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AULA 08 – NEFROLOGIA – PROF. FABRIZIO CAIO ALCÂNTARA TXXVII-B AULA 08 – LESÃO RENAL AGUDA (LRA) OU INJÚRIA RENAL AGUDA (IRA) OU INSUFICIÊNCIA RENA AGUDA Importância: O conhecimento das particularidades da LRA tem importância para o clínico, pois se trata de patologia relativamente comum que envolve uma grande morbidade e mortalidade em torno de 50 a 70%. DEFINIÇÃO · É a perda ou a piora abrupta da função renal levando a um aumento das escórias nitrogenadas e perda da capacidade renal de manter o equilíbrio do meio interno, principalmente a regulação do volume extracelular, dos eletrólitos e do metabolismo ácido-básico; · Escórias Nitrogenadas – ureia, creatinina e ácido úrico; · Consequências: · Fator de risco independente para mortalidade; · 50% no geral, 70% associada a sepse; · Aumento de morbidade; · Prolongamento da hospitalização; CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL · Pré-renal (55 a 60%); · Causas hemodinâmicas ou antes de acontecer no rim; · Renal intrínseca (35 a 40%); · Doenças renais ou isquemias renais; · Pós renal (< 5%); · Obstrução da via urinária; · + rara e + fácil de resolver porque é pela via urológica; LRA Pré-renal · Hipoperfusão; · Diminuição do Fluxo Sanguíneo Renal; · Aumento da reabsorção de sódio e água; (pode ter uma Hiponatremia e hipertensão arterial); · Oligúria; · Alta UOSM (>500), baixo UNA (FeNa > 1%); · Relação Ureia/Scr (ureia mais elevada que creatinina sérica); · Isso ocorre porque a Ureia é reabsorvida mais rapidamente no túbulo doente; · Sedimento Urinário Pobre; LRA Intrínseca · Por doenças do próprio rim; Necrose Tubular Aguda · Sepse – 48% (em 48% dos casos a sepse leva a insuficiência renal); · Hemodinâmica (excluindo sepse) – 32% (choque ou diminuição da perfusão renal por IC ou outro mecanismo tem 32% de Necrose Tubular Aguda); · Tóxica – 20%; · NSAIDS (Anti-inflamatório não hormonal); · Radiocontrastes; · ACEI (Inibidores da ECA); · Antibióticos (Gentamicina, Anfotericina); · Há um segmento mais sensível a isquemia, que é logo depois do túbulo proximal, sendo então local onde mais se faz Necrose Tubular Aguda; · PaO2 diminui a medida que adentra na parte medular do rim; LRA Pós-renal · Sempre que há uma obstrução do trígono vesical, ou seja, · Intraluminal; · Extramural; · Hipertrofia Prostática; · Carcinoma Prostático; · Obstrução uretral, litíase · Fimose; · Válvula congênita; · Estenose; · Tumor; ESTADIAMENTO 1. Aumento da Creatinina Sérica (Scr): (por diminuição da excreção da creatinina) a. Aumento da Scr ≥ 0,3 mg/dL em 48 horas; b. Aumento de 1,5X a Scr de uma valor basal conhecido ou presumido há 7 dias atrás; 2. Diminuição da Diurese: a. Diminuição da diurese para menos de 0,5 mL/Kg/Hora nas últimas 6 horas; i. Paciente 80 Kg – Não pôde ter uma diurese < 40mL na últimas 6 horas, pois se estiver já será estágio 1; A LRA de acordo com estes parâmetros é classificada de acordo com a gravidade (KDIGO – Clinical Practice Guidelines for Acute Renal Injury) em: Estágio 1 · Aumento da Scr ≥ 0,3 mg/dL ou aumento de 1,5 a 1,9 vezes a Scr de um valor basal ou volume urinário < 0,5 mL/Kg/Hora nas últimas 6 a 12 horas; Estágio 2 · Aumento da Scr igual 2 a 2,9 vezes a Scr de um valor basal ou volume urinário < 0,5 mL/Kg/Hora num período ≥ 12 horas; Estágio 3 · Aumento da Scr igual 3 vezes a Scr de um valor basal ou valores da Scr ≥ 4 mg/dL ou volume urinário < 0,3 mL/Kg/Hora num período ≥ 24 horas ou anúria em 12 horas ou aqueles que iniciaram terapia renal substitutiva; · IRA já estabelecida que em geral só depois do tratamento que rim pode se recuperar; FISIOPATOLOGIA · Volume Circulante Efetivo – volume de plasma que chega efetivamente nos rins; · DC bom, quantidade de líquido suficientemente grande nos vasos para manter uma PAM aceitável para conservar um FSR (fluxo sanguíneo renal) e FPR (fluxo plasmático renal) normais; · Quanto mais sangue tiver no rim, menor a chance de desenvolver Insuficiência Renal Aguda; · Regulação Intra-renal (Auto regulação renal); · Arteríolas Aferentes e Eferentes possuem uma diferença de pressão entre si; · Fluxo Sanguíneo Renal depende da pressão arterial renal, além de ser inversamente proporcional a resistência arterial aferente e resistência arterial eferente (↑ R ↓ Fluxo); · Locais de Resistência Arterial Renal: · Arteríolas aferentes (Raf) e eferente (Ref); · Raf sobre ação da prostaglandinas e Ref sofre ação de uma substância do SRAA; · Pressão de Filtração; · Índice de Filtração Glomerular (IFG); Mecanismo de Regulação Intra-renal Regulação Intra-renal · Figura apresenta condições normais da pressão de perfusão renal e a IFG normal; · Situação exemplificando uma queda da PAM, uma queda no FSR e ativação dos sistemas com vasodilatação da arteríola aferente por ação das prostaglandinas e vasoconstricção da arteríola eferente por ação principal da Angiotensina II; · Manutenção da Pressão Intracapsular Renal e IFG normais; · Quando usa-se anti-inflamatórios não hormonais (AINES) (inibição do ciclo do ácido araquidônico e diminuição das PGE) há contração da arteríola aferente e, consequentemente, diminuição do FSR e do IFG; · Quando há uso de IECA e BRA em longo prazo ou altas doses, ocorre o bloqueio da Angiotensina II e vasodilatação da arteríola eferente e, consequentemente diminuição da Pressão Intra-glomerular e do IFG; · IECA e BRA não devem ser utilizados quando a creatinina chega perto de 3 mg/dL ou quando a TFG < 30mL/min; Falha da Regulação Intrarrenal · A regulação intrarrenal falha quando a PAM cai para menos que 80 mmHg (< 80 mmHg); · Ajustes posteriores são incapazes de manter o Índice de Filtração Glomerular; · Depois dos 30 anos, o FSR e IFG reduzem progressivamente com a idade; · Com 80 anos, tem-se um IFG perto da metade do que tem um indivíduo de 20 anos; IRA PRÉ-RENAL (HEMODINÂMICA) · Fatores que influem na redução local ou generalizada do FSR, com redução do IFG resultando em uma IRA Pré-renal; · Chama-se pré-renal porque corrigidos esses distúrbios pode voltar a função renal normal; Avaliação Clínica da Pré-renal · Para realizar essa avaliação usa-se a Fração de Excreção de Sódio (FeNa); · Permite Diferenciação entre IRA pré-renal e NTA; Razão entre o Clereance da Creatinina pelo Clearence do Sódio. · Usa-se FeNa para saber a quantidade de sódio que é reabsorvido no túbulos renal; · Normalmente quando ingere uma quantidade de sódio, retém praticamente todo o sódio possível e excreta a menor quantidade possível (< 1%); · Comum é < 0,01%; · Na Necrose Tubular Aguda (NTA) tem lesão do túbulo podendo ter uma excreção maior, atingindo 1 a 2%; FeNa é o melhor índice discriminativo para diferenciar NTA de PR. Índices Urinários FISIOPATOLOGIA DA NTA (Reparo e Injúria da Célula Epitelial Tubular) · Isquemia/Reperfusão em um Epitélio normal → Perda da polaridade (polo parietal passa a ser luminal e vice versa) → Piora função da célula → Necrose ou Apoptose (morte celular) → Debri celular para dentro de túbulo → Diminuição da quantidade de células no túbulo → NTA → após algum tempo tem uma desdiferenciação das células → melhora da função celular com reperfusão e migração → proliferação celular → reestabelecimento da polaridade → função renal normal; Lesão Subletal – Mecanismos EVOLUÇÃO E CONDUTA Necrose Tubular Aguda · Fases: · Iniciação (isquemia); · Começa no momento da hipoperfusão renal ou exposição ao agente tóxico; · Desencadeia eventos lesarão os rins, mantendo a disfunção mesmo após o fim da agressão inicial; · Manutenção (quando células estão doentes); · Começa com o estabelecimento da IRA (pós fase de iniciação); · Pode durar dias a meses; (geralmente de 15 a 21 dias) · Recuperação; · Reparação da Injúria Renal; · Recuperação da Função Renal; · Avaliação Clínica · Abordagem Geral · História; · Exame físico (incluindo peso e fundo de olho); · Urina I; · Gráfico com Cr, U, PA, peso, eventos clínicos e terapias; · Exames de Laboratório básicos: · Ureia, Creatinina; · Sódio, Potássio, Cloro; · Cálcio, Fosfato; · Bicarbonato; · Hemograma; · Exames de Investigação · Imagem · RX Abdômen; · USG Rins evias urinárias; · Arteriografia renal; · Biópsia Renal; · Alteração na fundoscopia do olho tem grandes chances de ser crônico; DICAS CLÍNICAS SOBRE IRA
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