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etapa_3 A Práxis Profissional do Assistente Social

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A PRÁXIS PROFISSIONAL DO 
ASSISTENTE SOCIAL
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Curso sobre Serviço Social
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Organização
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Autora
Cristiana Montibeller
Denise da Silva Vieira
Joelma Crista Sandri Bonetti
Marines Selau Lopes
Silvana Braz Wegrzynovski
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Letícia Vitorino Jorge
Revisão
Harry Wiese
IMPLICAÇÕES DAS EXPRESSÕES SOCIAIS DA QUESTÃO SOCIAL E A 
FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS, 
SERVIÇOS, PROGRAMAS E POLÍTICAS SOCIAIS
Profª. Cristiana Montibeller
APRESENTAÇÃO DA ETAPA 
Caro(a) acadêmico(a)! Seja muito bem-vindo a esta nova etapa de estudo e 
aperfeiçoamento que é a práxis profissional do assistente social, curso proposto para 
reforçar o seu entendimento e relembrá-lo de alguns aspectos importantes sobre a 
questão social, tópico importantíssimo de análise, estudo, aprofundamento, pesquisa 
e intervenção profissional, visto o acirramento gradativo das expressões sociais que se 
manifesta de formas diversas na sociedade.
Vários aspectos relacionados à nossa profissão como assistente social precisam 
ser compreendidos e reforçados em sua análise mais ampla na atual conjuntura e 
contemporaneidade, no que diz respeito à questão social e sua relação com o serviço 
social, bem como o entendimento de suas múltiplas e complexas expressões sociais na 
atualidade em nossa realidade brasileira, demanda de nossas intervenções.
Existem muitos desafios profissionais em relação às múltiplas e complexas 
expressões sociais no Brasil. Assim, dentro de um perspectivismo de enfrentamento e 
redução, de redução e resolução, podemos e devemos nos impor enquanto profissionais 
na busca de possibilidades e alternativas de reversão do agravamento das manifestações 
da questão social. Os desafios e enfrentamentos das expressões multifacetadas da questão 
social são inúmeros e parecem se tornar irreversíveis e acirradas, porém precisamos 
propor alternativas possíveis na construção de uma nova ordem societária.
Prontos para começar a estudar, pesquisar, analisar e a compreender o significado 
e a amplitude da questão social?
Então, mãos à obra!
Profª. Cristiana Montibeller
IMPLICAÇÕES DAS EXPRESSÕES 
SOCIAIS DA QUESTÃO SOCIAL E A 
FORMULAÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO, 
EXECUÇÃO E AVALIAÇÃO DE 
PROJETOS, SERVIÇOS, PROGRAMAS 
E POLÍTICAS SOCIAIS
ETAPA 3
3SERVIÇO SOCIAL
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TÓPICO 1 – A AMPLITUDE DA TERMINOLOGIA DO 
TERMO DA QUESTÃO SOCIAL 
Cristiana Montibeller
A questão social está intrinsecamente vinculada com a história do surgimento e 
desenvolvimento do capitalismo, visto o desenrolar dos acontecimentos que mudaram 
o curso da história da humanidade. Por isso precisamos conhecer o passado para 
compreender e refletir sobre aspectos do cenário contemporâneo mundial e da nossa 
própria realidade enquanto profissionais que atuam diretamente com as expressões 
da questão social e não mais no aspecto da filantropia e com pobres desajustados 
(MONTIBELLER, 2015).
Do feudalismo se instaurou o capitalismo gradativamente, assim a Revolução 
Industrial que teve início na Inglaterra, emergindo aproximadamente em 1775, se 
espalhou por toda a Europa. Sem precedentes e concomitantemente com o crescimento 
econômico, crescia também um número exorbitante de homens, mulheres e crianças em 
situações desumanas e degradantes, de desigualdade social, pobreza e exclusão social.
A questão social e suas expressões, na época do surgimento e desenvolvimento 
do capitalismo, era designada como problemas ou disfunções sociais. Assim percebiam 
e consideravam todos os problemas sociais como desvios de conduta, que estavam 
vinculados e relacionados com a cultura, a moral, a religião, a família, com a característica 
pessoal da própria pessoa. A pobreza era relacionada a causas individuais e psicológicas, 
pensava-se o pauperismo como mendicância e como crime, assim a repressão se instituía 
como forma de tentar harmonizar, equilibrar, por ordem na sociedade industrial da época 
que estava emergindo. 
Segundo Montaño (2012, p. 274):
[...] a partir de 1834, existem algumas características e problemas dessa con-
cepção de “questão social”, pobreza e tratamentos:
a. A “questão social” é separada dos seus fundamentos econômicos (a con-
tradição capital/trabalho, baseada na relação de exploração do trabalho pelo 
capital, que encontra na indústria moderna seu ápice) e políticos (as lutas de 
classes). É considerada a “questão social” durkheimianamente como proble-
mas sociais, cujas causas estariam vinculadas a questões culturais, morais e 
comportamentais dos próprios indivíduos que os padecem.
b. A pobreza é atribuída a causas individuais e psicológicas, jamais a aspectos 
estruturais do sistema social.
c. O enfrentamento, seja a pobreza considerada como carência ou déficit (onde 
a resposta são ações filantrópicas e beneficência social). Ou seja, ela entendida 
como mendicância e vadiagem (onde a resposta é a criminalização da pobreza, 
enfrentada com repressão/reclusão), sempre remete à consideração de que as 
causas da “questão social” e da pobreza encontram-se no próprio indivíduo. 
Trata-se das manifestações da “questão social” no espaço de quem os padece, 
no interior dos limites do indivíduo, e não como questão do sistema social. 
Essa é a perspectiva pós-1835, século XIX — que, a partir da constituição do 
4 SERVIÇO SOCIAL
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proletariado como sujeito e de suas lutas desenvolvidas particularmente entre 
1830-48, pensa o pauperismo como mendicância e como crime, tratando assim 
dela com repressão. 
O aumento da pobreza e da exclusão social, das desigualdades sociais, da 
expansão de situações de risco social, a precarização do trabalho, baixos salários, 
trabalho infantil, carga horária excessiva, falta de garantia de condições mínimas de 
trabalho, crescimento excessivo de imigrações e migrações, explorações diversas eram 
evidenciados na época do surgimento e desenvolvimento do capitalismo. 
Nesse sentido, é necessário que a compreensão e análise crítica da “questão 
social” em sua gênese e contemporaneidade se faça valer, bem como a identificação das 
várias formas em que se manifestam as expressões da “questão social” na sociedade, a 
fim de que se possa construir estratégias diversas de enfrentamento das desigualdades 
sociais e propor a conquista, efetivação, garantia e ampliação dos direitos sociais. Assim, 
vamos contando que a sociedade é mutável e, consequentemente, se desenvolve e exige 
adequações, adaptações, mudanças, readaptações, novas interpretações, pois também 
vão se configurando e surgindo novas formas de vida e situações, novas expressões 
sociais que se modificam e se alteram, se intensificam e exigem novos olhares e novas 
ações.
Assim, o pensar sobre o social está relacionado com o desenvolvimento do 
capitalismo, especificamente, em meados do século XIX, na Europa, conforme especifica 
de forma clara sobre esse assunto a assistente social e doutora em sociologia Marilena 
Jamur (1997, p. 19-20), onde vem descrevendo e interpretando o sociólogo francês 
Jacques Donzelot:
O social, segundo Donzelot (1992), foi uma “invenção” do século XIX. Através 
de uma ampla e minuciosa análise, o autor faz a demonstração de que a “in-
venção do social” se impõe como uma necessidade política, no momento em 
que o ideal republicano – forjado no Século das Luzes – se vê confrontado à 
primeira formademocrática colocada em prática na França, após a Revolução 
de 1848. Naquela conjuntura, com a adoção do sufrágio universal, quando são 
retomados os princípios democráticos norteadores da “Revolução Gloriosa” 
de 1789, por um lado, reavivam-se as certezas e as promessas contidas no ideal 
republicano de liberdade e de igualdade; ao mesmo tempo, por outro lado, 
aparecem claramente as contradições e o conflito de interesses que obstaculizam 
a realização desse ideal. O autor defende o argumento de que a emergência 
do social com um domínio específico de preocupações e de intervenção está 
profundamente articulada ao surgimento da “questão social”.
Assim como o social, a questão social também está vinculada à história do 
desenvolvimento do capitalismo, ou mais especificamente, com as consequências 
do novo sistema econômico que estava surgindo na Europa, um déficit social de 
desencantamento, temor e pânico, pois o capitalismo para se instalar não foi de modo 
pacífico, harmonioso ou glorioso, mas de forma coercitiva, manipulatória, autoritária, 
5SERVIÇO SOCIAL
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exploratória e excludente. 
Segundo Donzelot (1992, p. 33-34, apud JAMUR, 1997, p. 21), 
A “questão social” – designação que aparecera por volta de 1830 – será definida 
principalmente neste sentido: como reduzir a distância entre o novo funda-
mento da ordem política e a realidade da ordem social, a fim se assegurar a 
credibilidade da primeira e a estabilidade da segunda, se não quiser “que o 
poder republicano seja de novo investido de esperanças desmedidas e, depois, 
vítima do desencantamento destruidor daqueles mesmos que a ele deveriam 
ser mais apegados”. A “questão social” aparece como a “constatação de um 
déficit da realidade social, com relação ao imaginário político da República. 
Um déficit gerador de desencantamento e de temor: desencantamento daque-
les que esperavam dessa extensão da soberania política (a todo o povo) uma 
modificação imediata de sua condição civil; temor, e mesmo pânico, daqueles 
que receavam que esse poder através do povo servisse para instaurar o poder 
do povo de Paris sobre o resto da Nação”.
Nesse sentido, vamos entendendo que a “questão social” surge por volta de 
1830, e emerge com questionamentos sobre como diminuir a relação entre o público e 
o privado, entre a política e a realidade social, com o intuito de efetivar a credibilidade 
e comprometimento político e a harmonia social. Assim, a questão social surge numa 
esfera de desencantamento e decepção de uma democracia disfarçada e numa esfera 
de medo do que estaria por vir. Com o surgimento do capitalismo, a nova divisão do 
trabalho social trouxe aos trabalhadores e suas famílias diversos prejuízos e riscos, além 
de evidenciar a desigualdade social e um contingente de miseráveis, os mesmos eram 
iludidos por um imaginário político ideológico de modernidade, progresso e riqueza 
para todos (MONTIBELLER, 2015).
A questão social representa uma perspectiva de análise da sociedade. [...] nós 
não vemos a questão social, vemos suas expressões: o desemprego, o analfabe-
tismo, a fome, a favela, a falta de leitos em hospitais, a violência, a inadimplên-
cia, etc. Assim é que a questão social só se nos apresenta nas suas objetivações, 
em concretos que sintetizam as determinações prioritárias do capital sobre o 
trabalho, onde o objetivo é acumular capital e não garantir condições de vida 
para toda a população (MACHADO, 2014, p. 1).
Assim, vamos compreender então que a questão social representa uma perspectiva 
de análise da sociedade, pois não vemos a questão social em si, mas sim suas expressões, 
ou seja, percebemos as inúmeras e incômodas manifestações e expressões sociais, onde 
o assistente social, por sua vez, ocupa um espaço e importância que lhe é próprio, 
procurando dar respostas nas mais variadas formas de expressão da questão social via 
políticas sociais dos mais variados segmentos da sociedade.
Como já foi referido, o Serviço Social tem na questão social a base de sua 
fundação como especialização do trabalho. Questão social apreendida como 
o conjunto das expressões das desigualdades sociais da sociedade capitalista 
madura, [...]. Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas 
mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam 
no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social 
6 SERVIÇO SOCIAL
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pública etc. (IAMAMOTO, 2014, p. 27-28).
Percebemos que na atualidade uma questão social é uma questão político-social, 
visto que não é algo isolado do sistema no qual vivemos. Nesse sentido, podemos 
nos referir à reprodução das relações sociais na sociedade capitalista, que pode ser 
compreendida em suas contradições de desigualdade econômica, visto que o crescimento 
do capital corresponde à crescente pauperização relativa da população, dependente do 
trabalho, do capital, do sistema que necessita desta lógica de ganho e exploração.
Para Iamamoto (2014), a gênese da questão social está diretamente relacionada 
e intrínseca ao capitalismo e suas relações de produção, dominação e exploração e 
desigualdade social. Nessa perspectiva, a questão social requer uma compreensão não 
apenas de manifestação da desigualdade social no capitalismo, mas como um elemento 
político e social mediador das ações das distintas realidades sociais no desenvolvimento e 
desdobramento do modo de produção capitalista, que para se manter explora e domina.
Percebe-se que a questão social é considerada de forma errônea. Assim, é 
considerada como disfunções ou problemáticas sociais, situações sociais, problemas 
isolados, tais como: a pobreza, desemprego, violência, mendicância, favelas, doenças, 
exploração infantojuvenil, discriminação, pedofilia, analfabetismo, dependência química, 
entre outras inúmeras situações, porém todas essas situações são expressões, são 
manifestações da questão social. Por exemplo, quando questionamos uma das inúmeras 
questões sociais é por que algo nos impulsiona para isto, visto que estamos presenciando 
ou percebendo uma, duas ou mais de suas expressões ou manifestações na sociedade. 
A questão social em si não é algo negativo, como, por exemplo, o trabalho, a 
habitação, a educação, entre outras diversas questões sociais; o que perturba são as 
manifestações negativas destas, tais como: o desemprego ou o emprego informal, 
baixos salários, não garantia de direitos trabalhistas, a falta de moradias e saneamento 
básico, as favelas, o descaso com a educação, a evasão escolar, dentre outras inúmeras 
expressões sociais que se evidenciam na sociedade.
Assim, vamos compreender e analisar as expressões da questão social, visto 
que o serviço social tem na questão social a base de sua fundamentação enquanto 
especialização do trabalho, por isso que a intervenção profissional deve estar pautada 
em uma perspectiva que vise ao enfrentamento das expressões da questão social 
não no sentido de apaziguamento, mas essencialmente de redução e eliminação 
(MONTIBELLER, 2015).
7SERVIÇO SOCIAL
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TÓPICO 2 – A GLOBALIZAÇÃO E O ACIRRAMENTO DAS 
EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL 
Cristiana Montibeller
Não tem como deixar de analisar questões sociais e as expressões que se tornam 
visíveis na sociedade capitalista, dita moderna e globalizada e altamente complexa, não 
tem como deixar de visualizar uma perspectiva de amplitude onde a complexidade se 
torna parte integrante da paisagem nas sociedades contemporâneas. 
Por isso que as questões sociais vão ganhando novas formas, novas expressões 
e contradições sociais, conforme especifica Pieritz (2013, p. 105):
Em cada momento histórico, as questões sociais vão ganhando novas formas. 
Formas estasque chamamos de expressões da questão social, ou seja, a questão 
social sempre foi a mesma desde os tempos mais remotos da humanidade e 
independe de classe social. O que vem mudando são suas formas de apre-
sentação, pois, de acordo com as transformações do modo de produção, vão 
surgindo contradições sociais, que se transformam nas diversas formas de 
expressão da questão social. 
Conforme o economista Dowbor (2014, p. 101), a sociedade sofre inúmeras 
mudanças, inúmeras configurações, vindo a se configurar em segmentos variados e 
complexos sob vários aspectos, que não envolvem somente a questão econômica, mas 
política, jurídica, cultural, educacional, ambiental, entre outras:
A própria dinâmica social mudou profundamente. Não somos mais sociedades 
compostas por camponeses, operários e burguesias. As classes se desdobraram 
em segmentos variados e complexos, à medida que as pirâmides econômicas 
se foram tornando mais diferenciadas, interdependentes e verticalizadas. Há 
uma classe assalariada milionária, e temos hoje numerosos estudos desta com-
plexidade crescente, como a tecnoburocracia, a elitização operária, o complexo 
militar industrial, a classe dirigente transnacional e outros fenômenos de uma 
sociedade onde as técnicas, a globalização e os ritmos de transformação eco-
nômica avançam muito mais rapidamente do que a nossa capacidade de criar 
as instituições e a regulação correspondentes. Isto sem falar do marco jurídico 
que constitui uma colcha de retalhos com cerca de 200 legislações nacionais 
diferenciadas segundo os países.
A mundialização da economia se intensificou de maneira extraordinária, sendo 
que, em pouquíssimo tempo, o surgimento desenfreado de empresas multinacionais e o 
desenvolvimento de novas tecnologias de informação, comunicação e telecomunicações, 
e o fortalecimento dos grandes centros financeiros se tornaram frequentes e inevitáveis. 
Assim, sobre a globalização: 
Trata-se de um conceito ao mesmo tempo complexo, ambíguo e ideológico. 
Comumente, ele é compreendido como um processo crescente de mudanças 
que mundializa os mercados, as finanças, informação, a comunicação, os valores 
culturais, criando um sistema de vasos comunicantes entre países e continen-
tes. Parece consensual que o capitalismo, desde suas origens, desenvolveu um 
8 SERVIÇO SOCIAL
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processo de internacionalização do capital, desigual e combinado, rompendo 
e integrando fronteiras geográficas. Nesse sentido, alguns sustentam que o 
movimento de mundialização ou globalização (termos para eles utilizados 
como sinônimos) é constante, adquirindo novas formas e conteúdos em con-
sequência das transformações socioeconômico-político-culturais em curso. 
(WANDERLEY, 2013, p. 72-73).
É em torno da noção de mundialização da economia e do processo de globalização 
que o capitalismo se intensificou enquanto sistema econômico do ponto de vista de 
integração e interação para obter maior e melhor exploração e dominação. Assim, a 
tendência à integração, entre vários países, se tornou uma necessidade do capital ou, 
melhor dizendo, do processo de mundialização do capital (MONTIBELLER, 2015).
A globalização especifica-se pelo processo e por uma nova etapa no 
desenvolvimento do capitalismo contemporâneo, representa a mundialização da 
economia e uma nova configuração de exploração e dominação capitalista em escala 
global, maior e de forma intensa, por isso não representa apenas um processo político-
econômico, mas também sociocultural. 
Nesse sentido, podemos enfatizar várias questões sociais e inúmeras expressões, 
conforme segue.
 
QUADRO 2 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO
QUESTÕES SOCIAIS DO PONTO DE VISTA 
ECONÔMICO
 EXPRESSÕES SOCIAIS
A QUESTÃO CAPITALISMO DIGITAL
A QUESTÃO DA SOCIEDADE 
TECNOLÓGICA
A QUESTÃO GLOBALIZAÇÃO
A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO 
SOCIAL
Aumento das desigualdades sociais, competitividade 
acirrada, marginalização social, falta de acesso a 
novas tecnologias, exclusão digital, mal-estar social 
e bem-estar econômico, novas expressões sociais, 
expansão de situações de risco social, aumento de 
situações de vulnerabilidade social, exploração de 
países periféricos e de mão de obra, marginalização 
da ética, detrimento de valores humanos e sociais, 
individualismo, intolerância, insegurança social. 
A QUESTÃO DESENVOLVIMENTO E 
CRESCIMENTO ECONÔMICO
A QUESTÃO ECONÔMICA
A QUESTÃO JUSTIÇA SOCIAL
Aumento da exploração, injustiça social, 
concentração de renda, desigualdades sociais, 
surgimento e aumento da pobreza, consumismo 
alienado, inconsciente e supérfluo, prostituição/
turismo sexual/o tráfico de mulheres...
FONTE: MONTIBELLER (2015)
9SERVIÇO SOCIAL
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QUADRO 3 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DE VISTA TRABALHO E RENDA
QUESTÕES SOCIAIS DO PONTO DE 
VISTA TRABALHO
 EXPRESSÕES SOCIAIS
A QUESTÃO TRABALHO
A QUESTÃO SOCIEDADE SALARIAL
A QUESTÃO CONDIÇÃO HUMANA
A QUESTÃO SEGURIDADE SOCIAL
Exploração, supranumerários (desempregados), 
precarização do trabalho, baixo salário, diminuição de 
postos de trabalho, desvalorização salarial, trabalho 
informal, trabalho escravo, trabalho infantil, imigrações, 
crescimento excessivo de imigrações e migrações, 
exploração dos profissionais do sexo.
FONTE: MONTIBELLER (2015)
O trabalho, a renda e o salário têm se destacado na agenda de discussão da 
população, onde é vivenciado por todos o caráter polissêmico e multifacetado do trabalho 
e onde a desvalorização profissional e os chamados “inúteis” estão se tornando comuns.
QUADRO 4 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DE VISTA AMBIENTAL
QUESTÕES SOCIAIS DO PONTO DE VISTA 
AMBIENTAL
EXPRESSÕES SOCIAIS
A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL
A QUESTÃO AMBIENTAL
Mudanças climáticas, aquecimento global, 
mercantilismo florestal, degradação ambiental, 
destruição dos recursos naturais, escassez e poluição 
das águas, desperdício de alimentos, alimentos 
geneticamente modificados, poluição de modo geral, 
desmatamento, produção demasiada de materiais 
não recicláveis, resíduos nucleares, má qualidade de 
vida, falta de educação ambiental,
A QUESTÃO SUPERPOPULAÇÃO
Emigração/imigração/migração, êxodo rural/
êxodo urbano, falta de estrutura nos grandes 
centros (mobilidade urbana), falta de planejamento 
urbano, falta de alimentos, água potável, poluição 
ambiental, produção excessiva de lixo, aglomerações 
habitacionais, aumento de favelas e condições sub-
humanas de moradia. 
A QUESTÃO TERRITÓRIO/HABITAÇÃO
A QUESTÃO REFORMA AGRÁRIA
Favelas, cortiços, moradores de rua, grandes 
latifundiários, má distribuição da terra, falta de 
moradias dignas, falta de saneamento básico, falta 
de planejamento urbano, movimentos sociais (sem-
terra, sem teto, barragens...), segregação urbana. 
FONTE: MONTIBELLER (2015)
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QUESTÕES SOCIAIS EXPRESSÕES SOCIAIS
A QUESTÃO SEGURIDADE SOCIAL
A QUESTÃO SAÚDE 
A QUESTÃO PREVIDÊNCIA SOCIAL
A QUESTÃO ASSISTÊNCIA SOCIAL
A QUESTÃO DOS DIREITOS SOCIAIS 
A IMIGRANTES
Fome, desnutrição, mortalidade infantil, má alimentação, 
doenças diversas, drogadição, alcoolismo, tabagismo, 
depressão, anorexia, doença ocupacional, diversas 
psicopatologias (transtornos mentais), falta de leitos/
medicamentos em hospitais, qualidade e eficiência do 
SUS, falta de medicina preventiva, desvalorização dos 
profissionais da saúde, falta de estrutura hospitalar, 
prostituição infantojuvenil, falta de direitos sociais a 
imigrantes (haitianos), estrangeiros, falta de planejamento 
e organização nas regiões fronteiriças.
A QUESTÃO EDUCAÇÃO
A QUESTÃO DA INCLUSÃO SOCIAL
Analfabetismo, baixa escolarização,evasão/exclusão 
escolar, falta de qualidade e investimentos, desvalorização 
dos profissionais, bullying, tráfico de drogas nas escolas, 
desvalorização e destruição das culturas e tradições locais/
regionais. 
A QUESTÃO SEGURANÇA
A QUESTÃO PROTEÇÃO SOCIAL
A QUESTÃO LIBERDADE HUMANA
Violência urbana/doméstica, depredações do patrimônio 
público, delinquência juvenil, criminalidade, arrastões, 
homicídios, terrorismo, tráfico de pessoas, falta de 
policiamento, hackers, formação de novas formas de 
violência e crime, novas gangues de criminosos e traficantes, 
pedofilia, estupro, aversão homofóbica, Poder Judiciário 
lento/moroso/inoperante, leis ineficazes, 
A QUESTÃO DE GÊNERO 
A QUESTÃO ORIENTAÇÃO/OPÇÃO 
SEXUAL
Violência do homem contra a mulher, diferença salarial, 
matriarcalidade, abandono de idosos, de mulheres, de 
crianças, homofobia, discriminação e preconceito frente à 
opção sexual, desrespeito ao livre-arbítrio sexual.
QUADRO 5 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DO DIREITO, DA JUSTIÇA, DA LIBERDADE E 
PROTEÇÃO SOCIAL
A QUESTÃO ÉTNICA E RACIAL 
A QUESTÃO NACIONALIDADE
A QUESTÃO RELIGIÃO
A QUESTÃO CLASSE SOCIAL 
A QUESTÃO CONDIÇÃO FÍSICA E 
DE IDADE
A QUESTÃO DA MAIORIDADE 
PENAL (CRIMINAL)
A QUESTÃO INTERNAÇÃO 
COMPULSÓRIA DE USUÁRIOS DE 
DROGAS
Cultura coercitiva/mutilação genital feminina, xenofobia 
(aversão/ódio a estrangeiros), o racismo ou o preconceito 
racial levam à discriminação e à intolerância racial, assim a 
discriminação racial é toda ou qualquer quebra do princípio 
da igualdade: como distinção, exclusão, restrição ou 
preferências, motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho, 
credo religioso, condição social de classe, condição física 
e mental, procedência nacional ou convicções políticas 
contra negros, pardos, brancos; índios, ciganos, judeus, 
americanos, árabes, alemães, haitianos; refugiados; 
católicos, evangélicos, muçulmanos, espíritas; nordestinos, 
cearenses, gaúchos; a idosos; a pessoas com deficiência; a 
pessoa/família em condição de pobreza; a profissionais do 
sexo; ativistas ou partidários; aumento do uso de usuários 
de drogas, especificamente de usuários de crack...
FONTE: MONTIBELLER (2015)
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QUESTÕES SOCIAIS DO PONTO DE 
VISTA FAMILIAR
 EXPRESSÕES SOCIAIS
A QUESTÃO DA FAMÍLIA NUCLEAR, 
CONJUGAL OU ELEMENTAR 
(BIOLÓGICA)
Discórdias familiares, divórcio, negligência, violência 
doméstica, abandono infantojuvenil, valores distorcidos, 
relações frias/hostis/instáveis/frágeis, passageiras, 
descaso com o outro, deveres familiares inoperantes, 
fragilização dos vínculos, conflitos/irresponsabilidade 
na guarda compartilhada dos filhos, prostituição e 
trabalho infantojuvenil, prática do aborto. 
Verificamos que inúmeros contextos discriminatórios referentes à composição 
étnica e racial e à opção sexual (manifestações homofóbicas) têm se tornado evidentes 
na sociedade, a multiplicidade de transtornos psíquicos sociais tem aumentado 
drasticamente, bem como as condições de desigualdade, pobreza absoluta e situações 
de pobreza relativa, aumento de desaparecimento e tráfico de pessoas, tráfico de drogas 
e prostituição, como também a abrangência da violência no mundo e na sociedade 
brasileira – são fatos que parecem não ter fim (MONTIBELLER, 2015).
Segundo Ramalho (2012, p. 354-355), 
A junção da má qualidade de vida (em consequência da pobreza) e a falta de 
oportunidades conjugado com a difusão da “qualidade” nos países desenvol-
vidos através da globalização dos meios de informação e comunicação, fizeram 
impulsionar o crescimento massivo do fenômeno das migrações. Segundo dados 
da International Organization for Migration (IOM) de 2010, o número de mi-
grantes cresceu de 150 milhões, em 2000, para 215 milhões, em 2010. Estima-se 
que em 2050 haja 405 milhões de migrantes como resultado do crescimento 
das disparidades demográficas, os efeitos das mudanças ambientais e a nova 
dinâmica política e econômica global, a revolução tecnológica e as redes sociais. 
Aliado a esses problemas estão, também, o crescimento populacional, os confli-
tos étnicos e o renascimento da intolerância, o terrorismo e a insegurança social.
QUADRO 6 – QUESTÕES SOCIAIS SOB O PONTO DE VISTA FAMILIAR
A QUESTÃO DAS NOVAS 
CONFIGURAÇÕES FAMILIARES
Desrespeito, preconceito e discriminação à família 
homoafetiva/homoparental (casais do mesmo sexo), 
desrespeito, preconceito e discriminação de adoção 
por homoafetivos, aumento das famílias recompostas/
ampliadas/famílias reconstituídas (os meus, os teus e 
os nossos), família unipessoal, famílias mononucleares 
ou monoparentais (responsabilidade de um só dos 
progenitores), família composta (sociedades poligâmicas) 
famílias binucleares – guarda compartilhada (alienação 
parental), família extensa – incluindo três ou quatro 
gerações, grupos domésticos diversificados.
FONTE: MONTIBELLER (2015)
As metamorfoses das configurações familiares também configuram o cenário 
mundial, contextos diversificados e complexos, que precisam ser analisados, estudados, 
compreendidos, respeitados. Muitas leis estão sendo revistas e criadas para tentar 
12 SERVIÇO SOCIAL
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abarcar esse leque de metamorfoses sociais de novas configurações e expressões sociais. 
Ianni (1994b, p. 8) descreve que:
A originalidade e a complexidade de globalização, no seu todo ou em seus dis-
tintos aspectos, desafiam o cientista social a mobilizar sugestões e conquistas de 
várias ciências. Acontece que a globalização pode ser vista como um vasto pro-
cesso não só político-econômico, mas também sociocultural, compreendendo 
problemas demográficos, ecológicos, de gênero, religiosos, linguísticos e outros.
Frente às transformações ocorridas no mundo, no sistema capitalista, na 
sociedade, o Serviço Social necessitou avançar rompendo com referenciais teórico-
práticos conservadores, trazendo à tona uma nova proposta de criticidade, de inovação 
e acompanhamento teórico e prático de todo o processo. “Pensar o Serviço Social na 
contemporaneidade requer os olhos abertos para o mundo contemporâneo para decifrá-
lo e participar de sua recriação”. (IAMAMOTO, 2014a, p. 19).
Propiciar a análise e a reflexão na sociedade capitalista, vislumbrando o 
agravamento das manifestações da questão social no contexto atual brasileiro é de 
extrema importância, como também conhecer e identificar as novas expressões da 
questão social relativas a diversas áreas e contextos de relações sociais, sejam elas 
étnico- raciais, relacionadas às culturas afro-brasileiras ou indígenas, de imigração no 
Brasil, relações de gênero, de novas configurações familiares, dentre outras situações 
diversificadas, como a superpopulação, relações como o meio ambiente, situações de 
exclusão social, de desigualdade, de não garantia de liberdade, igualdade, justiça e de 
direitos humanos.
 Como profissionais comprometidos com uma nova ordem societária, precisamos 
perceber, analisar, constatar e compreender a realidade social, para assim enfrentar as 
inúmeras e multifacetadas expressões da questão social.
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TÓPICO 3 – ESPAÇOS OCUPACIONAIS DO ASSISTENTE 
SOCIAL NO PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO SETORES 
 Cristiana Montibeller
A sociedade se configura por diversos setores, sendo um deles o primeiro 
setor, que se configura pelo sistema social brasileiro de proteção social por meio das 
políticas públicas e políticas sociais. Também podemos enfatizar o segundo setor e 
toda a engrenagem das técnicas organizacionais e modelos gerenciais de gestão e suas 
concepções e análises de processos de gestão para obtenção do lucro; e o chamado 
terceiro setoré a sociedade civil organizada, caracterizado pelas instituições sem fins 
lucrativos que se desenvolveram na mesma perspectiva de crescimento das expressões 
sociais.
Pode-se perceber que todas as implicações das expressões sociais são abordadas, 
acolhidas, rebatidas e enfrentadas pelo primeiro, segundo e terceiro setores da sociedade. 
Em alguns casos, infelizmente, de forma paliativa e conformista, clientelista e não 
democrática e, em outros casos, como realmente deveria ser, de forma intencional, 
consciente e crítica, democrática e transformadora na construção de novos valores sociais 
e de uma nova realidade social, mais humana, justa e participativa.
Segundo o Dicionário de Termos Técnicos da Assistência Social (2007, p. 91):
A noção de qualidade de vida envolve duas grandes questões: a qualidade 
e a democratização dos acessos às condições de preservação do homem, da 
natureza e do meio ambiente. Sob essa dupla consideração, entendeu-se que a 
qualidade de vida é a possibilidade de melhor redistribuição – e usufruto – da 
riqueza social e tecnológica aos cidadãos de uma comunidade, a garantia de um 
ambiente de desenvolvimento ecológico e participativo de respeito ao homem 
e à natureza, com o menor grau de degradação e precariedade. Sabemos que 
existem questões prioritárias que devem ser enfrentadas em todos os sentidos, 
pelo Estado, pelas empresas, pelas instituições que congregam o terceiro setor, 
enfim, por toda a sociedade civil organizada e por cada cidadão brasileiro.
QUADRO 7– DESAFIOS A SEREM ENFRENTADOS NO BRASIL PELO ESTADO
DESAFIOS FRENTE ÀS QUESTÕES SOCIAIS 
NO BRASIL NECESSIDADES E PRIORIDADES
EFETIVAR DE FATO A REFORMA POLÍTICA 
NO PAÍS
No sentido de uma profunda alteração política 
no país, ou seja, uma transformação sistêmica da 
engenharia política atual, e não apenas reformas 
pontuais ou de algumas situações ou casos do 
arcabouço institucional político. 
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DISTRIBUIÇÃO DE RENDA
Distribuir renda não é dar benefícios para as pessoas, 
se faz necessário diminuir a desigualdade social e 
melhorar e muito no país as condições para obtenção 
de renda, aumento da renda, investir “pesado” em 
educação e saúde, ou seja, enfrentar a pobreza como 
ela realmente deve ser enfrentada.
REFORMA AGRÁRIA
A distribuição de terras e a produção de alimentos 
saudáveis são desafios ao país, a reforma agrária é 
proposta antiga no Brasil que não se resolve de fato.
MELHORAR A QUESTÃO HABITACIONAL
Para garantir moradia, governantes terão de 
enfrentar a especulação imobiliária e suprir o déficit 
habitacional, bem como melhorar a qualidade das 
construções das moradias que são oferecidas via 
programas sociais. 
MOBILIDADE URBANA 
Transporte público e planejamento urbano devem 
ser prioridades nos próximos anos, visto o caos de 
mobilidade nos centros urbanos no país.
MELHORAR A QUALIDADE DO 
ATENDIMENTO NA SAÚDE
Investimentos diversos de forma contínua e não 
esporádica são essenciais para a área da saúde, 
financiamento; gestão e formação profissional 
devem ser prioridades vitais. 
DIMINUIR A VIOLÊNCIA E A 
CRIMINALIDADE
Redução de homicídios e presos também deve ser 
prioridade na área de segurança.
DEMOCRATIZAR A EDUCAÇÃO E 
MELHORAR A QUALIDADE
O país precisa aumentar investimentos significativos 
em educação e ampliar matrículas, além da inclusão 
social de pessoas com deficiência, qualificação dos 
professores e infraestrutura.
INVESTIR E AMPLIAR O ACESSO 
DA POPULAÇÃO À CULTURA E 
PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO 
CULTURAL NAS REGIÕES
Há um número insuficiente de equipamentos e 
estruturas nas regiões mais pobres do Brasil, como 
centros culturais, teatros, museus, dentre outros, 
quando não, inexistentes. O descaso público com 
bens culturais, falta de investimentos, preservação 
e divulgação dos patrimônios culturais nas cidades, 
eis aí um dos desafios a serem enfrentados na área 
da cultura.
REDISCUTIR A POLÍTICA INDÍGENA E 
VALORIZAR SUA IDENTIDADE
Conciliar interesses de índios e produtores rurais é 
um dos desafios para o país, bem como valorizar e 
conservar a cultura indígena. Percebe-se que é um 
desafio rediscutir a política indígena, porém não é 
vista como prioridade no Brasil.
EFETIVAR O PLANEJAMENTO URBANO E 
AMPLIAR O SANEAMENTO BÁSICO 
Se não houver investimentos na questão urbana 
de forma efetiva, vamos continuar sofrendo as 
consequências no sentido de não termos qualidade 
de vida, bem-estar coletivo, saúde e um meio 
ambiente limpo.
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PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO 
E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL E 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Necessário alterar as formas de produção e interação 
com o meio ambiente em que vivemos, talvez nesse 
sentido se possa diminuir os efeitos negativos que 
causamos a nós mesmos.
AUMENTAR AS PESQUISAS E OS 
INVESTIMENTOS EM CIÊNCIA E 
TECNOLOGIA
Carência de recursos e burocracia são entraves 
para a ciência e tecnologia no país, bem como 
financiamento contínuo, pois algumas pesquisas não 
podem ser feitas a curto prazo, pois os resultados 
dependem de tempo.
FONTE: MONTIBELLER (2015) (Adaptado). ALMANAQUE ABRIL. 2015. Ano 41. São Paulo: 
Editora Abril. Disponível em: <https://almanaque.abril.com.br/>. Acesso em: 13 mar. 2015. 
BERALDO, Lílian. AGÊNCIA BRASIL: Desafios do Brasil. 2014. Disponível em: <http://
agenciabrasil.ebc.com.br/especial/2014-09/desafios-do-brasil>. Acesso em: 13 mar. 2015.
Acredita-se que a reforma de todas as reformas, ou seja, a começar por ela, é a 
reforma política, que envolve o primeiro setor, pois tudo depende dos poderes que 
congregam a função do Estado, no caso do Brasil, do Estado Democrático de Direito. 
 
Conforme especifico no caderno Questão Social (2015), compreende-se que o 
terceiro setor se originou para enfrentar e atender demandas e necessidades sociais que 
não estavam sendo abarcadas pelo Estado. Desse modo, a participação de pessoas e 
grupos sociais envolvidos com a questão social e suas expressões se constituiu realmente 
em um fato no mundo e no Brasil, porém não podemos deixar de considerar a lógica 
do capitalismo e do neoliberalismo, que proporciona uma pressão para que a sociedade 
resolva os “seus problemas”, diminuindo assim a intervenção e gastos estatais. 
Desta forma, percebeu-se um adensamento e envolvimento de interação entre 
os três setores da sociedade na questão de enfrentamento à pobreza e na efetivação e 
garantia dos direitos sociais no Brasil, visto o agravamento das expressões sociais. Assim 
se fizeram comuns os anúncios, cartazes, propagandas e outras ações pressionando para 
que as pessoas assumam valores e posturas de solidariedade, de ajuda, de voluntariado, 
de engajamento social. Assim, o que as pessoas e as instituições sociais fazem, o Estado 
não precisa fazer. Analisando de forma crítica essa perspectiva de função social, vamos 
percebendo que as empresas e as ONGs acabam assumindo funções sociais que são 
um dever do Estado.
 
A realidade social foi dividida em três esferas consideradas autônomas: o Estado, 
o mercado e as ONGs (instituições não estatais e não mercantis). Essa divisão não deveria 
existir, mas surgiu e existe por questões ideológicas e necessárias ao desenvolvimento 
do projeto neoliberal para avanço do capitalismo. 
Temos aqui a conceituação corriqueira de “terceiro setor”: organizações e/ou 
ações da “sociedade civil” (não estatais e não mercantis). Porém, numa pers-
pectiva crítica e de totalidade, este conceito resulta inteiramente ideológico e 
inadequado ao real. A realidade social não se divide em “primeiro”, “segundo” 
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nalista ou estruturalista. [...] No entanto, alguma está efetivamente ocorrendo 
na atualidade; a sociedade civil está desenvolvendo atividades atribuídas ao 
Estado. [...] A partir das mudanças da realidade contemporânea, promovidas 
pelo embate desigual entre o projeto neoliberal e as lutas dos trabalhadores, 
verdadeiras transformações estão se processando nas respostas da sociedade 
à chamada “questão social” e suas refrações. (MONTAÑO, 2010, p. 182-183).
O terceiro setor é designado privado, porém sem fins lucrativos, com interesse 
e função totalmente pública e se tornou corresponsável pelas expressões da questão 
social, diferenciando-se da lógica do mercado e do aspecto governamental, visto a 
autonomia institucional. 
A crítica focada neste termo, enfatizada por Montaño, citado anteriormente, é 
que este “setor” não descreve o que realmente constitui e integra também a sociedade 
civil, como, por exemplo, os movimentos sociais combativos, que denunciam a ordem, 
a dominação e a exploração do capitalismo desenfreado, estes sim possuem uma função 
social e valores de solidariedade (não local), mas de solidariedade social, e valores 
de universalidade e direitos dos serviços que devem ser prestados pelo Estado, dito 
Democrático de Direito. Estes valores é que deveriam fazer parte do projeto político 
de qualquer ONG, por isso que temos que analisar criticamente o que está por trás do 
chamado “terceiro setor”. 
Segundo Montaño (2010, p. 185), “O que na realidade está em jogo não é o âmbito 
das organizações, mas a modalidade, fundamentos e responsabilidades inerentes à 
intervenção e respostas para a “questão social”.
Sem dúvida, o que preocupa realmente diz respeito ao que as organizações 
privadas de interesse público querem fazer, fazem efetivamente e como, quais valores 
fundamentam seu existir, planejar e intervir, suas responsabilidades reais e abrangentes, 
e não focais e específicas, por vezes ações de mediação ou conformação social. Como 
lidam com a questão social, como enfrentam as expressões sociais e qual propósito que 
possuem além do que demonstram? (MONTIBELLER, 2015).
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TÓPICO 4 – PROJETOS DE PESQUISA E PROJETOS 
DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL A PARTIR 
DA ELABORAÇÃO, EXECUÇÃO, AVALIAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO (PUBLICAÇÃO DE RESULTADOS) 
Muito ainda se tem para fazer da área da pesquisa e intervenção profissional de 
forma qualitativa e quantitativa especificamente no que se refere à elaboração, execução, 
avaliação e comunicação (elaboração de artigos científicos) de Projetos de pesquisa e 
análise da realidade social e de projetos de intervenção profissional.
 
Frente ao compromisso e ética profissional, questionamentos são constantes, 
frente a tantos desafios, expressões sociais antigas, novas e diversas que envolvem 
a sociedade atual, como por exemplo, quais são as estratégias mais adequadas de 
intervenção para o enfrentamento das expressões? Que pesquisas estamos realizando? 
Que projetos almejamos e efetivamos? Como consolidar o projeto ético-político, por meio 
do exercício profissional dentro da divisão técnica do trabalho com vistas à construção 
de uma nova ordem societária?
O CFESS (2012, p.10-14), especifica as competências da profissão em suas diversas 
dimensões, como está exposto a seguir:
As competências específicas são definidas com diversas dimensões interventi vas, 
complementares e indissociáveis. São elas: 
1. Uma dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou gru pais na 
perspectiva de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos, bens 
e equipamentos públicos. Essa dimensão não deve se orien tar pelo atendimento 
psicoterapêutico a indivíduos e famílias (próprio da Psicologia), mas sim à 
potencialização da orientação social com vistas à ampliação do acesso dos indivíduos 
e da coletividade aos direitos sociais. 
2. Uma dimensão de intervenção coletiva junto a movimentos sociais, na pers pectiva 
da socialização da informação, mobilização e organização popular, que tem como 
fundamento o reconhecimento e fortalecimento da classe trabalhadora como sujeito 
coletivo na luta pela ampliação dos direitos e responsabilização estatal. 
3. Uma dimensão de intervenção profissional voltada para inserção nos es paços 
democráticos de controle social e construção de estratégias para fomentar a 
participação, reivindicação e defesa dos direitos pelos(as) usuários(as) e Conselhos, 
Conferências e Fóruns da Assistência Social e de outras políticas públicas. 
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4. Uma dimensão de gerenciamento, planejamento e execução direta de bens e serviços a 
indivíduos, famílias, grupos e coletividade, na perspectiva de fortalecimento da gestão 
democrática e participativa capaz de produzir, intersetorial e interdisciplinarmente, 
propostas que viabilizem e potenciali zem a gestão em favor dos(as) cidadãos(ãs).
5. Uma dimensão que se materializa na realização sistemática de estudos e pesquisas 
que revelem as reais condições de vida e demandas da classe trabalhadora, e possam 
alimentar o processo de formulação, implementação e monitoramento da política de 
Assistência Social. 
6. Uma dimensão pedagógico-interpretativa e socializadora de informações e saberes 
no campo dos direitos, da legislação social e das políticas públicas, dirigida aos(as) 
diversos(as) atores(atriz) e sujeitos da política: os(as) gestores(as) públicos(as), 
dirigentes de entidades prestadoras de serviços, trabalhadores(as), conselheiros(as) 
e usuários(as). (CFESS, 2009, p. 18-19). 
Essas diversas dimensões interventivas podem se desdobrar em competências, 
estratégias e procedimentos específicos, e são assim apresentadas nos Parâmetros: 
• Realizar pesquisas para identificação das demandas e reconhecimento das situações 
de vida da população que subsidiem a formulação dos planos de Assistência Social.
• Formular e executar os programas, projetos, benefícios e serviços próprios da 
Assistência Social, em órgãos da Administração Pública, empresas e organizações 
da sociedade civil. 
• Elaborar, executar e avaliar os planos municipais, estaduais e nacional de Assistência 
Social, buscando interlocução com as diversas áreas e políticas públicas, com especial 
destaque para as políticas de Seguridade Social.
• Formular e defender a constituição de orçamento público necessário à implementação 
do plano de Assistência Social.
• Favorecer a participação dos(as) usuários(as) e movimentos sociais no processo de 
elaboração e avaliação do orçamento público. 
• Planejar, organizar e administrar o acompanhamento dos recursos orçamentários 
nos benefícios e serviços socioassistenciais nos Centro de Referência em Assistência 
Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS).
• Realizar estudos sistemáticos com a equipe dos CRAS e CREAS, na perspectiva de 
análise conjunta da realidade e planejamento coletivo das ações, o que supõe assegurar 
espaços de reunião e reflexão no âmbito das equipes multiprofissionais. 
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• Contribuir para viabilizar a participação dos(as) usuários(as) no processo de 
elaboração e avaliação do plano de Assistência Social; prestar assessoria e consultoria 
a órgãos da Administração Pública, empresas privadas e movimentos sociais em 
matéria relacionada à política de Assistência Social e acesso aos direitos civis, políticos 
e sociais da coletividade.
• Estimular a organização coletiva e orientar os(as) usuários(as) e trabalhadores(as) da 
política de Assistência Social a constituir entidades representativas.
• Instituir espaços coletivosde socialização de informação sobre os direitos 
socioassistenciais e sobre o dever do Estado de garantir sua implementação.
• Assessorar os movimentos sociais na perspectiva de identificação de demandas, 
fortalecimento do coletivo, formulação de estratégias para defesa e acesso aos direitos. 
• Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre acesso e 
implementação da política de Assistência Social. 
• Realizar estudos socioeconômicos para identificação de demandas e necessidades 
sociais.
• Organizar os procedimentos e realizar atendimentos individuais e/ou cole tivos nos 
CRAS.
• Exercer funções de direção e/ou coordenação nos CRAS, CREAS e Secretarias de 
Assistência Social.
• Fortalecer a execução direta dos serviços socioassistenciais pelas prefei turas, governo 
do DF e governos estaduais, em suas áreas de abrangência. 
• Realizar estudo e estabelecer cadastro atualizado de entidades e rede de atendimentos 
públicos e privados. 
• Prestar assessoria e supervisão às entidades não governamentais que constituem a 
rede socioassistencial.
• Participar nos Conselhos municipais, estaduais e nacional de Assistência Social na 
condição de conselheiro(a). 
• Atuar nos Conselhos de Assistência Social na condição de secretário(a) executivo(a). 
• Prestar assessoria aos conselhos, na perspectiva de fortalecimento do controle 
democrático e ampliação da participação de usuários(as) e trabalhadores(as).
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• Organizar e coordenar seminários e eventos para debater e formular estratégias 
coletivas para materialização da política de Assistência Social. 
• Participar na organização, coordenação e realização de conferências municipais, 
estaduais e nacional de Assistência Social e afins.
• Elaborar projetos coletivos e individuais de fortalecimento do protagonis mo dos(as) 
usuários(as). 
• Acionar os sistemas de garantia de direitos, com vistas a mediar seu acesso pelos(as) 
usuários(as).
• Supervisionar direta e sistematicamente os(as) estagiários(as) de Serviço Social. 
(CFESS, 2009, p. 19-22).
 O chamado trabalho interdisciplinar também é abordado neste documento so bre o 
Serviço Social no SUAS, preservando-se o resguardo das atribuições e do sigilo profissional, 
numa perspectiva ética, alertando-se sobre a necessidade de discernir sobre informações, 
atribuições e tarefas que estejam no campo de atuação de cada profissão. 
 No trabalho conjunto com outros/as profissionais, deve-se preservar o caráter confidencial 
das informações sob a guarda dos/ as assistentes sociais, registrando-se nos documentos 
conjuntos aquilo que for necessário para o cumprimento dos objetivos do trabalho. (CFESS, 
2009, p. 25). 
 Por fim, afirma-se que “o trabalho em equipe não pode negligenciar a responsabilidades 
individuais e competências, e deve buscar identificar papéis, atribuições, de modo a estabelecer 
objetivamente quem, dentro da equipe multidisciplinar, encarrega-se de determinadas tarefas”. 
(CFESS, 2009, p. 27-28).
FONTE: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL – CFESS. Atribuições privativas do/a 
assistente social em questão. 1ª edição ampliada. 2012. Gestão “Tempo de Luta de 
Resistência” (2011-2014). CFESS: Brasília (DF), 2012. Disponível em: <http://www.cfess.org.
br/arquivos/atribuicoes2012-completo.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2015.
Analisando esta lei que regulamenta a profissão a partir do Código de Ética 
Profissional, pode-se perceber que existe certa diferença entre os termos COMPETÊNCIAS 
e ATRIBUIÇÕES, que muitas vezes são consideradas como sinônimos no aparato 
profissional, porém analisando os artigos quarto e quinto do código, constatamos que 
se diferenciam. 
As competências são qualificações profissionais para prestar serviços, que a 
Lei reconhece, independentemente de serem, também, atribuídas a profissionais de 
outras categorias, assim, dentro do item das competências, artigo 4º do Código de 
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Ética Profissional (BRASIL, 2012 – grifos da autora), verificamos várias ações que não 
são exclusivas do assistente social, mas também podem ser executadas por outros 
profissionais que abrangem a pesquisa e intervenção em planos, programas e projetos, 
tais como: 
COMPETÊNCIAS DO ASSISTENTE SOCIAL E DEMAIS PROFISSIONAIS
1. Elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da 
administração pública direta ou indireta, empresas, entidades e organizações 
populares; 
2. Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam de 
âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil; 
3. Encaminhar providências e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à 
população; 
4. Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar 
recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos; 
5. Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais; 
6. Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade 
social e para subsidiar ações profissionais; 
7. Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta, indireta, 
empresas privadas e outras entidades; 
8. Prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas 
sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade; 
9. Planejamento, organização e administração de serviço social e de unidade de serviço 
social; 
10. Realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços 
sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas 
e outras entidades. 
Também no âmbito das atribuições, no Art. 5º do Código de Ética, especifica as 
ações que são especificamente privativas do Assistente Social, assim constatamos que as 
ATRIBUIÇÕES PRIVATIVAS também são competências, porém exclusivas, decorrentes, 
especificamente, da formação profissional em serviço social, assim não podem ser 
desenvolvidas por outros profissionais, mas somente por assistentes sociais. Assim, 
conforme o artigo 5º do Código de Ética Profissional (BRASIL, 2012 – grifos da autora), 
são atribuições do assistente social:
ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS SOMENTE DO ASSISTENTE SOCIAL
1. Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, 
programas e projetos na área de Serviço Social;
2. Planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social;
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3. Assessoria e consultoria a órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas 
privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social;
4. Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre 
a matéria de Serviço Social;
5. Assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como pós-
graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos 
em curso de formação regular;
6. Treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social;
7. Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e 
pós-graduação;
8. Dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço 
Social;
9. Elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de 
concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos 
conhecimentos inerentes ao Serviço Social;
10. Coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos 
de Serviço Social;
11. Fiscalizar o exercício profissional através dosConselhos Federal e Regionais;
12. Dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas;
13. Ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e 
entidades representativas da categoria profissional.
Assim, as competências são qualificações profissionais para prestar serviços, que 
a Lei reconhece, independentemente de serem, também, atribuídas a profissionais de 
outras categorias, segundo o Parecer Jurídico nº 27/98, de Sylvia Helena Terra, assessora 
jurídica do CFESS (CFESS, 2009, p.18).
Diz respeito a capacidade decorrente de profundo conhecimento que tem sobre 
determinado assunto, especialista em determinado assunto; é formada por um conjunto 
de habilidade, atitude e conhecimento; conhecimento e capacidade em determinada área; 
aptidão designando qualidade de quem é capaz de desenvolver determinada função; 
qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver algum assunto. 
As atribuições privativas também são competências, porém exclusivas, 
decorrentes, especificamente, da formação profissional (CFESS, 2009, p.18), e dizem 
respeito ao preenchimento de um requisito qualitativo, um atributo específico, um 
encargo peculiar; responsabilidade de um cargo, ou função; envolve deveres e funções 
próprias da profissão.
Porém, temos que admitir, que neste contexto de esclarecimento e discussão no 
que diz respeito às competências e às atribuições profissionais, infelizmente, existem 
muitas práticas burocráticas, funcionais, alienadas e desprovidas de criticidade e visão 
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política, destituídas de referencial histórico-crítico e teórico-prático, que vem sendo 
acompanhadas de falta de qualificação profissional (MONTIBELLER, 2015).
Percebe-se que um dos maiores desafios a serem enfrentados pelos profissionais 
na sociedade brasileira na atualidade, designa em saber pesquisar, analisar, interpretar, 
refletir sobre as antigas e as novas configurações sociais que proliferam na sociedade, 
novas expressões sociais que se apresentam de forma multifacetada impondo aos 
assistentes sociais um repensar crítico sobre a teoria e a prática profissional, redefinir 
e construir propostas de trabalho criativas e diferenciadas, capazes de enfrentar as 
demandas emergentes que parecem se consolidar de fato de forma infindáveis.
A ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – vem 
desempenhando uma significativa função no direcionamento do ensino e da pesquisa em 
serviço social no Brasil, impulsionando profissionais para a discussão sobre a qualidade 
do ensino, da pesquisa e da extensão.
É de extrema necessidade que o profissional analise, pesquise, decifre, reflita 
criticamente, atue de forma propositiva sobre as múltiplas expressões da questão social. 
Planeje de forma fundamentada a prática profissional, implemente e execute políticas, 
planos, programas e projetos sociais de forma qualificada e coerente, enfim que seja um 
profissional comprometido com o projeto ético-político da profissão.
Que seu pensar e agir estejam fundamentados nos valores e princípios do Código 
de Ética do Assistente Social, pelas competências especificadas e pelas atribuições 
particulares e privativas do(a) assistente social, conforme regulamenta a Lei nº 8.662, 
de 7 de junho de 1993, assim como também, tenha observância nas orientações da 
Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS.
Ser um profissional propositivo, ou seja, ser um assistente social centrado na 
construção de propostas que possam superar demandas e expressões sociais, não sendo 
apenas um trabalhador funcional, burocrático e executivo ou, um profissional que não 
se atualiza e trabalha simplesmente por trabalhar no sentido do “faz de conta”, é um 
dos maiores desafios a ser evitado, combatido, enfrentado pela profissão (IAMAMOTO, 
2014).
 
A complexidade da sociedade atual exige um repensar contínuo do saber teó-
rico e metodológico da profissão, da ampliação da pesquisa no conhecimento 
da realidade social, na produção do conhecimento sobre a organização da 
vida social e na busca da consolidação do projeto ético-político, por meio do 
exercício profissional nas atividades diárias, na inserção e participação política 
nas entidades nacionais de Serviço Social (CFESS/Cress, ABEPSS, Enesso), na 
articulação com outros movimentos sociais em defesa dos interesses e neces-
sidades da classe trabalhadora e em luta permanente contra as imposições do 
neoliberalismo, contra o predomínio do capital sobre o trabalho, da violência, 
do autoritarismo, da discriminação e de toda forma de opressão e de exploração 
humana. (PIANA, 2009, p. 55).
24 SERVIÇO SOCIAL
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Precisamos repensar nossa prática profissional, nossas competências e atribuições 
frente às transformações sócio-históricas, as demandas postas a serem enfrentadas 
cotidianamente, as novas expressões da questão social que se configuram no cenário 
contemporâneo, pois toda essa complexidade exige uma postura dialética de ação e 
reflexão para uma nova ação. Repensar e redimensionar ações e espaços ocupacionais, 
bem como enfrentar os desafios, exigem maior qualificação profissional em todos os 
sentidos.
Requer considerar o e redimensionamento dos espaços ocupacionais e das 
demandas profissionais que impõem novas competências a esse profissio-
nal. A reconfiguração dos espaços ocupacionais é resultante das profundas 
transformações sócio-históricas, com mudanças regressivas nas relações entre 
o Estado e sociedade em um quadro de recessão na economia internacional, 
submetida à ordem financeira do grande capital. As dificuldades para impul-
sionar o crescimento econômico, o aumento do desemprego e do subemprego 
e a radicalização das desigualdades de renda, propriedade e poder, das dispa-
ridades religiosas, raciais, de gênero e etnia comprometem processos e valores 
democráticos. Elas são marcas destes tempos adversos, como registra o poeta, 
um tempo de aflição e não de aplausos. (CFESS, 2012, p. 33-34).
Visto que, as transformações sociais sempre irão ocorrer, mudanças são inevitáveis 
em todas as relações sociais, seja no âmbito do Estado com a economia, com a sociedade, 
com meio ambiente, com os movimentos sociais; da sociedade com os outros setores, 
instituições e grupos que se interagem e entram em acordos e desacordos, organizações, 
participações, conflitos, discriminações; dentre outras situações adversas e condições 
de vulnerabilidade na sociedade decorrentes das disparidades e desigualdades sociais 
provenientes do sistema capitalista.
Com tudo isso, tem-se que a questão social, que deve ser enfrentada enquanto 
expressão das desigualdades da sociedade capitalista brasileira, é construída na 
organização da sociedade e manifesta-se no espaço societário onde se encontram 
a nação, o Estado, a cidadania, o trabalho. (PIANA, 2009, p. 52).
De fato temos que enfrentar a questão social enquanto expressão das desigualdades 
sociais do sistema capitalista, enquanto manifestação das disparidades sociais, pois ela 
é construída na própria organização e desenvolvimento da sociedade, e se manifesta 
nos novos espaços sociais, espaços de atuação do profissional de serviço social, que se 
configuram em novos desafios e novas demandas.
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