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A W Pink - A Interpretação das Escrituras

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Prévia do material em texto

A Interpretação 
das Escrituras 
 
 
 
A. W. Pink 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 
 
 
 
 
Traduzido do original em Inglês 
Interpretation of the Scriptures 
By A. W. Pink 
 
 
 
 
Via: PBMinistries.org 
(Providence Baptist Ministries) 
 
 
 
Tradução por William Teixeira, Camila Rebeca Almeida e Cesare Turazzi 
Revisão por William Teixeira e Camila Rebeca Almeida 
 Capa por William Teixeira 
 
 
 
 
1ª Edição: Fevereiro de 2017 
 
 
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida 
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. 
 
 
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida 
permissão do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-
NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License. 
 
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato, 
desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo 
nem o utilize para quaisquer fins comerciais. 
 
 
 
 
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3 
 
Agradecimentos 
 
Nós editores do EC, William e Camila, queremos aproveitar a ocasião para externar os 
nossos mais sinceros agradecimentos a... 
 
 
Silas e Andrea Croce, um casal abençoado, que por seu amor e generosidade, tem 
aberto a sua casa e seus corações para nós e nos ajudado em tudo nas horas que mais 
precisamos. 
Victor Corradi, generoso apoiador de nosso trabalho de traduções, cuja ajuda em 
tempo oportuno manifestou o inefável amor e cuidado de Deus por nós. 
Josué Sakurai, um homem bíblico, cujo temor a Deus e notória reverência à Sua 
Palavra nos encorajam a estudar a sã doutrina e viver piedosamente. 
Cesare Turazzi, abnegado irmão em Cristo, que de boa vontade foi nosso 
cooperador nesta tradução e em outros trabalhos para nosso Deus. 
 
 
Louvamos e glorificamos ao nosso Deus por todos vocês, amados irmãos, e oramos para 
que vocês cresçam, cada vez mais, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e 
Salvador Jesus Cristo. Amém! 
 
 
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4 
 
Sumário 
 
Prefácio ............................................................................................................... 5 
 
Capítulo 1 ............................................................................................................ 7 
Capítulo 2 .......................................................................................................... 14 
Capítulo 3 .......................................................................................................... 22 
Capítulo 4 .......................................................................................................... 28 
Capítulo 5 .......................................................................................................... 36 
Capítulo 6 .......................................................................................................... 43 
Capítulo 7 .......................................................................................................... 50 
Capítulo 8 .......................................................................................................... 57 
Capítulo 9 .......................................................................................................... 64 
Capítulo 10......................................................................................................... 71 
Capítulo 11......................................................................................................... 78 
Capítulo 12......................................................................................................... 85 
Capítulo 13......................................................................................................... 92 
Capítulo 14......................................................................................................... 99 
Capítulo 15....................................................................................................... 107 
Capítulo 16....................................................................................................... 114 
Capítulo 17....................................................................................................... 122 
Capítulo 18....................................................................................................... 128 
Capítulo 19....................................................................................................... 136 
Capítulo 20....................................................................................................... 143 
Capítulo 21....................................................................................................... 149 
Capítulo 22....................................................................................................... 156 
 
 
 
 
 
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5 
 
Prefácio 
 
“As Sagradas Escrituras são a única, suficiente, correta e infalível regra de todo 
conhecimento, fé e obediência salvíficos”.1 Esta frase é o grande prefácio e fundamento de toda 
a Confissão Batista. Uma compressão correta desta gloriosa afirmação determinará a piedade 
e veracidade da nossa fé e vida Cristãs. 
Deus nos deu um Livro de Livros, obviamente Ele queria que o lêssemos, entendêssemos 
e praticássemos o que entendemos. Devido a isso os Cristãos deveriam amar a leitura e estar 
entre os melhores leitores. Mas quão diferente é a nossa realidade! O “Cristão comum” dos 
nossos dias entende pouco ou quase nada de Bíblia, não gosta de ler, frequentemente não 
consegue compreender o que lê, é um péssimo leitor. Irmãos, não convém que isso seja assim! 
Precisamos nos arrepender e mudar. Urgentemente! 
Há em nossa geração, como houve em todas as outras passadas, uma ignorância geral 
a respeito do verdadeiro ensino das Escrituras, de sua verdadeira interpretação. Isso é 
explicado, pelo menos em parte, pelo grande desinteresse e negligência, mesmo daqueles que 
se dizem Cristãos, em saber a interpretação correta daquilo que “está escrito”. Porque 
levaríamos a Palavra de Deus a sério se não levamos o próprio Deus a sério? A nossa atitude 
para com a Palavra de Deus revela muito da nossa atitude para com o próprio Deus. 
Assim como a doutrina é segundo a piedade, a piedade é segundo a doutrina bíblica. Sem 
um conhecimento bíblico verdadeiro é impossível sermos Cristãos verdadeiros. Eu não posso 
ser Cristão, se não conheço as “sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Timóteo 6:3). 
Por outro lado, “muitos podem ter um conhecimento geral da Bíblia, porém há uma grande 
falta no que diz respeito à capacidade de raciocinar a partir das Escrituras de uma forma 
doutrinariamente consistente. Nós devemos conhecer a Bíblia doutrinariamente e devemos 
conhecer nossa doutrina biblicamente. A menos que cheguemos a um conhecimentodoutrinário consistente das Escrituras, o nosso conhecimento da Palavra de Deus é tanto 
deficiente quanto defeituoso”.2 
Diante deste triste cenário nada podemos fazer senão nos juntarmos ao profeta Isaías em 
seu clamor: “À lei e ao testemunho!” (8:20), voltemos às Escrituras Sagradas, voltemos à pura 
Palavra de Deus! Mas somente ter as Escrituras nas mãos não é suficiente, é preciso saber 
interpretá-las, e corretamente! E para isto esta obra magistral será de grande utilidade para o 
 
1 Capítulo I, parágrafo I, Sobre As Sagradas Escrituras, de A Confissão de Fé Batista de Londres de 1689 
(CFB1689). 
2 William R. Downing. Um Catecismo de Doutrina Bíblica. Introdução: O Uso Prático de um Catecismo. 
 
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6 
 
leitor ávido por saber o real significado do que “está escrito” , para aquele que diante das 
Escrituras abertas diz sinceramente em seu coração: “Fala, Senhor, porque o teu servo ouve!” 
(1 Samuel 3:9). O autor dispensa apresentações, é provavelmente o melhor exegeta do século 
XX. Quem está familiarizado com seus escritos sabe que as obras do amado A.W. Pink são 
marcadas por profundo apego à Palavra de Deus e fidelidade às Sagradas Letras. O autor é 
um exemplo vivo da doutrina que aqui ensina de forma maravilhosamente bíblica. 
Havendo traduzido, revisado, lido e meditando sobre a obra, considero-me capaz de 
afirmar que dificilmente encontraremos debaixo do céu — para usar as palavras do autor — um 
“tratado sobre hermenêutica”, tão bíblico e completo, tão profundo e ao mesmo tempo tão 
prático. Deixemos que o próprio autor fale sobre sua obra: 
Nestes capítulos temos nos esforçado para colocar diante de nossos leitores quais as 
regras que temos usado há muito tempo em nosso próprio estudo da Palavra. Elas foram 
projetadas mais especialmente para os jovens pregadores, nós não poupamos esforços 
para torná-los tão lúcidos e completos quanto possível, colocando em suas mãos esses 
princípios de exegese que nos eram de grande proveito. 
Se você é um pregador jovem, como eu, certamente receberá uma valiosíssima ajuda 
para desenvolver seu ministério de pregação da Palavra; visto que se requer dos despenseiros 
que cada um se ache fiel, as regras de Interpretação das Escrituras aqui propostas lhe ajudarão 
a apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que 
maneja bem a palavra da verdade (1 Coríntios 4:2; 2 Timóteo 2:15). 
Finalmente permitam-me compartilhar com vocês um conselho que recebi de um senhor 
norte-irlandês muito sábio cujo falar inspira temor reverente. Estávamos falando sobre 
pregação e pregadores, ele me disse: “William, o grande pregador não é aquele que conhece 
a Bíblia de capa a capa. O grande pregador não é aquele que domina a Palavra de Deus, mas 
aquele que é dominado pela Palavra de Deus!”. 
Que sejamos dominados pela Palavra de nosso Deus! Para a glória de Deus! Amém! 
 
Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, 
Ao único Deus sábio, Salvador nosso — Pai, Filho e Espírito, 
Seja glória e majestade, domínio e poder, 
Agora, e para todo o sempre. Amém e Amém! 
 
 
William Teixeira, 
11 de setembro de 2016. 
 
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7 
 
Capítulo 1 
________________________________________ 
 
O homem é notoriamente uma criatura de extremos, e em nenhum lugar esse fato se 
faz mais evidente do que na atitude tomada por aqueles que diferem quanto a esse assunto. 
Considerando que alguns têm afirmado que a Bíblia está escrita em uma linguagem tão 
simples que não exige nenhuma explicação, um número muito maior suportou os papistas 
buscando persuadi-los de que seu conteúdo é tão acima do alcance do intelecto natural, 
que seus assuntos são profundos e elevados, que a sua linguagem é tão obscura e 
ambígua que o homem comum é totalmente incapaz de compreendê-la por seus próprios 
esforços, e, portanto, é um ato de sabedoria de sua parte trazer suas conclusões ao 
julgamento da “santa mãe igreja”, que descaradamente afirma ser o único intérprete 
divinamente autorizado e qualificado dos oráculos de Deus. É assim que o Papado retém 
a Palavra de Deus dos leigos e impõe seus próprios dogmas e superstições aos mesmos. 
A maior parte dos leigos está muito contente que isto seja assim, pois dessa forma eles 
sentem-se livres da obrigação de examinarem as Escrituras por si mesmos. O caso também 
não é muito melhor com muitos protestantes, pois na maioria dos casos são muito 
indolentes por eles mesmos, e apenas acreditam no que ouvem nos púlpitos. 
A principal passagem invocada pelos Romanistas, em uma tentativa de reforçar a sua 
argumentação perniciosa de que a Bíblia é um livro perigoso — por causa de sua suposta 
obscuridade — se posto nas mãos das pessoas comuns é 2 Pedro 3:15-16. É nessa 
passagem que o Espírito Santo nos disse que o apóstolo Paulo, de acordo com a sabedoria 
dada a ele, falou em suas epístolas de “pontos difíceis de entender, que os indoutos e 
inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2 Pedro 
3:16). Mas, como Calvino há muito tempo apontou, “não somos proibidos de ler as epístolas 
de Paulo, pelo fato delas conterem algumas coisas difíceis de entender, pelo contrário, elas 
são recomendadas para nós, pois podem nos proporcionar uma mente serena e ensinável”. 
Deve-se notar também nesse verso que há “pontos” e não que há “muitos pontos”, e que 
eles são “difíceis de entender” e não “impossíveis de serem entendidos”! Além disso, a 
obscuridade não está neles, mas na depravação da nossa natureza que resiste às 
exigências da parte de Deus e no orgulho de nossos corações, que despreza a busca da 
iluminação provinda de Deus. O termo “indoutos” aqui se refere não ao analfabetismo, mas 
ao ser ignorante a respeito de Deus; e “inconstantes” são aqueles que não possuem 
 
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nenhuma convicção, os quais, como cata-ventos, viram-se à medida que um vento de 
doutrina sopra sobre eles. 
Por outro lado, existem algumas almas mal orientadas que suportam que o pêndulo 
seja movido para o extremo oposto, negando que as Escrituras precisam de qualquer 
interpretação. Eles asseveram que elas foram escritas para as almas simples, e que elas 
dizem o que significam e significam o que elas dizem. Eles insistem que é necessário crer 
na Bíblia, e não a explicar. Todavia, é errado colocar essas coisas em oposição uma à 
outra: ambas são necessárias. Deus não requer de nós uma fé cega, mas uma fé 
inteligente, e por isso três coisas são indispensáveis: que a Sua Palavra deva ser lida (ou 
ouvida), compreendida e que nos apropriemos dela pessoalmente. Ninguém menos que o 
próprio Cristo exortou: “Quem lê, entenda” (Mateus 24:15) — a mente deve ser exercitada 
sobre o que é lido. Que uma certa quantidade de compreensão é imperativa é mais 
claramente mostrado na parábola de nosso Senhor acerca do semeador e da semente: 
“Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o quefoi semeado no seu coração... Mas, o que foi semeado em boa terra é o que ouve e 
compreende a palavra” (Mateus 13:19,23). Então não poupemos nenhum esforço para 
chegarmos ao significado do que lemos, pois que uso podemos fazer do que é ininteligível 
para nós? 
Outros tomam a posição de que o único intérprete que eles precisam, o único que é 
adequado para essa tarefa, é o Espírito Santo. Eles citam: “E vós tendes a unção do Santo, 
e sabeis todas as coisas... E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes 
necessidade de que alguém vos ensine” (1 João 2:20,27). Declarar que eu não preciso de 
ninguém, senão do Espírito Santo para me ensinar pode soar muito honroso a Ele, mas 
isso é de fato verdade? Todas as afirmações humanas devem ser testadas, pois nada deve 
ser dado como certo à medida que as coisas espirituais estão em causa. Nós respondemos 
que essa posição não é honrosa ao Espírito Santo, caso contrário, Cristo teria agido 
inutilmente ao dar “pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a 
obra do ministério” (Efésios 4:11-12). Devemos sempre ter em mente que há um passo 
muito curto entre confiar em Deus e tentá-lO, entre a fé e a presunção (Mateus 4:6-7). 
Também não devemos esquecer qual é o método comum e usual que Deus usa para suprir 
as necessidades de Suas criaturas, a saber, de forma mediada e não imediatamente, por 
causas secundárias e por agentes humanos. Isso diz respeito tanto ao reino espiritual 
quanto ao natural. Aprouve a Deus dar a Seu povo instrutores capacitados, e em vez de 
ignorá-los com altivez devemos (após testarmos o seu ensino – Atos 17:11) aceitar com 
gratidão qualquer auxílio que eles possam nos conceder. 
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Longe de nós escrevermos qualquer coisa que venha a desencorajar o jovem crente 
de reconhecer e perceber sua dependência de Deus, e sua necessidade de estar 
constantemente voltando-se para Ele em busca de sabedoria do alto, e isso particularmente 
quando estiver engajado na leitura ou na meditação sobre a Sua Santa Palavra. No entanto, 
ele deve ter em mente que o Altíssimo não obriga a Si mesmo a responder às nossas 
orações de qualquer maneira ou forma particular. Em alguns casos, Ele tem o prazer de 
iluminar nosso entendimento direta e imediatamente, porém mais frequentemente Ele nos 
ilumina através da instrumentalidade de outros. Assim, Ele não somente nos afasta 
individualmente do orgulho, mas também honra aquilo que Ele mesmo institui, pois Ele 
nomeou homens qualificados para “alimentar o rebanho” (1 Pedro 5:2), e para “lhes falar a 
palavra de Deus”; a fé dos quais somos convidados a imitar (Hebreus 13:7). É verdade que, 
por um lado, Deus tem escrito Sua Palavra como um caminho santo, de modo que aquele 
que nele caminha, mesmo que seja um tolo, não errará (Isaías 35:8); e ainda assim, por 
outro lado, há “mistérios” e “as profundezas de Deus” (1 Coríntios 2:10); e enquanto há 
“leite” adequado aos pequeninos há também “alimento sólido”, que pertence apenas 
àqueles que são experientes (Hebreus 5:13-14). 
Retornemos agora do geral para o particular; permita-nos evidenciar que existe uma 
real necessidade de interpretação. 
Em primeiro lugar, a fim de explicar as aparentes contradições, tais como: “Tentou3 
Deus a Abraão, e disse-lhe... Toma agora o teu filho, o teu único filho... e oferece-o ali em 
holocausto” (Gênesis 22:1-2 – tradução literal). Agora coloque ao lado dessa declaração o 
testemunho de Tiago 1:13: “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque 
Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta”. Esses versos parecem claramente 
contradizerem um ao outro, mas o crente sabe que esse não é o caso, embora ele possa 
falhar em demonstrar que não há inconsistência nas mesmas. É, portanto, o significado 
desses versos que deve ser verificado. E isso não é muito difícil. Claramente a palavra 
“tentar” não é usada no mesmo sentido em ambas as passagens. A palavra “tentar” tem 
tanto um significado primário quanto um secundário. Primariamente essa palavra significa 
experimentar, provar, fazer teste. Em segundo lugar, significa desencaminhar, seduzir ou 
incitar ao que é mal. Sem sombra de dúvida, o termo é usado em Gênesis 22:1 em seu 
sentido primário, pois mesmo que não houvesse ocorrido a intervenção divina no último 
 
3 Na versão ACF, Gênesis 22:1-2 traz a palavra “provou” em vez de “tentou”: “Provou Deus a Abraão, e disse-
lhe... Toma agora o teu filho, o teu único filho... e oferece-o ali em holocausto”. Este detalhe aparentemente 
muito simples, fruto de uma tradução primorosa, evitaria toda a aparente contradição sobre a qual Pink 
discorrerá a seguir. 
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momento, Abraão não haveria cometido nenhum pecado em matar Isaque, uma vez que 
Deus o havia ordenada a fazê-lo. 
Pela tentação do Senhor a Abraão nessa ocasião devemos entender que Ele não 
buscava incitá-lo a fazer o que é mal como Satanás faz, mas sim que Ele provou a lealdade 
do patriarca, dando-lhe a oportunidade de mostrar o seu temor, sua fé e seu amor para com 
Ele. Quando Satanás tenta, ele coloca uma sedução diante de nós com o objetivo de nos 
levar à ruína; mas quando Deus nos tenta ou prova, Ele tem Seu coração o nosso bem-
estar. Toda provação é, portanto, uma tentação, pois ela serve para manifestar a disposição 
predominante do coração — seja sagrada ou profana. Cristo foi “em tudo foi tentado, mas 
sem (habitação) pecado” (Hebreus 4:15). Sua tentação era real, mas não houve conflito 
dentro dEle (como há em nós) entre o bem e o mal — Sua santidade inerente repeliu as 
ímpias sugestões de Satanás como a água repele fogo. Devemos “tende grande gozo 
quando cairdes em várias tentações” ou “em várias provações” [Cf. Tiago 1:2], uma vez que 
essas são meios para mortificar nossas concupiscências, testes de nossa obediência e 
oportunidades para provar a suficiência da graça de Deus. Obviamente que não somos 
chamados a ter grande gozo nos estímulos ao pecado em si! 
Outrossim, “O Senhor está longe dos ímpios” (Provérbios 15:29), e ainda em Atos 
17:27, somos informados de que Ele “não está longe de cada um de nós” — essas palavras 
foram dirigidas a um público pagão! Essas duas declarações parecem se contradizer, sim, 
e a menos que elas sejam interpretadas, de fato elas se contradizem. Deve-se, então, 
verificar em que sentido Deus “está longe” e em que sentido Ele “não está longe” dos ímpios 
— isto é o que quero dizer por “interpretação”. Uma distinção deve ser feita entre a presença 
poderosa ou providencial de Deus e Sua presença favorável. No que diz respeito à Sua 
essência espiritual ou onipresença Deus está sempre perto de todas as Suas criaturas (pois 
Ele “enche os céus e a terra” – Jeremias 23:24) sustentando as suas existências, 
conservando suas almas em vida (Salmos 64:9), concedendo-lhes as misericórdias de Sua 
providência. Mas desde que os maus estão longe de Deus em suas afeições (Salmos 
73:27), dizendo em seus corações: “Retira-te de nós; porque não desejamos ter 
conhecimento dos teus caminhos” (Jó 21:14), desse modo a Sua presença graciosa está 
longe deles: Ele não Se manifestará a eles, nem tem comunhão com eles, nem ouve suas 
orações (“ao soberbo conhece-o de longe” – Salmos 138:6), nem lhes socorrerá no 
momento da sua necessidade, e ainda vai ordenar-lhes: “Apartai-vos de mim, malditos”(Mateus 25:41). Em relação àqueles a quem o justo Deus está graciosamente perto, está 
escrito: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de 
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espírito. Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em 
verdade” (Salmos 34:18, 145:18). 
Vejamos mais um exemplo: “Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é 
verdadeiro” e “Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro” (João 
5:31, 8:14). Outro par de opostos! No entanto, não há nenhum conflito entre essas 
passagens quando corretamente interpretadas. Em João 5:17-31, Cristo estava declarando 
sete vezes Sua igualdade com o Pai: pela primeira vez em serviço, em seguida, na vontade. 
O verso 19 significa que Ele não poderia fazer nada que fosse contrário ao Pai, pois Eles 
eram de perfeito acordo (veja v. 30). Da mesma forma, Ele não podia dar testemunho de Si 
mesmo independentemente do Pai, pois isso seria um ato de insubordinação. Em vez disso, 
Seu próprio testemunho estava em perfeito acordo com isso — o próprio Pai (v. 37) e as 
Escrituras (v. 39), davam testemunho de Sua Divindade absoluta. Mas em João 8:13-14, 
Cristo estava dando uma resposta direta aos fariseus, os quais disseram que seu 
testemunho era falso. Isso Ele negou enfaticamente, e apelou novamente para o 
testemunho do Pai (v. 18). Agora, vemos um último exemplo: “Eu e o Pai somos um” e “Meu 
Pai é maior do que eu” (João 10:30, 14:28). Na primeira passagem, Cristo estava falando 
de Si mesmo de acordo com o Seu ser essencial; na última, Cristo se referia ao Seu caráter 
de mediação ou posição oficial. 
Em segundo lugar, a interpretação é necessária para evitar sermos enganados pelo 
mero som das palavras. Muitíssimos têm formado concepções erradas da língua utilizada 
em diferentes versos por causa de sua incapacidade de compreender seu sentido. Para 
muitos, parece algo ímpio dar um significado diferente a um termo além daquele que parece 
ser seu significado óbvio; e mais, uma advertência suficiente contra isso deve ser dada no 
caso daqueles que tão fanática e teimosamente se apegam às Palavras de Cristo: “este 
[pão ázimo] é o meu corpo”, a ponto de recusarem-se a permitir que essa expressão deva 
significar: “isto representa o meu corpo” — Caso semelhante aparece em: “os sete castiçais, 
que viste, são [ou seja, simbolizar] as sete igrejas” (Apocalipse 1:20). Essa advertência 
estende-se ainda ao erro do Universalismo, o qual se baseia em termos indefinidos e lhes 
dar um significado ilimitado. O Arminianismo erra no mesmo sentido. “Para que, pela graça 
de Deus, provasse a morte por todos” (Hebreus 2:9), aqui Caim, Faraó e Judas não devem 
ser incluídos na expressão “todo homem”. Essa expressão deve ser entendida à luz de 
Lucas 16:16; Romanos 12:3 e 1 Coríntios 4:5; e a expressão “todos os homens” que 
aparece em 1 Timóteo 2:4-6, não deve ser entendida no sentido de todos sem exceção, 
mais do que quando expressões semelhantes aparecem em Lucas 3:15; João 3:26 e Atos 
22:15. 
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“Noé era homem justo e perfeito em suas gerações” (Gênesis 6:9). De Jó, também, 
diz-se que ele era “perfeito e reto” (1:1 – trad. lit.). Quantos se deixaram ser enganados pelo 
som dessas palavras. Quantos conceitos falsos têm sido formados acerca de seu próprio 
significado! Aqueles que acreditam no que eles denominam “a segunda bênção” ou a 
“inteira santificação” consideram que essas passagens confirmam a sua afirmação de que 
a perfeição e a completa ausência de pecado é atingível nessa vida. No entanto, um erro 
tal como esse é muito indesculpável, pelo fato de que o que está escrito em seguida mostra 
claramente que esses homens estavam muito longe de serem sem defeito moral: um 
embriagou-se e o outro amaldiçoou o dia do seu nascimento. A palavra “perfeito” na 
passagem em questão e em passagens semelhantes significa “honesto, sincero”, que se 
opõe à hipocrisia. “Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos” (1 Coríntios 2:6). Em 
Filipenses 3:15, a palavra “perfeito” significa “maduro” como distinto de infantil — o mesmo 
acontece com outra ocorrência de “perfeitos” em Hebreus 5:14. 
“Eu vou fazer bebido seus príncipes, e os seus sábios... e dormirão um sono perpétuo, 
e jamais acordarão, diz o Rei, cujo nome é o Senhor dos Exércitos” (Jeremias 51:57). Essas 
palavras são citadas por materialistas grosseiros, que acreditam na aniquilação das almas 
dos ímpios. Eles não precisam que nos detenhamos por muito tempo, pois a linguagem é 
claramente figurativa. Deus estava prestes a executar o juízo sobre o orgulho da Babilônia, 
e como um fato histórico a cidade forte foi capturada enquanto o seu rei e seus cortesãos 
estavam bêbados, sendo mortos, de modo que eles não mais acordaram na Terra. Que 
“sono eterno” não pode ser entendido literalmente é absolutamente evidente a partir de 
outras passagens que anunciam expressamente a ressurreição dos ímpios – Daniel 12:2; 
João 6:29. 
“Não viu iniquidade em Israel, nem contemplou maldade em Jacó” (Números 23:21). 
Muitas vezes essas palavras têm sido consideradas separadamente, sem qualquer relação 
com o seu contexto. Elas constituíam uma parte da explicação de Balaão a Balaque, do 
motivo pelo qual ele não podia amaldiçoar a Israel para que esse fosse exterminado pelos 
midianitas. Tal linguagem não significa que Israel estava em um estado sem pecado, mas 
que até então eram livres de qualquer rebelião aberta ou apostasia contra Yahwéh. Eles 
não haviam sido culpados de qualquer crime hediondo como idolatria. Eles haviam se 
portado de modo a não serem considerados merecedores de maldições e extermínio. Mas 
depois, o Senhor viu “perversidade” em Israel, e entregou a Babilônia para executar Seu 
julgamento sobre ele (Isaías 10). É injustificável aplicar essa declaração em relação à Igreja 
de modo absoluto, pois Deus “vê iniquidade” em Seus filhos, como Sua vara de correção 
demonstra; embora Ele não o impute para condenação penal. 
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Em terceiro lugar, a interpretação é necessária para a inserção de uma palavra 
explicativa em algumas passagens. Assim: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver 
[aprovar] o mal, e a opressão não podes [indulgentemente] contemplar” (Habacuque 1:13). 
Alguns termos de qualificação como esses são necessários, caso contrário, devemos 
considerá-los como contradizendo passagens como: “Os olhos do Senhor estão em todo 
lugar, contemplando os maus e os bons” (Provérbios 15:3). Deus nunca contempla o mal 
com indulgência, mas Ele o faz para castigá-lo. Mais uma vez. “Quem tem resistido à sua 
vontade [segredo ou decretiva]?” (Romanos 9:19); “nem fez conforme a sua vontade 
[revelada ou preceptiva]” (Lucas 12:47) — a menos que sejam feitas essas distinções a 
Escritura iria contradizer a si mesma. Novamente: “Bem-aventurados os que 
[evangelicamente, isto é, com desejo e esforço genuínos] guardam os seus testemunhos” 
(Salmos 119:2), pois ninguém é capaz guardar os testemunhos de Deus de acordo com o 
estrito rigor da Sua Lei. 
Para concluir nossos exemplos acerca da necessidade de interpretação vamos citar 
um versomuito familiar e simples: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” 
(Hebreus 13:8). Será que isso “quer dizer o que significa?”. Certamente, diz o leitor; e o 
escritor concorda de coração. Mas você tem certeza de que realmente entende o significado 
do que é dito? Cristo não sofreu nenhuma mudança desde os dias da Sua carne? Ele é 
absolutamente o mesmo que foi ontem? Ele ainda experimenta fome, sede e cansaço 
corporais? Ele ainda está na “forma de servo”, em um estado de humilhação, ainda é “o 
homem das dores”? Obviamente, a interpretação torna-se aqui necessária, pois deve haver 
um sentido em que Ele ainda permanece “o mesmo”. Ele é imutável em Sua pessoa 
essencial, no exercício de Seu ofício de Mediador, em Sua relação e atitude para com Sua 
Igreja — Ele a ama com um amor eterno. Contudo, Ele mudou em Sua humanidade, por 
que essa foi glorificada; e também mudou em relação à posição que Ele ocupa agora 
(Mateus 28:18; Atos 2:36). 
Assim, os versos mais conhecidos e mais elementares exigem um exame cuidadoso 
e meditação com oração, a fim de que cheguemos ao verdadeiro significado de seus 
termos. 
 
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Capítulo 2 
________________________________________ 
 
No capítulo anterior procuramos mostrar a necessidade da interpretação, nesse 
buscaremos determinar a importância do que se entende por cada frase da Sagrada 
Escritura. O que Deus disse para nós é de inestimável importância e valor, contudo, que 
proveito podemos tirar disso, a menos que o seu significado seja claro para nós? O Espírito 
Santo nos deu mais do que uma sugestão disto quando Ele explicou o significado de certas 
palavras. Assim, no primeiro capítulo do Novo Testamento se diz de Cristo: “E chamá-lo-ão 
pelo nome de EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco” (Mateus 1:23). E, novamente: 
“Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo)” (João 1:41). Outrossim: “E levaram-no ao 
lugar do Gólgota, que se traduz por lugar da Caveira” (Marcos 15:22). Mais uma vez: 
“Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém primeiramente é, por interpretação, rei 
de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz” (Hebreus 7:1-2). Essas 
expressões deixam claro que é essencial que devemos compreender o sentido de cada 
palavra usada nas Escrituras. A Palavra de Deus é composta de palavras, ainda que essas 
não transmitam nada para nós enquanto permanecem ininteligíveis. Assim, determinar 
precisamente a importância do que lemos deve ser a nossa primeira preocupação. 
Antes de estabelecermos algumas das regras a serem observadas e os princípios a 
serem utilizados na interpretação da Escritura, gostaríamos de salientar várias coisas que 
necessitam ser encontradas naqueles que desejam ser intérpretes das Escrituras. Boas 
ferramentas são realmente indispensáveis para um bom trabalho, mas mesmo as melhores 
ferramentas possuem pouco proveito nas mãos de alguém que não é qualificado para usá-
las. Métodos de estudo da Bíblia possuem apenas uma importância relativa; mas o espírito 
com que se estuda as Escrituras é totalmente importante. Não precisamos fazer nenhuma 
argumentação para provar que um livro espiritual exige um leitor de mente espiritual, pois 
“o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem 
loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 
2:14). A Palavra de Deus é uma revelação de coisas que dizem respeito aos nossos mais 
altos interesses e bem-estar eterno, e ela exige uma aceitação implícita e cordial. Algo mais 
do que a formação intelectual é necessária: o coração e a cabeça devem ser retificados. 
Somente onde há honestidade de alma e espiritualidade de coração haverá clareza de 
visão para perceber a Verdade; só então a mente será capaz de discernir a importância 
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completa do que é lido, e entender não somente o significado literal de suas palavras, mas 
também os sentimentos que elas foram projetadas para transmitir, e qual é a maneira 
adequada de reagir a essas percepções. 
Vamos repetir aqui o que escrevi em Studies in the Scriptures há vinte anos atrás: “Há 
uma séria razão para acreditar que muito da leitura e do estudo da Bíblia dos últimos anos 
tem sido espiritualmente inútil para as pessoas envolvidas nele. Sim, nós vamos mais longe: 
tememos muito que, em muitos casos, isso tem se mostrado mais uma maldição do que 
uma bênção. Essa é uma linguagem forte, estamos bem conscientes disso, mas não é mais 
forte do que aquela que o caso exige. Os dons de Deus podem ser usados indevidamente 
e misericórdias divinas podem ser abusadas. Que isto tem acontecido assim no presente 
caso é evidenciado pelos frutos produzidos. Mesmo o homem natural pode se dedicar (e 
muitas vezes se dedica) ao estudo das Escrituras com o mesmo entusiasmo e prazer com 
que se dedicaria a um estudo das ciências. Quando este for o caso, a quantidade de 
conhecimento que obtém é maior, e assim também é o seu orgulho. Como um químico 
envolvido na realização de experiências interessantes, o pesquisador intelectual da Palavra 
fica muito eufórico quando ele faz uma nova descoberta, mas a alegria deste último não é 
mais espiritual do que a do primeiro. Assim como o sucesso do químico geralmente 
aumenta seu senso de autoestima e faz com que ele menospreze aqueles que são mais 
ignorantes do que ele próprio, como, infelizmente, tem sido o caso daqueles que estudam 
os números, as tipologias e as profecias encontrados na Bíblia...”. 
Uma vez que a imaginação do homem, como todas as outras faculdades do seu ser 
moral, é permeada e viciada pelo pecado, as ideias que ela sugere, mesmo quando 
ponderando sobre os oráculos divinos, são propensas a serem enganosas e corruptas. O 
fato de sermos incapazes, por nós mesmos, de interpretar a Palavra de Deus corretamente 
revela parte da enfermidade que nosso pecado trouxe sobre nós; mas é parte do ofício 
gracioso do Espírito Santo guiar os crentes à verdade, e lhes permitir apreender as 
Escrituras. Essa é uma operação distinta e especial do Espírito nas mentes do povo de 
Deus, na qual Ele comunica sabedoria espiritual e luz a eles, pois essas coisas são 
necessárias para um correto entendimento da mente de Deus em Sua Palavra, e também 
para que haja um apropriar-se das coisas celestiais que nela se encontram. Pela expressão 
“uma operação distinta”, queremos dizer algo ab extra ou para além de Seu trabalho inicial 
de vivificação; porquanto é um fato abençoado que na regeneração Ele “nos deu 
entendimento para que conheçamos ao Verdadeiro” (1 João 5:20), mas é preciso mais para 
que possamos “conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Coríntios 2:12). Isto 
é evidente a partir do caso dos apóstolos, pois acompanharam e conversaram com Cristo 
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pelo período de três anos, no entanto, somos informados que em uma data posterior: “Então 
abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lucas 24:45). 
Como o que já foi aludido deve impressionar o Cristão a respeito da necessidade de 
santo cuidado ao ler a Palavra, para que ele não extraia conteúdos para o seu próprio 
prejuízo!Como isso deve humilhá-lo diante do autor das Escrituras e fazê-lo perceber sua 
total dependência dEle! Se o novo nascimento fosse suficiente por si só para capacitar o 
crente a compreender as coisas divinas, o apóstolo nunca pediria, em relação aos santos 
de Colossos, para que eles fossem “cheios do conhecimento da sua vontade [de Deus], em 
toda a sabedoria e inteligência espiritual” (1:9), nem que ele teria dito a seu filho na fé, 
“Considera o que digo, e o Senhor te dê entendimento em tudo” (2 Timóteo 2:7). Nunca 
houve uma noção mais tola nem uma ideia mais perniciosa foi entretida do que aquelas 
que sustentam que os santos mistérios do Evangelho de certo modo encontram-se dentro 
dos limites da razão humana e que podem ser conhecidos de forma proveitosa e prática 
sem a ajuda eficaz do bendito Espírito da Verdade. Não estou dizendo que o Espírito Santo 
nos instrui de qualquer outra forma que não por e através de nossa razão e compreensão, 
pois de outro modo seríamos reduzidos ao nível de criaturas irracionais; mas me refiro ao 
fato de que Ele deve iluminar as nossas mentes, elevar e guiar os nossos pensamentos, 
aquecer nossas afeições e mover as nossas vontades, a fim de, assim, capacitar os nossos 
entendimentos para apreendermos as coisas espirituais. 
O Espírito Santo não ensina individualmente o Cristão e nem por qualquer meio o 
torna independente ou lhe impede de fazer uso diligente e consciente do ministério do 
púlpito, pois esse é um importante meio designado por Deus para a edificação de Seu povo. 
Existe um meio termo entre a atitude do eunuco etíope que, quando indagado: “Entendes 
tu o que lês?”, respondeu: “Como poderei entender, se alguém não me ensinar?” (Atos 
8:30-31) e o uso errado feito de “não tendes necessidade de que alguém vos ensine” (1 
João 2:27). Existe um meio termo entre uma dependência servil mediante instrumentos 
humanos e uma independência arrogante daqueles a quem Cristo chamou e qualificou para 
apascentar Suas ovelhas. “Não obstante, a sua compreensão da Verdade, a sua apreensão 
disto e a fé nela, não são coisas sobre as quais se deve descansar nem em que se deve 
atribuir sua autoridade, eles não são designados por Deus para seres ‘dominadores da 
vossa fé’, mas ‘cooperadores de vosso gozo’ (2 Coríntios 1:24). E é aí que depende todo o 
nosso interesse naquela grande promessa de que seremos 'todos ensinados por Deus', 
pois não somos assim, a menos que aprendemos com Ele as coisas que Ele revelou em 
Sua Palavra” (John Owen). 
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“E todos os teus filhos serão ensinados do Senhor” (Isaías 54:13, e cf. João 6:45). 
Essa é uma das grandes marcas que distinguem o regenerado. Há multidões de religiosos 
não-regenerados que são bem versados na letra da Escritura, e familiarizados com a 
história e as doutrinas do Cristianismo, mas seu conhecimento só veio a partir de meios 
humanos de informação — pais, professores de escola dominical, ou a sua leitura pessoal. 
Há dezenas de milhares de professos que não possuem a graça divina, embora possuam 
um conhecimento intelectual das coisas espirituais que é considerável, consistente e claro; 
contudo, eles não são divinamente ensinados, como fica evidente pela ausência dos frutos 
que sempre acompanham aqueles que são ensinados pelo Senhor. Da mesma forma, há 
um grande número de pregadores que abominam os erros do Modernismo e batalham pela 
Fé. Eles foram ensinados em institutos bíblicos ou treinados em seminários teológicos, mas 
temos grande temor de que eles são estranhos a uma obra sobrenatural da graça em suas 
almas, e que o seu conhecimento da verdade consiste meramente em noções 
desacompanhadas de qualquer unção divina, poder salvífico ou efeitos de transformação. 
Por aplicação diligente e esforço pessoal pode-se garantir uma vasta quantidade de 
informação bíblica, e se tornar um hábil expositor da Palavra; mas não é possível obter 
dessa mesma forma um conhecimento que afete e purifique seus próprios corações. 
Ninguém, senão o Espírito da Verdade pode escrever a Lei de Deus em meu coração, 
imprimir a Sua imagem na minha alma, e me santificar pela Verdade. 
Em primeiro lugar, está a mais essencial qualificação para compreender e interpretar 
as Escrituras, a saber, uma mente iluminada pelo Espírito Santo. Essa necessidade é 
fundamental e universal. A respeito dos judeus nos é dito: “E até hoje, quando é lido Moisés, 
o véu está posto sobre o coração deles” (2 Coríntios 3:15). Embora o Antigo Testamento 
seja profundamente venerado e diligentemente estudado pelos “ortodoxos”, contudo seu 
significado espiritual permanece imperceptível para eles. Esse também é o caso com os 
gentios. Há um véu de má vontade sobre o coração do homem caído, pois “a inclinação da 
carne é inimizade contra Deus” (Romanos 8:7). Há um véu de ignorância sobre a mente 
deles. Como uma criança que soletra as letras e aprende a pronunciar palavras, contudo 
não entende o significado das palavras que pronuncia, assim também nós podemos 
conhecer o significado literal ou gramatical da Palavra e ainda não possuirmos nenhum 
conhecimento espiritual da mesma e, portanto, pertencer àquela geração a respeito da qual 
está escrito: “Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não 
percebereis” (Mateus 13:14). Há um véu de preconceito sobre nossas afeições. “Nossos 
corações estão envoltos por fortes afeições ao mundo, e por isso não podemos discernir 
claramente a verdade prática” (Thomas Manton). O que entra em conflito com os interesses 
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naturais e requer a negação de nós mesmos não é bem-vindo. Há um véu de orgulho que 
efetivamente nos impede de vermos a nós mesmos no espelho da Palavra. 
Entretanto, o véu não é completamente removido do coração na regeneração, por 
causa disso a nossa visão é ainda muito imperfeita e nossa capacidade de lidar com a 
verdade de forma espiritualmente proveitosa é pouco considerável. Em sua primeira 
epístola à igreja de Corinto, o apóstolo disse: “se alguém cuida saber alguma coisa, ainda 
não sabe como convém saber” (8:2). É uma grande misericórdia quando o Cristão é levado 
a perceber esse fato. Enquanto ele permanece nesse mundo mal e o princípio corrupto da 
carne continua nele, o crente precisa ser conduzido e ensinado pelo Espírito. Isso é muito 
evidente a partir do caso de Davi, porquanto ele declarou: “Tenho mais entendimento do 
que todos os meus mestres”, mas antes vamos encontrá-lo orando a Deus: “Abre tu os 
meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei... Ensina-me, ó Senhor, o caminho dos 
teus estatutos... Dá-me entendimento” (Salmos 119:18,33,34,99). Observe que o Salmista 
não se queixou da obscuridade da lei de Deus, mas percebeu que a falha estava em si 
mesmo. Nem pediu novas revelações (por sonhos ou visões), mas, em vez disso, pediu 
uma visão mais clara daquilo que já havia sido revelado. Aqueles que são ensinados melhor 
e por mais tempo estão sempre mais prontos para se sentarem aos pés de Cristo e 
aprenderem com Ele (Lucas 10:39). 
Deve ser devidamente observado que o verbo no Salmo 119:18, literalmente, significa 
“descobrir, desvendar os meus olhos”, o que confirma a nossa frase de abertura no último 
parágrafo. A Palavra de Deus é uma luz espiritual objetivamente, mas para discerni-la 
corretamente é necessário que haja visão ou luz subjetivamente, pois é apenas por e em 
Sua luz que “vemos a luz”(Salmos 36:9). A Bíblia é aqui denominada “Lei de Deus”, porque 
está revestida de autoridade divina, proferindo os mandatos da Sua vontade. Ela contém 
não somente bons conselhos, que somos livres para aceitar segundo bem nos agradem, 
mas éditos imperiosos que rejeitamos por nossa conta e risco. Nessa Palavra há “coisas 
maravilhosas”, as quais eu não posso atingir através da utilização da simples razão. Elas 
são as riquezas da sabedoria divina, que estão muito acima da bússola do intelecto do 
homem. Aquelas “coisas maravilhosas” o crente anseia para ser ou discernir claramente, 
mas ele é incapaz de fazê-lo sem a ajuda divina. Por isso, ele ora para que Deus assim 
desvende seus olhos que ele possa contemplá-las para uma boa finalidade, ou apreendê-
las para a fé e obediência, isto é, entendê-las prática e experimentalmente no caminho do 
dever. 
“Eis que Deus é excelso [eleva a alma acima do meramente natural] em seu poder: 
quem ensina como ele”? (Jó 36:22). Ninguém; quando Ele instrui, Ele o faz eficazmente. 
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“Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor teu Deus, que te 
ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar” (Isaías 48:17), isto acontece 
por que Seu “ensino” consiste naquilo que produz uma conduta piedosa. Não é meramente 
uma adição sendo feita à nossa capacidade mental, mas um mover da alma à atividade 
sagrada. A luz com que Ele aquece o coração, inflama os afetos. Assim, longe de ufanar 
seu destinatário, como acontece com o conhecimento natural, o ensino de Deus humilha. 
Revela-nos a nossa ignorância e estupidez, nos mostra nossa pecaminosidade e 
inutilidade, e faz com que o crente se considere pequeno aos seus próprios olhos. O ensino 
do Espírito também nos leva a ver claramente a vaidade absoluta das coisas altamente 
estimadas pelo não-regenerado, mostrando-nos a transitoriedade e a inutilidade 
comparativa das honras, riquezas e fama terrenas, levando a segurar todas as coisas 
temporais com uma mão frouxa. O conhecimento que Deus nos comunica é transformador, 
que nos leva a um esforço sincero para negarmos à impiedade e às paixões mundanas, e 
a viver sóbria, justa e piedosamente nesse mundo. Ao contemplarmos a glória do Senhor 
somos “transformados de glória em glória na mesma imagem” (2 Coríntios 3:18). 
O próprio caráter do ensino divino demonstra quão urgente é a nossa necessidade do 
mesmo. Ele consiste em grande parte em superar a nossa antipatia natural e hostilidade às 
coisas divinas. Por natureza, nós temos amor ao pecado e ódio à santidade (João 3:19), e 
isto deve ser efetivamente subjugado pelo poder do Espírito antes que venhamos a desejar 
o leite puro da Palavra — observe o que tem de ser deixado antes que nós possamos 
receber com mansidão a Palavra enxertada (Tiago 1:21; 1 Pedro 2:1); ainda que isso seja 
nosso dever, somente Deus pode nos permitir realizá-lo. Por natureza, nós somos 
orgulhosos e independentes, autossuficientes e confiantes em nossos próprios poderes. 
Esse espírito maligno se agarra ao cristão até o fim da sua peregrinação, e só o Espírito de 
Deus pode operar nele aquela humildade e mansidão que são necessárias para que 
tomemos o lugar de uma criança diante da Palavra. O amor pela honra e pelo louvor entre 
os homens é outra afeição corrupta das nossas almas, um obstáculo insuperável para a 
admissão da verdade (João 5:44, 12:43), que tem de ser purgado para fora de nós. A 
oposição feroz e persistente feita por Satanás para impedir a nossa apreensão da Palavra 
(Mateus 13:19; 2 Coríntios 4:4) é demasiado poderosa para que nós a resistamos por nossa 
própria força; ninguém senão o Senhor pode nos libertar de suas sugestões malignas e 
expor seus sofismas mentirosos. 
Em segundo lugar, um espírito imparcial é necessário se quisermos discernir e 
apreender o verdadeiro ensinamento da Sagrada Escritura. Nada mais obscurece o 
julgamento do que o preconceito — ninguém é tão cego quanto àqueles que não querem 
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ver. Particularmente essa é o caso com todos os que vêm para a Bíblia com o objetivo de 
encontrar passagens que provam “nossas doutrinas”. Um coração honesto é a primeira 
qualidade com que o Senhor caracterizou os ouvintes representados pela “boa terra” (Lucas 
8:15), e onde isto existe não só estamos dispostos, mas desejosos de ter os nossos próprios 
pontos de vista corrigidos. Não pode haver nenhum avanço feito pela nossa apreensão 
espiritual da Verdade até que estejamos prontos a submeter as nossas ideias e sentimentos 
ao ensino da Palavra de Deus. Enquanto nos agarramos às nossas opiniões preconcebidas 
e parcialidades sectárias, em vez de estarmos prontos a abandonar todas as crenças não 
claramente ensinadas nas Escrituras, nem nossas orações e nem nossos estudos poderão 
ser proveitosos para a nossa alma. Não há nada que Deus odeia mais do que a falta de 
sinceridade, e nós somos culpados disso, se enquanto Lhe pedimos para nos instruir, ao 
mesmo tempo nos recusamos a abandonar o que é errôneo. Sentir sede da própria 
Verdade, com uma determinação sincera de que ela molde todo o nosso pensamento e 
dirija a nossa prática, é indispensável se quisermos ser espiritualmente iluminados. 
Em terceiro lugar, uma mente humilde. “Essa é uma lei eterna e inalterável designada 
por Deus, a saber, quem quiser conhecer Sua mente e vontade, como reveladas nas 
Escrituras, deve ser humilde e modesto, renunciando à toda confiança em si próprio. O 
conhecimento de um homem orgulhoso é o trono de Satanás em sua mente. Supor que as 
pessoas sob o domínio de orgulho, vaidade e autoconfiança podem entender a mente de 
Deus de uma forma correta é renunciar à Escritura, ou inúmeros testemunhos positivos em 
contrário” (John Owen). O Senhor Jesus declarou que mistérios celestes estão ocultos aos 
sábios e entendidos, mas revelou aos pequeninos (Mateus 11:25). Aqueles que assumem 
uma atitude de prepotência, e são sábios em sua própria estima, permanecem 
espiritualmente ignorantes e não esclarecidos. Qualquer conhecimento que pode ser 
adquirido pelo homem através de suas habilidades e competências naturais não é nada 
para glória de Deus, nem para o proveito eterno de suas almas, pois o Espírito recusa-se a 
instruir os soberbos. “Deus resiste aos soberbos” (Tiago 4:6). “Deus se põe contra ele, 
prepara-se, por assim dizer, com toda a Sua força para se opor ao seu progresso. Que 
expressão formidável! Se Deus apenas nos entregar a nós mesmos, caímos em ignorância 
e escuridão; sendo assim, qual deve ser o caso terrível daqueles contra quem Ele se opõe?” 
(John Newton). Mas, bendito seja Seu nome, Ele “dá graça aos...”, aos que possuem uma 
disposição como de criança. 
Em quarto lugar, um coração dedicado à oração. Posto que a Bíblia é diferente de 
todos os outros livros, ela faz exigências sobre os seus leitores que nenhum outro livro faz. 
O que um homem tem escrito, outro homem pode dominar; mas apenas o inspirador da 
Palavra é competente para interpretá-la para nós. É nesse exato momento que muitos 
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falham. Eles se aproximam da Bíblia como fariam com qualquer outro livro,confiando que 
uma cuidadosa atenção e diligência na leitura serão suficientes para compreender o seu 
conteúdo. Devemos, primeiramente, nos colocar de joelhos e clamar a Deus por 
entendimento: “Inclina o meu coração aos teus testemunhos... dá-me inteligência para 
entender os teus mandamentos... ordena os meus passos na tua palavra” (Salmos 
119:36,73,133). Nenhum progresso real pode ser feito em nossa apreensão da Verdade 
até que percebamos nossa necessidade profunda e constante de termos os nossos olhos 
ungidos por Deus. “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá 
liberalmente” (Tiago 1:5). É porque fazem uso dessa promessa que muitos simples 
lavradores e donas de casa Cristãos são ensinados pelo Espírito, enquanto estudiosos sem 
oração não conhecem o segredo do Senhor. Não só precisamos orar: “o que eu não vejo, 
ensina-me tu”, mas também pedir a Deus que escreva a Sua Palavra em nossos corações. 
Em quinto lugar, um propósito santo. Muitos são enganados nesse assunto, 
confundindo uma ânsia de adquirir conhecimento bíblico com o amor pela própria Verdade. 
Alguns leem a Bíblia apenas por curiosidade para descobrir o que ela diz. Um sentimento 
de vergonha de ser incapaz de descobrir o seu ensino é o que compele outros. O desejo 
de estar familiarizado com o seu conteúdo de modo a sustentar sua própria argumentação 
é o que motiva outros. Se não houver nada melhor que nos motiva a ler a Bíblia além de 
um mero desejo de ser bem versado nos detalhes, é mais do que provável que o jardim de 
nossas almas permanecerá estéril. O motivo inspirador deve ser o exame honesto. Eu 
examino as Escrituras a fim de conhecer melhor o seu Autor e Sua vontade para mim? O 
meu propósito dominante e que me motiva é que eu possa crescer na graça e no 
conhecimento do Senhor? É que eu possa conhecer de forma mais clara e totalmente como 
eu deveria ordenar os detalhes da minha vida de um modo que será mais agradável e 
honroso para Ele? É meu proposito que eu possa ser levado a uma caminhada mais íntima 
com Deus e a gozar de comunhão mais ininterrupta com Ele? Nada menos do que isso é 
um objetivo digno para que seja conformado e transformado pelo seu ensino santo. 
Nesse capítulo temos tratado apenas do lado elementar de nosso assunto, no entanto, 
algo que é de fundamental importância, e para o que poucos atentam. Mesmo nos dias 
prósperos dos Puritanos, Owen teve que queixar-se: “é muito pequeno o número daqueles 
que diligente, humilde e conscientemente se esforçam para conhecer a verdade da voz de 
Deus nas Escrituras, ou para se tornarem sábios nos mistérios do Evangelho se esforçando 
desse modo, por meio do que somente a sabedoria é atingível. E é de admirar se muitos, 
a maioria dos homens, vagarem após as imaginações vãs deles mesmos ou de outras 
pessoas?”. Que não seja mais assim com aqueles que leem esse capítulo. 
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Capítulo 3 
________________________________________ 
 
O capítulo anterior tratou de algumas das qualificações mais básicas, e ainda assim 
essenciais, que devem necessariamente ser encontradas em qualquer um que buscar 
conhecer o significado espiritual da Sagrada Escritura. Portanto, o capítulo anterior é 
apropriado para o povo de Deus em geral. Mas nesse capítulo propomos tratar daquilo que 
têm uma aplicação mais particular àqueles a quem Deus chamou para pregar e ensinar a 
Sua Palavra: aqueles cuja integralidade de seu tempo e energias devem ser dedicados 
para a busca do bem-estar espiritual e eterno das almas, e também à melhor capacitação 
de si mesmos para esse trabalho mui abençoado, solene e importante. As suas tarefas 
principais são (1) proclamar a verdade de Deus, e (2) exemplificar e recomendar a sua 
mensagem por buscar diligentemente praticar o que prega, estabelecendo diante de seus 
ouvintes um exemplo pessoal de piedade prática. Visto que eles devem pregar a Verdade, 
nenhuma dor deve ser poupada no esforço para que nenhum erro esteja misturado à sua 
pregação, posto que é o leite puro da Palavra que eles devem oferecer. Pregar o erro em 
vez da verdade não é somente desonrar gravemente a Deus e a Sua Palavra, mas enganar 
e envenenar as mentes dos ouvintes e leitores. 
A tarefa do pregador é muito mais nobre e solene do que qualquer outro chamado, o 
mais privilegiado e ao mesmo tempo o mais cheio de responsabilidade. Ele professa ser 
um servo do Senhor Jesus Cristo, um mensageiro enviado pelo Altíssimo. Deturpar seu 
Mestre, pregar outro Evangelho além do Seu, falsificar a mensagem que Deus tem confiado 
a ele, é o pecado dos pecados, que o atrai sobre si o anátema do Céu (Gálatas 1:8), e será 
visitado com o castigo mais doloroso que aguarda qualquer criatura. A Escritura evidencia 
que a medida mais pesada da ira divina está reservada para pregadores infiéis (Mateus 
23:14; Judas 13). Portanto, o aviso é dado: “muitos de vós não sejam mestres, sabendo 
que receberemos mais duro juízo” (Tiago 3:1), isto é, se formos infiéis ao que nos é 
confiado. Cada ministro do Evangelho ainda terá que prestar contas cabalmente de sua 
mordomia Àquele a quem Ele alega tê-lo chamado para apascentar as Suas ovelhas 
(Hebreus 13:17), a responder pelas almas que estavam confiadas ao seu cuidado. Se ele 
falhar em alertar diligentemente o ímpio, e ele morrer em sua iniquidade, Deus declara: “o 
seu sangue eu o requererei de ti” (Ezequiel 3:18). 
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Assim, o dever principal e constante do pregador é conformar-se àquela injunção: 
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, 
que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15). Em toda a Escritura não há 
nenhuma exortação dirigida aos pregadores que seja de maior importância do que essa, e 
poucas se igualam a ela. Sem dúvida, é por isso que Satanás tem sido tão ativo na tentativa 
de obscurecer suas duas primeiras cláusulas, lançando uma grande nuvem de pó sobre a 
última. A palavra Grega para “procura” aqui significa “seja diligente”, não poupe esforços, 
mas faça de sua preocupação primordial e esforço constante o agradar ao seu Mestre. Não 
procure os sorrisos e lisonjas de vermes de pó, mas a aprovação do Senhor. Isso deve ter 
precedência sobre todo o restante; sem isso, a atenção para o segundo aspecto 
mencionado será em vão. Subordine completamente todos os outros objetivos a fazer de ti 
mesmo alguém agradável a Deus — teu próprio coração e caráter, as tuas relações e andar 
diante dEle, ordenando todos os teus caminhos segundo a Sua vontade revelada. De que 
valem os seus “serviços”, suas ministrações, se Ele desagradar-Se de ti? 
“Obreiro que não tem de que se envergonhar”. Seja consciente, diligente, fiel, no uso 
que você faz do seu tempo e os talentos que Deus lhe confiou. Dê atenção constante ao 
preceito. “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” 
(Eclesiastes 9:10). Dê o seu melhor para Ele. Seja dedicado e assíduo, não descuidado e 
desleixado. Ver o quão bem você pode fazer cada coisa, e não quão rápido. A palavra 
Grega para “obreiro” é também traduzida como “trabalhador”, e no Inglês do século XX, 
bem poderia ser traduzido como “operário”. O ministério não é lugar para frívolos e ociosos, 
mas para aqueles que estão dispostos a gastarem-se e serem gastos na causa de Cristo. 
O pregador deve trabalhar mais do que o mineiro, e passar mais horas por semana em seu 
estudodo que o homem de negócios em seu escritório. Um obreiro é exatamente o oposto 
de um preguiçoso. Se o pregador deve mostrar-se a Deus aprovado e ser um obreiro que 
não tem do que se envergonhar, então ele terá que trabalhar enquanto os outros dormem, 
e fazê-lo até que ele se canse mentalmente. 
“Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a 
todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo 
isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Timóteo 4:15-16). Essa é 
uma outra parte da ordem que Cristo colocou sobre Seus servos oficiais, ela é a mais 
completa e exigente. Ele os obriga a ocuparem os seus corações com a obra, a aplicarem 
todos os seus pensamentos a ela, a separarem-se completamente para ela e a dedicarem 
todo o seu tempo e força para a obra. Eles devem manterem-se afastados de todos os 
assuntos seculares e atividades mundanas, e mostrar toda a diligência na tarefa que lhes 
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foi atribuída. O fato dessa ser uma tarefa árdua é consequência das diferentes designações 
dadas a eles. Eles são chamados de “soldados” para denotar os esforços e fadiga que 
estão envolvidos no bom desempenho de sua vocação; “vigias e sentinelas” para 
demonstrar o cuidado e preocupação que acompanham o seu ofício; “pastores e mestres” 
para mostrar as várias funções de liderar e apascentar aqueles que foram comprometidos 
ao seu cuidado. Entretanto, em primeiro lugar, eles devem dar atenção ao seu crescimento 
pessoal em graça e piedade, se eles desejam ministrar eficazmente aos outros. 
Particularmente o ministro precisa prestar atenção a essa ordem, “tem cuidado de ti 
mesmo”, em seu estudo das Escrituras, lendo-as devocionalmente antes que ele faça isso 
profissionalmente; ou seja, buscando sua aplicação e bênção à sua própria alma antes de 
procurar por temas para o sermão. Como o piedoso Hervey expressou: “Assim, nós 
podemos sempre ser afetados quando estudamos os oráculos da Verdade. Estudá-los, e 
não como críticos frios, que são apenas juízes do seu significado, mas como pessoas 
profundamente interessadas em tudo o que eles contêm; que são particularmente 
confrontados em cada exortação, e orientados por cada preceito; de quem são as 
promessas, e a quem pertencem os privilégios preciosos. Quando somos habilitados a 
assim conceber e apropriar-nos do conteúdo desse livro inestimável, então vamos saborear 
a doçura e sentir o poder das Escrituras. Então, saberemos por feliz experiência que as 
palavras do nosso Mestre Divino não são apenas sons e sílabas, mas espírito e são vida”. 
Ninguém pode estar constantemente dando aquilo que é revigorante e temperado, a menos 
que esteja tomando para si, continuamente. Aquilo que ele declara aos outros é o que os 
seus próprios ouvidos já ouviram primeiramente, seus próprios olhos têm visto, e suas mãos 
manuseado. 
A simples citação da Escritura no púlpito não é suficiente, as pessoas podem tornar-
se familiares à letra da Palavra por lê-la em casa; é a exposição e a aplicação da mesma 
que são tão necessárias. “E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e por três 
sábados disputou com eles sobre as Escrituras, expondo e demonstrando que convinha 
que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos...” (Atos 17:2-3). Mas, “abrir” as 
Escrituras de modo a ajudar os santos, requer algo mais do que o treinamento de alguns 
meses em um instituto bíblico, ou um ou dois anos em um seminário. Ninguém, senão 
aqueles que foram pessoalmente ensinados por Deus na dura escola da experiência são 
qualificados para “abrir” a Palavra, de modo que a luz divina seja lançada sobre os 
problemas espirituais do crente, pois enquanto a Escritura interpreta a experiência, a 
experiência é muitas vezes a melhor intérprete da Escritura. “O coração do sábio instrui a 
sua boca, e aumenta o ensino dos seus lábios” (Provérbios 16:23), e esse “aprendizado” 
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não pode ser adquirido em qualquer uma das escolas humanas. Ninguém pode saber o 
que a humildade é por meio da concordância, nem crescer na fé através do estudo de certas 
passagens das Escrituras. A humildade é adquirida através de descobertas dolorosas da 
praga de nossos corações, e a fé é aumentada por um conhecimento profundo de Deus. 
Nós mesmos devemos ser consolados, antes que possamos consolar outros. 
“Buscar meras noções da verdade, sem um esforço por uma experiência de seu poder 
em nossos corações, não é o caminho para aumentar nossa compreensão das coisas 
espirituais. Somente está em condições de aprender de Deus, aquele que sinceramente 
entrega a sua mente, consciência e afeições ao poder e governo do que é revelado a ele. 
Os homens também podem ter outras finalidades em seus estudos das Escrituras, como o 
benefício e edificação dos outros. Mas se essa conformação de suas próprias almas com 
o poder da Palavra não for posta em primeiro lugar em suas mentes, eles não lutam 
legitimamente, nem eles serão aperfeiçoados. E se em algum momento, quando nós 
estudamos a Palavra, nós não temos esse propósito expresso em nossas mentes, mas se 
após a descoberta de qualquer verdade nos esforçamos para não ter algo semelhante a 
isso em nossos próprios corações, perdemos nossa principal vantagem nisso” (John 
Owen). Há muito a temer que muitos pregadores terão motivos para lamentar no dia 
vindouro: “Puseram-me por guarda das vinhas; a minha vinha, porém, não guardei” 
(Cantares de Salomão 1:6); como um cozinheiro que prepara refeições para os outros, 
enquanto ele mesmo fica com fome. 
Enquanto o pregador deve meditar na Palavra devocionalmente, ele também deve lê-
la estudiosamente. Se ele deseja tornar-se capaz de apascentar o seu rebanho com “o mais 
fino trigo” (Salmos 81:16), então ele precisa estudá-la de forma diligente e diária, e isso até 
o fim de sua vida. Infelizmente muitos pregadores abandonam o seu hábito de estudo, logo 
que eles são ordenados! A Bíblia é uma mina inesgotável de tesouro espiritual, e quanto 
mais as suas riquezas são desveladas para nós (por árdua escavação), mais percebemos 
o quanto há ainda não conquistado, e quão pouco nós realmente entendemos o que foi 
recebido. “E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber” [1 
Coríntios 8:2]. 
A Palavra de Deus não pode ser compreendida sem um estudo constante e laborioso, 
sem uma análise cuidadosa e em oração dos seus conteúdos. Isso não quer dizer que ela 
é secreta e obscura. Não, ela é tão simples e inteligível como naturalmente outras coisas 
podem ser, a Palavra está dada melhor forma possível para dar instrução a respeito das 
coisas santas e profundas de que trata. Mas nada pode ser ensinado através dos melhores 
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meios possíveis de instrução que não traga dores em si mesmo. A promessa de 
entendimento não é feita ao procrastinador e indolente, mas ao diligente e zeloso, para 
aqueles que procuram um tesouro espiritual (Provérbios 2:3,5). As Escrituras precisam ser 
examinadas, buscadas diariamente, com persistência e perseverança, se o ministro deseja 
tornar-se completamente familiarizado coma totalidade do que Deus revelou e se ele quiser 
pôr diante de seus ouvintes “um banquete de coisas gordurosas”. Sobre o pregador sábio 
é dito: “tanto mais ensinou ao povo sabedoria; e atentando, e esquadrinhando, procurou o 
pregador achar palavras agradáveis” (Eclesiastes 12:9-10), aqui é como se toda a sua alma 
estivesse envolvida na descoberta do melhor modo de instrução. 
Nenhum pregador deveria se contentar em ser nada menos do que “um homem 
poderoso nas Escrituras” (Atos 18:24). Mas, para atingir isso ele deve subordinar todos os 
outros interesses. Um antigo escritor curiosamente disse: “O pregador deve ser com o seu 
tempo como o avarento é com o seu ouro: Guardá-lo com cuidado, e gastá-lo com cautela”. 
Ele também deve lembrar-se constantemente do Livro que ele está prestes a anunciar, de 
modo que ele o manuseie com a maior reverência e possa declarar: “meu coração temeu 
a tua palavra” (Salmos 119:161). Ele deve aproximar-se desse ofício com humildade de 
espírito, pois é somente aos tais que o Senhor “dá maior graça” [Tiago 4:6]. Ele sempre 
deve vir a ele em espírito de oração, clamando: “o que não vejo, ensina-me tu” (Jó 34:32); 
a graça iluminadora do Espírito frequentemente desvela mistérios ao manso e necessitado, 
os quais permanecem ocultos para os mais instruídos e eruditos. Um coração santo é 
igualmente indispensável para a recepção da verdade sobrenatural, pois o entendimento é 
esclarecido pela purificação do coração. Deixe haver também uma expectativa humilde do 
auxílio divino, pois o “seja-vos feito segundo a vossa fé” [Mateus 9:29] é válido aqui também. 
É somente por dar atenção às coisas que têm sido apontadas nos parágrafos 
anteriores que são estabelecidos os fundamentos necessário para qualquer homem se 
tornar um expositor competente. A tarefa diante dele é expor, com clareza e precisão, a 
Palavra de Deus. Seu trabalho é inteiramente exegético: anunciar o verdadeiro significado 
de cada passagem com a qual ele lida, que ela esteja de acordo com seus próprios 
preconceitos ou não. Assim como o trabalho do tradutor é transmitir o verdadeiro sentido 
do Hebraico e do Grego para o Português, assim também o trabalho do intérprete deve é 
apreender e comunicar precisamente o significado das ideias a linguagem da Bíblia foi 
concebida para transmitir. Como o renomado Bengel tão bem expressou: “Um expositor 
deve ser como o construtor de um poço, o qual não coloca nenhuma água nele, mas faz de 
seu objetivo permitir que a água flua, sem desvio, interrupção ou contaminação”. Em outras 
palavras, ele não deve ter a menor liberdade com o texto sagrado, nem dar-lhe um 
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significado que não seja legítimo, nem modificar a sua força, nem encobrir algo que esteja 
nele revelado, mas buscar anunciar o que tal texto realmente significa. 
Estar em conformidade com o que acaba de ser dito exige uma abordagem imparcial, 
um coração honesto e um espírito de fidelidade, por parte do intérprete. “Nada deve ser 
extraído a partir do texto, senão o que é cedido pela explicação justa e gramatical de sua 
linguagem” (Patrick Fairbaim). É fácil concordar com esse dictum, porém muitas vezes difícil 
de pôr em prática. A ausência dessa disposição mental torna o pregador condenável; uma 
tendência mental sectária e o desejo de agradar os seus ouvintes fizeram com que não 
poucos fugissem da evidente força de certas passagens, e se tornassem bastante 
estranhos ao verdadeiro significado delas. Lutero disse: “Nós não devemos buscar fazer a 
Palavra de Deus significar o que nós desejamos. Nós não devemos torcê-la, mas deixar 
que a Palavra venha a nos moldar, e dar-lhe a honra por isto ser melhor do que nós 
podemos fazer com ela”. Qualquer coisa diferente disso é altamente condenável. Grande 
cuidado sempre deve ser tomado para não expormos nossas próprias mentes, em vez da 
mente de Deus. Nada pode ser mais censurável do que um homem proclamar um: “Assim 
diz o Senhor”, quando ele está apenas expressando os seus próprios pensamentos. Ainda 
assim, quem, mesmo involuntariamente, ainda não fez isso? 
Se em relação ao farmacêutico é exigido por lei que ele siga exatamente a prescrição 
do médico, e se os oficiais militares devem transmitir as ordens de seus comandantes na 
íntegra ou sofrerão penalidades severas, quanto mais compete a alguém que lida com as 
coisas divinas e eternas, aderir estritamente ao texto do Livro! A tarefa do intérprete é 
buscar o que é descrito em Neemias 8:8: “E leram no livro, na lei de Deus; e declarando, e 
explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse”. A referência é àqueles que da 
Babilônia haviam retornado à Palestina. Enquanto no cativeiro, haviam gradualmente 
deixado de usar o hebraico como língua cotidiana, e passaram a usar o aramaico. Portanto, 
havia uma necessidade real de explicar as palavras hebraicas em que a lei foi escrita (cf. 
Neemias 13:23-24). No entanto, o registro desse acontecimento sugere que ele é de 
importância permanente e que tem uma mensagem para nós. Na boa providência de Deus 
há pouca necessidade hoje que o pregador explique o hebraico e o grego, uma vez que já 
existem traduções confiáveis dessas línguas para nossa própria língua materna; embora 
ocasionalmente, e apenas muito moderadamente, o pregador possa traduzir e explicar 
essas línguas originais. Mas a sua atividade principal é “explicar o sentido” da Bíblia em 
Português e fazer com que os seus ouvintes “entendam” o seu conteúdo. Sua 
responsabilidade é a de aderir estritamente à ordem: “Aquele que tem a minha palavra, fale 
a minha palavra com verdade” (Jeremias 23:28). 
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Capítulo 4 
________________________________________ 
 
O pregador deve ser, acima de tudo, um homem do Livro, bem versado no conteúdo 
da Palavra de Deus, alguém que é capaz de extrair de seu tesouro “coisas novas e velhas” 
(Mateus 13:52). A Bíblia deve ser o seu único livro-texto e de suas águas vivas ele deve 
beber profunda e diariamente. Pessoalmente, não uso nada mais do que a King James 
Versão Autorizada Inglesa e a Concordância de Young, com uma referência ocasional à 
Interlinear de Grego e a King James Versão Americana Revisada. Consulto os Comentários 
apenas após fazer um inicial e exaustivo estudo de uma passagem. Recomendo fortemente 
aos jovens pregadores que sejam muito vigilantes para não permitirem que os comentários 
se tornem substitutos, em vez de um auxílio, ao seu próprio minucioso e pleno exame e 
ponderação das Sagradas Escrituras. Assim como há um meio termo entre imaginar ou que 
a Bíblia é tão clara e simples que qualquer um pode entendê-la ou tão difícil e profunda que 
seria um desperdício de tempo para a pessoa mediana lê-la, assim também há entre ser 
essencialmente dependente das obras dos outros e simplesmente ecoar as suas ideias, e 
depreciar totalmente a luz e a ajuda que podem ser obtidas a partir dos antigos servos de 
Deus. 
É aos pés de Deus que o pregador deve posicionar-se, aprendendo com Ele o 
significado de Sua Palavra, na esperança de que Ele desvele os Seus mistérios, buscando 
nEle a sua mensagem. Em nenhum lugar, senão nas Escrituras ele pode discernir o que é 
agradável ou desagradável ao Senhor. Somente ali são revelados os segredos da 
sabedoria divina, sobre a qual o filósofo e o cientista não conhecem nada. Como o grande 
Puritano holandês justamente salientou: “Tudo o que não é retirado das mesmas,

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