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1 Fisiologia – Vitor Benincá CONCEITOS IMPORTANTES OLIGÚRIA: Volume urinário inferior a 400ml em 24 horas Volume urinário inferior a 0,5ml/kg/h > 6 horas (Bom para descobrir mais rápido em casos de pacientes graves) POLIÚRIA: Volume urinário superior a 2.500ml em 24 horas ANÚRIA: Volume urinário inferior ou igual a 100ml em 24 horas A absorção de água nos rins ocorre nos túbulos. O primeiro problema é a diminuição da TFG, mas muitas vezes a diminuição não é suficiente para baixar significativamente a passagem de água para os túbulos. Se a deficiência foi no tubo, não haverá reabsorção de água Nem sempre que há uma lesão renal aguda haverá uma insuficiência renal aguda (última etapa da lesão). Lesão Renal Aguda: Lesão direta ou indireta ao rim, com comprometimento funcional podendo ser de caráter temporário Insuficiência Renal Aguda: Comprometimento funcional ou orgânico do rim acometendo disfunção renal com grau maior de irreversibilidade, estágio final da agressão CALCULAR FUNÇÃO RENAL Clearence De Creatinina Usado para a insuficiência. Na lesão renal não dá para calcular, pois altera com frequência. Portanto não se usa a fórmula para lesão renal aguda. Lesão Renal Aguda Queda abrupta (horas a dias) da TFG Aumenta morbimortalidade do paciente, podendo elevar o risco em até 30-50% Muito comum no âmbito de terapia intensiva. TIPOS DE LESÃO Lesão pré-renal (mais comum): Redução da perfusão renal, isto é, de eventos que culminam em diminuição do volume circulante, como no caso de desidratação (p. ex., diarreia, vômitos, febre), sangramentos (choque hemorrágico), uso de diuréticos e insuficiência cardíaca. Caracteriza-se por redução da excreção urinária de sódio e de água, com elevação da Osm urinária Facilmente reversível, desde que os fatores precipitantes sejam rapidamente corrigidos. Taxa reversão é nas primeiras 48 horas. Acima disso, pode ser insuficiência Lesão Renal Aguda 2 Fisiologia – Vitor Benincá Se o rim começa a ser hipoperfundido, o rim ativa o mecanismo de feedback tubuloglomerular. Há uma queda da PA, o rim começa a produzir renina → angiotensina II. Essa faz vasoconstrição + estímulo da suprarrenal a liberar aldosterona, que retém sal e água A vasoconstrição é sobretudo na arteríola eferente O aumento da resistência de saída, aumenta a pressão no glomérulo, aumentando a TFG. As prostaglandinas fazem uma vasodilatação da arteríola aferente, auxiliando a aumentar a pressão glomerular e a TFG. Os IECAs interferem a formação da enzima conversora de angiotensina, inibindo a vasoconstrição da arteríola eferente. Isso diminui a pressão do glomérulo. Isso força menos proteína a sair do glomérulo. (efeito antiproteinúria). Portanto, IECA não deve ser usado em lesão renal aguda. O uso de AINEs inibe a formação de prostaglandinas, impedindo sua ação na vasodilatação da arteríola aferente. Lesão Renal Intrínseca Em estados de choque, há liberação de catecolaminas (Adenosina, Noradrenalina), provocando vasoconstrição da arteríola aferente (principalmente) e eferente. Isso aumenta bastante a pressão. Com o predomínio desses hormônios vasoconstritores, há diminuição da perfusão e lesão. Não há ATP suficiente para os numerosos transportes ativos do néfron. Na lesão pré-renal, as células lesadas começam a se desprender, pois está em falta de ATP, há a perda de cilindros hialinos (descamação das células). Com isso, haverá células mais complexas e cilindros granulosos (morte da célula). Com a perpetuação da lesão, haverá obstrução dos túbulos pelas células que se desprenderam (semelhante a um trombo). Com essa esfoliação das células, começa a ter uma insuficiência renal. Assim, a lesão pré-renal se torna renal. 3 Fisiologia – Vitor Benincá Lesão Renal Aguda Intrínseca Classificada de acordo com o principal local afetado: glomérulo, túbulos, interstício e vasos. Principal e mais frequente causa de necrose tubular aguda (NTA) é isquêmica e o seu principal fator causal tem origem pré-renal, como consequência da redução do fluxo sanguíneo não revertida, especialmente se houver comprometimento suficiente para provocar a morte das células tubulares (e formação do “trombo”). Assim, haverá morte do túbulo e a urina provavelmente estará volumosa e diluída. Depois das isquêmicas, as causas nefrotóxicas são as mais frequentes na LRA renal. Os agentes nefrotóxicos incluem principalmente antibióticos aminoglicosídeos, contrastes radiológicos e quimioterápicos, além de pigmentos (p. ex., mioglobina) e venenos ofídicos. Lesão Pós Renal Obstrução das vias urinárias, que pode ser observada em qualquer nível do trato urinário, porém, no acometimento de ureteres, depende da presença de obstrução bilateral. A obstrução pode ser causada por hiperplasia prostática benigna, neoplasia de próstata ou bexiga, distúrbios retroperitoneais, bexiga neurogênica, cálculos renais bilaterais (geralmente no ureter), fibrose retroperitoneal, HPV, entre outros. Quando faz lesão unilateral por cálculo, o paciente previamente saudável, dificilmente causará insuficiência renal. Se for bilateral ou paciente com rim único, o cálculo pode causar APRESENTAÇÃO CLÍNICA Início da agressão → Oligúrica/Poliúrica → Oligúrica* → Poliúrica → Recuperação (geralmente se manifesta numa forma poliúrica e depois se normaliza) 7 – 21 dias entre as fases (o período é maior conforme o grau de agressividade. O paciente saudável pode recuperar a função renal nesse período) Azotemia (Acúmulo escórias hidrogenadas) x Uremia (causada pelo azotemia = manifestações relacionadas) O estágio final é anúria Alteração no balanço da H2O e Na Aumento de K (potássio) – Lesão muscular, catabolismo, shift (troca) intracelular (H+ entra na célula e K+ sai) - Principal causa de mortalidade. Causa arritmia pela hiperpotassemia (aumento intravascular, que é extracelular). O SRAA está danificado, então não haverá absorção de sódio e excreção de potássio e hidrogênio. Hipocalcemia / Hiperfosfatemia Acidose Metabólica (1° Ânion Gap normal → AG aumentado) Associação com infecção *Principal causa de mortalidade extra-renal Quadros de congestão (Derrame pericárdico, IC, Anasarca) Encefalopatia urêmica (ureia >300). Quadro semelhante de AVC 4 Fisiologia – Vitor Benincá DIAGNÓSTICO O diagnóstico é dado pelo critério da CrS ou pelo débito urinário. Isso é diagnóstico de lesão, se esse estágio durar mais de 48h, há uma insuficiência aguda. Paciente que fica em anúria por 12h, dificilmente há retorno da função renal A creatinina é absorvida no glomérulo, já da ureia é nos túbulos. Por isso se a IRA é pré-renal, há problema na absorção de creatinina, por isso haverá uma relação ureia/creatinina aumentada, pois haverá absorção de ureia, mas de creatinina não. FE sódio estará menor que um, pois esse continua sendo absorvido normalmente no túbulo. A FE de ureia segue o mesmo comportamento. Com isso, a osmolalidade estará aumentada, pois a água está sendo absorvida normalmente pelos túbulos. Assim, a urina estará bem concentrada. Na IRA renal, a relação ureia/creatinina estará diminuída, pois a ureia também não será reabsorvida (é pelo túbulo, mas está “danificado”). TRATAMENTO Nem sempre é possível suspender os medicamentos, por isso deve-se suspender se possível Evitar hiperglicemia, pois o paciente fica hiperosmótico (o cálculo inclui a glicose), assim, o paciente tentará urinar mais para eliminar a glicose. Evitar cateteres em veia subclávia se possível. Pois pode fazer trombose. Pré-renal: Reposição volêmica e controle de distúrbios hidroeletrolíticos (30ml/kg). Se esses tratamentosnão der certo, terapia de substituição renal → diálise URGÊNCIAS DIALÍTICAS Hipercalemia refratária Acidose Metabólica refratária (diminuição do bicarbonato) Hipervolemia sem resposta a diuréticos. Paciente anúrico, mesmo recebendo terapias de reposição de volemia. Uremia grave com complicações neurológicas / cardíacas / digestivas (sangramento) 5 Fisiologia – Vitor Benincá Caso Clínico Paciente do sexo feminino, 42 anos, sem precedentes mórbidos, diz somente beber pouca água apesar de comer bastante comida salgada Dá entrada no pronto socorro com queixa de há 3 dias estar com dor lombar mais à D, pico febril de 38°C em casa e notou sua urina um pouco mais escurecida e “diminuída” Ao exame físico: Regular estado geral, lúcida e contactuante, orientada em tempo e espaço ACP sp ABD RHA+ doloroso à palpação flanco D, com PPL + a D PA 84 x 62 FC 122 TEC (tempo de enchimento capilar) ~4 segundos, normal é menor que 3. Isso indica uma má perfusão. Diagnóstico sindrômico de sepse 1. Quais as primeiras medidas que você faria para essa paciente? Reposição de volume (melhorar perfusão), Antibioticoterapia empírica Ceftriaxona (devido à sepse) 2. Quais exames você pediria? Creatinina, EQU, hemocultura, TSA, hemograma, eletrólitos, gasometria. Resultado exames 24mil leuc; Hb 11; Creatinina 3; Ureia 186; Pot 5,8; Sódio 140; pH 7,31; 3. Acrescentaria algum exame de imagem? US, TC 4. Você planejaria internar essa paciente? UTI preferencialmente Cálculo de aproximadamente 2cm. É um lesão pré-renal, renal e pós-renal, pois a relação ureia/creatinina (186/3) >40
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