurido e ardência. Os agentes patogênicos mais comuns são: 
Candida albicans, Gardnerella vaginalis e Trichomonas vaginalis.
Candidíase vulvovaginal
A candidíase vulvovaginal (CVV) é a segunda mais frequente 
dentre as vulvovaginites, ficando atrás somente da vaginose bacteriana. 
As infecções micóticas representam a causa mais comum de 
vaginite nas regiões tropicais, sendo que em 85% a 90% dos casos a 
cultura microbiológica dessas regiões demonstra Candida albicans.
A infecção por Candida envolve geralmente a vulva, vagina e às 
vezes o colo do útero. É mais comum em pacientes imunossuprimidas 
ou diabéticas, grávidas, ou que fazem tratamento com corticoides e 
quimioterápicos. A sintomatologia é secreção vaginal espessa, branca 
ou amarelada sem odor, prurido e ardor, porém pode não apresentar 
nenhum sintoma. No esfregaço citológico é possível identificar hifas, 
pseudo-hifas e esporos (redondos ou ovais, com 3-7 micrômetros 
de diâmetro). A Candida se reproduz por brotamento, seus brotos 
se alongam e formam as pseudo-hifas. Para diferenciar as pseudo-
hifas das hifas é necessário observar que nas últimas o protoplasma é 
Citopatologia 21
contínuo entre o eixo principal e as ramificações. A coloração dessas 
estruturas geralmente é de vermelho ou marrom. Aumento nuclear, 
halos perinucleares, vacuolização citoplasmática, agrupamento de 
neutrófilos degenerados e pseudoeosinofilia são características que 
ajudam a identificar a presença do fungo, levando em consideração que 
o agente, seja hifa ou esporo, nem sempre é fácil de ser visualizado. 
Avaliar as extremidades do esfregaço é útil, visto que nessas áreas ocorre 
dessecação, facilitando a identificação de esporos (que se apresentam 
maiores que os presentes no restante do esfregaço).
Figura 14 – Representação de pseudo-hifas segmentadas, de coloração roxa 
e também de leveduras, alongadas, com formato oval (Primeira imagem). 
Seta indicando esporos, na segunda imagem.
Vaginose bacteriana
A vaginose bacteriana (VB) é causada, predominantemente, 
por Gardnerella vaginalis, coco-bacilos gram-negativos ou variáveis. 
Na maioria das mulheres a VB não apresenta sintomas, porém em 
infecções mais severas sua sintomatologia está associada a corrimento 
fluido, amarelo ou acinzentado, com odor fétido (de peixe estragado) 
que piora com a alcalinização do meio vaginal. Quando o pH vaginal é 
maior que 4.5, a Gardnerella pode se associar a várias outras bactérias, 
especialmente Mobiluncus. O odor fétido se intensifica durante a 
menstruação e após relações sexuais, devido ao aumento do pH, 
causado por microorganismos que liberam aminas responsáveis pelo 
cheiro desagradável. No esfregaço é possível visualizar uma adesão ao 
citoplasma das células superficiais e intermediárias feita pela Gardnerella, 
conferindo a essas células um aspecto granular (clue cells). O aspecto 
turvo do fundo é característico da VB, devido a maior concentração 
de bactérias ao redor das células. É comum ocorrer cariopicnose nas 
células superficiais, já neutrófilos são raros. 
Citopatologia22
Em algumas ocasiões, bacilos ou cocos se sobrepõem às células 
escamosas, dando a falsa impressão de clue cells (célula-guia). Nesse 
caso, o fundo não tem a aparência turva.
Figura 15 – Fundo de aspecto turvo, na primeira imagem, causado por Gardnerella. Clue cell 
demonstrando citoplasma com aspecto granular devido ao depósito dos cocobacilos.
Tabela 1 – Consequências associadas à VB para as mulheres acometidas.
Complicações que a Vaginose bacteriana pode trazer
Endometrite
Doença inflamatória pélvica
Parto prematuro
Corioamnionite
Infecção puerperal
A presença de clue cells no esfregaço não confirmao diagnóstico 
da vaginose bacteriana, tendo em vista que elas não são tão específicas 
e podem, inclusive, estar ausentes em mulheres com essa patologia.
Tricomoníase
Causada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaginalis, é 
transmitida pelo contato sexual e sua sintomatologia está associada a 
corrimento vaginal abundante de cor verde-amarelada e odor desagra-
dável, apesar de metade das mulheres acometidas não apresentarem 
nenhum sintoma. É muito difícil a identificação do flagelo do parasita 
nos esfregaços, devido à intensa degeneração que ocorre. O protozoário 
apresenta, geralmente, formato piriforme com tamanho variável, 
limites mal definidos, paranúcleo pequeno, redondo ou oval, de difícil 
identificação. Para diferenciar o parasita de restos citoplasmáticos é 
necessária a visualização do núcleo. 
Citopatologia 23
Figura 16 – Parasitas ovais, com coloração rosada, núcleo borrado 
e pouco definido, com aparência degenerada.
Lactobacilos 
Lactobacillus vaginalis (bacilos de Döderlein) são bacilos gram-
positivos que constituem a microflora vaginal normal. As suas enzimas 
causam citólise (destruição proteolítica) das células intermediárias, 
devido ao glicogênio presente nessas. A citólise é identificada nos 
esfregaços pela presença de restos citoplasmáticos e núcleos desnudos 
de células intermediárias, tendo ao seu redor numerosos bacilos. Quando 
ocorre citólise intensa, o diagnóstico das lesões pode ser dificultado e 
até mesmo impedido, já que não é possível verificar a relação núcleo-
citoplasma, critério importante na detecção das lesões. 
Ocorre um predomínio de lactobacilos na fase luteínica do ciclo 
menstrual, na gravidez, na menopausa precoce e durante a administração 
de hormônios sexuais.
Figura 17 – Citólise causada pela presença de lactobacilos.
Citopatologia24
Actinomyces spp.
Microorganismo que não faz parte da microbiota vaginal, possui 
morfologia variável, apresentando-se como bacilo ou cocobacilo. 
É uma bactéria gram-positiva, presente na cavidade oral e no trato 
gastrointestinal. Está associada ao uso de dispositivo intrauterino (DIU) 
e, em raros casos, as bactérias podem se disseminar, ocasionando 
abscesso tubo-ovariano e até mesmo doença inflamatória pélvica. 
No esfregaço citológico observa-se tufos de bactérias formados pela 
aglomeração de Actinomyces, apresentando aspecto de ouriço do mar. 
É comum a presença de células polimorfosnucleares. 
Figura 18 – Bactérias Actinomyces em formato de ouriço 
do mar se irradiando a partir de um centro escuro.
Leptothrix vaginalis
São bactérias comuns na cavidade oral, no intestino e menos 
comum na vagina. Seu formato filamentoso se apresenta em formato 
de “C”, “U” e “S”, ou vem enovelado. Em cerca de 80% dos casos existe a 
associação dessa bactéria com Trichomonas vaginalis.
Figura 19 – Filamentos de Leptothrix vaginalis com presença de Trichomonas.
Citopatologia 25
Herpes vírus
O vírus da herpes pode acometer a região genital, sendo transmitido 
por contato sexual. Os tipos mais comuns são os vírus Herpes simplex 
tipo 1 (HSV-1) e tipo 2 (HSV-2), sendo esse último mais comum entre 
os dois. As manifestações clínicas da doença são febre, indisposição, 
mialgia e vesículas na pele ou na mucosa genital. As lesões se rompem 
com o aparecimento de úlceras que curam espontaneamente dentro 
de 2-4 semanas. Fatores como estresse e a consequente queda do 
sistema imunológico podem ser responsáveis pela reativação do vírus. O 
vírus causa alterações em células escamosas parabasais, metaplásicas 
imaturas e endocervicais. A princípio se evidenciam citomegalia e 
cariomegalia. A seguir, devido à degeneração, os núcleos assumem um 
aspecto de “vidro fosco”. É comum ocorrer multinucleação.
Em alguns casos, inclusões intranucleares grandes podem ser 
observadas, não devendo ser confundidas com nucléolos, que são menores 
e esféricos. O citoplasma das células acometidas é denso e opaco.
Figura 20 – HSV em células aglomeradas e multinucleadas com núcleos 
de variados tamanhos e formas, com aspecto de vidro fosco.
Cervicites
As cervicites são processos inflamatórios do epitélio glandular do 
colo uterino - endocérvice - e são assintomáticas, na maioria dos casos. 
São causadas pelos microorganismos Neisseria gonorrheae e Chlamydia 
trachomatis.
Citopatologia26
Chlamydia trachomatis 
É uma bactéria gram-negativa que pode causar inflamações 
na vulva, vagina, colo do útero, endométrio e trompas. As infecções 
urogenitais por C. trachomatis estão entre as DSTs mais frequentes no 
mundo. É comum associação com vaginose bacteriana. A bactéria se 
apresenta nos esfregaços sob a forma de inclusões citoplasmáticas de 
diferentes tipos, vai depender do seu estágio de desenvolvimento. Os tipos 
de inclusões podem ser corpos elementares, corpos reticulares e corpos 
agregados. No esfregaço, são observadas inclusões citoplasmáticas em 
material endocervical ou uretral. Na detecção da Chlamydia a citologia é 
um método pouco preciso com taxas baixas de sensibilidade. Essa bactéria 
nem sempre produz anormalidades citológicas que podem ser visíveis no 
esfregaço e também em razão de os vacúolos citoplasmáticos poderem 
ou não estarem relacionados com a presença da bactéria. Um diagnóstico 
definitivo exige cultura microbiológica, testes de imunofluorescência com 
antígeno específico, ELISA ou PCR.
Figura 21 - Vacúolos citoplasmáticos sugestivos de Chlamydia 
com inclusões eosinofílicas em células metaplásicas.
A citologia em meio líquido é uma metodologia que permite a 
utilização de resíduos para testes de biologia molecular para vírus como 
o HPV e outros micro-organismos como a Chlamydia trachomatis e a 
Neisseria gonorrhoeae.
Agora que você aprendeu mais detalhadamente sobre colpites 
e cervicites, seus patógenos causadores e características citológicas, 
vamos resumir os principais tópicos deste capítulo.
Citopatologia 27
Você aprendeu aqui que colpites são processos inflamatórios 
que ocorrem no epitélio escamoso – ectocérvice -, enquanto cervicites 
acometem o epitélio glandular (endocérvice). Observou que as colpites 
mais frequentes, são: Candidíase vulvovaginal - causada por Candida 
sp, podem ser observadas hifas, pseudo-hífas e esporos no esfregaço; 
vaginose bacteriana – é mais comum por Gardnerella vaginalis, são 
observados depósitos citoplasmáticos de cocobacilos (clue cells); 
tricomoníase – causada por Trichomonas vaginalis, que se apresentam 
degenerados, com coloração rosada e núcleo borrado; bacilos de 
Döderlein - Lactobacillus vaginalis causam citólise local; Actinomyces 
spp. – no esfregaço apresenta-se como tufos de células com aspecto 
de ouriço do mar; Leptothrix vaginalis – de formato filamentoso, associa-
se com frequência à Trichomonas vaginalis; herpes vírus – causado 
por Herpes simplex tipo 1 e tipo 2, forma aglomerados de células 
multinucleadas (“vidro fosco”). Também aprendeu as cercivites são 
causadas por Neisseria gonorrhoeae ou por Chlamydia trachomatis e 
que, a infecção por essas últimas é de difícil diagnóstico citopatológico.
Citopatologia hormonal e endometrial
INTRODUÇÃO:
Ao final deste capítulo você será capaz de compreender os 
níveis de maturação do epitélio escamoso do trato genital 
feminino e os hormônios relacionados a esse e conhecer 
as células normais do endométrio, além de critérios de 
anormalidades. A fisiologia da mulher sofre mudanças 
mensais e cíclicas que se refletem na histologia do trato 
genital feminino. Essas mudanças são reguladas por 
hormônios sexuais e qualquer alteração nesse padrão, pode 
indicar o início de um processo patológico. Sendo assim, 
é importante conhecer o perfil citológico normal de cada 
estágio do ciclo ovariano/uterino, para poder reconhecer 
eventuais anormalidades nesse ciclo. Neste capítulo vamos 
adentrar nas características citológicas e citopatológicas do 
ciclo feminino. Estão preparados?
Citopatologia28
Citopatologiahormonal
Antes da citologia ser utilizada para fins diagnósticos de lesões 
pré-cancerosas, já era utilizada para investigar as mudanças hormonais 
do epitélio cervical. Em 1847, Pouchet descreveu em seu atlas as 
alterações celulares durante o ciclo ovariano, o que representou o início 
das investigações que vieram a seguir. A citopatologia hormonal se baseia 
no fato do epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado possuir 
receptores hormonais que vão controlar a maturação e diferenciação 
das células, e dessa forma pode-se avaliar as condições endócrinas 
das pacientes através do estudo da morfologia das células vaginais. 
Ela se torna mais utilizada quando os laboratórios não realizam análises 
bioquímicas específicas nessa área, já que os exames bioquímicos 
são bem precisos para detectar os distúrbios endócrinos femininos. A 
citologia hormonal é aplicada na avaliação da função ovárica normal e 
patológica de pacientes na puberdade até a menopausa, na avaliação 
da função placentária e de disfunções na área da obstetrícia. Também é 
utilizada para calcular o tempo da ovulação, ajudar na escolha da terapia 
hormonal e monitoramento de resultados de tratamentos hormonais. 
VOCÊ SABIA?
Stockard e Papanicolaou acidentalmente descobriram 
as células neoplásicas quando utilizavam a citologia para 
observar fenômenos hormonais durante o ciclo menstrual.
O epitélio vaginal sofre alterações que dependem da produção de 
hormônios como estrógeno e progesterona. O estrógeno está relacionado 
à maturação epitelial completa das células e induz à predominância de 
células maduras superficiais no esfregaço. Já a progesterona atua inibindo 
a maturação das células. Quando não há a presença de estrógeno ocorre 
atrofia do epitélio escamoso (reduz a maturação). Portanto, quando 
estuda-se a maturação do epitélio é possível saber a respeito das taxas 
de hormônios esteróides e do estrógeno.
Citopatologia 29
Ciclo menstrual 
O ciclo menstrual corresponde às alterações mensais nas taxas 
de produção de hormônios femininos. Essas alterações irão promover 
mudanças tanto nos ovários como em outros órgãos sexuais. O objetivo 
do ciclo menstrual é preparar o endométrio para a gravidez e as alterações 
que ocorrem são reguladas pelas células nervosas do hipotálamo, através 
da secreção do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). Após isso, 
a hipófise anterior secreta os hormônios folículo-estimulante (FSH) e 
luteinizante (LH) e por fim, os ovários secretam a progesterona e o estrógeno.
Figura 22 – Esquematização do eixo hipotálamo-hipófise-ovário.
Alguns fatores podem influenciar no funcionamento do eixo 
hipotálamo-hipófise-ovárico, como estresse, exercícios físicos acentua-
dos, alterações na função da tireoide, uso de drogas ou medicamentos, 
anorexia, traumatismos, tumores, hiperprolactinemia, determinadas 
doenças crônicas, entre outros. O GnRH é o principal mediador do 
processo reprodutivo, atuando sobre a hipófise anterior com receptores 
de células produtoras de LH e FSH, esses são liberados na circulação 
até alcançarem os ovários. Enquanto o FSH estimula a proliferação 
de células foliculares, estimulando a secreção de estrógeno (que é 
fundamental para a produção dos folículos), o LH estimula a produção 
de progesterona a partir do corpo lúteo. Os ovários produzem as células 
reprodutoras e secretam os hormônios esteróides (progesterona e 
Citopatologia30
estrógeno). Os hormônios FSH e LH agem sobre os ovários, estimulando 
o crescimento e a proliferação das células, assim como aumentando 
as taxas de secreção daqueles hormônios. Na infância, os ovários 
permanecem inativos, porque o centro hipotalâmico está bloqueado até 
a puberdade. Entre 9 e 12 anos de idade, a hipófise começa a secretar 
mais FSH e LH, levando ao início dos ciclos sexuais mensais sendo o 
primeiro ciclo menstrual denominado de menarca. A menstruação ocorre 
porque a progesterona prepara o útero para a implantação do embrião, 
caso haja fecundação e o embrião passa a produzir gonadotrofina 
coriônica, assim mantendo o corpo lúteo. Caso não haja fecundação, o 
corpo lúteo irá se degenerar, ocorrendo a menstruação. O corpo lúteo 
é uma “cicatriz” glandular, gerada pelo folículo que amadureceu e se 
rompeu para a saída do óvulo do ovário. 
O ciclo mensal dura em média 28 dias, podendo variar de 20 a 45 
dias. No 1º ao 5º dia do ciclo, na fase menstrual, os esfregaços vaginais 
contêm células escamosas, principalmente intermediárias; pode haver 
a presença de hemácias, polimorfonucleares, células endometriais e 
raras células glandulares. Do 6º ao 12º dia, na fase estrogênica inicial, a 
progesterona do ciclo anterior ainda faz efeito e ainda são predominantes 
as células intermediárias. Observa-se uma diminuição no número de 
polimorfos e raras hemácias, e pode ser observada a presença de muco. 
Com o aumento do estrógeno, há o aumento de células superficiais. Na 
fase pré-ovulatória, nos dias 12 e 13, já podem ser visualizadas grandes 
quantidades de células superficiais isoladas, com núcleo picnótico. 
Do 6º ao 13º dia as células glandulares apresentam núcleo central e 
citoplasma basófilo. Na fase ovulatória, que acontece nos dias 14 e 15, 
ocorre o pico de LH e estrogênio e o pico de maturidade celular, fazendo 
com que o esfregaço seja predominantemente composto por células 
superficiais eosinofílicas, achatadas e com núcleo picnótico. Do 16º ao 
28º dia, na fase progestacional, ocorre uma redução progressiva de 
células epiteliais devido a ação da progesterona. São vistos lactobacilos 
abundantes com possível citólise em células intermediárias. 
Citopatologia 31
Imagem 23 – Alterações hormonais de FSH, LH, progesterona 
e estrógeno em um ciclo mensal de 28 dias.
O padrão citológico de descamação de células em um ciclo 
menstrual de 28 dias.
O estrógeno atua no controle da ovulação e no desenvolvimento de 
características femininas, além de induzir à maturação do epitélio, como 
foi dito, levando à predominância de células superficiais no esfregaço. 
Também inibe a atividade osteoclástica nos ossos, estimulando o 
Citopatologia32
crescimento ósseo. Na menopausa, os ovários não secretam muito 
pouco estrógeno, ocasionando maior atividade osteoclástica, diminuição 
da matriz óssea e menores depósitos de cálcio e fosfato ósseos, o que 
pode resultar em osteoporose. A progesterona prepara o útero para a 
gravidez e as mamas para a lactação. Sua função mais importante é 
realizar mudanças secretórias no endométrio durante a última metade 
do ciclo sexual feminino, preparando o útero para a implantação do 
óvulo fertilizado. Também é responsável pela proliferação do epitélio 
vaginal e pelo aumento da viscosidade do muco cervical. Vai atuar, ainda, 
promovendo o desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos mamários. 
Figura 24 – Atuação do estrógeno e progesterona na proliferação e maturação do epitélio.
O melhor local de coleta do material para avaliação hormonal é o 
terço superior da parede lateral da vagina, pois esse local é sensível aos 
estímulos hormonais. Caso essa zona esteja inviável, poderá ser coletada 
amostra do fundo de saco vaginal. Porém, esse material poderá conter 
células esfoliadas em longo tempo, células da ectocérvice, endocérvice 
e do endométrio, o que diminui a qualidade do exame, já que não é 
interessante a presença dessas células para citologia hormonal.
Trofismo do epitélio
Ao longo da vida da mulher ocorrerão alterações nos níveis tanto 
de estrogênio, quanto de progesterona, e essas alterações poderão 
ser visualizadas na citologia cérvico-vaginal. A ação do estrógeno no 
epitélio escamoso faz com que ocorra sua proliferação, maturação e 
estratificação. Quando ocorre baixa liberação de estrógeno, o esfregaço 
apresenta um pequeno número de células escamosas superficiais 
Citopatologia 33
eosinofílicas, tendo uma diminuição da microbiota lactobacilar e aumento 
no pH vaginal,e isso pode tornar o epitélio susceptível a infecções. A 
ausência desse hormônio traz uma redução em mecanismos necessários 
para a lubrificação vaginal. Como foi relatado, a progesterona irá inibir 
a maturação celular, promovendo a proliferação do epitélio vaginal. A 
maturação parcial das células escamosas pode ocorrer tanto pela baixa 
secreção de estrógeno, como pela ação antagonista da progesterona 
ou de androgênicos, ou também pelo efeito do tamoxifeno, um agonista 
estrogênico. Porém, é complicado correlacionar o grau intermediário de 
maturação epitelial com a ação de hormônios específicos. 
O epitélio escamoso assume quatro padrões citológicos 
diferentes: atrófico, hipotrófico, normotrófico e hipertrófico. 
A atrofia ocorre quando há predominância de células parabasais 
com relação às células intermediárias, já que não serão encontradas 
células superficiais maduras devido à ausência de estrógeno e outros 
hormônios. Esse padrão é visto na menopausa, no puerpério, durante a 
amamentação, pós-radiação, entre outros.
Figura 25 – Padrão atrófico com predomínio de células parabasais basofílicas.
Quando há predomínio de células intermediárias no esfregaço e 
poucas células parabasais, o epitélio apresenta um padrão hipotrófico. 
Também poderão ser observadas células superficiais em quantidades 
inversamente proporcionais à quantidade de células parabasais. É 
comum observar esse padrão em meninas quando começam a secretar 
seus hormônios e na pré-menopausa.
Citopatologia34
Figura 26 - Padrão hipotrófico com predomínio de células 
intermediárias e raras células parabasais (seta).
O esfregaço normotrófico é representando pela presença apenas 
de células escamosas superficiais e intermediárias, podendo ter uma 
maior quantidade de células intermediárias. É o momento onde a mulher 
apresenta um equilíbrio hormonal ou uma maior taxa de progesterona. 
Figura 27 – Padrão normotrófico com predomínio de células intermediárias basofílicas.
Quando há apenas células superficiais e intermediárias no 
esfregaço, com predomínio de células superficiais, o padrão é 
hipertrófico. Pode ser chamado de padrão estrogênico, pois os níveis 
de estrógeno estão predominando, induzindo à maturação das células.
Figura 28 – Padrão hipertrófico com predomínio de células 
superficiais poligonais, com núcleos picnóticos.
Citopatologia 35
Padrões citológicos em diferentes etapas da vida
Durante várias fases da vida da mulher podem ser observados 
diferentes padrões e alterações hormonais. Logo após o nascimento, 
a recém-nascida apresenta um padrão celular igual ao da mãe, um 
padrão trófico com a presença de células intermediárias. Esse padrão 
permanece até a 4ª semana de vida, devido a estimulação dos 
hormônios da placenta. Como não há uma estimulação hormonal após 
4 semanas, o padrão celular é alterado, tornando-se atrófico. Na pré-
puberdade, ou seja, no início da fase adulta, ocorre um aumento na 
secreção de hormônios sexuais e assim ocorre a maturação do epitélio 
escamoso, saindo do padrão atrófico para o hipotrófico. Na menacme 
(período de atividade menstrual) o epitélio escamoso está sob efeito 
tanto do estrógeno como da progesterona. Durante a gestação o 
epitélio assume um padrão estimulado pela progesterona. O esfregaço 
gestacional é verificado a partir do 2º ou 3º trimestre da gravidez e é 
composto por células intermediárias ricas em glicogênio. Células 
endocervicais apresentam-se maiores, com núcleos proeminentes. Esse 
padrão permanece no puerpério (pós-parto), por aproximadamente 
6 semanas; após esse período a placenta começa a se degenerar, o 
nível de progesterona cai e o epitélio passa a ter um padrão atrófico. 
Na menopausa podem ser observados 3 padrões citológicos, primeiro 
há níveis baixos de estrogênio, mostrando um epitélio com células 
intermediárias predominando. Os níveis de estrogênio vão diminuindo 
progressivamente até que o epitélio fique hipotrófico e, por fim, 
permanece um padrão atrófico, sem maturação celular. 
Algumas alterações citológicas podem indicar anomalias hormonais 
na gestação, por exemplo, aborto iminente. Nesse caso, há aumento de 
mais de 10% de células superficiais e diminuição de células intermediárias.
Índices citológicos de avaliação hormonal
Esses índices são utilizados para quantificar, em valores relativos, 
os tipos celulares na avaliação hormonal, além de escolher as melhores 
vias de administração hormonal e o melhor tratamento, caso seja 
necessário. Os índices são calculados contando pelo menos 100 células 
Citopatologia36
em quatro campos diferentes. O índice de cariopicnose (IC) quantifica 
a porcentagem de células com núcleos picnóticos entre as células 
superficiais e intermediárias presentes. O valor máximo desse índice 
coincide com o pico da ovulação. O índice de eosinofilia (IE) calcula a 
porcentagem de células maduras eosinofílicas entre todas as células 
escamosas maduras. O pico desse índice coincide com o pico do índice 
de cariopicnose. O índice de maturação (IM) determina, em porcentagem, 
a quantidade de células parabasais, intermediárias e superficiais (P/I/S). 
O índice de pregueamento celular determina a quantidade de células 
pregueadas, entre todas as células maduras. As células intermediárias 
possuem citoplasma pregueado, principalmente na fase secretora. O 
índice de agrupamento celular vai calcular a quantidade de células em 
aglomerados, porém é de difícil execução já que as células agrupadas 
não permitem uma contagem exata. O valor de maturação (índice de 
Meisels) é calculado a partir do IM e representa a soma do número de 
células parabasais multiplicado por 0, de intermediárias multiplicado por 
0,5 e superficiais multiplicado por 1. Quando se tem um valor igual a 100 
corresponde a somente células superficiais, assim como se tiver igual a 
0, haverá predominância de células parabasais. 
Tratamentos hormonais 
Os hormônios utilizados em tratamento trazem efeitos e mudanças 
no esfregaço vaginal. O uso de cremes vaginais contendo estrógeno 
faz com que o esfregaço tenha uma quantidade aumentada de células 
superficiais eosinofílicas, com núcleos picnóticos. Ao administrar 
progesterona, se o epitélio estiver sendo estimulado pelo estrógeno, 
vai ocorrer uma diminuição da maturação das células. Caso o esfregaço 
esteja atrófico, a administração de progesterona vai trazer um aumento 
de células intermediárias. O efeito causando por andrógenos é bastante 
semelhante ao efeito causado pelo uso da progesterona. O tamoxifeno 
é muito utilizado no tratamento e prevenção do câncer de mama, e leva 
a um aumento na maturação do epitélio de mulheres na menopausa. 
Citopatologia 37
Citopatologia endometrial
O endométrio é a parte mais interna do útero, responsável pelo 
suprimento vascular e nutritivo do feto, e responde às variações de 
hormônios, como progesterona e estrogênio. As células endometriais, 
como foram vistas, quando estão dentro da normalidade, são pequenas, 
se descamam em grupos tridimensionais e têm pouca definição das 
bordas citoplasmáticas. Podem ser vistas até o 12º dia do ciclo; a partir 
disso, o achado deve ser investigado pois é anormal. A aparência das 
células endometriais normais depende de alguns fatores, como o local 
de origem dos diferentes tipos celulares endometriais, o estágio do ciclo 
menstrual, o material usado na coleta, a técnica de processamento do 
material e a forma como a célula é vista (colunar ou oval).
Figura 29 – Histologia do endométrio normal na fase proliferativa 
e secretora sob ação do estrógeno e progesterona.
Os tipos de coleta de material endometrial são escovação, aspiração 
endometrial, lavado endouterino ou cultura de tecido endometrial. O 
exame de Papanicolaou também é utilizado como orientação na pesquisa 
de anormalidades endometriais, já que os elementos dessa mucosa 
podem ser vistos no esfregaço. As células endometriais descamadas 
naturalmentepodem vir do epitélio ou do estroma (endométrio), isoladas 
SAIBA MAIS:
Quer aprender mais sobre a ação de hormônios como o 
estrógeno e a citologia hormonal vaginal? Recomendamos 
o acesso à seguinte fonte de consulta: Artigo “Citologia 
hormonal do Trato Urinário Baixo e da Vagina de Mulheres 
na Pós-menopausa, antes e durante a Estrogenioterapia 
Oral e Transdérmica” (Lustona et. al), acessível pelo link: 
http://bit.ly/2vwFMI2
Citopatologia38
ou aglomeradas. Existem as células endometriais secretoras, que são as 
mais comuns no esfregaço, e as ciliadas. As células secretoras têm seu 
tamanho aumentado na fase proliferativa, com citoplasma mais escasso, 
cianofílico e levemente vacuolado, com cromatina finamente granular. 
Já na fase secretora, uma maior vacuolização está presente e, à medida 
que a secreção é acumulada, a célula fica menos cianofílica e o núcleo 
se desloca para a periferia. Quando a secreção é removida da célula, o 
núcleo se contrai e ela reduz de tamanho, evidenciando degeneração. As 
células endometriais advindas do estroma possuem tamanho variado e 
são muito difíceis de identificar nos primeiros 3 ou 4 dias do ciclo menstrual. 
Por volta do 5º-6º até o 10º dia do ciclo, as células endometriais normais 
descamam em grupamentos característicos, que são acompanhados de 
numerosos histiócitos e leucócitos.
O termo “exodus” ou “êxodo” foi criado por Papanicolaou devido a 
esse quadro da fase menstrual tardia.
Figura 30 – Êxodo de células endometriais estromais
A data do ciclo menstrual se torna muito importante para identificar 
a origem dessas células.
Tabela 1 – Diferenças das características morfológicas 
entre células endometriais epiteliais e estromais.
Características morfológicas das células endometriais
Epiteliais Estromais
Bem preservadas Descamação em cordões irregulares
Agrupamentos densos Sobreposição menos frequente
Citoplasma basofílico Citoplasma sem limites nítidos
Núcleos redondos ou ovais Núcleos alongados
Citopatologia 39
As patologias benignas que podem ser encontradas envolvendo 
células endometriais são endometrites, endometriose, adenomiose, pólipo 
endometrial e hiperplasia endometrial. Já as patologias malignas podem ser 
adenocarcinoma, adenoacantoma, carcinoma de células claras, carcinoma 
adenoescamoso misto, carcinoma secretor e adeno-carcinoma papilífero.
Adenocarcinoma de endométrio
Os achados citológicos nesse adenocarcinoma vão depender do 
grau do tumor. Em tumores de grau I poucas células anormais costumam 
descamar, com pouca atipia, sendo caracteristicamente interpretados 
como células endometriais atípicas. A sua detecção, especialmente 
tumores bem diferenciados, é limitada por um pequeno número de 
células anormais bem preservadas e pela sutileza de suas alterações 
celulares. Os fatores de risco para esse tipo de adenocarcinoma são 
infertilidade, obesidade, exposição a hormônios e hiperplasia de 
endométrio. As características citológicas mais comuns são células 
de tamanho variado, distribuídas em pequenos conjuntos, citoplasma 
escasso ou abundante, com vacuolização, aumento nuclear, cromatina 
distribuída irregularmente e presença frequente de histiócitos. 
Figura 31 – Adenocarcinoma endometrial com células agrupadas, grandes, com 
vacuolização citoplasmática, núcleos volumosos com presença de nucléolos.
Muitas vezes não há critérios citológicos definitivos de malignidade, 
considerando-se as células endometriais. Nesses casos, utiliza-se a 
seguinte nomenclatura: células glandulares endometriais atípicas de 
significado indeterminado, sem outra especificação, preconizada pelo 
Sistema Bethesda. Com relação às células endometriais, não se aplica 
a qualificação “provavelmente neoplásicas”, já que a distinção é muito 
difícil e não é reproduzível. Neste capítulo você aprendeu sobre as 
características citológicas do ciclo menstrual, a influência dos hormônios 
sexuais nas alterações histológicas e o perfil histológico normal e anormal 
do endométrio. Agora vamos resumir os principais tópicos para você.
Citopatologia40
Você aprendeu que a presença de receptores no epitélio estratificado 
pavimentoso não queratinizado permite que os hormonais controlem a 
maturação e diferenciação das células que formam esse tecido. Na fase 
pré-púbere o FSH e LH agem sobre os ovários, estimulando o crescimento 
e a proliferação das células e aumentando a secreção de estrógenos 
e progesterona. A secreção cíclica dos 4 hormônios é responsável pelas 
diferentes fases do ciclo menstrual e suas características (menstrual, 
estrogênica, pré-ovulatória, ovulatória e progestacional). Descobriu que para 
a avaliação citológica, o melhor local de coleta é o terço superior da parede 
lateral da vagina e que, ao longo da vida da mulher, o epitélio escamoso 
assume quatro padrões citológicos diferentes: atrófico (menopausa ou 
puerpério), hipotrófico (pré-puberdade e pré-menopausa), normotrófico 
(equilíbrio hormonal) e hipertrófico (maior taxa de estrógeno). Descobriu 
que existem índices de avaliação hormonal que são utilizados para a 
correta análise dos exames citológicos. E aprendeu sobre as alterações que 
ocorrem nas células endometriais ao longo do ciclo, tais como aumento de 
tamanho (fase proliferativa) e descamação (fase menstrual), assim como os 
achados citológicos associados ao adenocarcinoma de endométrio.
Gravidez e citopatologia do líquido 
amniótico
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de reconhecer 
aspectos citológicos do líquido amniótico e suas principais 
técnicas para diagnóstico laboratorial, correlacionando-os 
com a gestação. Durante a gravidez não há contraindicação 
para a realização do exame citopatológico para investigação 
de câncer de colo de útero, porém alguns cuidados são 
necessários. Além disso, a citopatologia do líquido amniótico 
pode diagnosticar gestação de alto risco, maturidade, sexo, 
morte fetal, e infecções ovulares. Cabe ao profissional da área 
conhecer as técnicas adequadas a serem utilizadas durante 
esse período, a fim de evitar riscos desnecessários para a 
mãe e o bebê, assim como reconhecer os componentes do 
líquido amniótico. Preparados para essa jornada?
Citopatologia 41
Citologia da gravidez
A gravidez e o puerpério constituem uma oportunidade para 
efetuar o rastreio da neoplasia do colo do útero em mulheres que 
não realizam o exame preventivo de acordo com o preconizado pelo 
Ministério da Saúde. As diretrizes para triagem citológica do câncer de 
colo de útero durante a gravidez não são diferentes daquelas para a 
mulher não grávida. O câncer do colo do útero é uma doença associada 
à infeção por HPV, vírus do Papiloma Humano, e o seu diagnóstico 
precoce realizado por citologia é crucial para um melhor prognóstico. 
A citologia vaginal a fresco é um método que consiste na utilização do 
microscópio imediatamente após realizado o esfregaço, importante nos 
exames pré-natal, a fim de melhorar a qualidade obstétrica, devido às 
queixas vulvovaginais. É um método com mais vantagens no ambulatorial 
pré-natal comparado à citologia convencional, tendo em vista que 
agiliza o diagnóstico e tratamento da gestante. Na literatura, não existem 
muitas incidências de câncer ginecológico associado à gravidez, dessa 
forma, a conduta deve ser discutida com a equipe de saúde e familiares 
da paciente. Entretanto, a triagem citológica do colo de útero é muito 
importante durante a gestação, principalmente nos primeiros 3 meses, 
para detecção de possíveis lesões. A coleta do material deve ser feita com 
a espátula de Ayre e não se deve usar escova de coleta endocervical, 
independentemente da idade gestacional. A gravidez, devido à intensa 
ação do estrógeno, induz à proliferação de lactobacilos, aumentando a 
descamação epitelial da vagina, propiciando surgimento de corrimento 
por vezes associado à ardência vaginal e/ou prurido.
A coleta endocervical não é contraindicada em gestantes, porém 
deve ser realizadade maneira cuidadosa e com uma correta explicação 
do procedimento e do pequeno sangramento que pode ocorrer após o 
procedimento.
A JEC encontra-se exteriorizada na ectocérvice nesse ciclo na 
maioria das vezes, o que dispensaria a coleta endocervical. A coleta de 
espécime endocervical, quando utilizada uma técnica adequada, pode 
não trazer riscos para a gestação. O tratamento do câncer cervical durante 
a gravidez deve ser abordado por uma equipe multidisciplinar e tratado 
de forma individual. Deve-se evitar a demora desnecessária em iniciar 
Citopatologia42
o tratamento, levando em consideração que o tratamento cirúrgico e 
quimioterápico parece seguro para o feto, se instituído após o primeiro 
trimestre. Quando diagnosticado, o tratamento oncológico para mulheres 
jovens e ou grávidas possibilita não só manter a gravidez, mas também 
preservar a fertilidade. A continuação da gravidez até em torno de 35 
semanas deve ser aconselhada para evitar problemas cognitivos em longo 
prazo, induzidos pela prematuridade. A conduta deverá servir para manter 
a qualidade de vida, preservar a gravidez e a fertilidade da mãe, se possível.
Figura 32: Membrana fetal ao término da gestação.
Citopatologia do líquido amniótico
O líquido amniótico é originado de estruturas tanto da mãe quanto 
do feto, em proporções variáveis de acordo com a idade gestacional. As 
suas principais funções estão relacionadas com o crescimento externo 
simétrico do embrião, ajudando a controlar a sua temperatura corporal, 
permitindo a movimentação do feto, além de funcionar como barreira 
contra infecções, protegendo o embrião de traumatismos sofridos 
pela mãe. Esse líquido é um importante componente do ambiente 
intrauterino, podendo fornecer inúmeras informações sobre a saúde 
do feto. Dentre os componentes desse líquido, em suspensão estão 
células esfoliadas de âmnio, lanugem e gordura, e em dissolução 
estão substâncias orgânicas (proteínas, alfa-fetoproteína, aminoácidos, 
Citopatologia 43
lipídios, carboidratos, enzimas, vitaminas, bilirrubinas, hormônios e 
prostaglandinas) e inorgânicas (eletrólitos). O saco vitelínico fetal sintetiza 
a alfa-fetoproteína, que é uma glicoproteína, do início da gestação. Mais 
tarde essa produção é feita pelo trato gastrointestinal e pelo fígado. 
O líquido amniótico é rico em células escamosas que delimitam 
a cavidade amniótica e possui também células provenientes do feto. A 
morfologia das células da citologia amniótica está ligada ao feto, a partir 
da necessidade de conhecer o desenvolvimento intrauterino da pele, 
das mucosas respiratórias e digestivas, das coberturas geniturinárias e 
de tudo que tenha contato com o líquido. É necessária a investigação da 
fisiologia de cada epitélio, assim como seu crescimento e maturação. 
Tabela 1 – Diferentes epitélios e suas localizações no feto.
Boca, esôfago e ânus
Células epiteliais escamosas 
estratificadas e sem cornificação
Tubo digestivo, do estômago ao reto, e 
glândulas anexas
Epitélio glandular
Árvore respiratória
Epitélio respiratório (cilíndrico, 
pseudoestratificado e ciliado)
Vias urinárias Epitélio transicional
Genitália masculina Epitélio glandular
Genitália feminina Epitélio vaginal, uterino e das trompas
A citopatologia do líquido amniótico pode diagnosticar gestação 
de alto risco, maturidade, sexo, morte fetal, e infecções ovulares. É 
indicado realizar a coleta do líquido quando há suspeita de anormalidade 
cromossômica, infecção, prematuridade pulmonar e isoimunização.
Duas técnicas são utilizadas para coleta do líquido amniótico: 
amniocentese e amnioscopia. Amniocentese é uma técnica em que 
há a introdução de uma agulha longa através da parede abdominal da 
mãe para que possa ser retirado uma amostra do líquido amniótico. O 
volume do líquido retirado vai depender da idade do feto e do motivo 
do exame. Amnioscopia é um método endoscópico para observar a 
câmara amniótica. Permite a observação através do canal cervical e 
através das membranas do polo inferior do ovo. Após a amniocentese 
é realizada a análise do líquido amniótico que pode detectar doenças 
congênitas, idade gestacional, maturidade fetal pulmonar e defeitos do 
tubo neural. É um procedimento seguro, com pouco risco de perda fetal. 
Citopatologia44
Vale ressaltar que anormalidades genéticas não são visualizadas através 
da citologia do líquido amniótico, e sim através da cultura de células. 
Figura 33 – Coleta do líquido amniótico.
As células visualizadas no epitélio escamoso são superficiais 
(cornificadas ou não), poligonais da camada espinhosa (intermediárias) 
e células profundas (basais e parabasais), que estão relacionadas com a 
espessura (diferenciação) e com o período de maturação. No epitélio de 
transição encontram-se células semelhantes às células profundas do epitélio 
escamoso. No diagnóstico, utiliza-se as células escamosas devido a sua 
quantidade e qualidade tintorial. As preparações normalmente são feitas por 
citocentrifugação, para que haja uma melhor padronização. As colorações 
utilizadas são Shorr e Papanicolaou, tendo o sulfato azul de Nilo a 0,1% 
utilizado à parte para separar quanto ao grau de maturidade. A coloração com 
o sulfato azul de Nilo diferencia as células orangiófilas (descamadas) das azuis 
e demonstra que: menos que 1% de células laranjas representa maturidade 
fetal de menos que 34 semanas, de 1-10% de células laranjas representa de 
34-38 semanas, 10-50% significa maturidade de 38-40 semanas, e mais que 
50% significa maturação de mais de 40 semanas do feto. 
Tabela 2 – Aparência do líquido antes e depois da centrifugação.
Cor Condição associada
Incolor – palha Normal
Amarelo Eritoblastose
Verde Hipóxia fetal
Vermelho escuro castanho Morte fetal
Citopatologia 45
É possível detectar diferenças significativas na citologia de fetos 
femininos e masculinos, já que em fetos femininos encontra-se um 
maior número de células, tendo predomínio de células naviculares e 
intermediárias basófilas. Nos fetos masculinos há uma menor quantidade 
de células, predominando células superficiais e intermediárias acidófilas. 
Para avaliação da maturidade fetal pulmonar realiza-se a amniocentese 
frequentemente entre 32-36 semanas da gestação e observa-se o tipo 
celular do epitélio alveolar fetal que está predominando. Em mulheres 
diabéticas, essa avaliação pode ser feita no final da gestação, porque esta 
patologia pode retardar a maturidade pulmonar fetal. A determinação da 
maturidade fetal é muito importante para avaliar uma possível antecipação 
do parto, principalmente em casos de gestação de alto risco. 
Neste capítulo falamos sobre as alterações citológicas da gravidez, a 
composição do líquido amniótico e os métodos de coleta utilizados para 
a coleta desse. O assunto está na ponta da língua? Para potencializarmos 
o aprendizado, vamos ao nosso resumo.
Você aprendeu que as diretrizes para triagem citológica do câncer 
de colo de útero durante a gravidez não são diferentes daquelas para a 
mulher não grávida, porém alguns cuidados são necessários. A citologia 
vaginal a fresco é um método mais vantajoso que a citologia convencional 
e consiste na utilização do microscópio imediatamente após realizado 
o esfregaço. Deve-se utilizar, impreterivelmente, a espátula de Ayre 
para essa coleta. Também aprendeu que o líquido amniótico apresenta 
estruturas que variam, em suas proporções, sendo rico em células 
escamosas que delimitam a cavidade amniótica e células provenientes do 
feto. Quanto a citopatologia do líquido amniótico, você descobriu que ela 
serve ao diagnóstico de gestação de alto risco, maturidade, sexo, morte 
fetal, e infecções ovulares e que são duas as técnicas utilizadas para a sua 
coleta: amniocentese e amnioscopia. Na amniocentese há a introdução 
de uma agulha longa através da parede abdominal da mãe, enquanto a 
amnioscopia é um método endoscópico para observar a câmara amniótica,observada através do canal cervical. Para um melhor diagnóstico utiliza-se 
as células escamosas devido a sua quantidade e qualidade tintorial.
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