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Gestão Escolar Funções e Competências SUMÁRIO MÓDULO 1 – Conceito e Funções da Gestão 1.1 Conceito de Gestão 1.2 Funções da Gestão 1.3 Competências Individuais e Gestão MÓDULO 2 - Paradigmas da Organização do Trabalho escolar 2.1. O que são paradigmas? 2.2. Organizações na Sociedade Contemporânea 2.3. Planejamento Escolar: Avaliação, metas e programação MÓDULO 3 - Formação continuada: fazeres do Coordenador Pedagógico 3.1. Conceito de formação 3.2. Formação continuada 3.3. O papel do Coordenador Pedagógico MÓDULO 4 – O papel do diretor na atualidade 4.1 Administração e Gestão Escolar – concepções paradigmáticas 4.2 Funções e competências do diretor e do gestor escolar na atualidade 4.3. Gestão escolar democrática MÓDULO 5 - Equipe Gestora como mediadora dos indicadores de qualidade 5.1. Equipe Gestora 5.2. Indicadores de Qualidade: a ação mediadora da Equipe Gestora Conceito e Funções da Gestão Professores: Carlos Eduardo Damian Leite e Sofia Lara Todão Szenczi Nome da Disciplina:– Conceito e Funções da Gestão – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 1 – Conceito e Funções da Gestão. 1. Conceito 2. Funções 3. Gestão. Faculdade Campos Elíseos Conversa Inicial No primeiro módulo da disciplina “Gestão Escolar”, discutiremos o conceito e as funções pertinentes à gestão, bem como a forma com que a gestão é utilizada em função das competências individuais. Agora, com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de estudos. Ótimo aprendizado! 1.1 Conceito de Gestão Os princípios pelos quais as organizações voltadas para a Administração são regidas mostram-se como reflexo de como a própria sociedade busca ser direcionada. É função de cada indivíduo agir de acordo com concepções da gestão, que possam fortalecer os laços em relação ao convívio social e ao respeito mútuo, de modo que diversas realizações sejam efetivadas e que o progresso seja uma constante nesse cenário. A manutenção dos valores propagados pelas instituições relacionadas à Administração se reflete na necessidade de serem repensadas as concepções que os próprios cidadãos possuem, diante de suas necessidades e das atitudes que efetivam, ou até mesmo toleram, a fim de que se possam obter os resultados desejados, diante do obstáculo que a gestão tradicional se torna, diante de uma gestão totalmente retrógrada e ineficaz. Na verdade, os preceitos adotados pela Administração devem estar em sintonia com as possibilidades de se trabalhar a gestão em função da competência e dinamismo, tendo em vista que são princípios bem recebidos pela sociedade como um todo. As organizações que atuam com aspectos empresariais, tais como a gestão, possuem uma relevância econômica e sociocultural bastante significativa, com base na forma com que a sociedade se organiza, por meio de funções específicas e definidas por parte dos indivíduos, que por sua vez retornam de forma positiva para a própria sociedade. A partir do momento em que as organizações direcionam sua preocupação para atender as premissas sociais, pode-se considerar que são oficializados ideais voltados para o cumprimento de suas realizações, com a satisfação de expectativas dos seus públicos garantida. Tais ideais podem ser atingidos por meio de valores estabelecidos de acordo com a demanda dos indivíduos atendidos pela organização, com a devida atenção aos preceitos aos quais a empresa pretende atender, de forma que sempre venha a ter a devida valorização por parte dos diversos públicos que busca atender. Conforme as expectativas dos públicos são atendidas, verifica-se que os ideais de uma organização estão relacionados com valores como integridade, respeito, ética, cidadania e eficiência. A existência desses valores no contexto das organizações é fundamental para que as mesmas possam exercer suas funções da melhor maneira. A forma com que as organizações podem atuar de modo cada vez mais significativo possui relação com a imagem que a sociedade faz dessas entidades, conforme as mesmas são vistas enquanto mantenedoras de processos lentos, prejudiciais à sociedade, com procedimentos ineficazes, que apenas tende a atrasar os processos voltados à gestão empresarial. De que forma a gestão tende a influenciar as ideias e atitudes individuais? A gestão empresarial na qual o gestor assume um papel exclusivo de chefe não seria equivalente ao que se visualiza nas organizações atualmente, com relação aos processos lentos que são adotados em ocasiões diversas, atrasando totalmente as funções de cada colaborador, à medida que exige uma série de procedimentos específicos, envolvendo vários setores. Na verdade, a concepção de gestão empresarial vai muito além, já que compreende uma metodologia pela qual a Administração se efetiva, inclusive no âmbito público, pode ser efetivada, à medida que são adotados certos padrões para as ações que devem ser realizadas por estas instituições, em busca do atendimento efetivo da sociedade. Desta forma, pode-se considerar que os procedimentos de gestão podem muito bem ser adotados como princípios pelos quais a Administração pode ser efetivada, em função das ações que as mesmas devem efetivar com base nos compromissos e exigências que possui para com seus públicos. Portanto, a partir do momento em que as próprias instituições adotam um padrão voltado para a oferta de qualidade em seus serviços, pode-se analisar que a gestão empresarial tende a ser renovada para o devido atendimento dos cidadãos que com ela contam. Síntese Os princípios pelos quais as organizações voltadas para a Administração são regidas mostram-se como reflexo de como a própria sociedade busca ser direcionada. Na verdade, os preceitos adotados pela Administração devem estar em sintonia com as possibilidades de se trabalhar a gestão em função da competência e dinamismo, tendo em vista que são princípios bem recebidos pela sociedade como um todo. As organizações que atuam com aspectos empresariais, tais como a gestão, possuem uma relevância econômica e sociocultural bastante significativa, com base na forma com que a sociedade se organiza, por meio de funções específicas e definidas por parte dos indivíduos, que por sua vez retornam de forma positiva para a própria sociedade. Tais ideais podem ser atingidos por meio de valores estabelecidos de acordo com a demanda dos indivíduos atendidos pela organização, com a devida atenção aos preceitos aos quais a empresa pretende atender, de forma que sempre venha a ter a devida valorização por parte dos diversos públicos que busca atender. Na formação da sociedade, a humanidade seguiu o princípio sistêmico de organização, inclusive no setor profissional, que da busca pela satisfação das necessidades básicas dos indivíduos, passou a produzir para gerar lucro, contando com a ação dos trabalhadores, que disponibilizavam sua mão-de- obra para esta finalidade, em troca de recursos financeiros que também garantissem sua sobrevivência, em meio ao modo de produção capitalista. A sociedade, enquanto organização maior, seria então subdividida em organizações menores, as empresas, responsáveis pela oferta de produtos e serviços a outros indivíduos que neles necessitam, denominados consumidores, por meio de negociações cotidianas. Tais negociações são regidas por uma relação entre oferta e demanda, em que um produto ou serviço é oferecido por uma oferta (preço de venda) baixa, para que haja uma alta demanda (procura). Com o aumentoda demanda, a oferta tende a aumentar, até que haja uma diminuição na procura inicial, que faz com que o processo reinicie com uma nova queda na oferta. No entanto, a busca pelo desenvolvimento econômico não se torna exclusiva na existência do ser humano. Para se considerar bem-sucedido, também se esforça para obter o desenvolvimento intelectual, sociocultural e ético. Especificamente no âmbito sociocultural, existe um estado em que se encontra o indivíduo em uma determinada ocasião, a que se denomina “status”. Existem vários momentos nos quais o mesmo se manifesta: no caso de uma compra, o indivíduo sente-se satisfeito não apenas com o produto ou serviço que adquiriu, mas também com suas funções e características, além de outros atributos que irão diferenciar o consumidor dos demais, em todo o mercado. A marca, enquanto identificação de uma empresa, normalmente representada por um logotipo, é um dos elementos que contribui para esta diferenciação. O ato de transferir valores a mais para um mesmo produto ou serviço, inclusive com a intenção de classificá-lo como diferente ou inovador, é chamado de valor agregado. Nas estratégias de mercado das organizações, isso auxiliará não somente na oferta, como também na fixação do produto ou serviço na mente do consumidor, tornando-o fiel ao mesmo. Trata-se de um dos princípios do Marketing, enquanto conjunto de princípios e técnicas voltados à satisfação dos consumidores, por meio da oferta de produtos e serviços. Com base no Marketing, as organizações seguem estratégias voltadas ao produto ou serviço, ao custo que o mesmo terá na venda, o local em que esta será realizada e a promoção (veículos de comunicação). Diante dessas questões, relacionadas ao modo como um produto é aceito e promovido, dentro do ciclo capitalista de produção, venda e consumo, vale destacar que produzir, mesmo tendo ligação direta com o consumir, depende cada vez mais do modo de ofertar. No ato de ofertar um produto ou serviço, inclusive por meio da venda, além da preocupação com esta ação e com o lucro a ser obtido, também há um esforço voltado à garantia de que o consumidor fique verdadeiramente satisfeito com o que lhe é oferecido. Nesse momento, o consumidor deve ter a confiança de que está usufruindo de algo diferenciado e com características únicas. Com relação aos aspectos organizacionais, cabe-se a análise das atuações de quem determina os aspectos da cultura organizacional. Este elemento atinge questões referentes aos colaboradores, que se submetem a aspectos como a missão, a visão e os valores e princípios, possuindo ainda uma bagagem cultural variada, em uma perspectiva individual. Se forem considerados os aspectos individuais, têm-se indivíduos que se adaptam às exigências de uma empresa autoritária, tanto quanto aqueles que não conseguem exprimir valores e opiniões sem, portanto, criar a atitude necessária em uma organização que possua ideais participativos. Ocorrem tais discordâncias de acordo com as diferenças entre a cultura do colaborador e a cultura que é propagada no âmbito organizacional. Questão esta que é perfeitamente compreensível, diante das diferenças individuais que podem ser percebidas no contexto sociocultural contemporâneo. Neste momento, a orientação de quem estiver em um patamar superior na organização em questão auxilia, e muito, não apenas na adaptação do indivíduo de acordo com seus preceitos culturais, como também na sua compreensão sobre como deve agir, sem que haja um choque entre ideias e para que tal indivíduo possa realizar suas atividades sem quaisquer comprometimentos – inclusive devido a desentendimentos na relação interpessoal. Quais aspectos se destacam ao se analisar a cultura organizacional? A orientação, por parte dos superiores na hierarquia para com os demais colaboradores, no ambiente organizacional, facilita o processo de adaptação da cultura individual à da organização, conduzindo suas atividades de maneira eficaz, ao longo do desenvolvimento profissional dos mesmos. Uma questão antropológica deve ser considerada nesse ponto, a fim de que as atitudes dos colaboradores sejam compreendidas, à medida que a adaptação a outras ideias e culturas se relaciona à forma como o ser humano analisa, perpassa ou tolera situações adversas, em favor do que julga mais pertinente ou urgente realizar em um determinado momento. É interessante perceber que é natural ao ser humano a apreensão de informações de maneira seletiva, em meio a todas as situações do cotidiano organizacional, que disponibiliza uma quantidade enorme de informações, por meio de várias fontes. O conhecimento é gerado com a apreensão do que realmente interessa ao colaborador e, consequentemente, é o que será armazenado pelo cérebro de modo efetivo. As organizações refletem este contexto na atualidade, que por sua vez, está presente na criatividade com que muitas ações são adotadas no âmbito organizacional. Assim, também o indivíduo que possui dificuldades diante de situações inusitadas, ou mesmo de uma cultura heterogênea, a fim de que esta variedade trabalhe a favor da relação interpessoal dos colaboradores. A partir desta adaptação quase incondicional dos indivíduos ao que lhes é diferente ou estranho, surgem recursos que possibilitam o estímulo dos mesmos no contexto organizacional, a partir do esforço por desenvolver a motivação nos diversos níveis hierárquicos. Síntese A sociedade, enquanto organização maior, seria então subdividida em organizações menores, as empresas, responsáveis pela oferta de produtos e serviços a outros indivíduos que neles necessitam, denominados consumidores, por meio de negociações cotidianas. A sociedade, enquanto organização maior, seria então subdividida em organizações menores, as empresas, responsáveis pela oferta de produtos e serviços a outros indivíduos que neles necessitam, denominados consumidores, por meio de negociações cotidianas. No ato de ofertar um produto ou serviço, inclusive por meio da venda, além da preocupação com esta ação e com o lucro a ser obtido, também há um esforço voltado à garantia de que o consumidor fique verdadeiramente satisfeito com o que lhe é oferecido. Nesse momento, o consumidor deve ter a confiança de que está usufruindo de algo diferenciado e com características únicas. Com relação aos aspectos organizacionais, cabe- se a análise das atuações de quem determina os aspectos da cultura organizacional. Este elemento atinge questões referentes aos colaboradores, que se submetem a aspectos como a missão, a visão e os valores e princípios, possuindo ainda uma bagagem cultural variada, em uma perspectiva individual. 1.2 Funções da Gestão O planejamento estratégico é uma ação relevante para toda e qualquer organização se desenvolver plenamente, a fim de que seu empreendimento seja estruturado com base nos diversos fatores de influência, internos e externos, com foco nas ações que podem ser desenvolvidas a partir dos mesmos. Neste sentido, são definidas estratégias, a fim de que os efeitos das realizações negativas sejam minimizados, ou mesmo anulados, de modo que sejam obtidos o maior número de benefícios possível. A partir de ações de planejamento estratégico, percebe-se que os fatores externos à organização constituem fenômenos de ordem política, econômica e/ou sociocultural que, sem o devido controle, podem gerar efeitos drásticos ou ainda anular o desenvolvimento da empresa, afetando suas ações e o relacionamento com seus públicos. Tais aspectos são considerados em meio às previsões realizadas, em função de se lidar com problemas de complexidades variadas. Com relação atendimento ao público não é diferente, pois o planejamento estratégico vida definir ações voltadas a todos os elementos pertencentes à organização, de modoque sejam adequadamente apontados os perigos inerentes ao modo como a empresa atua com seus recursos materiais e humanos, bem como o mercado no qual atua ou possui a pretensão de atuar. Cabe-se também o planejamento com relação ao âmbito interno da organização, a fim de que se garanta aos colaboradores um ambiente de trabalho que propicie a motivação, a integração e a produção de resultados eficazes. As profundas mudanças que surgiram no contexto organizacional sugerem que o planejamento estratégico seja empregado em função das ações promovidas pela empresa, em função de superação de obstáculos e reconhecimentos de conquistas, inclusive com base nos desafios encontrados no contexto mercadológico contemporâneo, com foco voltado para a manutenção de aspectos físicos, materiais, humanos e patrimoniais. O ambiente organizacional é tido como um meio dinâmico, em que a diversidade impera e a variedade de ideias e princípios comandam as realizações possíveis. Neste sentido, faz-se fundamental lidar com os preceitos do planejamento estratégico, para que o suporte oferecido pela organização seja respaldado por aspectos como a governança empresarial qualificada, a integração efetiva com o negócio, estrutura de trabalho em equipe com excelência, uso de recursos tecnológicos atualizados, bem como o emprego de inteligência estratégica, com as devidas considerações para com a eficiência dos processos, incluindo o de segurança. Há o compromisso firmado pela organização para com seus públicos variados, dentre consumidores, fornecedores, acionistas, imprensa e governo (que constituem o denominado “público externo”) e os colaboradores (que constituem o “público interno”). Desse modo, verifica-se que a responsabilidade em termos de segurança e suporte dizem respeito não apenas à reputação da instituição empresarial como um todo, mas também para com todos os indivíduos que fazem parte de seus públicos integrando, por sua vez, a sociedade atual. Por quais motivos a empresa se valer com relação ao planejamento? Unindo-se as concepções de planejamento estratégico à segurança e prevenção aos riscos, verifica-se que são necessárias ações como o monitoramento constante do negócio, a percepção dos cenários de mercado e a manutenção permanente dos colaboradores envolvidos na mobilização para a resolução de eventuais dificuldades. Nesse sentido, a integração e participação efetiva de todos os públicos, bem como a visão sistematizada da organização como um todo, faz-se primordial. Em função da preservação de valores, as organizações adquirem uma consciência com relação ao planejamento estratégico, com um enfoque específico à valorização organizacional, visto que os prejuízos da organização atingem, de forma direta, os seus públicos externo e interno. É com base nesta proteção à instituição e todos os níveis de indivíduos envolvidos no cotidiano da mesma, que procedimentos de desenvolvimento de valores e princípios devem fazer parte das realizações de planejamento da organização atuante. Síntese O planejamento estratégico é uma ação relevante para toda e qualquer organização se desenvolver plenamente, a fim de que seu empreendimento seja estruturado com base nos diversos fatores de influência, internos e externos, com foco nas ações que podem ser desenvolvidas a partir dos mesmos. A partir de ações de planejamento estratégico, percebe-se que os fatores externos à organização constituem fenômenos de ordem política, econômica e/ou sociocultural que, sem o devido controle, podem gerar efeitos drásticos ou ainda anular o desenvolvimento da empresa, afetando suas ações e o relacionamento com seus públicos. Tais aspectos são considerados em meio às previsões realizadas, em função de se lidar com problemas de complexidades variadas. Unindo-se as concepções de planejamento estratégico à segurança e prevenção aos riscos, verifica-se que são necessárias ações como o monitoramento constante do negócio, a percepção dos cenários de mercado e a manutenção permanente dos colaboradores envolvidos na mobilização para a resolução de eventuais dificuldades. A função administrativa reside no exercício da liderança em todos os níveis hierárquicos, a fim de que a organização seja eficaz nos processos de comunicação e no estímulo da motivação, necessárias a toda atividade que requeira o envolvimento geral de seus colaboradores. Tais elementos são relevantes a todos os envolvidos, portanto, a fim de que sejam atingidas as devidas metas organizacionais, a partir da interpretação das ações necessárias. Para que se atinja o sucesso organizacional, devem estar as relações de poder pautadas não por ameaças aos colaboradores, mas sim a um patamar mais digno e respeitoso, principalmente com relação aos cargos de níveis mais baixos da pirâmide hierárquica. O poder da organização tende a desenvolver uma cultura voltada para o inter-relacionamento e para a aplicação de opiniões diversas em suas realizações. Em relação ao pensamento das organizações consideradas inovadoras que, com princípios diferenciados, tendem a se destacar no mercado, diante das que ainda assumem uma atitude conservadora, podem ser considerados três níveis de abordagem: institucional, intermediário e operacional. O primeiro nível aborda a organização como um todo, o segundo aborda cada setor de forma detalhada e o terceiro, cada operação em separado. Uma organização é apenas considerada conservadora diante de sua cultura, quando a mesma apresenta padrões rígidos, sem qualquer consideração a crenças e valores individuais. Também é um indicador o modo pelo qual o colaborador se comporta diante do cotidiano, sempre preocupado não em realizar o trabalho necessário a sua maneira, mas sim em se portar da forma como a organização realmente julga correta. Normalmente, as organizações geridas por uma política familiar tendem a ser conservadoras, pois a cultura que permeia esse âmbito organizacional é aquela colocada por essa política, enquanto padrão para todos os que nele atuam. Contudo, tal visão do relacionamento interpessoal não considera as individualidades, os hábitos, as crenças e os valores que os colaboradores trazem para a organização como bagagem sociocultural. Você concorda que as organizações empresariais contemporâneas tendem a valorizar as individualidades? A liberdade de concepções, portanto, é o que diferencia uma organização inovadora da conservadora, apresentando em sua cultura concepções e ações próprias, com base nos princípios trazidos pelos próprios colaboradores. A tendência das organizações que desejam o reconhecimento social é a valorização destes elementos, para que a manutenção da relação interpessoal ocorra de forma positiva, seja entre colaboradores de um mesmo setor ou ainda entre superiores e subordinados. Trabalhar com a ideia de liberdade de concepções envolve os colaboradores, que promovem a gestão empresarial, de maneira efetiva, com base nos estudos e ações que ofertam à sociedade um serviço de qualidade, priorizando-se os valores que podem ser considerados fundamentais, a fim de que esta instituição esteja sempre pronta a atender às necessidades de cada indivíduo, ainda com base na ética e na cidadania. No desenvolvimento dos colaboradores em relação à atuação nas empresas, existe uma preocupação, por parte da Gestão de Pessoas no contexto sociocultural atual, de que aqueles que integram o âmbito empresarial devem estar atentos às necessidades que o mercado possui, assim como se a empresa na qual atuam está devidamente preparada para lidar com os aspectos pertencentes a este contexto. Uma das questões mais relevantes ao se pensar em um trabalho voltado ao mercado e, consequentemente, aos consumidores de uma empresa, é a de saber lidar com os sentimentos,as sensações, os valores, as crenças e as emoções alheios a cada colaborador, sendo que este deve ser capaz de analisar, compreender e lidar, da melhor forma, com cada um destes aspectos subjetivos dos públicos empresariais. A partir destas considerações, verifica-se também que é fundamental que os colaboradores saibam se colocar no lugar dos consumidores, sabendo identificar não apenas os elementos individuais, bem como os coletivos, que fazem com que uma determinada imagem da empresa seja gerada e propagada para toda a sociedade, em momentos positivos e, especialmente, nos negativos. A principal capacidade subjetiva que um colaborador deve demonstrar nesses momentos é a empatia: saber como se colocar no lugar do consumidor, questionando-se o que ele deseja, de que modo ele costuma consumir o produto/serviço da empresa, o que já foi exigido da parte dele para com o produto/serviço e quais modificações poderiam ser feitas, a fim de que o produto/serviço da empresa pudesse efetivar a superação de expectativas de seus públicos. Com a empatia, um colaborador possui a capacidade de examinar também as necessidades dos consumidores e transformá-las em desejos, inclusive de compra. Entretanto, isto só lhe é possível se o mesmo puder desenvolver um aspecto voltado às competências – em especial, as emocionais. Neste caso, a ideia é a de que o colaborador possa empregar e desenvolver suas ações pautado pela chamada Inteligência Emocional. Consiste a Inteligência Emocional enquanto empenho do colaborador em se desenvolver como ser humano, buscando novas formas de pensar e agir com relação a questões de cunho psicológico, social e cultural. Como consequência da aquisição de tal capacidade, suas reações a determinados imprevistos passam a ser controladas com maior frequência (ou pelo menos ele tende a amenizar os efeitos emocionais de um problema que lhe surja repentinamente). Com o desenvolvimento desta atitude proativa, baseada na Inteligência Emocional, o colaborador passa a agir de outra forma ao se deparar com um determinado obstáculo, ganhando tempo e energia para a devida resolução dos problemas, bem como o respeito de seus colegas de empresa e superiores, já que o indivíduo que tende a analisar as problemáticas com calma, de forma racional, tende a conquistar uma reputação positiva como colaborador. A tendência, inclusive, passa a ser dos problemas serem confiados a este colaborador, tendo em vista que possui a técnica para resolvê- los efetivamente. Além da possibilidade de ascensão profissional, inclusive para cargos de gestão, devido à eficiência do colaborador na resolução de problemas, o uso da Inteligência Emocional torna-o também um líder, facilitando ainda mais sua mudança de atitudes e postura, aproximando-o de seus colegas e/ou subordinados, por transmiti-los o controle necessário para que um problema seja analisado como um obstáculo a mais para a empresa – e não como uma barreira final e intransponível. Enfim, a Inteligência Emocional pode constituir uma ferramenta fundamental para a devida compreensão de valores, emoções e atitudes alheios, a fim de que os colaboradores possam ser estimulados para uma devida atuação, em prol das necessidades da empresa, a fim de que a mesma se destaque de forma inovadora no mercado atual. Síntese A função administrativa reside no exercício da liderança em todos os níveis hierárquicos, a fim de que a organização seja eficaz nos processos de comunicação e no estímulo da motivação, necessárias a toda atividade que requeira o envolvimento geral de seus colaboradores. Em relação ao pensamento das organizações consideradas inovadoras que, com princípios diferenciados, tendem a se destacar no mercado, diante das que ainda assumem uma atitude conservadora, podem ser considerados três níveis de abordagem: institucional, intermediário e operacional. O primeiro nível aborda a organização como um todo, o segundo aborda cada setor de forma detalhada e o terceiro, cada operação em separado. Uma organização é apenas considerada conservadora diante de sua cultura, quando a mesma apresenta padrões rígidos, sem qualquer consideração a crenças e valores individuais. Consiste a Inteligência Emocional enquanto empenho do colaborador em se desenvolver como ser humano, buscando novas formas de pensar e agir com relação a questões de cunho psicológico, social e cultural. Como consequência da aquisição de tal capacidade, suas reações a determinados imprevistos passam a ser controladas com maior frequência. 1.3 Competências Individuais e Gestão Quando as características da gestão empresarial são analisadas, verificar-se uma tendência da mesma ser desenvolvida com base na relação entre chefe e colaboradores, sendo que o primeiro, enquanto gestor, é tido como aquele que controla todas as ações e supervisiona estes, de forma rigorosa, com relação ao que devem ou não realizar no cotidiano da instituição. Entretanto, o contexto contemporâneo das empresas exige uma postura do gestor não apenas enquanto chefe, mas também na posição de líder, para que o mesmo possa não somente realizar cobranças e punições, mas também realize o devido direcionamento dos colaboradores nas funções específicas que possuem, bem como venha a motivá-los de modo efetivo, obtendo deles a melhor contribuição possível. O planejamento é a melhor contribuição de um gestor que deseja efetivar a atitude de líder dentre seus colaboradores, a fim de que os mesmos possam se preparar efetivamente para quaisquer obstáculos que surjam, tanto no âmbito interno (quebra de equipamento, erro de um colaborador ou um departamento) quanto no externo (perda de fornecedores ou falha com o consumidor). Planejar-se significa, no contexto da gestão empresarial, estar preparado com relação a qualquer variante, a fim de que possíveis problemas sejam evitados, a partir de erros cometidos anteriormente pela equipe. O planejamento deve ser algo cíclico, que possa conduzir os colaboradores a uma análise constante de seus feitos, das conquistas obtidas junto à empresa, de formas com que os problemas foram contornados e os resultados de tais resoluções. O planejamento empresarial é um recurso relevante para a gestão? Uma das estratégias que podem ser adotadas para com o planejamento estratégico empresarial, para que o mesmo seja efetivo e alcance as devidas realizações, é atentar ao ciclo PDCA, formado pelas palavras em inglês Plan = Planejar, Do = Fazer, Check = Checar e Act = Agir. Destaca-se a ideia de que, após o agir, retoma-se o planejar, a fim de que as ações da empresa sejam constantemente planejadas, feitas e checadas. Uma outra ação que complementa a gestão empresarial inovadora é a instituição que posiciona como prioridade em suas realizações a necessidade que seus consumidores possuem. Nesse sentido, o produto não é feito antes de que seja devidamente analisada a demanda que o mercado possui, correndo menos riscos de não satisfazer as necessidades dos indivíduos. Esta acaba por se caracterizar em uma estratégia muito pertinente para que a empresa possa ser capaz de evitar gastos com a produção, armazenamento, transporte, distribuição e publicidade de seus produtos. Portanto, a inovação transforma, inclusive, a maneira tradicional pela qual uma empresa realiza as devidas ações para manter-se no mercado e efetivar seu ciclo de vida. O que fortalece uma empresa no mercado é a forma como ela se destaca dentre as demais, criando assim seus diferenciais junto aos seus públicos. Esses diferenciais podem estar ligados à qualidade de seus produtos e/ou serviços, ao atendimento realizado em seus pontos de venda, a facilidade de compra e pagamento nos mesmos, ou ainda benefícios que podem ser incluídos após a compra, ou seja, na etapa chamada “pós-venda”. É nessemomento em que os consumidores podem desejar, por exemplo, tirar dúvidas sobre as funções e garantia de suas aquisições – e um canal de comunicação como o serviço de atendimento ao cliente (SAC) acaba por se fazer totalmente valioso e eficiente no fortalecimento da relação com os mesmos. Uma manifestação que acaba por tornar viável esta forma de pensamento empresarial, com a criação do produto a partir de uma análise crítica e minuciosa do contexto sociocultural é a denominada startup, termo em inglês que identifica uma empresa que nasce em torno de uma ideia, com uma equipe reduzida, mas com esforços direcionados para que um determinado produto ou serviço seja bem sucedido, a partir do momento em que pode ser devidamente trabalhado em função de seu sucesso junto aos clientes. Assim, pode-se dizer que não há inovação empresarial se a empresa não está disposta a se reinventar, tampouco aos seus procedimentos e à forma pela qual lida com seus colaboradores. Somente deste modo é que a contribuição destes será totalmente voltada à criação e inovação, sem que a empresa perca seu posicionamento no mercado, garantindo ainda a satisfação (ou mesmo superação) das expectativas de seus consumidores. Quando as características da gestão empresarial são analisadas, verificar-se uma tendência da mesma ser desenvolvida com base na relação entre chefe e colaboradores, sendo que o primeiro, enquanto gestor, é tido como aquele que controla todas as ações e supervisiona estes, de forma rigorosa, com relação ao que devem ou não realizar no cotidiano da instituição. O planejamento é a melhor contribuição de um gestor que deseja efetivar a atitude de líder dentre seus colaboradores, a fim de que os mesmos possam se preparar efetivamente para quaisquer obstáculos que surjam, tanto no âmbito interno (quebra de equipamento, erro de um colaborador ou um departamento) quanto no externo (perda de fornecedores ou falha com o consumidor). Acaba por se caracterizar em uma estratégia muito pertinente para que a empresa possa ser capaz de evitar gastos com a produção, armazenamento, transporte, distribuição e publicidade de seus produtos. Síntese A partir do desenvolvimento da empatia, além da Inteligência Emocional, um colaborador possui a capacidade de também desenvolver outras concepções em torno de sua atuação, fazendo com que possa se compreender de modo mais efetivo e entenda os outros colaboradores, de acordo com as particularidades que os mesmos possuem. Nesse sentido, podem ser verificadas a existência e desenvolvimento de duas inteligências, oriundas da Inteligência Emocional: a inteligência interpessoal e a inteligência intrapessoal. São muito relevantes para que as emoções e demais aspectos subjetivos sejam devidamente trabalhados, em função de sua atuação empresarial, bem como sua interação pessoal com os demais colaboradores da instituição em que atua. Com relação à inteligência interpessoal, pode-se classificá-la como aquela que é desenvolvida a partir do momento em que a pessoa possui uma predisposição para atuar junto às demais pessoas, relacionando-se com elas e garantindo que as mesmas sejam devidamente exploradas em suas competências, inclusive trabalhando com a devida compreensão de suas crenças, emoções, pensamentos e atitudes. Já a inteligência intrapessoal possui relação com a forma com que o indivíduo se relaciona consigo mesmo, em relação a seus valores e a concepção que faz de si mesmo e dos outros, a fim de que possa compreendê- los em função de uma relação duradoura, incluindo as realizações promovidas em torno dos objetivos da empresa, que dependem da relação efetiva entre colaboradores. Portanto, a inovação transforma, inclusive, a maneira tradicional pela qual uma empresa realiza as devidas ações para manter-se no mercado e efetivar seu ciclo de vida. Com base nesses aspectos, pode-se complementar a ideia de liderança a partir do desenvolvimento de ambas as inteligências, pois para a devida compreensão de outrem, o colaborador que deseja atuar como gestor e líder deve se empenhar em entender a si mesmo, suas expectativas e anseios, a fim de que possa estimular os demais colaboradores, garantindo a eficiência dos mesmos a partir de um controle emocional efetivo. Quais características o gestor deve assumir para atuar como líder? Toda e qualquer ação voltada à empresa tem seu reflexo diretamente projetado sobre seus públicos, que por sua vez constituem a sociedade na qual se insere. Por isso, o desenvolvimento adequado de seus colaboradores deve ser efetivamente concebido e trabalhado, em função de novas práticas para com a realidade da instituição. Posicionando-se as inteligências inter e intrapessoal como elementos da cultura da empresa, esta tende a assimilar novas formas de realizações, tais como a oferta de produtos e/ou serviços, o atendimento ao consumidor, a comunicação estabelecida com seus públicos, a forma com que os colaboradores são estimulados à capacitação, à inovação e criatividade em suas funções, bem como a relação entre os mesmos tende a ser real e efetivamente exercida. O processo comunicacional é trabalhado pela organização não como um procedimento paralelo, mas em conjunto às demais realizações da instituição. Os meios de comunicação utilizados são divididos, de acordo com o público, em internos – voltados aos colaboradores – e externos – público que não participa das realizações cotidianas da organização. Com relação ao público externo de uma organização, destacam-se os stakeholders, dentre consumidores, fornecedores, acionistas, empresas concorrentes, imprensa e governo, que equivalem a todos os interessados, de forma direta ou indireta, contribuindo para sua ascensão socioeconômica. Como público interno, a empresa identifica seus colaboradores, dentre estagiários, terceirizados, operacionais de nível técnico, tático, administrativo, gerentes, supervisores, diretores e o gestor. Sabe-se que os meios de comunicação acompanham o cotidiano do homem contemporâneo, sempre o informando a respeito dos acontecimentos, fenômenos e as possibilidades de crescimento pessoal e profissional. Da mesma forma, as organizações procuram estabelecer contato com seus públicos, por meio de mídias específicas, que transmitem as informações pertinentes a cada um – desenvolvendo, inclusive, aspectos motivacionais para com os mesmos. Síntese A partir do desenvolvimento da empatia, além da Inteligência Emocional, um colaborador possui a capacidade de também desenvolver outras concepções em torno de sua atuação, fazendo com que possa se compreender de modo mais efetivo e entenda os outros colaboradores, de acordo com as particularidades que os mesmos possuem. Nesse sentido, podem ser verificadas a existência e desenvolvimento de duas inteligências, oriundas da Inteligência Emocional: a inteligência interpessoal e a inteligência intrapessoal. O processo comunicacional é trabalhado pela organização não como um procedimento paralelo, mas em conjunto às demais realizações da instituição. Os meios de comunicação utilizados são divididos, de acordo com o público, em internos – voltados aos colaboradores – e externos – público que não participa das realizações cotidianas da organização. Considerações Finais Finalizando o módulo, esperamos que você tenha compreendido as concepções sobre os ideais das organizações, os processos organizacionais e a forma com que a gestão é utilizada em função das competências individuais. Com relação ao público externo de uma organização, destacam-se os stakeholders, dentre consumidores, fornecedores, acionistas, empresas concorrentes, imprensa e governo, que equivalem a todos os interessados, de forma direta ou indireta, contribuindo para sua ascensãosocioeconômica. Paradigmas da Organização do Trabalho escolar Roseli A. de A. Matos Moreira Disciplina Gestão Escolar: funções e competências Módulo 2 – Paradigmas da Organização do Trabalho escolar - Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 2 Paradigmas da Organização do Trabalho escolar 1. O que são paradigmas? 2. Organizações na Sociedade Contemporânea 3. Planejamento Escolar: Avaliação, metas e programação. Faculdade Campos Elíseos Conversa Inicial No segundo módulo, refletiremos sobre Paradigmas da Organização do Trabalho Escolar. Para tanto, resgataremos o significado da palavra paradigma e os paradigmas fundantes da Educação Brasileira. Abordaremos as teorias que sustentam cada paradigma, os modos de organização da contemporaneidade e o trajeto entre panejar e executar. Agora, com a descrição de toda a trajetória, podemos dar continuidade a nossa jornada de estudos. Ótimo aprendizado! 2.1. O QUE SÃO PARADIGMAS? A escola atua em diferentes direções e por meio de diferentes concepções. Coletivamente existe um perfil que se constitui e que define os caminhos que o grupo de educadores seguirá. Nem sempre esse perfil é explicitado nos documentos da escola, mas certamente se fazem representar na atuação de seus membros constituindo, então, paradigmas que conduzem os dizeres e fazeres do grupo. Etimologicamente, o termo paradigma tem origem no grego paradeigma que significa modelo ou padrão, correspondendo a algo que vai servir de modelo ou exemplo a ser seguido em determinada situação. A educação brasileira em seus mais de quinhentos anos de existência já passou por vários paradigmas e muitas vezes esses coexistem o que torna ainda mais plural o cenário das escolas e da educação de modo geral. Ao tratarmos das teorias de currículo atualmente podemos citar três perspectivas pelas quais a educação brasileira vem se estruturando em sua história. São elas: Tradicional, Crítica e Pós-critica. Cada uma delas exprime um paradigma, ou seja apresentam formas de enxergar a criança, a escola e a sociedade e as soluções para os problemas que a educação apresenta. Cada paradigma sofre a influência de questões sócio-políticas-culturais e por isso se diferenciam muitas vezes drasticamente. O paradigma tradicional tem seu alicerce os pressupostos de Taylor que caracterizam-se pela ênfase nas tarefas, objetivando o aumento da eficiência ao nível operacional. A ideia principal é a racionalização do trabalho, que envolve a divisão de funções dos trabalhadores; e o fazer as tarefas de https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalhador modo mais inteligente, ou seja, segundo ele, com a máxima economia de esforço e tempo. Tomando por base as ideias de Taylor, John Franklin Bobbitt pretendia administrar a educação e a escola como uma empresa de onde deveria se obter lucros concretos, com amostras em números e resultados. Bobbitt defendia uma educação utilitarista na qual seria ensinado aquilo que de fato o aluno pudesse usar em sua vida real. Tais pressupostos reconheciam o modelo industrial como a grande referência e por isso a aprendizagem era vista como ato mecânico, em que por transmissão o professor passaria os conhecimentos aos alunos. A precisão nos resultados era um fator essencial para Bobbitt que defendia que a educação deveria ser tão eficiente quanto qualquer outra empresa, já que considerava a escola como tal. Teóricos como Bobbitt, por exemplo, acreditavam que a educação deveria ser conduzida pelas características da vida ocupacional adulta com caráter propedêutico, ou seja, preparar para o futuro. Assim, o estabelecimento de padrões era considerado tão importante na educação quanto numa fábrica , pois, a educação, tal como na fábrica, era entendida como um processo de moldagem. Assim defendia-se que era possível estabelecer padrões definitivos para os vários produtos educacionais, desconsiderando, assim, os pressupostos da psicologia infantil. Assim, a ação da escola limitava-se a ser uma atividade burocrática, desprovida de sentido e fundamentada na concepção de que o ensino estava centrado na figura do professor, que transmitia conhecimentos específicos aos alunos, estes vistos apenas como meros repetidores dos assuntos apresentados sem qualquer preocupação em fazer questionamentos radicais em relação ao modelo de sociedade vigente. Os modelos tradicionais de educação tinham como referencia a pergunta “Como fazer?” Não se preocupando com o “Por quê?” e “Pra quê?” Contemporâneo e contrário a Bobbitt estava Dewey, cuja preocupação estava mais voltada para a democratização do que com o funcionamento da economia. O modelo de ensino-aprendizagem defendido por Dewey estava focado no aluno como sujeito da própria aprendizagem. A teoria prevê ainda, que a aprendizagem deve partir da problematização dos conhecimentos prévios do aluno. Como importante ativista e defensor da democracia, Dewey, também participou de movimentos em defesa das causas sociais. Entendia a educação como um fenômeno de extrema importância, capaz de proporcionar um espaço democrático para as diferentes classes sociais por meio de uma metodologia fundamentada no interesse e na experiência do sujeito. O paradigma Crítico, ao contrário do tradicional, trouxe para o debate a relação entre educação e produção e entre escola e economia. O modelo crítico revela o descontentamento com as desigualdades e injustiças sociais e segue em dois eixos: denunciar e anunciar. Ao denunciar, tal modelo, preocupava-se em descrever o modelo de organização de classes com base capitalista que era pautado no modo de reprodução e legitimação das desigualdades sociais, pois encontrava-se pautado na cultura dominante . Portanto, nesse caso o currículo da escola está baseado nos propósitos cultura dominante e por isso, se expressa na narrativa dominante. Crianças e jovens das classes dominantes compreendem facilmente esse código, afinal durante toda a vida estiveram mergulhadas nesse código. Desses modos se sentem à vontade no perfil cultural e afetivo constituído por esse código. Contudo, para as crianças e jovens das classes dominadas, esse é um código impossível de decifrar. Eles não sabem do que se trata. Ao mesmo tempo que as crianças das classes dominantes percebem seu capital cultural reconhecido e validado, as crianças e jovens das classes dominadas têm sua cultura desconsiderada e minimizada, assim entendem que seu capital cultural, considerado baixo ou nulo, não passa qualquer reconhecimento ou valorização. Para o paradigma crítico cabe a escola a valorização de todas as culturas não acreditando que houvesse culturas superiores e inferiores, mas sim culturas diferentes. Nessa perspectiva cabe perguntar: Por que determinado conhecimento é válido e está em detrimento de um outro considerado não-válido? Em contrapartida, ao anunciar, a escola crítica defende uma escola capaz de conscientizar crianças e jovens para que, ao serem cientes de sua realidade, seja local ou global, possam emancipar-se e libertar-se de um pensamento hegemônico, homogeneizador para seguir numa linha de resistência a estes padrões preestabelecidos. Nesse contexto, nos deparamos com teóricos importantes como Gramsci, Giroux e Paulo Freire. Tais Teóricos desacreditavam de uma tomada do poder que não fosse precedida por mudanças de mentalidade. Para eles, os agentes principais dessas mudanças seriam os intelectuais e um dos seus instrumentos mais importantes, para a conquista da cidadania, seria a escola, daí a criação do termo intelectual orgânico que se refere ao intelectual que se mantém ligado a sua classesocial de origem atuando como porta voz desta. Tomando por base o conceito de intelectual orgânico defende-se a ideia de que o professor precisa ser intelectual transformador, termo criado por Giroux que significa entender o professor como um agente de socialização, propiciadora de atividades reflexivas e libertadoras. Paulo Freire, faz forte crítica a educação tradicional que intitula de educação bancária, pautada, segundo ele, em ações mecânicas de reprodução de conhecimento e transmissão desse. É um modelo que se confunde com o ato de depósito bancário. Para Freire, a escola tem por incumbência desenvolver um olhar crítico sobre a macro e a microestrutura nas quais os sujeitos se encontram para que construam significados sociais em substituição a transmissão de fatos e informações. Pedagogia do Oprimido, foi um termo construído por Freire como uma nova forma de relacionamento entre professor, estudante, e sociedade, que inclui relação dialógica contrária à manipulação das classes menos favorecidas pela "cultura dominante", através dos meios de comunicação. Defendia que a população em si precisa ser conduzida ao diálogo que entende como canal de libertação. Contudo, para Freire esse processo de conhecimento deve proporcionar ao sujeito sua emancipação e isso se torna possível quando homens e mulheres se educam mutuamente num processo de intersubjetividade. Nessa perspectiva traz para o debate a educação problematizadora na qual entende- se que os sujeitos estão implicados no ato d e construção do conhecimento. O mundo que é entendido como objeto a ser conhecido não é simplesmente transmitido; a ação pedagógica não consiste simplesmente trazer informações sobre o mundo. Outrossim, educador e educandos constroem, dialética e dialogicamente, um conhecimento de mundo. Assim, pode-se afirmar que, segundo as ideias de Freire, o conhecimento não é doado ou imposto, mas uma evolução organizada e sistematizada com a participação dos educandos em todas as fases da construção desse conhecimento. O paradigma pós-crítico, também conhecido como pós colonialista se propõe a analisar as relações de poder entre as diferentes nações que compõem a herança econômica, política e cultural europeia, na qual prevalece o padrão masculino, branco e europeu. Não nega a existência de um conteúdo cultural hegemônico e regulador no currículo, mas analisa esta reprodução como limitada, nesse contexto, traz como perspectiva o multiculturalismo, O termo multiculturalismo se refere a uma pluralidade cultural que convive de forma harmônica, ou seja, a coexistência de várias culturas em um mesmo espaço territorial, seja esse macro ou micro. Por isso, o termo cultura passa a ser substituído por culturas e o currículo é pensado a partir construção de identidades, diante do que se aloca a questão “para quem se constrói o currículo?” Outro aspecto relevante é o fim das metanarrativas, ou seja, das narrativas totalizantes com teorias e explicações abrangentes e de caráter hegemônico. Em contraponto as metanarrativas privilegia a mistura, o hibridismo e a mestiçagem de culturas. Enquanto o paradigma crítico coloca a emancipação e libertação das classes populares como um dos principais pilares para o fim das desigualdades sociais, a teoria pós-crítica dá ênfase às questões de gênero, raça, etnia e sexualidade, expressas pelas minorias no que se refere às relações de poder. Assim podemos afirmar que a teoria pós-colonial, juntamente com o feminismo, o movimento negro, entre outros, clama pela a inclusão das expressões culturais que refletem a o modo de atuação dos grupos cujas identidades culturais e sociais são colocadas à margem pelo pensamento eurocêntrico das classes dominantes. Assim, podemos afirmar que o paradigma pós-critico estuda os impactos que as nações colonizadoras deixaram na cultura dos países colonizados, considerada superior, no que tange a campos como política, filosofia, artes e teoria literária, mas também observa as produções dos “colonizados” com a riqueza e diversidade que essas possuem, dando escuta às vozes até então silenciadas. Em síntese: Paradigmas são elementos fundantes, aquilo que sugere um padrão , um modelo a ser seguido. Na Educação podemos verificar a existência de três principais paradigmas: Tradicional, Crítico e pós-crítico. O paradigma tradicional apoia-se no modelo industrial e prima pela eficiência, máxima utilização de tempos e o armazenamento de informações, dando ao aprendizado o caráter cumulativo e ao ensino o caráter transmissivo. Nesse contexto, o professor é visto como detentor do saber e o aluno como tábula rasa a ser preenchida pelo conhecimento que será transmitido. O paradigma crítico é marcado por pensadores de grande expressão como Bourdieu, Passeron, Paulo Freire, entre outros. Tem sua matriz na teoria marxista, ou seja no materialismo histórico e visa a formação de sujeitos autônomos e críticos. Esse paradigma busca também denunciar a opressão de grupos hegemônicos que impõem sua cultura como única e válida, desconsiderando as demais, já que são vistas como subculturas. Enquanto o paradigma tradicional se pauta na transmissão de conhecimento o paradigma crítico tem como eixo central a problematização da realidade que se pretende decifrar para compreendê-la e transformá-la. O paradigma pós-critico, busca desconstruir os paradigmas anteriores defendendo a valorização da diversidade cultural, de gênero e étnica e racial. Faz crítica as metanarrativas e promove a desnaturalização dos discursos hegemônicos e traz á luz as diferentes narrativas, diferentes identidades e, portanto, diferentes subjetividades. 2.2. ORGANIZAÇÕES NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA Do grego "organon", organização significa instrumento, utensílio. Muitas são as formas de organização na contemporaneidade, e, diferentemente da indústria onde a organização é burocrática e fundamentada na racionalidade técnica do trabalho, além da centralização e do controle sobre as pessoas, a escola, também entendida como organização, considera em seu trabalho a história de vida de seus sujeitos e reconhece necessidades e objetivos no cotidiano escolar, onde se constrói conhecimento coletivamente. Somente a partir de 1827 a escola no Brasil passou a ser considerada legalmente como organização. Antes a educação ocorria nos lares, com professores particulares até determinado nível e posteriormente eram encaminhados para a Europa para que pudessem estudar em colégios especializados. Contudo, na Europa já havia há muito tempo a escola como organização social inclusive com Universidades. É a partir da ideia de grupo e dos papeis que seus membros desempenham que a sociedade contemporânea se constitui em suas organizações. Daí a necessidade ad estruturação desses grupos para a evolução das organizações. Nesse contexto a escola também se insere. Assim, como afirma Sousa (2006:38): As organizações constituem sistemas complexos que interagem constantemente com um número significativo de outros sistemas, também com grande complexidade. Em função disso, uma organização não se encontra isolada, nem é auto-suficiente. Ao contrário, existe ao seu redor todo um contexto que deve ser considerado em sua existência e estudo: o ambiente. Dessa forma, as organizações, como os seus ambientes, são dinâmicas. Portanto, é possível afirmar que a autonomia da organização escolar é relativa e não absoluta. Autonomia não é concessão, é fruto de uma trajetória que implica em conhecimento e aprendizagem, que requer responsabilidade do gestor e corresponsabilidade da equipe. Nesse contexto, espera-se a presença de sujeitos críticos, argumentativos, propositivos e desejosos de mudanças. Entende-se,portanto, que o sujeito é peça central da estrutura social. Assim, é preciso ressaltar a importância do envolvimento por todos os atores da escola: gestores, professores, alunos, pais, demais funcionários e representantes da comunidade local, afinal é insuficiente que, apenas a equipe escolar tome consciência da importância da participação. É preciso criar condições e mecanismos que favoreçam a gestão participativa. Dessa forma autonomia se constitui como poder reconhecido à escola para tomada de decisões conforme seu projeto pedagógico e em função das competências e dos meios que lhe estão postos. Em síntese: A escola como organização se constituiu em 1827, quando a educação ministrada por pedagogos deixou de ser nos lares para ser na escola. Caracteriza-se como organização, pois possui controle da participação, da pluralidade de ideias e estratégias, dos conflitos, poderes, da liderança e mudança e da organização dos espaços e tempos. Atualmente se defende a proposta de uma escola como organização autônoma, mas há um risco em acreditar que essa autonomia seja absoluta. A autonomia da escola como vimos anteriormente é relativa, já que como organização faz parte de uma conjuntura e de uma estrutura organizacional maior que é a sociedade. 2.3. PLANEJAMENTO ESCOLAR: AVALIAÇÃO, METAS E PROGRAMAÇÃO Segundo Chiavenato (2004: 166-167): O planejamento é a função administrativa que determina antecipadamente quais são os objetivos a serem atingidos e como se deve fazer para alcançá-los. Trata-se, pois, de um modelo teórico para a ação futura. Começa com a determinação dos objetivos e detalha os planos necessários para atingi-los da melhor maneira possível. Planejar é definir os objetivos e escolher antecipadamente o melhor curso de ação para alcançá-los. O planejamento define onde se pretende chegar, o que deve ser feito, quando, como e em que sequência. Planejar, portanto, é uma ação humana que perpassa vários setores de nossa vida. É processo contínuo, pois planejamos e replanejamos a todo momento. Por ser voltado para ações futuras visa antecipar eventuais dificuldades e também resultados positivos. Por indicar ações futuras possui caráter flexível o que possibilita fazer ajustes e correções de curso, adequando-se às intercorrências do processo. Para tanto, faz-se necessário que o planejamento inclua momentos de avaliação desde o seu início até a sua finalização. Avaliar, contudo não se trata de mensurar para classificar e rotular pessoas e processos, mas sim para acompanhar os momentos que foram planejados e tomar decisões sobre a continuidade ou não do que foi pretendido. Planejamento atualmente é visto como instrumento de organização da prática educacional. Nesse contexto, precisaremos definir que tipo de conhecimento nos propomos a discutir e quais os efeitos desse na formação de valores e princípios. Planejar auxilia a concretização de nossos objetivos, pois pauta nossas ações prevendo a concretização de nossas ideias e ideais. Para que o planejamento seja eficiente é necessário analisar a realidade, projetar finalidades e buscar formas de mediação do conhecimento sobre essa realidade, propondo formas interativas para a realização do planejamento, buscando organizar o trabalho. Assim, planejamento prevê objetivos, criticidade e comprometimento dos educadores e educandos. Ao refletirmos sobre planejamento, necessariamente pensamos sobre avaliação, contudo, durante muito tempo na história da educação acreditou-se que a avaliação se dava somente no final de cada processo e daí que teria como função aprovar ou reprovar ações e pessoas. Hoje sabemos que a avaliação media todo o processo. Não se pode começar um planejamento da estaca zero. É preciso resgatar ações consolidadas e não consolidadas no processo para começar uma nova etapa. Nesse caminho a avaliação diagnóstica ganha papel relevante já que traz a campo os conhecimentos, ações e expectativas que do grupo sobre o processo educativo. A avaliação diagnóstica, tanto inicial como do processo permite evidenciar aspectos positivos e negativos do percurso e por isso, é capaz de evitar a detecção tardia de dificuldades no processo com vistas a organização do mesmo. Diagnosticar supera a ação de verificação já que requer tomada de atitude ante aos dados levantados. Assim, por meio da avaliação diagnóstica é possível identificar determinada realidade, observar se o os percursos estão de acordo com o que se projetou e refletir sobre possíveis causas de dificuldades que eventualmente ocorram. Avaliar – Planejar – Avaliar, são etapas que se completam e que passam a fazer sentido quando a partir delas estabelecemos Metas. Mas, o que são Metas? Trata-se do resultado final a ser alcançado pelo gestor e sua equipe, e que precisarão de grande empenho para atingi-lo. As metas bem delimitadas favorecem ao gestor selecionar quais atividades serão executadas, por quem serão realizadas e quando serão alcançadas. Em síntese: Considerações Finais: Finalizando o módulo 2, esperamos que você tenha compreendido os diferentes paradigmas existentes e muitas vezes co-existentes no interior da escola, paradigmas esses que explicam narrativas e fazeres dos atores desse processo. Esperamos também que tenha ficado clara a importância da avaliação no processo de planejamento das organizações educativas, como modo de acompanhamento do processo a fim de redimensioná-lo continuamente. Como discutimos anteriormente é condição essencial da gestão o Planejamento. Planejar implica enxergar possibilidades futuras e organização do fazer. Ao planejar somos capazes de antecipar problemas e indicar possibilidades de superação. Por meio do planejamento se definem objetivos e metas a ser alcançados, o que favorece traçar a trajetória que se pretende seguir. Podemos dizer portanto, que o planejamento é desenvolvido para alcançarmos uma situação futura desejada, otimizando esforços e recursos. Nesse processo parte importante é a avaliação que se dá durante todo o percurso. A avaliação diagnóstica, tanto inicial como processual auxiliará no levantamento de problemas, dificuldades, mas também de resultados bem sucedidos. Avaliar implica no acompanhamento do processo educacional em prol da qualidade social desse. Formação continuada: fazeres do Coordenador Pedagógico Roseli A. de A. Matos Moreira Disciplina Gestão Escolar: funções e competências Módulo 3 – Formação continuada: fazeres do Coordenador Pedagógico – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 3 – Formação continuada: fazeres do Coordenador Pedagógico . 1. Conceito de formação - 2. Formação continuada - 3. O papel do Coordenador Pedagógico Faculdade Campos Elíseos Conversa Inicial No terceiro módulo, discutiremos o fazer do Coordenador Pedagógico e sobre o conceito de formação, tão utilizado na atualidade, mas poucas vezes discutido. Nesse contexto, aprofundaremos a discussão sobre mediação, co- autoria e estratégias de formação. Agora com a descrição de toda a trajetória, podemos iniciar a nossa jornada de estudos do terceiro módulo. Ótimo aprendizado! 3.1. Conceito de formação Nas últimas décadas muitas foram as pesquisas sobre formação de professores e muitas delas buscavam discutir o termo formação e sua diferenciação de outros que pareciam ser sinônimos como treinamento e capacitação. Outra questão igualmente importante refere-se aos termos formação inicial e formação continuada que veremos no próximo tópico. Para iniciar o debate é preciso lembrar que formaçãoé processo e que, por isso, não se dá num determinado período da vida do profissional, mas sim durante toda a sua atuação. Não estamos aqui falando de formação que delimita os fazeres técnicos ou o passo a passo do professor, mas sim de uma formação que garanta reflexão sobre os fundamentos da profissão e isso significa discutirmos a lógica da atuação docente e seus contextos a fim de construirmos uma consciência crítica sobre o ser professor. A palavra treinamento ocupa lugar importante na década de 1980 e tem suas bases na ideia de transmissão de conhecimentos e concebe o ensino e a aprendizagem como processos independentes e não relacionais, cabendo ao formador o papel do ensino e ao formando o papel da aprendizagem. Nesse contexto, formar significa transferir conhecimento, por um lado e assimilá-lo por outro. Discussões em torno do fazer docente não fazem parte desse cenário que preocupa-se essencialmente com o que o professor deve saber para ensinar e não o que deveria saber sobre como ensina e como seu aluno aprende. Treinar pressupõe avaliar os resultados para saber da eficácia. Assim o professor em processo de treinamento passará por avaliação que evidencie se aprendeu a realizar do modo como lhe foi ensinado. É um modelo bastante técnico e coincide com os pressupostos do tecnicismo. Capacitar, segundo o dicionário Larousse, significa fazer capaz, habilitar, convencer e persuadir, verbos esses que negam o percurso do professor que já se encontra em atuação (habilitar) negando ainda o diálogo à medida que tem como propósito impor uma determinada ideia (convencer). O termo capacitação muito próximo do termo treinamento visa munir o professor de conhecimentos e possibilidades de criação para que possa solucionar problemas. Visa dar sugestões que apresentem alternativas no ambiente de trabalho, dotando o “capacitado” de meios eficazes para resolver problemas e realizar determinadas tarefas pré-estabelecidas. Formação, diferentemente de treinamento e capacitação, é palavra utilizada com base nos estudos da teoria crítica e tem como referências importantes Paulo Freire, Madalena Freire, Pichon-Rivière, Antonio Nóvoa, entre outros. A formação continuada pressupõe conflitos didático-pedagógicos que movem os educadores a buscar saídas e não uma “grande saída”. A dinâmica de trabalho é marcada pelo o uso reflexivo de diferentes textos sendo que dentre esses estão os registros dos alunos e os apontamentos dos professores, além é claro dos referenciais teóricos. Na perspectiva de formação continuada o grupo ganha destaque no processo que tem suas bases nas relações vinculares existentes. Tal foco se dá com base nos estudos de Pichon-Rivière (1988) e o que esse intitula de grupos operativos que segundo ele são constituídos por observação sistemática que se realiza juntamente com a análise da operações da mente em sua inter-relação social e no contínuo intercambio com o mundo externo (p. 24). Reconhecer a matriz da formação continuada em Pichon-Rivière significa expressar a importância do grupo num espaço relacional no qual ensinar e aprender seguem no processo grupal, de forma coesa. É no grupo e com o grupo que a formação é tecida com a construção de caminhos novos ou redimensionamento dos já existentes, buscando complementaridade entre os saberes dos que compõem o grupo. Assim, teoria e prática se interagem, promovendo a construção de conhecimentos críticos em que o sujeito tem consciência do seu aprendizado e de suas incompletudes. A respeito disso podemos afirmar que construímos saberes por meio de leituras e discussões de pontos de vista acerca da prática docente e da teoria nas qual essa se sustenta refletindo sobre a prática vivida, bem como pelo relato de práticas de outrem na troca de saberes e experiências. Desse modo, é possível observar a ação do outro, mas também a própria ação de um ângulo diferenciado, ou seja, de fora do cotidiano que muitas vezes nos deixa com visão obscura sobre a realidade. Essa análise não é uma ação meramente racional, ao contrário, conjuga aspectos cognitivos e afetivos que se inter-relacionam na ação educativa. Dessa forma, podemos afirmar que a formação é um processo coletivo, reflexivo e propositivo, pois ocorre com o sujeito na relação com seu grupo, faz com que se aprenda a apensar na ação educativa concreta e também a redimensione. Em síntese: Ao tratar de formação é preciso lembrar que estamos diante de um termo polissêmico para o qual cabem diferentes interpretações. Assim, treinar, capacitar e formar não são sinônimos, pois partem de referenciais teóricos distintos e tem como eixo concepções também distintas. Enquanto para os termos treinar e capacitar aprendizagem é processo de transmissão e recepção; para o termo formar a aprendizagem refere-se a tomada de consciência sobre o processo de construção de conhecimento e da própria prática vigente no cotidiano escolar. Portanto, formar é mais que transmitir conhecimento é promover reflexões sobre fazeres e discursos dos educadores que em grupo constroem consciência sobre suas bases teórica e práticas e podem optar por mantê-las ou ressignificá-las. 3.2. Formação Continuada Uma vez feita a diferenciação das palavras: formação, treinamento e capacitação, podemos nos debruçar sobre a diferenciação entre Formação Inicial e Formação Continuada. Formação inicial refere-se a etapa de preparação formal de futuros professores numa instituição específica, propiciando-lhes aquisição de conhecimentos pedagógicos e disciplinares específicos, como também, conceitos teórico-práticos. Gatti (2014) em estudo realizado para a Fundação Carlos Chagas sobre formação inicial de professores para a educação básica em cursos de graduação revela o panorama preocupante, dada a insuficiência da formação oferecida para subsidiar a atuação de um profissional docente na educação básica. Um dos fatores de maior destaque nesse estudo é a ausência de debate sobre as práticas educativas e a pequena abordagem nas metodologias. Ou seja, ainda hoje o enfoque é técnico e não prático-reflexivo o que evidentemente compromete a atuação dos futuros professores. Contudo, a formação inicial é apenas uma primeira etapa do processo de profissionalidade do professor. Construir uma identidade profissional requer um investimento contínuo e permanente no e do professor que está sempre se observando, se compreendendo, se ressignificando. Contudo, a formação inicial é base para outras formações futuras e muito contribui para a identidade do profissional e por isso dialoga com a formação continuada quando essa é constituída nas bases prático-reflexivas. O trabalho de formação continuada numa perspectiva prático-reflexiva possibilita o conflito ao problematizar as “certezas pedagógicas” dos professores e proporciona a compreensão de seus fazeres e de suas lógicas. Nesse processo o professor é capaz de desvelar-se para o grupo e para si mesmo. Observa-se como se estivesse de fora e é capaz de, olhando para si, redimensionar seus fazeres, sempre refletindo sobre as teorias que alicerçam suas práticas, num movimento de práxis, ou seja ação-reflexão-ação, por isso dialógica e dialética. A ação dialógica se explicita na medida em que Diálogo não só para conversar, mas para transformar o mundo, ou de “pronunciar o mundo”. Pois o diálogo como afirma Freire (2005: 91), (…) é este encontro dos homens [e mulheres], mediatizados pelo mundo para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu. Esta é a razão porque não é possível o diálogo entreos que querem a pronúncia do mundo e os que não a querem; entre os que negam aos demais o direito de dizer a palavra e os que se acham negados deste direito. Assim a relação dialógica é possível quando percebidos de humildade em nossas ações não nos consideramos inferiores, tampouco superiores ao outro, mas somente diferentes e incompletos, gerando consciência de si como parte do mundo em que vive e diz respeito à ideia de que deve existir um intercâmbio contínuo de saberes. Portanto, a formação continuada poderá ajudar o professor a enfrentar, com maior segurança e competência, os desafios postos pela educação contemporânea dentro da real necessidade da escola. Em síntese: Formação inicial refere-se ao processo de formação pelo qual o professor passa nos cursos de graduação nos quais espera-se tenha acesso a uma base sobre as teorias pedagógicas e reflexões sobre os fazeres didáticos- pedagógicos. Contudo, pesquisas recentes mostram que longe do desejado a formação inicial tem se preocupado com aspectos técnicos, desconsiderando ou minimizando as abordagens teórico-práticas. A formação continuada revela-se por si de grande importância para que o profissional de educação continue aprimorando e ressignificando sua prática docente. Dentro de um cenário em que a formação inicial não cumpre seu papel torna-se ainda mais evidente a importância da formação continuada, visto que colocará em debate, numa relação dialógica as ideias e os fazeres pedagógicos vigentes. 3.3. O papel do Coordenador Pedagógico na Formação Continuada Coordenar verbo transitivo direto: organizar de forma metódica; estruturar, ordenar, conjugar, concatenar, interligar. Pelo significado da palavra coordenar podemos compreender ainda que parcialmente a importância do Coordenador Pedagógico no interior da escola. Apesar de muitas vezes ser colocado como simples elo entre direção e professores o coordenador pedagógico quando ciente de seu papel tem função primordial. O termo interligar nos diz muito, pois ao se pensar no conhecimento como rizoma, que estabelece inter-relações complexas, sabemos o quão importante se faz um profissional que tem como um de seus papeis interligar saberes, conjugando sentidos. Assim, coordenar frente à formação continuada é condição primeira do coordenador pedagógico na atualidade. Um dos perfis esperados do coordenador pedagógico é que ele seja formador. Mas o que significa ser formador? Numa perspectiva prático-reflexiva, podemos afirmar que formar implica em promover dúvidas mais do que responder perguntas, pois o coordenador tem o desafio de provocar reflexões complexas que façam com que os professores superem o senso comum e possam construir a práxis como recurso contínuo dos momentos de formação. A práxis é certamente um processo dialético pouco ou nada confortável no processo de formação, pois nos lança a um conflito interno intenso, provocando-nos para a dúvida, para a percepção da falta e, portanto, para a necessidade de busca de novas saídas, novos desafios e novas perguntas. O coordenador pedagógico tem tarefa importante na mediação do processo de formação, ou seja, na busca da aprendizagem como processo de construção de conhecimento, a partir da reflexão crítica das experiências e do processo de trabalho dos educadores. É preciso que compreenda sua importância como mediador, pois além de articular conhecimentos é preciso articular relações interpessoais e transformando-as em relações cada vez mais vinculares. O coordenador contudo, não pode se esquecer de que não fará pelo outro, nem para o outro, mas sim com o outro. Num processo de coautoria a formação será tecida no grupo sob a mediação do coordenador que precisa ser consciente de seu papel. A avaliação diagnóstica também é atribuição do coordenador pedagógico que necessariamente precisa conhecer as necessidades do grupo com o qual trabalha de modo que possa buscar recursos teóricos, práticos e metodológicos para abordá-las. Sabemos hoje que o interior da escola é local privilegiado para a formação docente, sem desconsiderar é claro os momentos de cursos e congressos que muito contribuem para a formação dos professores. O interior da escola facilita a expressão de todos que dela fazem parte e requer um clima de confiança para que exponham suas experiências e suas fragilidades, e, é nesse contexto que o coordenador pode e deve investir no fortalecimento das relações vinculares. Outro fator importante é a rotina na formação. Ações esporádicas pouco contribuem, pois perdem na continuidade e na construção de pertencimento de cada professor ao grupo o que, em geral, dificulta sua atuação como sujeito em formação. O trabalho de formação compreende envolvimento dos professores como desejosos de aprender e dispostos a se questionarem. Já ao coordenador cabe o interesse por mediar aprendizagens e buscar saber como o professor constrói seus conhecimentos e em que condições será capaz de torna-los prática. Tomando por base os estudos de Fusari (2003) é possível destacar a corresponsabilidade do coordenador na formação do professor e é a partir dessa corresponsabilidade pelo processo de construção de conhecimento do professor e de sua profissionalidade que é possível refletir o ato de formação na escola como um movimento de profunda singularidade. Esse movimento ao qual me reporto pode variar de um formato de cursos no modelo tradicional até o de reflexão sobre as bases de formação dos docentes e de proposições de atuação seja pela reflexão seja por oficinas que problematizem a prática docente no que se refere a ações bem sucedidas ou com dificuldades. Muitas são as possibilidades de desenhar a formação no interior da escola, mas temos que nos preocupar com um modo de organização que reconheça os professores como profissionais capazes de articular competências técnicas, teóricas, práticas e éticas. Hoje sabemos que os modos de conduzir a formação são intitulados de estratégias de formação. As mais recentes têm fundamentação nos pressupostos da investigação sobre a prática docente pautada nas ideias de teóricos como Dewey, Zeichner e Schön com conceitos fundantes como mostra o quadro abaixo: Do ponto de vista de Dewey o pensamento reflexivo tem caráter funcional, que emerge do confronto com situações de tensão, e, cuja finalidade é garantir ao professor meios adequados de atuação para enfrentar as situações de ensino e de aprendizagem. Zeichner encontrou eco em Dewey quanto ao processo de emancipação do professor, que espera-se seja capaz de tomar decisões sobre seu modo de ensinar e concomitantemente encontrar significação na própria ação e na reflexão sobre o processo do ensino e aprendizagem. Outro teórico relevante nesse contexto é Schön que entende que a partir da observação das práticas profissionais, o pensar sobre a ação num fórum coletivo é o centro da reflexão sobre a prática, e que tais reflexões colaboram para as tomadas de decisões, bem como, para a construção e troca de conhecimento e experiências. Para os três teóricos citados acima a reflexão surge associada ao modo como se lida com os problemas da prática e com a possibilidade da incerteza, estando aberto a novas hipóteses, dando forma a esses problemas e descobrindo novos caminhos, chegando então às possíveis soluções. Assim, o processo de formação continuada numa perspectiva teórico-prática/prático- reflexiva requer estratégias de formação que problematizem o fazer docente, promovendo investigações e reflexões sobre esses. Com base no pensamento de Dewey e também dos outros estudiosos mencionados, é possível afirmar que convivemos hoje com duas abordagens dentro da perspectiva da prática docente: a tradicional
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