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TEC N O LO G IA S A PLIC A D A S E IN O V A Ç Ã O PA TRÍC IA G A V A RIB EIRO Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6670-4 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 7 0 4 Código Logístico 59529 Tecnologias aplicadas e inovação Patricia Gava Ribeiro IESDE BRASIL 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: vs148 /Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ R371t Ribeiro, Patricia Gava Tecnologias aplicadas e inovação / Patricia Gava Ribeiro. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 140 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6670-4 1. Tecnologia - Administração. 2. Inovações tecnológicas - Administra- ção. 3. Tecnologia da informação. I. Título. 20-65033 CDD: 20-65033 CDU: 005.94:004 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Patricia Gava Ribeiro Mestre em Planejamento e Governança Pública pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Especialista em Marketing pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente cursa MBA em Gestão Estratégica da Inovação e Propriedade Intelectual na Unopar. Atua como servidora pública na UTFPR desde 2007. Além disso, tem interesse nas áreas de inovação, tecnologia e propriedade intelectual, com alguns trabalhos publicados nessa temática. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Gestão da inovação tecnológica 9 1.1 Ciência e tecnologia 10 1.2 Invenção e inovação 13 1.3 Tipos de inovação 16 1.4 Natureza ou impacto da inovação 18 1.5 Gestão da inovação tecnológica 23 1.6 Práticas de gestão da inovação 30 2 Inovação e seus fundamentos tecnológicos 37 2.1 Schumpeter e inovação 37 2.2 Revoluções tecnológicas 43 2.3 Panorama da inovação no Brasil 53 3 Modelos de inovação tecnológica 62 3.1 Modelo linear 62 3.2 Modelo paralelo 65 3.3 Modelo Tidd, Bessant e Pavitt (modelo funil) 67 3.4 Modelo de inovação aberta (open innovation) 69 4 A inovação como fonte de competitividade 75 4.1 Noção de cadeia de valor 75 4.2 Inovação como fator de vantagem competitiva 79 4.3 Tecnologias portadoras de futuro 83 5 Gestão da propriedade intelectual 95 5.1 Propriedade industrial e propriedade intelectual 96 5.2 Classificação dos direitos de propriedade intelectual 98 5.3 Propriedade intelectual e desenvolvimento econômico 108 5.4 Propriedade intelectual e transferência de tecnologia 110 5.5 Cooperação entre universidade e empresa 112 6 Incentivos governamentais à inovação tecnológica 119 6.1 Sistema de CT&I 120 6.2 Legislação de incentivo à CT&I 128 6.3 Fontes de fomento à inovação 133 O objetivo desta obra é apresentar ao leitor os diversos aspectos relacionados a ciência, tecnologia e inovação, buscando contribuir para o aprendizado nessas áreas. Não há, contudo, a pretensão de esgotar tão vasto tema, mas sim de apontar caminhos para que o estudante possa se aprofundar no assunto. Assim, foram abordados tópicos considerados relevantes à temática, sendo divididos em seis capítulos, de modo a contemplar desde conceitos fundamentais, passando pela evolução histórica, que resultou na sociedade do conhecimento, até ampliar o estudo sobre a importância da inovação à competitividade das empresas bem como em relação à proteção adequada dos bens intangíveis decorrentes da atividade inovativa. Dessa forma, o estudo tem início com a apresentação, no primeiro capítulo, dos conceitos de ciência, tecnologia, invenção e inovação, tão necessários ao aprofundamento do conhecimento na área. Na sequência são vistos os tipos de inovação existentes – de produto, de processo, organizacionais e de marketing –, abordando suas características e apresentando alguns exemplos. Ainda nesse capítulo é tratada a natureza ou o impacto da inovação, trazendo conceitos como inovação disruptiva e incremental, entre outros. Ademais, são apresentados o tema da gestão da inovação tecnológica e as práticas de gestão da inovação mais aplicadas. No Capítulo 2 busca-se realizar um resgate histórico dos acontecimentos a partir da Revolução Industrial, período no qual o capitalismo se estabeleceu como sistema econômico, dando início aos estudos sobre a inovação e seus impactos. É dado certo destaque à figura de Joseph Schumpeter, renomado economista que dedicou grande parte de sua vida ao estudo dos impactos das inovações tecnológicas na sociedade. Dando continuidade ao trabalho sobre Schumpeter, são analisados também os estudos de seus seguidores, denominados neoshumpeterianos, apresentando as cinco revoluções tecnológicas ocorridas e, ainda, contemplando os pensadores mais relevantes de cada período. Nesse capítulo é realizado, também, um panorama da inovação no Brasil, destacando alguns dos indicadores mais importantes da área. APRESENTAÇÃO Vídeo No Capítulo 3 ressalta-se a importância da utilização de modelos de inovação com o objetivo de tornar as empresas mais competitivas, sendo necessário buscar aquele que mais corresponda às características e particularidades de cada instituição. Sendo assim, apresenta-se, dentre os modelos de inovação existentes, quatro utilizados em escala global: modelo linear; modelo paralelo; modelo Tidd, Bessant e Pavitt; e modelo de inovação aberta (open innovation). No quarto capítulo é abordado o importante conceito de cadeia de valor, relacionado à geração de vantagem competitiva por parte das empresas. A sua definição é fundamental para se compreender como as empresas podem se destacar frente à concorrência cada vez mais acirrada, especialmente em termos de sustentabilidade. Na sequência, analisa-se como a inovação pode ser vista enquanto um fator de vantagem competitiva e, por fim, apresenta-se as tecnologias portadoras de futuro, isto é, atividades que em um futuro não muito distante possivelmente mudarão o mundo como é conhecido atualmente. No Capítulo 5 são trazidas diversas questões relativas à propriedade intelectual, iniciando por sua diferenciação em relação à propriedade industrial, seguida pela classificação dos direitos de propriedade intelectual (direito autoral, propriedade industrial e proteção sui generis), que são subdivididos em diversas categorias, como marca, patente, desenho industrial, entre outros. Salienta-se ainda a importância de compreender a relação entre propriedade intelectual e desenvolvimento econômico. Mais além, é analisada a atividade- -fim da propriedade intelectual, que consiste na transferência de tecnologia ao setor produtivo. Por último, são verificados aspectos referentes à cooperação entre universidade e empresa, atividade cada vez mais importante para ambos os players e para a sociedade como um todo. Para o sexto e último capítulo é reservada a abordagem do sistema de inovação brasileiro, considerandoque esse é composto por agentes políticos, agências de fomento e operadores de ciência, tecnologia e inovação. Apresenta-se também as legislações que se destacam no cenário nacional em termos de incentivo à inovação, como a Lei de Inovação, a Lei do Bem e o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. Finalmente, são enfatizadas as atividades desempenhadas pelas agências públicas de fomento, bem como indicadas duas fontes de financiamento privado à inovação. Após a leitura, certamente o leitor concluirá que o caminho para o desenvolvimento de uma nação necessariamente passa pelo fortalecimento do trinômio ciência, tecnologia e inovação. Sucesso em seus estudos! Gestão da inovação tecnológica 9 1 Gestão da inovação tecnológica Você consegue imaginar um mundo sem energia elétrica, computadores, smartphones, automóveis ou aviões? É quase im- possível, não é mesmo? Pois bem, essa seria a realidade se não existissem pessoas dispostas a questionar, experimentar e ir além. Graças a esses indivíduos, há tudo isso hoje. Para compreender um pouco mais sobre como novos produ- tos e processos são criados, com muitos revolucionando o funcio- namento das coisas até então, será necessário conhecer alguns conceitos importantes e muito úteis para o aprofundamento do conhecimento. Entre eles, destacam-se a ciência, a tecnologia, a invenção e a inovação. Todos estão de certa forma interligados, embora não de maneira linear, ou seja, não ocorrem de modo ne- cessariamente sequencial, podem acontecer de maneiras distintas e contar com a participação de atores diversos. Neste capítulo, além da análise de conceitos ligados à inovação, serão explanados os tipos de inovação existentes, quais sejam, inovações de produto, inovações de processo, inovações organiza- cionais e inovações de marketing, bem como suas principais carac- terísticas e exemplos. Posteriormente, será discutida a natureza ou o impacto da ino- vação, abordando os termos inovação disruptiva, inovação incremen- tal, novo sistema tecnológico e novo paradigma técnico-econômico. Como continuidade aos estudos, será discutida a gestão da ino- vação tecnológica e, por fim, serão apontadas as práticas de gestão da inovação mais utilizadas. 10 Tecnologias aplicadas e inovação 1.1 Ciência e tecnologia Vídeo Ao passo que a ciência possui uma ligação maior com a ob- servação de fenômenos, comprovação de hipóteses e o avanço do conhecimento, a tecnologia, por sua vez, está muito mais relacionada com as consequências para a sociedade (impactos econômicos e sociais), decorrentes da aplicação de novos pro- dutos, processos e materiais (REIS, 2008). No caso da ciência, esta pode ser dividida em ciência pura – ou básica – e ciência aplicada (Figura 1). A primeira está atrelada à investigação, à análise de fenômenos e à tentativa de explicá-los de maneira científica. Um exemplo muito claro dessa modalidade de ciên- cia é o estudo das características do novo coronavírus. Já a ciência aplicada possui como característica a aplicação do conhecimento para buscar a solução de determinado problema, procurando criar produtos que atendam às necessidades da so- ciedade. Como exemplo, pode-se citar a criação de uma vacina para prevenção da Covid-19 (infecção causada pelo novo coronavírus). Normalmente, as duas modalidades de ciência andam de mãos dadas e não se pode afirmar que uma tenha maior importância do que a outra, em- bora a ciência aplicada seja a mais reconhecida pela sociedade em geral. Ao situar historicamente a dualidade entre ciência bá- sica e aplicada, consta que o período pós-Segunda Guerra foi o momento em que a ciência básica passou a ser vista como precursora do progres- so tecnológico somente se estivesse distanciada do empirismo. Isso culminou no modelo linear de inovação, em que se acreditava que os avanços científicos eram transformados em soluções prá- ticas por meio de um movimento dinâmico ligan- do a ciência à tecnologia (STOKES, 2005). Nesse modelo, acreditava-se nesta sequência: Figura 1 Ciência pura e ciência aplicada W iki m ed ia C om m on s. Ciência pura envolve estudos de fenômenos. Ciência aplicada é a utilização de estudos da ciência pura em favor da sociedade. Gestão da inovação tecnológica 11 Vyac hes lav iku s/ Sh ut te rs to ck Pesquisa básica (pura) Pesquisa aplicada Desenvolvi- mento Produção Contrariando tal modelo, Stokes (2005) e seus seguidores creem na complementaridade entre pesquisa básica e aplicada. Surge, então, uma nova proposta de classificação, relacionando conhecimento e apli- cação prática, formada por quatro quadrantes que especificam a natu- reza da pesquisa, intitulada quadrante de Pasteur. Figura 2 Quadrante de Pasteur BOHR Pesquisa básica pura Bu sc a de n ov os c on he ci m en to s? Busca de aplicações práticas? PASTEUR Pesquisa básica ligada à aplicação EDISON Pesquisa aplicada à aplicação Fonte: Elaborada pela autora com base em Stokes, 2005. Na Figura 2, o quadrante superior à esquerda identifica a pesquisa básica pura, que representa a busca por novos conhecimentos, contu- do sem aplicações práticas. Esse quadrante recebeu o nome de Bohr, físico dinamarquês, cujo estudo do modelo atômico é classificado como ciência pura. O quadrante inferior esquerdo representa os estudos que não buscam entendimentos nem aplicações práticas, mas apenas con- templam fenômenos específicos. A célula no canto direito inferior re- trata a pesquisa aplicada, que não busca novos conhecimentos, mas sim aplicações práticas, denominada quadrante de Edison, cujas pes- quisas buscavam rentabilidade por meio da comercialização de seus 12 Tecnologias aplicadas e inovação inventos. O último quadrante, localizado no canto superior direito, é caracterizado pela busca de novos conhecimentos aliada à procura por aplicações práticas. Foi batizado de quadrante de Pasteur, justamente pelo fato de seus estudos buscarem a solução de um impasse relativo à fermentação, fitando uma compreensão do papel dos microrganismos no fenômeno, o que culminou no processo industrial da pasteurização (elevação da temperatura seguida de súbito resfriamento, com o intui- to de eliminar os micróbios). De maneira empírica, pode-se relacionar a ciência com artigos cien- tíficos, dissertações e teses, sendo um conhecimento de ordem públi- ca. Já a tecnologia, está mais vinculada com as patentes, por exemplo, tendo um caráter, portanto, privado (REIS, 2008). Vale destacar que tanto a ciência quanto a tecnologia não podem ser consideradas neutras, uma vez que retratam o contexto histórico, social e político em que estão inseridas. Dessa forma, devem ser compreendidas à luz desse contexto, e não de maneira isolada (CASTELLANOS, 2007). Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de que a ciên- cia serve de base para a tecnologia. Contudo, nem sempre as inovações têm como base conhecimentos científicos (MATTOS; GUIMARÃES, 2012), podendo ocorrer de modo experimental ou até mesmo acidental. Para um melhor entendimento dos conceitos, é possível afirmar que a ciência, de acordo com Longo (2000, p. 1), pode ser caracterizada como “o conjunto organizado dos conhecimentos relativos ao universo, envolven- do seus fenômenos naturais, ambientais e comportamentais”. Já a tecno- logia, por sua vez, pode ser compreendida como “o conjunto organizado de todos os conhecimentos científicos, empíricos ou intuitivos emprega- dos na produção e comercialização de bens e serviços” (LONGO, 2000, p. 1). Pode, também, ser interpretada como o lado econômico da ciência, considerando que a tecnologia, desde o século XIX, tem procurado en- contrar na ciência novos caminhos para a produção do conhecimento técnico. Essa busca resulta em uma reorientação dos rumos da ciência no sentido dos interesses econômicos (MACEDO; BARBOSA, 2000). Entre os aspectos positivos do emprego da tecnologia, podem ser citados: aumento da produção de alimentoscom a mecanização; eco- nomia de escala e maior possibilidade de aquisição de bens de con- sumo; facilidade de acesso a serviços e à locomoção; diagnósticos e tratamentos de saúde mais eficazes. Já como aspectos negativos, é Para conferir um exemplo da ligação entre ciência pura e ciência aplicada, leia o artigo Cientistas brasileiros desenvolvem aplicativo para diagnóstico da Covid-19, de Marcelo Canquerino, publicado no Jornal da USP. Disponível em: https://jornal. usp.br/ciencias/pesquisadores- da-usp-desenvolvem-aplicativo- para-diagnostico-da-covid- 19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h- dsDX9UwzgetKAZO4d_ OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw. Acesso em: 19 jun. 2020. Saiba mais Com base nos conhecimentos adquiridos sobre ciência pura e aplicada, relacione cada um dos seguintes exemplos com uma das seções do quadrante de Pasteur: observação de pássaros; estudo de Mendel sobre ervilhas; linha de montagem de Henry Ford e descoberta dos raios X. Atividade 1 https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw Gestão da inovação tecnológica 13 possível elencar: redução de recursos naturais; aumento da poluição; impacto em relação às mudanças climáticas; elevação dos níveis de de- semprego e aumento da produção de resíduos. 1.2 Invenção e inovação Vídeo Uma das primeiras e mais importantes personalidades que bus- cou entender o processo de invenções e inovações foi Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), economista e cientista político da Áustria. Seu legado é tão importante que continua sendo estudado e desen- volvido até hoje, especialmente por pesquisadores denominados neoshumpeterianos, como Nathan Rosenberg, Giovanni Dosi, Richard Nelson, Sidney Winter, Christopher Freeman e Carlota Perez. Schumpeter buscou em seus estudos desvendar os mecanismos de movimentação da economia no sistema capitalista, principalmente aqueles ligados à inovação e à denominada destruição criadora. Apesar de as invenções existirem desde tempos remotos, como a descoberta da roda, por exemplo, a sua transformação em inovação é algo bem mais recente. Até o início do século XVIII, anterior à Primeira Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, a principal atividade eco- nômica existente era a agricultura, sendo que a ciência e a tecnologia caminhavam de modo distante uma da outra até então. A disseminação das inovações ocorreu gradualmente, iniciando na indústria têxtil e na produção de ferro. Essas inovações eram realiza- das por profissionais sem formação científica. A ciência e a tecnologia passaram a se aproximar somente após a criação da Escola Politécnica por Napoleão Bonaparte. Essa instituição buscava diplomar engenhei- ros altamente capacitados direcionados ao atendimento de propósitos militares (TIGRE, 2006). A partir da Revolução Industrial, houve uma mudança no mundo como existia até aquele momento. Ocorreu a substituição dos méto- dos de produção artesanais pela produção exercida por máquinas em fábricas. Outras mudanças foram: uso da energia a vapor; substituição da madeira como combustível pelo carvão; além da transferência dos negócios centrados na agricultura por negócios centrados na indústria (Quadro 1). A Revolução Industrial, portanto, explicita a primeira ocor- rência na história de transformação de uma economia essencialmen- 14 Tecnologias aplicadas e inovação te agrária e com base na capacidade artesanal para outra economia orientada pela indústria e pela manufatura fabril (LANDES, 1994). Quadro 1 Características dos períodos: Pré-Revolução Industrial e Pós-Revolução Industrial Pré-Revolução Industrial Pós-Revolução Industrial Modo de produção Artesanato Manufatura Maquinofatura Combustível Madeira Carvão Principal atividade econômica Agricultura Indústria Relação de trabalho Trabalho individual Divisão do trabalho Divisão do trabalho dentro das fábricas Local de trabalho Própria residência Oficinas Fábricas Meios de produção Próprios Pertencentes ao mes-tre artesão Máquinas Forma de remuneração De acordo com a pro- dução Trabalho assalariado Redução de salários e aumento na jor- nada de trabalho Fonte: Elaborado pela autora. A sinergia existente entre empresários e inventores, nesse momento, representou relevante técnica organizacional da Grã-Bretanha para a criação e implementação de novas empresas inovativas (FREEMAN; SOETE, 2008). Dessa forma, as inovações dos séculos XVIII e XIX geraram uma condição singular ao capitalismo, fazendo com que esse sistema, por meio do investimento produtivo, impulsionasse o desenvolvimento tecnológico. Entretanto, somente a partir do início do século XIX, ocorreu o uso comercial da ciência (TIGRE, 2006). Thomas Alva Edison, físico norte-americano mundialmente conhecido pela invenção da lâmpa- da incandescente, criou o primeiro departamento de pesquisa e de- senvolvimento (P&D) em sua companhia, a General Electric (MACEDO; BARBOSA, 2000), apelidada por ele de fábrica de invenções. De acordo com Freeman e Soete (2008), apesar da existência de la- boratórios ligados às universidades e aos governos anteriormente, foi apenas na década de 1870 que os primeiros laboratórios especializa- dos em P&D foram constituídos na indústria; segundo Castells (2005), especificamente na indústria química alemã. Para aprofundar seu conhecimento sobre as mudanças advindas da Revolução Industrial, assista ao vídeo Revolução Industrial – resumo desenhado, do canal Historiar-te. Disponível em: http://youtu.be/ qpxaj1XEPko. Acesso em: 22 jun. 2020. Vídeo http://youtu.be/qpxaj1XEPko http://youtu.be/qpxaj1XEPko Gestão da inovação tecnológica 15 Após a breve contextualização histórica feita até aqui, é de funda- mental importância diferenciar os termos invenção e inovação, consi- derando que, muitas vezes, são usados como se tivessem o mesmo significado. A invenção (Figura 3) é uma solução nova para um pro- blema técnico específico, inserido em determinada área tecnológica (OMPI/INPI, 2018). Já o conceito de inovação pode ser descrito como a solução para uma dificuldade técnica de produção, que resulta de uma atividade inventiva direcionada à comercialização (MACEDO; BARBOSA, 2000). No caso da inovação, a solução não precisa necessariamente ser nova como na invenção, podendo ser decorrente de melhorias no pa- drão existente. Ainda, segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 55): uma inovação é a implementação de um produto (bem ou ser- viço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacio- nal nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Figura 3 Invenções dos últimos séculos: motor a vapor em carro de bombeiros (século XVIII); telefone (século XIX); primeiro videogame (século XX); e turismo espacial, Virgin Galactic (século XXI). A invenção estárelacionada à criação de algo que não produz um resultado econômico. Nesse sentido, uma descoberta que gera um produto ou processo novo, ou melhorado, mas que não atinge o mer- cado, será somente uma invenção, e não uma inovação. W iki m ed ia Co m m on s. Para consultar o Manual de Oslo, com importantes diretrizes sobre inovação, elaborado pela Organi- zação para Cooperação Econômica e Desenvolvi- mento (OCDE), acesse o link a seguir. Disponível em: https://www. finep.gov.br/images/apoio-e- financiamento/manualoslo.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. Site “Nem toda descoberta leva a uma invenção. E nem toda invenção leva a um produto” (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011, p. 23). Atenção Thomas Edison e Nikola Tesla foram responsáveis por inúmeras invenções e descobertas científicas que até hoje se fazem presentes em nosso cotidiano. Para conhecer um pouco mais sobre os processos de criação da corrente contínua e da corrente alternada, uma das criações de Edison e Tesla, assista ao vídeo A Batalha entre Gênios Niko- la Tesla & Thomas Edison, da National Geographic, publicado no canal Bruno Guida. Disponível em: http://youtu.be/ TjB3t4TpsDo. Acesso em: 19 jun. 2020. Vídeo https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf http://youtu.be/TjB3t4TpsDo http://youtu.be/TjB3t4TpsDo 16 Tecnologias aplicadas e inovação Em contrapartida, o processo de inovação vai além de um conceito. Ele se constitui no desenvolvimento de uma ideia, transformando-se, consequentemente, em um produto ou processo inovador que atin- ge o mercado por ser economicamente viável (JUNGMANN; BONETTI, 2010). Observe o esquema a seguir. = + Resultadoprático (comercialização) InvençãoInovação Nesse sentido, é interessante destacar que, entre outras caracterís- ticas, a inovação “envolve a criação de novos projetos, conceitos, for- mas de fazer as coisas, sua exploração comercial ou aplicação social e a consequente difusão para o restante da economia ou sociedade” (AUDY, 2017, p. 76). Para países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, com com- petência científica restrita para a geração de novas tecnologias e onde a criação de inovações radicais por parte das empresas é incipiente, a demanda se constitui no mais importante estímulo para que ocorra a inovação (TIGRE, 2006). 1.3 Tipos de inovação Vídeo Um simples olhar atento ao redor demonstra quantas inovações fa- zem parte da nossa vida atualmente. Em geral, elas são denominadas inovações de produto, mas não são o único tipo existente. Na visão de Schumpeter (1997), a inovação pode ser classificada em cinco tipos distintos: 1. Inserção de um produto novo ou melhorado. 2. Introdução de um método de produção ou comercialização distinto dos já existentes. 3. Abertura de um novo mercado. O filme O menino que descobriu o vento (original em inglês: The boy who harnessed the wind) conta a história de um menino que mora em um vilarejo muito pobre no Malawi e que, por meio de seu es- forço, sua determinação e criatividade, consegue criar um moinho de vento tendo como base um livro encontrado na biblioteca da escola local. Direção: Chiwetel Ejiofor. Reino Unido/Malawi. Netflix, 2019. Filme incipiente: que está no começo, inicial. Glossário https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiwetel_Ejiofor Gestão da inovação tecnológica 17 4. Obtenção de uma nova matriz de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados. 5. Geração de estruturas de mercado diversas em uma indústria. Com base nas definições criadas por Schumpeter, foram estabele- cidas no Manual de Oslo (OCDE, 2005) quatro categorias de inovações que compõem um grupo de transformações ocorridas nas atividades empresariais: inovações de produto, inovações de processo, inovações organizacionais e inovações de marketing. Essa classificação é a mais amplamente adotada por estudiosos, sendo, portanto, pormenorizada na sequência. • Inovações de produto – referem-se a transformações subs- tanciais nas possibilidades constantes em produtos e serviços, podendo ser completamente novos ou conter avanços significa- tivos em relação a produtos existentes. Consequentemente, há a possibilidade de obtenção de uma vantagem competitiva para a empresa no mercado. Um caso bastante interessante é o da startup brasileira Fazenda Futuro, considerada uma das empresas mais inovadoras do mun- do. Seu diferencial é produzir alimentos no segmento plant based que propiciem a sensação de estar degustando carne animal, uti- lizando apenas ingredientes de origem vegetal. • Inovações de processo – envolvem transformações expressivas em relação aos modos de produção e de distribuição. “Se a ino- vação envolve métodos, equipamentos e/ou habilidades para o desempenho do serviço novos ou substancialmente melhorados, então é uma inovação de processo” (OCDE, 2005, p. 64). Estão incluídas nessa modalidade de inovação as transformações con- sideráveis em softwares e equipamentos. Um exemplo de inovação de processo é o equipamento VoluTech, que se destina a realizar o controle de todos os padrões neces- sários em tanques de leite, a fim de preservar a qualidade do produto, bem como auxiliando a evitar desperdícios, por meio de sensores. • Inovações organizacionais – estão relacionadas à implantação de novos procedimentos organizacionais, tais quais mudanças efetuadas na organização do local de trabalho. Plant based é um concei- to de alimentação em que há eliminação ou redução de produtos de origem animal, além de haver mínimo processamento industrial dos alimentos. Para saber mais, acesse o link a seguir. Disponível em: https://boaforma. abril.com.br/dieta/entenda-o- que-e-a-dieta-plant-based-e- seus-beneficios/. Acesso em: 19 jun. 2020. Site Para conhecer mais sobre o equipamento VoluTech e seus benefícios para a indústria de laticínios, acesse o link a seguir. Disponível em: https:// agroemdia.com.br/2020/05/19/ embrapa-inovacao-usa-sensores- para-medir-com-precisao-volume- de-leite-em-tanques/. Acesso em: 19 jun. 2020. Site https://boaforma.abril.com.br/dieta/entenda-o-que-e-a-dieta-plant-based-e-seus-beneficios/ https://boaforma.abril.com.br/dieta/entenda-o-que-e-a-dieta-plant-based-e-seus-beneficios/ https://boaforma.abril.com.br/dieta/entenda-o-que-e-a-dieta-plant-based-e-seus-beneficios/ https://boaforma.abril.com.br/dieta/entenda-o-que-e-a-dieta-plant-based-e-seus-beneficios/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ 18 Tecnologias aplicadas e inovação Um exemplo é a plataforma Luizalabs, criada em 2012 pela rede varejista Magazine Luiza para oferecer produtos e servi- ços diferenciados aos clientes, com foco na inovação. Um dos projetos da plataforma, o Parceiro Magalu (anteriormente de- nominado Magazine Você) oferece a possibilidade de criação de uma loja virtual por trabalhadores informais ou autônomos, em contrapartida ao recebimento de uma comissão pelas ven- das efetuadas. • Inovações de marketing – abrangem a implantação de métodos novos de marketing, buscando atender da melhor forma possível às necessidades dos consumidores. Podem incluir ações como a abertura de novos mercados, ou ter como foco o aumento de vendas de um produto específico, determinando o seu reposi- cionamento no mercado. Mudanças em embalagens e naforma de divulgação do produto também são consideradas inovações de marketing. A inovação de marketing pode ocorrer tanto com pro- dutos novos quanto com os que já existem. Além disso, não há a obrigatoriedade de desenvolvimento de um novo método de marketing pela empresa. O método escolhido pode ser reprodu- zido de outras instituições. Um exemplo é a campanha Share a Coke da Coca-Cola, em que eram impressos nomes próprios nas embalagens de refrigerante. No Brasil, a frase impressa era: “bebendo uma Coca-Cola com...”, completada com diversos nomes escolhidos com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), buscando despertar nos consumidores uma sensação de compartilhamen- to de felicidade. 1.4 Natureza ou impacto da inovação Vídeo A inovação tanto pode ser disruptiva quanto incremental. Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2005), a inovação disruptiva (também cha- mada de radical), pode ser definida como a que gera uma consequên- cia considerável em determinado mercado e na atividade econômica das empresas que fazem parte desse mercado. Nesse sentido, a inovação disruptiva está relacionada com a quebra dos padrões existentes, também denominados paradigmas. São trans- formações profundas que permeiam toda a sociedade, alterando o pa- O filme Tucker: um homem e seu sonho (original em inglês: Tucker: the man and his dream) relata a história real de um homem visto como sonhador, mas que foi além do status quo, podendo ser considerado um visionário. Tucker projetou um veículo tido como estranho para os padrões da época, mas que continha muitos itens utilizados até os dias atuais. Direção: Francis Ford Coppola. Estados Unidos. Paramount, 1988. Filme Confira os recursos inovadores introduzidos por Tucker nos anos 1940, e que até hoje são referência no mercado automobilístico. Disponível em: https://www. uol.com.br/carros/noticias/ redacao/2019/12/02/carro-do- futuro-da-tucker-feito-em-1948- vai-a-leilao-nos-estados-unidos. htm. Acesso em: 19 jun. 2020. Curiosidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Ford_Coppola https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm Gestão da inovação tecnológica 19 drão existente até o momento, e que acabam por criar uma trajetória tecnológica. De acordo com Tigre (2019), a inovação disruptiva normal- mente decorre de atividades de P&D. Além disso, conforme Audy (2017, p. 77), as “inovações disruptivas são dramáticas, criando novas demandas, indústrias, mercados, apli- cações e processos, econômicos ou sociais”. Consequentemente, é estabelecido novo nível tecnológico, propiciando terreno fértil para o surgimento de inovações incrementais. Em contrapartida, a inovação incremental pode ser definida como a inserção de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou organização no interior de uma empresa, sem modificação da estru- tura industrial (FREEMAN; SOETE, 2008). É responsável pela criação de sucessivos aperfeiçoamentos, de menor impacto que aqueles relacio- nados à inovação disruptiva. Essas pequenas melhorias (em um pro- duto ou nos processos necessários para sua confecção) ocorrem no mesmo nível tecnológico em que são empregadas (AUDY, 2017). Embora as inovações incrementais estejam atreladas aos aspectos socioculturais e às necessidades de demanda, elas costumam ocorrer de maneira constante dentro das empresas, não sendo necessaria- mente resultado de atividades de P&D. Muitas vezes, essas inovações advêm da experiência acumulada (TIGRE, 2019). Dessa forma, pode-se afirmar que muitas inovações incrementais derivam do learning by doing, ou seja, do aprender fazendo dentro das atividades industriais. Ao observar a Figura 4, é possível verificar algumas características da inovação incremental, como a criação de melhorias contínuas e o su- porte às diferentes fases pelas quais passam um produto ou processo. Figura 4 Inovação disruptiva e inovação incremental Incremental Sustentação Melhoria contínua Radical Ruptura Disruptiva Fonte: Audy, 2017, p. 77. Aponte as diferenças entre inovação disruptiva e inovação incremental. Atividade 2 20 Tecnologias aplicadas e inovação Já em relação à inovação disruptiva, as mudanças ocorrem de modo radical, promovendo uma ruptura dos paradigmas existentes, criando perspectivas e possibilitando um processo de retroalimen- tação por meio de inovações incrementais. De acordo com Freeman e Soete (2008), além das denominadas inovações disruptivas e incrementais, há ainda que se analisar outras duas transformações de impacto na inovação: o novo sistema tecno- lógico e o novo paradigma técnico-econômico. Um novo sistema tecnológico pode surgir quando uma área ou algumas áreas são impactadas pelo surgimento de um novo hori- zonte tecnológico. Com relação às transformações no paradigma técnico-econômico, faz-se necessário, primeiramente, compreender de que se trata esse paradigma (denominado por alguns autores de paradigma tecnoeconômico). Este trata-se, segundo Lastres e Albagli (1999, p. 32), do resultado do processo de seleção de uma série de combina- ções viáveis de inovações (técnicas, organizacionais e insti- tucionais), provocando transformações que permeiam toda a economia e exercendo importante influência no comporta- mento da mesma. Dessa forma, as mudanças no paradigma técnico-econômico são responsáveis por alterações profundas no contexto social e econô- mico, e não somente no aspecto tecnológico (TIGRE, 2019). Os cha- mados ciclos longos de desenvolvimento são resultado de paradigmas tecnológicos que impactam sobremaneira a sociedade, causando transformações profundas. De acordo com Tigre (2019), para que uma tecnologia desenca- deie um novo paradigma, são necessários os seguintes requisitos: custos reduzidos com predisposição a baixar ainda mais; oferta abundante e contínua; capacidade de disseminação abrangente; e perspectiva de incorporação de tecnologias diversas. 1.4.1 Difusão das inovações Um aspecto muito importante que vai além da definição da natu- reza ou do impacto das inovações é o processo de difusão de novos produtos e processos na sociedade. Gestão da inovação tecnológica 21 De acordo com Rogers (2010), autor do livro Diffusion of Innovations, a difusão é compreendida como o processo pelo qual uma inovação é comunicada por meio de certos canais entre os inte- grantes de um sistema social. Ainda segundo Rogers (2010), a adoção de uma inovação traz consigo um certo grau de incerteza. Para reduzir essa incerteza, as empresas buscam convencer as pessoas de que a relação custo- -benefício é positiva e a inovação será útil em suas vidas. No caso de uma inovação tecnológica, são incorporadas informações que redu- zem a incerteza a respeito das relações de causa e efeito na solução de problemas. Como exemplo prático, pode-se citar que a adoção de um sistema residencial de captação de água da chuva reduz a incer- teza sobre futuros aumentos (estabelecidos pelo governo) na fatu- ra da companhia de saneamento, uma vez que o consumidor ficará menos dependente do abastecimento de água. Figura 5 Curva de difusão da inovação Percentagem de m ercado (% ) Adotantes 25 50 2,5% 13,5% 34% 34% Abismo Curva S In ov ad or es Re ta rdat ár io s Ad ot an te s in ic ia is M ai or ia in ic ia l M ai or ia ta rd ia 16% 75 100 0 Fonte: Elaborada pela autora com base em Rogers, 2010. Conforme o Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 24), “sem difusão, uma inovação não tem impacto econômico”. Atenção 22 Tecnologias aplicadas e inovação Conforme a teoria da difusão de inovações, há cinco grupos distin- tos de pessoas, classificados de acordo com o tempo de adesão a uma inovação (Figura 5). Os primeiros são os inovadores, que correspondem a 2,5% da população, pioneiros a testar um novo produto, por serem os mais propensos a assumir riscos. Tal grupo tende a compartilhar suas experiências por meio das mídias sociais. O segmento seguinte, dos adotantes iniciais, constitui um grupo um pouco mais volumoso de pessoas em relação aos inovadores (mas ainda assim reduzido no que se refere ao total da população – 13,5%). Esse segmento está disposto a aderir às inovações adotadas pelos inovadores. Após esses dois grupos, existe um ponto chamado de abismo, que corresponde a um hiato que divide os formadores de opinião do restante da maioria da população. Transpor esse ponto é fundamen- tal para que uma inovação seja de fato difundida. Ultrapassado o abismo, o próximo grupo é o intitulado maioria inicial (correspondente a 34% do total), que leva mais tempo para aderir a uma inovação, uma vez que aguarda a opinião dos primei- ros grupos sobre um produto e só após se assegurar dos benefícios é que toma uma decisão favorável. Na sequência, existe o grupo denominado maioria tardia (34% da população), representado pelos indivíduos que só aderem a uma inovação depois de saberem que foi testada e aprovada pela maioria da população. Por último, há o grupo dos retardatários (16% dos indivíduos), composto de uma parcela da população muito relutante às mudanças e com menor acesso aos canais de comunicação. Para atingir os diferentes grupos, é necessário abordá-los de ma- neira distinta, utilizando meios e formas de comunicação adequados a cada perfil. Por meio da curva S é possível mensurar o tempo em que a ade- são a qualquer tipo de inovação passa de 0 a 100% da população. O início é plano (inovadores e adotantes iniciais), o meio apresen- ta uma curva bastante inclinada (maioria inicial e maioria tardia) e o final da curva (retardatários) é plano novamente, formando uma curva em formato de S. Considerando a teoria de difusão de inovações, em qual dos cinco grupos de pessoas organizadas de acordo com o tempo de adesão a uma inovação você acredita estar inserido? Justifi- que sua resposta. Atividade 3 Para conhecer um pouco mais sobre o funciona- mento da difusão das inovações e os diferentes perfis de consumidores, assista ao vídeo Difusão de inovações: a curva em “S”. Disponível em: youtu.be/hL- nO498FPY. Acesso em: 19 jun. 2020. (* Embora o vídeo seja bastante explicativo, deve ser feita uma ressalva em relação à informação incorreta de percentagem representativa dos adotantes iniciais, apresentada como 12,5%, quando o correto é 13,5%). Vídeo http://youtu.be/hL-nO498FPY http://youtu.be/hL-nO498FPY Gestão da inovação tecnológica 23 1.5 Gestão da inovação tecnológica Vídeo Nesta seção, anteriormente à apreciação do tema de gestão da inovação tecnológica, é de fundamental importância compreender preliminarmente que a tecnologia se divide em três áreas primá- rias, que serão detalhadas na sequência: produto; processos; e in- formação e comunicação. 1.5.1 Tecnologia e suas três áreas primárias A tecnologia, como já citado anteriormente, é amplamente respon- sável pelos efeitos sociais e econômicos causados pela aplicação de seus resultados. Ademais, é considerada, também, um dos elemen- tos primordiais de impacto na concorrência entre empresas (PORTER, 1998). Nesse contexto, é importante compreender que a tecnologia, como mencionado no início da seção, divide-se em três áreas primá- rias: tecnologia de produto; tecnologia de processos; e tecnologia da informação e comunicação (MATTOS; GUIMARÃES, 2012). Com relação à tecnologia de produto, pode-se afirmar que essa é normalmente a mais evidente, sendo clara a aplicação de atividades de P&D em sua obtenção. Muitas vezes, novos produtos são obtidos de acor- do com a demanda imposta pela sociedade. Em outras, os responsá- veis da área de P&D do setor produtivo procuram se antecipar, criando necessidades que as pessoas nem ao menos sabiam que possuíam (SEBRAE, 2015). Essa antecipação de desejos, frequentemente, aconte- ce por meio de práticas de gestão da inovação que buscam prospectar tecnologias futuras. Destaca-se, ainda, o fato de que muitos produtos tecnológicos gerados instituem a necessidade de criação de produtos complementares, que constituem as denominadas inovações incrementais. A tecnologia de processos, por sua vez, engloba os procedimentos utilizados nas empresas para desempenhar suas atividades, podendo ser específicas para determinado segmento ou de uso geral. A terceira área é a tecnologia de informação e comunicação (TIC), cuja relevância tem sido cada vez maior, especialmente pelo fato de, atualmente, ser a sociedade do conhecimento, em que a informação é 24 Tecnologias aplicadas e inovação o elemento-chave para o desenvolvimento socioeconômico. Portanto, essa terceira área será mais amplamente discutida. Conforme Castells (2005), no final do século XX, houve o início de um novo paradigma tecnológico, em que a tecnologia, tida como cultu- ra material, abriu espaço para a tecnologia da informação. De acordo com o autor, essa revolução tecnológica é tão significativa quanto a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII, considerando que, em ambas as mudanças tecnológicas, o tecido social, econômico e cultural da sociedade foi impactado como um todo. O uso do conhecimento e da informação para a criação de novos conhecimentos, retroalimen- tando o ciclo entre a inovação e sua aplicação, constitui o cerne da atual revolução tecnológica. “Pela primeira vez na história, a mente humana é uma força direta de produção, não apenas um elemento decisivo no sistema produtivo” (CASTELLS, 2005, p. 69). Para se ter uma ideia da importância das TICs no contexto atual, a apresentação de alguns dados e informações é bastante oportuna. No cenário mundial, a União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) para divulga- ção de estatísticas nas áreas de telecomunicações e de tecnologias da informação e comunicação, afirma que 53,6% da população mundial no final do ano de 2019 (aproximadamente 4,1 bilhões de pessoas) fa- zia uso da internet (ITU, 2019). No contexto brasileiro, assim como nos demais países, as TICs têm ganhado muito destaque e sido foco de diversos estudos. Ao consul- tar o documento Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu- nicações (MCTIC) para o período de 2016 a 2022, é possível conferir a intenção dos países em desenvolvimento em reduzir a lacuna digital referente aos países desenvolvidos. No caso brasileiro, os obstáculos que deverão ser superados são a conectividade a valores acessíveis e a disponibilidade tecnológica para áreas longínquas e com reduzida quantidade de habitantes (BRASIL, 2016). Entre as TICs existentes, destacam-se Internet das Coisas, Big Data, computação em nuvem, streaming, realidade virtual, realidade aumen- tada e inteligência artificial. Você pode aprofundar seus conhecimentos a respeito da atual era da informação (com foco especialmente nas TICs), lendo o prestigiado livro A sociedade em rede: a era da informação, do sociólogo espanhol Manuel Castells. CASTELLS, M. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009. Livro Gestão da inovação tecnológica 25 Internet das Coisas Originalmente denominada Internet of Things (IoT), compreende a possibilidade de conectar dispositivos diversos à internet, combase em códigos de comunicação interligando pessoas, objetos, cidades, veículos, entre outros. Estima-se que, em 2025, aproximadamente 75 bilhões de dispositivos conectados de IoT estejam instalados em todo o mundo (CARRION; QUARESMA, 2019). Uma das mais importantes apli- cações de IoT inclui as denominadas smart cities (cidades inteligentes), compreendendo cidades que por meio de TICs utilizam seus recursos de modo mais eficiente, gerando redução de custos. Como consequên- cia, tornam-se mais sustentáveis, além de incrementar a qualidade de vida de seus habitantes (JOÃO; SOUZA; SERRALVO, 2019). Big Data Consiste na área de conhecimento que busca analisar grandes con- juntos de dados, a fim de extrair informações valiosas que possam ser utilizadas na gestão de negócios (MACHADO, 2018). Algumas das aplicações de Big Data incluem: I) smart grid (rede elétrica inteligente), em que a análise de Big Data auxilia na identificação de problemas em transformadores bem como na identificação de comportamentos inco- muns dos dispositivos conectados; II) saúde eletrônica, possibilitando o monitoramento de sintomas dos pacientes on-line para ajustar a pres- crição ou a adequação de planos de saúde pública conforme os sinto- mas da população, por exemplo; III) IoT, em que há vários aplicativos de Big Data compatíveis com empresas de logística, possibilitando, por exemplo, a otimização de rotas de entrega; IV) uso em serviços públi- cos, como o de abastecimento de água, com a utilização de sensores nos dutos para monitoramento do fluxo de água; V) transporte e logís- tica, com o uso de identificação por radiofrequência (RFID) e do sistema de posicionamento global (GPS) para otimização de rotas de ônibus, por exemplo; VI) serviços políticos e monitoramento do governo, em que os dados levantados são utilizados para monitorar tendências polí- ticas, com base em postagens em redes sociais (OUSSOUS et al., 2018). Computação em nuvem Também chamada de cloud computing, compreende a utilização de recursos de computação bastante flexíveis, que podem ser consumi- dos com base no pagamento sob demanda e que são controlados e Para conhecer um pouco mais sobre Big Data e suas potencialidades, assista ao vídeo O que é Big Data?, publicado pelo canal Algar Tech. Disponível em: http://youtu.be/ VIjqX3RhOmc. Acesso em: 22 jun. 2020. Vídeo Conheça o curioso caso de utilização de Big Data por parte da empresa varejista de e-commerce Target e saiba qual cone- xão é possível fazer com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor no Brasil em agosto de 2020. Disponível em: https:// gazetaarcadas.com/2019/08/23/o- case-de-marketing-da-target-e-a- lgpd/. Acesso em: 22 jun. 2020. Curiosidade http://youtu.be/VIjqX3RhOmc http://youtu.be/VIjqX3RhOmc https://gazetaarcadas.com/2019/08/23/o-case-de-marketing-da-target-e-a-lgpd/ https://gazetaarcadas.com/2019/08/23/o-case-de-marketing-da-target-e-a-lgpd/ https://gazetaarcadas.com/2019/08/23/o-case-de-marketing-da-target-e-a-lgpd/ https://gazetaarcadas.com/2019/08/23/o-case-de-marketing-da-target-e-a-lgpd/ 26 Tecnologias aplicadas e inovação suportados por data centers (RASHID et al., 2020). A praticidade em seu uso está relacionada ao fato de que os aplicativos podem ser acessa- dos por meio de qualquer computador que possua acesso à internet. Alguns exemplos de cloud computing são o Google Apps, Dropbox e iCloud (Figura 6). Figura 6 Aplicações de computação em nuvem e Internet das Coisas Computação em nuvem Aplicação Plataforma Infraestrutura Portáteis Telemóveis Monitorização Armazenamento de objetos Conteúdo Identidade Computação Armazenamento Rede Motor de execução Filas Base de dados Colaboração Comunicação Finança Tablets Servidores Desktops IoT Hospital 2.0 Cidade inteligente Logística inteligente Casa inteligente Indústria 4.0 Veículo autônomo Rede inteligente Agricultura 2.0 Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons. St m oo l/ sh ut te rs to ck Streaming É uma ferramenta de distribuição de conteúdo multimídia por meio da internet. Permite ao usuário acessar o material ao fazer o download do aplicativo e criar um perfil para que os recursos sejam atualiza- dos conforme a demanda (OYEDELE; SIMPSON, 2018). Os serviços de streaming mais populares são: YouTube, Netflix e Amazon Prime Video (streamings de vídeo); e iTunes Store e Spotify (streamings de música). Atualmente, o Brasil ocupa a sexta posição no mundo em visualização de streamings, atrás apenas da Índia, da Coreia do Sul, da Austrália, da Indonésia e da Tailândia (CUPONATION, 2019). Realidade virtual e realidade aumentada A imersão do usuário em um mundo virtual, desassociado do mun- do real, possibilitado por diversos efeitos de som e imagens é chamada de realidade virtual. Em outras palavras, trata-se de uma experiência Para entender um pouco mais sobre o conceito e a aplicabilidade da compu- tação na nuvem, assista ao vídeo Você sabe o que é Cloud Computing, ou Computação na Nuvem?, publicado no Canaltech. Disponível em: http://youtu.be/ FDFejm-ovtI. Acesso em: 22 jun. 2020. Vídeo http://youtu.be/FDFejm-ovtI http://youtu.be/FDFejm-ovtI Gestão da inovação tecnológica 27 que inclui a interação e a imersão proporcionada em tempo real por um dispositivo, resultando em imagens gráficas 3D (SILVA et al., 2017). As áreas em que a realidade virtual pode ser aplicada incluem: científi- cas, educacionais, de entretenimento, entre outras. Já a realidade au- mentada, pode ser definida como a associação de objetos virtuais ao ambiente físico do mundo real ampliado, utilizando um equipamento como um smartphone, por exemplo. A realidade aumentada potencia- liza a compreensão e a comunicação entre o usuário e o mundo real. Entre as aplicações, há as ligadas ao entretenimento, caso do jogo ele- trônico Pokémon GO, e as destinadas aos portadores de necessidades especiais, como a utilização de recursos de áudio para usuários com dificuldades visuais (CARMIGNIANI; FURHT, 2011). Inteligência artificial (IA) Pode ser compreendida como a produção de equipamentos que, mediante programação prévia, estejam aptos a assimilar conhecimen- tos utilizando algoritmos bastante estruturados. Tal conhecimento pode ser direcionado para a resolução de problemas e facilitar a co- municação com base nos dados disponibilizados. A IA pode ser sub- dividida em machine learning (aprendizado contínuo) e deep learning (capacitação para a execução de tarefas mais difíceis) (DAMACENO; VASCONCELOS, 2018). O uso adequado das TICs permite às empresas incrementar sua capacidade inovativa, obtendo em troca vantagem competitiva no mercado em que atuam. Ademais, o novo paradigma tecnológico das TICs revoluciona todas as áreas da sociedade, fazendo com que a gestão da inovação tecnológica adquira importância fundamental como ferramenta de gerenciamento das transformações decorren- tes do novo paradigma. 1.5.2 Gestão da inovação tecnológica Na visão de Mattos e Guimarães (2012, p. 63), a “gestão da tecnolo- gia aborda todos os aspectos de planejamento, organização, execução e controle de atividades empresariais desenvolvidas em ambientes in- tensivos em tecnologia”. A gestão da inovação tecnológica, igualmente, engloba o gerencia- mento dos recursos disponíveis por parte da empresa, com o intuito de aperfeiçoar os produtos e processos já disponíveis ou, ainda, de aplicar Ambientado na África do Sul, a força policial em Chappie é composta de robôs providos de inteli- gência artificial. Quando um deles é danificado, seu criador o reconstitui, fazendo com que Cha- ppie tenha emoções e pensamentos próprios. Direção: Neill Blomkamp. Estados Unidos, África do Sul, México. Sony Pictures Entertainment, 2015. Filme Para compreender as características e as diferenças entre a reali- dade virtual e a realidade aumentada, assista ao vídeo Qual é a diferença entre Realidade Virtual e Realidade Aumentada, publicado pelo canal GCFAprendeLivre.Disponível em: http://youtu.be/ oJvFwen0ExI. Acesso em: 28 maio 2020. Vídeo https://pt.wikipedia.org/wiki/Neill_Blomkamp https://pt.wikipedia.org/wiki/Sony_Pictures_Entertainment https://pt.wikipedia.org/wiki/Sony_Pictures_Entertainment http://youtu.be/oJvFwen0ExI http://youtu.be/oJvFwen0ExI 28 Tecnologias aplicadas e inovação o conhecimento para criar outros, que possam vir a ser produzidos e comercializados. Uma gestão tecnológica bem realizada é um dos as- pectos mais relevantes para o sucesso de uma empresa (LOUREIRO, 2000). Ainda, nas palavras de Mattos e Guimarães (2012, p. 61), “a tec- nologia é provavelmente o mais importante fator para o aumento da competitividade global de uma empresa”. E quais os fatores necessários para uma gestão da inovação tec- nológica de qualidade? Além de proteger a tecnologia utilizando os mecanismos de propriedade intelectual e realizar a transferência de tecnologia, efetuar práticas de inovação como benchmarking, vigilân- cia tecnológica e prospecção tecnológica (LOUREIRO, 2000). Ressalta-se que a gestão da inovação tecnológica deve ser realizada de acordo com as características de cada organização, pois não há um modelo ideal que possa ser aplicado de maneira generalizada. Nesse sentido, além da escolha das práticas de inovação mais adequadas e da proteção e transferência da tecnologia, as empresas devem selecio- nar os projetos que representem maiores oportunidades de sucesso. Dessa forma, pode-se imaginar esse processo como um funil de inova- ção, também denominado funil de oportunidades (Figura 7). Figura 7 Funil de inovação Filtro 1 Fase 1 Geração de ideias de produto/ processo e desenvolvimento do conceito. Detalhamento das fronteiras do projeto e do conhecimento requerido. Desenvolvimento rápido e focado de projetos de diferentes tipos. Fase 2 Fase 3 Filtro 2 Embarcar Fonte: Bagno, Melo e Cheng, 2018, p. 14. Ao analisar a Figura 7, é possível perceber a imagem de um funil com uma entrada bem ampla, que representa a captação das mais va- riadas ideias, um corpo um pouco mais estreito em que há análise e de- talhamento das tecnologias e, por último, uma saída bastante estreita, Transferência de tecnologia: trata-se do processo de trans- missão de conhecimento técnico de uma instituição para outra. No caso do Brasil, os contratos de transferência de tecnologia são averbados pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Glossário Gestão da inovação tecnológica 29 o que evidencia que as organizações precisam investir seus escassos recursos em tecnologias promissoras, a fim de que sejam comerciali- záveis e lucrativas (BAGNO; MELO; CHENG, 2018). O funil de inovação pode, então, ser considerado um “método visual para lidar com novas ideias e inovações, e fornece uma base adequada para representar, monitorar e gerir a inovação na empresa” (GAVIRA et al., 2007, p. 80). De maneira bastante ilustrativa, é possível verificar na Figura 8 as diversas etapas do funil de inovação, iniciando pelo levantamento (1); na sequência, pelo processo de seleção (2); delimitação dos recursos disponíveis (3); implementação (4); e, por último, culminando na apren- dizagem (5). Figura 8 Processo de gestão da inovação 1 Levantamento 2 Seleção 5 Aprendizagem 3 Definição de recursos 4 Implementação Reconhecimento e recompensa Capacitação Comunicação Criatividade Inovação introduzida ou implementada Recursos para implementar Proposta de ideias Oportunidade(s) e estratégia(s) definida(s) Fonte: Carvalho, Reis e Cavalcante, 2011, p. 57. Vale ressaltar, igualmente, que a gestão tecnológica concerne à competência da empresa de tornar produtivo o conhecimento e a informação, além de ter também como meta sempre a melhoria contínua. À vista disso, a empresa deve ser compreendida de modo abrangente, tornando imperativa a necessidade de se adaptar a novos cenários, operando em um ambiente dinâmico com base na troca de informações, serviços e recursos. Para saber mais sobre o funil de inovação, leia o artigo Gestão da inovação tecnológica: uma análise da aplicação do funil de inovação em uma organi- zação de bens de consumo. Disponível em: https:// www.redalyc.org/ pdf/1954/195416699005.pdf. Acesso em: 22 jun. 2020. Saiba mais https://www.redalyc.org/pdf/1954/195416699005.pdf https://www.redalyc.org/pdf/1954/195416699005.pdf https://www.redalyc.org/pdf/1954/195416699005.pdf 30 Tecnologias aplicadas e inovação 1.6 Práticas de gestão da inovação O despertar de uma consciência quanto à importância da inovação vem sendo comprovado pela ampla discussão do tema nos mais diver- sos setores. Nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, o debate sobre essa questão revela-se de suma importância para ala- vancar o desenvolvimento econômico e social. Nesse sentido, diversas são as práticas de inovação desenvolvidas com o objetivo de contribuir para o processo de gestão da inovação e, consequentemente, vir a gerar vantagens competitivas para o setor pro- dutivo. Entre elas, serão tratadas as práticas de: prospecção tecnológica, roadmap, inteligência competitiva, vigilância tecnológica e benchmarking. Prospecção tecnológica Pode ser compreendida como o conjunto de atividades de sondagem das transformações tecnológicas com o objetivo de adicionar conheci- mento ao processo de gestão tecnológica. É uma busca de informações que possam ajudar a prever possíveis futuros cenários tecnológicos (AMPARO; RIBEIRO; GUARIEIRO, 2012). A prática de prospecção tecnoló- gica permite a identificação de gargalos científicos e tecnológicos, possi- bilitando a abertura de janelas de oportunidades para a implementação da atividade de P&D com consequente impacto social. Aliado ao conceito de janelas de oportunidades, há também o de leapfrogging, que é o salto dado pelas empresas quando surge uma tecnologia disruptiva, a fim de se inserir em áreas de alta densidade tecnológica, sem a necessidade de transcorrer as fases intermediárias (TIGRE; NASCIMENTO; COSTA, 2016). Roadmap Prática que teve início com a indústria automotiva dos Estados Unidos, mas que foi alavancada especialmente pela empresa Motorola entre as décadas de 1970 a 1980 (PROBERT; RADNOR, 2003). Essa ferra- menta busca prever as etapas indispensáveis para atingir os objetivos tecnológicos almejados, podendo ser utilizadas em sua estruturação, entre outras técnicas, como questionários, entrevistas e pesquisa de patentes (RIBEIRO et al., 2018). Os roadmaps “estruturam a planificação estratégica e o desenvolvimento, a exploração de caminhos de cresci- mento e o acompanhamento das ações que permitem chegar aos ob- jetivos” (COELHO; BOTELHO JR.; TAHIM, 2012, p. 170). O termo janelas de oportunida- des decorre da descontinuação de um caminho tecnológico em que surgem novas oportunida- des. A ocorrência de inovações disruptivas abre janelas de oportunidades para que novas empresas especializadas na tecnologia inovadora possam despontar (TIGRE; NASCIMENTO; COSTA, 2016). Importante Um exemplo bastante atual de leapfrogging é o Nubank, uma das mais importantes fintechs (abreviação de tecnologia finan- ceira) do mundo. O Nubank é uma startup brasileira que presta serviços bancários por meio da utilização de smartphones, de maneira bem menos burocrática que os bancos tradicionais, dis- ponibilizando acesso a serviços como cartão de crédito a taxas reduzidas. Curiosidade Vídeo Gestão da inovação tecnológica 31 Figura 9 Esquema de roadmap tecnológico Tempo M1 M2Mercado Investimento de capital/finanças Cadeia de suprimentos Funcionários/ Habilidades Produto Tecnologia Recursos Programas de P&D P1 T1 PD1 PD2 PD4 PD6 PD5PD3 T2 T3 T4 P2 P3 P4 Fonte: Adaptada de Phaal, 2018, p. 133. De acordo com Phaal (2018), o roadmap tecnológico é uma impor- tante técnica de suporte ao planejamento e gerenciamento tecnológico em uma empresa. Embora possa apresentar diversas configurações, a maisaceita é a proposta pela European Industrial Research Management Association (EIRMA), uma organização independente, sem fins lucrati- vos, que busca a troca de experiências e melhores práticas em geren- ciamento de P&D. Com base no tempo, são apresentadas as diversas etapas sob as perspectivas comercial e tecnológica, demonstrando que há ligações entre os diferentes segmentos (Figura 9). Inteligência competitiva É um procedimento de prospecção de curto prazo, que consiste em uma avaliação do cenário produtivo, bem como do desempenho da concorrência, possibilitando à organização manter sua posição de mercado ou obter uma vantagem competitiva. No caso específico da inteligência competitiva tecnológica, são levantados e considerados os dados relativos à ciência e tecnologia, visando identificar as tendências de mercado em um cenário de longo prazo (RIBEIRO et al., 2018). 32 Tecnologias aplicadas e inovação Para que a inteligência competitiva produza resultados satis- fatórios, há que se realizar o mapeamento e a prospecção de da- dos, informações e conhecimento tanto internos quanto externos à organização. Além disso, requer o conhecimento de todos os stakeholders (VALENTIM, 2002). “A inteligência competitiva pressu- põe o desenvolvimento da capacidade de identificar, sistematizar e interpretar sinais do ambiente externo das organizações, para ali- mentar processos de decisão” (CANONGIA et al., 2004, p. 232). Vigilância tecnológica É uma ferramenta de baixo custo que possibilita a adequação das tecnologias existentes àquelas que se destacam no segmento. Nesse processo, não há criação de uma tecnologia, nem a possibilidade de haver exclusividade sobre seu uso. O benchmarking é um caso de vigi- lância tecnológica (REIS, 2008). É importante destacar que a vigilância tecnológica está orientada à coleta e análise minuciosa de informa- ções científicas no presente (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011), sendo importante a detecção de ameaças e oportunidades externas à organização para auxiliar no processo de tomada de decisões. Benchmarking Consiste basicamente em uma “ferramenta de gestão utilizada para avaliar vários aspectos de uma organização em comparação às melhores práticas do setor” (TOLEDO, 2009, p. 144). De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU, 2000), existem três tipos de benchmarking: benchmarking organizacional, em que são com- paradas instituições entre si com foco no reconhecimento de boas práticas; benchmarking de desempenho, em que a comparação se dá por meio de indicadores de desempenho; benchmarking de pro- cesso, que tem como base a confrontação de processos organiza- cionais, podendo ocorrer no nível interno (entre departamentos de uma mesma instituição) ou no nível externo (entre instituições). No caso específico da prática de benchmarking tecnológico, tem-se como consequência a exposição das lacunas (gaps) tecnológicas existentes entre uma instituição e as demais organizações líderes em determinado segmento, devendo, portanto, ser uma prática constantemente utilizada. (do inglês, stake = participação e holder = titular, detentor), representa a parte interessada em uma instituição, empresa ou em um negócio específico, podendo ser um indivíduo ou um grupo. Glossário Conheça um exemplo de aplicação prática de benchmarking disponível por aplicativo ao usuário comum. Para isso, leia o artigo Aplicativo permite testar o desempenho do celular e a saúde da bateria, do autor Filipe Garrett, publicado no site TechTudo. Disponível em: https://www. techtudo.com.br/tudo-sobre/ antutu-benchmark.html. Acesso em: 22 jun. 2020. Site https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/antutu-benchmark.html https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/antutu-benchmark.html https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/antutu-benchmark.html Gestão da inovação tecnológica 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Investimentos em inovação geram impactos benéficos à sociedade. Entre eles, podem ser citados o aumento do nível socioeconômico da população, proporcionado pela elevação da taxa de emprego e o conse- quente aumento do nível de renda. Em termos de nação, a inovação traz como resultado a independência tecnológica em relação a outros países. Tendo em mente tais efeitos positivos, este capítulo se propôs a auxiliar na compreensão dos principais conceitos relacionados ao tema em ques- tão, os tipos de inovação existentes, os impactos causados pela inovação e de que forma ocorre seu processo de difusão. Por fim, o entendimento de como transcorre a gestão da inovação tecnológica e as principais práti- cas de inovação conclui essa primeira etapa de fundamental importância. O campo de conhecimento relativo à inovação é extremamente vasto. Portanto, não foi objetivo deste capítulo esgotar a análise dos tópicos es- tudados, mas apontar, para você, caminhos e estimular o aprofundamen- to de tais conhecimentos. Boa sorte em seus estudos! REFERÊNCIAS AMPARO, K. K. dos S.; RIBEIRO, M. do C. O.; GUARIEIRO, L. L. N. Estudo de caso utilizando mapeamento de prospecção tecnológica como principal ferramenta de busca científica. Perspectivas em ciência da informação, v. 17, n. 4, p. 195-209, 2012. AUDY, J. A inovação, o desenvolvimento e o papel da universidade. Estudos Avançados, v. 31, n. 90, p. 75-87, 2017. BAGNO, R. B.; MELO, J.; CHENG, L. C. Gestão da inovação. In: BAGNO, R. B.; PEREIRA, M. C. (org.). Tópicos selecionados em organização industrial: um guia para o ensino superior. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2018. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – 2016|2022. Brasília, DF: MCTIC, 2016. Disponível em: http://www.finep.gov.br/images/a-finep/Politica/16_03_2018_Estrategia_Nacional_de_ Ciencia_Tecnologia_e_Inovacao_2016_2022.pdf. Acesso em: 22 jun. 2020. CANONGIA, C. et al. 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A descoberta dos raios X pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen está situada no quadrante do canto superior direito, em que há uma intensa procura por novos conhecimentos com a busca por aplicações práticas. http://www.profnit.org.br/wp-content/uploads/2018/08/PROFNIT-Serie-Prospeccao-Tecnologica-Volume-1-1.pdf http://www.profnit.org.br/wp-content/uploads/2018/08/PROFNIT-Serie-Prospeccao-Tecnologica-Volume-1-1.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/a36463047c11566616e5350f6efeaf3f/$File/5624.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/a36463047c11566616e5350f6efeaf3f/$File/5624.pdf https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A258FE9A84015904136B817E27 https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A258FE9A84015904136B817E27 36 Tecnologias aplicadas e inovação 2. A inovação disruptiva possui como característica o fato de representar uma ruptura com o status quo, criando demandas e mercados, ao passo que a inovação incremental se caracteriza por constituir a introdução de uma melhoria em um produto ou proces- so existente, ocorrendo sempre no mesmo nível tecnológico da inovação disruptiva correspondente. 3. (Reposta pessoal). Vale lembrar que os cinco grupos de indivíduos classificados con- forme o tempo que aderem a uma inovação são: 1) inovadores (2,5% da população), que constituem os primeiros a experimentar um produto, caracterizados como indiví- duos dispostos a correr riscos; 2) adotantes iniciais (13,5% do total), tidos como for-madores de opinião, sentem-se estimulados a experimentar as inovações já testadas pelos inovadores; 3) maioria inicial (34% da população), tomam a decisão de testar um novo produto após saber a opinião e conhecer os benefícios apontados pelos dois primeiros grupos; 4) maioria tardia (34% dos indivíduos), aguardam uma ampla disseminação da inovação para tomarem uma decisão de aquisição; e 5) retardatá- rios (16% do total), grupo muito resistente às mudanças, que só adere a uma inovação (algumas vezes nem a adota) quando a maioria da população já a utiliza, ressaltando que são indivíduos com baixo acesso aos canais de comunicação. Inovação e seus fundamentos tecnológicos 37 2 Inovação e seus fundamentos tecnológicos A sociedade passou por muitas transformações ao longo de toda sua história. Contudo, para o tema da inovação, destacam-se os fatos ocorridos após a Revolução Industrial, com o surgimento do capitalismo industrial, também denominado industrialismo. Buscando conhecer um pouco mais sobre essa trajetória, este capítulo tratará, inicialmente, do tema inovação e sua relação com uma das principais personalidades ao se refletir sobre o assunto – Joseph Schumpeter. Como não podia ser diferente, serão anali- sados também os desdobramentos dos estudos de Schumpeter, com os avanços de suas teorias realizados pelos denominados neoschumpeterianos. Na sequência, serão apresentadas as cinco revoluções tecno- lógicas, contendo suas principais características e pensadores de destaque de cada período. Por último, por meio de um panorama da inovação no Brasil, serão contemplados alguns dos principais indicadores relativos ao tema, como volume de artigos científicos, bem como mestres e doutores titulados, entre outros. 2.1 Schumpeter e inovação Vídeo Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) foi um dos economistas mais célebres da história. Seus esforços aconteceram especialmente no campo das inovações tecnológicas. Foi autor de diversas obras muito prestigiadas, como Teoria do desenvolvimento econômico (1912), Ciclos econômicos (1939) e Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942). https://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo,_Socialismo_e_Democracia 38 Tecnologias aplicadas e inovação Uma das maiores contribuições de Schumpeter partiu dos estudos realizados pelo economista russo Nikolai Kondratieff. Em 1922, no li- vro A economia mundial e sua conjuntura durante e depois da guerra, Kondratieff reconheceu pela primeira vez a existência do fenômeno das ondas longas (ciclos econômicos), de aproximadamente 50 anos de duração. Entretanto, apesar de seus estudos terem sido de extrema relevância, o autor não foi capaz de atribuir fatores causais específicos para tais ondas. Schumpeter, então, debruçando-se sobre tal estudo, atribuiu as ondas de Kondratieff às revoluções tecnológicas e ao processo de disseminação de inovações na economia mundial. De acordo com o raciocínio de Schumpeter, o desenvolvimento econômico ocorre por meio de um processo dinâmico alicerçado nas denominadas inova- ções radicais, em que há descontinuidade no processo econômico. Segundo ele, as novas tecnologias substituem as antigas, em um mo- vimento chamado destruição criadora, o qual ele considera a essência do capitalismo (SCHUMPETER, 1961), em que se destrói o velho para se construir o novo. Com base nos estudos de Karl Marx, Schumpeter estabeleceu sua teoria do desenvolvimento amparada na concepção de monopólio temporário do inovador. Nessa concepção, a duração de uma novida- de está relacionada ao tempo necessário para o concorrente realizar a reprodução, e algumas vezes, à proteção legal gerada pelas patentes (TIGRE, 2006). De acordo com a linha de raciocínio de Schumpeter, o lucro é resul- tado de um processo de inovação, tendo destaque a figura do empreen- dedor (KISHTAINY et al., 2013), o qual representa o indivíduo que assume riscos e que pode ser considerado um herói do desenvolvimento. Essa figura retrata aquele que está disposto a sair da zona de conforto e ir além do status quo. Os estudos de Schumpeter produziram, ainda, terreno fértil para que outros pensadores pudessem desenvolver novos trabalhos. Tais estudiosos são denominados neoschumpeterianos, destacando-se entre eles nomes como Christopher Freeman, Carlota Perez, Richard Nelson, Nathan Rosenberg, Sidney Winter e Giovanni Dosi. Essa corrente de pensamento vem contribuindo para o entendimento das revoluções tecnológicas, desde o início dos anos 1980, analisando o papel funda- mental das inovações (LASTRES; FERRAZ, 1999). Figura 1 Schumpeter Wikimedia Commons W ik im ed ia C om m on s Nikolai Dimitrievich Kondratieff (1892-1938), economista russo, célebre pelo pioneirismo na busca por demonstrar estatisti- camente o fenômeno das ondas longas, ciclos econômicos de aproximadamente 50 anos, co- nhecidos posteriormente como ciclos de Kondratieff. Como suas ideias eram contrárias às de Stalin, acabou por ser executado. Biografia Para conhecer um pouco mais sobre Schumpeter e suas ideias, assista ao vídeo A Evolução de Schumpeter, produzido pelo Grupo Design e Inovação. Disponível em: https://youtu.be/ YNhO5wHib98. Acesso em: 18 jun. 2020. Vídeo https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Christopher_Freeman&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carlota_Perez&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Nathan_Rosenberg&action=edit&redlink=1 https://youtu.be/YNhO5wHib98 https://youtu.be/YNhO5wHib98 Inovação e seus fundamentos tecnológicos 39 Partindo das definições de destruição criadora e inovação disrupti- va, surge o conceito de paradigmas científicos, estabelecido pelo filósofo Thomas Kuhn (1922-1996) em sua análise do progresso da ciência. Con- forme Kuhn, a ciência progride por meio da conquista de novos para- digmas (LASTRES; FERRAZ, 1999), recebendo nomenclaturas diversas, especificamente paradigma tecnológico (DOSI, 1982) e paradigma tec- noeconômico (PEREZ, 1983). Ambos significam a natureza descontínua decorrente do crescimento econômico ao longo da história, resultado das inovações tecnológicas. De acordo com Giovanni Dosi (1982), o paradigma tecnológico en- globa um conjunto de trade-offs técnicos e econômicos realizados pe- las empresas em determinadas circunstâncias. Essas escolhas, contidas em uma estrutura técnico-produtiva, moldam as trajetórias tecnológi- cas. Posteriormente, Cristopher Freeman e Carlota Perez, de acordo com Fuck (2007), expandiram esse conceito de paradigma tecnológico, passando a analisar outros fatores além do progresso técnico no es- tudo do processo competitivo. Esses autores buscaram compreender os motivos pelos quais certas indústrias funcionam como motores do crescimento em determinados períodos e quais as razões das mudan- ças de estratégias competitivas das empresas mediante transforma- ções no ambiente de inovação. Três características configuram um grupo de inovações ou elemen- tos essenciais encontrados em cada paradigma: 1) extensas possibi- lidades de uso; 2) redução contínua do custo unitário; e 3) demanda crescente. O novo paradigma propicia ganhos de produtividade, pois novas possibilidades econômicas irrompem. Comumente é nos países desenvolvidos que surgem elevados investimentos nas indústrias que integram o centro desse novo paradigma. “Cada novo paradigma tecno- -econômico traz novas combinações de vantagens políticas, sociais, eco- nômicas e técnicas, tornando-se o estilo dominante durante uma longa fase de crescimento e desenvolvimento econômico” (LASTRES; FERRAZ, 1999, p. 32, grifo do original). Muitos autores neoschumpeterianos dividem a evolução do capi- talismo em cinco revoluções tecnológicas, em que novas formas de crescimento e novos ajustes produtivos ocorrem em cada uma delas. Carlota Perez, por sua vez, autora venezuelana neoshumpeteriana, é estudiosa do processo de disseminação ocorrido em cada revolução tecnológica bem como de seus efeitos transformadoresem todos os trade off: termo em inglês que significa troca, consistindo na escolha de uma opção em prejuízo de outra. Glossário 40 Tecnologias aplicadas e inovação aspectos da economia e da sociedade; entre eles, a influência nos rit- mos do crescimento econômico. Seus estudos têm como base as análi- ses de Kondratieff a respeito dos longos ciclos econômicos na trajetória capitalista, buscando compreender as mudanças decorrentes do surgi- mento de novos paradigmas tecnoeconômicos. No Quadro 1 são apresentadas as cinco revoluções tecnológicas desde a Revolução Industrial, contemplando as principais indústrias e infraestruturas de cada período, conforme o modelo de Perez (2009). Ainda, são expostas as datas aproximadas de ocorrência das ondas de Kondratieff, de acordo com o modelo estabelecido por Freeman e Soete (2008). Desse modo, no momento em que as oportunidades de investimentos relativas ao novo paradigma passam a se tornar reduzidas, há uma elevação do nível de investimento nos países em desenvolvimento. Quadro 1 Cinco revoluções tecnológicas: principais indústrias e infraestruturas. Revolução tecnológica Ondas de Kondratieff Novas tecnologias e indústrias ou redefinidas Infraestruturas novas ou redefinidas Primeira: Revolução Industrial (1780-1840) Revolução Indus- trial: produção em fábricas de têxteis • Indústria mecanizada de al- godão. • Ferro forjado. • Maquinário. • Canais e vias navegáveis. • Estradas pedagiadas. • Água potável (rodas de água altamente melhoradas). Segunda: Idade do vapor e das ferrovias (1840-1890) Era da energia a vapor e das ferrovias • Motores a vapor e maquiná- rio (fabricados em ferro, ali- mentados a carvão). • Mineração de ferro e carvão (que agora desempenha um papel central no crescimen- to).* • Construção de vias férreas. • Produção de frota de trens. • Energia a vapor para muitas indústrias (incluindo têxteis). • Estradas de ferro (uso de motor a vapor). • Serviço postal universal. • Telégrafo (principalmente a nível nacional ao longo das linhas ferroviárias). • Grandes portos, grandes depósitos e navios à vela em todo o mundo. • Gás da cidade. (Continua) Inovação e seus fundamentos tecnológicos 41 Revolução tecnológica Ondas de Kondratieff Novas tecnologias e novas indústrias ou redefinidas Infraestruturas novas ou redefinidas Terceira: Idade do aço, da eletricidade e da engenharia pesada (1890-1940) Era da eletricidade e da siderurgia • Aço barato (especialmente aquele advindo do processo Bessemer). • Pleno desenvolvimento da máquina a vapor para navios de aço. • Química pesada e engenharia civil. • Indústria de equipamentos elétricos. • Cobre e cabos. • Alimentos enlatados e engarra- fados. • Papel e embalagens. • Transporte mundial em na- vios a vapor rápidos (uso do Canal de Suez). • Ferrovias transcontinentais (uso de trilhos e parafusos de aço baratos em tama- nhos padrão). • Grandes pontes e túneis. • Telégrafo mundial. • Telefone (principalmente na- cionalmente). • Redes elétricas (para ilumi- nação e uso industrial). Quarta: Idade do petróleo, do automóvel e da produção em massa (1940-1990) Era da produ- ção em massa (“fordismo”) de automóveis e de materiais sinté- ticos • Automóveis produzidos em massa. • Óleo e combustíveis baratos. • Petroquímicos (sintéticos). • Motor de combustão interna para automóveis, transporte, tratores, aviões, tanques de guerra e eletricidade. • Eletrodomésticos. • Alimentos refrigerados e con- gelados. • Redes de estradas, rodovias, portos e aeroportos. • Redes de dutos de óleo. • Eletricidade universal (indús- tria e residências). • Telecomunicações analógi- cas mundiais (telefone, telex e cabograma) com e sem fio. Quinta: Idade da informa- ção e das teleco- municações (1990-?) Era da mi- croeletrônica e das redes de computadores • A revolução da informação. • Microeletrônica barata. • Computadores, software. • Telecomunicações. • Instrumentos de controle. • Biotecnologia auxiliada por computador e novos materiais. • Telecomunicações digitais mundiais (cabo, fibra ótica, rádio e satélite). • Internet/correio eletrônico e outros serviços eletrônicos. • Fonte múltipla, uso flexível, redes de eletricidade. • Ligações de transporte físico multimodal de alta velocida- de (por terra, ar e água). Fonte: Adaptado de Perez, 2009; Freeman e Soete, 2008, p. 47. * Essas indústrias tradicionais adquiriram um novo papel e um novo dinamismo ao servirem como material e combustível do mundo das ferrovias e maquinaria. 42 Tecnologias aplicadas e inovação Na Figura 2, podemos verificar que os aproximados 50 anos de uma onda longa de desenvolvimento são divididos em três períodos, con- forme Arend e Fonseca (2012): instalação, equivalente aos 20-30 anos iniciais do paradigma tecnoeconômico; intervalo de reacomodação, duração de poucos anos até aproximadamente uma década; e des- prendimento, duas ou três décadas seguintes, em que há a dissemi- nação total da revolução tecnológica. Figura 2 Sequência recorrente na relação entre o capital financeiro e o capital produtivo em uma onda longa de desenvolvimento. Fonte: Arend e Fonseca, 2012, p. 37. Grau de difusão da revolução tecnológica Período de instalação Onda anterior Difusão forçada e liderada pelo capital financeiro Big-bang Colapso Recomposição institucional FRENESI Bolha tecnológica Inflação no valor dos ativos Dominância financeira Intenso crescimento dos setores- núcleo da revolução e da infraestrutura IRRUPÇÃO Revolução tecnológica Financiamento intensivo de novas tecnologias Desprezo por ativos tradicionais Capital financeiro “casado com a revolução” Intervalo de reacomodação Período de desprendimento Crescimento coerente Dominância do capital produtivo Plena expansão do potencial inovativo e do mercado ÉPOCA DE BONANÇA Próxima onda Próximo big-bang TEMPO Oportunidades de investimento decrescentes “Dinheiro ocioso” movendo-se para outras áreas, setores e regiões SINERGIA MATURIDADE O período de instalação se subdivide em: irrupção e frenesi. O pri- meiro consiste no período que o capital financeiro se une ao capital produtivo, pois a perspectiva de geração de riqueza é muito alta. No segundo, o capital financeiro fica tão interessado pelo lucro que vislum- bra, que acaba gerando uma bolha tecnológico-financeira. Isso faz com que haja uma elevação acentuada dos preços dos ativos financeiros, ocasionando um colapso financeiro. Nessa fase, predominam as ideias do liberalismo. Inovação e seus fundamentos tecnológicos 43 No período denominado intervalo de reacomodação, o Estado passa a intervir, estabelecendo critérios de longo prazo do capital pro- dutivo, em substituição aos critérios financeiros de curto prazo para o investimento. Cada política adotada é única, pois se adequa às particu- laridades de cada paradigma. O período de desprendimento se subdivide em sinergia, em que há dominância do capital produtivo, com plena expansão do potencial de inovação e maturidade, na qual há decréscimo das oportunidades de investimento, gerando um volume de “dinheiro ocioso” em busca de novas oportunidades. Apesar de haver ainda uma parcela de descrença sobre a existên- cia de um princípio de ondas longas de desenvolvimento, a economia mundial se comporta de maneira muito diversa à apregoada pela eco- nomia neoclássica – de maneira equilibrada e contínua. A análise de ciclos longos de desenvolvimento permite compreender a influência das inovações e os aspectos da infraestrutura presentes em cada para- digma (TIGRE, 2006). Para fixar o conteúdo acerca das ondas longas de desenvolvi- mento, enumere e explique os períodos em que elas se subdividem. Atividade 1 2.2 Revoluções tecnológicas Vídeo A sociedade passou por muitas transformações e avanços ao longo de sua trajetória. Entre as razões que impeliram as transformaçõesda sociedade industrial para a sociedade do conheci- mento estão o progresso tecnológico, a educação, o conhecimento, a mudança no papel do Estado e a globalização da economia (FONTANELA, 2017). No intuito de contextualizar a tecnologia com re- lação à evolução histórica humana, bem como sob o prisma dos mais renomados pensadores, optou-se por utilizar a classificação adotada por Perez (2009) – conforme o Quadro 1 –, que divide a história, a partir da Revolução Industrial, em cinco revoluções tecno- lógicas, cada uma apresentando novos paradigmas tecnoeconômicos. Vídeo Para saber mais sobre os 200 anos da economia global, desde a Revolução Industrial, assista ao vídeo A imaginação econômica, publicado pelo canal Companhia das Letras. Disponível em: https://youtu. be/RaggxZrWfSY. Acesso em: 17 jul. 2020. https://youtu.be/RaggxZrWfSY https://youtu.be/RaggxZrWfSY 44 Tecnologias aplicadas e inovação 2.2.1 Primeira Revolução Tecnológica – Revolução Industrial (1780-1840) Figura 3 Representação da Primeira Revolução Tecnológica - Revolução Industrial W ik im ed ia C om m on s No século XV, diante de uma crise do feudalismo, surgiu um conjun- to de práticas econômicas denominadas mercantilismo, que estimulava a acumulação de reservas de metais preciosos sob a intervenção do Estado. Esse movimento representava a passagem do período feudal para o capitalismo. Até o início do século XVIII, a atividade econômica predominante era a agricultura, com os fisiocratas franceses considerando que a riqueza era medida pelo excedente econômico dessa atividade. Eram adeptos do conceito de laissez-faire, ou seja, do liberalismo econômico, em que o Estado só interviria para a proteção dos direitos de propriedade. Embo- ra existissem corporações de ofício voltadas ao trabalho cooperativo, ainda não havia o conceito de fábrica, e os trabalhos eram realizados de modo artesanal (TIGRE, 2006). À vista disso, é importante ressaltar que, embora a França possuísse maior desenvolvimento científico-tecnológico, as estruturas sociais da época eram estáticas; não permitindo mobilidade social. Esse cenário se reproduzia nas instituições, o que impossibilitava considerável pro- gresso. Por outro lado, a Inglaterra conquistou posição de destaque e, como bem disse Hobsbawm (2007), foi a predisposição institucional Inovação e seus fundamentos tecnológicos 45 para o desenvolvimento que possibilitou o êxito inglês. Assim, um as- pecto fundamental dessa dinâmica foi a união Estado-empresariado, fator escasso no território francês durante a Era das Revoluções. Dessa forma, a Inglaterra possuía, nesse momento, um conjunto de características sociais, políticas e econômicas propícias às transfor- mações criadas pela Revolução Industrial. Entre os atributos essenciais para ser uma nação com elevado potencial de geração de crescimento econômico estavam a acumulação de capital; localização geográfica; relativa mobilidade social; princípios favoráveis à inovação e aos ne- gócios; conjunto de técnicas industriais; possibilidade de obtenção de financiamentos e acesso a relevantes mercados, por seu sistema pre- ponderantemente comercial; além de sua tradição científica (FREEMAN; SOETE, 2008). Ademais, a Inglaterra, por possuir um sistema jurídico autônomo, que assegurava tanto a propriedade física quanto intelectual (por inter- médio das patentes), garantiu aos capitalistas a segurança necessária quanto a seus bens. Vale ainda destacar que o principal fator para uma mudança tão profunda da ordem era a aceitação de que os resulta- dos advindos do processo de mecanização superariam os custos de implantação e a relutância dos trabalhadores (TIGRE, 2006) Nesse sentido, o conceito de progresso tecnológico, que ocorre por meio da inovação e da geração de conhecimento como motor para o crescimento econômico, começa a fazer parte do pensamento econômico a partir do final do século XVIII (SOETE; WEEL, 1999). Os progressos materiais que mais chamam atenção nesse período são: 1) a alteração da fonte de energia humana e animal pelo vapor; 2) recursos mecânicos substituindo aptidões humanas; e 3) aperfeiçoa- mento das técnicas de extração e transformação das matérias-primas (LANDES, 1994). Essa conjunção de fatores acabou por criar um cenário propício à racionalização e especialização do trabalho, muito bem apontadas por Weber (1972) como um novo modelo de administração. Em seu livro, A ética protestante e o espírito do capitalismo, Weber identifica o surgi- mento das burocracias em paralelo ao início do capitalismo, conside- rando a economia monetária, o princípio do Estado-nação centralizado e a propagação da ética protestante, a qual justificava o trabalho como um dom divino e incentivava a formação de poupança em detrimen- Na ta ta /S hu tte rs to ck Max Weber (1864-1920) foi um dos mais conceituados so- ciólogos da história. Nascido na Alemanha, suas ideias tiveram repercussão ainda nas áreas de filosofia, ciência política, eco- nomia, direito e administração. Uma de suas mais importantes contribuições foi estabelecer a racionalização da sociedade capitalista moderna. Biografia 46 Tecnologias aplicadas e inovação to do consumismo exacerbado (CHIAVENATO, 2003). Além da reforma protestante, a redução do poder da nobreza e do clero e a subsequente redistribuição de terras e bens da Igreja contribuíram para a reestrutu- ração da Inglaterra. Nesse período, destacaram-se pensadores como Adam Smith e David Ricardo, que consideravam a tecnologia peça central para o crescimento econômico, até mesmo por presenciarem as transforma- ções ocorridas na Revolução Industrial. Adam Smith previu, inclusive, o surgimento do que hoje denomina-se pesquisa, desenvolvimento e ino- vação; Ricardo foi capaz de vislumbrar um sistema de produção com- pletamente automatizado. Foram, portanto, visionários ao analisar e esmiuçar as atividades econômica e tecnológica intrínsecas à proprie- dade privada dos meios de produção (KURZ, 2013). Biografia Adam Smith (1723-1790), economista escocês, é tido como o precursor da economia moderna, tendo estabelecido os preceitos do liberalismo econô- mico. Sua obra mais ilustre é Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações (1776), na qual tencionou postular que a riqueza das nações era resultado da ação de indivíduos que, mesmo pensando apenas em proveito próprio, impactavam no crescimento econômico e na evolução tecnológica. W ik im ed ia C om m on s Biografia David Ricardo (1772-1823), nascido no Reino Unido, foi o economista funda- dor da escola clássica inglesa de economia política ao lado de teóricos como Adam Smith e Thomas Malthus. Criador da teoria da vantagem comparativa, baseada nos preceitos do valor-trabalho, a qual presta suporte à teoria do comércio internacional. W ik im ed ia C om m on s Nesse sentido, a tecnologia propiciou a formação de vantagens comparativas, introduzindo novos processos e produtos que poupa- vam recursos escassos e estimulavam o emprego de fontes de energia e material diferenciados (TIGRE, 2006). Inovação e seus fundamentos tecnológicos 47 2.2.2 Segunda Revolução Tecnológica – Idade do vapor e das ferrovias (1840-1890) Figura 4 Segunda Revolução Tecnológica - Idade do vapor e das ferrovias W ik im ed ia C om m on s W ik im ed ia C om m on s Como a Inglaterra continuava a ser a principal economia da época, tanto em termos institucionais quanto tecnológicos, servia como refe- rencial na formulação de teorias. Nesse período, ocorreram diversas inovações incrementais decorrentes da disseminação da máquina a vapor. Estas se deram com relação aos transportes marítimos e ferro- viários, bem como ao uso do ferro e do aço. Entretanto, o surgimento das ferrovias e de outras tecnologias no fim do século XIX possibilitou grandes avanços na economia nor- te-americana, fazendo com que os Estados Unidos alcançassem uma posição de liderança tecnológicamundial. Embora no início o país ne- cessitasse importar tecnologias da Europa, logo os pesquisadores fo- ram desenvolvendo suas próprias tecnologias. Inclusive, em diversos setores industriais, as empresas norte-americanas passaram a ser bem mais produtivas que as britânicas. Se no início da Revolução Industrial, o ferro, o algodão e a energia hidráulica foram os setores de destaque na Inglaterra; a eletricidade e o aço passaram a ser os segmentos líde- res no período de grande crescimento dos Estados Unidos, entre 1880 e 1913 (FREEMAN; SOETE, 2008). Nesse período, tiveram destaque as ideias de Karl Marx. Em seus estudos, o progresso tecnológico era visto como um processo perma- nente (MARX; ENGELS, 1848), ligado à dinâmica do sistema capitalista. Na obra O capital, destacava que o capitalista com condições técnicas de produção mais favoráveis é o que obterá um lucro extra (PAULA; CERQUEIRA; ALBUQUERQUE, 2002). Para Marx, o progresso tecnoló- Para compreender o fundamento da teoria da vantagem comparativa, assista ao vídeo Vantagem comparativa – David Ricardo, publicado pelo canal Mr. Libertário. Disponível em: https://youtu. be/tHifBMcozR0. Acesso em: 17 jul. 2020. Vídeo https://youtu.be/tHifBMcozR0 https://youtu.be/tHifBMcozR0 48 Tecnologias aplicadas e inovação gico estava diretamente vinculado ao capitalismo, considerando esse sistema como responsável pelo aumento da produtividade, ao criar mecanismos capazes de dinamizar as transformações tecnológicas, bem como a acumulação do capital (ROSENBERG, 2006). Marx percebia que o conhecimento científico, na sociedade capi- talista, servia como uma alavanca para se obter ganhos de produção (TIGRE, 2006). Por outro lado, na área social, o impacto das inovações acabava por gerar uma condição de aceitação de redução de salários e de situações de trabalho inapropriadas. A melhoria contínua e acele- rada das máquinas tornava a realidade do operário progressivamente instável (MARX; ENGELS, 1848). 2.2.3 Terceira Revolução Tecnológica – Idade do aço, da eletricidade e da engenharia pesada (1890-1940) Figura 5 Terceira Revolução Tecnológica – Idade do aço, da eletricidade e da engenharia pesada (1890-1940) W ik im ed ia C om m on s No início do século XX, houve uma disseminação da inovação tecno- lógica. Nessa fase, o motor à combustão, a eletricidade e a administra- ção científica do trabalho (fordismo/taylorismo) exerceram significativo impacto sobre a sociedade. Outros acontecimentos marcantes do pe- ríodo foram a Revolução Russa de 1917, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e o início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). É im- portante destacar que os investimentos realizados em pesquisa militar durante o período de guerra propiciaram o surgimento de novos seto- res, como o eletroeletrônico (GASPAR, 2015). É possível assegurar que a década de 1920 representou a porta de entrada ao progresso tecnológico norte-americano. Entretanto, somen- te após o fim da década de 1930, sucederam-se inúmeras inovações, especialmente nas áreas química e elétrica, às quais foram adiciona- W ik im ed ia C om m on s Karl Marx (1818-1883) foi filósofo, sociólogo e historiador. Dedicou sua vida ao estudo da sociedade capitalista e deixou uma extensa obra, entre as quais o livro O capital (primeiro volume publicado em 1867), no qual analisa profundamente os pressupostos e o funciona- mento do modo de produção capitalista. Biografia Inovação e seus fundamentos tecnológicos 49 dos os progressos alcançados na geração e fornecimento de energia (LANDES, 1994). Gaspar (2015, p. 269), considerando as mudanças ocorridas nesse período, afirma que “[o] novo padrão produtivo, com base na produção e no consumo de massa, elevada capacidade de geração de emprego e uso intensivo de energia, encontra assim as condições propícias para se generalizar”. Esse período intercalou, então, o surgimento da teo- ria da administração científica defendida por Frederick Winslow Taylor (1856-1915). As ideias de Taylor rapidamente se disseminaram pelo mundo in- dustrializado, sendo que o foco estava no chamado chão de fábrica, buscando observar a forma como cada operário trabalhava. Um dos principais adeptos da teoria de Taylor foi Henry Ford (1863-1947), utilizando sistemas de produção em massa (linha de produção) em sua empresa. No fim da década de 1880 e início dos anos 1890, a eletricidade demonstrava uma elevada capacidade de geração de novos investi- mentos. De acordo com Tigre (2006), o setor elétrico foi oligopolizado desde sua origem, uma vez que estava ancorado na utilização de “mo- nopólios temporários”, com base em produtos inovadores que dificul- tavam sua reprodução. A possibilidade de competir em um mercado com tal característica requeria alto investimento em pesquisa e desen- volvimento (P&D), marketing, serviços aos clientes e relações públicas. Para tanto, era necessário competência institucional bem mais elevada do que com relação ao modelo de empresa familiar próprio da Revolu- ção Industrial. O estabelecimento de grandes empresas veio acompanhado então do aumento dos laboratórios de P&D bem como de sua formalização. As pequenas empresas também ganharam importância, em função de suas atividades de P&D desenvolvidas em conjunto com as universida- des e com as inovações ligadas à área militar (TIGRE, 2006). W ik im ed ia C om m on s Frederick Winslow Taylor (1856- 1915), engenheiro mecânico nascido nos Estados Unidos. É considerado o pai da adminis- tração científica, sendo que suas ideias fundamentaram o modelo de administração doravante denominado taylorismo, em que se buscava obter máximo rendimento evitando esforços desnecessários. Entre suas obras, destaca-se o livro Os princípios da administração científica (1911). Biografia A linha de montagem inaugurada por Henry Ford em 1913 é vista como uma das mais importantes inovações em processos de todos os tempos. Curiosidade oligopólio: situação de mer- cado em que poucas empresas possuem controle da maior parte do mercado. Glossário 50 Tecnologias aplicadas e inovação 2.2.4 Quarta Revolução Tecnológica – Idade do petróleo, do automóvel e da produção em massa (1940-1990) Figura 6 Quarta Revolução Tecnológica – Idade do petróleo, do automóvel e da produção em massa W ik im ed ia C om m on s O período referente à Quarta Revolução Tecnológica é marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial e pela decisão de 44 nações de se reu- nirem e firmarem o Acordo de Bretton Woods, em 1944. O acordo criou novas instituições, como o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD), atualmente denominado Banco Mundial, e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Outro destaque do período foi a criação, em 1945, da Organização das Nações Unidas (ONU), além do início de um longo período de Guerra Fria (GASPAR, 2015), que consis- tia em uma tensão político-ideológica entre os Estados Unidos (capita- lismo) e a União Soviética (comunismo), momento esse caracterizado por não haver nem paz, nem guerra declarada. O período ainda compreende a criação, em 1960, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), bem como, na década de 1970, de uma crise de proporções mundiais, centrada especialmente nos Estados Unidos, país que ocupava a liderança econômica global (GASPAR, 2015). Tal crise foi motivada pelo apoio norte-americano a Israel em um conflito militar entre países árabes, fazendo com que a OPEP declarasse um embargo petrolífero, aumentando vertiginosamente o preço do barril de petróleo. Tempos Modernos (original em inglês: Modern Times) faz uma crítica sobre o sistema vigente na época, em que os trabalhadores das linhas de montagem sofriam com os abusos e a negligência impostos a eles. Direção: Charlie Chaplin. Estados Unidos. Charlie Chaplin Film Corporation, 1936. Filme Inovação e seus fundamentos tecnológicos 51 Nesse período, prevaleceram inicialmente as ideiaselaboradas por Schumpeter e, posteriormente, as desenvolvidas por seus seguidores, os neoschumpeterianos. Esses estudos foram discutidos na Seção 2.1 deste capítulo. 2.2.5 Quinta Revolução Tecnológica – Idade da informação e das telecomunicações (1990-atualmente) Figura 7 Quinta Revolução Tecnológica – Idade da informação e das telecomunicações W ik im ed ia C om m on s O paradigma da informação está ancorado em um grupo de inova- ções com base em computação eletrônica, circuitos integrados, enge- nharia de software e telecomunicações, que diminuíram radicalmente os custos referentes à guarda, ao tratamento, à comunicação e à trans- missão de informações (FREEMAN, 1994), entre outras tantas inova- ções vistas no capítulo anterior. O novo paradigma emerge como resultado do enfraquecimento do modelo de produção fordista (economia de escala) e do excessivo uso de matéria e energia, inclusive ameaçando patamares de sustentabi- lidade. A elevação do preço do petróleo e de outros insumos e as su- cessivas crises econômicas com impactos globais da década de 1970 são considerados os principais elementos de esgotamento do paradig- ma tecnoeconômico daquele período (LASTRES; FERRAZ, 1999). “Em termos ideais, a Revolução da Informação repetirá os êxitos da Revolução Industrial. Só que, desta vez, parte do trabalho do cérebro, e não dos músculos, será transferido para as máqui- nas” (DERTOUZOS, 1997, p. 46). Importante 52 Tecnologias aplicadas e inovação Nesse contexto, haja vista a diversidade de instituições e conhe- cimentos existentes e as múltiplas relações entre eles, considera-se que há inúmeros caminhos diferentes para atingir o desenvolvimen- to. Dessa forma, cada nação deve encontrar as formas mais adequa- das de desenvolver suas próprias estratégias para atingi-lo (JOHNSON; LUNDVALL, 2000). Um conceito que está relacionado a essa ideia de diversidade de estratégias para o desenvolvimento tecnológico é o de glocalização (fusão dos termos global e local), onde determinado pa- drão é transformado com base na cultura e nos costumes locais. Assim, por exemplo, um produto pode ser adaptado para condizer aos anseios dos consumidores. Segundo Johnson e Lundvall (2000), o cerne do desenvolvimento econômico é o conhecimento. Indo ao encontro dessa linha de pen- samento, há instituições que se referem ao termo economia baseada no conhecimento, como a Organização para a Cooperação e Desenvol- vimento Econômico (OCDE). Na visão de Petit (2005), o conceito está relacionado a uma condição em que os agentes econômicos dispõem de uma grande quantidade de informação e conhecimento, sendo possível a eles o armazenamento, o processamento e a comunicação, ocasionando, com isso, a expansão de suas estratégias. Assim, as tecnologias de informação e comunicação (TICs), atreladas ao consenso da importância do conhecimento, resultam em queda no preço do processamento da informação. Uma característica ímpar do conhecimento é a capacidade ilimitada de expansão, ou seja, quanto mais se aprende, mais há a ser assimilado. Na denominada Quinta Revolução Tecnológica, alguns autores têm tido destaque na análise da sociedade da informação, como Castells (2005), que julga a atual revolução tecnológica como similar à Revolu- ção Industrial, em termos de relevância, considerando o impacto de ambas em todo o contexto da sociedade (cultural, econômico e social). Outro nome de destaque é Alvin Toffler, que em seu livro A Terceira Onda, já antevia a Era da Informação, em que o conhecimento seria a principal fonte de produção de riqueza (TOFFLER, 2007). Um bom exemplo prático da glocalização no desenvolvi- mento de produto é o caso do McDonald’s, no qual se buscou desenvolver hambúrgueres “glocalizados”, com o escopo de atrair consumidores com costu- mes distintos dos estaduniden- ses (como o Chicken Maharaja Mac, na Índia, produzido com frango, uma vez que os hindus não consomem carne bovina) (THORPE et al., 2015). Curiosidade Reflita um pouco sobre o tema glocalização e aponte um exemplo de aplicação desse conceito. Atividade 2 Inovação e seus fundamentos tecnológicos 53 2.3 Panorama da inovação no Brasil Vídeo A inovação, como visto até agora, é um importante elemento capaz de alavancar o desenvolvimento econômico de uma nação. No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, estratégias e políticas públicas que estimulem a inovação são primordiais. Nesse sentido, nos últimos 20 anos foram promulgadas diver- sas legislações com o intuito de estimular a inovação no país. São elas: Lei n. 10.973/2004, mais conhecida como Lei da Inovação; Lei n. 11.196/2005, intitulada Lei do Bem; e Lei n. 13.243/2016, denominada Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, regulamentada pelo De- creto Federal n. 9.283/2018. A análise de tais legislações será aprofun- dada no decorrer da obra. A fim de traçar um panorama da inovação no Brasil, serão expostos dados sobre alguns dos principais indicadores da área, tais como a por- centagem de empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo; os dispêndios em P&D quanto ao produto interno bruto (PIB); a posição brasileira no ranking do Índice Global de Inovação; o número de artigos brasileiros publicados em periódicos científicos; a quantidade de mestres e doutores titulados no país e o volume de patentes. No Brasil, desde 2000 é realizada uma pesquisa de inovação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada três anos, com os setores de serviços, indústria, gás e eletricidade. É a Pesqui- sa de Inovação Tecnológica, conhecida como PINTEC. Entre os levan- tamentos efetuados, há o cálculo da percentagem de empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo. Gráfico 1 Porcentagem de empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo no Brasil, de 2000 a 2017. Fonte: Elaborado pela autora com base em IBGE, 2014; 2017. Po rc en ta ge m Ano 2000 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 2003 2005 2008 2011 2014 2017 54 Tecnologias aplicadas e inovação Com relação aos dados de 2000 a 2017 (Gráfico 1), é possível ve- rificar variações discretas na série histórica, demonstrando que não houve um aumento expressivo de investimento em P&D por parte dos empresários, o que ressalta a importância do incentivo para que isso ocorra, especialmente por meio de políticas públicas de alavancagem à ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Embora o volume de dispêndios em P&D com relação ao PIB brasi- leiro tenha aumentado, se comparado o ano de 2017 relativamente ao ano de 2000, ele é ainda pouco expressivo, denotando a condição in- cipiente do país nesse quesito (Gráfico 2). Essa limitação se torna mais evidente ao comparar os dados do Brasil em 2017 (1,26%), com países como Israel (4,81%), Coreia do Sul (4,29%) e Suíça (3,39%) (OECD, 2019). Gráfico 2 Brasil: comparação dos dispêndios em P&D com o produto interno bruto (PIB), por setor, 2000-2017. Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil, 2019a. Total Dispêndios públicos Dispêndios empresariiais Pe rc en tu al Ano 2000 0,00 0,50 1,00 1,50 1,05 1,06 1,01 1,00 1,00 0,99 1,08 1,13 1,12 1,16 1,14 1,13 1,20 1,27 1,26 1,26 1,34 0,96 0,54 0,57 0,52 0,52 0,56 0,53 0,56 0,57 0,58 0,59 0,57 0,54 0,51 0,51 0,51 0,51 0,60 0,60 0,62 0,69 0,67 0,66 0,63 0,70 0,600,64 0,640,50 0,49 0,49 0,49 0,49 0,490,480,48 0,52 2004 2008 20122002 2006 2010 20142001 2005 2009 20132003 2007 2011 2015 2016 2017 Conforme Arbix e Miranda (2017, p. 55), “[p]ara um país das dimen- sões do Brasil, seria necessário que os investimentos em P&D atingissem no mínimo 2% como proporção do PIB no final desta década (anos 2010), o que dificilmente ocorrerá”. De acordo com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), o Brasil ocupou em 2019, a 66ª posição no Índice Global de Inovação, sendo que as áreas de destaque compreendem a qualidade das universidades e das publicações científicas, bem como os investi-mentos em P&D. Além disso, o Brasil se destaca por ser o único país da região que comporta clusters de ciência e tecnologia (C&T) que estão entre os 100 melhores do mundo (WIPO, 2019a). Índice Global de Inovação: ranking das capacidades e resultados de inovação das eco- nomias mundiais. Atualmente é publicado pela Universidade de Cornell (EUA), Instituto Europeu de Administração de Empresas (INSEAD – França) e pela OMPI (WIPO, 2019b). Glossário Inovação e seus fundamentos tecnológicos 55 Ao observar o Gráfico 3, é possível verificar a posição do Brasil no Índice Global de Inovação, entre os anos de 2011 a 2019. Visualiza-se uma queda no ranking, se comparados os anos de 2019 (66º lugar) e 2011 (47º lugar) (WIPO, 2019b). Isso demonstra que apesar dos esfor- ços em termos de legislação na área de inovação, muito ainda há que se realizar para que o Brasil atinja melhores posições. Gráfico 3 Posição do Brasil no ranking do Índice Global de Inovação (2011-2019) Po si çã o no ra nk in g Ano 2011 0 20 40 60 80 2012 2013 2013 2015 2016 2017 2018 2019 47 58 64 61 70 69 69 64 66 Fonte: Elaborado pela autora com base em WIPO, 2019c. Com relação a outro importante indicador de inovação, o de artigos publicados em periódicos científicos indexados em bases de dados sig- nificativas, foi utilizada a pesquisa de publicações de artigos brasileiros publicados em periódicos científicos indexados pela Scopus, uma das bases de dados bibliográficos mais prestigiada do mundo. Gráfico 4 Número de artigos brasileiros publicados em periódicos científicos indexados pela Scopus, 2000-2018. Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil, 2018. N úm er o de a rt ig os Ano 2000 18829 20894 26247 32918 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 20162001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2018 15242 16295 32953 35552 40797 45057 48443 52379 57757 60689 6441865993 69927 73821 77885 Observando o Gráfico 4, é possível perceber um aumento expressi- vo no volume de artigos ao longo do período, sendo de 15.242 no ano de 2000 e 77.885 em 2018. Esse é um dos indicadores de inovação em que o Brasil melhor se classifica. A Suíça ocupa o primeiro lugar no Índice Global de Inovação pelo nono ano consecutivo (2011-2019). De acordo com a OMPI, tal resultado ocasiona um volume expressivo de pedidos de patentes e de pedidos concedidos, bem como bens manufaturados de alta tecnologia (WIPO, 2019a). Curiosidade 56 Tecnologias aplicadas e inovação Gráfico 5 Alunos titulados nos cursos de mestrado e doutorado, ao final do ano, 2000-2018. Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil, 2019b. Q ua nt id ad e Ano 0 10000 20000 30000 Doutores Mestres 40000 50000 60000 70000 80000 90000 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 20162001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2018 53 18 60 40 68 94 80 94 80 93 93 66 10 71 1 89 89 99 15 11 63 8 11 31 4 12 32 1 13 91 2 15 65 0 17 28 6 18 99 6 20 60 3 21 59 1 22 89 4 17 82 1 20 01 3 24 44 4 27 64 9 26 65 8 32 26 1 36 01 4 30 63 4 32 89 0 38 78 8 39 59 0 43 23 3 47 13 8 51 53 5 53 24 3 56 66 7 59 61 4 61 14 7 64 43 2 Outro indicador muito importante é o de número de mestres e dou- tores titulados por ano, bem como o número de bolsas concedidas. Ao analisar o Gráfico 5, verifica-se a ampliação no volume de mestres titulados, de 17.821 em 2000 para 64.432 em 2018, e de doutores titula- dos, passando de 5.318 em 2000 para 22.894 em 2018. A ampliação foi de, portanto, 362% no caso dos mestres titulados (2018 relativamente à 2000) e ainda mais significativa em relação à quantidade de doutores titulados: 430% (2018 em comparação com o ano de 2000). Finalmente, serão expostos dados relativos ao volume de patentes, outro importante indicador de inovação, o qual, segundo Lotufo (2009), representa a capacidade de um país em converter conhecimento cien- tífico em inovação. No Brasil, foram depositados 28.667 pedidos de pa- tente no ano de 2017. No período de 2008 a 2017, é possível verificar que houve um aumen- to no volume de pedidos até o ano de 2013, sendo que a partir desse ano a quantidade de depósitos vem diminuindo a cada ano (Gráfico 6). Vale destacar que a maior parcela desses pedidos é depositada por não Inovação e seus fundamentos tecnológicos 57 residentes, ou seja, são patentes criadas em outros países que buscam proteção no Brasil. É possível afirmar que o volume de pedidos de pa- tente é bastante reduzido, especialmente se comparado com o país que detém a liderança mundial no número de pedidos de patente no mesmo ano – a China – com 1,38 milhão de requerimentos (CNI, 2020). Gráfico 6 Pedidos de patente depositados, 2008-2017. Fonte: Elaborado pela autora com base em INPI, 2018. N úm er o de d ep os ito s Ano do depósito 2008 26641 25885 28099 31881 33569 34046 33181 33042 31020 28667 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Embora tenha havido um expressivo aumento no volume da pesqui- sa realizada no país e consequentemente da produção científica, o vo- lume pouco significativo de patentes indica que o Brasil desaponta na conversão de conhecimentos em inovações tecnológicas (ORTIZ, 2018). Visando reverter essa situação, o INPI estabeleceu como objetivo triplicar em dois anos os pedidos de patentes efetuados por empresas brasileiras. Para atingir essa meta, o órgão propõe uma maior intera- ção da entidade com o mercado, firmando acordos com órgãos repre- sentativos do setor produtivo, além de uma diminuição no tempo de análise dos pedidos de patentes (CNI, 2019). Enumere os indicadores de inovação vistos neste capítulo e aponte um que não foi citado e você julga importante ser considerado. Atividade 3 Para conhecer um pouco mais sobre a inovação na China e o que o Brasil pode apren- der com a experiência chinesa, leia a reportagem A China passou da imitação para a inovação – e o que o Brasil pode aprender com isso, de Mariana Fonseca, publicado no site Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Disponível em: https://revistapegn.globo.com/Tecnologia/noticia/2020/05/china-passou-da-imitacao-para-inovacao-e- brasil-pode-aprender-com-isso.html. Acesso em: 17 jul. 2020. Saiba mais https://revistapegn.globo.com/Tecnologia/noticia/2020/05/china-passou-da-imitacao-para-inovacao-e-brasil-pode-aprender-com-isso.html https://revistapegn.globo.com/Tecnologia/noticia/2020/05/china-passou-da-imitacao-para-inovacao-e-brasil-pode-aprender-com-isso.html 58 Tecnologias aplicadas e inovação CONSIDERAÇÕES FINAIS Buscamos, neste capítulo, compreender o processo histórico e os principais pensadores ligados à inovação, com destaque à figura de Schumpeter, que dedicou grande parte de sua vida ao estudo dos impac- tos da inovação no desenvolvimento econômico. Conhecer o contexto histórico e o pensamento predominante em cada período auxilia no entendimento da realidade atual e dos impactos futu- ros de decisões tomadas tanto no passado quanto no presente. Nesse sentido, foram analisadas as cinco revoluções tecnológicas, destacando os principais acontecimentos de cada período bem como o pensamento vigente à época. Finalmente, buscando traçar um panorama da inovação no Brasil, fo- ram apresentados dados sobre alguns dos principais indicadores da área, tais como a posição brasileira no ranking do Índice Global de Inovação e o volume de patentes, dentre outros. Diante do cenário apresentado, a implementação de políticas públicas na área de inovação e a conscientização da importância de que a pesquisa científica deve gerar frutos à sociedade mostram-se cada vez mais urgen- tes e necessárias. REFERÊNCIAS ARBIX, G.; MIRANDA, Z. Políticas de inovação em nova chave. Estudos avançados, São Paulo, v. 31, n. 90, p. 49-73, maio/ago. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142017000200049. Acesso em: 16 jul. 2020.AREND, M.; FONSECA, P. C. D. Brasil (1955-2005): 25 anos de catching up , 25 anos de falling behind. Revista de Economia Política, v. 32, n. 1, p. 33-54, jan./mar. 2012. BRASIL. Decreto n. 9.283, de 7 de fevereiro de 2018. 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O período de instalação inicia-se com um subperíodo denominado irrupção, em que há alta expectativa de geração de riqueza, fazendo com que o capital financeiro se una ao capital produtivo. O segundo subperíodo, chamado de frenesi, acaba gerando uma bolha tecnológico-financeira, em função do capital financeiro vislumbrar lucros ele- vados, acarretando inflação e decorrente colapso financeiro. É uma fase em que o liberalismo prevalece. No período seguinte, intitulado intervalo de reacomodação, há uma maior interferência do Estado, com a fixação de critérios de longo prazo do capital produtivo. O último estágio, período de desprendimento, é subdividido em sinergia, em que predomina o capital produtivo e onde ocorre disseminação total do potencial de inovação, e um segundo subperíodo, chamado de maturidade, com redu- ção das oportunidades de investimento, fazendo com que haja um acúmulo de capital à procura de novas oportunidades de investimento. 2. (Resposta pessoal). A glocalização é uma tendência mundial e, portanto, deve ser con- siderada sob vários aspectos, especialmente os relacionados ao marketing, pois a pro- dução de bens em massa, como anteriormente, cede lugar agora à customização no sentido de atender aos anseios dos consumidores. Um bom exemplo de glocalização é a ação da Coca-Cola, no Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, desde 2007. As duas agremiações, Garantido e Caprichoso, tradicionais rivais na região, possuem como cores o vermelho e o azul, respectivamente. Para não perder consumidores fãs do boi Caprichoso, pelo fato da lata ser da cor vermelha, foi lançada uma edição especial na cor azul. 3. (Resposta pessoal). Os indicadores apresentados neste capítulo foram: 1) porcenta- gem de empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo; 2) dis- pêndios em P&D quanto ao produto interno bruto (PIB); 3) posição brasileira no ran- king do Índice Global de Inovação; 4) número de artigos brasileiros publicados em periódicos científicos; 5) quantidade de mestres e doutores titulados no país; e 6) vo- lume de patentes. Outro importante indicador a ser considerado é o volume de bolsas concedidas, por modalidade (mestrado, doutorado e pós-doutorado). 62 Tecnologias aplicadas e inovação 3 Modelos de inovação tecnológica As organizações necessitam constantemente se atualizar, ainda mais considerando uma realidade em que há a substituição dos produtos a uma velocidade cada vez maior e a escassez dos recur- sos disponíveis. Para tanto, as empresas devem ser criativas, sem- pre buscando modos de inovar a fim de se manter competitivas e atender às exigências de um mercado cada dia mais disputado. Dessa forma, é imprescindível realizar as melhores escolhas dentro de um leque de opções disponíveis relacionadas aos pro- cessos inovativos. Dentre as possibilidades, e considerando a exis- tência de diversos modelos de inovação, cabe a cada instituição avaliar aquele que melhor se adapte às suas peculiaridades, tendo em mente que não há apenas um modelo ideal a ser seguido. Assim, este capítulo apresenta quatro modelos de inovação utilizados em escala global, com base no livro Gestão da Inovação, dos autores Hélio Gomes de Carvalho, Dálcio Roberto dos Reis e Márcia Beatriz Cavalcante (2011). Esses modelos são: o linear, o paralelo, o modelo Tidd, Bessant e Pavitt e, por fim, o modelo de inovação aberta ou open innovation. 3.1 Modelo linear Vídeo O período pós-Segunda Guerra Mundial foi um momento de instau- ração dos fundamentos da ciência e da tecnologia. O relatório intitula- do Science, the endless frontier – formulado por Vannevar Bush (1945), engenheiro e político estadunidense, dirigido ao Presidente Truman – representava a consolidação de uma estrutura científica e tecnológica que foi adotada pela maior parte dos países industrializados. Esse do- cumento serviu de base, ainda, para o estabelecimento das diretrizes que viriam a formar o modelo linear de inovação (BUSH, 1945; CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003). Modelos de inovação tecnológica 63 De acordo com Bush (1945), a pesquisa básica é realizada sem pen- sar em fins práticos; entretanto, o conhecimento resultante do pro- cesso acaba por fornecer subsídios para a resolução de problemas práticos importantes. Portanto, mesmo que o cientista envolvido com a pesquisa básica não esteja interessado nas aplicações práticas de seu trabalho, os frutos desse esforço convertem-se em avanço produtivo. Destacamos a seguir um trecho do relatório Science, the endless frontier, em que a ciência básica é apontada como fundamental ao desenvolvimento de uma nação – concepção longínqua e, ao mesmo tempo, tão atual. Uma nação que depende de outras para o seu novo conheci- mento científico básico será lenta em seu progresso industrial e fraca em sua posiçãocompetitiva no comércio mundial, inde- pendentemente de sua habilidade mecânica. (BUSH, 1945, p. 17, tradução nossa) 1 O modelo linear é considerado o mais simples dos modelos de ino- vação. Ele é constituído pelas seguintes etapas: pesquisa básica; pes- quisa aplicada; surgimento de uma ideia; desenvolvimento do produto ou processo; e lançamento no mercado (MATTOS; GUIMARÃES, 2012), conforme demonstra a Figura 1. Figura 1 Modelo de inovação linear Fonte: Elaborada pela autora com base em Mattos e Guimarães, 2012. Pesquisa básica Pesquisa aplicada Surgimento de uma ideia Lançamento no mercado Desenvolvimento do produto ou processo Nesse modelo, supõe-se que a inovação acontece numa sucessão linear de atividades. Assim, o processo pode ocorrer quando as inova- ções decorrentes de procedimentos de pesquisa alcançam o mercado (science push 2 ) bem como quando surgem por intermédio de deman- das do mercado ou enquanto uma solução para um problema existen- te (demand pull 3 ) (TIDD; BESSANT, 2015). Para conhecer um pouco mais sobre a história de Vannevar Bush e seus feitos, assista ao vídeo Vannevar Bush, publicado pelo canal CT&I. Disponível em: https://youtu. be/w56AjFQlywI. Acesso em: 31 jul. 2020. Vídeo Texto original: “A nation which depends upon others for its new basic scientific knowledge will be slow in its industrial progress and weak in its competitive position in world trade, regardless of its mechanical skill”. 1 Science push (também denominado technology push) é um movimento predominante na década de 1940, que pode ser compreendido como o processo ocorrido por meio do impulso pela ciência (CAMPANÁRIO, 2002). 2 Demand pull (também conhecido como market pull) é o movimento “puxado” pelo mercado, proposto na década de 1960; nele considera-se que a força motora da tecnologia estaria ligada às necessidades da demanda (CAMPANÁRIO, 2002). 3 https://youtu.be/w56AjFQlywI https://youtu.be/w56AjFQlywI 64 Tecnologias aplicadas e inovação No modelo linear de inovação denominado science push, a iniciativa de criação de um novo produto ou processo parte dos pesquisadores, ou seja, os investimentos são realizados na pesquisa básica. Esse mo- delo inclui, basicamente, as etapas apresentadas na Figura 2. Figura 2 Modelo linear de inovação science push Fonte: Elaborada pela autora com base em Reis, 2008. Pesquisa básica orientada pela curiosidade Pesquisa aplicada Desenvolvimento experimental Inovação tecnológica Já no modelo linear de inovação denominado demand pull, a de- cisão sobre a geração de um novo produto ou processo advém dos consumidores. A representação das etapas desse modelo pode ser vi- sualizada na Figura 3. Figura 3 Modelo linear de inovação demand pull Fonte: Elaborada pela autora com base em Reis, 2008. Procura pelo mercado Pesquisa aplicada Desenvolvimento experimental Inovação tecnológica Na visão de Freeman (1982), inicialmente as invenções e inovações são decorrentes dos avanços da ciência, sendo então, posteriormente, oriundas do mercado consumidor e das necessidades de aperfeiçoa- mento dos processos produtivos. O modelo de inovação linear “parte do princípio de que a pesqui- sa científica pode ser a fonte mais adequada para a geração de novas tecnologias” (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011, p. 41). Entretan- to, esse modelo é criticado por não retratar a relação entre as eta- pas, que muitas vezes não são bem definidas. As falhas fazem parte do processo de aprendizado, que cria inovações de todos os tipos, Qual a diferença fundamental entre o modelo de inovação linear science push e o demand pull? Atividade 1 Modelos de inovação tecnológica 65 sendo que essas inovações exigem um retorno rápido e preciso com ações de acompanhamento apropriadas, denominadas feedbacks (KLINE; ROSENBERG, 1986). Ademais, nem todas as invenções se tornam inovações e, frequen- temente, o tempo percorrido entre o surgimento da ideia e a comercia- lização do produto é demasiado longo (MATTOS; GUIMARÃES, 2012). Além disso, há a “constatação de que os investimentos em P&D não levariam automaticamente ao desenvolvimento tecnológico, nem ao sucesso econômico do uso da tecnologia” (FERREIRA, 2009, p. 37). A despeito das limitações existentes no modelo linear de inovação, ele é amplamente aplicado como suporte para o detalhamento do pro- cesso de inovação (IACONO; ALMEIDA; NAGANO, 2011; MATTOS; GUI- MARÃES, 2012), sendo ainda utilizado, atualmente, como base para as políticas científicas de diversos países (REIS, 2008). Para compreender a importância da pesquisa básica para a geração de inovações e conhecer um pouco sobre a companhia Bell Labs, leia o texto O domínio da eletrônica, publicado por Neldson Marcolin no site da Revista Pesquisa, da FAPESP. Disponível em: https:// revistapesquisa.fapesp.br/o- dominio-da-eletronica/. Acesso em: 30 jul. 2020. Saiba mais 3.2 Modelo paralelo Vídeo Diante da constatação de que o modelo de inovação linear não contempla todas as interações possíveis entre suas diversas etapas, emergiu um novo padrão, chamado de modelo paralelo, como resul- tado da observação de processos inovativos de empresas japonesas líderes de mercado, entre o início da década de 1980 e o final dos anos 1990 (DIEHL; RUFFONI, 2012). Nesse modelo são considerados os diver- sos caminhos possíveis a ser percorridos entre a ciência, a tecnologia e a inovação (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011). No modelo de inovação paralelo (Figura 4), proposto pelos pesqui- sadores Stephen J. Kline e Nathan Rosenberg (1986), da Universidade de Stanford (EUA), supõe-se que a empresa mantém suas atividades produtivas de rotina, mas que, ao mesmo tempo, possui uma área voltada à pesquisa de oportunidades de mercado. Essa área deve operar tanto em atendimento às demandas da sociedade quanto na prospecção de possibilidades futuras de investimento produtivo (ANDRADE; CHARVET, 2017). https://revistapesquisa.fapesp.br/o-dominio-da-eletronica/ https://revistapesquisa.fapesp.br/o-dominio-da-eletronica/ https://revistapesquisa.fapesp.br/o-dominio-da-eletronica/ 66 Tecnologias aplicadas e inovação Figura 4 Modelo de inovação paralelo Fonte: Kline e Rosenberg, 1986 apud Carvalho, Reis e Cavalcante, 2011, p. 44. Demandas Adoção utilidade Processo de inovação industrial Tecnologia absorvida Capacidades tecnológicas Oportunidades Novos produtos e serviços Pesquisa pública Economia e sociedade Conhecimentos científicos e tecnológicos + Sc ie nc e pu sh + M arket pull INVENÇÃO IMPLEMENTAÇÃO POSICIONAMENTO NO MERCADO Com base no modelo paralelo, surge o modelo chain-linked. Nele são apresentados os caminhos possíveis para o fluxo de informação e cooperação, com ênfase às retroalimentações entre as diferentes eta- pas do processo, conforme é possível observar na Figura 5. Onde: C = cadeia central da inovação; f = feedback curto; F = feedback longo; K = conhecimento; R = pesquisa; D = link direto entre o conhecimento e a pesquisa; S = suporte ao processo de inovação; I = apoio à pesquisa científica por instrumentos, máquinas, ferramentas e procedimentos de tecnologia. Figura 5 Modelo de inovação chain-linked Fonte: Adaptada de Kline; Rosenberg, 1986. R SI D K K 1 12 4 4 Conhecimento 2 3 3 R Pesquisa R 1 42 CCCC f Mercado potencial Criação do projeto analítico Projeto detalhado e teste Reformulação do design e produção Distribuição e comercialização f f ffF f 3 A seguir são detalhadas as etapas que compõem o modelo de ino- vação chain-linked (KLINE; ROSENBERG, 1986). Para conhecer uma apli- cação prática do modelo de inovação paralelo, leia o texto “Estações-tubo de Curitiba: uso do modelo paralelo”, parte do livro Gestão da Inovação, de Hélio Gomes de Carvalho, Dálcio Roberto dos Reis e Márcia Beatriz Cavalcante (p. 45-46). Disponível em: https://repositorio. utfpr.edu.br/jspui/handle/1/2057. Acesso em: 20 jul. 2020. Saiba mais https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/2057https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/2057 Modelos de inovação tecnológica 67 • O processo de inovação inicia o trajeto na denominada cadeia central de inovação (representada pela letra C), perpassando as seguintes etapas: identificação do mercado potencial; criação do projeto analítico, projeto detalhado e teste; reformulação do design e produção; distribuição e comercialização. • O caminho subsequente é composto pelos links de feedback (letras f e F), sendo vários retornos rápidos (f) e um feedback lon- go (F), o qual retroalimenta todo o processo, propiciando os ajus- tes necessários. Além de repetir as etapas, há uma conexão com as necessidades dos usuários, buscando a melhoria dos produtos e serviços. • É importante destacar que a ligação entre a ciência e a inovação se estende por todo o processo, em que é possível visualizar um terceiro caminho, representado pelas setas numeradas (1-2-3-4), no qual há uma conexão entre conhecimento e pesquisa (K e R, respectivamente). O processo normalmente ocorre com o uso da ciência, sendo dividido em duas etapas. A primeira refere-se ao conhecimento armazenado e utilizado para a resolução de pro- blemas (K) e a segunda está ligada ao emprego da pesquisa bási- ca, quando a primeira não é suficiente (R). • Há ainda o caminho designado pela letra D, que é o do processo de inovação linear, com a pesquisa básica levando à pesquisa aplicada. • O último caminho é o relativo ao suporte (representado pelas letras S e I), fornecido por meio de instrumentos, máquinas, ferramentas e procedimentos que representam a aplicação da tecnologia na ciência básica com o objetivo de aprimorar o pro- cesso de inovação. Tanto o modelo de inova- ção paralelo quanto seu desdobramento, o modelo chain-linked, apresentam uma propriedade muito importante que os distingue do modelo de inovação linear. Aponte qual é essa característica. Atividade 2 3.3 Modelo Tidd, Bessant e Pavitt (modelo funil) Vídeo O modelo intitulado Tidd, Bessant e Pavitt foi proposto pe- los renomados professores da Universidade de Sussex (Reino Unido), Joseph Tidd, John Bessant e Keith Pavitt (2005), no início do sé- culo XXI. Também conhecido como modelo funil, por seu formato ca- racterístico, é um sistema bastante simples, que busca compreender as transformações ocorridas no processo de inovação e os seus respecti- vos impactos (ANDRADE; CHARVET, 2017). 68 Tecnologias aplicadas e inovação Figura 6 Modelo de inovação Tidd, Bessant e Pavitt Buscar Como podem ser encontradas oportunidades para inovação? Selecionar O que fazer – e por quê? Implementar Como fazer isso acontecer? Aprender Como obter os benefícios do processo? Fonte: Adaptada de Tidd, Bessant e Pavitt, 2005; Carvalho, Reis e Cavalcante, 2011. Observando a Figura 6, é possível perceber que o modelo Tidd, Bessant e Pavitt é composto pelas seguintes etapas: buscar, selecio- nar, implementar e aprender. Essas fases estão descritas a seguir (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011). • Buscar: realização de uma pesquisa de novas oportunidades, tendo em mente as transformações determinadas pelo mercado, por influências políticas ou pela ameaça da concorrência. • Selecionar: escolha das melhores oportunidades, de acordo com as características organizacionais da empresa. • Implementar: realização das fases fundamentais para o desen- volvimento e apresentação de um novo produto ou processo que atenda aos anseios do mercado consumidor. • Aprender: análise do processo de inovação, considerando os erros e acertos cometidos e os ajustes necessários para aprimo- rar o sistema, além da construção de uma base de conhecimento que permita um melhor gerenciamento do processo. Modelos de inovação tecnológica 69 No modelo funil, a inovação atravessa os processos na empresa, sen- do escolhida conforme o mercado, considerando que todas as etapas são julgadas como essenciais para inovar (ANDRADE; CHARVET, 2017). Normalmente, a etapa de implementação é a mais formal dentro das empresas, enquanto as fases de busca e seleção costumam ser mais in- formais, estando mais alinhadas com o perfil dos gestores das organi- zações. A fase de aprendizado usualmente é a mais informal de todas, ocorrendo por meio de relatos dos gestores aos colaboradores sobre os erros e acertos do processo (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011). O modelo Tidd, Bessant e Pavitt é considerado bastante interati- vo, com etapas bem definidas (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011). Entretanto, os autores do modelo não o indicam como sendo um padrão perfeito, pois sabem que o sucesso está atrelado ao ambiente organiza- cional do entorno. Desse modo, eles creem que o mais importante é o aprendizado resultante do processo (PACHECO; GOMES, 2016). Para obter outras informações complementares a respeito do modelo Tidd, Bessant e Pavitt, leia o artigo Modelos de gestão da inovação em uma perspec- tiva comparada: contribuição para aplicação em pequenas e médias empresas, de Larissa Marchiori Pacheco e Erasmo José Gomes, publicado na Revista da Micro e Pequena Empresa. Acesso em: 31 jul. 2020. http://www.cc.faccamp.br/ojs-2.4.8-2/index.php/RMPE/article/view/827/pdf Artigo Saiba mais Para ampliar seus conhecimentos sobre o modelo de inovação aberta, confira a matéria O que é esta tal de Inova- ção Aberta?, de Ronald Dauscha, publicado no site da Endeavor. Disponível em: https://endeavor. org.br/inovacao/o-que-e-esta- tal-de-inovacao-aberta/. Acesso em: 23 jul. 2020. 3.4 Modelo de inovação aberta (open innovation) Vídeo O modelo de inovação aberta (open innovation) foi criado por Henry Chesbrough (professor da Universi- dade de Berkeley, nos Estados Unidos), no início do século XXI. A premissa principal desse modelo é a de que as instituições devem estar abertas não somente às ideias internas, mas também às externas, ou seja, não devem se fechar em si mesmas. O modelo open innovation compreende o uso de entradas e saídas intencionais de conhecimento para dinamizar a inovação interna e ampliar os mer- cados para uso externo da inovação (OPEN..., 2020). http://www.cc.faccamp.br/ojs-2.4.8-2/index.php/RMPE/article/view/827/pdf https://endeavor.org.br/inovacao/o-que-e-esta-tal-de-inovacao-aberta/ https://endeavor.org.br/inovacao/o-que-e-esta-tal-de-inovacao-aberta/ https://endeavor.org.br/inovacao/o-que-e-esta-tal-de-inovacao-aberta/ 70 Tecnologias aplicadas e inovação Figura 7 Modelo de inovação aberta (open innovation) Fonte: Adaptada de Chesbrough, 2006. Licenciamento Spin-offs de tecnologia Mercado de outra empresa Novo mercado Mercado atual Base tecnológica interna Base tecnológica externa Fornecimento de tecnologia P D De acordo com a Figura 7, é possível verificar que na entrada do funil se encontram tanto a base tecnológica interna quanto a exter- na. Esse processo também engloba as atividades de licenciamento de patentes (mercado de outra empresa) e o surgimento de empresas spin-off (novo mercado). Além disso, a organização pode comercializar produtos ou processos originários de laboratórios de pesquisa e de- senvolvimento (P&D) de outras instituições (mercado atual). O modelo de inovação aberta apresenta três processos principais. O primeiro é o de fora para dentro, que ocorre por meio da integração de clientes, fornecedores e colaboradores, enriquecendo a base de co- nhecimento da própria empresa. Assim, há a busca de uma conscientiza- ção crescente da importância das redes de inovação e novas formas de integração do cliente, como o crowdsourcing, por exemplo. O segundo processo é o de dentro para fora, em que o lucro é obtido por inter- médio do licenciamento de propriedade intelectual, transferência de conhecimento, geração de spin-offs, dentre outros. O terceiro e último processo consiste numa combinação dos dois processos anteriores, em que há a cocriação com parceiros complementares, como no caso de uma joint venture, por exemplo (ENKEL; GASSMANN; CHESBROUGH,2009). Dentre os benefícios da inovação aberta, podem ser citados (DOCHERTY, 2006; PERES et al., 2016): crowdsourcing: compreende o esforço coletivo de indivíduos objetivando solucionar um problema em comum – por exemplo, o aplicativo móvel Waze. Criado em Israel e posteriormente adquirido pela Google, sua navegação por satélite é combinada com inte- rações realizadas pelos usuários, beneficiando a todos. spin-off: consiste numa empresa derivada de um grupo de estudo oriundo de uma instituição de pesquisa, de uma universidade, ou de uma empresa já existente, tendo como foco a comercialização de produtos ou serviços frutos das pesquisas realizadas. joint venture: representa um acordo estabelecido entre duas ou mais instituições para a realização de uma atividade es- pecífica por tempo determinado. Glossário Modelos de inovação tecnológica 71 1. capacidade de impulsionar P&D desenvolvido com o orçamento de outra empresa; 2. alcance e capacidade estendidos para novas ideias e tecnologias, considerando um contato maior com especialistas externos; 3. oportunidade de realocar recursos internos para encontrar, rastrear e gerenciar a implementação; 4. retorno do investimento realizado em P&D interno, por meio de venda ou licenciamento da propriedade intelectual não utilizada; 5. surgimento de uma noção maior de urgência para os grupos internos atuarem sobre ideias ou tecnologia, reduzindo os ciclos de inovação; 6. habilidade para efetuar experimentos estratégicos com utilização de menos recursos e com menores riscos, possibilitando a ampliação do foco bem como a geração de novas fontes de crescimento; 7. oportunidade de estabelecer uma cultura mais inovadora, do ambiente externo para o interno, fortalecendo a sinergia com os agentes inovadores; 8. geração de spin-offs. Algumas desvantagens da utilização do modelo de inovação aberta foram citadas em um estudo realizado com 107 empresas europeias, em 2008 (ENKEL; GASSMANN; CHESBROUGH, 2009). São elas: 1. custos de gestão mais elevados; 2. menor controle e maior complexidade; 3. dificuldade de encontrar o parceiro ideal; 4. desequilíbrio entre as atividades rotineiras e as de inovação aberta; 5. tempo e recursos financeiros escassos para as atividades de inovação. Chesbrough (2003) elenca, em seus estudos, as principais dife- renças entre o modelo de inovação fechada (modelos anteriores ao open innovation) e o modelo de inovação aberta (Quadro 1). Dentre os casos de sucesso na aplicação do modelo de inovação aberta, podem ser citadas as empresas TIM – com o lançamento da tecnologia 5G em 2020, fruto da parceria da companhia com sete espaços de inovação (dentre eles, startups e ambientes acadêmicos) (BUCCO, 2020) – e a Natura. Esta já firmou parceria com 19 startups, desde 2014, por meio de seu projeto Natura Startups, estimu- lando o empreendedorismo ao mesmo tempo que auxilia no crescimento da própria empresa (INOVAÇÃO..., 2020). Curiosidade 72 Tecnologias aplicadas e inovação Quadro 1 Diferenças entre modelo de inovação fechada e modelo de inovação aberta Fonte: Adaptado de Chesbrough, 2003; Peres et al., 2016. Inovação fechada Inovação aberta Os especialistas de cada área trabalham dentro da empresa. Os especialistas de cada área podem traba- lhar em outras instituições, sendo importante manter contato e uma boa relação com os profissionais. A empresa busca, por meio das in- venções criadas, ser a pioneira no mercado. Acredita-se ser possível obter lucros mesmo não sendo a pioneira na geração da ideia. Há um controle rígido da proprieda- de intelectual da empresa. É possível obter lucro por meio de licencia- mento da propriedade intelectual de uma empresa, tanto na condição de licenciante quanto na de licenciatário. O sucesso está atrelado ao pionei- rismo da comercialização de uma inovação. A elaboração de um modelo de negócio é mais benéfica do que o pioneirismo. Objetivando o lucro por meio de ati- vidades de P&D, é necessário a gera- ção, o desenvolvimento e a comercia- lização de um produto ou processo. P&D externo pode gerar valor expressivo, ao passo que o P&D interno é importante para pleitear uma percentagem desse valor. O sucesso advém mais da quantida- de e qualidade de ideias do que da concorrência. O sucesso está vinculado ao uso adequado de ideias, tanto internas quanto externas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo vimos os principais modelos de inovação reconhecidos mundialmente: o linear, o paralelo, o Tidd, Bessant e Pavitt e o de inovação aberta ou open innovation. O primeiro deles, modelo linear, é o mais antigo e simples de todos. Nele considera-se que o processo de inovação ocorre de maneira sequen- cial, com as atividades sendo desenvolvidas uma após a outra. Apesar de suas limitações, é ainda bastante utilizado. Como o modelo linear não abrange todas as interações possíveis entre as etapas, acaba por abrir caminho para outros sistemas. Tanto o modelo de inovação paralelo quanto seu desdobramento, denominado chain-linked, foram desenvolvidos considerando a retroalimentação entre as fases, por meio de feedbacks que possibilitam o aperfeiçoamento do processo. Já o modelo denominado Tidd, Bessant e Pavitt caracteriza-se por possuir etapas bem delimitadas e ser muito interativo. Ele é composto de quatro Considerando o conhecimento adquirido, indique a principal diferença entre o modelo Tidd, Bessant e Pavitt (modelo funil) e o modelo de inovação aberta (open innovation). Atividade 3 Modelos de inovação tecnológica 73 fases: busca, seleção, implementação e aprendizado – sendo esta última fundamental para promover as adaptações necessárias e para acumu- lar conhecimento a ser utilizado em processos subsequentes. Por fim, foi abordado o modelo de inovação aberta, que apresenta como principal diferencial, em relação aos anteriores, o fato de considerar que as organi- zações interagem e cooperam umas com as outras. Esse modelo possui três processos principais: o de fora para dentro, o de dentro para fora e uma combinação dos dois anteriores. Vale destacar que esses são apenas alguns dos modelos existentes, uma vez que os pesquisadores da área de inovação estão constantemente em busca da criação de novos modelos ou do aperfeiçoamento dos já existentes. Assim sendo, cada empresa deve analisar e optar por aquele que mais se aproxima de sua realidade. É importante ressaltar que os modelos não são excludentes entre si, ou seja, podem perfeitamente ser utilizados de maneira complementar. REFERÊNCIAS ANDRADE, E. C. de; CHARVET, P. Inovação: o que é o como podemos integrá-la à educação? In: BUETTGEN, J. J.; NASCIMENTO, J. O.; RUGGI, M. O.; CHARVET, P. (org.) Empreendedorismo, sustentabilidade e inovação no Brasil. 1. ed. Curitiba: Cátedra Ozires Silva; ISAE Escola de Negócios, 2017. p. 104-131. BUCCO, R. Na Tim, 5G é resultado de iniciativas de inovação aberta. TeleSíntese, 12 jul. 2020. Disponível em: http://www.telesintese.com.br/na-tim-5g-e-resultado-de-iniciativas- de-inovacao-aberta/. Acesso em: 23 jul. 2020. BUSH, V. Science the endless frontier. Washington: NSF, 1945. Disponível em: https://www. nsf.gov/about/history/EndlessFrontier_w.pdf. Acesso em: 15 jul. 2020. CAMPANÁRIO, M. de A. Tecnologia, inovação e sociedade. In: 6º, SEMINÁRIO INNOVACIÓN TECNOLÓGICA, ECONOMIA Y SOCIEDAD. Anais [...] Colombia: Colciencias, set. 2002. 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No modelo de inova- ção linear, há uma sequência rígida de atividades que devem ser desempenhadas no processo de inovação. Já os outros dois modelos contemplam uma retroalimentação do processo, ou seja, por meio dos feedbacks eles podem realizar os ajustes necessários. 3. Muito embora os dois modelos tenham um formato semelhante (de funil), de acordo com Chesbrough (2003), os modelos anteriores ao open innovation (como é o caso do modelo Tidd, Bessant e Pavitt) são considerados modelos de inovação fechada. Sendo assim, a principal diferença entre os dois modelos é o fato de um realizar ati- vidades de P&D apenas internamente (Tidd, Bessant e Pavitt), enquanto o outro está aberto para a realização de atividades de P&D de maneira colaborativa com outras empresas (open innovation). Dessa forma, o primeiro modelo não prevê, por exem- plo, a geração de spin-offs decorrentes do processo inovativo, nem o licenciamento da propriedade intelectual não utilizada para outras organizações, como ocorre no modelo de inovação aberta. https://distrito.me/inovacao-aberta-e-fechada-qual-a-diferenca/ https://distrito.me/inovacao-aberta-e-fechada-qual-a-diferenca/ https://corporateinnovation.berkeley.edu/open-innovation-research/ https://corporateinnovation.berkeley.edu/open-innovation-research/ A inovação como fonte de competitividade 75 4 A inovação como fonte de competitividade A inovação e os demais conceitos relacionados compõem um campo muito vasto de estudo. Quanto mais se pesquisa nessa área, mais há para ser descoberto. Nesse sentido, há alguns elementos relacionados ao conceito de inovação que valem a pena serem mais bem compreendidos e, por isso, serão trabalhados neste capítulo. Dentre eles, temos o conceito de cadeia de valor, pelo qual são analisadas as atividades realizadas pelas empresas para gerar vantagem competitiva. Grande parte dos estudos voltados à investigação dos fatores que levam uma empresa a se destacar em seu segmento de mer- cado demonstram que a inovação é um elemento primordial para assegurar uma vantagem competitiva frente à concorrência. Ademais, a prospecção das tecnologias portadoras de futuro tem recebido destaque nos debates sobre inovação, tanto por buscar prever as transformações futuras quanto por possibilitar a abertura de janelas de oportunidades. 4.1 Noção de cadeia de valor Vídeo Antes de analisar a noção de cadeia de valor, é importante entender claramente o significado de valor. Em termos de mercado, valor representa o quanto os compradores estão dispostos a pagar pelo que é fornecido por uma empresa. Para esta, o valor, considerado como a margem de lucro que se obterá com a comercialização de determinado produto, é representado pela recei- ta total menos o custo de produção. 76 Tecnologias aplicadas e inovação Valor (margem de lucro) = Receita total - Custo de produção Já o conceito de cadeia de valor foi estabelecido por Michael Porter na década de 1980. Tal definição pode ser compreendida como o encadea- mento de atividades executadas por uma empresa para planejar; pro- duzir; comercializar; realizar a entrega e oferecer suporte a seus bens, conforme é possível verificar na Figura 1 (PORTER, 1998; MAGRETTA, 2018), incluindo desde os fornecedores até o consumidor final. Figura 1 Cadeia de valor Fonte: Adaptada de Porter, 1998, p. 37. At iv id ad es d e ap oi o Atividades primárias Infraestrutura da empresa Gestão de Recursos Humanos Desenvolvimento tecnológico Aquisição/Compras Logística de entrada Logística de saída Operações Marketing e vendas Serviços M argem M argem Ao realizar a análise da cadeia de valor de uma empresa é possível compreender de que forma esta estabelece sua estratégia a fim de obter vantagem competitiva em seu segmento de mercado. Na Figura 1, nota-se que a cadeia de valor é formada pelas atividades primárias, subdivididas em logística de entrada e saída; operações; marketing e vendas; serviços e pelas atividades de apoio, estas compostas pela infraestrutura da empresa; pela gestão dos Recursos Humanos; pelo desenvolvimento tecnológico e pelas compras realizadas por uma empresa, bem como pela margem de valor acrescida a essas atividades, além dos elos existentes entre elas. O Quadro 1 apresenta as principais características das atividades primárias e de apoio pertencentes à cadeia de valor elencadas por Porter (1998): Wikimedi a C om mo ns /M ich ae l P or te r Michael Eugene Porter (1947) é um economista e professor da Universidade de Harvard (EUA). Autor de diversos livros nas áreas de administração e economia, possui bastante influência no campo da competitividade empresarial. BiografiaA inovação como fonte de competitividade 77 Quadro 1 Atividades da cadeia de valor At iv id ad es p rim ár ia s Logística de entrada Atividades associadas ao recebimento e armazenamento de insumos. Ex.: manuseio de materiais; armazenamento; controle de estoque; programação de veículos e devoluções aos fornecedores. Operações Atividades ligadas à transformação de insumos na forma de produto final. Ex.: usinagem; embalagem; montagem; manutenção de equipamentos; testes; impressão e operações de instalação. Logística de saída Atividades associadas à coleta, ao armazenamento e à distribuição física do pro- duto aos compradores. Ex.: armazenamento de produtos acabados; manuseio de materiais; operação do veículo de entrega; processamento de pedidos e programação. Marketing e vendas Atividades com foco no fornecimento de um meio pelo qual os compradores podem comprar o produto, bem como o convencimento a fazê-lo. Ex.: publicidade; promoção; força de vendas; cotação; seleção de canal e preço. Serviços Atividades relacionadas à prestação de serviços para aumentar ou manter o valor do produto. Ex.: instalação; reparo; treinamento; fornecimento de peças e ajuste do produto. At iv id ad es d e ap oi o Aquisição/ Compras Atividades de aquisição relacionadas à função de compra de insumos usados na cadeia de valor da empresa. Vale destacar que melhores práticas de compra podem afetar fortemente o custo e a qualidade dos insumos adquiridos, bem como de outras atividades associadas ao recebimento e uso dos insumos e à interação com fornecedores. Ex.: matérias-primas; suprimentos e outros itens consumíveis, bem como ativos como máquinas; equipamentos de laboratório e equipamentos de escritório. Desenvol- vimento tecnológico O desenvolvimento de tecnologia consiste em uma gama de atividades que po- dem ser amplamente agrupadas em esforços para melhorar o produto e o pro- cesso. É uma atividade importante para obter vantagem competitiva em todas as indústrias, sendo a chave em algumas, não se aplicando apenas a tecnologias diretamente ligadas ao produto final. Ex.: o desenvolvimento de tecnologia pode ocorrer desde a pesquisa básica e o design de produto até a pesquisa de mídia; o design de equipamento de processo e os procedimentos de manutenção. Gestão de recursos humanos A gestão de recursos humanos afeta a vantagem competitiva de qualquer em- presa por meio de seu papel na determinação das habilidades e da motivação dos funcionários e do custo de contratação e treinamento. Em alguns setores, é a chave para a vantagem competitiva. Ex.: atividades de recrutamento; contratação; treinamento; desenvolvimento e remuneração de todos os tipos de pessoal. Infraes- trutura da empresa A infraestrutura, ao contrário de outras atividades de suporte, geralmente dá suporte a toda a cadeia e não às atividades individuais, podendo ser uma fonte poderosa de vantagem competitiva. Ex.: administração geral; planejamento; finanças; contabilidade; assuntos jurídi- cos; governamentais e gestão da qualidade. Fonte: Elaborado pelo autor com base em Porter, 1998. 78 Tecnologias aplicadas e inovação De acordo com Porter (1998), tanto a cadeia de valor quanto a for- ma de execução das atividades possuem uma ligação com a trajetória e as estratégias adotadas pela própria empresa ao longo do tempo. É importante ressaltar que a cadeia de valor deve ser desmembrada em unidades de negócio para ser melhor compreendida e não vista de maneira global – para toda a indústria ou setor (PORTER, 1998). Além disso, é essencial que a empresa tenha pleno conhecimento de todas as etapas que compõem suas cadeias de valor, possibilitando, dessa forma, sua comparação com as empresas concorrentes, identificando pontos fortes e quais aspectos necessitam de melhoria. A comparação com as cadeias de valor dos concorrentes é importante porque expõe diferenças que determinam a vantagem competitiva (PORTER, 1998). É necessário ainda considerar que “o modelo da cadeia de valor permite a divisão da empresa nas suas atividades de relevância estratégica, para a compreensão dos custos e das fontes existentes ou potenciais de diferenciação” (SCHNEIDER et al., 2006, p. 303). De acordo com Silva (2004), para cada elo da cadeia de valor existem aspectos estruturais, internos e sistêmicos a serem considerados: 1. Estruturais: relacionados ao mercado em que a empresa está inserida, e podem ou não ser monitorados por ela. Por exemplo, o controle exercido por agências reguladoras (não tem domínio) ou a demanda por um produto afetada por uma campanha de marketing realizada pela empresa (tem controle). 2. Internos: formados pelos fatores dos quais a empresa possui controle (como o estabelecimento de preços), ressaltando que uma alteração em qualquer um dos elos da cadeia exerce influência sobre os demais. Dessa forma, é pertinente que a empresa, de posse das informações a respeito das mudanças, possa estabelecer seus objetivos estratégicos para obter o lucro almejado. 3. Sistêmicos: elementos não controláveis pela empresa, mas que exercem influência sobre o negócio, tais como o aumento de um imposto existente ou a criação de um novo. Além de todas as etapas pertencentes à cadeia de valor, há um aspecto de suma importância a ser considerado: a sustentabilidade. Dessa forma, incorporar um cuidado especial com os resíduos resultantes do processo produtivo e seu correto descarte ou reutilização é primordial para preservar as futuras gerações. A competitividade pode ser compreendida como “a capacidade da empresa em criar estratégias que a façam crescer. Esse crescimento pode se dar em termos de participação no mer- cado ou de aumento de lucros” (SILVA et al., 2012, p. 14). Importante A inovação como fonte de competitividade 79 Há que se apontar aqui a importância da logística reversa, segmen- to que investiga o fluxo de resíduos gerados pelo consumo de volta à indústria, com o objetivo de prover o reaproveitamento ou descarte mais adequado e ambientalmente correto a esses materiais. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, logística reversa é: Art. 3º [...] XII – [...] instrumento de desenvolvimento econômico e social ca- racterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sóli- dos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final am- bientalmente adequada. (BRASIL, 2010) O fato de os produtos apresentarem ciclos de vida útil cada vez mais reduzidos, causando sua obsolescência precipitadamente, exige que se planeje o fluxo logístico desses bens, tanto em função do aspecto am- biental quanto em relação à sustentabilidade empresarial. No ambien- te competitivo atual, as empresas precisam estar atentas aos aspectos sociais, legais e ambientais, com vistas a garantir uma vantagem com- petitiva frente à concorrência. Tal preocupação deve buscar satisfazer todos os stakeholders envolvidos no processo, indo muito além do foco no lucro dos negócios (LEITE, 2017). De acordo com Silva et al. (2012), a cadeia de valor pode ser modificada do formato linear para o cíclico, sendo que nesse segundo modelo há o reaproveitamento de resíduos, limitando o uso de matéria- -prima original. A despeito do acréscimo de custos que uma alteração na cadeia de valor pode apresentar, deve-se refletir sobre as vantagens dessa transformação a longo prazo. Segundo os autores, uma empresa que define a sustentabilidade como um diferencial de seus produtos pode atrair consumidores atentos às questões ambientais. Em relação à obsolescência de produtos, são consideradas três estratégias distintas. A primeira é a obsolescência programada, que consiste na programação de um ciclo de vida curto propositalmente, estimulando o consumidor a adquirir novos produtos. A segunda estratégia é a chamada obsolescência perceptiva, que ocorrequando se passa a considerar um produto obsoleto, mesmo que esteja em perfeitas condições de uso, em função de outro com características mais atraentes (consumo emocional). Finalmente, a terceira é intitula- da obsolescência tecnológi- ca, em que ocorre a substituição de um produto (mesmo que em pleno funcionamento) por outro com tecnologia mais avançada, com desempenho mais condi- zente com as necessidades do consumidor (ENTENDA..., 2020). Curiosidade Explique quais são os aspectos de cada elo da cadeia de valor, identificando suas caracterís- ticas. Cite um exemplo para cada aspecto. Atividade 1 4.2 Inovação como fator de vantagem competitiva Vídeo A competição faz parte da rotina do ambiente de negócios. Sendo assim, pode ser vista de modo positivo, uma vez que impulsiona as empresas a gerarem cada vez mais produtos e processos inovadores, o que pode ser considerado um benefício para a sociedade. 80 Tecnologias aplicadas e inovação Os fatores que influenciam a dinâmica de mercado são diversos, como o perfil socioeconômico dos consumidores e o potencial da empresa de gerar produtos inovadores. “Nesse sentido, a inovação está se tornando o principal fator de competitividade das firmas para ampliar e manter a sua atuação” (CONTO; ANTUNES JR.; VACCARO, 2016, p. 397). Assim, a inovação propicia à empresa a capacidade de alcançar e ultrapassar a concorrência pela criação de novos produtos e processos, bem como pela utilização de novas estratégias organizacionais e de marketing. Dessa forma, é possível afirmar que a “sustentabilidade de uma organização está relacionada a sua capacidade de gerar vantagem competitiva [...]” (TORRES; PAGNUSSATT; SEVERO, 2016, p. 1). Ademais, é possível afirmar que a vantagem competitiva está muito mais relacionada ao controle exercido pela empresa sobre seus con- correntes do que somente a um diferencial obtido com base na lucra- tividade (MATTOS; GUIMARÃES, 2012). Ainda de acordo com Mattos e Guimarães (2012), o sucesso de uma empresa está atrelado ao uso do pensamento crítico para tomada de decisões, que faz parte dos recur- sos intangíveis de uma organização. De acordo com Quandt (2004), a inovação responde por 80% a 90% do crescimento da produtividade em países mais desenvolvidos, o que demonstra a importância fundamental de tal atividade. Mas quais são os fenômenos característicos do cenário atual de concorrência acirrada? A resposta a essa pergunta compreende três eventos principais: a globalização, a customização de produtos e o desejo pelo novo (MATTOS; GUIMARÃES, 2012), melhor detalhados na sequência. Globalização Consiste em um processo de integração em quatro níveis: cultu- ral, social, político e econômico. Compreende a internacionalização da produção, o fortalecimento do comércio internacional e a integração dos sistemas financeiros nacionais (BAUMANN, 1996). Tal processo foi intensificado principalmente pelo aperfeiçoamento das tecnologias da informação e comunicação (TICs). Em um cenário de globalização, a inovação é bastante impulsiona- da, tanto pelo fato de haver uma troca maior de conhecimento quan- to pela maior concorrência resultar em produtos melhores. Como as “O acesso ao conhecimento tecnológico, o desenvolvimento do capital humano, a inovação contínua e a adoção de padrões mundiais de qualidade e produ- tividade são fatores essenciais para sustentar a competitivida- de” (QUANDT, 2004). Importante Em 2019, o Brasil ocupou a 71ª colocação de um total de 141 economias avaliadas, em um dos mais importantes índices mundiais de avaliação da competitividade, denominado Global Competitiveness Index (GCI), publicado pelo Fórum Econômico Mundial. Os três primeiros classificados no GCI foram: Singapura, Estados Unidos e Hong Kong. Os melhores resultados alcançados pelo país foram em relação aos pilares de mercado de trabalho, dinamismo de negócios e infraestrutura, sendo que a meta do governo é atingir em 2022 a 50ª colocação (BRASIL, 2019a). Curiosidade http://www3.weforum.org/docs/WEF_TheGlobalCompetitivenessReport2019.pdf http://www3.weforum.org/docs/WEF_TheGlobalCompetitivenessReport2019.pdf A inovação como fonte de competitividade 81 empresas líderes são capazes de desenvolver produtos de qualidade a baixo custo, as pequenas e médias empresas são pressionadas a inovar (MATTOS; GUIMARÃES, 2012), fazendo uso especialmente da criatividade. Customização de produtos Ao longo do tempo foram observadas diversas transformações na forma de produção e aquisição de bens, ou seja, ocorreram mudanças profundas para a indústria e os consumidores. A Revolução Industrial ocasionou uma transição do modo de pro- dução artesanal para a maquinofatura, levando posteriormente à pro- dução em massa, tão bem exemplificada pela linha de montagem de automóveis de Henry Ford. Entretanto, a concepção ultrapassada, tão bem destacada pela famosa frase proferida por Ford, de que “o cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto”, cede es- paço à atual maior customização dos produtos, uma vez que os consu- midores se tornaram mais exigentes e mais conscientes da importância de se adquirir produtos mais sustentáveis. Esse processo de segmentação de mercado e redução da produção em massa teve início no fim da década de 1980 (KOTLER, 1989). O impasse, contudo, reside no fato de que o mercado consumidor exige produtos cada vez mais customizados, mas com valores comparados aos pagos por produtos decorrentes da produção em massa. Nesse cenário, em que a satisfação do cliente é o principal objetivo, há a necessidade premente de que as empresas introduzam inovações de todo tipo – de produto, de processo, organizacional e de marketing – para se destacarem em seu segmento de mercado. Desejo pelo novo Considerando que o mercado consumidor está cada vez mais exigente, é natural que o setor produtivo se adeque às condições impostas. Dessa forma, as empresas competem entre si pela preferência dos clientes, o que viabiliza produtos melhores a um custo menor. Nesse contexto, aumenta a expectativa do consumidor por produtos novos e de maior qualidade, fazendo com que seu ciclo de vida seja progressivamente reduzido – é o desejo pelo novo. “Essa constatação fortalece o princípio de que inovação gera inovação, pois além de criar subsídios para novos desenvolvimentos, cada inovação provoca um acréscimo nas expectativas dos consumidores pelo novo” (MATTOS; GUIMARÃES, 2012, p. 44). 82 Tecnologias aplicadas e inovação Um dos mecanismos utilizados pelas empresas para inovar e, consequentemente, obter vantagem competitiva em seu segmento de mercado é a engenharia reversa. Essa atividade consiste na com- preensão do modo de funcionamento de um produto existente bem como dos recursos tecnológicos incorporados a ele. Na prática, con- siste no ato de desmontar um objeto para ver como ele funciona. A Figura 2 traz um exemplo de aplicação da engenharia reversa no mercado automobilístico. Figura 2 Exemplo de engenharia reversa W ik im ed ia C om m on s/ Ge or g W io ra . Processo de engenharia reversa usando o exemplo de um veículo Silberpfeil, construído em 1954. Uma nuvem de pontos (2) com 98 milhões de pontos de medição foi gerada com base no original (1) dentro de 14 horas de medição. Os pontos foram reduzidos a cortes axialmente paralelos a uma distância de dois centímetros (3), sobre os quais foi construído um modelo CAD (4) em cerca de 80 horas de trabalho. Com base no modelo CAD, foi feita uma réplica (5) na escala de 1: 1. Réplica Modelo-CAD Medição Medição Nuvem Veículo Silberpfeil (construído em 1954) De acordo com Tigre (2019), a engenharia reversa não pode ser con- siderada uma simples cópia, uma vez que muitas das peças e o próprio processo de produção podem estar protegidos por patentes ou segre- do industrial. Nesse sentido, não basta compreender o funcionamento, mas é necessário possuir capacidade tecnológica para alteraro objeto Discorra sobre os fenômenos inerentes ao atual cenário de in- tensa concorrência de mercado. Atividade 2 https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Xorx A inovação como fonte de competitividade 83 original de modo que não descumpra a legislação de proteção à pro- priedade intelectual. Aliás, muitas das fabricantes de produtos originais acabam falindo, e várias empresas, para não deixar seu parque industrial subutilizado, implementam setores de engenharia reversa com o propósito de desen- volver réplicas próprias de peças utilizadas na produção, por exemplo. Assim, nem sempre a engenharia reversa pode ser vista como uma vantagem competitiva, pois é muito mais custoso instalar um depar- tamento responsável por isso em uma empresa do que seria adquirir a peça do fabricante original, caso ele não tivesse falido. No caso de empresas de base tecnológica, normalmente o investimento em en- genharia reversa é mais justificável do que em organizações de outros ramos, uma vez que há a formação de um novo paradigma tecnológico que abre novas janelas de oportunidades. Para ampliar seu conhe- cimento a respeito da engenharia reversa, leia o texto O que é engenharia reversa?, publicado por Oliver Hautsch no site TecMundo. Disponível em: https://www. tecmundo.com.br/pirataria/2808- o-que-e-engenharia-reversa-.htm. Acesso em: 20 out. 2020. Saiba mais 4.3 Tecnologias portadoras de futuro Vídeo Na atual sociedade do conhecimento, tem sido reservado um espa- ço de destaque às denominadas tecnologias portadoras de futuro pelo significativo potencial que possuem de estimular profundas transfor- mações sociais (MATTOS; GUIMARÃES, 2012). De acordo com diversos autores, além das TICs, algumas das tecnologias consideradas portadoras de futuro são: a biotecnologia, a nanotecnologia e as energias renováveis. Tais categorias serão pormenorizadas na sequência. Biotecnologia Muito embora a biotecnologia não seja um ramo de estudo novo, haja vista que existe há mais de 5000 mil anos, se for considerado o uso da técnica de fermentação do pão e do vinho, ela faz uso de modernas ferramentas tecnológicas (BRASIL, 2020a). Mas em que consiste exata- mente a biotecnologia? Ela tanto pode ser concebida em seu sentido mais amplo, conside- rando o manuseio de animais, plantas e microrganismos, com foco em resultados econômicos, quanto no sentido mais restrito em que está relacionada ao uso de avançadas técnicas de biologia molecular e celu- lar (BRASIL, 2020b). A Figura 3 apresenta algumas das aplicações possí- veis da biotecnologia. https://www.tecmundo.com.br/pirataria/2808-o-que-e-engenharia-reversa-.htm https://www.tecmundo.com.br/pirataria/2808-o-que-e-engenharia-reversa-.htm https://www.tecmundo.com.br/pirataria/2808-o-que-e-engenharia-reversa-.htm 84 Tecnologias aplicadas e inovação Figura 3 Algumas aplicações da biotecnologia Fonte: Brasil, 2020a e SEBRAE, 2020. Biotecnologia Sequenciamento de DNA (melhoramento genético) Engenharia Genética (transgênicos) Cultura de tecidos e células Biocombus- tíveis Tratamentos, suplementos e novos kits de diagnóstico Clonagem de animais Produção de vacinas (DNA recombinante) Células tronco Marcadores moleculares (testes de paternidade) A primeira vez que o termo biotecnologia foi citado data do ano de 1919, sendo proferido pelo engenheiro agrícola húngaro Károly Ereky, intitulado como “pai” da biotecnologia (BRASIL, 2020c). Já a biotecnolo- gia moderna surgiu com a descoberta da estrutura do DNA, em 1953, sendo que tal código genético foi decifrado em 1967. Com tais achados, foi possível uma transformação profunda nas áreas da genética e biolo- gia molecular (FALEIRO; ANDRADE; REIS JUNIOR, 2011). Dentre as diversas aplicações possíveis para a biotecnologia, pode- -se citar a engenharia genética, que consiste num conjunto de técnicas de genética molecular e biologia, resultando na criação de moléculas de DNA recombinantes. Por DNA recombinante, compreende-se o re- sultado da união de diversas partes de DNA provenientes de células, espécies ou organismos diversos (FALEIRO; ANDRADE; REIS JUNIOR, 2011). Tais aplicações podem ser utilizadas na agricultura, para a ma- nipulação genética de alimentos (transgênicos), ou na área de saúde, para a produção de vacinas, por exemplo. Para conhecer algumas aplicações da biotecno- logia, assista ao vídeo O que é Biotecnologia?, produzido pelo Instante Biotec. Disponível em: https://youtu.be/ bDKOreHgQP4. Acesso em: 20 out. 2020. Vídeo Considerando que a biotecno- logia é uma área muito vasta, você consegue lembrar de outro ramo e/ou aplicação diverso dos que foram citados neste livro? Comente. Atividade 3 https://youtu.be/bDKOreHgQP4 https://youtu.be/bDKOreHgQP4 A inovação como fonte de competitividade 85 Nanotecnologia Representa a capacidade de trabalhar com fenômenos e processos que ocorrem em uma escala de 1 a 100 nanômetros (OECD, 2018). Um nanômetro (nm) equivale a um bilionésimo do metro (1nm = 10-9m). Para se ter uma ideia dessa dimensão, pode-se citar o cabelo, que possui cerca de 40.000 nm (CONDE, 2005). A figura a seguir ilustra a comparação com outros elementos. Figura 4 Escala nanométrica Olhos Microscópio eletrônico Microscópio ótico Molécula pequenaVírus Célula Formiga Maçã Humano Abelha Pelo Bactéria DNA Átomo Orbital eletrônico Nanomateriais avançados têm sido progressivamente utilizados na fabricação de produtos de alta tecnologia, como o polimento de com- ponentes ópticos. Outras inovações mais recentes incluem diagnósti- cos lab-on-a-chip e células solares biomiméticas (OECD, 2018). As aplicações possíveis para a nanotecnologia são várias, sendo complexo seu exato dimensionamento. Entretanto, alguns dos possí- veis usos são listados no Quadro 2. W ik im ed ia C om m on s lab-on-a-chip (LOC): dispositivo que integra várias funções de laboratório em um nanochip. Por possibilitar o uso de pequenos volumes de fluido, o que reduz custos e o tempo de resposta, possui grande potencial de utilização na área de saúde (CHERIYEDATH, 2020). células solares biomimé- ticas: são nanoestruturas que buscam replicar o mecanismo de armazenamento solar efetuado por animais, como borboletas e vespas. Glossário 86 Tecnologias aplicadas e inovação Quadro 2 Aplicações de nanotecnologia Área Aplicações Biotecnologia Biochips, biosensores, diagnóstico e nanocirurgia. Computação Computadores moleculares, computadores quânticos e compu- tadores ópticos. Eletrônica Bens inteligentes, nanoeletrônica, nanolitografia, eletrônica per- vasiva e sistemas de imagiologia. Energia Baterias avançadas, células de combustível, células fotovoltaicas e microfontes de energia. Materiais Poços quânticos, nanopartículas, nanotubos, nanocristais e auto- montagem em monocamadas. Fonte: Adaptado de Roughley (2004), apud Eugenio e Fatal (2010, p. 2-3). O uso da nanotecnologia gera expectativa de ganhos de eficiência bem como de aplicações customizadas (MATTOS; GUIMARÃES, 2012), resultando em impactos positivos ao meio ambiente e melhoria na qualidade de vida (FERREIRA; RANGEL, 2009). O investimento global em nanopartículas é de aproximadamente US$ 40 bilhões por ano, sendo que os países que mais destinam recursos para programas e patentes na área são a China, a Coreia do Sul, os Estados Unidos e o Japão (FERREIRA; RANGEL, 2009). Energias renováveis Compreendem aquelas energias provenientes de recursos naturais inesgotáveis, como luz, água, vento, entre outros. Dentre algumas das energias renováveis existentes podem ser citadas a eólica (energia do vento), hídrica (energia da água), solar (luz e calor do sol), biomassa (matéria orgânica, de origem animal ou vegetal), geotérmica (calor originário do interior da Terra) e energia oceânica (aproveitamento das ondas do mar). Por outro lado, as energias não renováveis são aquelas baseadas na utilização de combustíveis fósseis que não têm disponibilidade contínuapela natureza, compreendendo petróleo e derivados, gás natural, carvão e combustíveis nucleares. Em relação à matriz energética brasileira, é possível verificar na Fi- gura 5 que o uso de energias não renováveis vem diminuindo ao longo do tempo, com a projeção para o ano de 2024 de 54,8% do total, en- quanto a energia renovável deve responder pelos outros 45,2%. Para conhecer um pouco mais sobre a aplicação da nanotecno- logia na agricultura, leia o texto Nanotecnologia a favor de uma agricultura mais sustentável, de Guilherme Profeta, no site do Jornal Cruzeiro do Sul. Disponível em: https://www.jornalcruzeiro. com.br/uniso-ciencia/nano- tecnologia-a-favor-de-uma-a- gricultura-mais-sustentavel/. Acesso em: 20 out. 2020. Saiba mais https://www.jornalcruzeiro.com.br/uniso-ciencia/nanotecnologia-a-favor-de-uma-agricultura-mais-sustentavel/ https://www.jornalcruzeiro.com.br/uniso-ciencia/nanotecnologia-a-favor-de-uma-agricultura-mais-sustentavel/ https://www.jornalcruzeiro.com.br/uniso-ciencia/nanotecnologia-a-favor-de-uma-agricultura-mais-sustentavel/ https://www.jornalcruzeiro.com.br/uniso-ciencia/nanotecnologia-a-favor-de-uma-agricultura-mais-sustentavel/ A inovação como fonte de competitividade 87 Figura 5 Matriz energética brasileira: energia renovável e não renovável Fonte: Adaptada de Brasil, 2015, p. 437. 2015 2019 2024 Energia renovável Energia não renovável 42,5 57,5 45,0 55,0 45,2 54,8 Muitas vezes as fontes de energia são mencionadas especificamen- te em relação à produção de eletricidade, que consiste em um ele- mento essencial para a vida humana e o desenvolvimento econômico (MENDONÇA et al., 2020). Considerando a matriz elétrica mundial referente ao ano de 2018 (Gráfico 1), verifica-se que ela é composta por 26% de uso de energias renováveis e por 74% de utilização de fontes de energia não renová- veis, de acordo com a International Energy Agency (IEA). Gráfico 1 Produção mundial bruta de eletricidade, por fonte (2018). 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 0,5% 2,1% 4,8% 2,4% 10,1% 38,0% 2,9% 23,0% 16,2% Geotérmico Solar Eólica Biocombustível e resíduos Nuclear Carvão Petróleo e derivados Gás natural Hídrica Fonte: IEA, 2020. Assista ao vídeo Energias Renováveis, produzido pela National Geographic Portugal para conhecer um pouco mais sobre o assunto. Disponível em: https://youtu. be/n-eIM6Ds1jQ. Acesso em: 20 out. 2020. Vídeo Apesar de a eletricidade ser algo tão presente na vida das pessoas em geral, dados de 2016 demonstram que cerca de 13% da população mundial ainda vive sem acesso a esse recurso energético, especialmente na África Subsaariana e em comu- nidades rurais no sul da Ásia (MENDONÇA et al., 2020). Curiosidade https://youtu.be/n-eIM6Ds1jQ https://youtu.be/n-eIM6Ds1jQ 88 Tecnologias aplicadas e inovação Ressalta-se que os três países com consumo mais elevado de ener- gia elétrica no mundo, no ano de 2017, são a China (26,59% do total), os Estados Unidos (17,31%) e a Índia (5,27%), o que é justificável por serem exatamente os três maiores países em termos de popula- ção. O Brasil ocupa, no mesmo ano, a sétima posição em consumo de energia elétrica no mundo (BRASIL, 2019b). Já em relação à matriz elétrica brasileira (Gráfico 2), é possível veri- ficar que ocorre o inverso em relação à mundial, ou seja, maior uso de energias renováveis (especialmente de origem hídrica), corresponden- do a 81,8% do total. Por outro lado, há 15,9% de utilização de fontes de energia não renováveis. Ressalta-se que 2,3% da energia utilizada provém de fontes renováveis e não renováveis (outras). Vale destacar que o país possui riquezas naturais abundantes e pessoal capacitado, o que favorece a utilização desses recursos. Gráfico 2 Geração elétrica no Brasil, por fonte (2019). 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Outras Solar Eólica Biomassa Nuclear Carvão Petróleo e derivados Gás natural Hídrica 2,3% 1,1% 8,9% 8,3% 2,6% 2,4% 1,3% 9,6% 63,5% Fonte: Brasil, 2019b. Após a exposição de alguns dados importantes acerca da matriz energética brasileira (energia renovável e não renovável); da produção mundial bruta de eletricidade – por fonte –; dos países com maior con- sumo de energia elétrica no mundo e da geração elétrica no Brasil – por fonte –, serão abordados alguns aspectos adicionais acerca das princi- pais fontes de energias renováveis no Brasil. A Figura 6 apresenta fotos que ilustram tais fontes: eólica, solar, hídrica e biomassa. Conheça a Usina de Ondas de Pecém, a pri- meira da América Latina a utilizar o movimento das ondas do mar para a pro- dução de energia elétrica. Assista ao vídeo Usina de Ondas, produzido pela Coppe UFRJ. Disponível em: https://youtu.be/ EEmM6Qxnd_w. Acesso em: 20 out. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/channel/UCeqIaCkp6HayrfkMiLlqCUw https://youtu.be/EEmM6Qxnd_w https://youtu.be/EEmM6Qxnd_w A inovação como fonte de competitividade 89 Figura 6 Usina de energia eólica na Serra do Rio do Rastro em Bom Jardim da Serra – São Joaquim (SC) (foto 1); Painéis solares (foto 2); Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional (foto 3); Usina de biogás (foto 4). W ik im ed ia C om m on s1 2 3 4 Energia hídrica A produção de energia hídrica advém especialmente das hidrelétri- cas, sendo considerado um dos processos menos poluidores de produ- ção de energia elétrica e um dos mais eficientes (REIS, 2020). No Brasil, tal fonte é responsável por 63,5% de geração de energia elétrica. No fim do século XIX foi construída a primeira hidrelétrica do mundo, junto às quedas d’água das Cataratas do Niágara (ANEEL, 2008), na fron- teira entre os Estados Unidos e o Canadá. Em nosso país, destaca-se a Usina Hidrelétrica de Itaipu, construída pelo Brasil e pelo Paraguai, sendo atualmente a maior hidrelétrica em operação no mundo (ANEEL, 2008). Energia eólica Consiste em uma fonte de energia resultante do movimento de turbinas pela ação do vento, gerando energia elétrica para as redes e apresentando um funcionamento similar a moinhos de vento (VIEIRA; FRANCISCO; BITTENCOURT, 2016). É responsável por 4,8% da produção mundial bruta de eletricidade e por 8,9% no Brasil. É interessante destacar que em 1976 foi instalada na Dinamarca a primeira turbina eólica comercial conectada à rede elé- trica pública, sendo que hoje somam-se mais de 30 mil turbinas eólicas operando no mundo (ANEEL, 2002). No Brasil, o primeiro aerogerador 90 Tecnologias aplicadas e inovação a entrar em operação comercial no país foi implantado em Fernando de Noronha (PE), em 1992 (DINIZ, 2018). Destaca-se que em 2022 está prevista a inauguração do maior parque eólico terrestre da América Latina, localizado no nordeste do Brasil, entre os estados do Piauí e da Bahia (REIS, 2019a). Energia solar É obtida por meio da luz e do calor do sol, respondendo por 2,1% da produção mundial bruta de eletricidade e no caso do Brasil, por 1,1%. Embora a participação da energia solar seja ainda pouco significativa na matriz mundial (ANEEL, 2008), ela tem apresentado uma expansão rápida em termos de matriz elétrica (BRASIL, 2015), sendo uma das opções energéticas mais promissoras (PEREIRA et al., 2017). No caso do Brasil, assim como em relação aos ventos, o país é fa- vorecido em termos de radiação solar, podendo a Região Nordeste ser comparada às melhores regiões do mundo nesse quesito (ANEEL, 2008). Biomassa É um resíduo sólido composto por dejetos e esgoto que se constitui na fonte principal para a produção de biogás. O processo de produção de biogás se dá pela ação de microrganismos que decompõem a ma- téria sólida inserida em um ambiente sem ar, transformando-a em gás (ANEEL, 2008), sendo considerado um bom substituto ao gás natural. No Brasil, a biomassa é responsável por 8,3% da geração de ele- tricidade, sendo que o país tem mostrado perspectivas positivas em relação ao biogás, por apresentar condições favoráveis de produção, consumo e distribuição (VIEIRA; FRANCISCO;BITTENCOURT, 2016). O quadro a seguir apresenta as principais vantagens e desvanta- gens em relação às fontes de energia renovável apresentadas. Quadro 3 Vantagens e desvantagens de algumas energias renováveis Tipo de energia renovável Vantagens Desvantagens Energia hídrica • Inesgotável; • Não poluente; • Estimula o desenvolvimento local; • Baixo custo de produção. • Erosão dos solos; • Retirada de populações ribeirinhas; • Alterações no ecossistema decorrentes da construção dos reservatórios; • Alto custo de instalação e desativação. (Continua) A inovação como fonte de competitividade 91 Tipo de energia renovável Vantagens Desvantagens Energia eólica • Durável; • Renovável; • Segura; • Ampla disponibilidade; • Não poluente; • Não gera resíduos; • Independe de importações; • Não tem custo de aquisição de suprimento. • Custo, mesmo reduzindo ao longo do tempo, ainda é alto se comparado com outras fontes; • Ruído constante; • Impacto das aves contra as pás; • Intermitência. Energia solar • Renovável; • Gratuita; • Não poluente; • Não emite som; • Muito embora haja um investimento inicial elevado em relação aos equipamentos solares, há recuperação posterior do investimento. • Alto custo de aquisição; • Dependência de clima favorável; • Preocupação em relação ao des- carte dos painéis solares. Biomassa • Utilização estimula um uso menor de gases que causam o efeito estufa; • Favorece o enfrentamento da poluição tanto de lençóis freáticos quanto do solo; • Fonte de energia limpa; • Reduz o volume de lixo orgânico, podendo dar um destino útil aos aterros sanitários; • Pode gerar biofertilizantes; • Capaz de substituir o gás de cozinha (GLP). • Elevado custo do sistema de produção; • Sistema de depósito é comple- xo e caro; • Um dos resíduos do Biogás é o dióxido de carbono (CO2). Fonte: Agência Câmara, 2008; ANEEL, 2008; Scherer et al., 2015; Vieira; Francisco; Bittencourt, 2016; Descarte..., 2018; Buono et al., 2019; Reis, 2019b. A observação atenta do Quadro 3 demonstra que muito embora as energias renováveis sejam preferíveis às energias não renováveis, ne- nhuma apresenta vantagem absoluta sobre as demais, tampouco des- vantagem zero. Dessa forma, é necessário considerar que as escolhas devem ser realizadas de acordo com cada cenário e condição específica. Para conhecer tecnolo- gias que farão parte do cotidiano num futuro próximo, assista ao vídeo O que acontecerá aos humanos até 2025, produ- zido pelo canal Incrível. Disponível em: https://youtu.be/ MZgbZLl2VaI. Acesso em: 20 out. 2020. Vídeo CONSIDERAÇÕES FINAIS Conhecer conceitos como os de valor e de cadeia global de valor, bem como potencializar seu desempenho, é essencial para que as empresas obtenham vantagem competitiva diante da concorrência em seus respec- tivos segmentos de mercado. Diante disso, é de suma importância que se compreenda a magnitu- de da inovação como aspecto principal na dinâmica de mercado. Uma empresa inovadora é aquela que aceita correr riscos para agregar valor aos seus produtos. Ademais, em um ambiente extremamente competiti- https://youtu.be/MZgbZLl2VaI https://youtu.be/MZgbZLl2VaI 92 Tecnologias aplicadas e inovação vo como o atual, é necessário que a empresa esteja atenta a fenômenos como a customização de produtos, a globalização e o desejo do consumi- dor pelo novo, a fim de que possa obter vantagem competitiva diante dos concorrentes. Além disso, a discussão acerca das atividades portadoras de futuro tem sido pauta em todo o mundo. Diversos órgãos de todas as áreas liga- das à inovação têm debatido sobre as oportunidades que essas ativida- des descortinam no horizonte. Dentre tais ações, encontram-se, além das TICs, áreas como a biotecnologia, a nanotecnologia e as energias renová- veis, que foram apresentadas no capítulo tanto em termos globais quanto especificamente em relação ao Brasil. REFERÊNCIAS AGÊNCIA CÂMARA. 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Por último, estão os aspectos estruturais, que consistem naqueles que estão relacionados com o mercado no qual a empresa atua, podendo ser ou não monitorados por ela, como a relação com os fornecedores. 2. O cenário atual compreende três importantes fenômenos: a globalização, a customi- zação de produtos e o desejo pelo novo. Com relação à globalização, pode-se afir- mar que é um processo de fortalecimento do comércio internacional, de associação dos sistemas financeiros nacionais e de mundialização da produção. Em um cenário de globalização, os consumidores são favorecidos com produtos melhores, frutos do maior nível de concorrência. Quanto à customização de produtos, trata-se de um processo em que os consumidores são mais exigentes, desejando produtos customi- zados com preço equivalente aos dos produtos resultantes da fabricação em massa. Ademais, há uma preocupação com a sustentabilidade do processo produtivo. Final- mente, há o fenômeno do desejo pelo novo, em que há uma redução do ciclo de vida dos produtos em decorrência das exigências do mercado consumidor, que almeja produtos melhores e mais baratos. Dessa forma, o processo inovativo é retroalimen- tado para atender aos anseios do mercado consumidor. 3. (Resposta de opinião). Um dos ramos da biotecnologia é a denominada biologia sintética, que toma como base os fundamentos da engenharia genética para manipular o DNA de organismos, podendo criar organismos artificiais. Embora seja um campo de estudos muito promissore capaz de gerar inovações disruptivas, é também um ramo muito controverso, principalmente em relação às questões éticas e ambientais envolvidas. https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/aplicacoes-da-biotecnologia-na-area-animal,de63438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/aplicacoes-da-biotecnologia-na-area-animal,de63438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/aplicacoes-da-biotecnologia-na-area-animal,de63438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD Gestão da propriedade intelectual 95 5 Gestão da propriedade intelectual A gestão da propriedade intelectual é uma ferramenta estraté- gica de grande importância para promover o processo inovador. Esse instrumento propicia retorno às instituições que realizam a administração dos bens intangíveis de maneira adequada, trazen- do benefícios à sociedade. Diante disso, mostra-se necessário compreender primeiramente a diferença entre a propriedade industrial e a propriedade intelectual, que por vezes são tomadas como se tivessem o mesmo significado. Após a definição de ambos os conceitos, partimos para a classifi- cações dos direitos de propriedade intelectual, que são divididos em três categorias: direito autoral, propriedade industrial e proteção sui generis, incorporando ainda diversas subcategorias. Além da classificação da propriedade intelectual, entender seus impactos no desenvolvimento econômico nacional também é fun- damental para uma compreensão mais ampla de sua importância. Ademais, considerando que a propriedade intelectual e, mais es- pecificamente, a propriedade industrial são um meio para se atin- gir a atividade-fim, que consiste na transferência de tecnologia, são analisados tanto os aspectos que envolvem essa atividade quanto a cooperação entre universidade e empresa. É importante ressaltar que o papel da universidade não é mais tão somente de formadora de profissionais capacitados (primeira missão) e nem de incluir, além das atividades de ensino, também as atividades de pesquisa (segunda missão). Atualmente, essa institui- ção ultrapassa os limites de seus muros para buscar uma sinergia maior com a comunidade, sendo a atividade de transferência de tecnologia essencial para uma maior aproximação com o setor pro- dutivo, o que resulta em benefícios à sociedade como um todo. 96 Tecnologias aplicadas e inovação 5.1 Propriedade industrial e propriedade intelectual Vídeo Na maior parte das vezes, quando se fala sobre propriedade industrial e propriedade intelectual, as pessoas têm alguma noção sobre o assunto. Mas você sabe diferenciar uma modalidade da outra? Observando a Figura 1, é possível perceber que a propriedade in- dustrial constitui uma das subdivisões da propriedade intelectual, que também é composta pelo direito autoral e pela proteção sui generis. Figura 1 Categorias que envolvem os direitos de propriedade intelectual Fonte: Adaptada de Jungmann e Bonetti, 2010a. Propriedade intelectual Direito autoral Propriedade industrial Proteção sui generis A categoria da propriedade industrial inclui os direitos sobre as pa- tentes de invenção e de modelo de utilidade, o registro de marcas, o de desenho industrial e o de indicação geográfica, bem como a proteção ao segredo industrial e a repressão à concorrência desleal. No Brasil, o órgão responsável pela proteção aos direitos de proprie- dade industrial é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), uma autarquia federal brasileira criada em 1950 e vinculada atual- mente ao Ministério da Economia. Ela é responsável por: concessão de patentes e registro de marcas; desenhos industriais; indicações geográ- ficas; programas de computador; topografias de circuitos integrados; e registro e/ou averbação de contratos de tecnologia e de franquia. Por ser uma instituição encarregada de um volume muito grande de pedidos de registro e, em especial, de patentes – mais especificamente a de invenção –, o INPI implementou há pouco o denominado Plano de Combate ao Backlog. Essa ação visa analisar o volume de aproximada- mente 150.000 pedidos de patente pendentes de análise (BRASIL, 2019). autarquia: entidade de direito público, com autonomia econô- mica, técnica e administrativa, embora fiscalizada e tutelada pelo Estado, o qual eventual- mente lhe fornece recursos e constitui o órgão auxiliar de seus serviços. backlog: consiste no estoque de pedidos de patente pendentes de exame técnico. Glossário https://pt.wikipedia.org/wiki/Autarquia Gestão da propriedade intelectual 97 Para tanto, o INPI pretende aperfeiçoar os processos internos bem como se valer da busca referente aos pedidos já examinados no exte- rior (BRASIL, 2020). Essa ação é fundamental para alavancar a atividade econômica no país, uma vez que a demora na análise dos pedidos é um desestímulo à atividade inovadora por parte do setor produtivo. Vale salientar que, em relação especificamente às patentes, há di- versas situações em que o requerente recebe tratamento prioritário na análise de seu processo, além de descontos no valor dos serviços, como é o caso de: idosos; pessoas com deficiências; instituições cien- tíficas, tecnológicas e de inovação (ICTs); start-ups e micro e pequenas empresas. Ademais, depósitos que estimulem o emprego de tecnologias no uso de recursos naturais de maneira sustentável, como é o caso do Programa Patentes Verdes, também recebem prioridade de tratamento. Já no cenário mundial, destaca-se a Organização Mundial da Pro- priedade Intelectual (OMPI), em inglês World Intellectual Property Organization (WIPO), que consiste em um órgão das Nações Unidas cujo objetivo é estimular a proteção à propriedade intelectual ao re- dor do mundo (OMPI/INPI, 2018). Fundada em 1967, possui sede em Genebra (Suíça) e conta com 193 Estados-membros (WIPO, 2020). Dentre as atividades desempenhadas pela OMPI para estimular mundialmente os direitos de propriedade intelectual, encontra-se o controle de tratados e convenções específicas. Importante ressaltar que o Brasil não é signatário de todos os acordos, mas participa dos mais significativos na intenção de promover a participação dos in- teressados no sistema internacional de propriedade intelectual, obje- tivando a apropriação do conhecimento e a expectativa de retornos financeiros com a propriedade intelectual (OMPI/INPI, 2018). No que diz respeito à legislação referente à propriedade industrial, a mais importante é a de n. 9.279, de 1996, conhecida como Lei de Proprie- dade Industrial, a qual regula direitos e obrigações relativos à proprieda- de industrial. Essa legislação abrange diversas modalidades de proteção, como invenção, modelo de utilidade, marca, desenho industrial, indica- ção geográfica, segredo industrial e repressão à concorrência desleal. Para as demais modalidades de propriedade intelectual – como di- reitos de autor e conexos, programa de computador, topografia de cir- cuito integrado e cultivar – há leis específicas. Para conhecer os dados mais importantes sobre propriedade industrial e propriedade intelectual no Brasil e no mundo, acesse a página da Confe- deração Nacional da Indústria. Disponível em: http://www. portaldaindustria.com.br/cni/ canais/propriedade-intelectual-cni/ propriedade-intelectual/dados-e- -numeros/#anchor-intro. Acesso em: 29 out. 2020. Saiba mais 98 Tecnologias aplicadas e inovação 5.2 Classificação dos direitos de propriedade intelectual Vídeo Com relação à divisão dos direitos de propriedade intelectual, são classificados em: 1) direito autoral: direito de autor, direitos conexos e programa de computador; 2) propriedade industrial: marca, pa- tente, desenho industrial, indicação geográfica, segredo industrial e repressão à concorrência desleal; e 3) proteção sui generis: topografia de circuito integrado, cultivar e conhecimento tradicional (JUNGMANN; BONETTI, 2010a; OMPI/INPI, 2018). Na sequência serão abordados mais detalhadamentecada um dos direitos de propriedade intelectual apresentados na figura a seguir. Figura 2 Modalidades de direitos de propriedade intelectual Fonte: Adaptada de Jungmann e Bonetti, 2010a. Propriedade intelectual Proteção sui generis Co nh ec im en to tr ad ic io na l Pr og ra m a de c om pu ta do r Cu lt iv ar D ir ei to s co ne xo s To po gr afi a de c ir cu it o in te gr ad o D ir ei to d e au to r Se gr ed o in du st ri al e r ep re ss ão à co nc or rê nc ia d es le al In di ca çã o ge og rá fi ca D es en ho in du st ri al Pa te nt e M ar ca Propriedade industrial Direito autoral 1 Direito autoral • Direitos de autor São decorrentes da autoria de obras intelectuais nos campos artísti- co, literário e científico (JUNGMANN; BONETTI, 2010a). Gestão da propriedade intelectual 99 Historicamente, a Inglaterra criou no século XVIII o denominado di- reito de cópia (copyright) e a França o direito de autor (droit d’auteur), os quais são mecanismos de proteção semelhantes que outorgam aos au- tores de obras artísticas, científicas e literárias a propriedade sobre as formas de suas criações. Por meio dessa proteção, os autores são reco- nhecidos socialmente por seus trabalhos, além de receberem retorno financeiro no caso de comercialização (MACEDO; BARBOSA, 2000). É importante destacar, com relação ao direito do autor, que: diferentemente da autoria do conhecimento tecnológico, os au- tores são sempre os proprietários de suas obras. Assim, quando o resultado gerado por uma pesquisa no mundo acadêmico tra- ta-se de uma informação científica, ainda que os pesquisadores hajam sido contratados para essa finalidade, a universidade ou outro empregador não tem sobre esta qualquer direito de pro- priedade. (MACEDO; BARBOSA, 2000, p. 89) • Direitos conexos São similares aos direitos de autor, tendo como objetivo proteger os interesses jurídicos de certas pessoas, físicas ou jurídicas, que colabo- ram no processo de tornar as obras acessíveis à população e/ou agre- gam criatividade e habilidade técnica ou organizacional ao processo de fazer com que uma obra seja conhecida do público (OMPI/INPI, 2018). Na visão de Jungmann e Bonetti (2010a, p. 64), direitos conexos “referem-se à proteção para artistas intérpretes ou executantes, pro- dutores fonográficos e empresas de radiodifusão, em decorrência de interpretação, execução, gravação ou veiculação das suas interpreta- ções e execuções”. • Programa de computador O programa protegido pela Lei de Direito Autoral é o complexo estruturado de instruções indispensáveis para o funcionamento de máquinas automáticas de tratamento da informação, instrumentos, dispositivos ou equipamentos periféricos, ou seja, o software capaz de fazer com que o computador e os periféricos operem da forma esta- belecida – por exemplo, um sistema operacional. Não há necessidade de registro de programa de computador, uma vez que está sob a pro- teção do direito autoral. Entretanto, como se constitui em um bem com grande possibilidade de atividade comercial por meio de licencia- mento, normalmente acaba sendo registrado nos órgãos competentes 100 Tecnologias aplicadas e inovação (JUNGMANN; BONETTI, 2010a). Além disso, como é difícil confirmar a autoria dos programas que não possuem registro no INPI, julga-se que o registro é a forma mais adequada de comprovação de autoria, tanto em situações de disputa legal como nos pedidos de alguma diligência de busca e apreensão (RIBEIRO et al., 2014). 2 Propriedade industrial • Marca Caracteriza-se como todo sinal distintivo que seja visualmente re- conhecível e que diferencie produtos e serviços de outros semelhantes de origens diversas (JUNGMANN; BONETTI, 2010a). É possível verificar mundialmente como algumas marcas possuem grande projeção, sen- do importantes para seu público e gerando elevado retorno para as empresas que as detêm (BRANCO et al., 2011). As marcas estão presentes desde a Antiguidade (OMPI/INPI, 2018). As marcas registradas e, portanto, legalmente protegidas são iden- tificadas com o símbolo ® e vêm se tornando, gradativamente, um significativo bem econômico para empresas e instituições (JUNGMANN; BONETTI, 2010a). Uma marca tem de apresentar caráter distintivo e não deve ser en- ganosa. Em alguns países, o registro, por exemplo, de marcas olfati- vas, sonoras e gustativas é permitido. Entretanto, no Brasil, o registro dessas espécies de sinais não é permitido por não serem visualmente perceptíveis (OMPI/INPI, 2018); além disso, em nosso país também não são incluídas marcas tácteis (JUNGMANN; BONETTI, 2010a). Um exemplo de marca olfativa é a fragrância de chiclete da marca de calçados Melissa. Muito embora esse registro não seja possível de ser adquirido no Brasil, a empresa Grendene (detentora da marca) con- seguiu obter o registro da fragrância característica nos Estados Unidos. Já com relação à marca sonora pode ser citado o rugido do leão da em- presa americana de cinema Metro-Goldwyn-Mayer. Não são conheci- dos registros de marcas tácteis e gustativas, embora um bom exemplo para essa primeira pudesse ser a garrafa de vidro da Coca-Cola, com seu formato singular, e para a segunda o tradicional sanduíche da rede de fast-food McDonald’s. Para compreender um pouco mais sobre como funciona o registro de uma marca, assista ao ví- deo Como criar e registrar uma marca, do Sebrae. Disponível em: https://youtu.be/ injmWVI1Z1w. Acesso em: 29 out. 2020. Vídeo https://youtu.be/injmWVI1Z1w https://youtu.be/injmWVI1Z1w Gestão da propriedade intelectual 101 • Patente No cenário mundial, segundo Souza (2006), a primeira expressão do direito de propriedade intelectual resultou na patente de invenção, concedida a um engenheiro no ano de 1421, em Florença, a qual se tratava de um dispositivo para transporte de mármore. Ademais, no mesmo período em que era inventada a imprensa por Gutemberg, em 1474, surgia na República de Veneza o monopólio de in- venção denominado patente, propiciando aos inventores a exclusividade de uso do conhecimento técnico gerado por seu invento na produção de mercadorias (MACEDO; BARBOSA, 2000). Nessa época, o senado da República de Veneza decretou as primeiras leis de patentes, que geravam cartas patentes aos produtores de vidro de Murano. O Estado assegura- va, então, o monopólio temporário a esses fabricantes pelos seus inven- tos. Por outro lado, a legislação exigia que os produtores disseminassem o conhecimento relativo aos métodos de produção, o que anteriormente era uma prática mantida em segredo (BRANCO et al., 2011). No Brasil, a Constituição de 1824 inseriu alguns dispositivos no in- tuito de assegurar ao inventor brasileiro a propriedade de suas inven- ções (CAMPELLO; CENDÓN; KREMER, 2000). Lembrando que, até o final do século XIX, as leis nacionais apenas conferiam proteção aos inven- tores do próprio país, não existindo a possibilidade de proteção aos inventores estrangeiros (MACEDO; BARBOSA, 2000). Mas o que exatamente é uma patente? Trata-se de um título de pro- priedade que assegura ao seu titular os direitos exclusivos de utiliza- ção de seu invento por um certo período, em um determinado país (OMPI/INPI, 2018). A patente tanto pode ser concedida para uma in- venção, que é uma solução nova para um problema técnico existen- te, quanto ser conferida a um modelo de utilidade, que consiste nos “aperfeiçoamentos em produtos preexistentes, que melhoram sua uti- lização ou facilitam o seu processo produtivo” (JUNGMANN; BONETTI, 2010a, p. 29). Segundo Bocchino et al. (2010, p. 23), “poderá ser paten- teado como modelo de utilidade o objeto de uso prático, suscetível de aplicação industrial que apresente nova forma ou disposição”. Após apresentar os tipos de patentes existentes, é importante des- tacar os requisitos necessários ao patenteamento: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. 102 Tecnologias aplicadas e inovaçãoa. Novidade: dentro desse requisito, considera-se novidade o conhecimento técnico, relacionado à criação, não disponibilizado ao público em geral até a data de depósito da patente, conhecido como estado da técnica ou estado da arte (MACEDO; BARBOSA, 2000). Vale destacar que, em geral, nas universidades e nos institutos de pesquisa, há um interesse na divulgação científica. Contudo, é preciso tomar cuidado para que essa divulgação não elimine o requisito de novidade. Para tanto, pode-se contar com dois mecanismos (válido em alguns países): a garantia de prioridade, que se dá por meio do depósito de uma breve descrição do pedido de patente junto à autoridade competente; e o período de graça, que corresponde ao intervalo de 12 meses antes do depósito do pedido de patente, no qual é possível que o próprio inventor faça a divulgação da pesquisa científica realizada (ou por terceiros, com base em informações concedidas pelo inventor) . b. Atividade inventiva: esse critério estabelece que o invento não deve ser óbvio para um profissional técnico da área, precisando envolver criatividade em sua elaboração. c. Aplicação industrial: esse requisito impõe a necessidade de que a criação seja projetada para ser produzida em escala industrial, podendo ser um produto ou um processo. • Desenho industrial É o aspecto ornamental de objetos ou estilos gráficos compostos por linhas e cores que possam ser empregadas objetivando a fabricação in- dustrial. Essa modalidade de propriedade industrial protege o aspecto externo do objeto e não sua utilidade prática (OMPI/INPI, 2018). Para que se realize o registro de um desenho industrial, um objeto deve ser considerado novo e original em seu aspecto externo. Porém, objetos de caráter estritamente artístico não são passíveis de registro. Há que observar ainda que o aspecto do objeto deve estar desasso- ciado da função técnica, sendo nesse caso protegido como modelo de utilidade (BOCCHINO; CONCEIÇÃO, 2008). O registro de desenho industrial proporciona benefícios para: o titular, pois recebe retorno merecido por seu investimento em pes- quisa de mercado para a criação de um produto novo; o consumidor, pelo acesso a produtos com estética mais atraente e diferenciados; e a Para que uma invenção seja patenteada junto ao órgão responsável, é necessário que ela atenda aos critérios de patentea- bilidade. Quais são eles? Atividade 1 Conheça um pedido de patente deposita- do pela Apple com o intuito de aumentar a privacidade do usuário de smartphone. Disponível em: https://olhardigital. com.br/noticia/apple-registra- patente-de-tecnologia-anti- curiosos/98184. Acesso em: 29 out. 2020. Curiosidade https://olhardigital.com.br/noticia/apple-registra-patente-de-tecnologia-anti-curiosos/98184 https://olhardigital.com.br/noticia/apple-registra-patente-de-tecnologia-anti-curiosos/98184 https://olhardigital.com.br/noticia/apple-registra-patente-de-tecnologia-anti-curiosos/98184 https://olhardigital.com.br/noticia/apple-registra-patente-de-tecnologia-anti-curiosos/98184 Gestão da propriedade intelectual 103 economia nacional, uma vez que há expansão da atividade comercial, possibilitando a exportação de produtos fabricados no país. • Indicação geográfica É a denominação dada à proteção referente a produtos provenien- tes de uma determinada área geográfica, pelo fato de disporem de qualidades relativas à sua forma de extração ou produção, ou ainda decorrentes de fatores naturais e humanos, que traduzem a identidade e a cultura desse determinado espaço geográfico, passando a ser reco- nhecidos pelo público em geral (JUNGMANN; BONETTI, 2010a; OMPI/ INPI, 2018). Embora o conceito de indicação geográfica tenha sido construído ao longo da história da humanidade, algumas fontes citam, como primei- ra indicação geográfica reconhecida oficialmente, o ato do português Marquês de Pombal, no final do século XVIII, ao ter instituído a Indica- ção Geográfica “Porto”, uma vez que estava sendo utilizada de maneira indevida por ingleses (OMPI/INPI, 2018). As indicações geográficas podem ser classificadas em (BOCCHINO; CONCEIÇÃO, 2008; BRANCO et al., 2011; OMPI/INPI, 2018): a. Indicação de procedência: refere-se ao nome geográfico de uma localidade territorial que se tornou conhecida como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou como prestadora de um serviço específico. b. Denominação de origem: o nome geográfico de uma localidade territorial, em que as características e/ou qualidades de seus produtos ou serviços se devam exclusivamente ou essencialmente ao ambiente geográfico de onde se originam, incluindo fatores naturais ou humanos. O reconhecimento de indicações geográficas proporciona os se- guintes impactos positivos (OMPI/INPI, 2018): 1) conservação das par- ticularidades dos produtos ou serviços; 2) elevação do valor agregado dos produtos ou serviços; 3) aumento da autoestima da população lo- cal; 4) incentivo a investimentos com impactos tecnológicos, como no turismo e na geração de empregos; 5) maior competitividade de mer- cado; 6) desenvolvimento da comercialização de produtos e serviços, permitindo a aproximação aos mercados por meio da propriedade co- letiva; 7) sinergia entre agentes da cadeia produtiva e universidades, Com base nos conhecimentos adquiridos sobre indicação geo- gráfica e sua classificação, cite um exemplo identificado como indicação de procedência e outro como denominação de origem, explicando cada um deles. Atividade 2 104 Tecnologias aplicadas e inovação centros de pesquisa e instituições de fomento; 8) geração de um elo de confiança com o consumidor; e 9) redução do êxodo rural. • Segredo industrial e repressão à concorrência desleal De acordo com a OMPI/INPI (2018), uma forma possível de proteger uma invenção é por meio do segredo industrial, que ocorre quando as pessoas detentoras de informações específicas, consideradas a “alma do negócio”, não revelam essas informações. Entretanto, esse método mostra-se ser, muitas vezes, um frágil mecanismo de proteção, con- siderando que após a inserção do produto no mercado está sujeito à engenharia reversa ou a ter seu segredo revelado pela simples obser- vação do produto. Corroborando esse ponto de vista, Barbosa (2014, p. 1100) afirma que “a outra forma usual de proteção da tecnologia é a manutenção do segredo – o que é sempre socialmente desaconselhável, eis que dificulta o desenvolvimento tecnológico da sociedade”. Apesar disso, o segredo industrial é largamente utilizado em áreas que requerem altos investi- mentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), como a biotecnologia, tecnologias da informação e comunicação (TICs), bebidas, alimentos, petroquímica, dentre outras (JUNGMANN; BONETTI, 2010b). Uma das vantagens do segredo industrial consiste na duração, que pode ser muito maior do que se tivesse uma patente. Além disso, “a divulgação ou exploração não autorizada é considerada crime de con- corrência desleal” (JUNGMANN; BONETTI, 2010b, p. 46). Por concorrên- cia desleal, entende-se “qualquer ato contrário às práticas honestas, na indústria ou no comércio, que deturpe o livre funcionamento da propriedade intelectual e a compensação econômica que ela oferece” (JUNGMANN; BONETTI, 2010b, p. 69). É importante frisar que a Lei de Propriedade Industrial não considera crime a exploração, a divulgação ou o uso de conhecimentos, dados ou informações públicas ou que resultem obviedade para um técnico no assunto (CNI, 2017). 3 Proteção sui generis • Topografia de circuito integrado A topografia de circuitos integrados, também conhecidos como chips, engloba um complexo ordenado de interconexões, resistências e transistores, organizados em camadas de configuração tridimensional Para conhecer as indicações geográficas brasileiras registradas junto ao INPI, consulte o catálogo Indicações Geográficas Brasileiras, publicado pelo INPI e pelo Sebrae. Disponível em: https://bibliotecas. sebrae.com.br/chronus/ARQUI-VOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/ efd536dd061f2a77843198d35a- 69265d/$File/5186.pdf. Acesso em: 28 out. 2020. Saiba mais Conheça alguns dos segredos industriais mais bem guardados e valiosos do mundo acessando o texto 5 segredos indus- triais guardados a sete chaves, publicado pelo site Tecmundo. Disponível em: https:// www.tecmundo.com.br/ curiosidade/18707-5-segredos- industriais-guardados-a-sete- chaves.htm. Acesso em: 29 out. 2020. Saiba mais https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/efd536dd061f2a77843198d35a69265d/$File/5186.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/efd536dd061f2a77843198d35a69265d/$File/5186.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/efd536dd061f2a77843198d35a69265d/$File/5186.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/efd536dd061f2a77843198d35a69265d/$File/5186.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/efd536dd061f2a77843198d35a69265d/$File/5186.pdf https://www.tecmundo.com.br/curiosidade/18707-5-segredos-industriais-guardados-a-sete-chaves.htm https://www.tecmundo.com.br/curiosidade/18707-5-segredos-industriais-guardados-a-sete-chaves.htm https://www.tecmundo.com.br/curiosidade/18707-5-segredos-industriais-guardados-a-sete-chaves.htm https://www.tecmundo.com.br/curiosidade/18707-5-segredos-industriais-guardados-a-sete-chaves.htm https://www.tecmundo.com.br/curiosidade/18707-5-segredos-industriais-guardados-a-sete-chaves.htm Gestão da propriedade intelectual 105 acima de uma peça de material semicondutor, com o intuito de exe- cutar funções eletrônicas em equipamentos (JUNGMANN; BONETTI, 2010a; BRANCO et al., 2011). Para o registro de topografia, é necessário que se resulte de ato in- ventivo, tenha originalidade e não decorra de maneira explícita e incon- testável do estado da técnica (tudo que o público já tem conhecimento a respeito do que já existe sobre o objeto em questão, antes da data do depósito) (BOCCHINO; CONCEIÇÃO, 2008). • Cultivar Denominação conferida a uma variedade nova de planta, com ca- racterísticas únicas, que seja resultado de pesquisas nas áreas de agro- nomia e biociências e que ainda não exista na natureza. A fim de que possa receber proteção, é preciso que ocorra interferência humana na modificação das características de uma planta (JUNGMANN; BONETTI, 2010a). A Lei de Proteção de Cultivares é fruto da União Internacional para a Proteção das Obtenções Vegetais (UPOV), uma organização internacio- nal dirigida pela OMPI que regulamenta a proteção de cultivares junto a 74 membros (sendo 72 países e 2 organizações: Organização Africana de Propriedade Intelectual e União Europeia) (OMPI/INPI, 2018). O es- tabelecimento de um sistema efetivo de proteção de cultivares busca incentivar o desenvolvimento de novas variedades de plantas para o benefício da sociedade (JUNGMANN; BONETTI, 2010a). A referida Lei de Proteção de Cultivares apresenta benefícios (OMPI/INPI, 2018): 1) ao agricultor, pois as inovações resultam em maior produtividade e qualidade, além de possibilitar alternativas va- riadas de cultivo; 2) ao obtentor, ao recompensá-lo por seus investi- mentos em pesquisa; e 3) ao governo, ao obter investimentos para o setor agrícola e elevar investimentos da área privada em pesquisa e, ainda, como tática de estímulo a uma maior competitividade interna- cional na área do agronegócio. • Conhecimento tradicional Relaciona-se às atividades individuais ou coletivas, desenvolvidas de maneira isolada ou comunitária, que podem ou não estar formalizadas pela ciência (OMPI/INPI, 2018). Para realizar pesquisa sobre cultivares, acesse o sistema CultivarWeb do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci- mento. Disponível em: http://sistemas. agricultura.gov.br/snpc/ cultivarweb/index.php. Acesso em: 29 out. 2020. Saiba mais http://sistemas.agricultura.gov.br/snpc/cultivarweb/index.php http://sistemas.agricultura.gov.br/snpc/cultivarweb/index.php http://sistemas.agricultura.gov.br/snpc/cultivarweb/index.php 106 Tecnologias aplicadas e inovação De acordo com Verzola (2015, p. 186), o conhecimento tradicional é elemento e informação baseada em patrimônio genético, vinculado a alguma propriedade ou atri- buto que pode trazer benefícios à sociedade por meio de me- dicamentos, cosméticos e alimentos, baseado na vivência e na cultura das comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas. Nesse sentido, o Estado possui função primordial na proteção do conhecimento tradicional, garantindo que as comunidades locais re- cebam a retribuição dos saberes repassados ao setor produtivo na fabricação de produtos farmacêuticos, por exemplo (MOREIRA, 2007; COSTA, 2016). O Quadro 1 apresenta os diversos direitos de propriedade in- telectual, apontando o título concedido, a legislação aplicável, o prazo de validade e em que local realizar a requisição no Brasil. Quadro 1 Propriedade Intelectual Propriedade intelectual Bens imateriais Título concedido Legislação Prazo de validade Onde requerer no Brasil Di re ito a ut or al Direito de autor Registro de Direito Autoral Lei n. 9.610/1998 Da criação da obra até 70 anos após o ano subsequente ao falecimento do autor. • Obras literárias, musicais e artísticas: Fundação Biblio- teca Nacional. • Plantas/projetos: Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura. Direitos conexos Registro de Direitos Conexos Lei n. 9.610/1998 Até 70 anos após sua fixação, transmissão ou execução pública. • Obras literárias, musicais e artísticas: Fundação Biblio- teca Nacional. • Obras artísticas: Escola de Belas Artes. • Filmes: Agência Nacional do Cinema. • Partituras de músicas: Fun- dação Biblioteca Nacional. (Continua) Para conhecer um caso emblemático de biopi- rataria, praticado pelo botânico inglês Henry Wickham no final do século XIX, leia a matéria intitulada As sementes da discórdia, publicada por Carlos Haag no site da Revista Pesquisa - Fapesp. Disponível em: https:// revistapesquisa.fapesp.br/as- sementes-da-discordia/. Acesso em: 29 out. 2020. Curiosidade https://revistapesquisa.fapesp.br/as-sementes-da-discordia/ https://revistapesquisa.fapesp.br/as-sementes-da-discordia/ https://revistapesquisa.fapesp.br/as-sementes-da-discordia/ Gestão da propriedade intelectual 107 Propriedade intelectual Bens imateriais Título concedido Legislação Prazo de validade Onde requerer no Brasil Di re ito a ut or al Programa de computador Registro de Programa de Computador Lei do Software, n. 9.609/1998 Lei do Direito Autoral, n. 9.610/1998 50 anos a partir do ano subsequente à data da criação ou publicação do software. INPI Pr op rie da de in du st ria l Marca Certificado de Registro de Marca Lei n. 9.279/1996 10 anos, a partir da data de expedição do certifica- do de registro, podendo ser prorrogado por iguais períodos indefinidamente. INPI Invenção Carta Patente Lei n. 9.279/1996 20 anos, contados da data do pedido de depósito. INPI Modelo de utilidade Carta Patente Lei n. 9.279/1996 15 anos, contados da data do pedido de depósito. INPI Desenho industrial Certificado de Registro de Desenho Industrial Lei n. 9.279/1996 10 anos, a partir da data do pedido de registro, prorrogável por três perío- dos sucessivos de 5 anos (máximo: 25 anos). INPI Indicação geográfica Certificado de Registro de Indicação Geográfica Lei n. 9.279/1996 Indefinido. Não se extingue pelo uso. INPI Segredo industrial e repressão à concorrência desleal _ Lei n. 9.279/1996 (art. 195) e Lei n. 12.529/2011, (Estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência) _ _ (Continua) 108 Tecnologias aplicadas e inovação Propriedade intelectual Bens imateriais Título concedido Legislação Prazo de validade Onde requerer no Brasil Pr ot eç ão s ui g en er is Topografia de circuitointegrado Certificado de Registro de Proteção de Circuito Integrado Lei n. 11.484/2007 • 10 anos contados da data do depósito do pedido de registro ou da primeira exploração (o que tiver ocorrido primeiro). INPI Cultivar Certificado de Proteção de Cultivar Lei n. 9.456/1997 • 15 anos a partir da data de concessão do certificado de proteção de cultivar. • 18 anos a partir da data de concessão do certifica- do de proteção de cultivar - para as videiras, árvores frutíferas, florestais e ornamentais. • Serviço Nacional de Proteção de Cultivares - SNPC (Ministério da Agricultura, Pe- cuária e Abasteci- mento - MAPA) . Conhecimen- to tradicional (associado ao patrimônio genético) _ Lei n. 13.123/2015 _ _ Fonte: Adaptado de Ribeiro, 2019, com base em Jungmann e Bonetti, 2010a. Analisando o Quadro 1, é possível confirmar que o INPI é o órgão responsável pela maior parte da proteção aos direitos de propriedade intelectual, o que justifica a sobrecarga apontada anteriormente. 5.3 Propriedade intelectual e desenvolvimento econômico Vídeo A relação entre o progresso tecnológico e o consequente desen- volvimento econômico faz parte do pensamento econômico des- de os estudos de Joseph Schumpeter, em que ganha destaque a figura do empreendedor. Com base em seus estudos, muitos autores neoshumpeterianos se debruçaram sobre a análise dos impactos dos avanços tecnológicos no desenvolvimento econômico. Atualmente, tanto o conhecimento quanto a tecnologia têm se de- monstrado instrumentos essenciais no fomento ao desenvolvimento Gestão da propriedade intelectual 109 econômico, estimulando a geração de riqueza e consequentemente elevando a qualidade de vida das pessoas. Diante disso, verifica-se a importância da proteção à propriedade intelectual como motor de de- senvolvimento econômico de uma nação. Para se compreender a relação entre a propriedade intelectual e o desenvolvimento econômico, é preciso entender a dinâmica do ciclo virtuoso de propriedade intelectual. Nesse ciclo, iniciado por um pro- cesso criativo em que são gerados produtos e processos inovadores, é necessário haver proteção à propriedade intelectual. Essa proteção permite que o conhecimento envolvido na produção de novos produ- tos ou processos seja disseminado e que novas empresas tenham in- teresse em desenvolver produtos ainda melhores e mais inovadores, gerando spillovers de inovação. Isso causa impacto nos aspectos culturais e tecnológicos da socie- dade, como transformações na forma de comunicação. Se antes esta se dava por meio de simples celulares, atualmente esses dispositi- vos se tornaram verdadeiros computadores móveis que não só geram uma ampliação nas possibilidades de comunicação (chamadas de voz, chamadas de vídeo etc.), mas que também podem ser utilizados para realizar compras, fazer transações bancárias, solicitar delivery de comi- da, dentre tantas outras funções. Figura 3 Ciclo virtuoso do sistema de propriedade intelectual Fonte: Adaptada de Jungmann e Bonetti, 2010b. Retorno econômico Reconhecimento Geração de riqueza Disseminação de reconhecimento Criatividade Inovação Cultura e tecnologia Qualidade de vida Essas mudanças impactam o cotidiano das pessoas, ocasionando um aumento na qualidade de vida. Assim, há geração de riqueza pela comercialização de produtos inovadores e disseminação de reconhe- cimento da importância dos inventos e seus respectivos inventores. spillovers: também conhecido como externalidade, significa transbordamento, ou seja, os efeitos positivos ou negativos que uma determinada atividade exerce sobre outra. Glossário A fim de aprofundar o conhecimento sobre as relações entre a propriedade intelectual e o desenvolvimento eco- nômico, recomenda-se a leitura do livro Proprieda- de intelectual e desenvolvi- mento econômico. SHERWOOD, R. M. 1. ed. São Paulo: EDUSP, 1992. Livro 110 Tecnologias aplicadas e inovação Dessa forma, os inventores (individuais ou empresas) recebem retorno econômico do investimento realizado em P&D, bem como reconheci- mento de sua importância na sociedade. Esses aspectos estimulam a retroalimentação desse processo, em um fluxo contínuo (Figura 3). É necessário dar destaque ao fato de que um dos mais importantes indicadores de desenvolvimento tecnológico de um país (e decorrente desenvolvimento econômico) é o volume de patentes registradas. Esse indicador sinaliza a capacidade de uma nação para converter conheci- mento científico em inovação (LOTUFO, 2009). De acordo com Sherwood (1992, p. 187), a proteção à proprieda- de intelectual, quando considerada parte integrante da infraestrutura de um país, favorece a “mudança técnica, difusão do conhecimento, expansão dos recursos humanos, financiamento da tecnologia, cresci- mento industrial e desenvolvimento econômico”. 5.4 Propriedade intelectual e transferência de tecnologia Vídeo No Brasil, cerca de 95% da produção científica é realizada por uni- versidades públicas (MOURA, 2019). Dessa forma, é importante conhe- cer alguns dos possíveis mecanismos de transferência de tecnologia entre a academia e o setor produtivo. Mas o que é a transferência de tecnologia acadêmica? Ela consiste na troca de ideias, ferramentas e pessoas entre as instituições de en- sino superior, o setor comercial e o público (STEVENS; TONEGUZZO; BOSTROM, 2004). Em geral, essa transferência se dá em relação aos direitos de propriedade industrial, especialmente invenção e modelo de utilidade, bem como no que concerne ao direito autoral, no que se refere aos programas de computador. O processo de transferência de tecnologia (Figura 4) envolve di- versas etapas, desde o investimento em P&D até a ocorrência de re- torno de licenciamentos, geração de empresas (spin-offs) e criação de start-ups. Gestão da propriedade intelectual 111 Figura 4 Etapas de um processo de transferência de tecnologia Despesas de pesquisa Pedidos de patente Prospecção de empresas Negociação Execução de transferência Licenças de tecnologia que geram renda Receita de licença Geração de empregos Empresas start-up Fonte: Elaborada pela autora com base em Rogers, Yin e Hoffmann, 2000; Deitos, 2002. É muito importante salientar que, de acordo com Deitos (2002, p. 40), “a transferência de tecnologia nunca ocorre de forma total, por- que o conhecimento tácito, incorporado nas pessoas ou processos que participaram da geração da tecnologia não podem ser explicitados”. Ademais, a autora destaca a importância de se considerar o histórico e o ambiente em que cada empresa se insere, o que resulta em dinâmi- cas próprias. O Quadro 2 explicita algumas das formas de transferência de tecnologia: Quadro 2 Formas de transferência de tecnologia Forma de transfe- rência de tecnologia Características Pesquisa contratada Refere-se à contratação efetuada por terceiros de atividades de pesquisa vol- tadas a um assunto específico, bem como projetos tecnológicos oriundos de universidades. Prestação de serviços Ocorre quando empresas demandam serviços técnicos especializados junto às universidades. Consultorias/assessorias A consultoria diz respeito a um trabalho mais específico e de menor envolvi- mento. Já na assessoria ocorre um envolvimento contínuo em todas as fases de um trabalho específico. Criação de novas empresas (spin-offs) As spin-offs acadêmicas consistem em empresas que emergem do meio acadê- mico, com o objetivo de comercializar um novo produto ou processo oriundo de pesquisa acadêmica. Licenciamento de patentes Não está dentro do escopo de atividades das universidades a comercialização de seus inventos. Dessa forma, uma possibilidade de transferir a tecnologia gerada é por meio do licenciamento. Nesse caso, a universidade cede ao setor produtivo o direito à propriedade intelectual sob sua proteção em troca do recebimento de royalties. Cessão de direitos Relaciona-se à transferência de titularidade sobre a propriedade intelectual aoutro, que, a partir de então, pode usufruir dela da maneira que lhe convier. Fonte: Elaborado pela autora com base em Garnica e Torkomian, 2005. 112 Tecnologias aplicadas e inovação De acordo com Waissbluth e Solleiro (1989 apud Santos, 2009), o sucesso da atividade de transferência de tecnologia deriva de três elementos: • alto comprometimento dos colaboradores da universidade no desenvolvimento da interação; • estabelecimento de redes entre gestores e pesquisadores; • escolha e capacitação dos gestores tecnológicos no desenvolvi- mento de habilidades de negociação e interação entre as partes. Para conhecer boas práticas em gestão da propriedade intelectual e transfe- rência de tecnologia, realizadas em sete universidades estrangeiras, leia o ar- tigo Índices de licenciamento e de comercialização de tecnologias para núcleos de inovação tecnológica baseados em boas práticas internacionais, de Alexandre Bueno e Ana Lúcia Vitale Torkomian, publicado em Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, em 2018. Acesso em: 29 out. 2020. https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-2924.2018v23n51p95 Artigo Torna-se importante destacar que, de acordo com Sherwood (1992), é essencial que a universidade realize a transferência de tecnologia ao setor produtivo, tanto para que haja a valorização da própria institui- ção quanto para que o saber acadêmico possa atingir o objetivo de ser convertido em produtos e processos úteis à sociedade. 5.5 Cooperação entre universidade e empresa Vídeo Historicamente, é possível destacar alguns modelos que buscam compreender a interação entre os principais players existentes em rela- ção aos processos de inovação. O primeiro deles é conhecido como triângulo de Sábato, conce- bido pelos pesquisadores argentinos Sabato e Botana (1968), em que cada um dos vértices é composto por empresa, universidade e gover- no, sendo este último o agente de destaque (Figura 5). Explique a diferença entre as duas formas de transferência de tecnologia: o licenciamento de patentes e a cessão de direitos. Atividade 3 https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/1518-2924.2018v23n51p95 Gestão da propriedade intelectual 113 Figura 5 Triângulo de Sábato GOVERNO EMPRESAUNIVERSIDADE Triângulo de Sábato Fonte: Adaptado de Sabato e Botana, 1968, p. 149. Outro modelo internacionalmente conhecido é o denominado sistema nacional de inovação, elaborado por Lundvall et al. (2002) e Nelson (1993), em que a ênfase recai sobre a empresa (Figura 6). Figura 6 Sistema nacional de inovação Contexto macroeconômico e regulatório Infraestruturas de comunicação Sistema de educação e treinamento Capacidades e redes da empresa Instituições de apoio Sistema de ciência Outros grupos de pesquisa Condições de mercado do produto Fator de condições de mercado Capacidade nacional de inovação Desempenho do país Crescimento, criação de emprego, competitividade Redes globais de inovação Sistema nacional de inovação Si st em as re gi on ai s de in ov aç ão Geração, difusão e uso do conhecimento Clusters de indústrias Fonte: Adaptada de OECD, 1999. 114 Tecnologias aplicadas e inovação O terceiro modelo de interação governo-universidade-empresa é reconhecido como tríplice hélice, desenvolvido por Etzkowitz e Leydesdorff (1995), em que a liderança é exercida pela univer- sidade (Figura 7). Figura 7 Tríplice hélice Governo Universidade Indústria Organizações híbridas Fonte: Etzkowitz e Zhou, 2017, p. 41. O modelo de tríplice hélice é a principal referência para explicar a dinâmica entre os players (universidade, governo e empresa), apontan- do para a importância primordial da transferência de conhecimento existente no ambiente acadêmico ao setor produtivo. Essa transferên- cia acarreta desenvolvimento econômico e social à sociedade, uma vez que o conhecimento pode ser transformado em bens úteis e inovado- res (GARNICA; TORKOMIAN, 2009). Consoante Reis (2008, p. 110), a cooperação universidade-empresa significa “um modelo de arranjo interinstitucional entre organizações de naturezas fundamentalmente distintas, que podem ter finalidades diferentes e adotar formatos bastante diversos”. Considerando que a produção e a comercialização de produtos ou processos não se encontram dentre as atividades-fim das universida- des, essas instituições buscam parceiros no setor produtivo para trans- ferência de tecnologia. Dessa forma, a atividade é de “ganha-ganha”, uma vez que enquanto a universidade recebe recursos oriundos dessa transferência, os quais podem ser reaplicados em atividades de P&D, o setor produtivo é beneficiado por receber o direito de produzir e co- mercializar produtos com maior valor tecnológico agregado e mitigar os riscos e custos de desenvolvimento próprio. De acordo com Benedetti e Torkomian (2011), muitas empresas pe- quenas e médias de países em desenvolvimento, como é o caso do Para compreender como se dá o processo de transferência de tecno- logia universidade-setor produtivo por intermédio dos NITs, leia o artigo Processo de transferência de tecnologia em universi- dades públicas brasileiras por intermédio dos núcleos de inovação tecnológica, de Luan Carlos Santos Silva et al., publicado na Revista Interciencia, em 2015. Disponível em: https://www. interciencia.net/wp-content/ uploads/2017/10/664-A-SANTOS- SILVA6.pdf. Acesso em: 29 out. 2020. Saiba mais https://www.interciencia.net/wp-content/uploads/2017/10/664-A-SANTOS-SILVA6.pdf https://www.interciencia.net/wp-content/uploads/2017/10/664-A-SANTOS-SILVA6.pdf https://www.interciencia.net/wp-content/uploads/2017/10/664-A-SANTOS-SILVA6.pdf https://www.interciencia.net/wp-content/uploads/2017/10/664-A-SANTOS-SILVA6.pdf Gestão da propriedade intelectual 115 Brasil, não possuem infraestrutura de P&D internamente, sendo ne- cessário, então, recorrer ao conhecimento oriundo das universidades. Nesse sentido, a colaboração entre a academia e indústria é cada vez mais percebida como um veículo para aumentar a inovação por meio da troca de conhecimento (ANKRAH; AL-TABBAA, 2015). No Brasil, com o objetivo de incentivar a cooperação entre univer- sidade e empresa, o governo tem promulgado algumas legislações na área da inovação. Dentre elas há a Lei n. 10.973/2004, denominada Lei de Inovação (BRASIL, 2004), que institui a obrigatoriedade de criação, por parte das ICTs, de Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs). De acor- do com o inciso VI do parágrafo 2º, esses consistem em: estrutura instituída por uma ou mais ICTs, com ou sem perso- nalidade jurídica própria, que tenha por finalidade a gestão de política institucional de inovação e por competências mínimas as atribuições previstas nesta Lei. (BRASIL, 2004) Assim, os NITs são responsáveis pela gestão da propriedade inte- lectual nas ICTs, bem como pelo estímulo à transferência de tecnologia entre as instituições e o setor produtivo. CONSIDERAÇÕES FINAIS A propriedade intelectual é uma importante ferramenta de proteção ao conhecimento humano, pois assegura reconhecimento e retorno eco- nômico aos criadores (ao favorecer o reinvestimento em P&D) e ainda propicia ganhos à sociedade, como elevação de renda, geração de empre- gos e incremento na qualidade de vida da população. Dentre as subdivisões existentes na propriedade intelectual, há o di- reito autoral, a propriedade industrial e a proteção sui generis, que, neste capítulo, foram explorados em suas diversas subdivisões. Em adição a esses aspectos, a relação entre a propriedade intelectual e o desenvolvimento econômico também se revelou muito importante, devendo ser estimulada tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. Além da atividade-meio de gestão da propriedade intelectual desen- volvida especialmente nos NITs das ICTs, abordamos os aspectos da ati- vidade-fim de transferência de tecnologia da esfera acadêmica ao setor produtivo,bem como a significativa cooperação entre universidades e empresas. 116 Tecnologias aplicadas e inovação Essas dinâmicas têm se demonstrado bastante vantajosas, tanto ao ambiente acadêmico, pela possibilidade de retorno dos investimentos rea- lizados, quanto ao setor produtivo, que se vale de produtos e processos com maior qualidade técnica e riscos mitigados. Por fim, é possível afirmar que o estreitamento da relação universidade-indústria favorece, acima de tudo, a sociedade. REFERÊNCIAS ANKRAH, S.; AL-TABBAA, O. Universities-industry collaboration: A systematic review. Scandinavian Journal of Management, v. 31, n. 3, p. 387-408, 2015. BARBOSA, D. B. Tratado da Propriedade Intelectual: patentes. Tomo II. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014. BENEDETTI, M. 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Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. https://portal.iphan.gov.br/baixaFcdAnexo.do?id=3805 http://www.abc.org.br/2019/04/15/universidades-publicas-respondem-por-mais-de-95-da-producao-cientifica-do-brasil/ http://www.abc.org.br/2019/04/15/universidades-publicas-respondem-por-mais-de-95-da-producao-cientifica-do-brasil/ http://www.abc.org.br/2019/04/15/universidades-publicas-respondem-por-mais-de-95-da-producao-cientifica-do-brasil/ https://welc.wipo.int/acc/index.jsf?page=courseCatalog.xhtml&lang=pt http://www.propp.ufu.br/sites/propp.ufu.br/files/livro_propriedade_intelectual_na_ufu.pdfhttp://www.propp.ufu.br/sites/propp.ufu.br/files/livro_propriedade_intelectual_na_ufu.pdf 118 Tecnologias aplicadas e inovação STEVENS, A. J.; TONEGUZZO, F.; BOSTROM, D. AUTM U.S. Licensing Survey, FY 2004: A Survey Summary of Technology Licensing (and Related) Performance for U.S. Academic and Nonprofit Institutions, and Technology Investment firms. Association of University Technology Managers, p. 1-71, 2004. VERZOLA, S. C. A lei de inovação e a proteção do conhecimento tradicional. Fragmentos de Cultura, v. 25, n. 2, p. 185-192, 2015. WIPO - Organização Mundial da Propriedade Intelectual. World Intellectual Property Organization, 2020. About WIPO. Disponível em: https://www.wipo.int/about-wipo/en/. Acesso em: 29 out. 2020. GABARITO 1. Os três requisitos de patenteabilidade são: novidade; aplicação industrial e atividade inventiva. O primeiro critério, de novidade, é considerado quando não há conheci- mento técnico contido no estado da arte, abrangendo como tal a informação à dis- posição do público antes do depósito da patente. O segundo requisito, da aplicação industrial, pressupõe que a invenção tenha por finalidade a produção em escala. Por último, o terceiro critério, de atividade inventiva, exige que um perito da área avalie se a invenção não decorre de modo óbvio do estado da arte, necessitando envolver criatividade na criação. 2. (Resposta pessoal). O conhaque, bebida mundialmente conhecida, é um importante exemplo de indicação geográfica classificada como indicação de procedência. Muito embora seja um destilado alcoólico bastante famoso, a maioria das pessoas não asso- cia o produto com a sua região de origem, no caso Cognac, na França. Já uma famosa indicação geográfica classificada como denominação de origem é o champagne, que se trata de um tipo específico de vinho espumante oriundo da reunião de Champagne, localizada no nordeste da França. Sua característica marcante está relacionada à con- dição climática local, com baixas temperaturas, o que interrompe o processo de fer- mentação; no reinício do processo de fermentação (em temperaturas mais elevadas), há a formação das bolhas características da famosa bebida. 3. Na forma de transferência de tecnologia denominada licenciamento de patentes, comumente, as universidades ofertam em seus sites eletrônicos as patentes origina- das e registradas por essas instituições em links nomeados como portfólio ou vitrine tecnológica. As empresas, ao tomarem conhecimento desses produtos ou processos protegidos, podem se interessar e iniciar um processo de negociação. Na maioria das vezes são celebrados contratos de transferência de tecnologia em que a empresa passa a ser a detentora da titularidade da patente, mas em contrapartida fica respon- sável por pagar royalties à universidade por essa utilização. Por outro lado, algumas vezes, os inventores cedem a titularidade de suas invenções a outro, de maneira de- finitiva, caracterizando a forma de transferência de tecnologia denominada cessão de direito; esta se dá por meio de contrato, em que é estabelecido um valor fixo acordado entre as partes. https://www.wipo.int/about-wipo/en/ Incentivos governamentais à inovação tecnológica 119 6 Incentivos governamentais à inovação tecnológica Um sistema de inovação robusto e eficiente é estruturado com base no empenho de atores políticos na definição de políticas pú- blicas, na existência de fontes de financiamento adequadas, bem como na articulação de interesses dos mais variados agentes liga- dos à temática. Para a elaboração de qualquer sistema, um bom início é a rea- lização de benchmarking de estruturas bem-sucedidas, especial- mente aquelas oriundas de países desenvolvidos. Entretanto, seja qual for o modelo escolhido como referência, há que se realizar adaptações ao contexto nacional, considerando a variedade de agentes e elementos próprios a cada contexto. Neste capítulo são apresentados os principais atores que com- põem o nosso Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI), o qual é formado por agentes políticos, agências de fo- mento e operadores de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). Na sequência são abordadas as principais legislações de in- centivo à CT&I no país, com destaque à Lei de Inovação, à Lei do Bem e ao Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. De modo complementar, são apontadas duas iniciativas governamentais vol- tadas a setores específicos da economia nacional. Por último são apresentadas, de maneira detalhada, as agên- cias públicas de fomento que compõem o SNCTI e, ainda, são indi- cadas duas possibilidades de utilização de recursos privados para estimular a inovação. 120 Tecnologias aplicadas e inovação 6.1 Sistema de CT&I Vídeo Assim como em outras áreas em que dificilmente seria possível elencar sistemas de inovação bons versus sistemas de inovação ruins, seria igualmente improvável que algum modelo apontado como ideal por sua excelência pudesse ser utilizado por outro país apresentando desempenho semelhante. Dessa forma, cabe a cada nação estabelecer um sistema de inova- ção próprio, de acordo com suas particularidades, tendo em mente que “[o] desenvolvimento econômico dos países está assentado, cada vez mais, na inovação baseada no desenvolvimento científico e tecno- lógico” (BRASIL, 2017, p. 7). Para ilustrar, serão apresentadas aqui algumas peculiaridades de dois sistemas de inovação internacionais: o da Alemanha e o de Israel. No caso alemão, o sistema de inovação é composto pelo Governo Fe- deral, importante investidor em pesquisa e desenvolvimento (P&D), e por mais 16 estados. Destacam-se as sociedades privadas sem fins lu- crativos que atuam dentro do sistema. Dentre essas, sobressai a Frau- nhofer, especializada em pesquisa aplicada e que serviu, inclusive, de inspiração para a concepção da Empresa Brasileira de Pesquisa e Ino- vação Industrial (EMBRAPII). Vale dizer que mais de 99% das empresas alemãs são classificadas como de pequeno e médio porte, e em 2017 existiam cerca de 60 mil startups no país (SEBRAE, 2020). Já Israel desponta como o país com maior investimento em P&D em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, com percentual de 4,94% em 2018 (OECD, 2020). Os investimentos em inovação impactam a economia do país e consequentemente o índice de desenvolvimento humano (IDH) da população. Dentre os fatores que possibilitam essa condição diferenciada ao país estão os pesados investimentos no en- sino primário e secundário e a presença de escolas de engenharia e universidades de classe mundial. Ademais, essa nação possui a maior densidade de engenheiros do mundo, bem como o maior volume po- pulacional com nível universitário entre as nações da OCDE. O principal ator de inovação no país é a Agência de Inovação de Israel, consistindo em uma organização pública independente que é responsável pelas políticas na área de inovação (SEBRAE, 2020). Incentivos governamentais à inovação tecnológica 121 No Brasil, o SNCTI é formado por diversos atores, conforme é possí- vel visualizar na Figura 1. Figura 1 Principais atores do SNCTI Poder Executivo Po lít ic os Ag ên ci as d e Fo m en to O pe ra do re s de C T& I CNPq CAPES FINEP BNDES FAPEMBRAPII MCTIC Secretarias Estaduais e Municipais Universidades Institutos de Pesquisa do MCTIC Instituições de C&T (ICT) Incubadoras de Empresas Institutos Federais e Estaduais de CT&I Institutos Nacionais de C&T (INCT) Parques Tecnológicos Empresas Inovadoras Congresso Nacional Assembleias Estaduais ABC MEI Centrais Sindicais SBPC CNI Confap e Concecti Outros Ministérios Agências Reguladoras Poder Legislativo Sociedade Fonte: Brasil, 2016a, p. 14. Dentre os atores políticos, as três áreas que compõem o SNCTI são: o Poder Executivo, o Poder Legislativo e a Sociedade. Cada uma delas será vista de maneira pormenorizada a seguir. 1 Poder Executivo • Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) O Ministérioda Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), atualmente denominado Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino- vações (MCTI), desempenha o papel de coordenador do SNCTI, sendo também responsável pela governança do Fundo Nacional de Desenvol- vimento Científico e Tecnológico (FNDCT). É o principal órgão de formu- lação de políticas para a área, sendo encarregado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimen- to Científico e Tecnológico (CNPq) (BRASIL, 2017). 122 Tecnologias aplicadas e inovação • Outros ministérios e agências reguladoras Outros ministérios do Governo Federal também apresentam de- sempenho importante no SNCTI, alguns possuindo órgãos específicos para gestão na área, como é o caso dos Ministérios da Educação e da Economia (BRASIL, 2017). Já as agências reguladoras, muito embora sejam atores mais atuais no SNCTI, têm apresentado contribuição relevante para sua consoli- dação. Destaque há que ser dado à atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), bem como à da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) (BRASIL, 2017). • Secretarias estaduais e municipais Ainda na esfera do Poder Executivo, merece ênfase a atividade desempenhada pelas secretarias estaduais de CT&I, operando como coordenadoras dos Sistemas Regionais de Inovação (BRASIL, 2017). Assim como as secretarias estaduais, as municipais também atuam como importantes agentes políticos de inovação no SNCTI. • Confap e Consecti O Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesqui- sa (Confap) é uma organização sem fins lucrativos, criada em 2006, com o intuito de estimular a interação entre agências estaduais de estímulo à pesquisa científica, tecnológica e de inovação no Brasil. Reúne 26 Fun- dações de Amparo à Pesquisa (FAPs) (CONFAP, 2020). O Confap, juntamente com o Conselho Nacional de Secretários Es- taduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), for- talece a interação entre as políticas dos governos estaduais na área de Ciência e Tecnologia (C&T), favorecendo o desempenho do SNCTI (BRASIL, 2017). 2 Poder Legislativo • Congresso Nacional e Assembleias Legislativas No âmbito do Poder Legislativo se destacam o Congresso Nacional (esfera federal) e as Assembleias Estaduais (esfera estadual). Esses ór- gãos têm a incumbência de legislar sobre as áreas de ciência, tecno- logia e inovação, fortalecendo, dessa forma, o SNCTI. Para tanto, há Incentivos governamentais à inovação tecnológica 123 diversos dispositivos que podem ser utilizados, como leis orçamentá- rias e incentivos fiscais (BRASIL, 2017). Vale frisar ainda que a Câmara dos Deputados e o Senado possuem comissões permanentes voltadas à área de CT&I: a Comissão Perma- nente de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) e a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCTICI), respectivamente (BRASIL, 2017). 3 Sociedade • Academia Brasileira de Ciências (ABC) Consiste em uma organização sem fins lucrativos, não governamen- tal e independente, criada em 1916, com o objetivo de contribuir para a implementação de políticas públicas na área científica. Ademais, visa à interação entre os próprios cientistas brasileiros, bem como entre esses e pesquisadores de outros países (ABC, 2020). • Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Atua, assim como a ABC, na esfera acadêmica. É uma organização sem fins lucrativos, civil e apartidária, criada em 1948, tendo como objetivo o estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico no país. Exerce papel importante na consolidação e no fortalecimento do SNCTI, buscando disseminar e popularizar a ciência no Brasil. Impor- tante destacar que a SBPC representa 144 sociedades científicas asso- ciadas (SBPC, 2020). • Confederação Nacional da Indústria (CNI) É o órgão brasileiro mais importante na elaboração de políticas pú- blicas na área industrial. Fundada em 1938, comanda atualmente as federações de indústria das 27 unidades federativas, reunindo cerca de 1,3 milhão de estabelecimentos no país (CNI, 2020). É responsável, ainda, pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL), pelo Serviço Nacional de Apren- dizagem Industrial (SENAI) e pelo Serviço Social da Indústria (SESI). • Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) Trata-se de um órgão criado em 2008, incorporando cerca de 300 lideranças empresariais, e comandado pela CNI. Objetiva o estímulo à inovação como alavanca para o desenvolvimento do país, buscando o incentivo à implementação de políticas públicas na área (MEI, 2020). É importante não confundir MEI de Mobilização Empresarial pela Inovação com MEI de Microempreendedor Individual. Este compreende o profissional autônomo que é portador de Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e que usufrui de uma menor carga tributária. Atenção Para ampliar o conhe- cimento sobre a Mobili- zação Empresarial pela Inovação, assista ao vídeo Conheça a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), publicado pelo canal da Confederação Nacional da Indústria. Disponível em: https://youtu.be/ eA74Zrinr1w. Acesso em: 19 nov. 2020. Vídeo https://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o_Nacional_de_Aprendizagem_Industrial https://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o_Nacional_de_Aprendizagem_Industrial https://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o_Social_da_Ind%C3%BAstria https://youtu.be/eA74Zrinr1w https://youtu.be/eA74Zrinr1w 124 Tecnologias aplicadas e inovação • Centrais sindicais São importantes entidades de direito privado sem fins lucrativos que, no âmbito político, representam os anseios dos trabalhadores em relação às transformações produtivas advindas dos processos inova- tivos. No Brasil ganharam força após a criação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1983, depois do período de ditadura militar, reunindo diversas entidades e organizando a classe trabalhadora. Quanto às agências de fomento, as que fazem parte do SNCTI e que mais se destacam no cenário nacional são vistas de maneira detalhada na Seção 6.3. Já em relação aos operadores de CT&I são apresentados os principais agentes elencados na Figura 1. • Universidades São instituições caracterizadas pela oferta de atividades de ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2018c). Atualmente estão em sua tercei- ra missão, que consiste na interface entre a universidade e a socieda- de, aproximando-as de maneira sinérgica (além das já consolidadas missões de capacitar profissionais e de realizar atividades de pesquisa). Essas instituições acadêmicas são de extrema relevância dentro do SNCTI, especialmente pelas atividades realizadas nos programas de pós-graduação, bem como pela possibilidade de executar transferên- cia de tecnologia ao setor produtivo. • Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFEs) e Institutos Estaduais de CT&I Os IFEs são instituições criadas em 2008 com a premissa de ofertar ensino profissional e tecnológico de qualidade no país, estando distri- buídos em todos os estados da nação (BRASIL, 2016). Juntamente com os IFEs, os Institutos Estaduais de CT&I podem ser considerados importantes agentes dentro do SNCTI (BRASIL, 2017). Alguns estados, inclusive, possuem Redes de Institutos Estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação (RedeIECT), como é o caso da RedeIECT Amazônia Legal e da RedeIECT do Estado do Maranhão. Incentivos governamentais à inovação tecnológica 125 • Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) De acordo com o artigo 2º, inciso V, da Lei de Inovação, uma ICT consiste em um: órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta ou pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos legalmente constituída sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, que inclua em sua missão institucional ou em seu objetivo social ou estatutário a pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico ou o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos.(BRASIL, 2004) De modo mais claro, é possível afirmar que as universidades e as instituições públicas de pesquisa são denominadas no Brasil ICTs. Assim, são peças-chave no SNCTI, atuando na formação de profissionais capacitados e liderando pesquisas que favorecem o desenvolvimento tecnológico (ANDRADE, 2016). • Parques tecnológicos Segundo a Lei de Inovação, em seu artigo 2º, inciso X, parque tecno- lógico se refere a um: complexo planejado de desenvolvimento empresarial e tecnoló- gico, promotor da cultura de inovação, da competitividade indus- trial, da capacitação empresarial e da promoção de sinergias em atividades de pesquisa científica, de desenvolvimento tecnológi- co e de inovação, entre empresas e uma ou mais ICTs, com ou sem vínculo entre si. (BRASIL, 2004) No cenário brasileiro há atualmente 47 parques tecnológicos distri- buídos da seguinte forma: 2 na Região Norte; 4 na Região Centro-Oeste; 7 na Região Nordeste; 15 na Região Sul; e 19 na Região Sudeste. Desta- que ao Estado de São Paulo, que sozinho reúne 11 dessas instituições (BRASIL, 2018d). • Institutos de Pesquisa do MCTIC (atual MCTI) O MCTI compreende 20 Institutos de Pesquisa (Figura 2), divididos em Unidades de Pesquisa (UPs) e Organizações Sociais (OS). Essas en- tidades são responsáveis pela disseminação de conhecimento e, tam- bém, pelo estímulo à inovação dentro de suas respectivas áreas de atuação (BRASIL, 2017; BRASIL, 2020b). As Organizações da Sociedade Civil – OSCs (anteriormente denominadas organizações não governamentais – ONGs), “são entidades nascidas da livre organização e da participação social da população que desenvolvem ações de interesse público sem visarem ao lucro. Essas organizações constituem atores sociais e políticos cada vez mais presentes nas democracias contemporâneas” (IPEA, 2020). Assim, “Organização Social (OS) é outra qualificação outorgada pela administração pública para entidades sem fins lucrativos, para que possam receber de- terminados benefícios do poder público (dotações orçamentárias, isenções fiscais, etc.) com vistas à realização dos seus fins” (IPEA, 2020). Atenção 126 Tecnologias aplicadas e inovação Figura 2 Institutos de Pesquisa do MCTI Pe dr o Vi la s Bo as /S hu tte rs to ck Institutos de pesquisa Núcleos Regionais Previstos Núcleos Regionais Implantados Unidades de Pesquisa da CNEN *Organizações Sociais Boa Vista Manaus Cuiabá Rio Branco Porto Velho Tefé Brasília Foz do Iguaçu Criciúma Santa Maria São Paulo Campinas São José dos Campos Cachoeira Paulista Cachoeiro do Itapemirim Rio de Janeiro Santa Teresa Itajubá Belo Horizonte Goiânia Recife Petrópolis São Gabriel da Cachoeira Caxiuanã Macapá Alcântara Teresina Fortaleza Natal Campina Grande Belém Santarém INPE INPA INPE INPA INPE INPP MPEG MPEG INPE INPE INPA INPA CETEM INPE MPEG MPEG CETEM CTI INPA IDSM* CGEE* IBICT EMBRAPII* INA INMA LNA CETENE INSA LNCC INPE INPE CETEM IPEN CDTN CRCN CRCN IEN IRD CNPEM* CTI INPE CEMADEN CBPF* CETEM IMPA* INT ON MAST RNP* Fonte: Brasil, 2017, p. 31. • Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) Os INCTs são centros de pesquisa criados em 2008, totalizando hoje 125 unidades (conforme Figura 3), atuando em parceria com outras agências de fomento, como a Capes, o CNPq, a Finep e o BNDES. Dentre seus objetivos estão a geração de redes de pesquisa e a capacitação de recursos humanos altamente qualificados (INCT, 2020). Incentivos governamentais à inovação tecnológica 127 Figura 3 Distribuição Nacional dos INCTs 4 1 1 1 1 5 5 5 13 21 44 4 2 2 9 4 3 Re se rv oi r D ot s/ Sh ut te rs to ck Fonte: Brasil, 2017, p. 37. Vale destacar que por meio dos INCTs já foram firmadas cerca de 1.800 parcerias nacionais e 1.300 internacionais, além da formação de muitos em mestrado, doutorado e pós-doutorado (INCT, 2020). • Incubadoras de empresas “Incubadoras são instituições que auxiliam as empresas que te- nham como principal característica a oferta de produtos e serviços no mercado com significativo grau de inovação” (CRUZ, 2019). Também fornecem infraestrutura e apoio aos empreendedores para que desen- volvam suas atividades de maneira adequada. Importante salientar que há cerca de 363 incubadoras no país, sen- do que mais de 60% estão ligadas às universidades, gerando receita e empregos (CRUZ, 2019). • Empresas inovadoras Por fim, essas, como a própria expressão já diz, são todas aquelas empresas com foco na inovação para garantir vantagem competitiva dentro de seu segmento de mercado. O SNCTI é composto por agentes políticos, agências de fomento e operadores de CT&I. Cite dois atores pertencentes a cada um desses grupos. Atividade 1 128 Tecnologias aplicadas e inovação 6.2 Legislação de incentivo à CT&I Vídeo A fim de que determinada área seja regulamentada, apoiada e in- centivada, é fundamental que haja auxílio governamental. Dentre as diversas formas pelas quais esse suporte pode ocorrer, uma das mais importantes é a implementação de políticas públicas. Na área de inovação isso não é diferente. Sendo assim, foram pro- mulgadas algumas legislações federais a partir dos anos 2000 que têm contribuído muito para o incentivo à atividade. Primeiramente é necessário destacar a inclusão do SNCTI na Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional n. 85, de 26 de fevereiro de 2015, que altera e adiciona dispositivos à Constituição Federal a fim de atualizar o tratamento das atividades de CT&I (BRASIL, 2015). Além da inclusão do SNCTI em nossa Carta Magna, outras legisla- ções na área de inovação foram publicadas. São elas: Lei de Inovação, Lei do Bem e Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. • Lei de Inovação A Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004, mais conhecida como Lei de Inovação, tem como foco o estímulo à pesquisa científica e tecnoló- gica orientada para o ambiente produtivo, objetivando a capacitação, a independência tecnológica e o fortalecimento da indústria brasileira (BOCCHINO et al., 2010). Ainda de acordo com Bocchino et al. (2010), considerando a legis- lação citada e buscando cumprir o disposto nos artigos 218 e 219 da Constituição Federal de 1988, as instituições com o encargo normali- zado de produção de pesquisa básica ou aplicada, relativas à ciência e tecnologia, têm obrigação legal de constituir núcleos de inovação tecno- lógica, com o intuito de proteger a propriedade intelectual, administrar suas políticas de apoio à inovação e estimular a atividade de transfe- rência de tecnologia. Entretanto, há uma necessidade de maior detalhamento da lei, com vistas a preservar a identidade de empresas, indústrias e univer- sidades, com vistas a torná-la uma ferramenta de destaque no incen- tivo às políticas industrial e tecnológica brasileiras (MATIAS-PEREIRA; KRUGLIANSKAS, 2005). Incentivos governamentais à inovação tecnológica 129 Uma das características da Lei de Inovação é o regime especial de transferência de tecnologia, que reduz as barreiras de licenciamento do conhecimento para indústrias e estimula a inter-relação entre uni- versidades e empresas. Além disso, estão previstos nessa legislação o aluguel e a cessão de laboratórios para P&D por parte das ICTs. Ademais, por meio da Lei de Inovação, é possível às empresas adquirir os seguintes benefícios (LABIAK JUNIOR; MATOS; LIMA, 2011): • deduzir despesas na apuração do Lucro Líquido do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e apurar a base de cálculo da Contri- buição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) – sendo que a dedução também pode ser aplicada aos gastos contratados no país com universidades, institutos de pesquisa ou inventor independente; • reduzir, na apuração do IRPJ, 50% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre máquinas, aparelhos, ferramentas, instrumentos, equipamentos, acessórios e sobressalentes que acompanhem o bem e sobre depreciação acelerada de máqui- nas, equipamentose aparelhos novos, contanto que sejam desti- nados a P&D tecnológicos; • utilizar amortização acelerada em caso de aquisição de bens in- tangíveis exclusivamente usados em atividades de pesquisa, de- senvolvimento e inovação (PD&I) tecnológica; • receber crédito do Imposto de Renda (IR) sobre valores pagos, creditados ou remetidos a beneficiários residentes/domiciliados no exterior, a título de royalties de assistência técnica/científica e de serviços especializados previstos em contratos de transfe- rência de tecnologia. Para fruir dessa redução, a empresa deve despender internamente o montante mínimo de uma vez e meia o valor do benefício, se localizada nas regiões Norte e Nordeste, e de pelo menos duas vezes, quando localizada em outra região. • Lei do Bem A Lei n. 11.196, de 21 de novembro de 2005, intitulada Lei do Bem, cria incentivos fiscais às empresas que exercem PD&I, estreitando o vín- culo entre universidade, institutos de pesquisa e empresas (Quadro 1). 130 Tecnologias aplicadas e inovação Quadro 1 Benefícios da Lei do Bem • Dedução de 20,4% a 34% no IRPJ e CSLL dos gastos com P&D; • Dedução de 50% no IPI na aquisição de equipamentos e máquinas destinados à P&D; • Depreciação e amortização rápida desses bens; • Melhoria constante dos produtos, processos e serviços; • Possibilidade de reinvestir os valores deduzidos na área de P&D; • Maior competitividade no mercado; • Criação de inovação como alavanca de expansão das instituições; • Ser vista como uma empresa inovadora pelo MCTIC. Fonte: ANPEI, 2019. Interessante verificar que o destaque da Lei do Bem encontra-se nos incentivos fiscais, os quais possibilitam que as empresas maxi- mizem sua capacidade interna de gerar inovações tecnológicas para produtos e processos, resultando em mais produtividade e qualidade e, consequentemente, em mais competitividade no mercado (LABIAK JUNIOR; MATOS; LIMA, 2011). A despeito dos incentivos decorrentes da Lei do Bem, menos de 1% das 135 mil empresas industriais fazem uso dos incentivos fiscais para inovação e somente 200 participam da MEI (MOREIRA; DAVIDOVICH, 2018). Diante desses números, fica clara a necessidade de maior divul- gação por parte do governo sobre os benefícios dessa lei. Por outro lado, algumas limitações da Lei do Bem devem ser consi- deradas, como a exigência de tributação pelo Lucro Real, sendo que no país a maioria das empresas usa o Simples Nacional, bem como a ne- cessidade de estimativa de lucros no exercício. Para a pequena parcela de empresas que utiliza a tributação pelo Lucro Real – em sua maioria empresas de grande porte –, segundo Matias-Pereira (2013), a imposi- ção de aferimento de lucros no exercício representa um contratempo, uma vez que os altos custos dos investimentos em tecnologia acabam por gerar lucro apenas no período seguinte, o que interfere em sua utilização no período de implantação do projeto (ZITTEI et al., 2016). De acordo com estudo desenvolvido por Matias-Pereira (2013, p. 240), “a Lei do Bem, em que pesem as dificuldades e deficiências na sua implantação, apresenta-se como um instrumento relevante para estimular as empresas nacionais, por meio da concessão de incentivos fiscais, à inovação no Brasil”. Para fazer download do Guia da Lei do Bem, acesse a reportagem O que é a Lei do Bem e como ela ajuda sua empresa a inovar, publicada pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvol- vimento das Empresas Inovadoras (ANPEI). Disponível em: https://anpei.org. br/o-que-e-lei-do-bem-empresa- inovar/. Acesso em: 19 nov. 2020. Saiba mais Para conhecer mais um pouco a respeito da Lei do Bem, assista ao vídeo Conheça a Lei do Bem que incentiva a inovação tecno- lógica, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Disponível em: https://tvbrasil.ebc. com.br/brasil-em-dia/2019/12/ conheca-lei-do-bem-que- incentiva-inovacao-tecnologica. Acesso em: 19 nov. 2020. Vídeo A fim de saber quantas empresas se beneficiam da Lei do Bem atualmen- te, bem como conhecer melhorias propostas para essa legislação, leia o texto Senado discute modernização da lei que incentiva pesquisa e inova- ção, publicado pelo site UOL/Agência Brasil. Disponível em: https://noticias. uol.com.br/ultimas-noticias/ agencia-brasil/2020/06/12/ senado-discute-modernizacao- de-lei-que-incentiva-pesquisa- e-inovacao.htm. Acesso em: 19 nov. 2020. Saiba mais https://anpei.org.br/o-que-e-lei-do-bem-empresa-inovar/ https://anpei.org.br/o-que-e-lei-do-bem-empresa-inovar/ https://anpei.org.br/o-que-e-lei-do-bem-empresa-inovar/ https://tvbrasil.ebc.com.br/brasil-em-dia/2019/12/conheca-lei-do-bem-que-incentiva-inovacao-tecnologica https://tvbrasil.ebc.com.br/brasil-em-dia/2019/12/conheca-lei-do-bem-que-incentiva-inovacao-tecnologica https://tvbrasil.ebc.com.br/brasil-em-dia/2019/12/conheca-lei-do-bem-que-incentiva-inovacao-tecnologica https://tvbrasil.ebc.com.br/brasil-em-dia/2019/12/conheca-lei-do-bem-que-incentiva-inovacao-tecnologica https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2020/06/12/senado-discute-modernizacao-de-lei-que-incentiva-pesquisa-e-inovacao.htm https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2020/06/12/senado-discute-modernizacao-de-lei-que-incentiva-pesquisa-e-inovacao.htm https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2020/06/12/senado-discute-modernizacao-de-lei-que-incentiva-pesquisa-e-inovacao.htm https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2020/06/12/senado-discute-modernizacao-de-lei-que-incentiva-pesquisa-e-inovacao.htm https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2020/06/12/senado-discute-modernizacao-de-lei-que-incentiva-pesquisa-e-inovacao.htm https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-brasil/2020/06/12/senado-discute-modernizacao-de-lei-que-incentiva-pesquisa-e-inovacao.htm Incentivos governamentais à inovação tecnológica 131 • Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação A Lei n. 13.243, de 11 de janeiro de 2016, intitulada Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, foi regulamentada pelo Decreto Federal n. 9.283, publicado no Diário Oficial da União (D.O.U.) em 8 de feverei- ro de 2018, estabelecendo ações de estímulo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no setor produtivo, regulando as relações entre governo, universidades e empresas e também regulamentando a Lei de Inovação, que é a Lei n. 10.973 de 2004. De acordo com o referido Decreto, a Administração Pública torna-se capaz de incentivar o desenvolvimento de projetos de colaboração entre empresas, ICTs e instituições privadas sem fins lucrativos, com o objeti- vo de criar produtos, processos e serviços inovadores, bem como pro- porcionar transferência e disseminação de tecnologia (BRASIL, 2018b). Uma novidade a ser destacada em relação à legislação é que ela viabiliza a possibilidade de pesquisadores de instituições públicas se ausentarem por um período para atuar na indústria ou constituir em- presas de base tecnológica, o que é uma iniciativa que vai de encon- tro à vanguarda acadêmica internacional. Nos Estados Unidos mais de 80% dos doutores provenientes das universidades estão no ambiente empresarial. Entretanto, na América Latina e Caribe essa realidade é inversamente proporcional (PEREIRA et al., 2009). De acordo com Ariente e Babinski (2018), os principais avanços da legislação são: • inserção de regras e procedimentos novos para a formalização de instrumentos jurídicos de parcerias, investimentos e transfe- rências de tecnologia entre os atores públicos e privados; • regras novas para a concessão de recursos de subvenções eco- nômicas 1 ; • regulamentação do bônus tecnológico 2 ; • normatização das encomendas tecnológicas 3 ; • constituição de procedimentos específicos e simplificados de prestação de contas, com prioridade aos resultados alcançados; • simplificação do remanejamento de recursos inseridos em pro- jetos de CT&I; • prioridade no despacho aduaneiro de bens, matérias-primas, in-sumos, máquinas, aparelhos, equipamentos, instrumentos, pe- ças de reposição e acessórios; Subvenção econômica é a aplicação de recursos públicos não reembolsáveis (sem restituição) em empresas, uma modalidade de investimento muito usada em países desen- volvidos. No Brasil foi lançada em 2006, seguindo normas da Organização Mundial do Comér- cio (OMC) (FINEP, 2020a). 1 Bônus tecnológico represen- ta a “subvenção a microempresas e a empresas de pequeno e médio porte, com base em do- tações orçamentárias de órgãos e entidades da administração pública, destinada ao pagamen- to de compartilhamento e uso de infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos, de contratação de serviços tecnológicos especializados, ou transferência de tecnologia, quando esta for meramente complementar àqueles serviços, nos termos de regulamento” (BRASIL, 2018a). 2 Encomendas tecnológicas são “tipos especiais de compras públicas destinadas a solucionar desafios específicos através do desenvolvimento de produtos, serviços ou sistemas que ainda não estão disponíveis no merca- do ou, simplesmente, que ainda não existem. Na medida em que pouco se sabe sobre o real desempenho da solução frente ao problema enfrentado, trata-se de uma compra pública com elevado nível de incerteza tecno- lógica” (RAUEN, 2018, p. 1). 3 132 Tecnologias aplicadas e inovação • incentivos à internacionalização das ICTs públicas; • isenção do IPI e do Imposto de Importação, que ocasionalmente incidem sobre a realização de projetos de CT&I desenvolvidos por empresas. Outro aspecto bastante relevante foi o atendimento à antiga de- manda das ICTs públicas, no que se refere à dispensa de licitação para transferência de tecnologia com cláusulas de exclusividade. Nesses ca- sos, a norma infralegal condiciona o acordo à divulgação de extrato da oferta tecnológica no site oficial da ICT (ARIENTE; BABINSKI, 2018). Não obstante os avanços legislativos, Rauen (2016, p. 33-34) salienta que seria interessante haver mudanças no marco legal da inovação, as quais visassem, além da redução da insegurança jurídica e da consoli- dação das possibilidades vigentes, ao “fortalecimento de ferramentas de estímulo ao aumento da participação empresarial no processo ino- vativo – que permanece em patamares ainda muito baixos”. Em seguida, vale citar brevemente uma legislação específica para a área de informática, automação e telecomunicações, bem como uma iniciativa governamental de alavancagem do setor automobilístico. • Lei de Informática A Lei n. 8.248, de 23 de outubro de 1991, surgiu para estimular a competitividade e impulsionar a inovação de empresas da área de informática, telecomunicações e automação. Os incentivos às empre- sas envolvem a redução e suspensão do IPI e do ICMS em condições predeterminadas e a preferência pela aquisição de produtos fabricados no país e destinados a órgãos da Administração Pública. As empresas beneficiadas com os incentivos devem se comprometer a destinar 5% do faturamento bruto em P&D, bem como produzir peças localmente atendendo a um Processo Produtivo Básico (PPB) (BRASIL, 2020c), que consiste no “conjunto mínimo de operações, no estabelecimento fa- bril, que caracteriza a efetiva industrialização de determinado produto” (BRASIL, 1991). • Rota 2030 Programa do Governo Federal lançado no final de 2018 com pra- zo de duração de 15 anos, contemplando três períodos de cinco anos cada. O foco é estimular a indústria automotiva nacional, potencializan- do sua inserção no mercado internacional com a produção de veículos norma infralegal: é uma norma secundária que se encontra abaixo das leis, como é o caso das portarias e instruções normativas. Glossário Para compreender um pouco mais sobre a importante ferramenta denominada encomenda tecnológica, leia o texto In- vestimento no setor público em inovação: as encomen- das tecnológicas (ETECs), publicado por Arby Rech, no site JOTA. Disponível em: https:// www.jota.info/coberturas- especiais/inova-e-acao/ investimento-do-setor-publico- em-inovacao-as-encomendas- tecnologicas-etecs-21072020. Acesso em: 19 nov. 2020. Saiba mais Aponte um benefício às empre- sas trazido por cada uma das três importantes legislações de fo- mento à inovação apresentadas neste capítulo: a Lei de Inovação, Lei do Bem e o Marco Legal da Ciência Tecnologia e Inovação. Atividade 2 https://www.jota.info/coberturas-especiais/inova-e-acao/investimento-do-setor-publico-em-inovacao-as-encomendas-tecnologicas-etecs-21072020 https://www.jota.info/coberturas-especiais/inova-e-acao/investimento-do-setor-publico-em-inovacao-as-encomendas-tecnologicas-etecs-21072020 https://www.jota.info/coberturas-especiais/inova-e-acao/investimento-do-setor-publico-em-inovacao-as-encomendas-tecnologicas-etecs-21072020 https://www.jota.info/coberturas-especiais/inova-e-acao/investimento-do-setor-publico-em-inovacao-as-encomendas-tecnologicas-etecs-21072020 https://www.jota.info/coberturas-especiais/inova-e-acao/investimento-do-setor-publico-em-inovacao-as-encomendas-tecnologicas-etecs-21072020 https://www.jota.info/coberturas-especiais/inova-e-acao/investimento-do-setor-publico-em-inovacao-as-encomendas-tecnologicas-etecs-21072020 Incentivos governamentais à inovação tecnológica 133 menos poluentes e mais seguros. Dentre os objetivos do projeto estão: o aumento dos investimentos em PD&I e em eficiência energética; in- cremento da produtividade das indústrias; estímulo ao uso de biocom- bustíveis; entre outros (ANPEI, 2020). 6.3 Fontes de fomento à inovação Vídeo Dentre as principais agências públicas de fomento à inovação po- dem ser citadas: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Ban- co Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII); e Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs). Na Figura 4 é possível visualizar a qual ministério do Governo Federal cada agência de fomento pertence; ressalva às FAPs, que por serem es- taduais estão diretamente ligadas aos respectivos governos estaduais. Figura 4 Ministérios do Governo Federal e suas respectivas agências de fomento Fonte: Elaborada pela autora. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) Ministério da Educação (MEC) Ministério da Economia 134 Tecnologias aplicadas e inovação • CNPq Organização pública criada em 1951, que “tem como principais atri- buições fomentar a pesquisa científica, tecnológica e de inovação e pro- mover a formação de recursos humanos qualificados para a pesquisa, em todas as áreas do conhecimento” (BRASIL, 2020a). Muito embora as universidades sejam consideradas o principal lócus de pesquisa no país, há que se ponderar que muitas delas não possuem recursos próprios para realizar essa atividade. Sendo assim, o CNPq atua como a maior agência pública de financiamento de pes- quisas no Brasil (RIBEIRO, 2017). • Capes Entidade criada em 1952 com o objetivo de prestar suporte à pós- -graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) no país. Executa a ava- liação de cursos, divulga a produção científica e realiza o investimento na formação de profissionais altamente capacitados, além de estimular a cooperação científica entre os países (BRASIL, 2020d). A partir de 2007 ampliou sua área de atuação, passando a colabo- rar também para a formação de professores da educação básica, esti- mulando o aperfeiçoamento contínuo dos docentes da área, tanto no formato presencial quanto no ensino a distância (EaD) (BRASIL, 2020d). Figura 5 Concessão de bolsas de pós-graduação da Capes no Brasil em 2019 De 1 até 765 De 766 até 1,976 De 1,977 até 3,321 De 3,322 até 22,828 Re se rv oi r D ot s/ Sh ut te rs to ckRR AP AM MT MS GO MG SP PR SC RS DF PA MA TO BA PI CE RN PB PE AL SE ES RJ AC RO Fonte: Capes,2020. Quais são as principais agências públicas de fomento à inovação no Brasil? Atividade 3 A fim de compreender mais amplamente a atuação do CNPq, assista ao vídeo CNPq Institucio- nal 2016, publicado pelo canal CNPqOficial. Disponível em: https://youtu.be/ CC5j37l8jNg. Acesso em: 19 nov. 2020. Vídeo https://youtu.be/CC5j37l8jNg https://youtu.be/CC5j37l8jNg Incentivos governamentais à inovação tecnológica 135 Na Figura 5 é possível verificar uma maior concentração de concessão de bolsas de pós-graduação por parte da Capes nas regiões Sul e Sudeste. Em contrapartida, os estados com menor volume de bol- sas estão presentes no Norte e Nordeste. • Finep Criada em 1967, é uma empresa pública brasileira que visa fomentar a ciência, tecnologia e inovação, oportunizando o desenvolvimento eco- nômico e social do Brasil (FINEP, 2020b). Disponibiliza financiamentos reembolsáveis e não reembolsáveis, estimulando tanto a pesquisa bási- ca quanto a aplicada, apoiando inovações em produtos e serviços e au- xiliando, ainda, a implantação de incubadoras e parques tecnológicos. Dentre os mais de 30 mil projetos apoiados pela Finep estão: o Mu- seu do Amanhã (RJ); o Avião Tucano da Embraer; e o Tanque Oceâni- co do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (FINEP, 2020c). • BNDES Instituição criada em 1952 e considerada um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo. Atua na concessão de financiamentos de longo prazo (recursos reembolsáveis) a diversos setores da economia brasileira, prestando suporte que abrange desde pessoas físicas até grandes empreendimentos, com vistas a alavancar a renda e o empre- go e favorecer a inclusão social (BNDES, 2020). • EMBRAPII Criada em 2013, é uma OS que atua nas seguintes áreas: tecnolo- gias aplicadas; mecânica e manufatura; biotecnologia; materiais e quí- mica; e tecnologia da informação e comunicação (TIC). A organização almeja uma maior sinergia entre instituições de pes- quisa e o setor produtivo, buscando mitigar os riscos que uma inovação envolve, ao mesmo tempo que eleva o valor tecnológico agregado dos produtos e processos gerados (EMBRAPII, 2020). • FAPs São organizações públicas ligadas ao Poder Executivo estadual. To- talizam no país 26 unidades (presentes em quase todos os estados, in- cluindo o Distrito Federal, com exceção de Roraima), tendo como foco a promoção de atividades de pesquisa e estimulando o desenvolvimento Conheça um dos projetos mais inovadores apoiado pela Finep, o LabOceano, da COPPE/UFRJ, assistin- do ao vídeo Tanque Oceâ- nico da Coppe: 10 anos desenvolvendo tecnologias de ponta, publicado pelo canal Coppe UFRJ. Disponível em: https://youtu.be/ qGQYTzLE11A. Acesso em: 19 nov. 2020. Vídeo Para entender como o BNDES está presente na vida da população brasileira, assista ao vídeo O BNDES na sua vida, publicado pelo canal BNDES. Disponível em: https://youtu. be/teMf3B05g78. Acesso em: 19 nov. 2020. Vídeo Para conhecer um pouco mais sobre a atuação da EMBRAPII, assista ao vídeo EMBRAPII – Como funciona?, publicado pelo canal EMBRAPII. Disponível em: https://youtu. be/4l0wF_L7kR8. Acesso em: 19 nov. 2020. Vídeo https://youtu.be/qGQYTzLE11A https://youtu.be/qGQYTzLE11A https://youtu.be/teMf3B05g78 https://youtu.be/teMf3B05g78 https://youtu.be/4l0wF_L7kR8 https://youtu.be/4l0wF_L7kR8 136 Tecnologias aplicadas e inovação científico e tecnológico por meio da concessão de bolsas e subsídios a projetos. A FAP mais antiga do país e que serve de modelo a todas as outras é a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), criada em 1962 (ALVES, 2018). Muito embora este capítulo trate dos incentivos governamentais à inovação tecnológica, é importante reservar um espaço para descrever três importantes formas de fomento à inovação realizadas por agentes da esfera privada que muito têm se destacado, são elas: o investidor anjo, o capital de risco e o crowdfunding. • Investidor anjo O investidor anjo (angel investor) é caracterizado como o investidor individual que subsidia empreendimentos que estejam em iniciação ou na fase de implantação, sendo que os valores de financiamento não ul- trapassam o limite de 1 milhão de reais (LABIAK JUNIOR; MATOS; LIMA, 2011). O valor investido é denominado capital semente (seed capital). • Capital de risco Há ainda um fundo de investimento voltado a projetos de alto risco, chamado de capital de risco (venture capital). Nessa categoria, os valores ultrapassam 1 milhão de reais e o investidor, intitulado capitalista de risco (venture capitalist), passa a ser um acionista temporário do em- preendimento (LABIAK JUNIOR; MATOS; LIMA, 2011). Figura 6 Representação do ciclo de investimento privado Fonte: Labiak Junior, Matos e Lima, 2011, p. 73, adaptada de McGee, 2000. Para conhecer com mais detalhes as opções de suporte à inovação para as empresas, leia o Guia Prático de Apoio à Inova- ção, da ANPEI. Disponível em: http://www. ipdmaq.org.br/Portal/Principal/ Arquivos/Downloads/Documentos/ DETI/Guia%20Pr%C3%A1tico%20 de%20Apoio%20a%20 Inova%C3%A7%C3%A3o%20 -%20ANPEI.pdf. Acesso em: 19 nov. 2020. Saiba mais A fim de ampliar o conhe- cimento sobre fontes de fomento à inovação, leia o texto Fontes de fomento à inovação: Conheça os mecanismos de apoio, no site do Sistema Regional de Inovação (SRI). Disponível em: https:// plataformasri.pti.org.br/noticias/ fontes-de-fomento-a-inovacao- conheca-os-mecanismos-de- apoio/. Acesso em: 19 nov. 2020. Saiba mais http://www.ipdmaq.org.br/Portal/Principal/Arquivos/Downloads/Documentos/DETI/Guia%20Pr%C3%A1tico%20de%20Apoio%20a%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20-%20ANPEI.pdf http://www.ipdmaq.org.br/Portal/Principal/Arquivos/Downloads/Documentos/DETI/Guia%20Pr%C3%A1tico%20de%20Apoio%20a%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20-%20ANPEI.pdf http://www.ipdmaq.org.br/Portal/Principal/Arquivos/Downloads/Documentos/DETI/Guia%20Pr%C3%A1tico%20de%20Apoio%20a%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20-%20ANPEI.pdf http://www.ipdmaq.org.br/Portal/Principal/Arquivos/Downloads/Documentos/DETI/Guia%20Pr%C3%A1tico%20de%20Apoio%20a%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20-%20ANPEI.pdf http://www.ipdmaq.org.br/Portal/Principal/Arquivos/Downloads/Documentos/DETI/Guia%20Pr%C3%A1tico%20de%20Apoio%20a%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20-%20ANPEI.pdf http://www.ipdmaq.org.br/Portal/Principal/Arquivos/Downloads/Documentos/DETI/Guia%20Pr%C3%A1tico%20de%20Apoio%20a%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20-%20ANPEI.pdf http://www.ipdmaq.org.br/Portal/Principal/Arquivos/Downloads/Documentos/DETI/Guia%20Pr%C3%A1tico%20de%20Apoio%20a%20Inova%C3%A7%C3%A3o%20-%20ANPEI.pdf https://plataformasri.pti.org.br/noticias/fontes-de-fomento-a-inovacao-conheca-os-mecanismos-de-apoio/ https://plataformasri.pti.org.br/noticias/fontes-de-fomento-a-inovacao-conheca-os-mecanismos-de-apoio/ https://plataformasri.pti.org.br/noticias/fontes-de-fomento-a-inovacao-conheca-os-mecanismos-de-apoio/ https://plataformasri.pti.org.br/noticias/fontes-de-fomento-a-inovacao-conheca-os-mecanismos-de-apoio/ https://plataformasri.pti.org.br/noticias/fontes-de-fomento-a-inovacao-conheca-os-mecanismos-de-apoio/ Incentivos governamentais à inovação tecnológica 137 Conforme é possível verificar na Figura 6, o empreendimento inicia com uma ideia, sendo então financiado por um investidor anjo (ou vá- rios). Assim, com a expansão dos negócios, há a entrada do capitalista de risco, responsável não somente pelo aporte financeiro, mas tam- bém por compartilhar a gestão empresarial. Com a consolidação do empreendimento ocorre a saída das figuras do investidor anjo e do ca- pitalista de risco, abrindo novas possibilidades à empresa recém-criada. • Crowdfunding Consiste no financiamento coletivo de um projeto, por meio da in- ternet, sendo também conhecido como vaquinha on-line. Pode ocorrer em duas modalidades – a primeira na forma de doação e a segunda como investimento –, sendo que em ambas, na maioria das vezes, as pessoas físicasque acreditam no potencial do empreendimento resol- vem investir recursos nele. A diferença é que na primeira modalidade não há qualquer retribuição e na segunda a expectativa é de retorno na forma de rendimento do valor aplicado. Ambas as modalidades podem ser de caráter pessoal, social, cultural ou para estruturação de uma em- presa, por exemplo. A fim de conhecer diver- sos sites de crowdfunding e suas principais caracte- rísticas, acesse o site do crowdfunding no Brasil. Disponível em: https://www. crowdfundingnobrasil.com.br/. Acesso em: 19 nov. 2020. Saiba mais CONSIDERAÇÕES FINAIS Diversos são os atores que compõem um sistema de inovação. No caso do Brasil, o SNCTI é formado por agentes políticos, agências de fo- mento e operadores de CT&I. De acordo com as informações apresentadas neste capítulo foi possível perceber que aos atores políticos cabe a responsabilidade de criar normas de funcionamento do sistema. Já as agências de fomento são incumbidas de prover as condições de cumprimento das resoluções advindas dos atores políticos. Enfim, aos operadores de CT&I pertence a função de operacionalização das ações de inovação programadas. Cabe destaque ao coordenador do SNCTI, o MCTI, que possui a res- ponsabilidade de estabelecer as políticas nacionais de inovação, bem como a condução de duas importantes agências de fomento, a Finep e o CNPq. Além do MCTI, os Ministérios da Economia e da Educação também exercem papel importante ao comandarem outras duas agências funda- mentais no estímulo à inovação: o BNDES e a Capes, respectivamente. https://www.crowdfundingnobrasil.com.br/ https://www.crowdfundingnobrasil.com.br/ 138 Tecnologias aplicadas e inovação Além das instituições citadas, muitas outras que fazem parte do SNCTI foram abordadas neste capítulo, buscando apresentar ao leitor um pano- rama amplo do sistema de inovação brasileiro. Ademais, foram apresentadas as principais iniciativas em termos de le- gislação para fomentar a CT&I no país, tendo destaque as Leis de Inovação e do Bem, além do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. Por fim, é possível afirmar que a estruturação de um sistema de ino- vação forte é fator fundamental na busca pelo desenvolvimento. No caso brasileiro não é diferente; para deixarmos de ser uma nação com estrutu- ra produtiva centrada em commodities e buscarmos reduzir a lacuna que nos separa de nações desenvolvidas não há outro caminho que não seja o do estímulo à inovação. REFERÊNCIAS ABC - Academia Brasileira de Ciências. 2020. Página inicial. Disponível em: http://www.abc. org.br/. Acesso em: 19 nov. 2020. ALVES, M. C. A SBPC e as fundações de amparo à pesquisa. Ciência e Cultura, v. 70, n. 4, p. 8–10, 2018. ANDRADE, A. M. De. O Papel das Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTS) nos processos de licenciamento e transferência de tecnologias. 2016. Dissertação (Curso de Mestrado em Economia) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão. ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras. Lei do Bem, 2019. 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Um dos benefícios trazidos pela Lei de Inovação foi a possibilidade de as ICTs compar- tilharem seus laboratórios de P&D com empresas inovadoras.Já a Lei do Bem possi- bilita a dedução de 50% no IPI na aquisição de equipamentos e máquinas destinados à P&D. Por fim, o Marco Legal da CT&I permite que pesquisadores de instituições públicas possam se afastar de suas funções por um período determinado para traba- lhar na indústria. 3. As principais agências públicas de fomento à inovação no Brasil são: o CNPq; a Capes; a Finep; o BNDES; a EMBRAPII; e as FAPs. http://inct.cnpq.br/sobre/ http://inct.cnpq.br/sobre/ https://mapaosc.ipea.gov.br/ajuda http://www.portaldaindustria.com.br/cni/canais/mei/o-que-e-a-mei/ http://www.portaldaindustria.com.br/cni/canais/mei/o-que-e-a-mei/ https://jornal.usp.br/ciencias/a-copa-da-ciencia/ https://data.oecd.org/rd/gross-domestic-spending-on-r-d.htm https://data.oecd.org/rd/gross-domestic-spending-on-r-d.htm http://portal.sbpcnet.org.br/a-sbpc/quem-somos/ https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/52159/1591723666ECOSSISTEMAS_DE_ALTO_IMPACTO_Digital_3.pdf https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/52159/1591723666ECOSSISTEMAS_DE_ALTO_IMPACTO_Digital_3.pdf TEC N O LO G IA S A PLIC A D A S E IN O V A Ç Ã O PA TRÍC IA G A V A RIB EIRO Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6670-4 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 7 0 4 Código Logístico 59529 Página em branco Página em branco