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RESENHA ÁFRICA

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE
CAMPUS GARANHUNS
GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
HISTÓRIA DA ÁFRICA, 4º PERÍODO
RYDER, Alan Frederick Charles. Do rio Volta aos Camarões. In: HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA – IV: ÁFRICA DO SECULO XII AO XVI. Pag.: 379-413. / editado por Djibril Tamsir Niane. Brasília: UNESCO, 2010.
Profª. Me. Maria Giseuda de Barros Machado [footnoteRef:1]
Diego Luiz Ribeiro de Almeida [footnoteRef:2]2 [1: Mestra e professora do curso de História na Universidade de Pernambuco – UPE, Campus Garanhuns.] [2: 2 Graduando do curso de História pela Universidade de Pernambuco – UPE, Campus Garanhuns] 
Ravila de Melo Costa [footnoteRef:3]3 [3: 3 Graduanda do curso de História pela Universidade de Pernambuco – UPE, Campus Garanhuns] 
RESENHA – CAPITULO XIV DA OBRA HISTÓRIA GERAL
DA ÁFRICA – IV: ÁFRICA DO SECULO XII AO XVI
Alan Frederick Charles Ryder, professor da Universidade de Bristol e especialista em História da África Ocidental, escreve o capitulo XIV da obra História Geral da África – IV: África do século XII ao XVI, intitulado Do rio Volta aos Camarões, inicia situando o leitor sobre o lócus de sua abordagem como o rio Volta e seu entorno. Na sequência, o autor começa a tratar dos grupos que habitaram aquela região, sendo o mais importante deles o Yoruba, destacando a importância dos dialetos locais como fonte. Esse grupo divide-se em três: o central, o sudeste e o noroeste, sendo os dois primeiros mais antigos. O autor enfatiza que “[...] a maior parte das populações importantes para a evolução histórica provinham das zonas florestais.” RYDER, 2010 (p. 380) No final dessa introdução, somos alertados à possibilidade da existência de mais grupos linguísticos menores no local, que devem ter sido suprimidos pelos grupos mais bem-sucedidos.
No tópico seguinte, Ryder aborda as sociedades baseadas em grupos de linhagem, chamadas assim pois não havia um poder centralizador. Destaca, também, a importância da agricultura e da técnica para o crescimento das populações Ibo e do Níger, que se dividiram em aldeias e, posteriormente, em Estados políticos organizados. Porém, alguns grupos Ibo mantiveram-se fieis à sociedade de linhagens. Nessa conjuntura, a forma de sociedade mais comum era a comunidade dispersa, onde a falta de território exigia que alguns grupos se afastassem de sua linhagem original. Entretanto, com raras exceções, esse grupo de comunidades dispersas foi abandonado e substituído por uniões de vários grupos de linhagens, que formavam aldeias maiores e mais poderosas. Como exemplo, somos apresentados aos Ijaw (Ijo), um grupo de linhagens que migrou de uma região de água doce, para outra onde predominava a água salgada. Essa mudança ocasionou a substituição tanto da economia, quanto da organização política. Aos poucos, os grupos de linhagens passaram a ceder espaço para outras organizações políticas, mais baseadas em fidelidade social. Outro importante fator na vida dessas eram os conceitos religiosos, como o culto a Ama­teme‑suo, dos quais podiam depender o destino da aldeia. Contudo, mesmo imaginando-se que ao período do surgimento dos estados, as aldeias já estariam consolidadas, não podemos precisar, na visão do autor, sua real importância ou extensão, devido à falta de evidências. 
O autor inicia o subtítulo seguinte, nomeado Reinos e cidades, afirmando que as aldeias cresciam rapidamente e logo se tornavam cidades. Essas cidades cresciam ao anexarem outras ao seu domínio. Contudo, mesmo que os povos das florestas tenham limitado o contato com outras regiões e mantido formas únicas de organização, não devemos ignorar seu intercâmbio com as cidades da savana. Como exemplo de aldeia que se tornou cidade, temos o já citado grupo Ijaw, que a partir do comércio “reforçou a autoridade das instituições estatais”. RYDER, 2010 (p. 387)
Em seguida, o autor foca nos Yoruba, grupo linguístico mais bem-sucedido da região, possuindo vasto território. Destaca, no primeiro parágrafo, a importância que os povos yoruba delegavam aos seus antepassados e como todos os grupos alegavam descender dos Ife, prováveis fundadores do primeiro estado Yoruba. Em As Origens, Ryder destrincha o mito de fundação dos Yoruba, que remonta aos netos de Oduduwa. Na sequência, o texto explica como se organizavam os Estados yoruba, afirmando que eram modestos, possuindo apenas algumas aldeias em torno de uma cidade maior. Cita, também, que os povos se estabeleciam de maneira diferentes entre si, como por exemplo os Egba, que “formaram uma federação de pequenas cidades­Estado”. RYDER, 2010 (p. 389) Ou seja, enquanto alguns grupos cresciam em ritmo acelerado, outros não acompanhavam esse desenvolvimento. Mais à frente, o autor trata do povo Oyo, único grupo a incorporar um modelo imperial (mesmo que apenas no século XVII). Esse caráter único só foi possível graças à topografia da savana, onde os Oyo habitavam, que possibilitou a mobilização de tropas mais facilmente. 
Posteriormente, o enfoque do texto passa para o povo Ife, como já citado, um dos mais influentes e o mais antigo grupo yoruba. A história desse grupo se inicia por volta do século XI, sendo marcada em sua fase inicial pelos trabalhos com argila e terracota. O trabalho com esses materiais fora encontrado em outros povos yoruba, o que demonstra a não exclusividade Ife com essas artes, e também pode revelar uma influência exercida por eles sobre outros grupos. Entretanto, estas artes se perderam provavelmente pela invasão de uma dinastia estrangeira. Se essa possibilidade for verídica, é possível que o artesanato não tenha sido a única instituição alterada pela nova dinastia reinante. Ademais, paira a dúvida acerca da formação do grupo Ife, já que os outros grupos que reivindicam sua ancestralidade possuem cerimônia e emblemas muito semelhantes, porém discordam quando tentam definir os primeiros governantes. Além disso, existe a possibilidade de influencias vindas de grupos ainda mais longínquos, como os Estados do Sudão. 
O tópico seguinte aborda O reino do Benin, primeiro Estado da costa a ter contato com portugueses. Tornou-se reino bem cedo (acredita-se que no século XII) e, assim como Ife, sofreu grandes transformações ao longo de sua história. A tradição afirma que, por volta de 1300, o rei Oduduwa enviou Oronyan para reinar no local, pois apenas um descendente da família real Ife poderia construir um reino. A tradição ainda afirma que os poderes da dinastia eram limitados pelos autóctones, chamados uzama, contudo, somos levados a crer que a relação entre esses dois poderes, o real e a liderança autóctone, era bem mais ampla. Porém, o quarto líder da dinastia conseguiu aumentar seu poder em relação ao uzama, não conseguindo, contudo, extinguir essa facção por completo. Outro importante nome na história do povo Benin é Ewuare, que ascendeu ao poder, segundo a tradição, após matar seu irmão mais novo e usurpar o trono. A veracidade de tal ideia é questionável, pensando-se ser mais provável que Ewuare fosse um estrangeiro. Independentemente de sua origem, sabemos que o novo rei empreendeu muitas mudanças e transformou o pequeno Estado em um grande reino. 
Nos subtítulos A cidade e O governo de Ewuare, o autor explana mais a fundo o governo do novo rei de Benin. Iniciou edificando uma nova cidade, chamada Edo, e continuou alterando a disposição de cargos em sua corte. Haviam, de acordo com Ryder, “[...] os uzama, cujo cargo era hereditário, os chefes de palácio, e uma ordem (criada por Ewuare) de chefes de ‘cidades’” (2010, p. 395). Além disso, atribuiu ao rei características místicas, para unir a religião ao governo. No plano militar, onde Ewuare se destacou, empreendeu a conquista de vários povos do arredor, entre eles alguns povos yoruba e ibo. Os sucessores de Ewuare mantiveram o caráter militar do império Benin, fazendo os poderosos yoruba recuarem perante sua expansão. O autor justifica o enfoque dado ao reino de Benin e a seu notório rei Ewuare devido às reformas empreendidas por este e ao fato de que esse grupo é o único do qual dispomos conhecimentoanterior ao século XVI. 
No tópico intitulado A arte de Ife e o problema dos bronzes do golfo, o autor destaca a importância da arte africana e as suas especificidades, ele desenvolve está analise através da civilização de Ife-Benin, a qual destaca-se as fabricações na cidade do Ife, de diferentes esculturas realizadas em madeira, uma das mais importantes artes, como também as gravadas em bronze e em terracota, deixando claro o quão hábeis foram os povos que constituíam o Ife-Benin. Subsequentemente, o autor esclarece que a arte de terracota por muitas vezes foi feita de modo naturalista, apresentando aspectos do físico de determinadas pessoas. 
Em Características e desenvolvimento da arte do Benin, Ryder aborda o processo de escavações coordenadas por Bernard Fagg, em 1949, na qual foram encontradas três cabeças talhadas em terracota. Fagg destaca a precisão em todos os traços das obras de arte, com isso são notáveis os vestígios culturais da arte negro-africana, então ele se detém a entender o que aquelas cabeças poderiam significar para aquele grupo social, uma vez que as suas representações faciais demonstravam calma, tranquilidade. A civilização Ife-Benin possuía a pratica de elaborar o semblante dos seus chefes religiosos após a sua morte e colocá-las em sepulturas, sendo um meio de homenagear os seus ancestrais, justamente por que como manda a tradição este seria o modo de prestar culto aos antepassados pois para eles significaria eternizar a lembrança “daqueles que velam pelos vivos” RYDER, 2010 (p. 401). O autor ressalva que foram feitas diversas descobertas, algumas no delta do Níger como também ao norte. 
Na última divisão do texto, intitulada Igbo-Ikwu, o qual ira tratar da descoberta do Sítio Igbo-Ikwu, que se deu no ano de 1939, o qual está localizado na Nigéria, bem como contém um número enorme de peças em bronze, algo muito diferente da região do Ife-Benin, é justamente isso que o difere da outra forma representativa da arte, pela sua quantidade exacerbada de peças em bronze causa-se espanto em saber de tamanha riqueza para o meio artístico e social , porém mesmo com esta divergência entre Igbo-Ikwu e Ife-Benin, nota-se semelhanças, pois ambas reproduções de arte faziam parte da mesma cultura, mesmo que de forma dispersa ainda assim existia coerência entre os aspectos retratados nos artefato. 
Destacamos, a partir do que foi dito, como o texto de Ryder representa uma ótima análise acerca da região circunvizinha ao rio Volta, onde vários reinos existiram e prosperaram entre os séculos XII e XVI. Escrito de maneira clara e objetiva, o autor transita entre história politica e cultural, destacando a organização social e a estrutura vigente em cada reino, mas também destacando as crenças e a produção cultural dos povos. Enfim, entendemos que o capitulo consiste em um ótimo texto a ser lido não só por estudiosos da História, como por qualquer outra pessoa interessada no continente africano, dada a excelência com que o capitulo é escrito e a ótima argumentação empreendida por seu autor.

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