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11 ENEGEP 2004 Uma Metodologia para Obtencao de Constantes Orcamentarias

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XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 
 
ENEGEP 2004 ABEPRO 1195 
Uma metodologia para obtenção de constantes orçamentárias 
utilizando a técnica da amostragem do trabalho 
 
 
Luciana de Oliveira Carvalho (UFSC) ecv3loc@ecv.ufsc.br 
Luiz Fernando M. Heineck (UFSC) heineck@eps.ufsc.br 
Antônio Edésio Jungles (UFSC) ecv1aej@ecv.ufsc.br 
 
 
Resumo 
O trabalho faz um levantamento das publicações recentes nos congressos da área de 
construção e engenharia de produção versando sobre a obtenção de tempos produtivos, 
auxiliares e improdutivos em obra a partir da técnica de observações instantâneas. Enfatiza-
se a importância do nível de detalhamento da amostragem, que determina o grau de 
representatividade da situação real do canteiro. O artigo parte em seguida para a sugestão 
de um uso mais nobre das observações instantâneas, que é a obtenção das próprias 
constantes de consumo de mão-de-obra para os serviços. Isto só é possível com um grande 
número de observações, o que exige a presença em tempo integral dos observadores durante 
todo o decurso da obra. São apresentados comentários sobre os detalhes a observar para 
garantir maior representatividade dos dados. 
Palavras chave: Observações instantâneas, Amostragem do trabalho, Tempos produtivos, 
improdutivos e auxiliares. 
 
 
1. Introdução 
Embora seja alvo de atenção e discussões no meio científico, não existe um consenso na 
literatura acerca dos aspectos que afetam a produtividade (THOMAS et alli, 1990). Ao 
mesmo tempo, a aplicação de técnicas de medição possibilita a tomada de ações visando o 
aumento da produtividade. Tendo em vista esta problemática, Freitas et alli (1994) afirmam 
que “somente através da observação do trabalho e do levantamento de dados é que podem ser 
propostas modificações no processo produtivo e explicadas estas modificações aos operários”. 
Nesse contexto, o estudo de tempos nos canteiros é considerado uma das principais técnicas 
para se determinar as causas das ineficiências gerenciais no processo, bem como identificar as 
melhorias necessárias (SANTOS et alli, 2000). Isto porque esta técnica possui um elevado 
potencial para a identificação dos problemas de gestão no canteiro de obras (SANTOS, 1995). 
O presente artigo tem como objetivo propor uma metodologia de emprego da técnica de 
observações instantâneas de modo que seu potencial seja aproveitado adequadamente, ao 
mesmo tempo em que suas ineficiências são minimizadas. 
No tópico a seguir, são apresentados os aspectos relativos à aplicação da técnica, bem como 
suas vantagens e desvantagens. Em seguida, discutem-se os resultados encontrados na 
literatura para então se propor outro enfoque à utilização desta técnica. 
 
2. Observações instantâneas para medição de tempos 
A técnica de observações instantâneas é encontrada na literatura com diferentes 
denominações: amostragem aleatória do trabalho, relação de esperas e work sampling 
(SANTOS, 1995). Trata-se da realização de observações aleatoriamente espaçadas durante 
determinado período de tempo, com o objetivo de se estimar as proporções de tempos 
XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 
 
ENEGEP 2004 ABEPRO 1196 
empregados pelos operários na realização de determinado serviço, em geral classificados em 
produtivos, improdutivos e auxiliares. 
Esta técnica, segundo Santos (1995), é bastante adequada ao ambiente da construção civil, 
pois a mesma é facilmente adaptável às peculiaridades como descontinuidade, baixa 
intensidade de alocação de recursos e variabilidade da produtividade. 
Os dados são coletados de maneira simples, bastando haver um observador e uma planilha 
elaborada para o serviço a ser analisado contendo as atividades a serem observadas. Estas 
atividades são classificadas de maneira arbitrária (por exemplo, em produtivas, improdutivas e 
auxiliares) de modo que o observador, ao percorrer o canteiro em intervalos de tempo 
aleatórios, assinala que tipo de atividade cada operário está realizando no exato momento em 
que é visto. Calcula-se então o percentual de cada tipo de atividade com relação ao total de 
observações, resultando numa estimativa de como o tempo é utilizado na realização de um 
serviço (SANTOS et alli, 2000). 
O número de observações a serem realizadas é determinado previamente, de acordo com o 
nível de confiabilidade desejado e o erro relativo a ser considerado, utilizando teoria 
estatística. No caso da construção civil, caracterizada pela realização de operações não 
repetitivas, é importante coletar um grande número de operações por dia como forma de obter 
a maior quantidade possível de informações e de detalhes (BRISLEY, 1970, apud SANTOS, 
1995). Ainda assim, é possível realizar observações espaçadas durante semanas ou meses, 
sem que as variações ocasionais interfiram nos resultados. 
Conhecendo-se os percentuais de tempos utilizados pela mão-de-obra, analisando-se 
adequadamente os resultados obtidos e adotando-se as medidas necessárias, é possível 
(LIBRELOTTO et alli, 2000): 
− minimizar os tempos improdutivos, ainda que não possam ser eliminados; 
− rever o dimensionamento das equipes e prever o pronto atendimento dos serventes aos 
oficiais; 
− planejar e organizar os fluxos de pessoas, materiais e equipamentos; 
− reduzir os tempos de deslocamento dos operários a partir da instalação de banheiros 
volantes e bebedouros nos pavimentos; 
− motivar os operários quanto ao maior rendimento do trabalho; 
− promover a execução mais organizada dos serviços. 
 
Apesar de todas as vantagens, há também algumas desvantagens relacionadas à aplicação da 
técnica de amostragem do trabalho em canteiros de obra. Por exemplo, em canteiros de obras 
muito grandes ou com atividades dispersas no canteiro, é necessário um maior número de 
observadores, o que implica no aumento do custo para sua realização (SCARDOELLI et alli, 
1994). Além disso, um estudo realizado num grupo resulta em médias de valores, 
desconsiderando as diferenças individuais dos membros (BARNES, 1977). 
Scardoelli et alli (1994) consideram problemático o fato de ser necessário que o observador 
julgue a classificação da atividade analisada. Isso porque podem surgir dúvidas nos momentos 
em que (SANTOS, 1995): 
− está sendo executada uma atividade de classificação ambígua; 
− há mudança da atividade do operário, cabendo ao observador escolher uma das duas para 
registrar; 
− há confusão na definição de alguma atividade. 
XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 
 
ENEGEP 2004 ABEPRO 1197 
 
Além disso, caso o observador não esteja tecnicamente preparado para realizar as observações 
e os operários não estejam esclarecidos quanto ao estudo, podem ocorrer os seguintes 
problemas (HEINECK, 1983): 
− o observador pode alterar as informações coletadas caso se sinta constrangido frente aos 
operários; 
− em caso de dúvida, o observador pode tomar decisões pré-concebidas na alocação de 
atividades; 
− os operários podem mudar de comportamento na presença do observador, invalidando a 
amostra. 
 
No tópico a seguir, apresentam-se os principais pontos de discussão encontrados na literatura 
sobre a utilização da técnica de amostragem do trabalho. 
 
3. Discussão de resultados encontrados na literatura 
No meio científico discute-se a eficiência e a importância da técnica de observações 
instantâneas. No presente tópico estão apresentados os resultados encontrados na literatura 
sobre medições de tempos utilizando a técnica de amostragem do trabalho. 
Vargas (1996) apud Guerrini e Sacomano (2001) estudou a distribuição dos tempos em mais 
de 30 canteiros de diferentes regiões do país, cujo resultado encontra-se ilustrado na figura 1. 
Os tempos produtivos se referem ao percentual de tempo em que se estava executando a obra. 
Os tempos improdutivos englobam os percentuais em que não se estava trabalhando e se 
refazia o trabalho.Os auxiliares, por sua vez, correspondem às atividades realizando 
marcações e transportando materiais. Nota-se um elevado percentual de tempos 
improdutivos, em relação aos tempos auxiliares e produtivos. 
 
 
produtivos
30%
improdutivos
47%
auxiliares
23%
 
Figura 1: Resultado da quantificação da distribuição dos tempos de mais de 30 canteiros do país (adaptado de 
Vargas apud Guerrini e Sacomano, 2001) 
 
Por se tratar de um estudo global, compreendendo várias atividades realizadas em diversos 
canteiros, esses resultados devem ser analisados com cautela. Primeiramente, diferentes 
atividades podem não possuir a mesma distribuição de tempos. Além disso, uma mesma 
atividade pode apresentar distribuições de tempo variáveis, dependendo do número e do 
tamanho das equipes, bem como da tecnologia de construção empregada. Outro fato é que 
uma mesma equipe possui distribuições de tempo diferentes para os pedreiros e os serventes, 
por exemplo. Esses aspectos estão discutidos nos próximos parágrafos. 
A partir da literatura consultada, observou-se que as distribuições de tempo de atividades 
XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 
 
ENEGEP 2004 ABEPRO 1198 
distintas podem ser diferentes. A figura 2 contém um comparativo entre os resultados de 
medições realizadas pelos seguintes autores: Maués (1996), na unidade de armação de uma 
central de montagem de componentes; Costella et alli (2002), nas centrais de armação e de 
carpintaria de uma usina hidrelétrica de Goiás; Librelotto et alli (2000), que mediram as 
atividades estruturas e revestimentos de 12 empresas construtoras de Florianópolis. 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
produtivos improdutivos auxiliares
Maués (1996): central
de montagens
Costella et alli (2002):
armação
Costella et alli (2002):
carpintaria
Librelotto et alli (2000):
estrutura
Librelotto et alli (2000):
revestimentos
 
Figura 2: Comparativo entre as medições de tempos realizadas por alguns autores 
 
Nota-se que, enquanto nos resultados de Librelotto et alli (2000) para estrutura e 
revestimentos há uma predominância dos tempos produtivos, nos encontrados por Costella et 
alli (2002) para a carpintaria a predominância está dividida entre os produtivos e os auxiliares. 
Já para a armação de Costella et alli (2002) e na central de montagens de Maués (1996), existe 
uma certa proporcionalidade entre os três tipos de tempo. Essas diferenças são reflexo das 
considerações realizadas pelos pesquisadores quanto à classificação das tarefas. Também 
deve-se ter em mente que as condições de trabalho (por exemplo, cargas físicas e distâncias 
percorridas) e o clima local podem influenciar nos resultados. 
Também verificou-se que, para um mesmo serviço, podem haver diferenças entre as medições 
de tempos. Para tanto, foram comparados os resultados encontrados por Librelotto et alli 
(2000), Scardoelli et alli (1994), Santos (1995) e Amorim (1998), que fizeram medições do 
serviço alvenaria, conforme ilustrado na figura 3. Novamente, os resultados de Librelotto et 
alli (2000) possuem um elevado percentual de tempos produtivos. As distribuições de 
Scardoelli et alli (1994) e de Santos (1995) possuem certa semelhança. Já os dados de 
Amorim (1998) representam uma distribuição bem distinta dos demais autores. 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
produtivos improdutivos auxiliares
Librelotto et alli
(2000)
Scardoelli et alli
(1994)
Santos (1995)
Amorim (1998)
 
Figura 3: Comparativo entre as medições do serviço alvenaria 
XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 
 
ENEGEP 2004 ABEPRO 1199 
Ainda para o serviço alvenaria, Librelotto et alli (2000), Scardoelli et alli (1994) e Santos 
(1995) analisaram os resultados correspondentes aos pedreiros e aos serventes. Gutschow 
(1998) e Miranda Filho et alli (2002) também realizaram estudos deste tipo, cujos resultados 
compõem a figura 4, juntamente com os demais autores. 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
produtivos improdutivos auxiliares
Librelotto et alli
(2000)
Scardoelli et alli
(1994)
Santos (1995)
Gutschow (1998)
Miranda Filho et
alli (2002) 0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
produtivos improdutivos auxiliares
 
(a) (b) 
Figura 4: Comparativos entre os tempos dos pedreiros (a) e dos serventes (b) no serviço alvenaria de blocos 
cerâmicos 
 
Observando-se a figura 4(a), referente aos tempos dos pedreiros, percebe-se que há 
predominância dos tempos produtivos para os pedreiros (em torno de 50%). Os tempos 
auxiliares possuem cerca de 30% e os improdutivos, 20%, exceto nos dados de Santos (1995), 
que encontrou tempos improdutivos maiores que os auxiliares. 
Na figura 4(b), por sua vez, percebe-se que os tempos predominantes dos serventes 
correspondem aos improdutivos e auxiliares. Os resultados de Librelotto et alli (2000) são 
diferentes porque considerou-se que as atividades auxiliares dos pedreiros seriam as 
atividades produtivas dos serventes, pois estes foram contratados para tal função. Ou seja, 
sempre que os serventes estivessem, por exemplo, transportando materiais, cortando tijolos ou 
limpando o local de trabalho, atividades normalmente consideradas auxiliares, estas na 
verdade seriam tomadas como produtivas. 
A técnica de amostragem do trabalho foi aplicada por Gutschow (1998) para o serviço 
alvenaria de blocos de concreto numa empresa construtora da cidade de Aracaju, SE. No 
entanto, isso fez parte da aplicação de uma metodologia para redução de perdas, desenvolvida 
pela Universidade do Rio Grande do Sul, de modo que também foram adotadas diversas 
medidas para promover melhorias de qualidade e produtividade, bem como redução de 
desperdícios. 
Sendo assim, trata-se de um estudo realizado durante oito meses, durante o qual foram 
realizados três diagnósticos para acompanhar os resultados das técnicas empregadas na 
produção. Esses diagnósticos foram realizados em agosto de 1996, janeiro de 1997 e julho de 
1997. Na figura 5 encontra-se o resultado das medições de produtividade destes diagnósticos, 
que foram realizadas com o cartão de produção. Já na figura 6, está ilustrada a evolução das 
distribuições de tempo encontradas para os pedreiros e os serventes. 
 
XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 
 
ENEGEP 2004 ABEPRO 1200 
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
agosto de 1996 janeiro de 1997 junho de 1997
hH
/m
2
pedreiros serventes total
 
Figura 5: Evolução da produtividade do serviço alvenaria (fonte: Gutschow, 1998) 
 
45,0 47,9 52,1
24,4 18,9 12,5
30,6 33,2 35,4
0
20
40
60
80
100
agosto de 1996 janeiro de 1997 junho de 1997
produtivas improdutivas auxiliares
47,9
33,8 35,2
51,0
64,4 60,5
0
20
40
60
80
100
agosto de 1996 janeiro de 1997 junho de 1997
produtivas improdutivas auxiliares
 
(a) (b) 
Figura H: Evolução dos tempos dos pedreiros (a) e dos serventes (b) no serviço alvenaria de blocos de concreto 
(fonte: Gutschow, 1998) 
 
Embora os diagnósticos indiquem que houve aumento da produtividade (com a diminuição de 
hH/m2) ao mesmo tempo em que os tempos produtivos e improdutivos se modificaram 
levemente (os primeiros cresceram e os segundos diminuíram), isto pode ser atribuído às 
medidas adotadas para promover a melhoria do canteiro. Por exemplo, diminuiu-se o 
congestionamento do elevador de carga, os blocos foram armazenados nos andares com 
antecedência, foram implantados os carrinhos porta-masseiras e passou a se utilizar a bisnaga 
no lugar da colher de pedreiro. Além disso, a composição das equipes de trabalho foram 
modificadas para diminuir os tempos ociosos dos serventes. 
No presente tópico, foram discutidos os resultados de distribuições de tempo encontrados na 
literatura consultada. Verificou-se que o nível de detalhamento das amostragens, juntamente 
com outros fatores como a implantação de melhorias no canteiro, influenciam 
consideravelmente os resultados.Tendo em vista este fato, no tópico a seguir apresenta-se 
uma metodologia de aplicação da amostragem do trabalho. 
 
3. Metodologia de aplicação da técnica de amostragem do trabalho 
Conforme já comentado, a técnica de amostragem do trabalho possui como principais 
vantagens a simplicidade de aplicação e o baixo custo. No entanto, é necessário realizar um 
elevado número de observações durante um período de tempo adequado para se garantir a 
representatividade da amostra. Dessa forma, é fundamental a presença do observador em 
tempo integral na obra. Também é preciso encarar os resultados da distribuição dos tempos 
XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 
 
ENEGEP 2004 ABEPRO 1201 
com cautela, pois o percentual de tempos produtivos não possui relação direta com a 
produtividade em obra. 
Tendo em vista esses fatores, propõe-se no presente artigo uma aplicação mais adequada da 
técnica: além dos percentuais de tempo, coletar também outras informações. O observador, 
que pode ser um dos profissionais contratados pela empresa, a exemplo do mestre de obras, 
poderia ser orientado a coletar sistematicamente dados sobre a produção dos operários. Dessa 
forma, não haveria a necessidade da empresa contratar um pesquisador para levantar esses 
dados, e o funcionário também não deixaria de desempenhar suas funções durante a execução 
da obra. 
Também se recomenda a realização da amostragem num maior nível de detalhamento, de 
modo que seja possível conhecer o comportamento dos níveis mais elevados a partir dos 
resultados dos níveis mais baixos. Esses níveis, conforme adotados por Heineck (1983) num 
empreendimento composto por 55 blocos, são os seguintes: 
- Nível 1: corresponde ao número de partes maiores em que o empreendimento pode ser 
dividido. Por exemplo, blocos. 
- Nível 2: primeira divisão de cada parte do empreendimento. Por exemplo, são as casas de 
cada bloco. 
- Nível 3: serviços executados nas divisões do empreendimento. Por exemplo, fundações, 
estrutura, alvenaria e todos os demais serviços em obra. 
- Nível 4: operações correspondentes aos serviços. 
- Nível 5: atividades que compreendem as operações. As atividades são então classificadas em 
produtivas, improdutivas e auxiliares. 
- Nível 6: são as micro-operações que compreendem as atividades produtivas e auxiliares. Por 
exemplo, transportar, ler instruções, descansar e limpar o local de trabalho. 
- Nível 7: são as divisões do dia de trabalho. Por exemplo, são as horas do dia. 
 
Ao se realizar várias amostragens ao mesmo tempo (de vários operários num mesmo local de 
trabalho ou ainda visitar diferentes locais de trabalho), é possível diminuir a ineficiência da 
técnica, além de se obter uma medição indireta da organização do canteiro (FORBES & 
HEINECK, 1984). Os dados dessas amostragens podem ser então agrupados num único banco 
de dados. 
Recomenda-se também a realização do estudo durante todo o período da obra, de modo que se 
possa acompanhar a evolução dos dados. Ao final do estudo, os resultados podem ser então 
aplicados em outras obras executadas pela empresa. Dessa forma, podem ser utilizadas 
constantes orçamentárias de consumo da mão de obra calculadas de acordo com a necessidade 
da empresa, ao mesmo tempo em que se visualiza em diferentes níveis de detalhamento a 
situação real da obra. 
 
5. Considerações finais 
No presente artigo, procurou-se abordar os aspectos mais relevantes sobre a aplicação da 
técnica de observações instantâneas em canteiros de obras. Após descrever o funcionamento 
da técnica e suas vantagens e desvantagens, discutiu-se alguns dos resultados encontrados na 
literatura por meio de comparativos. 
XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004 
 
ENEGEP 2004 ABEPRO 1202 
Mantém-se que esta técnica possui potencial para ampliar os estudos científicos relativos à 
produtividade, particularmente no que diz respeito à sua utilização em conjunto com outras 
técnicas, bem como na aplicação da mesma para obter outros tipos de informações, como as 
constantes orçamentárias. 
Reforça-se a importância do nível de detalhamento das observações, com vistas a se conhecer 
a situação geral da obra a partir do agrupamento dos dados obtidos nos níveis operacionais. 
 
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Construído, v.2, p. 723-729, Florianópolis, 1998. 
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