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Planejamento 
Estratégico na Gestão 
Pública e Marketing 
Governamental 
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Marcelo Bernardino Araújo
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
O Planejamento Estratégico Governamental como 
Convergência e Enfoque
• O Planejamento Estratégico Governamental como
Convergência e Enfoque
 · Conhecer os enfoques da análise política e do planejamento 
estratégico situacional.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
 Olá, aluno(a)!
Nesta Unidade, vamos aprender um pouco mais sobre o Planejamento 
Estratégico Governamental.
Então, procure ler, com atenção, o conteúdo disponibilizado e o material 
complementar. Não esqueça! A leitura é um momento oportuno para 
registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de registrá-las e transmiti-las ao 
professor-tutor. 
Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais 
interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as 
atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. Cada material 
disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado, por favor, estude 
todos com atenção!
É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Bons estudos!
ORIENTAÇÕES
O Planejamento Estratégico Governamental 
como Convergência e Enfoque
UNIDADE O Planejamento Estratégico Governamental 
como Convergência e Enfoque
Contextualização
Vivenciamos, em nosso país, uma crise política. Crise essa, de princípios, 
valores, bons costumes e que acaba influenciando a cultura, o ensino, a economia 
e também as estruturas familiares.
Você sabe o que é uma crise político-econômica?
Segundo Dias e Aguirre (1992), uma crise político-econômica é resultado de 
compromissos político-econômicos assumidos e de que estes imprimem uma 
determinada dinâmica desfavorável aos acordos implícitos nas reestruturações 
institucionais que poderiam permitir um redirecionamento da atividade econômica.
Os recentes escândalos de corrupção nas estatais provocam desconforto tanto 
na sociedade, quanto nos investidores estrangeiros. Isso gera saída do capital 
estrangeiro do país; consequentemente, aumentam os níveis de desemprego, o 
endividamento das famílias, que consomem menos, gerando uma desaceleração da 
economia. Isso é denominado “efeito dominó” na economia.
Leia o artigo intitulado “Crise tem efeito dominó no país” de 06/03/2016 do Jornal do 
Comércio para saber sobre o assunto.
https://goo.gl/2Afs8c
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O Planejamento Estratégico Governamental 
como Convergência e Enfoque
A Ciência Política e a Supervalorização do Político
Você sabe o que é Ciência Política? Ciência Política, segundo Bonavides (1994), 
tem por objeto o estudo dos acontecimentos, das instituições e das ideias políticas, 
tanto no sentido teórico, como em sentido prático, referido ao passado, ao presente 
e às possibilidades futuras.
A ciência política é pautada na legalidade dos sistemas políticos, que exprime 
basicamente a observância das leis, isto é, o procedimento da autoridade em 
consonância estrita com o direito estabelecido. Em outras palavras, traduz a noção 
de que todo poder estatal deverá atuar sempre em conformidade com as regras 
jurídicas vigentes. Portanto, a acomodação do poder que se exerce ao direito que 
o regula (BENEVIDES, 1994).
O autor ainda afirma que a legalidade pressupõe o livre e desembaraçado 
mecanismo das instituições e dos atos da autoridade, movendo-se em acordo com 
os preceitos jurídicos vigentes ou respeitando a hierarquia das normas, que vão 
dos regulamentos, decretos, leis ordinárias, leis complementares até a lei máxima 
e superior, que é a Constituição Federal.
Já a legitimidade tem exigências mais específicas, haja vista que levanta o 
problema profundo, ou seja, questiona sobre a justificação e dos valores do poder 
legal. Nesse sentido, a legitimidade é a legalidade acrescida de sua valoração. A 
legitimidade é, portanto, o critério que se busca menos para compreender e aplicar 
do que para aceitar ou negar a adequação do poder às situações da vida social que 
ele é chamado a normatizar e fazer obedecer.
O processo de formulação e implementação de políticas públicas não é objeto de 
estudo no campo de pesquisa da Ciência Política (DAGNINO, 2012). As diversas 
teorias que tratam da relação entre Estado e sociedade ensinam que as decisões 
governamentais ocorrem por meio da consideração de variáveis externas:
Por exemplo, na visão pluralista, é aquela que percebe o resultado do processo 
decisório (o conteúdo da política) como algo indefinido (em constante mudança), 
haja vista que é fruto de um ajuste acrescido das preferências de uma série de 
atores (governamentais e não governamentais) indiferentes do ponto de vista de 
seu poder político.
Já na visão marxista, por exemplo, é aquela na qual o resultado (o conteúdo da 
política) como alguma coisa predeterminada pela estrutura econômica, haja vista 
que resulta da ação de um único ator.
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UNIDADE O Planejamento Estratégico Governamental 
como Convergência e Enfoque
Dagnino (2012) afirma que o problema da Ciência Política é de tipo investigativo, 
pois indica as razões contextuais que explicavam o caráter do que havia sido 
decidido. Seu foco é a política (politics) e não as políticas (policies), o sistema e o 
processo político (political process) e não o processo de elaboração de políticas 
(policy process).
Importante!
Segundo Souza (2006), as características das Políticas Públicas são:
• A política pública permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e o que, 
de fato, faz.
• A política pública envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja materializada 
através dos governos e não necessariamente se restringe a participantes formais, já 
que os informais são também importantes.
• A política pública é abrangente e não se limita a leis e regras.
• A política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados.
• A política pública, embora tenha impactos no curto prazo, é uma política de 
longo prazo.
• A política pública envolve processos subsequentes após sua decisão e proposição, ou 
seja, implica também implementação, execução e avaliação.
Em Síntese
A Administração Pública e a Subvalorização do Conflito
Conforme Dagnino (2012), a Administração Pública tem como premissa 
a separação entre o político (politics) e o administrativo (servidor burocrata); a 
separação entre o mundo da política (politics) e o das organizações (entidades de 
direito público e de direito privado); a separação entre a tomada de decisão e a 
implementação das políticas.
O primeiro termo, no sentido de político desta divisão, era caracterizado pelo 
conflito de interesses e a discordância política que se manifesta na sociedade. 
Já o segundo, no sentido de mundo político, pela concordância técnica em 
torno de um interesse comum que se expressa no interior do aparelho de Estado, 
ou seja, se a implementação foi eficiente, não interessa nem como nem por que é 
decidida. Como se o primeiro fosse a sombra do segundo e, este, o segundo, uma 
simples consequência do primeiro.
Dagnino (2012) destaca que diferentemente da Ciência Política, o problema 
da Administração Pública pode ser entendido, para marcar a diferença entre elas 
(politics), como de tipo operacional.
Assim, o principal objetivo da Administração Pública era executar, do melhor jeito 
possível, segundo alguns critérios, como de otimização, abrangentes, incrementais 
e que não justificassem questionamentos seja de tipo político, seja socioeconômico 
das decisões tomadas pelos governantes.
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Então, o processo decisório era frequentemente entendido como a expressão do 
desejo da maioria, numa estrutura político-social percebida como uma poliarquia 
(participação e oposição). O estudo do processo decisóriobem como da natureza 
conflitiva de sua implementação era, dessa maneira, desprezado.
O fi lme “Selvagens em Wall Street” dirigido por Glenn Jordan conta a história verídica da 
batalha pela compra alavancada da RJR Nabisco ocorrida no fi nal dos anos 1980. Como a 
RJR, Nabisco era uma sociedade anônima de capital aberto, as partes interessadas tinham 
que fazer uma oferta de recompra de todas as ações da empresa presentes no mercado, a 
um valor bem acima do praticado. O que ocorre em situações como essa é um leilão, com 
as partes interessadas apresentando suas ofertas ao conselho da empresa e este decidindo 
qual das propostas aceitar.
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A Concepção Ingênua do Estado Neutro
O conceito de Estado pode ter diversas conotações. É comum se confundir 
Estado com governo, ou ainda estado-nação com país, ou ainda com regime 
político e até mesmo sistema econômico.
O Estado é uma parte da sociedade, ou seja, é uma estrutura política e 
organizacional que se sobrepõe à sociedade, ao mesmo tempo que dela faz parte. Já 
estado-nação ou país é a entidade política soberana constituída por uma população 
que habita um determinado território.
Vimos, na seção anterior, a diferença entre a Administração Pública e a Ciência 
Política. Então, o estudo do Estado deve ser realizado sob a perspectiva da 
Administração Pública ou da Ciência Política? De ambas. Tanto a visão técnica, 
quanto a visão sociológica são necessárias para conhecimento e aplicação de uma 
adequada governabilidade.
Segundo Dagnino (p. 70, 2012), “A Ciência Política, ao contrário, era entendida 
como uma perspectiva “de esquerda”, na medida em que iluminava as contradições 
de classe e permitia discernir a dominação e a exploração”.
Portanto, nem a Ciência Política nem a Administração Pública consideram o 
processo de elaboração de políticas como problemático, o que levou à recuperação 
do desafio de compreensão colocado pela construção do “Estado Necessário” 
como extremamente difícil. A adoção indiferente da Administração Pública, no 
âmbito do aparelho de Estado, foi conformando e levou a uma concepção ingênua: 
a do Estado neutro.
Entretanto, para a Ciência Política, a natureza do processo de elaboração de 
políticas e o seu resultado (atendimento às necessidades públicas) é decorrência 
das relações de poder existentes no contexto externo ao Estado, ou seja, é uma 
concepção que pode ser entendida, como mecanicista, ou ainda, uma espécie de 
determinismo social do processo de elaboração da política, bem como do conteúdo 
da política.
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UNIDADE O Planejamento Estratégico Governamental 
como Convergência e Enfoque
O Portal da Transparência do Governo Federal é uma iniciativa da Controladoria-Geral da 
União (CGU), lançada em novembro de 2004, para assegurar a boa e correta aplicação dos 
recursos públicos. O objetivo é aumentar a transparência da gestão pública, permitindo que 
o cidadão acompanhe como o dinheiro público está sendo utilizado e ajude a fiscalizar.
http://transparencia.gov.br/
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Encontramos o conceito de “Estado neutro”, tanto no pensamento marxista, 
quanto no pensamento liberal. Em Dallari (2005), por exemplo, escreve que o 
Estado é uma “Ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo 
situado em um território e cuja finalidade para os indivíduos e demais sociedades é 
fornecer os meios para atingir seus fins particulares, ou seja, o fim do Estado é o 
bem comum”.
Quadro 1 – Diferença entre a teoria marxista e a teoria liberal de Estado
Teoria marxista Teoria liberal
Baseia-se na concepção de sociedade dividida em 
classes antagônicas e com interesses divergentes.
Baseia-se na concepção feita pela burguesia nos 
diferentes momentos da história do capitalismo.
Nega a ideia de um Estado neutro, voltado para o 
bem comum.
Afirma que o Estado deve ser neutro e que está 
acima dos interesses das classes sociais.
O Estado é visto como uma instituição política 
que representa os interesses de uma classe social 
dominante, que prevalece sobre o conjunto 
da sociedade.
O Estado é visto como uma entidade que tem como 
objetivo a realização do bem comum, bem como 
o aperfeiçoamento do organismo social no seu 
conjunto.
Fonte: Schumpeter (1961).
Já os Mencheviques do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR) de 
tradição marxista, durante a Revolução Russa de 1917, acreditavam que o Estado 
é um órgão que tornava possível a “conciliação de classes” e, por isso, defendiam 
que o seu partido deveria entrar e ocupá-lo e não o substituir como propunham 
seus adversários (Bolcheviques).
Os debates e escritos dos séculos XIX e XX são ricos nessa polêmica sobre a 
possível neutralidade do Estado, sua finalidade e as possibilidades de reprimir ou 
servir-se dele tanto na tradição marxista, quanto na tradição liberal (IASI, 2001).
Mas para compreendermos melhor o conteúdo, é preciso conhecermos, nesse 
ponto, o que é o poder. A origem da palavra poder, segundo Hillman (2001, p.103):
Poder vem do latim potere (ser capaz), ela se define inocentemente como 
disposição para agir, fazer, ser. A capacidade de desempenhar um trabalho 
como energia elétrica e poder muscular. Na verdade, poder e energia são 
abstrações induzidas pelo desempenho do trabalho. Quando alguma coisa 
se move ou sofre uma mudança, nós postulamos e depois mensuramos a 
razão invisível dessa alteração como sendo energia ou poder. De maneira 
mais ampla, o poder seria definido como pura potência ou potencialidade 
– não o fazer, mas a capacidade de fazer.
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O autor ainda destaca que os tipos mais comuns sobre a ideia de poder são: a 
liderança, a influência, a resistência, a autoridade, o prestígio, a tirania, o controle 
e a ambição.
Já May (1981) define o poder como a capacidade de causar ou impedir mudança. 
Para ele, há duas dimensões do poder: como potencialidade ou como realidade. O 
autor ainda classifica o poder em cinco tipos diferentes:
1. explorador: consiste em sujeitar as pessoas a qualquer uso que elas possam 
ter para quem detém o poder.
2. manipulatório: é o poder sobre outra pessoa; pode ter sido originalmente 
provocado pela própria ansiedade ou desespero da pessoa.
3. competitivo: poder contra outrem. Em sua forma negativa, consiste em 
uma pessoa subir, não por causa de qualquer coisa que faz ou de qualquer 
mérito que tenha, mas porque o seu antagonista desce. Mas, positivamente, 
funciona como nos esportes, neutralizando o poder competitivo que poderia 
levar as nações a se engalfinharem em guerra.
4. nutriente: é o poder para o outro. Por exemplo: o que os pais normais 
dispensam a seus filhos.
5. integrativo: poder com a outra pessoa, ou seja, o meu poder apoia o poder 
do vizinho.
Nesse sentido, Kich et al. (2012) identificaram, em uma pesquisa, num 
Laboratório Médico, que relações de poder viabilizam o Planejamento Estratégico, 
pois, uma vez que ele não conta com o apoio da coalizão dominante da organização, 
não conseguirá ser realizado, já que nem sempre os membros se envolvem por livre 
e espontânea vontade, mas pelo cumprimento de ordens vindas de seus superiores.
Nesse contexto, a concepção de que o Aparelho de Estado (um conjunto de 
organismos que representam o poder de um Estado) seja um simples instrumento, 
neutro e capaz de atuar, a qualquer tempo, de forma a implementar políticas 
contrárias às premissas, tanto de manutenção, quanto de naturalização das 
relações sociais, por exemplo, de produção capitalistas que o geraram, pode levar 
a uma postura de voluntariado, tende a diminuir as dificuldades enfrentadas pelos 
governos esquerdistas (DAGNINO, 2012).
O Enfoque da Análise de Política
A Análise de Política surge, então, como área de pesquisa ligada à disciplina de 
Administração Pública. Nos anos 1960, os estudiosos de administração pública 
direcionavam seus estudos na análise organizacional,nos métodos quantitativos, 
mas não enfatizavam a questão dos valores e interesses que a Análise de Política 
sugeria como essencial para a Administração Pública. Para outros pesquisadores, 
contudo, a Análise de Política se estabelece por diferenciação/exclusão em relação 
à Ciência Política, em círculos a ela ligados (DAGNINO, 2012).
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UNIDADE O Planejamento Estratégico Governamental 
como Convergência e Enfoque
Bardach (1998) define a Análise de Políticas como um conjunto de 
conhecimentos proporcionado por diversas disciplinas das ciências humanas 
utilizado para analisar ou buscar resolver problemas concretos relacionados à 
política (policy) pública.
Para Wildavsky (1979), a Análise de Política se utiliza das contribuições de 
uma série de disciplinas diferentes a fim de interpretar as causas e consequências 
da ação do governo, em particular, do processo de elaboração de políticas. Para 
esse pesquisador, a Análise de Política é uma subárea aplicada, cujo conteúdo não 
pode ser determinado por fronteiras disciplinares, mas sim por uma abordagem que 
pareça apropriada às circunstâncias do tempo e à natureza do problema. Nessa linha, 
Lasswell (1951), essa abordagem vai além das especializações acadêmicas existentes.
Já conforme Dye (1966), a realização de uma Análise de Política implica em 
descobrir o que os governos fazem, por que fazem e a diferença que isto causa. 
Nesse caso, a Análise de Política é o detalhamento e a explicação das causas e 
consequências das ações governamentais.
A priori, essa definição parece descrever o objeto da Ciência Política, tanto quanto 
o da Análise de Política. Entretanto, ao procurar explicar as causas e consequências 
da ação governamental, os cientistas políticos têm-se preocupado com as instituições 
e com as estruturas de governo, só há pouco registrando-se o deslocamento para um 
enfoque comportamental que é essência da Análise de Política.
Ham e Hill (1993) ressaltam que, a partir da década de 1990, a política pública 
tornou-se um objeto importante para os cientistas políticos. E o que a distingue da 
Ciência Política é a preocupação de como o governo a faz.
Assim, pode-se afirmar que as políticas públicas e os atores são envolvidos se 
utilizam da Análise de Política:
1. Por problemas de esferas públicas e política (politics);
2. Com processos e resultados de políticas sempre envolvem vários grupos 
sociais; e
3. Políticas públicas se constituem em objeto de disputa entre os políticos.
Mas o que é Análise de Política? A Análise de Política é a orientação aplicada, 
socialmente relevante, multidisciplinar, integradora e direcionada para a solução 
de problemas sociais. A Análise de Política tem como característica sua natureza 
descritiva e normativa.
Conforme Dagnino (2012), para que uma Análise de Política seja efetivada 
de maneira completa e adequada, é necessário explorar três níveis: conhecer a 
estrutura administrativa, o processo decisório e a relação entre Estrado e sociedade. 
Esses níveis são aqueles em que se dão realmente as relações políticas (policy e 
politics) e como categorias analíticas:
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 · Funcionamento da estrutura administrativa (institucional): nível 
superficial, descritivo, que explora as ligações e redes intra e interagências, 
determinadas por fluxos de recursos e de autoridade etc. É o que podemos 
denominar nível da aparência ou superficial;
 · Processo de decisão: nível em que se manifestam os interesses presentes 
no âmbito da estrutura administrativa, isto é, dos grupos de pressão que 
atuam no seu interior e que influenciam o conteúdo das decisões tomadas. 
Dado que os grupos existentes no interior de uma instituição respondem 
a demandas de grupos situados em outras instituições públicas e em 
organizações privadas, as características e o funcionamento desta não 
podem ser adequadamente entendidos, a não ser em função das relações 
de poder que se manifestam entre esses grupos. É o que podemos chamar 
de nível dos interesses dos atores; e
 · Relações entre estado e sociedade: referentes ao nível da estrutura 
de poder e das regras de sua formação, o da “infraestrutura econômico-
material”. É o determinado pelas funções do Estado que asseguram a 
reprodução econômica e a normatização das relações entre os grupos 
sociais. É o que explica, em última instância, a conformação dos 
outros dois níveis, quando pensados como níveis da realidade, ou as 
características que assumem as relações a serem investigadas, quando 
pensadas como categorias analíticas. Este nível de análise trata da função 
das agências estatais que é, em última instância, o que assegura o processo 
de acumulação de capital e a sua legitimação perante a sociedade. É o 
que podemos denominar nível da essência ou estrutural.
Por meio da passagem por esses três níveis, diversas vezes, será possível se 
conhecer o comportamento da “comunidade política” existente numa área 
qualquer de política pública. Dessa forma, será possível identificar as características 
necessárias para uma política. Este processo envolve, ainda, o estudo da estrutura 
de relações de interesses políticos construídos entre os diversos atores envolvidos, 
bem como explica a relação tanto no primeiro nível superficial das instituições, 
quanto no terceiro nível, aquele complexo da estrutura econômica.
Conforme Dagnino (2012), o Planejamento Estratégico Governamental (PEG) 
conta ainda com uma série de instrumentos, metodologias e técnicas que adicionam 
à reflexão sobre Análise de Políticas apreensões realistas e próximas do contexto 
latino-americano. Os principais aspectos dessa metodologia são:
 · O planejamento tradicional (normativo) é criticado, pois é autoritário e 
baseado em acordos fechados de gabinete.
 · A utilização do termo estratégico, no seu duplo sentido de movimento, 
pois depende da solução de um problema para o ator que planeja. Dessa 
forma, este ator enfrenta ou vai ser enfrentado por um adversário que 
também se movimenta, inclusive em resposta às suas ações. Essas ações 
irão construir o cenário normativo, ou seja, aquele cujo conteúdo interessa 
apenas ao ator que o planeja. Então, a estratégia por ter seu foco em 
projetos de longo prazo, não apenas em manobras de curto prazo.
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UNIDADE O Planejamento Estratégico Governamental 
como Convergência e Enfoque
 · Existe uma diferença colocada entre o planejamento estratégico 
corporativo ou empresarial e o que trata dos problemas públicos. O 
primeiro, do qual infelizmente se originam muitas das propostas que são 
furtadas para a esfera governamental. Já o segundo, trata dos problemas 
públicos sociais, que estão situados no contexto Estado-Sociedade, de 
forma lógica com as demandas da sociedade e não apenas com as de um 
grupo econômico e politicamente favorecido.
 · Há um empenho para a criação de um método para se conhecer o jogo 
social, ou seja, a relação entre os seres humanos e, dessa maneira, conseguir 
resultados expressivos apesar da incerteza, quase sempre presente, a 
partir de categorias: ator social, teoria da ação social, produção social e 
conceitos como o de situação e o de momento.
Quadro 2 – Etapas do planejamento estratégico clássico
Pergunta Etapa do Planejamento Estratégico Tecnologia ou Ferramenta
Quem somos? 1. Declaração da missão organizacional Não há
Aonde
vamos? 2. Estabelecimento de visão de futuro Não há
Onde / Como 
estamos?
3. Avaliação do ambiente interno
4. Avaliação do ambiente externo
Análise de pontos fortes e fracos, análise de ameaças 
e oportunidades, análise PEST (ambientes: político, 
econômico, social e tecnológico), análise de cenários, 
análise prospectiva genérica, fatores críticos de 
sucesso, análise da cadeia de valor.
Como vamos?
5. Definição de objetivos estratégicos
6. Seleção de estratégias
7. Planos de ação
Objetivos-chave, estratégias, políticas,controle 
estratégico, balanced scorecard, ciclo PDCA.
Fonte: Fontes Filho (2006).
O Enfoque do Planejamento Estratégico Situacional
Aqui, diferentemente do enfoque da Análise de Política, no enfoque do 
Planejamento Estratégico Situacional (PES), será realizada uma introdução ao 
tema, que será abordado com mais ênfase e detalhes na próxima unidade.
Figura 1 – Golpe militar no chile. Foto sobre notícia sobre os trinta anos do golpe militar chileno, liderado pelo 
General Augusto Pinochet, que bombardeou o Palácio de La Moneda (sede da presidência chilena)
Fonte: OtraPrensa (2011)
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O Planejamento Estratégico Situacional surgiu após um longo processo de 
reflexão ocorrido no período, em que Carlus Matus ficou preso em função do golpe 
militar chileno, o qual levou à morte o presidente Salvador Allende, em 1973. Essa 
reflexão o levou a formular uma crítica ao planejamento governamental tradicional 
e propor um método alternativo, que leva em consideração não só o caráter 
situacional, ou seja, da situação do ator que planeja, como também estratégico, o 
qual deveria possuir o planejamento; em especial, aquele necessário para lidar com 
as particularidades do Estado latino-americano.
O texto intitulado “O que é o Planejamento Estratégico Situacional?” conta a história do 
Economista chileno Carlos Matus, que criou o Planejamento Estratégico Situacional (PES) 
em meados da década de 1970. Esse método é uma ferramenta de suporte ao mesmo tempo 
científi ca e política para o trabalho cotidiano de dirigentes públicos e outros profi ssionais 
em situação de governo. Disponível em: http://goo.gl/Zj6xEN
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O Planejamento Estratégico Situacional, ao contrário da Análise de Política, 
coloca-se, por sua vez, como uma “contraproposta epistemológica” ao planejamento 
de tipo economicista. Conforme Dagnino (2012), o PES opera sobre variáveis 
quantitativas, frequentemente de natureza econômica, que demonstra uma 
enganosa impressão de exatidão e racionalidade, cujas características básicas são:
 · Nega a probabilidade de uma única análise sobre a realidade, pois realça 
que os diversos atores esclarecem ou mostram seu ponto de vista sobre 
a realidade, a partir de suas vivências particulares e são voltados para a 
ação. Não deve existir uma única visão sobre a realidade, pois cada um 
tem um entendimento sobre determinado assunto.
 · Reconhece que os diversos atores favoráveis ao governo (situação) 
nunca têm todo controle sobre os recursos necessários para seus projetos. 
Assim sendo, eles nunca saberão, com certeza, que suas ações obterão 
os resultados anunciados. Isso ocorre por que os recursos são escassos. 
Não apenas os recursos econômicos, mas também os de poder, os de 
conhecimento e ainda de capacidade de organização e gestão.
 · Aceita que a ação do homem é intencional e dificilmente previsível, como 
dizem os comportamentalistas.
 · Aceita que, no jogo social, nunca se sabe o final da história.
O autor ainda complementa, que apesar da incerteza, da incapacidade de 
controlar os recursos, do abandono de qualquer posição determinística, há sempre 
espaço para a ação humana intencional, para se “fazer história”, para se “construir 
sujeitos” individuais e coletivos e para se lutar contra a improvisação, construindo 
um caminho possível que se aproxime do rumo desejado.
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UNIDADE O Planejamento Estratégico Governamental 
como Convergência e Enfoque
Quadro 3 – Comparativo da Análise de Política X PES
Descrição Análise de Política
Planejamento Estratégico 
Situacional
1. Visão Futuro Presente
2. Explicação da realidade Baseada em diagnósticos Apreciação situacional
3. Concepção do Plano Normativo-prescritivo Adaptativo
4. Análise estratégica Consultas a especialistas Análise da viabilidade
5. Fatores Genéricos Específico
6. Operação Ação separada do plano Mediação entre plano e ação
Fonte: Lida (1993).
Deixo aqui uma citação de Públio Siro (foi escritor de Latim na Roma antiga) “O 
plano que não pode ser mudado não presta”.
Chegamos ao fim de mais uma unidade. Não se esqueça de realizar todas 
as atividades. Releia todo o conteúdo, pois em cada um há diversos conceitos 
essenciais para o exercício da profissão.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Revista do Serviço Público
MACEDO, Marcelo Ernandez; ALVES, Andrea Moraes. Reforma administrativa: o 
caso do Reino Unido. Revista do Serviço Público, v. 48, n. 3, p. 62-83, 2014.
http://goo.gl/fNZefE
Revista Brasileira de Administração Política
DAGNINO, Renato. A capacitação de gestores públicos: uma aproximação ao 
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UNIDADE O Planejamento Estratégico Governamental 
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