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COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO Letícia Sangaletti Comunicação não verbal Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Compreender abordagens sobre signo linguístico, especi� camente na sua relação com a semiótica. Diferenciar elementos não verbais na transmissão de mensagens. Conhecer diferentes formas de apresentação de textos. Introdução Você já reparou que usamos diversas linguagens, além da oral e escrita, para nos comunicarmos? Imagens, figuras, desenhos, sím- bolos, dança, música, mímica, gestos, sons e até o corpo são exemplos de comunicação não verbal. Esses elementos são usados, muitas vezes, sem perceber, já que para manter uma comunicação, nem sempre é necessário o uso da fala. Neste texto, você verá como o signo linguístico e a semiótica estão relacionados à comunicação não verbal. Também vai conhecer diferentes formas de apresentação de um texto e vai compreender a importância dos gestos, da postura, da entonação e de outros elementos não verbais na transmissão da mensagem do emissor ao receptor. Comunicação, signo linguístico e semiótica Etimologicamente, semiótica vem do grego semeiotiké, de semeion, que signifi ca signo. É na Grécia que a semiótica aparece inicialmente como o estudo de sintomas: sinais manifestos de doenças interpretados por Galenum (139-199). Na Antiguidade, a ideia de uma ciência dos signos e dos processos de signifi cação já se faz presente nas teorizações de Platão e Aristóteles. Na Idade Média, tal ciência ganhara vulto com Roger Bacon, cabendo a John Locke a delimitação dessa área do saber e a consolidação do termo para designá-la. A semiosfera se caracteriza por permitir e engendrar o ato sígnico particular. Para Antonin (2014), a semiótica é o espaço específico de relações entre comunicação, produção de sentido e construção de cultura. Tratam-se de distemas de significação e comunicação. É uma prática analítica, desconstrói o conjunto de mensagens transmitidas e as amplia para enunciados e textos mediáticos. A semiótica compreende todos os atos comunicacionais como processos de significa- ção, estabelecendo e gerando uma teoria de códigos. Assim, permite a interpretação e a compreensão das mensagens. No século XX, a semiótica teve três grandes matizes e autores: Charles Sanders Peirce, Ferdinand de Saussure e Iuri Lotman. Para Peirce (1839-1914), a ciência dos signos advém da lógica e da fenomenologia. Além disso, seu objeto primordial são todos os processos de significação presentes na natureza e na cultura. Já Saussure (1857-1913) fala em semiologia, que seria uma ciência a ser pesquisada e criada tendo em vista o estudo dos signos no seio da vida social. Tal ciência ensinaria em que consistem os signos e que leis os regem. Iuri Lotman, juntamente com os demais representantes da Escola de Tartu, ainda que mais centrados nas nuances literárias e formalistas, impulsionou os estudos sobre o sentido. Eles também consagraram uma importante noção para o paradigma da cultura, a de semiosfera. A ideia de semiosfera se ajusta a tantas outras ali desenvolvidas que ampliaram os estudos de signo para os estudos de texto. O signo também vem do latim signu, que significa sinal, símbolo. No campo dos estudos de comunicação, há duas definições dominantes para o conceito de signo. Uma é dada pela semiótica de Charles Sanders Peirce. A outra, pela semiologia francesa com origem na linguística estrutural de Ferdinand Saussure. Signo saussuriano Dos estudos de Saussure, se desenvolveu um conjunto de refl exões importantes, como as de Hjelmslev, Greimas, Barthes e Lévi-Strauss. Umberto Eco, por sua vez, sem deixar de lado toda construção teórica saussuriana, faz uso de Comunicação não verbal2 noções importantes, como a de abdução, para construir um modelo de análise semiótica de textos literários e comunicacionais. Saussure é considerado o fundador da linguística moderna e um dos pre- cursores do pensamento estruturalista. Para o autor, a linguística estabelece dois níveis de análise da linguagem: a gramática e a semântica. A gramática reúne a fonologia, que estuda as unidades sonoras; a sintaxe, que estuda as estruturas das frases; e a morfologia, que estuda a forma das palavras. Já a semântica se detém sobre os sentidos. O objeto da linguística saussuriana é a língua, considerada como um sistema abstrato, social e geral. Como a fala depende de um ato concreto do indivíduo, e Saussure está preocupado em entender o funcionamento do sistema da língua, ele exclui a fala do campo de estudos da linguística. Saussure também distingue sincronia e diacronia. A sincronia é o estudo atual da língua. A diacronia é o desempenho evolutivo, ao longo do tempo, de diversos estados de uma língua. Como o interesse do linguista é a ideia de sistema, e não a ideia de transformação, ele privilegia então a sincronia. O maior obstáculo para compreender o pensamento de Saussure é a ausência de obras finalizadas pelo próprio autor. O famoso Curso de linguística geral, publicado em 1916 e traduzido no Brasil em 1970, foi produzido a partir das anotações de alunos sobre as aulas de Saussure ao longo dos três módulos do curso ministrado em Genebra. Alguns manuscritos foram publicados a partir de 1941. Em 1996, pesquisadores localizaram outros originais, publicados no Brasil sob o titulo de Escritos de linguística geral. Para Saussure, o signo é desinvestido de qualquer relação simbólica. É submetido a uma lógica social que o abstrai da relação de transitividade sujeito-objeto e o integra numa relação articulada com outros signos. Assim, produz um sistema autônomo de signos. O signo linguístico é arbitrário e imotivado, significa que não existe uma relação natural e necessária entre significante e significado. Se fosse fechado em si mesmo, esse processo de significação (de união entre significante e significado) tornaria a linguagem uma mera nomenclatura. Por isso, as palavras devem ter um valor de troca. Esse valor é contextual porque emana de um sistema. É, portanto, um valor puramente distintivo, definido não positivamente pelo seu conteúdo, mas negativamente por suas relações com os outros termos do sistema. Para Saussure, a língua é formada de signos. Cada signo, por sua vez, possui duas faces: um significante e um significado. O significante é a forma concreta do signo, é como ele aparece na fala ou na escrita. Saussure define o significante como “a imagem acústica” do signo. Imagem acústica não é som, 3Comunicação não verbal pois é um conceito psíquico, e não físico. É a imagem que você faz do som em seu cérebro. O significado é a imagem mental que o significante evoca no indivíduo, é o seu conceito. Um mesmo significante pode evocar significados diferentes em cada cultura ou tempo histórico. O signo é sempre arbitrário, definido por uma convenção e, portanto, cultural. De acordo com Coelho (2005, p. 25), “[...] um signo, na doutrina saussureana, é o resultado da união de um conceito e de uma imagem acústica.”. É uma relação de solidariedade e de interdependência, em que um aspecto do signo não existe sem o outro. Saussure chama de significante a imagem acústica. A materialização do objeto ele chamou de significado. A união do significante e do significado resulta no signo, uma unidade portadora de significação. Mesquita (1997) explica que o signo linguístico apresenta duas faces: a face material e a face imaterial. A primeira é acústica ou gráfica do signo, corresponde ao que Saussure chamou de significante. Já a segunda se trata do conceito e é chamada de significado. Tal associação é feita por meio do código e, para qualquer palavra se incorporar à língua, necessita ser codificada. O código é uma convenção social e o código linguístico utilizado neste texto é a língua portuguesa (MESQUITA, 1997). Peirce e o representâmen Em outra perspectiva, há Charles Sanders Peirce. Filho de um importante matemático deHarvard (Benjamin Peirce), se formou e se doutorou em química em Harvard, mas estudou e se especializou em inúmeras outras áreas, como a matemática, a astronomia, a biologia, a geologia, a física, a linguística e a psi- cologia. É considerado o fundador tanto do pragmatismo quanto da semiótica. Pragmatismo seria a lógica como um método e uma instrumentação neces- sários à prática de todos os tipos de ciência. Já a doutrina implicava excluir das hipóteses tudo o que fosse obscuro e sem sentido; e chegou à sua radicalização em proposições propriamente fenomenológicas. Peirce buscava uma análise que extraísse de qualquer tipo de experiência – quer se relacionasse com algo real, quer não – categorias que a qualificassem em termos de expressões uni- Comunicação não verbal4 versais, irredutíveis. Para ele, essa análise era necessária para o entendimento da experiência e das coisas. Peirce entendia que todo tipo de experiência estava associada a três possí- veis graus de manifestação. Procurando dissociar suas categorias de qualquer nomenclatura prévia, ele as nomeou simplesmente primeiridade, secundidade e terceiridade. As experiências em primeiridade são monádicas e estão rela- cionadas à qualidade de um sentimento, como a percepção do frio, do calor, das cores. Elas estão presentes na percepção mais pura, de maneira livre, são a ideia. Quer dizer, quando você se dá conta, já está passando para a experiência de secundidade. Essa ocorre na relação ou reação entre duas coisas que se encontram e são percebidas, por exemplo a dualidade, o choque, a dependên- cia. É o momento em que a mente reconhece algo externo a si. Depois, vem a terceiridade, o estado de percepção que formula compreensões, sanções ou representações, interpretando e legislando os fenômenos, finalizando no que é signo ou representâmen para Peirce. A tríade de Peirce pode se multiplicar em outras inúmeras tríades a partir de um fenômeno. Signo, para Peirce, é aquilo que, por certo aspecto, representa alguma coisa para alguém. Um signo é dirigido para alguém. Na mente desse receptor, esse primeiro signo forma um equivalente de si mesmo, eventualmente um signo mais desenvolvido. A esse segundo signo formado na mente do receptor se dá o nome de interpretante. Já a coisa representada pelo primeiro signo se designa como objeto. O signo nunca é a própria coisa: está no lugar dela, e, por vezes, se afasta totalmente dela. Para Peirce, a semiótica, ou teoria geral do signos, nada mais é do que uma extensão da própria lógica, instrumentação para a prática de toda ciência. O conceito de signo é o do signo em geral, não importa de que espécie, seja ele verbal, mental, abstrato ou concreto. O signo é qualquer coisa que representa alguma outra coisa para alguém. É um elemento em que se correlacionam três outros elementos (relação triádica) denominados: representâmen, objeto e interpretante. 5Comunicação não verbal O representâmen é esta coisa que representa; é a maneira que este “algo” está representado. O objeto é esta coisa que é representada; é o “algo” que se vai analisar. O interpretante é como este “algo” será interpretado; é, por sua vez, uma terceira coisa que, surgindo na mente do intérprete no momento em que ele percebe aquela primeira coisa (representâmen), faz com que ele a interprete desta maneira, como sendo, de fato, não uma coisa em si, mas uma coisa que representa outra coisa. Considere este exemplo: Peirce concebia que os signos se classificam em várias tricotomias, se relacionando a si mesmos, ao objeto ou ao interpretante. Cada uma dessas relações também pode estar em estado de primeiridade, secundidade ou terceiridade, o que gera uma quantidade quase infinita de signos possíveis. Quando relacionados ao objeto, por exemplo, o signo assume três formas: o ícone (em primeiridade), o índice (em secundidade) e o símbolo (em terceiridade). O ícone se relaciona com o objeto em termos de associação qualitativa. Ele é análogo às características do objeto, como um desenho de uma casa, que procura reproduzir seus fundamentos visuais. O índice possui uma ligação direta e material como objeto, no sentido de ser uma espécie de rastro que leva ao objeto. Pegadas na areia são índices, por exemplo. Já o símbolo não possui uma relação direta com o objeto. Ele é arbitrariamente associado a ele e não indica uma coisa particular, mas espécies de coisas. Palavras são símbolos. Mesquita (1997) enfatiza que há outros sinais de comunicação que reforçam, substituem ou contrariam a fala. São os gestos, a expressão facial, a postura, a ocupação do espaço e o toque. Tais sinais, que se chamam paralinguísticos, variam de um lugar para outro e são próprios de cada cultura. Eles possi- bilitam a realização da comunicação humana não verbal (ALCURE apud MESQUITA, 1997). Para saber mais sobre signo e semiótica, leia o texto “Manual da Semiótica” (FIDALGO; GRADIM, 2005). Comunicação não verbal6 Elementos não verbais na transmissão de mensagens Se você considerar os ancestrais dos seres humanos, verá que antes de apren- derem a comunicação por meio das palavras, eles recorriam a outras possibili- dades. Um exemplo é o uso da linguagem corporal, com gestos e sons, para se expressar. Assim, a comunicação se dava por canais e linguagens não verbais. Nesse sentido, se compreende que desde os primórdios o homem necessitou encontrar formas de comunicar quando ainda não conhecia a palavra ou a escrita. De acordo com a estudiosa Flora Davis (2009), a primeira manifestação não verbal de comunicação conhecida é a utilização dos gestos como meio de sobrevivência. Davis (2009) entende os gestos como a primeira língua do homem. Também afirma que mesmo depois da fala, ele usa a linguagem não verbal para se comunicar. Afinal, ao falar, gesticula, misturando as duas formas de comu- nicação e muitas vezes comunicando mais por meio dos gestos, expressões faciais e postura que pelas palavras. Corraze (1982) compreende a comunicação não verbal como um meio, entre outros, de transmitir a informação. Ele se refere a esse tipo de comunicação no plural, são comunicações não verbais. Elas estão definidas como os meios dife- rentes de comunicação entre os seres vivos que não utilizam a escrita, a fala, ou derivados não sonoros, que são, por exemplo, a língua usada pelos surdos-mudos. Nessa perspectiva, Corraze (1982) explica que as comunicações não verbais se concretizam para o ser humano por meio de três suportes. O primeiro é o corpo, com suas qualidades físicas, fisiológicas e em seus movimentos. O segundo suporte são objetos associados ao corpo do homem, como os ador- nos, as roupas, ou até mesmo as mutilações, marcas, cicatrizes de tatuagens, de rituais ou não. Ainda podem ser relacionados os produtos da habilidade humana que podem servir à comunicação. O terceiro suporte está relacionado à dispersão dos indivíduos no espaço, que engloba desde o espaço físico que cerca o corpo até o espaço que a ele se relaciona, o espaço territorial. Essa ideia vai ao encontro de Pease e Pease (2005), que enfatiza que há três classes de movimentos observáveis: os faciais, os gesticulares e os de postura. Embora se possa categorizar esses tipos de movimentos, os autores consideram que estão entrelaçados fortemente. Assim, fica difícil dar um significado a um prescindindo dos outros. Para Pease e Pease (2005), sendo a linguagem o fator mais importante, se reconhece que se produz e recebe na comunicação verbal uma quantidade muito grande de mensagens que não são expressas em palavras. São essas as mensagens denominadas não verbais. 7Comunicação não verbal Elas vão, de acordo com os autores (PEASE; PEASE, 2005), da cor dos olhos, cumprimento do cabelo, movimentos do corpo e postura até o tom da voz, passando por objetos, roupas, distribuição do espaço e do tempo. Mesquita (1997) apresenta classificação feita por dois estudiosos da co- municação não verbal: Knapp e Davis. Knapp(1982) realizou um esquema de classificação bastante detalhado do comportamento não verbal. Ele o dividiu em sete áreas: a) movimento corporal ou cinésica (emblemas, ilustradores, expressões de afeto, reguladores e adaptadores); b) características físicas; c) comportamentos táteis; d) paralinguagem (qualidades vocais e vocalização); e) proxêmica; f) artefatos e g) meio ambiente. Davis (1979), por sua vez, organizou a temática em subtítulos: índices de sexo; comportamentos de namoro; o mundo silencioso da cinética; o corpo é a mensagem; o rosto humano; o que dizem os olhos; a dança das mãos; mensagens próximas e distantes; interpretando posturas físicas; o ritmo do corpo; os ritmos do encontro humano; comunicação pelo olfato; comunicação pelo tato, entre outros tópicos. Desse modo, Mesquita classifica em dois grupos os canais de comunica- ção do nível não verbal: o primeiro se refere ao corpo e apresenta diferentes unidades expressivas como a face, o olhar, o odor, a paralinguagem, os gestos, as ações, a postura e o movimento do ser humano. O segundo é relativo ao produto das ações humanas, que também apresenta várias unidades de expres- são como a moda, os objetos do cotidiano e da arte, até a própria organização dos espaços: físico (pessoal e grupal) e ambiental (doméstico, urbano e rural). Os sinais não verbais têm as funções específicas de regular e encadear as interações sociais e de expressar emoções e atitudes interpessoais. A expressão facial muitas vezes apresenta emoções. Nesse sentido, as pessoas podem tentar inibir seus sentimentos e a expressão emocional. O movimento dos olhos desempenha um papel muito importante na comunicação, pois pode ser compreendido, dependendo do contexto, como prova de interesse, ou como ameaça, provocação, por exemplo. Movimentar a cabeça pode reforçar e sincronizar a emissão de mensagens, como quando você concorda ou não com algo. A postura e os movimentos do corpo também podem apontar estados emocionais. A entonação da voz também é importante no processo de comunicação. Se ela for calma, pode transmitir mensagens mais claras do que uma voz mais agitada ou agressiva. A aparência de uma pessoa também é uma forma de comunicação não verbal. Ela aponta que imagem se quer passar por meio de vestuário, penteado, maquiagem, acessórios pessoais, postura, gestos, modo de falar. Comunicação não verbal8 Formas de apresentação de textos não verbais Os textos não verbais se utilizam de outros meios comunicativos que não a escrita e a fala. Por exemplo: placas, fi guras, gestos, objetos, cores, ou seja, signos visuais. É necessário conhecimento de mundo para se ler um texto não verbal, já que muitas ocorrências desse tipo de comunicação se dão a partir de conven- ções sociais. Por exemplo, quando o juiz em uma partida de futebol apresenta o cartão vermelho, todos que conhecem o esporte vão compreender que o jogador foi expulso. Assim como quando a luz verde do semáforo aponta que os veículos já podem passar pelo cruzamento. Alguns exemplos de comunicação não verbal são o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação de “feminino” e “masculino” por meio de figuras na porta do banheiro e as placas de trânsito, desde que não possuam escritos, mas sim desenhos, símbolos ou ideogramas. Há também a linguagem mista, que se utiliza das comunicações verbais e não verbais, como nos casos das charges, cartoons e anúncios publicitários. Inconsciente e espontaneamente, a comunicação não verbal se faz presente em todos os momentos das relações pessoais. Inclusive quando há a decisão de não falar em uma conversa, a mensagem é considerada não verbal. No caso do exemplo a seguir, a falta de resposta é uma mensagem não verbal. Ela pode significar, por exemplo, que um dos interlocutores não quer conversar com o outro. 9Comunicação não verbal Nos links a seguir, você pode assistir aos filmes de Charlie Chaplin e Mr. Bean e ver exemplos de comunicação não verbal (ZERO0ONE, 2012): https://goo.gl/MWeAOl https://goo.gl/ZvqZ32 1. Saussure é considerado o fundador da linguística moderna e um dos precursores do pensamento estruturalista. Assinale a alternativa correta a respeito dos seus estudos: a) Para Saussure, a linguística estabelece dois níveis de análise da linguagem: a gramática e a semântica. A gramática reúne a fonologia, a sintaxe e a morfologia. Já a semântica se detém sobre os sentidos. b) Para Saussure, o signo é qualquer coisa que representa alguma outra coisa para alguém, é um elemento em que se correlacionam três outros elementos (relação triádica) denominados: representâmen, objeto e interpretante. c) Saussure concebia que os signos se classificam em várias tricotomias, se relacionando a si mesmos, ao objeto ou ao interpretante. Cada uma dessas relações também pode estar em estado de primeiridade, secundidade ou terceiridade, o que gera uma quantidade quase infinita de signos possíveis. d) Saussure chama de signo a imagem acústica. A materialização do objeto ele chamou de significado. e) A união do signo e do significado resulta no significante, uma unidade portadora de significação. 2. Analise a situação: “Sentado em uma cadeira, ao lado da mesa de jantar, um menino tenta sofrivelmente amarrar o cadarço do tênis. Na primeira tentativa, dá um nó. Como o nó fica grande e é possível pisar no cadarço, ele desfaz e tenta de novo. Na segunda tentativa, uma ponta fica em tope, e a outra solta: não deu certo novamente. Apenas na quarta tentativa ele consegue amarrar e fala: ‘Ai que alívio! Nunca pensei que seria tão difícil amarrar o cadarço do tênis’”. Sobre o fato narrado, é correto afirmar que: a) O elemento principal de compreensão da mensagem aparece por meio da linguagem verbal. b) A linguagem verbal não influencia a compreensão da história. Comunicação não verbal10 c) As comunicações verbal e não verbal predominam da mesma forma na compreensão da história. d) A história apresenta a predominância de comunicação não verbal, e a construção de sentido ocorre com a colaboração da comunicação verbal. e) Não há sentido na linguagem verbal na história. 3. Se remontarmos aos ancestrais dos seres humanos, verá que, antes de aprenderem a comunicação por meio das palavras, eles recorriam a outras possibilidades para se expressarem, como a linguagem corporal, com gestos e sons. Assim, a comunicação se dava por canais e linguagens não verbais. A respeito da comunicação não verbal na transmissão de mensagens, assinale a alternativa correta: a) As comunicações não verbais se concretizam para o ser humano por meio de três suportes: o corpo, a mente e os elementos externos. b) Pease e Pease (2005) enfatizam que há três classes de movimentos observáveis: os faciais, os corporais e os de postura. c) A fala é considerada a primeira língua do homem, e a linguagem não verbal apenas complementou a forma de comunicar. d) Os gestos são considerados a primeira língua do homem. Mesmo depois da fala, a linguagem não verbal é usada para comunicar, já que ao falar a pessoa gesticula, misturando as duas formas de comunicação. e) A comunicação não verbal não é como um meio, entre outros, de transmitir a informação, mas apenas um complemento de comunicação. Apenas a escrita, a fala ou derivados não sonoros são considerados meios de transmitir informações. 4. Pease e Pease (2005) enfatizam que há três classes de movimentos observáveis na comunicação não verbal. Assinale a alternativa que apresenta as três classes corretamente. a) Faciais, corporais e de postura. b) Gesticulares, de postura e corporais. c) Faciais, gesticulares e de postura. d) Da cabeça, dos braços e do rosto. e) Faciais, mentais e corporais. 5. Signo, para Peirce, é aquilo que por certo aspecto representa alguma coisa para alguém. Um signo édirigido para alguém. Na mente desse receptor, esse primeiro signo forma um equivalente de si mesmo, eventualmente um signo mais desenvolvido. Que nome é dado a esse segundo signo formado na mente do receptor? a) Ícone. b) Representâmen. c) Secundidade. d) Interpretante. e) Objeto. 11Comunicação não verbal ANTONIN, E. P. Semiótica. In: MARCONDES FILHO, C. Dicionário de comunicação. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2014. p. 416-417. COELHO, B. J. Comunicação verbal. 2. ed. Goiânia: Cultura, 2005. CORRAZE, J. As comunicações não-verbais. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. DAVIS, F. A comunicação não-verbal. São Paulo: Summus, 1979. DAVIS, F. El lenguaje de los gestos. [S.l.]: De Libros y de Letras, 2009. Disponível em: <ht- tps://lemon2a.files.wordpress.com/2009/09/flora_davis_-_el_lenguaje_de_los_ges- tos.pdf>. Acesso em: 18 set. 2017. FIDALGO, A. C.; GRADIM, A. Manual da semiótica. [S.l.]: BOCC, 2005. KNAPP, M. L. La comunicacion non verbal: el cuerpo y el entorno. Barcelona: Paidós Ibérica, 1982. MARCONDES, C. I. Peirce, Charles Sanders. In: MARCONDES FILHO, C. Dicionário de comunicação. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2014. p. 372-374. 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Comunicação não verbal12
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