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TEC N O LO G IA S A PLIC A D A S E IN O V A Ç Ã O PA TRÍC IA G A V A RIB EIRO Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6670-4 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 7 0 4 Código Logístico 59529 Tecnologias aplicadas e inovação Patricia Gava Ribeiro IESDE BRASIL 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: vs148 /Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ R371t Ribeiro, Patricia Gava Tecnologias aplicadas e inovação / Patricia Gava Ribeiro. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 140 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6670-4 1. Tecnologia - Administração. 2. Inovações tecnológicas - Administra- ção. 3. Tecnologia da informação. I. Título. 20-65033 CDD: 20-65033 CDU: 005.94:004 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Patricia Gava Ribeiro Mestre em Planejamento e Governança Pública pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Especialista em Marketing pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente cursa MBA em Gestão Estratégica da Inovação e Propriedade Intelectual na Unopar. Atua como servidora pública na UTFPR desde 2007. Além disso, tem interesse nas áreas de inovação, tecnologia e propriedade intelectual, com alguns trabalhos publicados nessa temática. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Gestão da inovação tecnológica 9 1.1 Ciência e tecnologia 10 1.2 Invenção e inovação 13 1.3 Tipos de inovação 16 1.4 Natureza ou impacto da inovação 18 1.5 Gestão da inovação tecnológica 23 1.6 Práticas de gestão da inovação 30 2 Inovação e seus fundamentos tecnológicos 37 2.1 Schumpeter e inovação 37 2.2 Revoluções tecnológicas 43 2.3 Panorama da inovação no Brasil 53 3 Modelos de inovação tecnológica 62 3.1 Modelo linear 62 3.2 Modelo paralelo 65 3.3 Modelo Tidd, Bessant e Pavitt (modelo funil) 67 3.4 Modelo de inovação aberta (open innovation) 69 4 A inovação como fonte de competitividade 75 4.1 Noção de cadeia de valor 75 4.2 Inovação como fator de vantagem competitiva 79 4.3 Tecnologias portadoras de futuro 83 5 Gestão da propriedade intelectual 95 5.1 Propriedade industrial e propriedade intelectual 96 5.2 Classificação dos direitos de propriedade intelectual 98 5.3 Propriedade intelectual e desenvolvimento econômico 108 5.4 Propriedade intelectual e transferência de tecnologia 110 5.5 Cooperação entre universidade e empresa 112 6 Incentivos governamentais à inovação tecnológica 119 6.1 Sistema de CT&I 120 6.2 Legislação de incentivo à CT&I 128 6.3 Fontes de fomento à inovação 133 O objetivo desta obra é apresentar ao leitor os diversos aspectos relacionados a ciência, tecnologia e inovação, buscando contribuir para o aprendizado nessas áreas. Não há, contudo, a pretensão de esgotar tão vasto tema, mas sim de apontar caminhos para que o estudante possa se aprofundar no assunto. Assim, foram abordados tópicos considerados relevantes à temática, sendo divididos em seis capítulos, de modo a contemplar desde conceitos fundamentais, passando pela evolução histórica, que resultou na sociedade do conhecimento, até ampliar o estudo sobre a importância da inovação à competitividade das empresas bem como em relação à proteção adequada dos bens intangíveis decorrentes da atividade inovativa. Dessa forma, o estudo tem início com a apresentação, no primeiro capítulo, dos conceitos de ciência, tecnologia, invenção e inovação, tão necessários ao aprofundamento do conhecimento na área. Na sequência são vistos os tipos de inovação existentes – de produto, de processo, organizacionais e de marketing –, abordando suas características e apresentando alguns exemplos. Ainda nesse capítulo é tratada a natureza ou o impacto da inovação, trazendo conceitos como inovação disruptiva e incremental, entre outros. Ademais, são apresentados o tema da gestão da inovação tecnológica e as práticas de gestão da inovação mais aplicadas. No Capítulo 2 busca-se realizar um resgate histórico dos acontecimentos a partir da Revolução Industrial, período no qual o capitalismo se estabeleceu como sistema econômico, dando início aos estudos sobre a inovação e seus impactos. É dado certo destaque à figura de Joseph Schumpeter, renomado economista que dedicou grande parte de sua vida ao estudo dos impactos das inovações tecnológicas na sociedade. Dando continuidade ao trabalho sobre Schumpeter, são analisados também os estudos de seus seguidores, denominados neoshumpeterianos, apresentando as cinco revoluções tecnológicas ocorridas e, ainda, contemplando os pensadores mais relevantes de cada período. Nesse capítulo é realizado, também, um panorama da inovação no Brasil, destacando alguns dos indicadores mais importantes da área. APRESENTAÇÃO Vídeo No Capítulo 3 ressalta-se a importância da utilização de modelos de inovação com o objetivo de tornar as empresas mais competitivas, sendo necessário buscar aquele que mais corresponda às características e particularidades de cada instituição. Sendo assim, apresenta-se, dentre os modelos de inovação existentes, quatro utilizados em escala global: modelo linear; modelo paralelo; modelo Tidd, Bessant e Pavitt; e modelo de inovação aberta (open innovation). No quarto capítulo é abordado o importante conceito de cadeia de valor, relacionado à geração de vantagem competitiva por parte das empresas. A sua definição é fundamental para se compreender como as empresas podem se destacar frente à concorrência cada vez mais acirrada, especialmente em termos de sustentabilidade. Na sequência, analisa-se como a inovação pode ser vista enquanto um fator de vantagem competitiva e, por fim, apresenta-se as tecnologias portadoras de futuro, isto é, atividades que em um futuro não muito distante possivelmente mudarão o mundo como é conhecido atualmente. No Capítulo 5 são trazidas diversas questões relativas à propriedade intelectual, iniciando por sua diferenciação em relação à propriedade industrial, seguida pela classificação dos direitos de propriedade intelectual (direito autoral, propriedade industrial e proteção sui generis), que são subdivididos em diversas categorias, como marca, patente, desenho industrial, entre outros. Salienta-se ainda a importância de compreender a relação entre propriedade intelectual e desenvolvimento econômico. Mais além, é analisada a atividade- -fim da propriedade intelectual, que consiste na transferência de tecnologia ao setor produtivo. Por último, são verificados aspectos referentes à cooperação entre universidade e empresa, atividade cada vez mais importante para ambos os players e para a sociedade como um todo. Para o sexto e último capítulo é reservada a abordagem do sistema de inovação brasileiro, considerandoque esse é composto por agentes políticos, agências de fomento e operadores de ciência, tecnologia e inovação. Apresenta-se também as legislações que se destacam no cenário nacional em termos de incentivo à inovação, como a Lei de Inovação, a Lei do Bem e o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação. Finalmente, são enfatizadas as atividades desempenhadas pelas agências públicas de fomento, bem como indicadas duas fontes de financiamento privado à inovação. Após a leitura, certamente o leitor concluirá que o caminho para o desenvolvimento de uma nação necessariamente passa pelo fortalecimento do trinômio ciência, tecnologia e inovação. Sucesso em seus estudos! Gestão da inovação tecnológica 9 1 Gestão da inovação tecnológica Você consegue imaginar um mundo sem energia elétrica, computadores, smartphones, automóveis ou aviões? É quase im- possível, não é mesmo? Pois bem, essa seria a realidade se não existissem pessoas dispostas a questionar, experimentar e ir além. Graças a esses indivíduos, há tudo isso hoje. Para compreender um pouco mais sobre como novos produ- tos e processos são criados, com muitos revolucionando o funcio- namento das coisas até então, será necessário conhecer alguns conceitos importantes e muito úteis para o aprofundamento do conhecimento. Entre eles, destacam-se a ciência, a tecnologia, a invenção e a inovação. Todos estão de certa forma interligados, embora não de maneira linear, ou seja, não ocorrem de modo ne- cessariamente sequencial, podem acontecer de maneiras distintas e contar com a participação de atores diversos. Neste capítulo, além da análise de conceitos ligados à inovação, serão explanados os tipos de inovação existentes, quais sejam, inovações de produto, inovações de processo, inovações organiza- cionais e inovações de marketing, bem como suas principais carac- terísticas e exemplos. Posteriormente, será discutida a natureza ou o impacto da ino- vação, abordando os termos inovação disruptiva, inovação incremen- tal, novo sistema tecnológico e novo paradigma técnico-econômico. Como continuidade aos estudos, será discutida a gestão da ino- vação tecnológica e, por fim, serão apontadas as práticas de gestão da inovação mais utilizadas. 10 Tecnologias aplicadas e inovação 1.1 Ciência e tecnologia Vídeo Ao passo que a ciência possui uma ligação maior com a ob- servação de fenômenos, comprovação de hipóteses e o avanço do conhecimento, a tecnologia, por sua vez, está muito mais relacionada com as consequências para a sociedade (impactos econômicos e sociais), decorrentes da aplicação de novos pro- dutos, processos e materiais (REIS, 2008). No caso da ciência, esta pode ser dividida em ciência pura – ou básica – e ciência aplicada (Figura 1). A primeira está atrelada à investigação, à análise de fenômenos e à tentativa de explicá-los de maneira científica. Um exemplo muito claro dessa modalidade de ciên- cia é o estudo das características do novo coronavírus. Já a ciência aplicada possui como característica a aplicação do conhecimento para buscar a solução de determinado problema, procurando criar produtos que atendam às necessidades da so- ciedade. Como exemplo, pode-se citar a criação de uma vacina para prevenção da Covid-19 (infecção causada pelo novo coronavírus). Normalmente, as duas modalidades de ciência andam de mãos dadas e não se pode afirmar que uma tenha maior importância do que a outra, em- bora a ciência aplicada seja a mais reconhecida pela sociedade em geral. Ao situar historicamente a dualidade entre ciência bá- sica e aplicada, consta que o período pós-Segunda Guerra foi o momento em que a ciência básica passou a ser vista como precursora do progres- so tecnológico somente se estivesse distanciada do empirismo. Isso culminou no modelo linear de inovação, em que se acreditava que os avanços científicos eram transformados em soluções prá- ticas por meio de um movimento dinâmico ligan- do a ciência à tecnologia (STOKES, 2005). Nesse modelo, acreditava-se nesta sequência: Figura 1 Ciência pura e ciência aplicada W iki m ed ia C om m on s. Ciência pura envolve estudos de fenômenos. Ciência aplicada é a utilização de estudos da ciência pura em favor da sociedade. Gestão da inovação tecnológica 11 Vyac hes lav iku s/ Sh ut te rs to ck Pesquisa básica (pura) Pesquisa aplicada Desenvolvi- mento Produção Contrariando tal modelo, Stokes (2005) e seus seguidores creem na complementaridade entre pesquisa básica e aplicada. Surge, então, uma nova proposta de classificação, relacionando conhecimento e apli- cação prática, formada por quatro quadrantes que especificam a natu- reza da pesquisa, intitulada quadrante de Pasteur. Figura 2 Quadrante de Pasteur BOHR Pesquisa básica pura Bu sc a de n ov os c on he ci m en to s? Busca de aplicações práticas? PASTEUR Pesquisa básica ligada à aplicação EDISON Pesquisa aplicada à aplicação Fonte: Elaborada pela autora com base em Stokes, 2005. Na Figura 2, o quadrante superior à esquerda identifica a pesquisa básica pura, que representa a busca por novos conhecimentos, contu- do sem aplicações práticas. Esse quadrante recebeu o nome de Bohr, físico dinamarquês, cujo estudo do modelo atômico é classificado como ciência pura. O quadrante inferior esquerdo representa os estudos que não buscam entendimentos nem aplicações práticas, mas apenas con- templam fenômenos específicos. A célula no canto direito inferior re- trata a pesquisa aplicada, que não busca novos conhecimentos, mas sim aplicações práticas, denominada quadrante de Edison, cujas pes- quisas buscavam rentabilidade por meio da comercialização de seus 12 Tecnologias aplicadas e inovação inventos. O último quadrante, localizado no canto superior direito, é caracterizado pela busca de novos conhecimentos aliada à procura por aplicações práticas. Foi batizado de quadrante de Pasteur, justamente pelo fato de seus estudos buscarem a solução de um impasse relativo à fermentação, fitando uma compreensão do papel dos microrganismos no fenômeno, o que culminou no processo industrial da pasteurização (elevação da temperatura seguida de súbito resfriamento, com o intui- to de eliminar os micróbios). De maneira empírica, pode-se relacionar a ciência com artigos cien- tíficos, dissertações e teses, sendo um conhecimento de ordem públi- ca. Já a tecnologia, está mais vinculada com as patentes, por exemplo, tendo um caráter, portanto, privado (REIS, 2008). Vale destacar que tanto a ciência quanto a tecnologia não podem ser consideradas neutras, uma vez que retratam o contexto histórico, social e político em que estão inseridas. Dessa forma, devem ser compreendidas à luz desse contexto, e não de maneira isolada (CASTELLANOS, 2007). Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de que a ciên- cia serve de base para a tecnologia. Contudo, nem sempre as inovações têm como base conhecimentos científicos (MATTOS; GUIMARÃES, 2012), podendo ocorrer de modo experimental ou até mesmo acidental. Para um melhor entendimento dos conceitos, é possível afirmar que a ciência, de acordo com Longo (2000, p. 1), pode ser caracterizada como “o conjunto organizado dos conhecimentos relativos ao universo, envolven- do seus fenômenos naturais, ambientais e comportamentais”. Já a tecno- logia, por sua vez, pode ser compreendida como “o conjunto organizado de todos os conhecimentos científicos, empíricos ou intuitivos emprega- dos na produção e comercialização de bens e serviços” (LONGO, 2000, p. 1). Pode, também, ser interpretada como o lado econômico da ciência, considerando que a tecnologia, desde o século XIX, tem procurado en- contrar na ciência novos caminhos para a produção do conhecimento técnico. Essa busca resulta em uma reorientação dos rumos da ciência no sentido dos interesses econômicos (MACEDO; BARBOSA, 2000). Entre os aspectos positivos do emprego da tecnologia, podem ser citados: aumento da produção de alimentoscom a mecanização; eco- nomia de escala e maior possibilidade de aquisição de bens de con- sumo; facilidade de acesso a serviços e à locomoção; diagnósticos e tratamentos de saúde mais eficazes. Já como aspectos negativos, é Para conferir um exemplo da ligação entre ciência pura e ciência aplicada, leia o artigo Cientistas brasileiros desenvolvem aplicativo para diagnóstico da Covid-19, de Marcelo Canquerino, publicado no Jornal da USP. Disponível em: https://jornal. usp.br/ciencias/pesquisadores- da-usp-desenvolvem-aplicativo- para-diagnostico-da-covid- 19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h- dsDX9UwzgetKAZO4d_ OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw. Acesso em: 19 jun. 2020. Saiba mais Com base nos conhecimentos adquiridos sobre ciência pura e aplicada, relacione cada um dos seguintes exemplos com uma das seções do quadrante de Pasteur: observação de pássaros; estudo de Mendel sobre ervilhas; linha de montagem de Henry Ford e descoberta dos raios X. Atividade 1 https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisadores-da-usp-desenvolvem-aplicativo-para-diagnostico-da-covid-19/?fbclid=IwAR0acKxi4CMrx54h-dsDX9UwzgetKAZO4d_OsdJfD3Znv1wEfcbIrSNQeYw Gestão da inovação tecnológica 13 possível elencar: redução de recursos naturais; aumento da poluição; impacto em relação às mudanças climáticas; elevação dos níveis de de- semprego e aumento da produção de resíduos. 1.2 Invenção e inovação Vídeo Uma das primeiras e mais importantes personalidades que bus- cou entender o processo de invenções e inovações foi Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), economista e cientista político da Áustria. Seu legado é tão importante que continua sendo estudado e desen- volvido até hoje, especialmente por pesquisadores denominados neoshumpeterianos, como Nathan Rosenberg, Giovanni Dosi, Richard Nelson, Sidney Winter, Christopher Freeman e Carlota Perez. Schumpeter buscou em seus estudos desvendar os mecanismos de movimentação da economia no sistema capitalista, principalmente aqueles ligados à inovação e à denominada destruição criadora. Apesar de as invenções existirem desde tempos remotos, como a descoberta da roda, por exemplo, a sua transformação em inovação é algo bem mais recente. Até o início do século XVIII, anterior à Primeira Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, a principal atividade eco- nômica existente era a agricultura, sendo que a ciência e a tecnologia caminhavam de modo distante uma da outra até então. A disseminação das inovações ocorreu gradualmente, iniciando na indústria têxtil e na produção de ferro. Essas inovações eram realiza- das por profissionais sem formação científica. A ciência e a tecnologia passaram a se aproximar somente após a criação da Escola Politécnica por Napoleão Bonaparte. Essa instituição buscava diplomar engenhei- ros altamente capacitados direcionados ao atendimento de propósitos militares (TIGRE, 2006). A partir da Revolução Industrial, houve uma mudança no mundo como existia até aquele momento. Ocorreu a substituição dos méto- dos de produção artesanais pela produção exercida por máquinas em fábricas. Outras mudanças foram: uso da energia a vapor; substituição da madeira como combustível pelo carvão; além da transferência dos negócios centrados na agricultura por negócios centrados na indústria (Quadro 1). A Revolução Industrial, portanto, explicita a primeira ocor- rência na história de transformação de uma economia essencialmen- 14 Tecnologias aplicadas e inovação te agrária e com base na capacidade artesanal para outra economia orientada pela indústria e pela manufatura fabril (LANDES, 1994). Quadro 1 Características dos períodos: Pré-Revolução Industrial e Pós-Revolução Industrial Pré-Revolução Industrial Pós-Revolução Industrial Modo de produção Artesanato Manufatura Maquinofatura Combustível Madeira Carvão Principal atividade econômica Agricultura Indústria Relação de trabalho Trabalho individual Divisão do trabalho Divisão do trabalho dentro das fábricas Local de trabalho Própria residência Oficinas Fábricas Meios de produção Próprios Pertencentes ao mes-tre artesão Máquinas Forma de remuneração De acordo com a pro- dução Trabalho assalariado Redução de salários e aumento na jor- nada de trabalho Fonte: Elaborado pela autora. A sinergia existente entre empresários e inventores, nesse momento, representou relevante técnica organizacional da Grã-Bretanha para a criação e implementação de novas empresas inovativas (FREEMAN; SOETE, 2008). Dessa forma, as inovações dos séculos XVIII e XIX geraram uma condição singular ao capitalismo, fazendo com que esse sistema, por meio do investimento produtivo, impulsionasse o desenvolvimento tecnológico. Entretanto, somente a partir do início do século XIX, ocorreu o uso comercial da ciência (TIGRE, 2006). Thomas Alva Edison, físico norte-americano mundialmente conhecido pela invenção da lâmpa- da incandescente, criou o primeiro departamento de pesquisa e de- senvolvimento (P&D) em sua companhia, a General Electric (MACEDO; BARBOSA, 2000), apelidada por ele de fábrica de invenções. De acordo com Freeman e Soete (2008), apesar da existência de la- boratórios ligados às universidades e aos governos anteriormente, foi apenas na década de 1870 que os primeiros laboratórios especializa- dos em P&D foram constituídos na indústria; segundo Castells (2005), especificamente na indústria química alemã. Para aprofundar seu conhecimento sobre as mudanças advindas da Revolução Industrial, assista ao vídeo Revolução Industrial – resumo desenhado, do canal Historiar-te. Disponível em: http://youtu.be/ qpxaj1XEPko. Acesso em: 22 jun. 2020. Vídeo http://youtu.be/qpxaj1XEPko http://youtu.be/qpxaj1XEPko Gestão da inovação tecnológica 15 Após a breve contextualização histórica feita até aqui, é de funda- mental importância diferenciar os termos invenção e inovação, consi- derando que, muitas vezes, são usados como se tivessem o mesmo significado. A invenção (Figura 3) é uma solução nova para um pro- blema técnico específico, inserido em determinada área tecnológica (OMPI/INPI, 2018). Já o conceito de inovação pode ser descrito como a solução para uma dificuldade técnica de produção, que resulta de uma atividade inventiva direcionada à comercialização (MACEDO; BARBOSA, 2000). No caso da inovação, a solução não precisa necessariamente ser nova como na invenção, podendo ser decorrente de melhorias no pa- drão existente. Ainda, segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 55): uma inovação é a implementação de um produto (bem ou ser- viço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacio- nal nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Figura 3 Invenções dos últimos séculos: motor a vapor em carro de bombeiros (século XVIII); telefone (século XIX); primeiro videogame (século XX); e turismo espacial, Virgin Galactic (século XXI). A invenção estárelacionada à criação de algo que não produz um resultado econômico. Nesse sentido, uma descoberta que gera um produto ou processo novo, ou melhorado, mas que não atinge o mer- cado, será somente uma invenção, e não uma inovação. W iki m ed ia Co m m on s. Para consultar o Manual de Oslo, com importantes diretrizes sobre inovação, elaborado pela Organi- zação para Cooperação Econômica e Desenvolvi- mento (OCDE), acesse o link a seguir. Disponível em: https://www. finep.gov.br/images/apoio-e- financiamento/manualoslo.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020. Site “Nem toda descoberta leva a uma invenção. E nem toda invenção leva a um produto” (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011, p. 23). Atenção Thomas Edison e Nikola Tesla foram responsáveis por inúmeras invenções e descobertas científicas que até hoje se fazem presentes em nosso cotidiano. Para conhecer um pouco mais sobre os processos de criação da corrente contínua e da corrente alternada, uma das criações de Edison e Tesla, assista ao vídeo A Batalha entre Gênios Niko- la Tesla & Thomas Edison, da National Geographic, publicado no canal Bruno Guida. Disponível em: http://youtu.be/ TjB3t4TpsDo. Acesso em: 19 jun. 2020. Vídeo https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf https://www.finep.gov.br/images/apoio-e-financiamento/manualoslo.pdf http://youtu.be/TjB3t4TpsDo http://youtu.be/TjB3t4TpsDo 16 Tecnologias aplicadas e inovação Em contrapartida, o processo de inovação vai além de um conceito. Ele se constitui no desenvolvimento de uma ideia, transformando-se, consequentemente, em um produto ou processo inovador que atin- ge o mercado por ser economicamente viável (JUNGMANN; BONETTI, 2010). Observe o esquema a seguir. = + Resultadoprático (comercialização) InvençãoInovação Nesse sentido, é interessante destacar que, entre outras caracterís- ticas, a inovação “envolve a criação de novos projetos, conceitos, for- mas de fazer as coisas, sua exploração comercial ou aplicação social e a consequente difusão para o restante da economia ou sociedade” (AUDY, 2017, p. 76). Para países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, com com- petência científica restrita para a geração de novas tecnologias e onde a criação de inovações radicais por parte das empresas é incipiente, a demanda se constitui no mais importante estímulo para que ocorra a inovação (TIGRE, 2006). 1.3 Tipos de inovação Vídeo Um simples olhar atento ao redor demonstra quantas inovações fa- zem parte da nossa vida atualmente. Em geral, elas são denominadas inovações de produto, mas não são o único tipo existente. Na visão de Schumpeter (1997), a inovação pode ser classificada em cinco tipos distintos: 1. Inserção de um produto novo ou melhorado. 2. Introdução de um método de produção ou comercialização distinto dos já existentes. 3. Abertura de um novo mercado. O filme O menino que descobriu o vento (original em inglês: The boy who harnessed the wind) conta a história de um menino que mora em um vilarejo muito pobre no Malawi e que, por meio de seu es- forço, sua determinação e criatividade, consegue criar um moinho de vento tendo como base um livro encontrado na biblioteca da escola local. Direção: Chiwetel Ejiofor. Reino Unido/Malawi. Netflix, 2019. Filme incipiente: que está no começo, inicial. Glossário https://pt.wikipedia.org/wiki/Chiwetel_Ejiofor Gestão da inovação tecnológica 17 4. Obtenção de uma nova matriz de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados. 5. Geração de estruturas de mercado diversas em uma indústria. Com base nas definições criadas por Schumpeter, foram estabele- cidas no Manual de Oslo (OCDE, 2005) quatro categorias de inovações que compõem um grupo de transformações ocorridas nas atividades empresariais: inovações de produto, inovações de processo, inovações organizacionais e inovações de marketing. Essa classificação é a mais amplamente adotada por estudiosos, sendo, portanto, pormenorizada na sequência. • Inovações de produto – referem-se a transformações subs- tanciais nas possibilidades constantes em produtos e serviços, podendo ser completamente novos ou conter avanços significa- tivos em relação a produtos existentes. Consequentemente, há a possibilidade de obtenção de uma vantagem competitiva para a empresa no mercado. Um caso bastante interessante é o da startup brasileira Fazenda Futuro, considerada uma das empresas mais inovadoras do mun- do. Seu diferencial é produzir alimentos no segmento plant based que propiciem a sensação de estar degustando carne animal, uti- lizando apenas ingredientes de origem vegetal. • Inovações de processo – envolvem transformações expressivas em relação aos modos de produção e de distribuição. “Se a ino- vação envolve métodos, equipamentos e/ou habilidades para o desempenho do serviço novos ou substancialmente melhorados, então é uma inovação de processo” (OCDE, 2005, p. 64). Estão incluídas nessa modalidade de inovação as transformações con- sideráveis em softwares e equipamentos. Um exemplo de inovação de processo é o equipamento VoluTech, que se destina a realizar o controle de todos os padrões neces- sários em tanques de leite, a fim de preservar a qualidade do produto, bem como auxiliando a evitar desperdícios, por meio de sensores. • Inovações organizacionais – estão relacionadas à implantação de novos procedimentos organizacionais, tais quais mudanças efetuadas na organização do local de trabalho. Plant based é um concei- to de alimentação em que há eliminação ou redução de produtos de origem animal, além de haver mínimo processamento industrial dos alimentos. Para saber mais, acesse o link a seguir. Disponível em: https://boaforma. abril.com.br/dieta/entenda-o- que-e-a-dieta-plant-based-e- seus-beneficios/. Acesso em: 19 jun. 2020. Site Para conhecer mais sobre o equipamento VoluTech e seus benefícios para a indústria de laticínios, acesse o link a seguir. Disponível em: https:// agroemdia.com.br/2020/05/19/ embrapa-inovacao-usa-sensores- para-medir-com-precisao-volume- de-leite-em-tanques/. Acesso em: 19 jun. 2020. Site https://boaforma.abril.com.br/dieta/entenda-o-que-e-a-dieta-plant-based-e-seus-beneficios/ https://boaforma.abril.com.br/dieta/entenda-o-que-e-a-dieta-plant-based-e-seus-beneficios/ https://boaforma.abril.com.br/dieta/entenda-o-que-e-a-dieta-plant-based-e-seus-beneficios/ https://boaforma.abril.com.br/dieta/entenda-o-que-e-a-dieta-plant-based-e-seus-beneficios/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ https://agroemdia.com.br/2020/05/19/embrapa-inovacao-usa-sensores-para-medir-com-precisao-volume-de-leite-em-tanques/ 18 Tecnologias aplicadas e inovação Um exemplo é a plataforma Luizalabs, criada em 2012 pela rede varejista Magazine Luiza para oferecer produtos e servi- ços diferenciados aos clientes, com foco na inovação. Um dos projetos da plataforma, o Parceiro Magalu (anteriormente de- nominado Magazine Você) oferece a possibilidade de criação de uma loja virtual por trabalhadores informais ou autônomos, em contrapartida ao recebimento de uma comissão pelas ven- das efetuadas. • Inovações de marketing – abrangem a implantação de métodos novos de marketing, buscando atender da melhor forma possível às necessidades dos consumidores. Podem incluir ações como a abertura de novos mercados, ou ter como foco o aumento de vendas de um produto específico, determinando o seu reposi- cionamento no mercado. Mudanças em embalagens e naforma de divulgação do produto também são consideradas inovações de marketing. A inovação de marketing pode ocorrer tanto com pro- dutos novos quanto com os que já existem. Além disso, não há a obrigatoriedade de desenvolvimento de um novo método de marketing pela empresa. O método escolhido pode ser reprodu- zido de outras instituições. Um exemplo é a campanha Share a Coke da Coca-Cola, em que eram impressos nomes próprios nas embalagens de refrigerante. No Brasil, a frase impressa era: “bebendo uma Coca-Cola com...”, completada com diversos nomes escolhidos com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), buscando despertar nos consumidores uma sensação de compartilhamen- to de felicidade. 1.4 Natureza ou impacto da inovação Vídeo A inovação tanto pode ser disruptiva quanto incremental. Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 2005), a inovação disruptiva (também cha- mada de radical), pode ser definida como a que gera uma consequên- cia considerável em determinado mercado e na atividade econômica das empresas que fazem parte desse mercado. Nesse sentido, a inovação disruptiva está relacionada com a quebra dos padrões existentes, também denominados paradigmas. São trans- formações profundas que permeiam toda a sociedade, alterando o pa- O filme Tucker: um homem e seu sonho (original em inglês: Tucker: the man and his dream) relata a história real de um homem visto como sonhador, mas que foi além do status quo, podendo ser considerado um visionário. Tucker projetou um veículo tido como estranho para os padrões da época, mas que continha muitos itens utilizados até os dias atuais. Direção: Francis Ford Coppola. Estados Unidos. Paramount, 1988. Filme Confira os recursos inovadores introduzidos por Tucker nos anos 1940, e que até hoje são referência no mercado automobilístico. Disponível em: https://www. uol.com.br/carros/noticias/ redacao/2019/12/02/carro-do- futuro-da-tucker-feito-em-1948- vai-a-leilao-nos-estados-unidos. htm. Acesso em: 19 jun. 2020. Curiosidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Ford_Coppola https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2019/12/02/carro-do-futuro-da-tucker-feito-em-1948-vai-a-leilao-nos-estados-unidos.htm Gestão da inovação tecnológica 19 drão existente até o momento, e que acabam por criar uma trajetória tecnológica. De acordo com Tigre (2019), a inovação disruptiva normal- mente decorre de atividades de P&D. Além disso, conforme Audy (2017, p. 77), as “inovações disruptivas são dramáticas, criando novas demandas, indústrias, mercados, apli- cações e processos, econômicos ou sociais”. Consequentemente, é estabelecido novo nível tecnológico, propiciando terreno fértil para o surgimento de inovações incrementais. Em contrapartida, a inovação incremental pode ser definida como a inserção de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou organização no interior de uma empresa, sem modificação da estru- tura industrial (FREEMAN; SOETE, 2008). É responsável pela criação de sucessivos aperfeiçoamentos, de menor impacto que aqueles relacio- nados à inovação disruptiva. Essas pequenas melhorias (em um pro- duto ou nos processos necessários para sua confecção) ocorrem no mesmo nível tecnológico em que são empregadas (AUDY, 2017). Embora as inovações incrementais estejam atreladas aos aspectos socioculturais e às necessidades de demanda, elas costumam ocorrer de maneira constante dentro das empresas, não sendo necessaria- mente resultado de atividades de P&D. Muitas vezes, essas inovações advêm da experiência acumulada (TIGRE, 2019). Dessa forma, pode-se afirmar que muitas inovações incrementais derivam do learning by doing, ou seja, do aprender fazendo dentro das atividades industriais. Ao observar a Figura 4, é possível verificar algumas características da inovação incremental, como a criação de melhorias contínuas e o su- porte às diferentes fases pelas quais passam um produto ou processo. Figura 4 Inovação disruptiva e inovação incremental Incremental Sustentação Melhoria contínua Radical Ruptura Disruptiva Fonte: Audy, 2017, p. 77. Aponte as diferenças entre inovação disruptiva e inovação incremental. Atividade 2 20 Tecnologias aplicadas e inovação Já em relação à inovação disruptiva, as mudanças ocorrem de modo radical, promovendo uma ruptura dos paradigmas existentes, criando perspectivas e possibilitando um processo de retroalimen- tação por meio de inovações incrementais. De acordo com Freeman e Soete (2008), além das denominadas inovações disruptivas e incrementais, há ainda que se analisar outras duas transformações de impacto na inovação: o novo sistema tecno- lógico e o novo paradigma técnico-econômico. Um novo sistema tecnológico pode surgir quando uma área ou algumas áreas são impactadas pelo surgimento de um novo hori- zonte tecnológico. Com relação às transformações no paradigma técnico-econômico, faz-se necessário, primeiramente, compreender de que se trata esse paradigma (denominado por alguns autores de paradigma tecnoeconômico). Este trata-se, segundo Lastres e Albagli (1999, p. 32), do resultado do processo de seleção de uma série de combina- ções viáveis de inovações (técnicas, organizacionais e insti- tucionais), provocando transformações que permeiam toda a economia e exercendo importante influência no comporta- mento da mesma. Dessa forma, as mudanças no paradigma técnico-econômico são responsáveis por alterações profundas no contexto social e econô- mico, e não somente no aspecto tecnológico (TIGRE, 2019). Os cha- mados ciclos longos de desenvolvimento são resultado de paradigmas tecnológicos que impactam sobremaneira a sociedade, causando transformações profundas. De acordo com Tigre (2019), para que uma tecnologia desenca- deie um novo paradigma, são necessários os seguintes requisitos: custos reduzidos com predisposição a baixar ainda mais; oferta abundante e contínua; capacidade de disseminação abrangente; e perspectiva de incorporação de tecnologias diversas. 1.4.1 Difusão das inovações Um aspecto muito importante que vai além da definição da natu- reza ou do impacto das inovações é o processo de difusão de novos produtos e processos na sociedade. Gestão da inovação tecnológica 21 De acordo com Rogers (2010), autor do livro Diffusion of Innovations, a difusão é compreendida como o processo pelo qual uma inovação é comunicada por meio de certos canais entre os inte- grantes de um sistema social. Ainda segundo Rogers (2010), a adoção de uma inovação traz consigo um certo grau de incerteza. Para reduzir essa incerteza, as empresas buscam convencer as pessoas de que a relação custo- -benefício é positiva e a inovação será útil em suas vidas. No caso de uma inovação tecnológica, são incorporadas informações que redu- zem a incerteza a respeito das relações de causa e efeito na solução de problemas. Como exemplo prático, pode-se citar que a adoção de um sistema residencial de captação de água da chuva reduz a incer- teza sobre futuros aumentos (estabelecidos pelo governo) na fatu- ra da companhia de saneamento, uma vez que o consumidor ficará menos dependente do abastecimento de água. Figura 5 Curva de difusão da inovação Percentagem de m ercado (% ) Adotantes 25 50 2,5% 13,5% 34% 34% Abismo Curva S In ov ad or es Re ta rdat ár io s Ad ot an te s in ic ia is M ai or ia in ic ia l M ai or ia ta rd ia 16% 75 100 0 Fonte: Elaborada pela autora com base em Rogers, 2010. Conforme o Manual de Oslo (OCDE, 2005, p. 24), “sem difusão, uma inovação não tem impacto econômico”. Atenção 22 Tecnologias aplicadas e inovação Conforme a teoria da difusão de inovações, há cinco grupos distin- tos de pessoas, classificados de acordo com o tempo de adesão a uma inovação (Figura 5). Os primeiros são os inovadores, que correspondem a 2,5% da população, pioneiros a testar um novo produto, por serem os mais propensos a assumir riscos. Tal grupo tende a compartilhar suas experiências por meio das mídias sociais. O segmento seguinte, dos adotantes iniciais, constitui um grupo um pouco mais volumoso de pessoas em relação aos inovadores (mas ainda assim reduzido no que se refere ao total da população – 13,5%). Esse segmento está disposto a aderir às inovações adotadas pelos inovadores. Após esses dois grupos, existe um ponto chamado de abismo, que corresponde a um hiato que divide os formadores de opinião do restante da maioria da população. Transpor esse ponto é fundamen- tal para que uma inovação seja de fato difundida. Ultrapassado o abismo, o próximo grupo é o intitulado maioria inicial (correspondente a 34% do total), que leva mais tempo para aderir a uma inovação, uma vez que aguarda a opinião dos primei- ros grupos sobre um produto e só após se assegurar dos benefícios é que toma uma decisão favorável. Na sequência, existe o grupo denominado maioria tardia (34% da população), representado pelos indivíduos que só aderem a uma inovação depois de saberem que foi testada e aprovada pela maioria da população. Por último, há o grupo dos retardatários (16% dos indivíduos), composto de uma parcela da população muito relutante às mudanças e com menor acesso aos canais de comunicação. Para atingir os diferentes grupos, é necessário abordá-los de ma- neira distinta, utilizando meios e formas de comunicação adequados a cada perfil. Por meio da curva S é possível mensurar o tempo em que a ade- são a qualquer tipo de inovação passa de 0 a 100% da população. O início é plano (inovadores e adotantes iniciais), o meio apresen- ta uma curva bastante inclinada (maioria inicial e maioria tardia) e o final da curva (retardatários) é plano novamente, formando uma curva em formato de S. Considerando a teoria de difusão de inovações, em qual dos cinco grupos de pessoas organizadas de acordo com o tempo de adesão a uma inovação você acredita estar inserido? Justifi- que sua resposta. Atividade 3 Para conhecer um pouco mais sobre o funciona- mento da difusão das inovações e os diferentes perfis de consumidores, assista ao vídeo Difusão de inovações: a curva em “S”. Disponível em: youtu.be/hL- nO498FPY. Acesso em: 19 jun. 2020. (* Embora o vídeo seja bastante explicativo, deve ser feita uma ressalva em relação à informação incorreta de percentagem representativa dos adotantes iniciais, apresentada como 12,5%, quando o correto é 13,5%). Vídeo http://youtu.be/hL-nO498FPY http://youtu.be/hL-nO498FPY Gestão da inovação tecnológica 23 1.5 Gestão da inovação tecnológica Vídeo Nesta seção, anteriormente à apreciação do tema de gestão da inovação tecnológica, é de fundamental importância compreender preliminarmente que a tecnologia se divide em três áreas primá- rias, que serão detalhadas na sequência: produto; processos; e in- formação e comunicação. 1.5.1 Tecnologia e suas três áreas primárias A tecnologia, como já citado anteriormente, é amplamente respon- sável pelos efeitos sociais e econômicos causados pela aplicação de seus resultados. Ademais, é considerada, também, um dos elemen- tos primordiais de impacto na concorrência entre empresas (PORTER, 1998). Nesse contexto, é importante compreender que a tecnologia, como mencionado no início da seção, divide-se em três áreas primá- rias: tecnologia de produto; tecnologia de processos; e tecnologia da informação e comunicação (MATTOS; GUIMARÃES, 2012). Com relação à tecnologia de produto, pode-se afirmar que essa é normalmente a mais evidente, sendo clara a aplicação de atividades de P&D em sua obtenção. Muitas vezes, novos produtos são obtidos de acor- do com a demanda imposta pela sociedade. Em outras, os responsá- veis da área de P&D do setor produtivo procuram se antecipar, criando necessidades que as pessoas nem ao menos sabiam que possuíam (SEBRAE, 2015). Essa antecipação de desejos, frequentemente, aconte- ce por meio de práticas de gestão da inovação que buscam prospectar tecnologias futuras. Destaca-se, ainda, o fato de que muitos produtos tecnológicos gerados instituem a necessidade de criação de produtos complementares, que constituem as denominadas inovações incrementais. A tecnologia de processos, por sua vez, engloba os procedimentos utilizados nas empresas para desempenhar suas atividades, podendo ser específicas para determinado segmento ou de uso geral. A terceira área é a tecnologia de informação e comunicação (TIC), cuja relevância tem sido cada vez maior, especialmente pelo fato de, atualmente, ser a sociedade do conhecimento, em que a informação é 24 Tecnologias aplicadas e inovação o elemento-chave para o desenvolvimento socioeconômico. Portanto, essa terceira área será mais amplamente discutida. Conforme Castells (2005), no final do século XX, houve o início de um novo paradigma tecnológico, em que a tecnologia, tida como cultu- ra material, abriu espaço para a tecnologia da informação. De acordo com o autor, essa revolução tecnológica é tão significativa quanto a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII, considerando que, em ambas as mudanças tecnológicas, o tecido social, econômico e cultural da sociedade foi impactado como um todo. O uso do conhecimento e da informação para a criação de novos conhecimentos, retroalimen- tando o ciclo entre a inovação e sua aplicação, constitui o cerne da atual revolução tecnológica. “Pela primeira vez na história, a mente humana é uma força direta de produção, não apenas um elemento decisivo no sistema produtivo” (CASTELLS, 2005, p. 69). Para se ter uma ideia da importância das TICs no contexto atual, a apresentação de alguns dados e informações é bastante oportuna. No cenário mundial, a União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) para divulga- ção de estatísticas nas áreas de telecomunicações e de tecnologias da informação e comunicação, afirma que 53,6% da população mundial no final do ano de 2019 (aproximadamente 4,1 bilhões de pessoas) fa- zia uso da internet (ITU, 2019). No contexto brasileiro, assim como nos demais países, as TICs têm ganhado muito destaque e sido foco de diversos estudos. Ao consul- tar o documento Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu- nicações (MCTIC) para o período de 2016 a 2022, é possível conferir a intenção dos países em desenvolvimento em reduzir a lacuna digital referente aos países desenvolvidos. No caso brasileiro, os obstáculos que deverão ser superados são a conectividade a valores acessíveis e a disponibilidade tecnológica para áreas longínquas e com reduzida quantidade de habitantes (BRASIL, 2016). Entre as TICs existentes, destacam-se Internet das Coisas, Big Data, computação em nuvem, streaming, realidade virtual, realidade aumen- tada e inteligência artificial. Você pode aprofundar seus conhecimentos a respeito da atual era da informação (com foco especialmente nas TICs), lendo o prestigiado livro A sociedade em rede: a era da informação, do sociólogo espanhol Manuel Castells. CASTELLS, M. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009. Livro Gestão da inovação tecnológica 25 Internet das Coisas Originalmente denominada Internet of Things (IoT), compreende a possibilidade de conectar dispositivos diversos à internet, combase em códigos de comunicação interligando pessoas, objetos, cidades, veículos, entre outros. Estima-se que, em 2025, aproximadamente 75 bilhões de dispositivos conectados de IoT estejam instalados em todo o mundo (CARRION; QUARESMA, 2019). Uma das mais importantes apli- cações de IoT inclui as denominadas smart cities (cidades inteligentes), compreendendo cidades que por meio de TICs utilizam seus recursos de modo mais eficiente, gerando redução de custos. Como consequên- cia, tornam-se mais sustentáveis, além de incrementar a qualidade de vida de seus habitantes (JOÃO; SOUZA; SERRALVO, 2019). Big Data Consiste na área de conhecimento que busca analisar grandes con- juntos de dados, a fim de extrair informações valiosas que possam ser utilizadas na gestão de negócios (MACHADO, 2018). Algumas das aplicações de Big Data incluem: I) smart grid (rede elétrica inteligente), em que a análise de Big Data auxilia na identificação de problemas em transformadores bem como na identificação de comportamentos inco- muns dos dispositivos conectados; II) saúde eletrônica, possibilitando o monitoramento de sintomas dos pacientes on-line para ajustar a pres- crição ou a adequação de planos de saúde pública conforme os sinto- mas da população, por exemplo; III) IoT, em que há vários aplicativos de Big Data compatíveis com empresas de logística, possibilitando, por exemplo, a otimização de rotas de entrega; IV) uso em serviços públi- cos, como o de abastecimento de água, com a utilização de sensores nos dutos para monitoramento do fluxo de água; V) transporte e logís- tica, com o uso de identificação por radiofrequência (RFID) e do sistema de posicionamento global (GPS) para otimização de rotas de ônibus, por exemplo; VI) serviços políticos e monitoramento do governo, em que os dados levantados são utilizados para monitorar tendências polí- ticas, com base em postagens em redes sociais (OUSSOUS et al., 2018). Computação em nuvem Também chamada de cloud computing, compreende a utilização de recursos de computação bastante flexíveis, que podem ser consumi- dos com base no pagamento sob demanda e que são controlados e Para conhecer um pouco mais sobre Big Data e suas potencialidades, assista ao vídeo O que é Big Data?, publicado pelo canal Algar Tech. Disponível em: http://youtu.be/ VIjqX3RhOmc. Acesso em: 22 jun. 2020. Vídeo Conheça o curioso caso de utilização de Big Data por parte da empresa varejista de e-commerce Target e saiba qual cone- xão é possível fazer com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor no Brasil em agosto de 2020. Disponível em: https:// gazetaarcadas.com/2019/08/23/o- case-de-marketing-da-target-e-a- lgpd/. Acesso em: 22 jun. 2020. Curiosidade http://youtu.be/VIjqX3RhOmc http://youtu.be/VIjqX3RhOmc https://gazetaarcadas.com/2019/08/23/o-case-de-marketing-da-target-e-a-lgpd/ https://gazetaarcadas.com/2019/08/23/o-case-de-marketing-da-target-e-a-lgpd/ https://gazetaarcadas.com/2019/08/23/o-case-de-marketing-da-target-e-a-lgpd/ https://gazetaarcadas.com/2019/08/23/o-case-de-marketing-da-target-e-a-lgpd/ 26 Tecnologias aplicadas e inovação suportados por data centers (RASHID et al., 2020). A praticidade em seu uso está relacionada ao fato de que os aplicativos podem ser acessa- dos por meio de qualquer computador que possua acesso à internet. Alguns exemplos de cloud computing são o Google Apps, Dropbox e iCloud (Figura 6). Figura 6 Aplicações de computação em nuvem e Internet das Coisas Computação em nuvem Aplicação Plataforma Infraestrutura Portáteis Telemóveis Monitorização Armazenamento de objetos Conteúdo Identidade Computação Armazenamento Rede Motor de execução Filas Base de dados Colaboração Comunicação Finança Tablets Servidores Desktops IoT Hospital 2.0 Cidade inteligente Logística inteligente Casa inteligente Indústria 4.0 Veículo autônomo Rede inteligente Agricultura 2.0 Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons. St m oo l/ sh ut te rs to ck Streaming É uma ferramenta de distribuição de conteúdo multimídia por meio da internet. Permite ao usuário acessar o material ao fazer o download do aplicativo e criar um perfil para que os recursos sejam atualiza- dos conforme a demanda (OYEDELE; SIMPSON, 2018). Os serviços de streaming mais populares são: YouTube, Netflix e Amazon Prime Video (streamings de vídeo); e iTunes Store e Spotify (streamings de música). Atualmente, o Brasil ocupa a sexta posição no mundo em visualização de streamings, atrás apenas da Índia, da Coreia do Sul, da Austrália, da Indonésia e da Tailândia (CUPONATION, 2019). Realidade virtual e realidade aumentada A imersão do usuário em um mundo virtual, desassociado do mun- do real, possibilitado por diversos efeitos de som e imagens é chamada de realidade virtual. Em outras palavras, trata-se de uma experiência Para entender um pouco mais sobre o conceito e a aplicabilidade da compu- tação na nuvem, assista ao vídeo Você sabe o que é Cloud Computing, ou Computação na Nuvem?, publicado no Canaltech. Disponível em: http://youtu.be/ FDFejm-ovtI. Acesso em: 22 jun. 2020. Vídeo http://youtu.be/FDFejm-ovtI http://youtu.be/FDFejm-ovtI Gestão da inovação tecnológica 27 que inclui a interação e a imersão proporcionada em tempo real por um dispositivo, resultando em imagens gráficas 3D (SILVA et al., 2017). As áreas em que a realidade virtual pode ser aplicada incluem: científi- cas, educacionais, de entretenimento, entre outras. Já a realidade au- mentada, pode ser definida como a associação de objetos virtuais ao ambiente físico do mundo real ampliado, utilizando um equipamento como um smartphone, por exemplo. A realidade aumentada potencia- liza a compreensão e a comunicação entre o usuário e o mundo real. Entre as aplicações, há as ligadas ao entretenimento, caso do jogo ele- trônico Pokémon GO, e as destinadas aos portadores de necessidades especiais, como a utilização de recursos de áudio para usuários com dificuldades visuais (CARMIGNIANI; FURHT, 2011). Inteligência artificial (IA) Pode ser compreendida como a produção de equipamentos que, mediante programação prévia, estejam aptos a assimilar conhecimen- tos utilizando algoritmos bastante estruturados. Tal conhecimento pode ser direcionado para a resolução de problemas e facilitar a co- municação com base nos dados disponibilizados. A IA pode ser sub- dividida em machine learning (aprendizado contínuo) e deep learning (capacitação para a execução de tarefas mais difíceis) (DAMACENO; VASCONCELOS, 2018). O uso adequado das TICs permite às empresas incrementar sua capacidade inovativa, obtendo em troca vantagem competitiva no mercado em que atuam. Ademais, o novo paradigma tecnológico das TICs revoluciona todas as áreas da sociedade, fazendo com que a gestão da inovação tecnológica adquira importância fundamental como ferramenta de gerenciamento das transformações decorren- tes do novo paradigma. 1.5.2 Gestão da inovação tecnológica Na visão de Mattos e Guimarães (2012, p. 63), a “gestão da tecnolo- gia aborda todos os aspectos de planejamento, organização, execução e controle de atividades empresariais desenvolvidas em ambientes in- tensivos em tecnologia”. A gestão da inovação tecnológica, igualmente, engloba o gerencia- mento dos recursos disponíveis por parte da empresa, com o intuito de aperfeiçoar os produtos e processos já disponíveis ou, ainda, de aplicar Ambientado na África do Sul, a força policial em Chappie é composta de robôs providos de inteli- gência artificial. Quando um deles é danificado, seu criador o reconstitui, fazendo com que Cha- ppie tenha emoções e pensamentos próprios. Direção: Neill Blomkamp. Estados Unidos, África do Sul, México. Sony Pictures Entertainment, 2015. Filme Para compreender as características e as diferenças entre a reali- dade virtual e a realidade aumentada, assista ao vídeo Qual é a diferença entre Realidade Virtual e Realidade Aumentada, publicado pelo canal GCFAprendeLivre.Disponível em: http://youtu.be/ oJvFwen0ExI. Acesso em: 28 maio 2020. Vídeo https://pt.wikipedia.org/wiki/Neill_Blomkamp https://pt.wikipedia.org/wiki/Sony_Pictures_Entertainment https://pt.wikipedia.org/wiki/Sony_Pictures_Entertainment http://youtu.be/oJvFwen0ExI http://youtu.be/oJvFwen0ExI 28 Tecnologias aplicadas e inovação o conhecimento para criar outros, que possam vir a ser produzidos e comercializados. Uma gestão tecnológica bem realizada é um dos as- pectos mais relevantes para o sucesso de uma empresa (LOUREIRO, 2000). Ainda, nas palavras de Mattos e Guimarães (2012, p. 61), “a tec- nologia é provavelmente o mais importante fator para o aumento da competitividade global de uma empresa”. E quais os fatores necessários para uma gestão da inovação tec- nológica de qualidade? Além de proteger a tecnologia utilizando os mecanismos de propriedade intelectual e realizar a transferência de tecnologia, efetuar práticas de inovação como benchmarking, vigilân- cia tecnológica e prospecção tecnológica (LOUREIRO, 2000). Ressalta-se que a gestão da inovação tecnológica deve ser realizada de acordo com as características de cada organização, pois não há um modelo ideal que possa ser aplicado de maneira generalizada. Nesse sentido, além da escolha das práticas de inovação mais adequadas e da proteção e transferência da tecnologia, as empresas devem selecio- nar os projetos que representem maiores oportunidades de sucesso. Dessa forma, pode-se imaginar esse processo como um funil de inova- ção, também denominado funil de oportunidades (Figura 7). Figura 7 Funil de inovação Filtro 1 Fase 1 Geração de ideias de produto/ processo e desenvolvimento do conceito. Detalhamento das fronteiras do projeto e do conhecimento requerido. Desenvolvimento rápido e focado de projetos de diferentes tipos. Fase 2 Fase 3 Filtro 2 Embarcar Fonte: Bagno, Melo e Cheng, 2018, p. 14. Ao analisar a Figura 7, é possível perceber a imagem de um funil com uma entrada bem ampla, que representa a captação das mais va- riadas ideias, um corpo um pouco mais estreito em que há análise e de- talhamento das tecnologias e, por último, uma saída bastante estreita, Transferência de tecnologia: trata-se do processo de trans- missão de conhecimento técnico de uma instituição para outra. No caso do Brasil, os contratos de transferência de tecnologia são averbados pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Glossário Gestão da inovação tecnológica 29 o que evidencia que as organizações precisam investir seus escassos recursos em tecnologias promissoras, a fim de que sejam comerciali- záveis e lucrativas (BAGNO; MELO; CHENG, 2018). O funil de inovação pode, então, ser considerado um “método visual para lidar com novas ideias e inovações, e fornece uma base adequada para representar, monitorar e gerir a inovação na empresa” (GAVIRA et al., 2007, p. 80). De maneira bastante ilustrativa, é possível verificar na Figura 8 as diversas etapas do funil de inovação, iniciando pelo levantamento (1); na sequência, pelo processo de seleção (2); delimitação dos recursos disponíveis (3); implementação (4); e, por último, culminando na apren- dizagem (5). Figura 8 Processo de gestão da inovação 1 Levantamento 2 Seleção 5 Aprendizagem 3 Definição de recursos 4 Implementação Reconhecimento e recompensa Capacitação Comunicação Criatividade Inovação introduzida ou implementada Recursos para implementar Proposta de ideias Oportunidade(s) e estratégia(s) definida(s) Fonte: Carvalho, Reis e Cavalcante, 2011, p. 57. Vale ressaltar, igualmente, que a gestão tecnológica concerne à competência da empresa de tornar produtivo o conhecimento e a informação, além de ter também como meta sempre a melhoria contínua. À vista disso, a empresa deve ser compreendida de modo abrangente, tornando imperativa a necessidade de se adaptar a novos cenários, operando em um ambiente dinâmico com base na troca de informações, serviços e recursos. Para saber mais sobre o funil de inovação, leia o artigo Gestão da inovação tecnológica: uma análise da aplicação do funil de inovação em uma organi- zação de bens de consumo. Disponível em: https:// www.redalyc.org/ pdf/1954/195416699005.pdf. Acesso em: 22 jun. 2020. Saiba mais https://www.redalyc.org/pdf/1954/195416699005.pdf https://www.redalyc.org/pdf/1954/195416699005.pdf https://www.redalyc.org/pdf/1954/195416699005.pdf 30 Tecnologias aplicadas e inovação 1.6 Práticas de gestão da inovação O despertar de uma consciência quanto à importância da inovação vem sendo comprovado pela ampla discussão do tema nos mais diver- sos setores. Nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, o debate sobre essa questão revela-se de suma importância para ala- vancar o desenvolvimento econômico e social. Nesse sentido, diversas são as práticas de inovação desenvolvidas com o objetivo de contribuir para o processo de gestão da inovação e, consequentemente, vir a gerar vantagens competitivas para o setor pro- dutivo. Entre elas, serão tratadas as práticas de: prospecção tecnológica, roadmap, inteligência competitiva, vigilância tecnológica e benchmarking. Prospecção tecnológica Pode ser compreendida como o conjunto de atividades de sondagem das transformações tecnológicas com o objetivo de adicionar conheci- mento ao processo de gestão tecnológica. É uma busca de informações que possam ajudar a prever possíveis futuros cenários tecnológicos (AMPARO; RIBEIRO; GUARIEIRO, 2012). A prática de prospecção tecnoló- gica permite a identificação de gargalos científicos e tecnológicos, possi- bilitando a abertura de janelas de oportunidades para a implementação da atividade de P&D com consequente impacto social. Aliado ao conceito de janelas de oportunidades, há também o de leapfrogging, que é o salto dado pelas empresas quando surge uma tecnologia disruptiva, a fim de se inserir em áreas de alta densidade tecnológica, sem a necessidade de transcorrer as fases intermediárias (TIGRE; NASCIMENTO; COSTA, 2016). Roadmap Prática que teve início com a indústria automotiva dos Estados Unidos, mas que foi alavancada especialmente pela empresa Motorola entre as décadas de 1970 a 1980 (PROBERT; RADNOR, 2003). Essa ferra- menta busca prever as etapas indispensáveis para atingir os objetivos tecnológicos almejados, podendo ser utilizadas em sua estruturação, entre outras técnicas, como questionários, entrevistas e pesquisa de patentes (RIBEIRO et al., 2018). Os roadmaps “estruturam a planificação estratégica e o desenvolvimento, a exploração de caminhos de cresci- mento e o acompanhamento das ações que permitem chegar aos ob- jetivos” (COELHO; BOTELHO JR.; TAHIM, 2012, p. 170). O termo janelas de oportunida- des decorre da descontinuação de um caminho tecnológico em que surgem novas oportunida- des. A ocorrência de inovações disruptivas abre janelas de oportunidades para que novas empresas especializadas na tecnologia inovadora possam despontar (TIGRE; NASCIMENTO; COSTA, 2016). Importante Um exemplo bastante atual de leapfrogging é o Nubank, uma das mais importantes fintechs (abreviação de tecnologia finan- ceira) do mundo. O Nubank é uma startup brasileira que presta serviços bancários por meio da utilização de smartphones, de maneira bem menos burocrática que os bancos tradicionais, dis- ponibilizando acesso a serviços como cartão de crédito a taxas reduzidas. Curiosidade Vídeo Gestão da inovação tecnológica 31 Figura 9 Esquema de roadmap tecnológico Tempo M1 M2Mercado Investimento de capital/finanças Cadeia de suprimentos Funcionários/ Habilidades Produto Tecnologia Recursos Programas de P&D P1 T1 PD1 PD2 PD4 PD6 PD5PD3 T2 T3 T4 P2 P3 P4 Fonte: Adaptada de Phaal, 2018, p. 133. De acordo com Phaal (2018), o roadmap tecnológico é uma impor- tante técnica de suporte ao planejamento e gerenciamento tecnológico em uma empresa. Embora possa apresentar diversas configurações, a maisaceita é a proposta pela European Industrial Research Management Association (EIRMA), uma organização independente, sem fins lucrati- vos, que busca a troca de experiências e melhores práticas em geren- ciamento de P&D. Com base no tempo, são apresentadas as diversas etapas sob as perspectivas comercial e tecnológica, demonstrando que há ligações entre os diferentes segmentos (Figura 9). Inteligência competitiva É um procedimento de prospecção de curto prazo, que consiste em uma avaliação do cenário produtivo, bem como do desempenho da concorrência, possibilitando à organização manter sua posição de mercado ou obter uma vantagem competitiva. No caso específico da inteligência competitiva tecnológica, são levantados e considerados os dados relativos à ciência e tecnologia, visando identificar as tendências de mercado em um cenário de longo prazo (RIBEIRO et al., 2018). 32 Tecnologias aplicadas e inovação Para que a inteligência competitiva produza resultados satis- fatórios, há que se realizar o mapeamento e a prospecção de da- dos, informações e conhecimento tanto internos quanto externos à organização. Além disso, requer o conhecimento de todos os stakeholders (VALENTIM, 2002). “A inteligência competitiva pressu- põe o desenvolvimento da capacidade de identificar, sistematizar e interpretar sinais do ambiente externo das organizações, para ali- mentar processos de decisão” (CANONGIA et al., 2004, p. 232). Vigilância tecnológica É uma ferramenta de baixo custo que possibilita a adequação das tecnologias existentes àquelas que se destacam no segmento. Nesse processo, não há criação de uma tecnologia, nem a possibilidade de haver exclusividade sobre seu uso. O benchmarking é um caso de vigi- lância tecnológica (REIS, 2008). É importante destacar que a vigilância tecnológica está orientada à coleta e análise minuciosa de informa- ções científicas no presente (CARVALHO; REIS; CAVALCANTE, 2011), sendo importante a detecção de ameaças e oportunidades externas à organização para auxiliar no processo de tomada de decisões. Benchmarking Consiste basicamente em uma “ferramenta de gestão utilizada para avaliar vários aspectos de uma organização em comparação às melhores práticas do setor” (TOLEDO, 2009, p. 144). De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU, 2000), existem três tipos de benchmarking: benchmarking organizacional, em que são com- paradas instituições entre si com foco no reconhecimento de boas práticas; benchmarking de desempenho, em que a comparação se dá por meio de indicadores de desempenho; benchmarking de pro- cesso, que tem como base a confrontação de processos organiza- cionais, podendo ocorrer no nível interno (entre departamentos de uma mesma instituição) ou no nível externo (entre instituições). No caso específico da prática de benchmarking tecnológico, tem-se como consequência a exposição das lacunas (gaps) tecnológicas existentes entre uma instituição e as demais organizações líderes em determinado segmento, devendo, portanto, ser uma prática constantemente utilizada. (do inglês, stake = participação e holder = titular, detentor), representa a parte interessada em uma instituição, empresa ou em um negócio específico, podendo ser um indivíduo ou um grupo. Glossário Conheça um exemplo de aplicação prática de benchmarking disponível por aplicativo ao usuário comum. Para isso, leia o artigo Aplicativo permite testar o desempenho do celular e a saúde da bateria, do autor Filipe Garrett, publicado no site TechTudo. Disponível em: https://www. techtudo.com.br/tudo-sobre/ antutu-benchmark.html. Acesso em: 22 jun. 2020. Site https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/antutu-benchmark.html https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/antutu-benchmark.html https://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/antutu-benchmark.html Gestão da inovação tecnológica 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Investimentos em inovação geram impactos benéficos à sociedade. Entre eles, podem ser citados o aumento do nível socioeconômico da população, proporcionado pela elevação da taxa de emprego e o conse- quente aumento do nível de renda. Em termos de nação, a inovação traz como resultado a independência tecnológica em relação a outros países. Tendo em mente tais efeitos positivos, este capítulo se propôs a auxiliar na compreensão dos principais conceitos relacionados ao tema em ques- tão, os tipos de inovação existentes, os impactos causados pela inovação e de que forma ocorre seu processo de difusão. Por fim, o entendimento de como transcorre a gestão da inovação tecnológica e as principais práti- cas de inovação conclui essa primeira etapa de fundamental importância. O campo de conhecimento relativo à inovação é extremamente vasto. Portanto, não foi objetivo deste capítulo esgotar a análise dos tópicos es- tudados, mas apontar, para você, caminhos e estimular o aprofundamen- to de tais conhecimentos. Boa sorte em seus estudos! REFERÊNCIAS AMPARO, K. K. dos S.; RIBEIRO, M. do C. O.; GUARIEIRO, L. L. N. Estudo de caso utilizando mapeamento de prospecção tecnológica como principal ferramenta de busca científica. Perspectivas em ciência da informação, v. 17, n. 4, p. 195-209, 2012. AUDY, J. A inovação, o desenvolvimento e o papel da universidade. Estudos Avançados, v. 31, n. 90, p. 75-87, 2017. BAGNO, R. B.; MELO, J.; CHENG, L. C. Gestão da inovação. In: BAGNO, R. B.; PEREIRA, M. C. (org.). Tópicos selecionados em organização industrial: um guia para o ensino superior. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2018. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – 2016|2022. Brasília, DF: MCTIC, 2016. Disponível em: http://www.finep.gov.br/images/a-finep/Politica/16_03_2018_Estrategia_Nacional_de_ Ciencia_Tecnologia_e_Inovacao_2016_2022.pdf. Acesso em: 22 jun. 2020. CANONGIA, C. et al. 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A descoberta dos raios X pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen está situada no quadrante do canto superior direito, em que há uma intensa procura por novos conhecimentos com a busca por aplicações práticas. http://www.profnit.org.br/wp-content/uploads/2018/08/PROFNIT-Serie-Prospeccao-Tecnologica-Volume-1-1.pdf http://www.profnit.org.br/wp-content/uploads/2018/08/PROFNIT-Serie-Prospeccao-Tecnologica-Volume-1-1.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/a36463047c11566616e5350f6efeaf3f/$File/5624.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/a36463047c11566616e5350f6efeaf3f/$File/5624.pdf https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A258FE9A84015904136B817E27 https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A258FE9A84015904136B817E27 36 Tecnologias aplicadas e inovação 2. A inovação disruptiva possui como característica o fato de representar uma ruptura com o status quo, criando demandas e mercados, ao passo que a inovação incremental se caracteriza por constituir a introdução de uma melhoria em um produto ou proces- so existente, ocorrendo sempre no mesmo nível tecnológico da inovação disruptiva correspondente. 3. (Reposta pessoal). Vale lembrar que os cinco grupos de indivíduos classificados con- forme o tempo que aderem a uma inovação são: 1) inovadores (2,5% da população), que constituem os primeiros a experimentar um produto, caracterizados como indiví- duos dispostos a correr riscos; 2) adotantes iniciais (13,5% do total), tidos como for-
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