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1 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP RELATÓRIO DE AULAS PRÁTICAS Curso: Fisioterapia Disciplina: Fisioterapia Aquática Aluno: Kátia Cilene Santos Vasconcellos R.A: 2223703 Polo: Brasília-DF – Asa Sul Data: 18 de novembro de 2023. 2 Sumário 1. Introdução 2. Aula 1 Roteiro 1: Propriedades físicas da água, entrada e saída da piscina e hidrocinesioterapia. 3. Aula 2 Roteiro 1: Métodos Halliwick, Band Ragaz e Watsu. 4. Conclusão 5. Referência 3 Introdução A fisioterapia aquática utiliza a água como recurso terapêutico independente do seu estado físico, sendo que este pode se apresentar de três formas: sólido, líquido e gasoso. A fisioterapia aquática é indicada para alívio da dor, relaxamento muscular, melhora da mobilidade articular, ganho de força muscular, melhora do equilíbrio e da coordenação. (MARTINHO, A. M. P. R. 2008). Este relatório tem como objetivo descrever tópicos e procedimentos relacionados a fisioterapia aquática, conforme vimos em sala de aula e na aula prática, realizada pela professora Bruna Ferreira Macedo. As aulas foram divididas em dois horários. Pela manhã vimos sobre as propriedades físicas da água e sua aplicação clínica. Foi explicado sobre a densidade, flutuação, turbulência, viscosidade etc. Em seguida falamos de entrada e saída dos pacientes na piscina. Em hidrocinesioterapia vimos sobre aquecimento, flexibilidade, treino de força muscular e equilíbrio, marcha, respiração, relaxamento. No segundo horário, fomos realizar as aulas práticas dos métodos de Halliwinck, Bad Ragaz e Watsu, onde foi trazido aos alunos o conceito da fisioterapia aquática para a reabilitação do paciente, promovendo estabilidade, ganho de mobilidade independência para realizar as atividades. 4 AULA 1 – ROTEIRO 1 Propriedades físicas da água, entrada e saída da piscina e hidrocinesioterapia. 1. PROPRIEDADES FÍSICAS DA ÁGUA E SUA APLICAÇÃO CLÍNICA A capacidade de resolver diferentes acometimentos e disfunções se deve aos efeitos fisiológicos da imersão e às propriedades da água (viscosidade, pressão hidrostática, tensão superficial, flutuação, densidade e gravidade específica) (RUOTI; MORRIS; COLE, 2000; (DUTTON, M., 2010). As alterações fisiológicas causadas pela imersão dependem da temperatura da água, da profundidade da piscina, da composição corporal, intensidade do exercício e de fatores individuais, como idade, gênero, comorbidades associadas, fobias etc. (RUOTI, R. G.; MORRIS, D. M.; COLE, A. J., 2000). Essas alterações podem variar de um indivíduo para o outro, mas, normalmente, o que ocorre durante a imersão é a dilatação dos vasos sanguíneos, o aumento da frequência cardíaca, o aumento do suprimento sanguíneo periférico, o relaxamento muscular, o aumento do metabolismo da pele e dos músculos, o aumento da diurese, o aumento do metabolismo geral, o aumento da frequência respiratória e a analgesia, além do aumento da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas à medida que a temperatura interna também aumenta. Depois da imersão, a tendência é que esses efeitos fisiológicos nos sistemas corporais retornem ao nível basal após algumas horas. Com a prática regular de exercícios terapêuticos em meio líquido, alguns benefícios e alterações podem ser mais duradouros ou se tornar permanentes (RUOTI, R. G.; MORRIS, D. M.; COLE, A. J. 2000). a) Densidade: propriedade que consiste na relação entre a massa (kg) e o volume (m3) de determinado material ou corpo em uma dada temperatura e pressão. d = densidade; m = massa; V = volume. A relação estabelecida entre a densidade de um objeto e a densidade da água. A água apresenta densidade igual a 1. Assim, se a densidade do objeto for menor que 1, ele flutuará; caso seja maior que 1, ele afundará. A densidade do corpo 5 humano varia de acordo com cada indivíduo, em razão da constituição corporal. Cada parte do corpo apresenta uma densidade. Por exemplo, o osso compacto tem maior densidade que a gordura. (ACCACIO, L. M. P.; SACCHELLI, T., 2007). b) Flutuação/empuxo: o empuxo é uma força que surge quando algum corpo ocupa espaço dentro de um fluido. Tal força depende exclusivamente do volume do fluido que foi deslocado, bem como a densidade do fluido e a gravidade local. Segundo o princípio de Arquimedes, é a força resultante contrária à gravidade exercida em toda a superfície do corpo, acarretando a flutuação. (RUOTI, R. G.; MORRIS, D. M.; COLE, A. J. 2000). Fonte: BATES, A.; HANSON, N. Figura 1 - Flutuação/empuxo. c) Pressão hidrostática: também conhecida como princípio de Pascal, é a relação da força por unidade de área que a água em repouso exerce contra a superfície do corpo. Quanto maior a profundidade do corpo imerso, maior será a pressão exercida sobre ele. (ACCACIO, L. M. P.; SACCHELLI, 2007). d) Tensão Superficial: é a força que ocorre na superfície da água, formando uma membrana elástica. É causada pelas forças de coesão entre moléculas semelhantes. (ACCACIO, L. M. P.; SACCHELLI, 2007). e) Refração: fenômeno óptico que acontece em razão da alteração da velocidade da luz na mudança do meio de propagação (Figura 1). É a deflexão de um raio de luz quando esta passa de um meio para outro de densidade diferente. (ACCACIO, L. M. P.; SACCHELLI, 2007). 6 f) Viscosidade: princípio que se caracteriza pela resistência do fluido decorrente da fricção entre as moléculas. (ACCACIO, L. M. P.; SACCHELLI, 2007). g) Turbulência: ocorre pelo fluxo irregular das moléculas de água. Quanto maior a velocidade do movimento, maior será a turbulência. (ACCACIO, L. M. P.; SACCHELLI, 2007). 2. ENTRADAS E SAÍDAS Segundo Cechetti et al. (2019), a forma de entrada e saída dependerá se o paciente tiver atividade motora preservada, com controle cervical, de tronco e de membros inferiores. Nesse sentido, a entrada convencional pode ser feita pela escada da piscina, o terapeuta deve sempre estar próximo garantindo a segurança do paciente mesmo que ele tenha motricidade preservada. FONTE: Cechetti et al. 2019. Figura 2 - Entrada convencional Quando o paciente possui controle de cervical, porém apresenta algum déficit em tronco ou membros inferiores, a entrada pode ser realizada com o paciente sentado na borda da piscina. As pernas do paciente devem estar dentro da água, joelhos fletidos e segurando no antebraço do terapeuta. Enquanto o fisioterapeuta deve estar em pé na frente do paciente dentro da piscina, segurando abaixo nos cotovelos. Ao mesmo tempo em que auxilia a entrada do paciente, o terapeuta deve dar um passo para trás, evitando sobrecarga lombar. (Cechetti et al. 2019). 7 FONTE: Cechetti, et al. 2019. Figura 3 - Entrada pela borda da piscina Outra forma de entrada é a reversa, que é utilizada quando os pacientes que não têm controle cervical. O paciente deve estar deitado na beira da piscina sobre um tapete, o terapeuta apoia um braço na altura da fossa poplítea e o outro na cintura escapular, dando um passo para trás com um pé na frente do outro (CECHETTI et al., 2019). Além disso, também pode ser acoplado a piscina um guincho, que auxilia o paciente que tem déficit no controle motor entrar na piscina e facilita o trabalho do terapeuta. FONTE: Cechetti, et al. 2019. Figura 4 - Guincho para piscina 3. HIDROCINESIOTERAPIA Os exercícios na água são realizados com o objetivo de fortalecer músculos, 8 prover endurance (resistência muscular localizada), melhorar a flexibilidade, reeducar gestos motores e postura, desenvolver propriocepção, equilíbrio e sensibilidade cinestésica/consciência corporal recuperação ou reabilitaçãode funções motoras. As piscinas terapêuticas são cada vez mais comuns e a hidrocinesioterapia necessita ainda de uma abordagem mais específica de seus exercícios, bem como é necessário aprofundar o conhecimento sobre os princípios cinesiológicos na água. (Becker BE, Cole AJ., 2000). Para tal, deve-se pensar sobre o material disponível para a fisioterapia aquática e demais atividades no meio líquido. Os materiais também podem ser categorizados conforme a força que tendem a explorar mais, ou mesmo sua relação com a água. Flutuadores ou materiais que exploram empuxo: são materiais com baixa densidade, como, por exemplo, os Aqua tubos. Podem ser de material plástico e inflável (ou não), de teflon, isopor, plástico ou etano-vinil- acetato (EVA). (Kruel LFM., 1994). a) Aquecimento: caminhada (ou corrida) de frente, costas e lateral: Para frente: em pé, flexionar um lado do quadril e o joelho; estender a perna e flexionar dorsalmente tornozelo apoiando-se no calcanhar; rolar para frente sobre os dedos dos pés e empurrar para baixo; repetir com a outra perna. Para trás: em pé, flexionar um lado do quadril e o joelho; estender a perna e posteriormente para trás do corpo; flexão plantar do tornozelo, apoiando-se nos dedos dos pés; levemente rolar os calcanhares; repetir com a outra perna. Passada lateral: Em pé com as pernas estendidas; abduzir uma das pernas e pisar no chão; aduzir a outra perna em direção a linha mediana, voltando à posição inicial; repetir com a outra perna. Nado: estenda os dois braços para frente; faça uma abdução horizontal dos ombros até ficarem no plano do corpo; flexione o cotovelo 90º e faça adução do ombro para linha mediana. (Andrea Bates, B. Sc., P.E. Norm Hanson, B. Sc.; 1998). Durante o aquecimento na piscina usamos o espaguete nas costas, simulando o andar de bicicleta, realizamos os exercícios de caminhada de frente, costas e lateral, realizando movimentos ativos dos membros superiores como flexão e extensão de ombro e cotovelo, dos membros inferiores realizamos exercícios de quadril e joelho. 9 b) Flexibilidade: o alongamento muscular é utilizado para diversas disfunções do sistema musculoesquelético. É uma técnica muito utilizada na fisioterapia para o aumento da flexibilidade. (KISNER, C; COLBY, L. A., 1998). Nos exercícios de flexibilidade, realizamos com as mãos apoiadas na barra da piscina, os exercícios dos membros inferiores, superiores e coluna. Em decúbito dorsal, seguramos os flutuadores, um em cada mão e com as pernas estendidas, coluna ereta e abdômen contraído; alternadamente flexionamos joelho e quadril, levando a perna a executar uma ação de bicicleta vertical. c) Treino de força muscular: no processo de reabilitação do ombro, primeiramente os músculos do manguito são fortalecidos, promovendo uma boa estabilização dinâmica do ombro antes do fortalecimento dos motores primários (deltoide, peitoral maior, peitoral menor e grande dorsal). Dessa forma, evita-se a descentralização da cabeça do úmero durante os movimentos. Com o corpo em imersão, a atividade muscular é menor graças às ações da gravidade e do empuxo. (Kelly BT, Roskin LA, Kirkendall DT, Speer KP.; 2000). Ao utilizar os movimentos fundamentais das articulações do ombro e cotovelo, realizamos inicialmente os movimentos de flexão, extensão, abdução e adução com as mãos fechadas e depois abertas para sentirmos a resistência ao realizarmos o movimento de flexão de braço com as mãos apoiadas na beira da piscina. Realizamos exercícios para os membros inferiores utilizando os espaguetes para criar resistência. Colocamos os pés sobre ele e realizamos a flexão do joelho, percebendo-se que o espaguete auxiliou no movimento. Durante a extensão do joelho, percebemos que o espaguete oferece resistência, tornando mais difícil retorna à posição inicial. Ao realizarmos a flexão e extensão de quadril, o espaguete facilita o exercício durante a flexão, mas dificulta os movimentos durante a extensão. Quando realizamos a abdução e adução de quadril para aumentar a resistência, tentamos aumentar, tentamos aumentar a velocidade do movimento e sentimos mais dificuldades ao retornar à posição inicial devido a turbulência da água. 10 Fonte: AEA — Aquatic Exercise Association. Figura 5 - Fortalecimento de extensores de quadril e joelho. d) Treino de equilíbrio: é o que oferecem estímulos exteroceptivos e instabilidades. Podem ser cheios de água, como as almofadas de propriocepção ou mesmo tábuas, pranchas, gangorras e skates para treino proprioceptivo. As camas elásticas, pranchinhas e tapetes flutuantes, por explorarem a propriocepção e o equilíbrio, são também aqui categorizados. (Kruel LFM, Moraes EZC, Ávila AOV, Sampedro RMF.; 2001). Com o intuito de promover a melhoria do equilíbrio do paciente, realizamos uma variedade de exercício para auxiliar nesse processo. Todos os alunos realizaram os primeiros exercícios mantendo o equilíbrio na posição ortostática. Depois introduziram um pouco de turbulência na água para nos desfiar e nos mantermos em pé. Em seguida praticamos o exercício mantendo- nos apoiado em um pé, erguendo um braço e uma perna do mesmo lado e, por fim, alternando os lados. Depois de completar os exercícios, o treinamento de equilíbrio foi realizado com o aluno sentado em uma superfície instável na água, usando as pranchas disponíveis. Enquanto o aluno tentava se equilibrar, nos criamos um pouco de movimento na água e quando ele demonstrou facilidade, pedimos que ele pegasse um objeto jogado a sua esquerda ou direita para estimular ajustes na postura. e) Treino respiratório: A fisioterapia aquática oferece diversos benefícios aos pacientes que apresentam distúrbios cardiorrespiratórios. Como benefícios da piscina terapêutica, ou hidroterapia, no sistema cardiovascular, 11 destacam-se a redução da pressão arterial, o aumento do trabalho cardíaco, o aumento do débito urinário e, com isso, o controle e a redução da volemia (redução da sobrecarga cardiovascular), a redução da frequência cardíaca, a neoformação de vasos sistêmicos e miocárdicos (angiogênese), a vasodilatação de capilares sistêmicos, o menor gasto energético para aumento da eficiência muscular e do consumo máximo de oxigênio, e o aumento da função contrátil do coração (CIDER et al., 2006). Quando a água atinge a altura da cintura, fica mais fácil respirar, pois a pressão do ar nas vias aéreas aumenta, facilitando a inspiração e expiração. No treino respiratório, nos fomos orientados a soltar bolhas na água, começando pela boca e progredindo para o nariz, infelizmente não pude realizar o exercício por estar com feridas nos lábios (Herpes). Outro exercício foi o de soprar um objeto de uma borda a outra na superfície da água. f) Treino aeróbico: é o potencial ou a capacidade que o corpo tem de produzir energia na presença de oxigênio. É a condição do organismo de transportar oxigênio pelo corpo por meio do desenvolvimento dos sistemas respiratório e circulatório, causado pelo aumento do volume de ejeção no débito cardíaco, que é por sua vez originado de um equilíbrio de oxigênio. É desenvolvida ao longo do planejamento, principalmente no período preparatório, por meio de métodos contínuos com intensidade média para moderada. O resultado é a melhora da condição cardiorrespiratória concomitante ao aumento das cargas de trabalho, volume e intensidade. (Kruel LFM., 1994). Durante o treino na piscina começamos com movimentos suaves que se intensificaram gradualmente, passando para movimentos mais rápidos. Para oferecer resistência à caminhada e aumentar a dificuldade do exercício, nos utilizamos um extensor elástico. Outro exercício realizado foi colocar um macarrão, entre os membros inferiores simulando o movimento de andar de bicicleta e por fim realizamos um treino de Step que é específico para usoem piscinas, alternando os pés à medida que subia e descia. g) Treino de marcha: o ambiente aquático é cada vez mais utilizado para treinamento, intervenção e prática de atividade física. Esse ambiente apresenta características específicas que podem facilitar ou dificultar a execução dos movimentos. (Enoka RM., 2000). 12 Todos os alunos realizaram os exercícios de marcha, praticando com obstáculos, subindo e descendo do tablado continuando a marcha em diferentes velocidades sem turbulência. Durante este exercício, analisamos as diferentes fases da marcha e como o corpo reagia ao apoio do calcanhar na superfície, as transições feitas durante a passada e á realização da fase de balanço na água. h) Treino funcional: os alunos alternaram entre sentar-se e levantar da prancha, tentando realizar outros movimentos como rolar, deitar-se e levantar da prancha. Além disso, praticamos a transição da posição deitada de costas para ficar de pé com o auxílio da flutuação, utilizando a prancha disponível. i) Relaxamento: é provocado pela flutuação decorrente da ação do empuxo contrabalanceado com a gravidade, associado ao calor acumulado pela água e transmitido para os músculos e demais tecidos moles. (Mcmillan J.; 1974). Depois das aulas teóricas, fomos para a piscina colocarmos em prática o que aprendemos. Começamos com a entrada do paciente na piscina. A professora formou trios, pois o paciente seria uma pessoa que necessitava do auxílio de cadeira de rodas. Eu e a professora fomos as terapeutas, pois ela iria demonstrar como deveríamos proceder com o paciente, desde a subida da rampa a entrada na piscina pela escada. Eu segurei o paciente pelas costas enquanto a professora pegou as pernas, juntas tiramos o paciente da cadeira e degrau por degrau fomos descendo até ele estar na água e a terapeuta segurá- la pela cintura e levemente fazer círculos com ela de um lado para o outro na piscina, para que se sentisse segura. Depois que todos tinham entrado na piscina foi a vez de conhecermos os equipamentos que iramos utilizar, como: halteres, caneleiras, espaguete, flutuadores, entre outros. Enquanto relaxávamos, usávamos colete cervical e os espaguetes para manter o aluno/paciente estabilizado deitado de costas, foi solicitado que ele percebesse os efeitos da água em seu corpo, como: a sensação de leveza durante a flutuação e a melhoria da circulação. Permanecendo a mesma posição, começamos aplicar as técnicas terapêuticas aprendidas e a massagear a planta dos pés e a região cervical e lombar. Movemos o aluno em um estado de relaxamento, combinado os movimentos passivo dos membros superiores, enquanto ele permanecia de olhos fechados, experimentava os efeitos e consequentemente relaxava. 13 AULA 2 – ROTEIRO 1 Métodos Halliwick, Bad Ragaz e Watsu 1. MÉTODO HALLIWICK O método Halliwick foi desenvolvido em 1949 por James McMillan, um engenheiro, na Halliwick School for Girls, na Inglaterra. Ele fundamentou o método nos princípios da hidrostática, da hidrodinâmica e da mecânica dos corpos. Esse método é muito importante para a aquisição e a melhora do equilíbrio, pois, na água, o corpo precisa fazer ajustes para igualar a força da gravidade com a do empuxo e, se isso não for alcançado, o corpo torna-se instável, causando torques rotacionais e reações automáticas de equilíbrio e estabilização postural (LAMBECK; STANAT, 2000, 2001). A metodologia do Halliwick é baseada em quatro princípios de instrução, que seguem a ordem pela qual o córtex cerebral aprende o movimento físico. São eles: adaptação mental, restauração do equilíbrio, inibição e facilitação (LAMBECK; STANAT, 2000, 2001). Com o desenvolvimento e a utilização do método Halliwick, foi possível perceber que a combinação de programas com foco terapêutico e recreativos proporciona a reabilitação física, atingindo o máximo potencial dos pacientes e trazendo benefícios físicos, psicológicos e sociais. Este método Halliwick não recomenda a utilização de recursos mecanoterápicos, como os flutuadores, durante as intervenções. (LAMBECK; STANAT, 2000, 2001). Os pacientes, no método Halliwick, são classificados em grupos conforme o nível de suas habilidades na água e não pela deficiência/incapacidade. A classificação é a seguinte (GARCIA et al., 2012). . 1º nível — vermelho: habilidades ligadas à adaptação ao meio líquido, independência e controle da respiração; . 2º nível — amarelo: habilidades ligadas ao controle do equilíbrio e rotações do corpo em seus diversos eixos — transversal, sagital e longitudinal; . 3º nível — verde: habilidades ligadas a movimentos, onde o nadador desloca-se na água em progressões simples, e aos nados adaptados. (GARCIA et al., 2012). 14 Fonte: Cechetti et al. 2019. Figura 6 - Método Halliwick a) Entrada na água e saída da água no halliwick: a forma de entrada e saída dependerá se o paciente tiver atividade motora preservada, com controle cervical, de tronco e de membros inferiores. Nesse sentido, a entrada convencional pode ser feita pela escada da piscina, o terapeuta deve sempre estar próximo garantindo a segurança do paciente mesmo que ele tenha motricidade preservada. (Cechetti et al. 2019). Quando o paciente possui controle de cervical, porém apresenta algum déficit em tronco ou membros inferiores, a entrada pode ser realizada com o paciente sentado na borda da piscina. As pernas do paciente devem estar dentro da água, joelhos fletidos e segurando no antebraço do terapeuta. Enquanto o fisioterapeuta deve estar em pé na frente do paciente dentro da piscina, segurando abaixo nos cotovelos. Ao mesmo tempo em que auxilia a entrada do paciente, o terapeuta deve dar um passo para trás, evitando sobrecarga lombar (CECHETTI et al. 2019). b) 10 pontos do método Halliwick: Ponto 1 - Ajuste Mental: Aprender a reagir adequadamente à água. De grande importância é o ajuste à Mecânica dos Fluidos (empuxo, condições do fluxo, ondas). Controle respiratório também é um tópico importante deste ponto. 15 Ponto 2 - Desligamento: Esse ponto consiste em estimular a independência, seja física ou mental, do paciente. Exemplo: paciente com fobia de água precisará de mais apoio no início da intervenção, porém, conforme ele se adaptar e se sentir confiante, esse apoio poderá ser reduzido até o momento do desligamento do fisioterapeuta. Ponto 3 - Controle transversal: Esse ponto consiste na habilidade do paciente de controlar os movimentos ao redor do eixo transversal. Como exemplos é possível citar a passagem da posição em pé para o decúbito dorsal ou vice-versa e a manutenção do equilíbrio em pé. Ponto 4 - Rotação sagital: Esse ponto consiste na habilidade do paciente de controlar os movimentos ao redor do eixo sagital. Os exemplos são, partindo da posição em pé, conseguir colocar o ouvido na água ou, ainda, realizar transferências de peso, de modo alternado, para os lados esquerdo e direito. Ponto 5 - Controle da rotação longitudinal: Esse ponto consiste na habilidade do paciente de controlar os movimentos ao redor do eixo longitudinal. Por exemplo, partindo da posição em pé, realizar giros no mesmo lugar ou, ainda, passar da posição de decúbito ventral para a posição de decúbito dorsal. Ponto 6 - Controle da rotação combinado: Esse ponto consiste na habilidade do paciente de controlar movimentos ao redor de eixos combinados (transversal, sagital e longitudinal). Um exemplo desse controle é, partindo da postura sentado na borda, entrar na piscina rolando transversal e longitudinalmente, até a posição de flutuação em decúbito dorsal. Ponto 7 - Empuxo: Nesse ponto, o paciente poderá perceber que flutua sob ação do empuxo e não afunda com a ação da gravidade. Para adquirir esse controle podem ser realizadas atividades de submersão, oportunizando ao pacienteque experimente a ação do empuxo e perceba o quanto é difícil permanecer embaixo da água. Ponto 8 - Equilíbrio em imobilidade: Esse ponto consiste na habilidade do paciente em manter-se imóvel na água. Como exemplo de equilíbrio em imobilidade está a flutuação. Ponto 9 - Deslize em turbulência: Nesse ponto o paciente precisa controlar rotações e movimento indesejados. Por exemplo, com o paciente em decúbito dorsal (flutuando), o fisioterapeuta realiza turbulência embaixo do ombro do paciente, enquanto vai se movendo pela piscina sem tocar no paciente. 16 Durante esse deslocamento, o paciente deverá controlar as rotações que possam surgir em função da turbulência. Ponto 10 - Progressão simples e nados básicos O ponto progressão simples consiste em o paciente ter a habilidade de realizar movimentos básicos de propulsão, que podem ser com as extremidades inferiores, superiores ou com o tronco. Um exemplo desse ponto é, partindo da posição de decúbito dorsal (flutuação), realizar movimentos de remos com as mãos. (GARCIA et al., 2012). 2. MÉTODO BAD RAGAZ Este método surgiu em meados de 1930, nas águas termais da cidade de Bad Ragaz, na Suíça, a qual deu origem ao seu nome. Tem por finalidade a reeducação e fortalecimento musculares, tração ou alongamento da coluna vertebral, relaxamento e inibição do tônus muscular aumentado (BIASOLI; MACHADO, 2006). É um método versátil e pode ser adaptado a pacientes neurológicos, ortopédicos e reumatológicos, os objetivos de tratamento visam buscar a funcionalidade corporal. (BIASOLI; MACHADO, 2006). Os alunos realizaram os exercícios em duplas, simulando o papel do terapeuta e do paciente, a fim de entender as sensações do paciente durante os procedimentos. Nos também aprendemos como o terapeuta deve se portar, o que deve indicar e como e quando tocar o paciente para auxiliá-lo nos exercícios. Nesse método, empregamos dispositivos de flutuação, como espaguetes e coletes cervicais. Um dos exercícios o paciente manteve-se imóvel enquanto o fisioterapeuta o deslocava. Foi instruído ao paciente que contraísse o corpo para evitar movimentos. Todos os alunos junto com a professora realizamos a rotação transversa, sagital e a rotação combinada somente alguns alunos realizaram, eu não fiz devido a herpes labial. Os pontos equilíbrio, turbulência e progressão simples realizei com certa facilidade, não consegui realizar o nado básico de costas por não saber nadar e medo. Para promover o crescimento da força muscular, realizamos exercícios isotônicos utilizando apoios cervicais e alças finas na altura dos ombros. Durante o exercício, o terapeuta ajuda o paciente a se movimentar ativamente. Enquanto eu realizava passivamente os movimentos no paciente, mantive o colar cervical, a cinta espaguete na altura da lombar e a outra na altura do tornozelo, dando estabilidade ao mesmo, realizando flexão e 17 extensão de ombro, braço e cotovelo, depois passei para os membros inferiores, fazendo flexão e extensão perna e dorsiflexão do pé. Fonte: Cechetti et al. 2019. Figura 7 - Diagonal primitiva padrão flexor 3. MÉTODO WATSU O Método Watsu, termo derivado das palavras water e shiatsu, foi criado em 1980 por Harold Dull, a partir do emprego de movimentos, alongamentos passivos, mobilização de articulações e “hara-trabalho”, bem como pressão sobre acupontos para equilibrar fluxos de energia através dos meridianos (BIASOLI; MACHADO, 2006). Fonte: Cechetti et al. 2019. Figura 8 - Método watsu a) Técnica dança da respiração na água: paciente em posição supina (peito para cima), o terapeuta apoia a região cervical com um dos braços supinado (lembrem-se do espelho sempre fora d’água) e o outro pronado na 18 região sacral, acompanhando os movimentos de subida e descida do corpo do paciente durante a inspiração e expiração, respectivamente, conectando assim seus ciclos respiratórios. Obs.: caso vocês não consigam acompanhar o ciclo respiratório, cheguem com o rosto mais próximo do paciente, ou, induza a respiração deste paciente respirando um pouco mais forte perto do rosto dele. (DULL, H.; 2001). b) Sanfona: gradualmente e a cada ciclo expiratório, o terapeuta mobiliza os quadris no sentido céfalo – podálico. Durante a Expiração, o terapeuta” afunda” a pelve do paciente e durante a Inspiração, retorna com a pelve para a posição inicial. A mão cranial (mão do espelho, que apoia a cervical) permanece na mesma posição durante todo o movimento. (DULL, H.; 2001). Fonte: Cechetti et al. 2019. Figura 9 - Realização da sanfona – inicial c) Rotação da perna de dentro para fora: quando o terapeuta se inclina para trás, abrindo os braços, a perna de fora do paciente desliza e fica sem o apoio do braço do terapeuta. Sem quebrar o ritmo, inclina-se para girar a perna de dentro do paciente na direção do ombro oposto, a cada expiração. Durante a inspiração, inclina-se para trás, permitindo que a resistência da água, alongue a perna de fora. A mecânica do movimento permanece a mesma do movimento anterior. Rotação da Perna de Fora: o terapeuta posiciona a mão na região poplítea a fim de promover rotações com a perna de fora. Sem alterações na mecânica do movimento anterior. (DULL, H.; 2001). d) Balançando joelho cabeça: O terapeuta irá posicionar a cabeça do paciente em seu tronco anterior, segurando a região cervical com uma das 19 mãos e a região posterior dos joelhos com o antebraço e mãos opostas, realizando um movimento de balanço como se estivesse colocando o paciente para dormir. (ZORNOF, F.2007). e) Balanço do quadril ou alga marinha: O terapeuta deve posicionar a cabeça do paciente em primeiro lugar no ombro esquerdo, na segunda vez no direito, paciente deitado em decúbito dorsal, apoiar as mãos nos quadris de ambos os lados, e a coluna e gentilmente inclinada lateralmente. O movimento vai de 45º a 45º. (ZORNOF, F.2007). f) Puxão na coluna: Enquanto o paciente permanece em decúbito dorsal, aplica-se uma mão na região occipital e a outra no sacro, com os dedos direcionados para a cabeça manteremos a tração durante alguns instantes parado no mesmo local. (ZORNOF, F.2007). g) Ondulando a coluna: E uma onda com uma oscilação bem mais rápida e de menor amplitude. Quando você estabiliza a cabeça e gera a onda abaixo d pélvis, as articulações do quadril e as regiões lombares e toráxicas são muito afetadas. Podemos fazer com que toda a coluna se ondule e ao mesmo tempo giramos, dando apoio em nosso ombro. (ZORNOF, F.2007). h) Sela aberta: Já para a postura em sela aberta para pacientes dependentes do terapeuta, também chamada de controle da rotação transversal, o terapeuta deve posicionar o paciente em sela aberta, segurando de frente, para que ele tente realizar flexão e extensão de tronco (CECHETTI et al., 2019). Nas aulas práticas de Watsu, os exercícios foram realizados em pares e pequeno grupos, permitindo que os alunos simulassem o papel de paciente e terapeuta. Ao longo da fase terapêutica, o aluno teve a oportunidade de conversar com o paciente, esclarecendo todos os movimentos que seriam feitos, e que ele não precisaria ajudar a realizá-los, pois todos seriam realizados de forma passiva. Durante a aula a professora colocou uma música para podermos usar com nossos pacientes, e para que eles relaxassem. Comecei como paciente, o colega/terapeuta, pediu que eu relaxe, fechasse os olhos e começou a me movimentar suavemente pela piscina, fazendo rotação de perna de dentro para fora e fora para dentro, depois fazendo o movimento joelho-cabeça, a professora o orientou como fazer o dorsiflexão do pé. Por eu ser alta, a professora orientou que eu flexionasse os joelhos para facilitar o exercício, o que 20 saiu com perfeição. Depois de alguns minutos oterapeuta me levou lentamente até a borda da piscina, encostando primeiramente minhas costas na parede, até que eu colocasse meus pés no chão. 21 Conclusão Na prática realizamos algumas das técnicas descritas no roteiro da aula e pudemos compreender melhor a função de cada método e a forma de utilizá- los. Estas aulas foram desenvolvidas para que os alunos pudessem compreender de forma eficaz o funcionamento da fisioterapia aquática, onde aprofundamos cada vez mais os nossos conhecimentos nesta área. A aula foi muito proveitosa, divertida e de grande aprendizagem. Para traçar uma conduta correta de reabilitação aquática, o fisioterapeuta deve possuir conhecimento sobre as propriedades da água os efeitos fisiológicos de imersão. É fundamental manter-se constantemente informado sobre os novos padrões e procedimentos fisioterápicos, a fim de proporcionar ao paciente o que há de mais avançado na área de fisioterapia. 22 Referências ACCACIO, L. M. P.; SACCHELLI, T. Propriedades físicas da água. In: SACCHELLI, T.; ACCACIO, L. M. P.; RADI, A. L. M. Fisioterapia aquática. São Paulo: Manole, 2007. ANDREA Bates, B. Sc., P.E. Norm Hanson, B. Sc., Exercícios Aquáticos terapêuticos; 1998. BECKER BE, Cole AJ. Terapia aquática moderna. São Paulo: Manole, 2000. BIASOLI, M. C; MACHADO, C. M. C. Hidroterapia: aplicabilidades clínicas. Revista Brasileira de Medicina, v. 63, n. 5, p. 225- 237, 2006. CIDER, A. et al. Immersion in warm water induces improvement in cardiac function in patients with chronic heart failure. European Journal of Heart Failure, v. 8, n. 3, p. 308–313, 2006. DULL, H. Watsu: exercícios para o corpo na água. São Paulo: Summus, 2001. DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. ENOKA RM. Bases neuromecânicas da cinesiologia. 2.ed. São Paulo: Manole, GARCIA, M. K. et al. Conceito Halliwick inclusão e participação através das atividades aquáticas funcionais. 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