Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Língua Portuguesa -Língua Portuguesa - MorfologiaMorfologia AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você é alguém que gosta de estudar a língua portuguesa em todos os seus aspectos, isso já é o início de uma grande caminhada que vamos fazer juntos a partir de agora. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento sobre a morfologia, mas sem deixar de lado os demais elementos de análise gramatical. Na unidade I começaremos a nossa jornada pelo conceito da formação de palavras, das unidades morfológicas e estrutura da palavra, bem como as construções históricas que ocorreram até o conceito de morfologia que conhecemos hoje. Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os elementos mór�cos conhecendo a Nomenclatura Gramatical Brasileira – NGB – que divide as classes gramaticais em dez partes. Apontaremos, ainda, alguns problemas de classi�cação das palavras que apareceram após a de�nição da NGB. Ainda na unidade II vamos conhecer as classes gramaticais dos substantivos, adjetivos e verbos. Já nas unidades III e IV vamos dar continuidade nas classes gramaticais. Na unidade III vamos conhecer os artigos, pronomes e numerais, bem como o uso das palavras fóricas, em anáforas e catáforas. Na unidade IV �nalizaremos as classes gramaticais aprendendo sobre advérbios, conjunções, preposições e interjeições. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigada e bom estudo! Unidade 1 Contribuições históricas para os estudos de morfologia AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Introdução Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo conhecimento. Nesta unidade estudaremos a morfologia de uma forma didática e de fácil entendimento, mas sem deixar de conhecer as características do estudo morfológico, bem como todas as suas peculiaridades. Cada um dos tópicos nos mostrará como é necessário compreender o estudo da morfologia para que as demais análises da Língua sejam feitas com propriedade. Vamos conhecer as unidades morfológicas para que seja possível entender a palavra no seu grau primitivo e as possibilidades que a Língua nos dá de modi�cá-la. Os processos de composição e derivação das palavras também estarão presentes nesta unidade, mostrando como é possível brincar com as palavras e criar sempre algo novo e contextualizado. Bons estudos! Contribuições históricas para os estudos de morfologia AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Falar em morfologia é, antes de tudo, pensar em origem, em começo, etimologicamente, a palavra vem do grego, morfhê que signi�ca ‘forma’ e logos, ‘estudo’, ‘tratado’, em outras palavras morfologia é o estudo da forma. Mas, antes de mergulharmos nas características da morfologia é preciso entender as morfologia que surgiu no século XIX. Antes, porém, o que se tinham eram estudos e pesquisas sobre a língua baseadas em escritos e, para isso, surge a �lologia, ciência responsável pelas análises de documentos escritos a �m de conceituar uma língua, ou seja, ela busca normatizar, organizar a língua estudada. O Historicismo (Gramática Comparada ou Filologia Comparada ou ainda Linguística Histórica e Comparada), como uma nova perspectiva de abordagem dos fenômenos de linguagem, emerge no século XVIII, com a descoberta de que o Latim e o Grego tinham raízes comuns no Sânscrito. Surgem estudos da linguagem que se voltam para a busca de uma língua-mãe, para o enigma da origem da linguagem. (BOTELHO, 2007, p. 12). Em termos gerais, a língua e a forma de se expressar e comunicar também está inserida nesse contexto e é base da formação humana. E é nesse cenário que entra a �lologia com o objetivo de pesquisar como os escritos comprovam essa formação integral humana, a�nal, língua é parte do homem. @wikipedia O historicismo foi uma concepção da �loso�a, baseada em Wilhelm Dilthey, que traz o conceito de que os fatos humanos são históricos , ou seja, os aspectos políticos, sociais, religiosos, econômicos, psíquicos, artísticos e técnicos são os responsáveis pela formação integral do homem. contribuições históricas que houve até que se chegasse, de fato, no termo A criação do termo morfologia é atribuída ao escritor e cientista alemão Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832) É nesse contexto que o termo morfologia aparece. As palavras continuam no centro da investigação, mas o que se enfatiza são os estudos históricos comparativos; “a busca das formas básicas, originárias das palavras, pertencentes ao protoindo-europeu”. Nessa busca pelo processo de evolução das línguas, emerge o interesse pela estrutura interna da palavra e surge uma nomenclatura designativa de tal estrutura (raiz, radical, tema). (BOTELHO, 2007, p. 13) Portanto, podemos de�nir morfologia como o estudo da forma das palavras, é a parte da gramática que estuda isoladamente cada uma delas segundo os morfemas (menores unidades de signi�cação que formam as palavras e são classi�cados em desinência, raiz, radical, a�xo, tema e vogal temática). A partir de agora vamos conhecer, de fato, as unidades morfológicas e saber como elas podem �exionar e se modi�car. As unidades morfológicas e a estrutura interna da palavra As unidades morfológicas ou elementos mór�cos compreendem a divisão que se faz de uma palavra, são elas: Veremos agora como cada um desses itens se estabelecem na análise morfológica e como se completam. Raiz Radical Vogal temática Tema A�xos: pre�xos e su�xos Desinências Antes, porém, é importante salientar que a análise da morfologia é realizada na palavra isoladamente, ou seja, os elementos analisados estão fora de contexto e são apenas classi�cados por uma questão de organização do estudo da língua. Já quando se pretende analisar os elementos de um texto, por menor que seja, quanto ao seu signi�cado e/ou a relação que há entre elas, dentro de um argumento signi�cativo, temos, então, a análise sintática estabelecida para tal. Vamos aos elementos mór�cos e suas características: Raiz É o elemento mínimo e primitivo da palavra. Essa palavra pode ser tanto verbo quanto termos nominais (substantivo, adjetivo, etc.), a raiz NÃO aceita pre�xos. Radical O radical é a parte �xa de uma palavra, ou seja, é o elemento básico e signi�cativo das palavras. Mesmo que raiz e radical se confundam, não são iguais. Vejamos um exemplo para que seja possível observar essa diferença: Vogal temática e Tema O tema se dá quando se liga uma vogal (chamada de vogal temática = VT) ao radical. Portanto: Exemplo: “Nos desentendemos por algo sem sentido” Na palavra DESENTENDEMOS é possível identi�car o radical - DESENTEND, pois é a partir dele que se dará as demais conjugações: desentendi, desentenderam, etc.; é possível também perceber que há o pre�xo – DES antes da forma – END. Portanto, - ENTEND é a raiz da palavra desentendemos, é a origem e a unidade mínima indivisível. Em termos gerais, o radical é a parte �xa de um VERBO para �ns de conjugação, já a raiz é a origem da palavra (que pode ser verbo ou não). Tanto os verbos quanto os nomes apresentam vogais temáticas, no caso dos verbos o tema surge quando se acrescenta o -R do in�nitivo, dando origem ao que se classi�ca como verbos de 1ª, 2ª ou 3ª conjugação. A�xos São elementos que se unem ao radical de uma palavra trazendo novos signi�cados. Podem ser antepostos ao radical, que são os pre�xos, ou pospostos ao radical, chamados de su�xos. Desinências São os elementos �nais das palavras que indicam as �exões. As desinências podem ser verbais ou nominais, quando verbais indicam �exões de número (singular e plural), pessoa (1ª, 2ª ou 3ª), tempo (passado, presente e futuro) e modo (indicativo, subjuntivo e imperativo); quando nominais indicam as �exões de gênero (masculino ou feminino) e número (singular e plural). Exemplo devogal temática nominal: são -a, -e e -o: mesa, livro, artista, amparo, combate, etc., é importante ressaltar que as vogais temáticas não são responsáveis em classi�car uma palavra quanto ao seu gênero (masculino ou feminino). Exemplo de vogal temática verbal: são -a, -e e -i, gerando os grupos de verbos chamados de conjugações, que podem ser de 1ª, 2ª ou 3ª: cantar, bater, partir. Exemplo: infelizmente (in = pre�xo / feliz = radical / mente = su�xo) Os elementos mór�cos são os responsáveis pela classi�cação das palavras, por isso, devem sempre ser analisados com cuidado para que a estrutura interna seja feita de forma correta e adequada. Exemplo de desinência nominal: Menin – o = gênero masculino/número singular Menin – as = gênero feminino/número plural Exemplo de desinência verbal: Estudávamos: -Estud: radical -á: vogal temática -va: modo-temporal (pretérito imperfeito do indicativo) -mos: número-pessoal (1ª pessoa do plural = Nós) Formação das palavras AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Quanto à formação de palavras elas podem ser divididas entre primitivas ou derivadas. As primitivas, como o próprio nome diz, são aquelas que não derivam de outras, ou seja, elas existem por elas mesmas dentro da língua portuguesa. Exemplos: pedra, terra, dente, etc. Já as palavras derivadas possuem sua origem em outras, por exemplo: pedreiro, terreiro, dentista, etc. Há, ainda, na língua portuguesa, dois processos gerais para a formação das palavras, que é o que veremos a seguir: Há, ainda, dentro do processo de formação de palavras e especi�camente nas derivações a Derivação imprópria que ocorre quando uma palavra sofre alteração não somente de estrutura, mas também de classes gramaticais. DERIVAÇÃO: PREFIXAL, SUFIXAL, PARASSINTÉTICA E REGRESSIVA A derivação tem como objetivo formar novas palavras a partir de uma já existente, e pode ocorrer: Derivação pre�xal: quando se coloca um pre�xo antes do radical. Exemplo: desligar, incapaz, pré-história, etc.; Derivação su�xal: quando se coloca um su�xo após o radical. Exemplo: dentista, sapataria, boiada, etc.; Derivação parassintética: esse tipo de derivação pode também ser encontrado como parassíntese, e ocorre quando há, ao mesmo tempo, um pre�xo e um su�xo adicionado ao radical. Exemplo: envergonhar, esfarelar, alistar, etc.; Derivação regressiva: ocorre a derivação regressiva quando há a substituição da parte �nal de um verbo pelas desinências a, o ou e. Exemplo: Mudar > Muda Ajudar > Ajuda Pescar > Pesca Falar > Fala Na derivação regressiva vimos que apenas os verbos sofreram essas alterações, já na derivação imprópria há modi�cações em outras classes gramaticais também. Veja: Os adjetivos podem se tornar substantivos: os bons, os maus, o verde, etc.; Os verbos no in�nitivo podem se tornar substantivos: o andar, o caminhar, o pensar, o o sorrir, etc.; Os substantivos podem se tornar adjetivos: menino prodígio, traje esporte, etc.; Os adjetivos podem se tornar advérbios: cantar alto, respirar forte, falar baixo, etc.; Composição: justaposição e aglutinação Já no processo de composição das palavras ocorre algo um pouco diferente das derivações, aqui duas ou mais palavras se unem a dois ou mais radicais para dar origem a uma nova palavra. Temos, então, a composição por justaposição e a composição por aglutinação, que será explanado nos próximos tópicos deste material. Redução Outra maneira de encontrar o processo de formação de palavras é através da redução, que é quando há supressão de parte da palavra plena. Hibridismo Ocorre o hibridismo quando há mistura de palavras de línguas diferentes dando origem a uma nova palavra. Veja: O processo de formação de palavras acontece quando há modi�cações nas estruturas das palavras, seja com um radical ou mais, adicionando ou suprimindo unidades dos termos de acordo com o que se pretende dizer. É válido lembrar que a língua é uma unidade social e viva e, que ao longo dos anos, sofre alterações dos usos e costumes das palavras. Há ainda palavras que se tornam comum na oralidade e passam a ser escritas da mesma maneira da oralidade, mas tudo isso leva tempo e trata-se também de costumes e da cultura de um determinado povo. Exemplos: Auto (automóvel) Moto (motocicleta) Seu (senhor) Pneu (pneumático) Quilo (quilograma) Foto (fotogra�a) Televisão (tele [grego] + visão [latim]) Monocultura (mono [grego] + cultura [latim]) Flexão ou derivação? AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Quando falamos em formação de palavras nos deparamos com algumas características e denominações que, em algum momento, pode nos confundir e levar a alguma dúvida. E uma das mais recorrentes é sobre a �exão ou derivação. Há diferença entre elas? Ou para que servem? Primeiro, vamos veri�car o que Rosa (2002) diz sobre a gramática as divisões das classes gramaticais: A primeira [parte da gramática] é o conhecimento dos vocábulos. Onde cada vocábulo ou é um nome, ou é um verbo, ou é um advérbio, denominando-se o vocábulo muitas vezes por dição. A segunda é a própria declinação. E a declinação é a manutenção do início e a variação da terminação. Declina-se o nome por suas declinações; o verbo pelas conjugações; o advérbio não se declina. A terceira parte é a própria construção. E se faz por quatro maneiras a saber: entre o substantivo e o adjetivo, entre o relativo e o antecedente, entre o suposto e o verbo e quando uma palavra exige outra depois de si. (ROSA, 2002, p. 28). Analisando pelo pressuposto de que algumas classes gramaticais são variáveis, ou seja, se modi�cam e �exionam, enquanto outras classes não mudam, é importante ressaltar que há, de fato, diferença entre a derivação e a �exão das palavras sim. Sendo: Segundo o prof. José Mário Botelho, a derivação é assistemática, aberta e não obrigatória; enquanto que a �exão é sistemática, fechada, obrigatória e possui congruência. A derivação é o surgimento de uma nova palavra que nos remete a uma dada realidade. A �exão é a formação de novos modos de dizer a mesma palavra. No vocábulo ferreiro podemos observar claramente a formação de uma nova palavra a partir de ferro através do processo de derivação. O mesmo ocorre em garota em que temos uma nova palavra a partir de garoto através da derivação. Para Evanildo Bechara a �exão consiste fundamentalmente no morfema aditivo su�xal acrescido de radical, enquanto a derivação consiste no acréscimo ao radical de um su�xo lexical ou derivacional: casa+ s: casas (�exão de plural); casa+ inha: casinha (derivação). (BOTELHO, 2005 apud PACHECO, 2018, online) Portanto, �ca evidente que a �exão acontece quando há outras maneiras de dizer a mesma palavra, enquanto que a derivação pode ocorrer - ou não - em determinada palavra. Por exemplo, cantarolar é derivada de cantar; mas não há derivação para falar e gritar, que são situações da voz humana tanto quanto o cantar. Composição e seus processos AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Como visto anteriormente, a composição ocorre de duas maneiras, por justaposição e por aglutinação. Neste processo de formação de palavras duas ou mais se unem a dois ou mais radicais para dar origem a uma nova palavra. Veja: Justaposição: a composição por justaposição acontece quando duas ou mais palavras (que podem ser radicais ou não) se unem sem sofrer alteração de estrutura. Exemplo: passatempo, girassol, televisão, rodovia, etc. Aglutinação: já a composição por aglutinação acontece quando duas ou mais palavras (que podem ser radicais ou não) se unem sofrendo alteração de estrutura de um ou mais de seus elementos. Exemplo: planalto (plano alto), boquiaberto (boca aberta), embora (em boa hora), etc. SAIBA MAIS No Brasil há, segundo o linguista Sírio Possenti (2009), existem três tipos de gramáticas: a normativa, a descritiva e a internalizada. Veremos no quadro a seguir as de�nições e diferenças que Possenti aponta sobre elas: Quadro 1 - Tipos de gramática Gramática normativa = conjunto de regras que devem ser seguidas Gramática descritiva= conjunto de regras que são seguidas Gramática internalizada = conjunto de regras que o falante domina Regra obrigação: assemelha- se à lei jurídica: “é o que deve ser” busca pelas regularidades da língua: assemelha-se à lei da natureza: “é o que é” é a língua em situações de uso pelo falante: são conhecimentos/usos linguísticos dos falantes, com regras implícitas (sem que se tenha consciência delas, muitas vezes) Língua -expressão das pessoas cultas - regras baseadas apenas na modalidade escrita - critério literário - norma culta ou variante padrão ou dialeto padrão - regularidades -não existem línguas uniformes -o critério não é apenas literário Erro -o que foge da boa linguagem, segundo a norma culta -há variáveis entre padrões de uso -só é erro o que não faz parte sistemática de nenhuma variante da língua Gramática descritiva – Como antes a�rmado, a língua está submetida a constantes transformações, prova maior disso é a linguagem dos internautas, quase sempre truncada, fragmentada, abreviada, tudo em nome do fator tempo. Outro exemplo de tais transformações são as gírias, muito comuns nos grupos sociais especí�cos, bem como os modismos. Ou seja, essa gramática se torna responsável pelo estudo da língua em se tratando de um dado contexto de comunicação. Gramática normativa – Também anteriormente mencionada, sobretudo no que tange às regras gramaticais, trata-se do estudo dos fatos linguísticos aplicáveis nas situações especí�cas de interlocução. Representa, pois, o registro de um sistema que postula as regras convencionais da língua que falamos, passíveis, portanto, de serem obedecidas e postas em prática, sempre que assim a situação requisitar. Gramática internalizada – Como bem nos aponta o próprio nome, trata-se daquela habilidade de que dispõe o falante desde o momento em que ele começa a se mostrar apto a exercer os primeiros contatos com a linguagem propriamente dita, ou seja, desde o momento da aquisição da fala que, estando certo ou errado segundo os padrões formais, ele possui condições de ordenar suas ideias e expressar seu pensamento, conferindo assim um sentido lógico ao discurso que profere. Fonte: Gramáticas normativa, descritiva e internalizada. Educação UOL, 2018, online. REFLITA “A palavra é o meu domínio sobre o mundo” Clarice Lispector Nesta unidade foi possível identi�car a relação existente entre a �lologia, que é a ciência que estuda os textos escritos com o surgimento da morfologia, parte da gramática que estuda isoladamente as palavras. Aprendemos ainda como se dá o processo de formação das palavras, suas composições, derivações e a parte estrutural das mesmas. Por �m, foi possível perceber como essa classi�cação minuciosa é importante para entendermos o processo de formação das palavras isoladamente para que, quando necessário, analisadas juntas se entenda o conceito sintático que elas devem estabelecer de signi�cação. Espero que nas demais unidades possamos continuar focados e prontos para as anotações, pois vamos conhecer, de fato, as classes gramaticais e como elas aparecem nos textos e em todo o processo comunicacional. Leitura Complementar "Pilhei a senhora num erro!", gritou Narizinho. "A senhora disse: 'Deixe estar que já te curo!' Começou com o Você e acabou com o Tu, coisa que os gramáticos não admitem. O 'te' é do 'Tu', não é do 'Você'"... "E como queria que eu dissesse, minha �lha?" "Para estar bem com a gramática, a senhora devia dizer: 'Deixa estar que já te curo'." "Muito bem. Gramaticalmente é assim, mas na prática não é. Quando falamos naturalmente, o que nos sai da boca é ora o você, ora o tu; e as frases �cam muito mais jeitosinhas quando há essa combinação do você e do tu. Não acha?" "Acho, sim, vovó, e é como falo. Mas a gramática..." "A gramática, minha �lha, é uma criada da língua e não uma dona. O dono da língua somos nós, o povo; e a gramática - o que tem a fazer é, humildemente, ir registrando o nosso modo de falar. Quem manda é o uso geral e não a gramática. Se todos nós começarmos a usar o tu e o você Conclusão - Unidade 1 misturados, a gramática só tem uma coisa a fazer..." "Eu sei o que é que ela tem a fazer, vovó!", gritou Pedrinho. "É pôr o rabo entre as pernas e murchar as orelhas..." Dona Benta aprovou. Fonte: Monteiro Lobato. Obra Completa. "Fábulas", São Paulo, Editora Brasiliense. Livro Filme Unidade 2 Classes e categorias em gramáticas de língua portuguesa AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Introdução Prezado(a) aluno(a), seja muito bem-vindo novamente! Nesta unidade II vamos conhecer três classes gramaticais que nos levarão ao entendimento do processo de construção de palavras e, posteriormente, frases. Analisaremos morfologicamente cada uma delas através do seu conceito e depois aplicando em um exemplo didático e de fácil compreensão. Antes, porém, serão tecidas considerações relevantes a respeito da NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) e conheceremos um pouco sobre a gramática de valência e como todos esses elementos estão, de certo modo, interligados. Não há mais como negar que a morfologia está diretamente ligada aos contextos comunicativos, é preciso conhecer, sim, as classes gramaticais e suas respectivas classi�cações, mas é relevante também o entendimento de que os elementos frasais se relacionam através de contextos situacionais, ou seja, “tudo depende do contexto”, e até mesmo a classi�cação de uma palavra dependerá do momento e lugar de fala. Vamos juntos nessa missão de descobrir a Língua Portuguesa de uma forma simples e prática?! Bons estudos! Classes e categorias em gramáticas de língua portuguesa AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Vimos na unidade I que a �lologia é a ciência que estuda os documentos escritos de uma determinada língua com o objetivo de organizá-la e estabelecer suas normas e regras. E, bem antes de termos uma gramática como a que conhecemos atualmente, os estudos a respeito da língua e de todo processo comunicativo já existia desde a Grécia Antiga quando a busca pelo saber se fazia presente nas conversas do dia a dia e o conhecimento era vivido no seu mais profundo signi�cado. É parte natural do homem querer saber suas origens e como as coisas se transformaram ao longo dos tempos, por isso, com o estudo das palavras não foi diferente, a busca pela “identidade” da língua sempre foi um universo a ser descoberto. A primeira gramática do Ocidente foi de autoria de Dionísio de Trácia, que identi�cava oito partes de discurso: nome, verbo, particípio, artigo, preposição, advérbio e conjunção. Atualmente, são reconhecidas dez classes gramaticais pela maioria dos gramáticos: substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e pronome. Como podemos observar, houve alterações ao longo do tempo quanto às classes de palavras. Isso acontece porque a nossa língua é viva, e, portanto, vem sendo alterada pelos seus falantes o tempo todo, ou seja, nós somos os responsáveis por estas mudanças que já ocorreram e pelas que ainda vão ocorrer. Classi�car uma palavra não é fácil, mas atualmente todas as palavras da língua portuguesa estão incluídas dentro de uma das dez classes gramaticais dependendo das suas características. (MATANDAUDJE, 2018, p. 10). @freepik A gramática foi organizada há muitos anos para que fosse possível conhecer e classi�car as partes do discurso e, como todo elemento vivo e social, ela sofreu e possivelmente sofrerá modi�cações ao longo da história. Por isso, é importante sempre observar se a gramática que você se propõe a estudar é atualizada e está em concordância com as novas regras e normas vigentes. Temos, portanto, hoje, uma organização normativa de dez classes gramaticais na língua portuguesa, classes essas que podem ser encontradas nas gramáticas atuais, e aqui nessa unidade vamos conhecer três delas: o substantivo, o adjetivo e o verbo. Posteriormente, nas demais unidades desta apostila, vamos conhecer as demais classes gramaticais e como elas podem ser usadas emdeterminados contextos e situações especí�cas. Antes, porém, de darmos continuidade ao assunto proposto, vamos ver no tópico seguinte as características da NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) e como ela in�uencia diretamente na forma de analisar morfologicamente as palavras. A NGB e os critérios de classi�cação AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro A língua portuguesa é determinada por normas e regras como já vimos até aqui, no entanto, sabe-se que além do Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe falam o português. Para que todos esses países entre em um consenso sobre as normas da língua alguns tratados sempre foram estabelecidos, por vezes acordados, outras nem sempre. No início do século XX Portugal tentou pela primeira vez formular um acordo geral ortográ�co para Brasil e Portugal, mas sem sucesso, as negociações se estenderam por anos e até hoje é possível identi�car as diferenças que existem em ambos países. Só anos depois é que as propostas começaram a surtir efeito: As tentativas iniciais materializaram-se num primeiro acordo, assinado em 1931, que, no entanto, viria a ser interpretado de forma diferente nos vocabulários ortográ�cos nacionais, entretanto produzidos em Portugal, o Vocabulário Ortográ�co da Língua Portuguesa, de 1940; no Brasil, o Pequeno Vocabulário Ortográ�co da Língua Portuguesa, de 1943, acompanhado de um Formulário Ortográ�co. A �m de eliminar estas divergências, foi assinado por ambos os países um novo acordo ortográ�co, em 1945, mas este apenas foi aplicado por Portugal, continuando o Brasil a seguir o disposto no Formulário Ortográ�co de 1943. (Acordo ortográ�co, 2019, online). Após tais negociações da década de 1940, tanto o brasil quanto Portugal sofreram alterações e revisões na sua forma de escrita e as negociações continuaram a andar em passos lentos: Nas décadas seguintes, houve várias tentativas de chegar a um novo consenso, mas, embora no início da década de 1970 tenha havido revisões que aproximaram as duas variedades escritas, não foi aprovada o�cialmente uma reforma que instituísse um documento normativo comum. Fruto de um longo trabalho da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, os representantes o�ciais dos então sete países de língua o�cial portuguesa (além do Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) assinaram em 1990 o Acordo Ortográ�co da Língua Portuguesa, rati�cado também, depois da sua independência em 2004, por Timor-Leste. (Acordo ortográ�co, 2019, online). De fato, no Brasil, o Acordo Ortográ�co da Língua Portuguesa que teve sua origem em 1990 só entrou em vigor em 2009, no começo do ano; Portugal se estendeu por mais alguns meses e em maio do mesmo ano também passou a vigorar as novas normas e regras. Atualmente, o Acordo Ortográ�co está em vigor e faz parte do dia a dia dos países de Língua Portuguesa. E, voltando um pouco na linha do tempo da LP, a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) foi estipulada em 1959 pelo então Exmo. Sr. Ministro de Estado da Educação e Cultura Clóvis Salgado, e elaborado pela Comissão designada na Portaria Ministerial número 152/57, constituída pelos Professores: Antenor Nascentes Clóvis do Rêgo Monteiro Cândido Jucá (�lho) Carlos Henrique da Rocha Lima Celso Ferreira da Cunha @freepik Tanto para os brasileiros quanto para os portugueses, o Novo Acordo foi impactante, uma vez que se estabeleceram regras que poderiam confundir ainda mais alguns aspectos morfológicos, ortográ�cos e até mesmo sintáticos da língua, por isso, o acordo apontava um período de adaptação de três anos para que a população se acostumar com as novas regras. SAIBA MAIS A NGB teve, então, papel primordial na de�nição e constituição gramatical brasileira. Ela foi dividida em três partes, sendo: Primeira parte: fonética; Segunda parte: morfologia; Terceira parte: sintaxe. Para conhecer a Nomenclatura Gramatical Brasileira na íntegra, acesse o link disponível a seguir: ACESSAR http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=ngbras Problemas de classi�cação AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Ao pesquisar uma palavra na gramática ou tirar algumas dúvidas sobre determinado item temos a certeza de que a resposta que encontramos ali será 100% correta e não haverá possibilidade de equívocos, correto? Depende. O que ocorre é que após a classi�cação da NGB ser instituída e as novas gramáticas adotarem as 10 classes de palavras como de fato classes de palavras (parece redundância, mas já explico) alguns problemas de classi�cação foram aparecendo, e não apenas classi�cação, mas também de incoerência. A nível de organização da NGB, a gramática é dividia em variáveis e invariáveis, sendo: Variáveis: Substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo; Invariáveis: Advérbio, preposição, conjunção e interjeição Agora, vamos ver quais são os principais problemas que surgiram na NGB, vejamos: Classi�cação Começando pelo quesito “classi�cação”, a NGB foi incoerente ao classi�car a divisão em 10 partes como “classes de palavras”, a�nal o que houve, de fato, foi uma “classi�cação de vocábulos”. E o que isso muda? Muita coisa. Vejamos: quando se classi�ca um artigo, uma preposição e interjeição (os dois últimos chamados também de conectivos); e um morfema, como o artigo, mas deixa de classi�car outros vocábulos, há aqui um separatismo que pode ser entendido como incoerente. Antes, vamos relembrar o conceito de: Vocábulo: palavra considerada apenas no seu aspecto vocal, da pronúncia; Palavra: item analisado segundo critérios fônico (som), mór�co (forma) e frásico (signi�cado); Morfema: menor unidade signi�cativa que se pode identi�car. Ou seja, os problemas de classi�cação podem -e vão – re�etir quando a análise passar da parte morfológica para a sintática. Critérios homogêneos Outro fator determinante e incoerente da NGB, é que ela classi�cou adjetivos e substantivos como classes diferentes, além de que os pronomes passaram a ser independentes e até mesmo opostos às duas classes citadas. Mas, não se esqueça de que os substantivos e os adjetivos podem também assumir função de pronomes. E os numerais, que não são distintos de pronomes e substantivos, passaram a ser considerados classe gramatical independente. E agora? Agora, é preciso entender qual é a diferença de classe e função, pois a grande confusão e problemática da divisão estabelecida pela NGB se dá nessa mistura quando na verdade não deveria ocorrer. Diferença entre classe e função A maior questão, portanto, está no entendimento de classes e funções que foram estabelecidas pela NGB. Vejamos a diferença: Se o vocábulo apresenta forma, função e sentido, é lógico que os critérios mór�cos, sintáticos e semânticos se con�itam nessa tentativa de classi�cação. Contudo, não se pode confundir classe com função, como é o caso da NGB. O nome, o pronome e o verbo são classes. O substantivo, adjetivo e advérbio são funções. As classes são estudadas na morfologia. As funções são estudadas na sintaxe. A diferença entre classe e função, linguisticamente falando, é que a “classe” é identi�cada por critérios mór�cos e semânticos; a “função” possui natureza estritamente sintática e varia de acordo com o contexto. (SANTOS, 2018, online) Logo, o que chamamos de nome não se trata apenas do substantivo, mas também das funções básicas como o adjetivo ou o advérbio, e além dessa divisão, toda palavra será: Em resumo, podemos identi�car que os principais problemas de classi�cação que aparecem na NGB são: Um nome, se a representação for estática, sem variações temporais. Um verbo, se sofrer variações temporais, ou seja, se expressar uma representação dinâmica ou indicar um processo da realidade, ou Um pronome, se apenas situar uma representação no espaço/tempo. Morfologia A divisão de 10 classes se torna incoerente, pois foi baseada apenas na signi�cação, o que traz duplicidade de sentido pela própria de�nição do queé uma classe. Classes gramaticais Há, de fato, apenas duas classes gramaticais, que são nomes e verbos, as demais são funções. Pronomes e nomes A principal diferença entre eles é que os nomes representam, classi�cam, enquanto os pronomes apenas indicam. Numerais São nomes e não classes gramaticais. Classes valenciais AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Em seu livro Gramática de valências (1986), Winfried Busse & Mário Vilela trazem um conceito diferente do que se tinha, até então, dos verbos. Vejamos o conceito: A gramática de dependências toma o verbo como elemento central da estrutura da frase – elemento do qual dependem todos os demais. A gramática de valências é, pois, um desdobramento da gramática de dependências. A gramática de valências considera, portanto, o verbo como o elemento central da frase e trata a relação entre esse centro e os demais elementos dependentes sob dois pontos de vista: um sintático e outro semântico. (BUSSE; VILELA, 1986, p.42). Na Valenciana o verbo é visto como um núcleo que se une a casas ou complementos para que haja sentido completo entre eles. Os verbos são divididos em: Avalentes Possuem sentido completo e não precisam de nada (nenhuma casa) para complementá-los, como os fenômenos da natureza: amanheceu, trovejou, choveu, etc. Monovalentes Necessitam de complemento para que haja sentido completo, normalmente é um sujeito que traz essa signi�cância. @artista em freepik A Gramática de valência é um outro conceito linguístico diferente da gramática tradicional que conhecemos, ela questiona os critérios usados pela tradicional no que diz respeito à classi�cação de sujeitos, objetos e adjuntos adverbiais. Fazendo um comparativo com a gramática tradicional, os verbos Avalentes e monovalentes podem ser entendidos como os verbos intransitivos, aqueles que possuem sentido completo. Voltando à classi�cação da gramática de valência, temos ainda: Bivalentes Aqui eles precisam de duas casas, ou seja, dois complementos para que seja feito o entendimento correto. São os verbos ligados diretamente ao objeto sem o auxílio da preposição, o que na gramática tradicional conhecemos como VTD (verbos transitivos direto e seu OD – objeto direto) Trivalentes Já os verbos trivalentes necessitam de três complementos para que haja sentido, ou três casas como também são chamadas. Exemplo: A árvore caiu – temos aqui um verbo (cair) e um sujeito (árvore) complementando o sentido. Exemplo: A árvore produziu frutos. Árvore: sujeito Produziu: verbo Frutos: objeto Exemplo: A prefeitura enviou ajuda aos desabrigados. Prefeitura: sujeito Enviou: verbo Ajuda: Objeto direto Aos desabrigados: destinatário Substantivo AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Os substantivos, segundo a gramática da língua portuguesa e a de�nição da NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) são os responsáveis pela designação dos seres, ou seja, são eles que dão nome às coisas. Os substantivos se dividem em: Comuns São aqueles que recebem a denominação de seres da mesma espécie. Exemplo: meninos, cachorros, árvores (há muitos meninos, muitos cachorros e muitas árvores); Próprios São aqueles que denominam seres em particular, podem ser nomes de cidades, estados, países, pessoas, etc. Exemplo: João, Curitiba, Canadá, Machado de Assis, Deus, etc; Concretos Que dão nome a seres reais ou que há sentido igual para todos, aquilo que a imagina apresenta como real. Exemplo: mulher, pedra, fada, avô, etc; Abstratos Os substantivos abstratos são aqueles que nomeiam sentimentos, ações, qualidades ou estados dos seres. Exemplo: beleza, coragem (qualidade), saudade, alegria (sentimento), esforço, viagem (ações) e morte, doença (estado); Simples São aqueles formados por um só radical. Exemplo: pão, lobo, chuva; Compostos São aqueles que se formam com mais de um radical. Exemplo: passatempo, pré-história, etc; Primitivos Aqueles que não derivam de outra palavra, eles são a origem. Exemplo: terra, pedra, dente, etc; Derivados Os substantivos derivados são aqueles que vieram das palavras primitivas, ou seja, derivam de outros substantivos. Exemplo: terreiro, pedraria, dentista, etc; Coletivos Os coletivos são aqueles que denominam grupos ou conjunto de seres da mesma espécie. Exemplo: rebanho (ovelhas), ramalhete (�ores), cardume (peixes), matilha (cães), etc. Flexão dos substantivos Os substantivos �exionam para indicar: Gênero: masculino ou feminino; Número: singular ou plural; Grau: aumentativo e diminutivo Exemplo: jacaré (macho ou fêmea) – cobra (macho ou fêmea) – onça ( macho ou fêmea) E para diferenciar o gênero no contexto comunicativo, usa-se as palavras “macho ou fêmea”. Exemplo: O jacaré fêmea estava rodeada de �lhotes. Já os substantivos sobrecomuns designam pessoas e têm só um gênero, tanto se referindo a homem ou a mulher. Exemplo: a criança (menino ou menina) – pessoa (homem ou mulher) – guia (homem ou mulher), etc. Os comuns de dois gêneros possuem uma só forma de designar os indivíduos independente do sexo, a diferença é que será possível identi�car apenas dentro de um contexto e quando �zer o uso de artigo (o, a, os, as) antes das palavras. Exemplo: Colega: o colega... a colega Estudante: o estudante... a estudante Cliente: o cliente... a cliente Fã: o fã... a fã Número dos substantivos @freepik Os substantivos podem ser, ainda, epicenos, sobrecomuns, comuns de dois gêneros e de gênero incerto , ou seja, não se trata de masculino ou feminino. No epiceno encontramos palavras que designam alguns animais e tem só um gênero, seja macho ou fêmea. Quando se fala em número dos substantivos estamos nos referindo à forma que eles aparecem, se é no singular (retratando apenas um item ou situação) ou plural (quando retrata mais de um item ou situação). O plural nos substantivos, normalmente, se dá com o acréscimo do -S nas palavras, mas há situações em que é preciso acrescentar – es (colher – colheres), - is (pastel – pastéis), -ns (nuvem – nuvens), -ões (botão – botões). Grau dos substantivos O grau nos substantivos re�ete as variações de tamanhos e seres, e podem ser: Aumentativo: aumento do objeto ou ser em relação ao seu tamanho real. Exemplo: Aquela bolsona cabem todos os meus itens de maquiagem. Diminutivo: diminuição do objeto ou ser em relação ao seu tamanho real. Exemplo: Aqueles olhinhos sempre brilham quando sorri. Vale lembrar que o grau nos substantivos pode ser usado na sua forma literal ou podem ainda representar o sentido conotativo das coisas, ou seja, nem sempre será com a intenção real, mas sim um modo de dizer algo. Exemplo diminutivo: Aquela mulherzinha mora na rua de casa (literal) Aquela mulherzinha não sabe com quem está falando (conotativo) Exemplo aumentativo: Aquela menina é muito alta, uma criançona linda (literal) Algumas pessoas demoram para amadurecer, sempre serão criançonas na vida (conotativo). Adjetivo AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Os adjetivos são aquelas palavras que trazem uma qualidade, característica ou quali�cam os seres em geral. Algumas gramáticas trazem os adjetivos divididos em dois tipos: os quali�cadores e os classi�cadores. Adjetivos quali�cadores Como o próprio nome diz, os adjetivos quali�cadores são aqueles que expressam uma qualidade aos seres, normalmente quali�cam um substantivo. Por se tratar de uma qualidade essas palavras podem ser tanto positivas, quanto negativas, além disso elas são subjetivas e podem mudar de pessoa para pessoa. Vamos observar o exemplo: Adjetivos classi�cadores Diferentemente dos quali�cadores, os adjetivos classi�cadores denotam a ideia de classi�cação. Isso quer dizer que tipi�cam uma classe, um grupo ou mesmo trazem características especí�cas a um agrupamento de coisas. “Aquele estojo bonito é da minha colega de sala” Bonito, aqui, é um adjetivo quali�cador, uma vez que traz uma qualidade para o substantivo estojo, mas o que é bonito para uma pessoa, nem sempre é bonito para a outra pessoa, por isso, dizemosque são palavras que denotam qualidade e a qualidade é passível de variação de acordo com o princípio do gosto de cada indivíduo. Exemplo: “Fomos ao cinema ver o �lme de terror que está em cartaz” Aqui no exemplo citado a palavra terror traz uma classi�cação para o �lme, ou seja, é ela que nos dá a ideia do gênero especi�co do �lme que está em exibição. E, diferente do adjetivo quali�cador, o adjetivo classi�cador é objetivo, ou seja, ele não muda de pessoa para pessoa, se o �lme é de terror, não há como dizer que é de comédia porque eu acho que é comédia. Ele simplesmente se quali�ca como tal. Os adjetivos são responsáveis pela caracterização das palavras, mas não podemos confundir uma qualidade com uma classi�cação, por isso há essa diferença entre os dois tipos de adjetivos. Adjetivos pátrios Os adjetivos pátrios são aqueles que denotam a nacionalidade, ou seja, o lugar de origem de uma pessoa ou de um determinado objeto. Por exemplo: Quem nasce no Brasil é? Brasileiro. Quem nasce no Japão é? Japonês. Quem nasce no estado do Rio de Janeiro é? Fluminense. Quem nasce na cidade do Rio de Janeiro é? Carioca. Alguns adjetivos pátrios são bem simples de se identi�car, mas há outros que são completamente diferentes, como por exemplo quem nasce no Estado do Espírito Santo é? Capixaba. Formação do adjetivo Os adjetivos podem ser formados por: Primitivo: são aqueles adjetivos que não derivam de nenhuma outra palavra, como por exemplo: bom, forte, feliz, etc.; Derivado: são aqueles adjetivos que derivam de outras palavras, normalmente substantivos ou verbos, como por exemplo: famoso, amado, carnavalesco, etc.; Simples: são aqueles adjetivos formados apenas por um elemento, como por exemplo: brasileiro, escuro, etc.; Composto: são aqueles adjetivos que são constituídos por mais de um elemento, como por exemplo: luso-brasileiro, castanho-escuro, etc.; Flexão dos adjetivos Os adjetivos podem se �exionar em gênero, número e grau. Quanto aos gêneros dos adjetivos, eles podem ser uniformes ou biformes. Os uniformes são aqueles que possuem a mesma forma tanto no feminino quanto para o masculino, por exemplo: Leal Superior Inferior Simples Lilás Veloz Otimista Jovem Já os biformes são aqueles adjetivos duas formas, ou seja, uma para o masculino e outra para o feminino. Por exemplo: Mau/ má Europeu/ europeia Alemão/ alemã Cristão/ cristã São/ sã Judeu/ judia Bom/ boa Chorão/ chorona Já em relação ao número dos adjetivos, eles podem �exionar em singular e plural, da mesma forma que os substantivos. Já o grau dos adjetivos se divide em: Grau comparativo Nessa de�nição os adjetivos são comparados em qualidade nos quesitos: igualdade, superioridade e inferioridade. Igualdade: Sou tão alto quanto você; Superioridade: pode ser expressa na forma analítica: sou mais alto do que você; ou pode ser expressa na forma sintática: você é maior que eu; Inferioridade: sou menos alto do que você. Grau superlativo O grau superlativo se divide em: Absoluto: O grau superlativo absoluto se subdivide ainda em analítico (ela é muito alta) e sintético (ela é altíssima). Relativo: O grau superlativo relativo se subdivide ainda em relativo de superioridade (esta montanha é maior que a outra) e de inferioridade (ele é o menos alto de todos os irmãos) É possível perceber que os adjetivos recebem classi�cações quanto ao seu modo de caracterizar (quali�cador ou classi�cador) e quanto às suas formas de �exão (gênero, número e grau) e suas respectivas subdivisões. Vale lembrar, ainda, que algumas palavras podem desempenhar função de adjetivo quando inseridas em um contexto de caracterização. Por exemplo: Sempre fazemos festas surpresa na empresa Originalmente, a palavra “surpresa” é um substantivo, mas no contexto em que está inserida acima exerce a função de classi�car a festa, não é qualquer festa, é uma festa surpresa. Traz, portanto, uma característica ao substantivo “festa”. Verbo AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro A classe gramatical dos verbos talvez seja a que mais nos traz detalhes e uma verdadeira abundância de informações, possibilidades e maneiras de aplicação. Fato é que no dia a dia muitas vezes usamos os verbos com os tempos, modos ou formas nominais misturados e até mesmo não sabemos ao certo se estamos fazendo o uso correto ou não daquela colocação. Tempos verbais Para o início da nossa organização da estrutura do verbo é preciso entender que eles podem ser encontrados em três tempos. Sendo: Presente: quando a ação acontece no momento da enunciação; Passado ou pretérito: quando a ação ocorreu antes do momento da enunciação; Futuro: algo que ainda acontecerá. Parece óbvio e simples delimitar esses três tempos, mas se faz necessário uma vez que posteriormente nos depararemos com outros tempos verbais, digamos, mais elaborados e ricos em detalhes. Modos verbais Assim como nos tempos verbais, os modos também são três: @freepik Pensando nisso, separei um esquema para que seja possível uma boa compreensão do que são os verbos e de como podemos estudá- lo de forma organizada e sem confundir. Vamos lá?! Indicativo: algo que nos dá a ideia de certeza; Imperativo: uma ordem, conselho ou pedido; Subjuntivo: algo que traz a ideia de possibilidade, do talvez, da hipótese. Agora que já conhecemos os tempos e os modos �ca ainda mais fácil prosseguir no estudo dos verbos, a�nal, contextualizar toda teoria é a melhor saída para o entendimento. Con�ra na tabela abaixo os outros modos e tempos verbais: Formas nominais do verbo Quadro 1: Tempos e modos verbais Modos Verbais Tempos Verbais Exemplos Indicativo Presente Ele consegue. Pretérito Perfeito Ele conseguiu. Pretérito Imperfeito Ele conseguia. Pretérito mais que perfeito Ele conseguira. Futuro Presente Eu conseguirá. Futuro Pretérito Ele conseguiria. Subjuntivo Presente Que ele consiga. Pretérito Imperfeito Se ele conseguisse. Futuro Quando ele conseguir. Imperativo A�rmativo A�rmativo Negativo Consiga ele. Não consiga ele. Fonte: acesse o link Disponível aqui https://www.todamateria.com.br/modos-verbais/ Outra característica verbal é a forma nominal que se divide em três também: In�nitivo: são os verbos terminados em – R; Gerúndio: são os verbos terminados em – NDO; Particípio: são os verbos terminados em – DO; Vale lembrar que existe uma situação corriqueira, mas equivocada, do uso do gerúndio. Quando isso acontece dizemos que há gerundismo, ou seja, uma situação em que não se deveria ter aplicado o gerúndio e foi. O gerúndio é uma ação que foi iniciada no presente e ainda não foi concluída. Exemplo: Estou estudando português. Aqui, o aluno começou a ação de estudar português, mas ainda não concluiu. Em termos gerais, é uma ação inacabada e, portanto, cabe o uso do gerúndio. Já quando se diz: “Vou estar enviando sua fatura até amanhã” Há, portanto, uma ação futura e que não deveria ter usado o gerúndio. O correto seria “Enviarei sua fatura até amanhã” já que a ação ainda não aconteceu. Para essa situação do uso incorreto do gerúndio temos o gerundismo. Vozes verbais As vozes verbais acontecem para mostrar se uma ação está sendo sofrida ou praticada pelo sujeito. As vozes verbais podem se dividir em: Ativas: quando o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo. Exemplos: Os pais educam os �lhos; Passiva: diz-se que aqui o sujeito é paciente, ou seja, ele recebe a ação expressa pelo verbo. Exemplo: Os �lhos são educados pelos pais; Re�exiva: na voz re�exiva há uma ação mútua em que o sujeito é ativo e passivo. Exemplo: O homem feriu-se no acidente de carro. Aqui, o sujeito homem pratica e recebe a ação de “ferir” ao mesmo tempo. Conjugações Os verbos dividem-se também nas conjugações, que são: Primeira conjugação: terminados em -ar: cantar, nadar, falar; Segunda conjugação: terminados em -er: beber, comer, escrever; Terceira conjugação: terminados em -ir: partir, abrir, rir, etc. SAIBA MAIS Dentre as classes de palavras, o verbo é a mais rica em �exões. Com efeito,o verbo reveste diferentes formas para indicar a pessoa do discurso, o número, o tempo, o modo e a voz. Ao conjunto ordenado das �exões ou formas de um verbo dá-se o nome de conjugação. O verbo é a palavra indispensável na organização do período. Fonte: Domingos Paschoal Cegalla - Novíssima Gramática da Língua Portuguesa - São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2020. p.182. REFLITA “A leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita precisão”. Francis Bacon. Chegamos ao �m de mais uma unidade e com ela foi possível aprender como as classes gramaticais se dividem de acordo com a NGB e as gramáticas tradicionais, bem como nossa língua pode ser organizada de formas diferentes pela gramática de valência. Vale lembrar que tais diferenças sempre existiram e que não uma verdade absoluta no que diz respeito ao estudo da Língua Portuguesa, o que há, de fato, são maneiras diferentes de se de�nir e interpretar a mesma situação. Seria um grande equívoco da nossa parte a�rmar que essa ou aquela está certa ou errada, uma vez que estamos falando de um organismo vivo e social e passível de mudanças. Assim como os acordos ortográ�cos com Portugal e os demais países de língua portuguesa levaram anos para entrar em concordância (e de fato nunca entrou 100%) é possível entender como a diversidade da língua é vasta e as possibilidades de aplicação também. Tudo é uma questão de pontos de vista, contexto e momento do discurso. Nas próximas unidades vamos conhecer as outras classes gramaticais e nos aprofundar ainda mais no estudo delas. Conclusão - Unidade 2 Livro Filme Acordo ortográfico. INSTITUTO DE LINGUÍSTICA TEÓRICA E COMPUTACIONAL, 2019 online. Disponível em <http://www.porta Ida ling ua portug uesa.org/acordo.php>. Acesso em: 23jan. 2020 BASÍLIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004. Disponível em: http://fcv.bv4.digita1pages.com.br BASÍLIO, Margarida. Teoria lexical. 8 ed. São Paulo: Ática, 2007. Disponível em: http://fcv.bv4.d ig ita I pages.com.br BUSSE, Winfried; VILELA, Mário. Gramática de Valência. Coimbra: Livraria Almedina, p. 42, 1986. GONÇALVES, Carlos Alexandre. Iniciação aos estudos morfológicos: flexão e derivação em português. São Paulo: Contexto, 2011. Disponível em: http://fcv.bv4.d ig ita I pages.com.br MATANDAUDJE, Amone. Categorias Gramaticais. Chimoio, p.10, 2018 NEVES, Maria Helena de Moura. Ensino de língua e vivência de linguagem: temas em confronto. São Paulo: Contexto, 2010. Disponível em: http://fcv.bv4.d ig ita I pages.com.br Nomenclatura Gramatical Brasileira. INSTITUTO DE LINGUÍSTICA TEÓRICA E COMPUTACIONAL, 2019 online. Disponível em <http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php>. Acesso em: 22jan. 2020 Pereira, Regina Celi; Roca, Pilar (orgs.). Linguística Aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009. Disponível em: http://fcv.bv4.d ig ita I pages.com.br RODRIGUES, Angela; ALVES, leda Maria. Gramática do português culto falado no Brasil: vol. VI: a construção morfológica da palavra. São Paulo: Contexto, 2015. Disponível em: http://fcv.bv4.digita1pages.com.br RODRIGUES, Angela; ALVES, leda Maria. Gramática do português culto falado no Brasil: vol. VI: a construção morfológica da palavra. São Paulo: Contexto, 2015. Disponível em: http://fcv.bv4.digita1pages.com.br ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2011. Disponível em: http://fcv.bv4.digita1pages.com.br Unidade 3 Palavras fóricas e a referenciação situacional e textual AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Introdução Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer outras classes gramaticais baseadas na divisão da gramática tradicional segundo a Norma Gramatical Brasileira (NGB). Antes, porém, vamos conhecer as palavras fóricas e em que situações elas podem ser usadas e como o contexto situacional interfere na signi�cação do texto �nal. Veremos como se dividem os pronomes e quais são suas características especí�cas, além dos artigos e numerais, classes gramaticais denominadas também segundo a NGB. Bons estudos! Palavras Fóricas e a Referenciação Situacional e Textual AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro As palavras fóricas na língua portuguesa são aquelas usadas para chamar a atenção dentro do contexto textual. Em outras palavras, elas servem para evidenciar algo que já foi dito ou que se pretende dizer. As palavras fóricas normalmente são os pronomes, mas há casos em que os advérbios também podem exercer essa função. Além disso, as palavras fóricas se dividem em duas, sendo: Anafóricas As palavras anafóricas ou termos anafóricos, podem ser entendidos como aqueles que servem para retomar uma informação que já apareceu no texto. Por exemplo: João e Guto, apesar de serem gêmeos, são muito diferentes. Por exemplo, este é calmo, aquele é explosivo. Nota-se, portanto, que os elementos em negrito fazem referência a João e Guto, ou seja, retomam algo já expresso no texto. Catafóricas As palavras catafóricas, ou termos catafóricos, são aqueles que agem de forma oposta à das anafóricas. Aqui, elas sugerem algo que ainda não apareceu no texto. Veja o exemplo: Felipe queria fazer um bolo e comprou vários ingredientes: achocolatado, açúcar, essência de baunilha e ovos. O termo grifado é catafórico, pois antecipa algo que ainda não foi dito no texto A classe gramatical dos artigos é uma das mais simples da língua portuguesa, ela é responsável apenas por classi�car apenas oito itens e que são facilmente entendidos no contexto comunicacional. Vamos conhecer neste primeiro momento o artigo de�nido que, como o próprio nome diz trata-se daquele artigo que de�ne com precisão o substantivo que o precede. São eles os artigos de�nidos: Os artigos de�nidos são utilizados quando se deseja mostrar com precisão de qual objeto ou de qual pessoa está a evidência dentro de um contexto situacional. Vejamos os exemplos: A menina que estuda Letras fez um belo discurso na abertura do evento. Os pratos que compramos na semana passada foram quebrados ao lavar a louça. MASCULINO SINGULAR FEMININO SINGULAR O A MASCULINO PLURAL FEMININO PLURAL OS AS @freepik Ao utilizarmos os artigos de�nidos “a” e “o” é possível estabelecer uma relação de apropriação da situação, a�nal, não foi qualquer menina que fez o discurso, mas sim foi a menina que estuda Letras. Não foram quaisquer pratos que quebraram, foram aqueles que compramos na semana passada. Pronome: Pessoal, Possessivo e Demonstrativo AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Pronome pessoal A classe dos pronomes é uma das mais importantes, embora todas elas tenham suas funções e importância dentro do contexto situacional. Os pronomes se dividem em seis, sendo: Pronome pessoal; Pronome possessivo; Pronome demonstrativo; Pronomes inde�nidos; Pronomes relativos; Pronomes interrogativos. Aqui nos atentaremos, a priori, com os pronomes pessoais, pois são eles que substituem os substantivos (ou os determinam) e representam as pessoas do discurso. Quadro 1: Pronomes pessoais PESSOAS DO DISCURSO PRON. PESSOAIS DO CASO RETO PRON. PESSOAIS DO CASO OBLIQUO ATÔNO PRON. PESSOAIS DO CASO OBLIQUO TÔNICO 1ª PESSOA EU ME MIM, COMIGO 2ª PESSOA TU TE TI, CONTIGO 3ª PESSOA ELE/ELA SE, O, A, LHE SI, CONSIGO 1ª PESSOA NÓS NOS NÓS, CONOSCO 2ª PESSOA VÓS VOS VÓS, CONVOSCO 3ª PESSOA ELES/ELAS SE, OS, AS, LHES SI, CONSIGO, ELES,ELAS Fonte: a autora. Em regra, os pronomes pessoais se dividem em dois: os retos e os oblíquos. No caso dos pronomes pessoais do caso reto a norma diz que eles devem funcionar como os sujeitos da oração, enquanto os oblíquos funcionam como objetos ou complementos. Exemplo: Já em relação à acentuação, os pronomes oblíquos podem se dividir em: Tônicos: esses pronomes são assim chamados por sempre serem precedidos por preposições, normalmente as reposições a, para, de e com. Logo, eles exercem função de objeto indireto da oração e sua acentuaçãotônica forte. Átonos: esses pronomes são assim chamados porque não são precedidos de preposição e sua acentuação tônica é fraca. SUJEITO OBJETO VERBO Eu te admiro Nós o amamos Ela me chamou Eles lhe bateram Pronome possessivo Os pronomes possessivos são aqueles que se referem às pessoas do discurso, tanto no singular quanto no plural, atribuindo-lhes a posse de algo, por isso, são chamados de possessivos. Veja no quadro abaixo os pronomes possessivos e a que pessoas cada um deles corresponde. @freepik Quadro 2: Pronome possessivo PESSOA M.S.P/F.S.P.* 1ª PESSOA SINGULAR MEU, MEUS, MINHA, MINHAS 2ª PESSOA SINGULAR TEU, TEUS, TUA, TUAS 3ª PESSOA SINGULAR SEU, SEUS, SUA, SUAS 1ª PESSOA PLURAL NOSSO, NOSSOS, NOSSA, NOSSAS 2ª PESSOA PLURAL VOSSO, VOSSOS, VOSSA, VOSSAS 3ª PESSOA PLURAL SEU, SEUS, SUA, SUAS Fonte: a autora. *S.P = masculino, singular e plural *F.S.P = feminino, singular e plural Vale lembrar que cada pessoa do discurso tem seu pronome possessivo especí�co, mas na oralidade muitas vezes há uma confusão do uso de terceira pessoa do discurso com os pronomes relativos à segunda pessoa. Veja no quadro abaixo os pronomes possessivos e a que pessoas cada um deles corresponde. Pronome demonstrativo Outro pronome que usamos bastante no dia a dia é o pronome demonstrativo, mas assim como algumas palavras da língua portuguesa, os pronomes demonstrativos são usados de forma equivocada várias vezes. Eles indicam o lugar, a posição ou até mesmo a identidade dos seres fazendo sempre referência às pessoas do discurso. Veja no quadro abaixo essa relação: Os pronomes demonstrativos podem ser usados em três situações: espaço, tempo e no texto. Vamos analisar agora cada um deles: Espaço Em relação ao pronome demonstrativo com ideia espacial, temos: Este: quando o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós). Exemplo: Este caderno é meu. (está perto de mim) Esse: quando o objeto está perto da pessoa com quem se fala (você, tu). Quadro 3: Pronome demonstrativo PESSOA MASC. MASC. FEM. FEM. INVARIÁVEIS SING. PLURAL SING. PLURAL 1ª PESSOA Este Estes Esta Estas Isto 2ª PESSOA Esse Esses Essa Essas Isso 3ª PESSOA Aquele Aqueles Aquela Aquelas Aquilo Fonte: a autora. Exemplo: Esse caderno aí é do João. (perto do receptor da mensagem). Aquele: quando o objeto está longe da pessoa que fala e da pessoa com quem se fala. Exemplo: Aquele livro lá está na sala do outro pavilhão. Tempo Relativo ao tempo, temos os pronomes demonstrativos com situação temporal assim: Este: indica tempo presente. Exemplo: esta semana, este mês, este ano. Esse / aquele: dá a ideia de tempo passado, porém o “esse” se refere a um passado próximo, enquanto o “aquele” faz referência a um passado distante. Exemplo: Esse ano que passou foi muito produtivo (passado recente) Aquela época nos divertíamos muito no sítio do meu avô (passado remoto) Texto Outra situação em que se pode usar o pronome demonstrativo é no texto, e talvez seja esse (ou este?) o que mais temos di�culdade. Observe: Este: Trata-se de algo que será referido em seguida. Exemplo: Fernando Pessoa escreveu este verso: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena". Esse: Trata-se de algo que já foi dito anteriormente no texto. Exemplo: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena." Esse verso é de Fernando Pessoa. A Quanti�cação e a Identi�cação AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Quando se fala em quanti�cação logo nos vem à mente os cálculos matemáticos, e parece que isso nada tem a ver com a gramática da língua portuguesa, não é? Aparentemente, pode até não ter, mas não podemos nos esquecer de que os numerais fazem parte das classes gramaticais também. A diferença é que eles são utilizados em língua portuguesa de forma escrita por extenso, enquanto na matemática os numerais são expressos através dos algarismos. Além dos numerais temos ainda a classe dos artigos inde�nidos que podem se confundir durante a escrita, a�nal o artigo de�nido, masculino, singular é UM, e o número cardinal é UM também. Então, como saber de qual das duas classes gramaticais estamos nos referindo? A resposta é bem simples, basta observar o contexto em que está inserida. Exemplo: Um garoto me disse que estava procurando por você. (artigo inde�nido, qualquer garoto). Um menino e uma menina devem se dirigir ao teatro para a avaliação. (um e uma são numerais, quantidades especí�cas). @freepik A quanti�cação e a identi�cação de termos dentro das orações e dos períodos acontecem através da classe dos numerais, sejam os cardinais, ordinais, multiplicativos ou fracionário (no tópico numerais deste material veremos as de�nições de cada um desses numerais e seus respectivos exemplos). REFLITA “A maior parte do tempo de um escritor é passado na leitura, para depois escrever; uma pessoa revira metade de uma biblioteca para fazer um só livro”. Samuel Johnson. O artigo inde�nido Já os artigos inde�nidos são o oposto dos artigos de�nidos, mas assim como os que já vimos anteriormente, são facilmente compreendidos. Veja a tabela abaixo: MASCULINO SINGULAR FEMININO SINGULAR UM UMA MASCULINO PLURAL FEMININO PLURAL UNS UMAS Os artigos inde�nidos podem ser utilizados em situações em que não se pode ou não se deseja especi�car algo ou alguém. Exemplo: Um garoto estava atravessando a rua quando o semáforo abriu Uma garrafa de leite já é su�ciente para a receita do pudim. @freepik Nas duas situações exempli�cadas é possível notar como os artigos “um” e “uma” foram usados para mostrar “qualquer garoto e qualquer garrafa”, não se sabe ao certo de qual garoto estava falando, nem ao menos de qual garrafa de leite estava sendo citada. Pronome Inde�nido e Numerais AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Pronome inde�nido Os pronomes inde�nidos são bem especí�cos, eles se referem à terceira pessoa do discurso, mas a sua ideia será sempre de algo vago, impreciso, indeterminado. Veja a tabela abaixo dos pronomes inde�nidos. Exemplos de frases com pronomes inde�nidos: Algo o incomodava todos os dias Qualquer coisa que você �zer já será o su�ciente Nenhum de nós está preparado para ir embora Quanto mais você se doar, mais será recompensado Ela toma água várias vezes ao dia PRONOMES INDEFINIDOS algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Numerais A classe gramatical dos numerais é dividida em quatro e compreende: Numerais cardinais São os mais usados nosso dia a dia e mostram a quantidade exata dos seres - um, dois, três, quatro. Exemplo: As duas toalhas foram rasgadas. Numerais ordinais São os numerais que indicam ordem e normalmente são utilizados em classi�cações de concursos, atividades e tudo o que exige classi�cação – primeiro, segundo. Exemplo: João �cou em terceiro lugar na categoria júnior. Numerais multiplicativos São os numerais que demonstram aumentos proporcionais de determinada quantidade - dobro, triplo, quinto. Exemplo: Ele teve o triplo de chances de passar no concurso. Numerais fracionários Assim como os multiplicativos indicam aumento proporcional, os fracionários indicam diminuições proporcionais, frações ou divisões – terço, meio, metade. Exemplo: Luiza comeu um terço do bolo que �z ontem. SAIBA MAIS Diferença entre número, numeral e algarismo O que é um número? Um número, por de�nição, é uma expressão de quantidade. Nós pensamos em números sempre que contamos ou medimos alguma coisa, por exemplo: quantos dias faltam para o nosso aniversário; em que posição estamos em um ranking; qual a nossa altura; Os números não são tratados nem como classi�cação gramatical e nem como símbolos, mas sim a própria noção de unidades O que é um numeral? O numeral é a classe gramatical que nos dá a representação de um número, de uma quantidade.Essa representação pode ser escrita ou falada. Os numerais são divididos em 4 tipos conforme sua função: Cardinal Ordinal Multiplicativo Fracionário O que é um algarismo? Se você é um bom observador, percebeu que até agora todos os numerais foram escritos por extenso nos exemplos Um algarismo é um símbolo numérico empregado para representar os numerais de forma escrita, e também pode ser chamado de dígito. ACESSAR https://comunidade.rockcontent.com/numero-numeral-e-algarismo/ Nesta unidade conhecemos as classes gramaticais dos pronomes, artigos e numerais, foi possível identi�car a relação que os pronomes têm com as pessoas do discurso, bem como devemos usá-los em vários contextos situacionais, tanto de tempo, quanto de espaço e texto. Os pronomes devem ainda ser usados, de acordo com a função de cada um deles, como sujeito da oração ou complementos. As classes gramaticais até aqui estudadas devem ser pensadas em contextos signi�cativos, a�nal, sabemos que as palavras podem assumir classes de palavras diferentes de acordo com a situação em que são usadas. Para isso, na próxima unidade vamos conhecer alguns recursos de expressividade que, junto com as classes já estudadas, darão maior sentido nos períodos. Livro Conclusão - Unidade 3 Filme Unidade 4 A junção AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Introdução Chegamos à última unidade da nossa apostila e para quem gosta de estudar a língua portuguesa deve estar se perguntando se veremos ainda alguns recursos expressivos ou mais ferramentas para construção textual. Sim, nesta unidade vamos conhecer a coesão e a coerência textual e como elas se relacionam de modo a formar um texto de fácil entendimento e sem gerar equívocos na interpretação. Além desses recursos, e não menos importante, falaremos também da conotação e denotação, a primeira expressa através das �guras de linguagem que nos auxiliam na hora de dar ênfase em contextos comunicativos especí�cos. Mas antes, �nalizaremos a apostila com os tópicos deste módulo com as classes gramaticais que ainda não vimos para que seja completa nossa análise morfológica de acordo com a NGB. Espero que você desfrute de bons momentos de estudo e aprendizado nesta quarta unidade. Vamos lá?! Junção e Preposições AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro A junção As classes gramaticais que veremos nesta unidade são as que podem ser compreendidas como “as de junção”, em termos gerais isso signi�ca dizer que uma junção é uma conexão, uma união. Até aqui estudamos os artigos, pronomes, verbos, adjetivos e tantas outras características que nos permitem dar nomes aos seres, quali�car e classi�car coisas, objetos e pessoas e de�nir ou não algo ou alguém. Mas como unir informações? Quais são os conectivos que devemos usar para que essa união seja, gramaticalmente, correta? Bom, a partir de agora vamos conhecer essas palavras que fazem toda a diferença na hora de construir a maior unidade de comunicação, que é o texto. Quando essa ideia precisa ser passada para o papel, de forma clara, coesa e convincente, adotamos elementos de conexão que, juntos e empregados da maneira correta, nos darão a ideia que se deseja transmitir. Por isso, nos tópicos seguintes você encontrará quando e quais conectivos usar em determinadas situações, seja em pequenas orações ou em períodos, parágrafos e até mesmo em um texto como um todo. @freepik Preposições Na oralidade, no contexto comunicativo do cotidiano , fazemos essas construções de maneira natural e sem nos preocupar muito com o que estamos escolhendo para construir frases e demonstrar os sentimentos. Além disso, vale lembrar que na oralidade contamos ainda com as expressões corporais e faciais que nos ajudam a conectar ideais e expressar nossos pensamentos de uma maneira mais e�caz A preposição é uma das classes gramaticais invariáveis, ou seja, que não se altera no contexto em que está inserido, por isso, sua principal função é o de unir, conectar um termo dependente a um termo principal para que ambos se completem em signi�cação e sentido. Existe, na língua portuguesa, alguns tipos de preposições e suas �nalidades são bem delimitadas, listei algumas para exempli�car, mas elas não se limitam a isso, basta pensar e interpretar “que tipo de conexão estou fazendo nessa frase?”, aí a resposta será fácil de encontrar. Veja a seguir alguns exemplos bem práticos: Preposição de lugar: O carro veio de Preposição de modo: As cadeiras eram colocadas em Preposição de tempo: Pordois anos ele morou no Canadá. Preposição de distância: Adez quilômetros daqui encontraremos uma praia. Preposição de causa: Coma neve, as estadas �cam escorregadias. Preposição de instrumento: Ele cortou o dedo comuma tesoura. Preposição de �nalidade: A casa foi enfeitada paraa ceia de Natal. As preposições se dividem ainda de duas formas: Preposições essenciais: as que são por natureza uma preposição mesmo. Exemplo: até, de, entre, sobre, para, sem, após, contra, em, perante, etc.; Preposições acidentais: as que pertencem a outras classes gramaticais, mas que acidentalmente se tornam preposições na construção do período. Exemplo: conforme, segundo, durante, mediante, visto, etc. Conjunções AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro Assim como as preposições, a classe gramatical das conjunções é formada também por palavras invariáveis e que conectam, ligam. Mas, a diferença básica entre as preposições e as conjunções é que aqui elas vão ligar orações, ou palavras da mesma oração. Se nas preposições tínhamos alguns tipos que deveria ser analisado de acordo com o contexto em que estavam inseridas, aqui nas conjunções não será diferente, o que ocorre aqui é que as conjunções são bem delimitadas e dividas em cinco tipos especí�cos nas conjunções coordenativas e dez tipos nas subordinativas. Vamos conhecê-las: Conjunções coordenativas São as conjunções que unem orações de sentido inteiro. Conjunções Aditivas Nas conjunções aditivas temos um elemento simples e fácil de identi�car, que é o elemento de soma. Se o próprio nome diz ser “aditiva” é porque em sua característica há a ideia de adição de pensamentos. São elas: e, nem, não só, mas também, não só, como também. Exemplo: Aquela criança não bebe refrigerante nem come doce. Conjunções Adversativas Assim como na anterior, seu nome também é bem claro, as adversativas trazem a ideia de oposição, contraste, compensação de pensamentos. São elas: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, todavia. Exemplo: Eu gostaria de ir à festa, mas não será possível. Conjunções Alternativas As alternativas também são fáceis de se identi�car, elas dão a ideia de escolha de pensamentos. São elas: ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, seja...seja. Exemplo: Ou você vem amanhã ou nem precisa vir mais. Conjunções Conclusivas As conclusivas transmitem a ideia de �nal, conclusão de pensamento. São elas: logo, por isso, pois (quando vem depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim. Exemplo: Gosto muito de dormir, por isso, estou indo deitar neste momento. Conjunções Explicativas As conjunções explicativas são aquelas que trazem a ideia de razão, motivo. São elas: que, porque, assim, pois (quando vem antes do verbo), porquanto, por conseguinte. Exemplo: Você foi reprovado no teste, pois não estudou o su�ciente. Conjunções subordinativas São as conjunções que unem orações de sentido dependente uma das outras. Causal Traz a ideia de causa e suas principais conjunções são: porque, pois, como, porquanto, etc. Exemplo: João começou a chorar porque sua irmã o ofendeu. Comparativa Essa conjunção tem como função iniciar uma oração que estabelece uma comparação com uma segunda oração. As principais conjunções são: como, qual, que, do que, bem como, assim como, etc. Exemplo: Você é tão linda como sua mãe também era. Condicional Traz a ideia de suposição. As principais conjunções são: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, a menos que, dado que, a não ser que, sem que, etc. Exemplo: Se chover no �nal de semananão conseguiremos viajar. Conformativa A conjunção conformativa traz a ideia de acordo, uma conformidade. As principais conjunções são: conforme, como (=conforme), consoante, segundo, etc. Exemplo: Conforme você cresceu se tornou ainda mais forte. Concessiva Indica uma ideia de contradição, mas há a possibilidade de o fato acontecer. As principais conjunções são: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, se bem que, por mais que, por menos que, apesar de que, etc. Exemplo: Por mais que eu não queira terei de guardar dinheiro. Consecutiva Traz a ideia de consequência. As principais conjunções são: que, de modo que, de forma que, de sorte que. Exemplo: Ele estava tão a�ito que não conseguia parar de chorar. Final Traz a ideia de um �m, um propósito, uma �nalidade. As principais conjunções são: porque, que, para que, a �m de que, etc. Exemplo: Pediu autorização para que pudesse sair. Proporcional Traz a ideia de algo que aconteceu ao mesmo tempo que o outro, ou que ainda vai ocorrer. As principais conjunções são: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais ou quanto menos, etc. Exemplo: Quanto mais eu viajo mais amigos eu faço. Temporal Traz a ideia de condição de tempo. As principais conjunções são: quando, apenas, logo que, assim que, antes que, sempre que, etc. Exemplo: Assim que eu saí da sala meus alunos começaram a conversar. Integrante Traz a ideia de um complemento ao sentido da outra oração. São elas: que (com ideia de certeza), se (quando há dúvida, incerteza). Exemplo: Elas questionaram se eu estava preparada para me casar. Advérbio e as Outras Classes e Categorias AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro A classe gramatical dos advérbios é uma das que mais encontramos expressões e possibilidades de interpretação. Além dela ser dividida em vários aspectos, ela nos dá a ideia de circunstância, modi�cando o sentido do verbo, do adjetivo e até mesmo do próprio advérbio. A priori, vamos conhecer os tipos de advérbios que podemos encontrar nas orações e períodos: Quadro 1: Tipos de Advérbios Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, embaixo, externamente, a distância, etc. Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, a�nal, amiúde, breve, constantemente, etc. Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, etc. A�rmação: sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente. Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe. Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, assaz, que, tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo, extremamente, intensamente, grandemente, etc. Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, simplesmente, só, unicamente. Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. Fonte: a autora. Advérbios Interrogativos São aquelas palavras usadas para fazer uma pergunta, seja ela direta ou indireta. Podem ser: onde? aonde? donde? quando? como? por que? Todas fazem referência circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja alguns exemplos: Até agora conhecemos, ao longo de todas as unidades da nossa apostila, nove classes gramaticais. Mas, logo no começo do material eu disse que ao todo temos dez classes gramaticais nas gramáticas tradicionais estipuladas pela NGB, certo? Certíssimo, a última classe gramatical que falta conhecermos é a classe das Interjeições. Vamos a ela! Interrogação Direta Interrogação Indireta Como disse? Perguntei como leu sem óculos. Onde quer ir? Indaguei onde trabalhava. Por que choras? Quis saber como se sustenta. Outras classes e categorias: Interjeições Essa classe gramatical é uma das mais polêmicas no que diz respeito à classi�cação. Ela traz as expressões e sentimentos retratados em palavras, mas sabemos que muitas vezes não é possível escrever com precisão o que estamos sentindo ou até mesmo algum balbuciar, seja de alegria, tristeza, espanto, opinião e a�ns. Figura 1: interjeições Fonte: vectorhight. Elas podem expressar a ideia de: Admiração Advertência Afugentamento Alegria ou Satisfação Alívio Animação Aplauso Dor Dúvida Espanto Medo Silêncio Quadro 2: Interjeições Vamos conhecer algumas interjeições: Cuidado!, Calma!, Atenção!, Olha! Fora!, Passa!, Xô! Vamos!, Força!, Coragem!, Eita!, Credo!, Irra!, Ih!, Fora!, Francamente!, Xi!, Chega!, Ora!, Salve!, Viva!, Adeus!, Olá!, Oh!, Uai!, Puxa!, Céus!, Devagar!, Quê?!, Caramba!, Opa!,Vixe!, Nossa!, Hein?, Cruz!, Putz! Fonte: a autora. Marcadores de Coerência / Coesão Discursiva AUTORIA Lucimari de Campos Monteiro A coesão e a coerência, dentro do contexto comunicativo, são extremamente importantes para que haja compreensão da mensagem que se deseja transmitir. Os elementos essenciais do processo de comunicação foram estabelecidos por Roman Jakobson em meados do Século XX. Roman Jakobson foi um proeminente linguista russo que elaborou essa teoria procurando explicar de forma prática a comunicação, visto que os sistemas computacionais que começavam a aparecer na época precisavam aprender a reconhecer, por exemplo, mensagens enviadas entre países inimigos. (PEREIRA, 2018, p.5) Tais elementos se integram para produzir o efeito comunicacional. São eles: emissor, mensagem, receptor, canal, código e referente. Partindo do princípio de que é preciso que todos os elementos se completem para que haja processo comunicativo, seja na oralidade ou na linguagem escrita, há também de se levar em consideração que para haver troca de informações é necessário compreensão, e para isso os elementos que se estabelecem são os marcadores de coesão e coerência. A coesão acontece quando os elementos do texto se completam de modo que haja entendimento, é a ligação harmoniosa entre os parágrafos. As palavras se conectam de modo a formar frases, as frases se organizam em períodos, parágrafos e no texto como um todo. Essa relação entre as palavras escolhidas (de todas as classes gramaticais) é que nos traz a coesão dos elementos, mas para que isso aconteça é preciso escolher corretamente os conectivos (sejam as conjunções, os pronomes ou os advérbios). Emissor: aquele que emite a mensagem Receptor: a quem se destina a mensagem Código: a maneira pela qual a mensagem se organiza, pode ser: linguagem verbal e não verbal, gestos, sons, etc. desde que seja de conhecimento de ambos. Canal: meio para a circulação da mensagem que garantirá o contato entre emissor e receptor. Mensagem: é o objeto da comunicação Referente: o contexto Já a coerência é marcada em relação ao texto como um todo. A relação que se estabelece entre os parágrafos e o que está explicitado no contexto, seja ele com as informações internas ou externas do texto em si. Tipos de coesão textual Existem alguns tipos de coesão no texto que auxiliam na compreensão de um todo, vejamos: Coesão Referencial Como já visto anteriormente, aqui se encaixam a anáfora e a catáfora. Esses termos é que trazem a conexão entre os itens textuais retomando ou introduzindo ideias. Os principais mecanismos da coesão referencial acontecem quando temos a elipse e a reiteração. Exemplo: coesão referencial por elipse: Vamos à igreja domingo. Você nos acompanha? OBS: aqui um elemento do texto é retirado para evitar a repetição. Exemplo: coesão por reiteração: Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar o conhecimento
Compartilhar