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AULA 2 DIFICULDADES COMUNS DE APRENDIZAGEM E PROBLEMAS DE “ENSINAGEM” Prof.ª Elayne Thays de Lara Sena 2 TEMA 1 – DESAFIOS DA LEITURA E ESCRITA “Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Monteiro Lobato. Dentre muitos desafios encontrados na educação atual, pode-se destacar a questão da leitura e escrita. Antes de qualquer questionamento, é importante lembrar que a era atual que a sociedade vivencia, altamente tecnológica, na qual temos acesso ilimitado à informações e a criança desde sua tenra idade já possui um relacionamento com vários tipos de linguagens, orais e escritas, que a incentivam a todo instante a se relacionar com o meio, interpretando textos orais e realizando leitura de mundo antes mesmo de sua escolarização. Acredita-se que a criança dos dias atuais já realiza essa leitura de mundo de uma forma mais aprimorada, devido a este contexto e aos aprendizados que estão disponíveis a ela a todo instante, e dessa forma cria significados para esta ação diária, proporcionando interações que fazem sentido, que permitem conexões, antes ainda de aprender a ler de forma sistematizada. Assim sendo, pode-se dizer que a leitura é sem dúvidas uma prática social. Com este olhar, entende-se que “a leitura de mundo precede a leitura da palavra” (Freire, 1982, p. 11). Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS) (1997, p. 41), a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, por meio dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua [...] Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita. Com isso, fica claro que a criança faz sua leitura de fatos e acontecimentos a todo instante, e isso é, implicitamente um objeto de aprendizagem, ainda que não tenha ocorrido a formalização escolar para isso. Diante de tais reflexões, agora cabe o questionamento de o porquê os educadores atuais têm encontrado tanta deficiência na leitura do aluno desde os anos iniciais aos demais níveis educacionais? A resposta pode estar na ponta da língua, dentro do contexto do desenvolvimento em que sejam descartadas quaisquer possibilidades patológicas e/ou de ordem neurofisiológica que envolva transtornos cognitivos: lacunas no processo da alfabetização e/ ou a falta de interatividade com livros e textos dos mais variados gêneros, e incentivo por parte 3 daqueles que já se apropriaram da leitura e podem sem dúvidas ser os agentes influenciadores desta prática. Entendendo essas circunstâncias, Cagliari (1998, p. 312) assevera que ler é decifrar e buscar informações. Já se sabe que o segredo da alfabetização é a leitura. Alfabetizar é, na sua essência, ensinar alguém a ler, ou seja, a decifrar a escrita. Nesta reflexão é valido pensar que os(as) alunos(as) necessitam desenvolver duas habilidades primordiais: as mecânicas e as de caráter comunicativo (Sánchez, 2010, p. 91), mas precisam achar sentido nesta prática. Nesta perspectiva, para se aprender a ler e escrever é necessário compreender esse processo e sua evolução de forma natural e gradativa, de maneira que esta prática não se prenda apenas ao desenvolvimento de uma habilidade motora e repetitiva. Que se pense como Vigotski (2007, p. 145) que afirma que “o que se deve fazer é ensinar às crianças a linguagem escrita, e não apenas a escrita das letras” e dessa forma, que este processo venha fazer sentido ao aprendente, que vai compreendendo a beleza do ler e escrever, na possibilidade de novas e encantadoras descobertas que remontam o mundo que o cerca. Nesta ótica, então deve haver uma reflexão concisa quanto ao ato de ler e escrever, pois um conhecimento é decorrente do outro e não o inverso. Na prática escolar, parte-se sempre do pressuposto de que o aluno já sabe decifrar a escrita, por isso o termo “leitura” adquire outro sentido. “[...] Na alfabetização, a leitura como decifração é o objeto maior a ser atingido” (Cagliari, 1998, p. 312). Dentro do processo das práticas de alfabetização, que envolve a ensinagem e o aprendizado da leitura e escrita, outra possibilidade, que sugere o motivo de falha no processo pode ser levada em conta, que é a constatação de transtornos de aprendizagem, que, na maioria das vezes, é a causa de certas limitações percebidas nos estudantes, mas nem sempre levados em conta com a seriedade que deveriam. Muitos dos profissionais ainda não se encontram devidamente preparados, para ter um olhar apurado quanto à temática, o que pode ser o agravante do contexto aprendizado da leitura e escrita. Nesta perspectiva, cabe refletir que a falta de informações sobre o tema pode impedir o reconhecimento e identificação desses distúrbios nos alunos, resultando no diagnóstico tardio, trazendo consequências negativas para o processo ensino aprendizagem (Custódio, 2013). 4 Com isso, cabe aos profissionais estarem atentos aos possíveis fatores de divergências ocorridas no processo para o quanto antes encaminhar para avaliação e diagnósticos precisos, para poder intervir no processo com respaldo necessário que garanta a evolução do aprendente. TEMA 2 – TRANSTORNOS FUNCIONAIS ESPECÍFICOS (TFE) O processo educacional é, por vezes, permeado por situações controversas e desafiadoras. Estas surgem inesperadamente de forma que os professores devem estar atentos aos acontecimentos e possíveis mudanças que possam vir a ocorrer no comportamento e desenvolvimento de seus alunos que são, na maior parte das vezes, a causa da maioria das dificuldades de aprendizagem. Essas dificuldades podem ser de ordem pedagógica, neurológica ou intelectual e vários estudiosos consideram que as dificuldades de aprendizagem interferem no domínio dos conteúdos acadêmicos (Custódio, 2013). Nesta linha reflexiva cabe dedicar a atenção aos comportamentos que fogem ao “padrão” da normalidade para a faixa etária de desenvolvimento em que o educando está inserido. Dentre a já conhecida e variada lista de grupos de transtornos constantemente pesquisados, cabe, no contexto da leitura e escrita, destacar o Transtornos Funcionais Específicos (TFE), uma vez que estão estritamente relacionados às dificuldades da fala, escrita e leitura. Os transtornos funcionais específicos se configuram em um conjunto de sintomas que provocam uma série de perturbações na aprendizagem do aluno. Dentre os distúrbios de aprendizagem mais comuns estão: dislexia, disgrafia, disortografia, discalculia e os Transtornos de Atenção e Hiperatividade (TDAH) (Custódio, 2013). Esses, ainda por vezes, de uma forma equivocada, são confundidos com falta de interesse ou “preguiça” por parte do estudante, o que resulta em prejuízo que vai além da aprendizagem, perpassando tanto para o lado emocional do(a) aluno(a), quanto abrangendo a vida social desse, que sofre preconceito e falta de aceitação dos que o cercam por falta de conhecimento do assunto. Nesta ótica, é responsabilidade do(a) professor(a) buscar aprimorar seu olhar e seus conhecimentos como educador para permitir que alunos que possam fazer parte desse grupo sejam encaminhados, avaliados e laudados para depois serem trabalhados de forma alternativa e eficaz. 5 TEMA 3 – DISLEXIA Dentro do grupo dos TFE, a dislexia possivelmente possa ser uma das maiores ocasionadores de insucesso e/ou baixo rendimento escolar. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), a Dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação eem soletração. Essas dificuldades normalmente resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela International Dyslexia Association (IDA), em 2002, (ABD, 2016). Entende-se que essa pode ser considerada uma dificuldade na aprendizagem da leitura pelo desajuste no reconhecimento dos fonemas e símbolos gráficos resultando na complicação em compreender, decorrente disso, os signos escritos e verbalizados. Acredita-se que cerca de 10% a 15% da população não consiga ser adequadamente alfabetizada por sofrer de dislexia (Sampaio; Freitas, 2014, p. 37), a causa do aparecimento de tantas dificuldades relacionadas ao atraso da leitura e escrita. Essa atinge uma em cada cinco crianças, sendo mais frequente nos meninos (Shaywtiz, Sampaio; Freitas, 2014, p. 37). Do ponto de vista neuropsicológico a dislexia pode mostrar alterações nos processamentos periféricos, que comprometem a análise visual – perceptiva e central, que modifica o processamento linguístico (Olivier, 2011, p. 45), podendo ser as Dislexias Centrais subdividas em: Dislexia de Superfície: Compreende aproximadamente 10% dos disléxicos, e se apresenta pela falha da leitura de palavras irregulares e longas que compromete a via lexical1 (Black; Behrmann, citado por Olivier, 2011, p. 45). Dislexia Fonológica: Compreende cerca de 67% dos quadros disléxicos, e se caracteriza pela dificuldade na leitura pela rota fonológica demonstrando incapacidade para a leitura de “não palavras” e habilidades 1 Via ou rota lexical: (leitura por localização) é a rota utilizada para a leitura de palavras familiares, que se encontram pré-armazenadas na memória (no léxico ortográfico) decorrentes de repetidas experiências de leitura. Logo que a pessoa reconhece a palavra, o sistema semântico é acessado permitindo compreender seu significado e, depois disso, é possível produzir a pronúncia pelo sistema de produção fonológica de palavra (Capovilla, 2007a, citado por Sampaio; Freitas, 2014, p. 39). 6 para a leitura de palavras reais2 (Black; Behrmann, citado por Olivier, 2011, p. 45). Dislexia profunda: Muito parecida com a dislexia fonológica sendo que o que a diferencia é que nessa especificidade ocorre a presença de paralexias semânticas e maior facilidade em leitura de palavras concretas e frequentes. Quanto às Dislexias Periféricas, que também fazem parte deste contexto, segundo Olivier (2011, p. 46) estas podem ser subdividas em: Dislexia Atencional: Esta se caracteriza pelo fato de o sujeito ler palavras isoladas, e também o maior grupo de palavras simultaneamente; Dislexia por Negligência: Caracteriza-se por ausência ou dificuldade de leitura no campo visual contralateral à lesão cerebral; Dislexia Literal ou Pura: O sujeito apresenta dificuldade em ler palavras (subentendido), conseguindo ler apenas letras individuais. Assim, percebe-se que as dislexias afetam de forma plurilateral a aquisição da linguagem, resultando na incapacidade por parte do indivíduo, de se apropriar, do conjunto de palavras utilizado dentro da linguagem. Dentro ainda do contexto, a dislexia vista com o olhar da psicopedagogia pode ser observada de três formas diferenciadas: Dislexia Congênita: Nesta categorização se percebe pouco ou nenhuma habilidade para a aprendizagem da leitura e da escrita. Em relação à alfabetização, quando ocorre, não é significativa, na qual o sujeito esquece em seguida o que parecia saber. Dentre as variadas causas pode- se citar alteração cromossômica como a mais comentada (Olivier, 2011, p. 49). Dislexia Adquirida: É a dislexia que ocorre por conta de um acidente, como por exemplo, a “Anoxia Perinatal”, entre outros, o qual venha a desoxigenar o cérebro resultando então na dificuldade de alfabetização; Dislexia Ocasional: Ocorre, ocasionalmente, por conta de fatores externos, como estresse, excesso de atividades ou hipertensão. Neste 2 Rota fonológica: (leitura por associação) é a rota utilizada para ler palavras pouco frequentes ou desconhecidas e, para que estas palavras sejam lidas, é preciso segmentá-las em unidades menores, grafemas e morfemas, associados aos respectivos sons. Depois disso, é feita a junção dos segmentos fonológicos e se produz a pronúncia da palavra. Assim o acesso semântico é obtido (Capovilla, 2007a, citado por Sampaio; Freitas, 2014, p.39). 7 caso o tratamento é o mais fácil, pois pode ser revertido com descanso e repouso. A dislexia, sendo uma dificuldade que abrange os processos de leitura e escrita, deve ser observada criteriosamente e quando identificada, tratada sob o olhar psicopedagógico em primeira estância. O tratamento, após este primeiro olhar, deve ser cuidado por equipe multidisciplinar, conforme a especificidade necessária. TEMA 4 – FALTA DE MATURIDADE A maturidade é um processo natural e contínuo na vida dos seres humanos. Toda criança percorre esse caminho com suas características peculiares, comportamentos e necessidades. É inegável que existem crianças que não passam pelos mesmos estágios maturativos de forma padronizada, ou como os demais do grupo em que está inserido. É nesta perspectiva que podem aparecer algumas dificuldades nos processos de ensino e aprendizagem. Assim, as deficiências na aprendizagem podem estra ligadas às questões relacionadas às habilidades cognitivas, e as crianças que se enquadram neste caso por vezes se apresentam imaturas diante dos demais, uma vez que apresentam um comportamento diferenciado e singular (Smith; Strick, 2012, p. 219). Diante desta prévia, percebe-se que os docentes quando se deparam com uma situação, na qual se evidenciam rupturas no processo educacional, ligados a leitura e escrita se vêm numa posição de alerta. Desta forma, um questionamento paira sobre os professores quando tentam definir parâmetros sobre esta questão. O desempenho escolar é colocado em xeque quando as dificuldades aparecem e cerceiam o aluno e a defasagem inevitavelmente aparece. Muitas são as possíveis causas desta depreciação e que está em destaque neste momento é a falta de maturidade. Segundo artigo publicado no Portal Educação, as funções do desenvolvimento humano atravessam fases do crescimento, desenvolvimento e maturação que podem ser assim definidos: O crescimento é definido como sendo a transformação quantitativa, ou seja, no que diz respeito ao aspecto biológico, cronológico (anos) e antropométrico (altura, peso etc.). Ou seja, o crescimento é o aumento na estrutura física realizada pela multiplicação de células; 8 O desenvolvimento é o aprimoramento de alguns componentes, sendo físico, mental, emocional, social, motor, ou seja, aprimorando o que era simples para um estágio mais evoluído; A maturação se refere às transformações que capacitam o organismo alçar novos níveis de funcionamento. Com a maturação, cada dia que passa, estamos mais preparados para executar novas tarefas (Portal Educação. Disponível em: <www.portaleducacao.com.br>. Acesso em: 17 set. 2019). A maturação ainda abrange os níveis físicos, psíquicos e sociais do sujeito desde a infância até a fase final da vida adulta sendo que na adolescência estas são mais destacadas, e ainda distintas em desenvolvimento entre os gêneros. Este é o fator que distingue a idade biológica e cronológica dos indivíduos. Ainda sobre a maturação, Coll, Marchesi, Palácios et. al. (2004) afirmam que: Na psicologia da educação, o conceito de maturação percorreu um longo caminho [...] incluía conotações decididamente biológicas e deterministas, segundo as quais o desenvolvimento das pessoas seria regulado essencialmente por fatores internos (genéticos);mais tarde foi entendido [...] admitido no conceito á presença do ambiente junto com o biológico, ainda que de forma limitada [...] acelerando ou retardando o desenvolvimento, mas sem chegar a produzir mudanças significativas (Coll; Marchesi; Palácios et. al., 2004, p. 55). Desta forma, a maturação passa a ser compreendida não só como uma determinação biológica, mas neuropsicológica que são de alguma forma, necessárias para o aprendizado, sendo que idade cronológica e desenvolvimento estão ligados. Cabe refletir que não se pode definir esta ou aquela posição como determinantes nos processos de ensino e aprendizagem e que pode ocorrer variantes quanto à maturidade de sujeito para sujeito, sendo influenciado pelo meio em que o indivíduo se encontra, com base nas circunstâncias decorrentes de seu dia a dia (Smith; Strick, 2012, p. 219). Diante deste contexto, entende-se que: A maturação é uma consolidação dinâmica que depende das características neuropsicológicas e psicológicas da pessoa e em menor medida, mas de forma importante também depende do ambiente (familiar; escolar) em que ocorre o desenvolvimento. (Coll, Marchesi, Palácios et. al., 2004, p. 56). Assim, pensar em maturação é pensar em um contexto amplo e esférico que abrange o sujeito como um todo. 9 Outro quesito a ser levado em conta, no qual as divergências não predominam, é a questão da idade cronológica. A idade é determinante para os processos de aprendizagem uma vez que inferir alguns conceitos para os sujeitos que ainda não estão aptos para compreende-los pode ser prejudicial, pela quantidade de informações que não se consegue processar satisfatoriamente nem conceber significados, implicando em dificuldades e perda da dominação da leitura e escrita (Coll, Marchesi, Palácios et. al., 2004, p. 57). Nesta perspectiva, percebe-se a relevância da idade nos processos ensino aprendizagem para que o aprendente tenha a capacidade de suportar as demandas referentes à alfabetização e a aquisição da leitura e escrita de forma significativa. TEMA 5 – MÉTODOS Aprender a escrever e a ler, e dar significados as coisas que a cercam de maneira formalizada, não é uma das tarefas mais fáceis, enfrentada pelas crianças. Com base nesta premissa, e para que se possa compreender a esfera do aprendizado, faz-se necessário entender o que é aprender. Segundo as reflexões de Pozo (2002, p. 56–57) sobre a aprendizagem, ele a classifica de duas formas: a aprendizagem “implícita” e a aprendizagem “explícita”. Na primeira, o autor destaca que ocorre uma aprendizagem na esfera do automatismo, sem precisar de uma compreensão consciente, na qual a pessoa não tem ciência de que sabe. Em continuidade, a segunda forma de aprendizagem descrita por Pozo (2002) é a aprendizagem explícita, na qual o aprendente tem consciência de seu aprendizado, sabendo explicar o que aprendeu. Essa ideia parece corroborar com o posicionamento de Sanchez (2010, p. 91) que se refere a dois tipos de habilidades no aprendizado: a descrita por ele como “mecânica” e as de caráter “comunicativo”. Deste modo, procurar compreender os métodos da aprendizagem pode levar a refletir acerca da esfera da leitura e da escrita e pensar na perspectiva da intuição, pois existem habilidades ligadas ao mecanismo do reconhecimento e registro das palavras e as habilidades desenvolvidas na compreensão e oralidade (Sanchez, 2010, p. 92). Nesse panorama, entender que tanto leitura quanto escrita são ações desafiadoras para o aprendente e que requer esforço atencional, operacional e emocional é relevante. 10 Propondo uma reflexão, Sanchez (2010) afirma que: Se alguém sustenta que o importante é a comunicação [...] as dificuldades dos alunos tenderão a apresentar-se como consequência global, isto é, como a consequência de uma falta de ajuste entre propostas educativas e as possibilidades e as necessidades comunicativas dos alunos. E se, ao contrário, se admitisse a importância das habilidades de baixo nível, estaríamos mais propensos a aceitar a existência de diferenças individuais, independente das experiências comunicativas e educacionais que rodeiam o aluno (Sanchez, 2010 p. 92). Neste viés, tanto a leitura quanto a escrita permeiam caminhos distintos, mas complementares que necessitam estar em fluidez e que tragam significados ao aluno(a). De acordo com Ferreiro (2001), para ler e escrever é necessário que a criança possa entender o que é imagem e o que é escrita e ainda que estas aprendem a escrever por meio das observações, da “leitura” de mundo que naturalmente fazem do meio em que estão inseridos. Compreender os processos de aquisição da leitura e escrita é a base para que possam ser efetivados os processos de forma apropriada. Segundo Cagliari (citado por Andrade; Franco, 2006): A leitura é uma atividade profundamente individual e duas pessoas dificilmente fazem uma mesma leitura de um texto, mesmo cientifico. Ao contrário da escrita, que é uma atividade de exteriorizar o pensamento, a leitura é uma atividade de exteriorização de conhecimento, de interiorização, de reflexão (Cagliari, citado por Andrade; Franco, 2006, p. 67). Para tanto, é necessário perceber que as crianças estão expostas aos mais variados tipos de leitura e escrita em seu cotidiano e neste caso, seguir para a experimentação dos rabiscos, a formalização dos códigos é um processo que deve ser trilhado com segurança, uma vez que a criança já possui a ideia da escrita. Quanto à leitura formalizada, sabe-se que essa é um processo de decifração de códigos, a qual passa por um processo de decodificação, onde ocorre o desenvolvimento do conhecimento (Andrade; Franco, 2006, p. 68). Desta forma, é preciso que se entenda a complexidade desse processo multifacetado e com diferentes encaminhamentos metodológicos, buscando novos pressupostos educacionais que atendam a demanda dos alunos dos dias atuais. 11 5.1 A leitura e escrita e as dificuldades de aprendizagem Com base nos estudos já estabelecidos sobre o “aprender” e as aprendizagens da leitura e escrita, cabe aos professores neste processo ter uma visão ampla do desenvolvimento de seus alunos. Necessitam compreender que escrever é uma árdua missão para a criança. Assim sendo, é necessário permitir que esses se apropriem do processo de aquisição da leitura e escrita de forma participativa. Na consolidação deste processo, é importante saber da possibilidade da ocorrência de alguns alunos(as) que, por algum motivo, podem não conseguirem se apropriar dos conhecimentos a eles proporcionados, de maneira esperada. É neste panorama que surge a necessidade de uma investigação do surgimento de possíveis dificuldades de aprendizagem. As crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita mostram menos habilidades que as demais em seu desenvolvimento por isso necessitam de um olhar mais minucioso para que não tenham insucesso em sua caminha escolar. Pensar em “Dificuldade de Aprendizagem” é levar em conta que se faz referência a um ser que possui uma maneira diferente de aprender e que esta, por sua vez, deve ser trabalhada de uma forma multidisciplinar integrada por se tratar de um sintoma que pode ser de origem tanto cultural, quanto cognitiva ou até mesmo emocional, e que necessita ser diagnosticado o quanto antes, uma vez que há consequências a longo prazo. No entanto, em sua maioria, as dificuldades de aprendizagem, por serem de ordem psicopedagógicas, podem ser resolvidas em ambiente escolar (NeuroSaber, S.d.). 5.1.1 Alternativas que dão resultado O jornal a Folha de Londrina fez uma publicação, não muito recente, mas interessante sobre estratégias de trabalho alternativas para alunos com dificuldades de aprendizagem, o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI). Este programa objetiva ensinar o aluno(a)a “pensar e aprender” de forma que se organize em suas atividades, com base na Teoria da Modificabilidade Estrutural Cognitiva, criada pelo psicólogo Reuven Feuerstein. Taciana Saldanha que coordena o programa diz que o projeto funciona com base em aulas extracurriculares, nas quais os estudantes são incentivados a https://neurosaber.com.br/melhorando-atencao-do-seu-aluno-dicas-praticas/ 12 procurar descobrir uma maneira própria de resolver os problemas, em grupo de 12 pessoas, por meio da forma colaborativa, debatem possíveis soluções de um mesmo problema e cada um faz do jeito que mais se identificar, promovendo ao término uma discussão avaliativa de tudo o que foi feito, em uma visão integradora. Segundo a coordenadora os questionamentos levantados no programa se direcionam aos “métodos” de solução e estão relacionados ao sistema de aprendizagem vivenciado na escola, procurando incentivar o(a) aluno(a) a gostar de estudar (Baroni, 1996). 13 REFERÊNCIAS ABD – Associação Brasileira de Dislexia. O que é dislexia? Dislexia, S.d. Disponível em: <http://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/>. Acesso em: 17 set. 2019 ANDRADE, M. S. de; FRANCO, M. L. P. 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