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Direitos Sociais e Competências em Serviço Social Material Teórico A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Mariana Aparecida da Silva Prof.a Dr.a Maria Raimunda Chagas Vargas Rodriguez Revisão Técnica: Prof. Me. Denis Barreto da Silva Revisão Textual: Prof.a Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos • A Instrumentalidade do Trabalho e o Serviço Social • O Exercício Profissional, a Atuação do Assistente Social e Possíveis Mediações • Novos Desafios para a Mediação Profissional · Entender a instrumentalidade do trabalho e o Serviço Social em seus espaços de trabalho; · Estudar como se dá o exercício profissional e a atuação dos assistentes sociais frente às expressões da questão social; · Conectar a instrumentalidade do exercício profissional como mediação. OBJETIVO DE APRENDIZADO A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. UNIDADE A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Contextualização Fonte: iStock/Getty Images Para iniciarmos nossa abordagem sobre a instrumentalidade do trabalho dos assistentes sociais, a reportagem abaixo traz uma informação importante para a reflexão profissional. A percepção contextual, a análise de conjuntura, e a capacidade dos profissionais em realizar a mediação entre a realidade e o que seria ideal, constituem ferramentas para o trabalho dos assistentes sociais. Odária Batini (2009) intitula essa capacidade do profissional como atitude investigativa, aquela que ultrapassa as barreiras do imediatismo e das situações aparentes e se conecta à essência dos fatos. Para você, o que torna um profissional defasado atualmente? Acesse o link a seguir: https://goo.gl/q4ATQM Ex pl or 8 9 A Instrumentalidade do Trabalho e o Serviço Social Contextualizando a categoria trabalho devemos nos atentar a sua essência social: o homem transforma a natureza através de seu trabalho e ao mesmo tempo é transformado por ela. Porém essa troca só é possível através das mediações entre o real e o ideal que o ser humano é capaz de realizar nos contextos em que convive. Para Marx, o trabalho, como categoria ontológica, é a esfera privilegiada da humanização: é pelo trabalho que o homem transforma a natureza e a si próprio, por intermédio de diferentes mediações, das quais a principal é a criação de seus instrumentos. (BAPTISTA, 2014: 14) Neste sentido, Baptista (2014: 14) cita alguns autores que ressaltaram a capa- cidade do homem em transformar o mundo através de sua práxis. Por exemplo, é citado Vásquez o qual cita que “a práxis é a atividade material do homem que transforma o mundo natural e social para fazer dele um mundo humano.” Seguindo nessa contextualização de práxis dada por Vásquez, o autor distingue três tipos de práxis: a produtiva, a utilitária e a de conhecimento. A produtiva se refere à transformação da natureza, a utilitária à capacidade interventiva do homem na natureza e a de conhecimento faz referência à capacidade humana em se tornar consciente do mundo real e do ideal. A realidade alimenta as percepções do pensamento humano quanto a meio em que está inserido. Para prosseguirmos é importante destacar que Marx, definiu o trabalho como categoria ontológica, ou seja, aquela capaz de dar saltos evolutivos, avançar a partir da capacidade teleológica do homem, que consegue vislumbrar os resultados de suas projeções desde o início do processo. Como cita Baptista: O homem é o único ser que constrói a sua história, indo além do reino das necessidades em busca do reino da liberdade, para o que deve transcender os limites da naturalidade: ele é sujeito e objeto de sua criação, mundo humano-social. (BAPTISTA, 2014: 15) O homem é capaz de interagir com outros homens enquanto ser particular, individual e genérico, como cita Baptista (2014). Particular e individual por que é único e o seu “eu” é motivador de sua realidade, e genérico por estar interagindo socialmente através do seu trabalho, modificando a si e a natureza. A prática profissional envolve relações complexas no campo de trabalho. Segundo Baptista (2014), essas relações: Por um lado, expressam determinado tipo de intervenção no âmbito das práticas sociais; por outro, resultam de uma especialização do trabalho coletivo no contexto da sociedade, determinada pela divisão sociotécnica do trabalho. (BAPTISTA, 2014: 17) 9 UNIDADE A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Primeiramente, a prática profissional, segundo o trecho acima, é caracterizada pe- los movimentos históricos de cada sociedade, ou seja, é historicamente determinada. No segundo momento, o foco está no trabalho profissional, em que nos tornamos trabalhadores assalariados e passamos pelo processo de compra e venda da nossa força de trabalho. Historicamente o Serviço Social enfrenta percalços entre a teoria e a prática, pois a realidade se mostra complexa e diversificada, o que gera expectativas quanto às estratégias de intervenção elaboradas pelos profissionais. Um dos pontos diferenciais para a categoria profissional é o desenvolvimento de pesquisas e o envolvimento no meio acadêmico, que possibilita o resgate e manutenção do conhecimento dos profissionais, a partir da necessidade de investigação da realidade, a então postura investigativa dos profissionais. Esse envolvimento dos profissionais com a área científica, desenvolvendo pesquisas a partir das vivências cotidianas, desmistifica o caráter agregado à profissão de possuir apenas uma práxis interventiva, sendo que, em seu desenvolvimento e amadurecimento histórico, conseguiu agregar conhecimento teórico-metodológicos que diferenciam as ações de intervenção da categoria. Neste sentido, a prática dos assistentes sociais adquire multifaces de atuação. A postura investigativa acabara se tornando uma exigência para os profissionais que já estão no mercado de trabalho e para os novos entrantes, pois configura- se como uma forma de rompimento com o imediatismo das ações no cotidiano de trabalho. Portanto, coloca-se como exigência da própria intervenção profissional do assistente social a atitude investigativa, pois ela aguça o espírito da descoberta, tornando-se condição para a ultrapassagem do aparente, evidenciando a essência dos fenômenos nos seus nexos e conexões.(BATINI, 2009: 55) Primeiramente, torna-se primordial que o profissional possua clareza de suas atitudes e funções nos espaços de trabalho, o que permite uma atuação e possíveis mediações que possuam maior profundidade do real. Se observarmos a história do Serviço Social percebemos que, essencialmente foi entendida como uma profissão de benemerência, e que qualquer pessoa poderia exercer, por exemplo, como vontade de ajudar o próximo, em um sentido totalmente assistencialista e filantrópico. Continuando nessa perspectiva percebemos também que a regulamentação do Serviço Social como curso superior, com espaço nas universidades, contribuiu para a construção de um novo perfil e percurso profissional para os assistentes sociais, seguindo dialogicamente a teoria elaboradas pelas ciências sociais e humanas. 10 11 No link abaixo, você pode acessar a lei nº 8.662, de 7 de junho de 1993, Lei de Regulamen- tação da Profi ssão que dispões sobre a atuação do Assistente Social e dá outras providências. https://goo.gl/6ecmqm Ex pl or O Exercício Profissional, a Atuação do Assistente Social e Possíveis Mediações A apropriação da prática profissional acontece a partir da interação do meio em que os profissionais estão inseridos, como vimos anteriormente, e desenvolve suas competências considerando novas questões e demandas que surgem nesses contextos. Nesse sentido, o profissional é impulsionado a realizar mediações como estratégia de trabalho, pois são elas que atribuem sentido à práxis, mas o que é mediação? Fonte: iStock/Getty Images Segundo a definição presente em dicionários, medição é o ato ou efeito de mediar, ou seja, considerando os nossos estudos, a mediação é o exercício de interlocução, o que há de interação entre o mundo real e o mundo das ideias. Realizamos esse movimento em qualquer momento de nossos dias, por exemplo: Quando lemos um livro e conseguimos em alguns (ou vários) momentos conectá- lo à nossa vivência, estamos realizando mediações entre o real e a teoria. Isso também ocorre com nossos estudos acadêmicos, pois é a prática que possibilita a absorção do conteúdo teórico-metodológico. Continuando na direção das mediações, Battini (2009) elucida que mediação é Propriedade inerente ao complexo da realidade enquanto totalidade concreta, a mediação é a categoria que oferece efetividade a todas as demais presentes na reflexão de um fenômeno, apresentando-se como a relação entre o mediato e o imediato. (BATTINI, 2009: 61) 11 UNIDADE A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Porém, passar da imediaticidade, ou seja do aparente para o essencial dos fatos, é um exercício complexo devido à diversidade das questões que são postas aos profissionais. Yolanda Guerra (2007), nos traz que os projetos profissionais críticos nos mostram campo privilegiado para a prática profissional e a partir da crítica do cotidiano podemos realizar mediações. O cotidiano é o lugar onde a reprodução social se realiza por meio da reprodução dos indivíduos (Netto, 1987), razão pela qual é um espaço ineliminável e insuprimível, no qual configuram-se três características [...] (GUERRA, 2007: 13) Vamos então nos aprofundar nessas três características da cotidianidade citadas acima. 1- A primeira característica, é a da diferencialidade e refere-se às diferentes respostas e soluções que os sujeitos necessitam para atender demandas que também são muito diversificadas entre si. [...] o sujeito dirige totalmente sua atenção para demandas muito diferentes entre si, no intuito de responder a elas. Por ser de naturezas diversas, ocupam integralmente a atenção dos sujeitos; (GUERRA, 2007: 13) 2- A segunda característica, é da imediaticidade que diz respeito às ações e respostas do cotidiano que se limitam ao imediato, ou seja, as demandas são respondidas apenas em sua superficialidade, o que nos leva a terceira característica; [...] as ações desencadeadas na vida cotidiana tendem a responder, fundamentalmente, às demandas imediatas da reprodução social dos sujeitos. (GUERRA, 2007: 13) 3- A característica da superficialidade extensiva, que fala sobre a priorização de responder às demandas de forma genérica, nem sempre os profissionais conseguem deixar a análise superficial e imediata das demandas que recebem. Percebemos que as possibilidades de aprofundamento crítico são cerceadas pelas condições de trabalho disponíveis aos profissionais. [...] considerando que as demandas do cotidiano são extensivas, amplas, difusas, diferenciadas e imediatas, os sujeitos acabam por encaminhá-las de maneira superficial, dado que a prioridade da vida cotidiana está em responder aos fenômenos na sua extensividade, e não na sua intensividade. (GUERRA, 2007: 13) Outro aspecto para aprofundarmos, é a configuração institucional dos espaços de trabalho. As demandas institucionais fazem com que as ações sejam imediatistas, assim como aparecem no cotidiano, o que dá aos assistentes sociais a marca de resolutores de problemas. 12 13 Para superar essas demandas e o famoso profissional “enxuga gelo” ou “apaga incêndios”, há conjuntos de saberes importantes que Guerra (2007) explica para desvendarmos a realidade institucional. São os saberes explicativos e interventivos. Esses saberes são importantes para a prática profissional, pois os assistentes sociais necessitam em sua intervenção dentro dos espaços institucionais, compreender e analisar a realidade social e organizacional através do sistema de mediações para perceberem as singularidades que envolvem as determinações mais amplas das demandas cotidianas. Os saberes explicativos orientam os profissionais para que situem cons- cientemente sua prática à formação sócio-histórica de países e regiões, ao contexto institucional e as relações de poder que se apresentam nessa análise de conjuntura. Os saberes interventivos dizem respeito aos projetos traçados pelos profissio- nais a partir de sua análise de conjuntura, pois assim que esses projetos são traça- dos, os assistentes sociais precisam tomar conhecimento e definir de forma objetiva quais os objetivos e o que precisa ser atingido, além de quais instrumentais, táticas e estratégias podem ser utilizadas para colocá-los em prática. Para desvendar a realidade institucional, um conjunto de saberes de diferentes graus deve ser acionado: 1) os fundamentos da ordem social; 2) as formações sócio-históricas dos países e regiões; 3) a conjuntura econômico-social atual; 4) o contexto institucional; 5) as relações de poder presentes; 6) os interesses em disputas, as forças sociais que estes interesses representam; 7) o que se quer atingir (objetivos e metas a curto, médio e longo prazo); 8) os instrumentos que permitem o alcance dos objetivos; 9) as táticas e estratégias a serem utilizadas, bem como quando e onde, dentre outros. Assim, cabe ao assistente social fundamentar-se em saberes explicativos e em saberes interventivos. (GUERRA, 2007: 19) Na direção desses saberes podemos dar respostas diferentes às demandas que se apresentam, podemos sair da imediaticidade, da alienação presentes no cotidiano e refletir sobre a práxis. No link abaixo você pode brevemente relembrar a instrumentalidade do Serviço Social e a mediação como categoria para a atuação profi ssional. https://goo.gl/KmXwHS Ex pl or O processo de conhecimento da realidade depende da análise do que se expressa no cotidiano, como estudamos até então, seria a capacidade de interlocução do profissional com sua realidade e ir além dela. Não só os assistentes sociais, mas outros profissionais realizam análises do particular para a totalidade em um movimento dialético. Por aproximações sucessivas às situações que se apresentam nos espaços de trabalho, os profissionais conseguem se apropriar e ultrapassar a realidade posta. 13 UNIDADE A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social O processo de conhecimento assim concebido, portanto, é condição para a apreensão do real, devendoser compreendido em sua complexidade, o que inclui a relação intelecto-razão-realidade que se plasma na subsunção do universal, do singular e do particular. (BATTINI, 2009: 65) Se considerarmos a cotidianidade, a ação profissional é capaz de dar diferentes respostas a esse contexto. Baptista elucida que existem três tipos de respostas: 1- Respostas imediatas; 2- Respostas reiterativas; 3- Respostas criadoras; As respostas imediatas dizem respeito ao que está na superficialidade e que são dadas pelos profissionais nem sempre passadas pelo processo da racionalização. A respostas reiterativas estão relacionadas ao movimento de repensar o real, ou seja, a partir as situações emergentes, o profissional consegue formular criticamente novas estratégias para o seu enfrentamento. Já as respostas criadoras estão conectadas à novas propostas interventivas pelos profissionais, porém é importante ressaltar que essa criação é um momento posterior à análise de conjuntura e possíveis mediações que o profissional conseguiu realizar no contexto em que está inserido. Torna-se vital a auto-racionalização e a auto-observação da prática profissional. Nessa reflexão, deve-se ter claro que o pensamento não é um fato independente, mas está ligado intimamente à ação: a forma e o conteúdo do pensamento variam com a situação sobre a qual pensamos. Ele não cria o mundo, mas num determinado mundo, com uma determinada estrutura, uma determinada forma de pensamento pode ser, em certo momento, adequada ou não para uma determinada intencionalidade. (BAPTISTA, 1995: 117) A auto-racionalização é o controle que o indivíduo possui de seus impulsos e ações a a partir da planificação de objetivos. “[...] é o controle sistemático, pelo indivíduo, de seus impulsos ( o controle é o primeiro passo do indivíduo que deseja planificar sua vida, guiada por princípios e dirigida para objetivos). (BAPTISTA, 1995: 117) A auto-observação tem por finalidade levar o indivíduo a auto- transformação a partir de reflexões pessoais sobre suas ações. Vivemos em uma sociedade em que esse exercício é difícil de ser executado devido à característica individualista do Capitalismo. A auto-observação visa principalmente a uma auto-reorganização, autotransformação, interna: refletir sobre si mesmo e sobre suas ações com o objetivo de transformar-se. (BAPTISTA, 1995: 117) 14 15 Observamos como é complexa a interação profi ssional com os contextos de trabalho. Na sua opinião, como é possível realizar as mediações a partir da auto-racionalização e auto-observação? A partir dos conceitos estudados desenvolva um apontamento pessoal sobre a temática, como exercício de fi xação. Será uma ferramenta importante para os seus estudos. Fonte: musingmind.org Ex pl or Contextualizando o debate sobre auto-observação profi ssional, a reportagem abaixo complementa o estudo desde o início. Leia com atenção para observar os aspectos apontados pela reportagem sobre a importância da atualização profi ssional durante a construção da carreira. https://goo.gl/2ab7Cu Ex pl or Novos Desafios para a Mediação Profissional A questão social vem se modificando, o que observamos é a intensificação de suas características que são reforçadas pela desigualdade gerada pelo processo de acumulação capitalista. Fonte: musingmind.org Fonte: iStock/Getty Images Fonte: iStock/Getty Images As imagens acima retratam o contexto social atual. Visualizamos algumas das faces da questão social: temos o aumento da população em situação de rua que expressam a exclusão de uma maioria do mercado de trabalho, com taxas altas de desemprego. 15 UNIDADE A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Também nos deparamos com a realidade dos jovens em conflito com a lei que sofrem a influência do individualismo característico do modelo econômico e social excludente E uma realidade expressiva mundialmente que é o envelhecimento da população. A imagem nos mostra também um aspecto que está se desenvolvendo, que é o aumento da expectativa de vida. As imagens trazem desafios do cotidiano da prática profissional dos assistentes sociais. Os três eixos temáticos são universos particulares de atuação e que necessitam de articulações e propostas interventivas cada vez mais atualizadas. Nessa direção percebemos a importância da mediação para os profissionais, pois a partir das conexões com a realidade concreta trazida pelos usuários da assistência social, o profissional pode racionalizar as estratégias de atuação. Observe os casos abaixo: 1. Pensemos na população em situação de rua: possuímos serviços públicos que realizam a abordagem à esse público na cidade de São Paulo, por exemplo. No cotidiano profissional, a área técnica e a equipe de orientadores socioeducativos precisam realizar articulações com a rede de serviços, tanto na área da assistência social, quanto na saúde, educação e outras áreas de conhecimento. Esse tipo de serviço está referenciado ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) regionalizado. Pense na atuação desse serviço cotidianamente, como você articularia um caso considerando as perspectivas do serviço de abordagem social e da equipe profissional do CREAS? 2. Agora abordemos a questão do envelhecimento da população. O atendi- mento à população idosa torna-se cada vez mais complexo, pois a seguridade social, em seu tripé – Saúde, Previdência Social e Assistência Social - está defasada pela lógica de redução de direitos sociais em detrimento dos interes- ses do capital. A aposentadoria, por exemplo, já não é mais garantia de um envelhecimento seguro para a população, principalmente para a população mais jovem. Outra questão que se apresenta com relação à população idosa são os cuidados que se dispensam a esse público com o decorrer do tempo, pois se o idoso perde sua autonomia para o auto-cuidado torna-se mister o acompanhamento sistemático da situação seja por familiares, ou pelo Estado, o que envolve um monitoramento assíduo desse público, principalmente ao encontro da elaboração de políticas públicas focalizadas para essas questões. Pense nas questões contidas na descrição acima e em quais seriam suas consi- derações sobre a temática e sobre a análise de contexto que pode ser realizada para a busca do entendimento e aprofundamento do mesmo. A análise dos casos acima é um exercício para a prática profissional. A entrada no século XXI trouxe novas realidades para o Serviço Social, o que foi fortalecido pela tentativa de ruptura da profissão com os preceitos conservadores que foram cristalizados no histórico da área. A questão social apresenta-se de forma ampliada. 16 17 [...] ao exponenciar a questão social com revigorados dispositivos de produção e reprodução de pobreza e desigualdade, ela os processa mediante a redução e o recorte dos direitos sociais. É no enfrentamento dessas expressões que se situam os principais desafios da profissão, exigindo dela que, sem ignorar os seus limites, amplie as suas possibilidades, articulando a sua intervenção com o movimento de outras categorias profissionais e sintonizando suas ações com as forças sociais que operam na sociedade (e, por vezes, no interior do Estado) para reverter as políticas e as estratégias que conduzem à barbarização da vida social. (NETTO in BAPTISTA, 2015, p. 24) As relações e questões profissionais postas aos assistentes sociais são complexas e necessitam de articulações niveladas à sua complexidade. Nesse contexto é que observamos a importância de atualização profissional e constante interação acadê- mica através do envolvimento e desenvolvimento de projetos de pesquisa, carreira docente. A conexão dos conceitos teóricos-metodológicos com a prática fazem do profissional assistente social um profissional privilegiado para o entendimento da conjuntura sócio-econômica e política da contemporaneidade, como estudaremos em momento posterior. Importante! • Estudamos; • A Instrumentalidadedo trabalho dos assistentes sociais; • A mediação como categoria de instrumentalidade profi ssional do Serviço Social; • A necessidade de realizar mediações nos espaços de trabalho ocupados pelos assistentes sociais, bem como a constante atualização profi ssional para lidar com demandas emergentes no trabalho. Em Síntese 17 UNIDADE A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Política Social: Temas & Questões PEREIRA, P.A.P. Política Social: temas & questões. 2ed. São Paulo: Cortez, 2009. Lutas Sociais e Redes de Movimento no Final do Século XX VIANA,M.R. Lutas Sociais e redes de movimento no final do século XX. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano XXI, n.64, p.34-56, nov.2000 Questão Social no Capitalismo IAMAMOTO,M.V. A Questão Social no Capitalismo. In Revista Temporalis, Ano II, n. 3º, ABEPSS Janeiro a Junho de 2001. Razão e Desrazão: A Lógica das Coisas e a Pós-Modernidade FREDERICO,C. Razão e Desrazão: a lógica das coisas e a pós-modernidade. In: Serviço Social e Sociedade Nº 55 Ano XVII, São Paulo: Cortez, 1997. 18 19 Referências BAPTISTA, M.V. A Prática Profissional do Assistente Social: teoria, ação, construção d conhecimento. 26 ed. São Paulo: Cortez, 2015. GUERRA, Y,. O Projeto Profissional Crítico: estratégia de enfrentamento das condições contemporâneas da prática profissional. Serviço Social & Sociedade, nº 91, ano XXVIII, EDITORA, setembro 2007. CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. 6 ed. São Paulo: Campus, 2012. MARX,K. O Capital: Crítica da Economia Política. V.1, L.1,T.2. São Paulo: Abril, 1984. NETTO,J.P; BRAZ,M. Economia Política: uma introdução crítica. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2012. 19
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