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Na luta pela terra

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Introdução
O conceito de território tem sido utilizado na ciência geográfica, pois permite diversos olhares acerca de sua compreensão. Quando visto por um viés econômico, ao território é agregado valor. Quando visto sob 
Capítulo 1
1 - Reflexões Teóricas sobre Território
O presente capítulo trata de uma discussão teórica acerca da categoria território, empregado em grande parte por estudos acadêmicos, por abarcar a multiplicidade de manifestações políticas/culturais/econômicas que associadas constroem o território. Nossa perspectiva dialoga com as abordagens realizadas por autores como Haesbaert (2004); Gottmann (2012); Fernandes (2009), Terra (2019) e outros.
Muitos têm sido os trabalhos tanto na Geografia quanto nas ciências humanas que empregam o Território como categoria analítica. Isso se dá devido a multiplicidade de sentidos atribuídos ao território, no sentido de averiguar estes últimos, vários pesquisadores debruçam-se sobre a temática visando decifrá-la.
Porém o conceito de território tanto utilizado na geografia e nas ciências humanas não advém delas, mas tem origem nas ciências da natureza em especial nos estudos realizados pela Biologia e Zoologia, por meio de estudos associados à Etologia. (HAESBAERT, 2004; SAQUET, 2010; TERRA; 2019).
É válido ressaltar que atualmente, este conceito tem sido reivindicado pela Geografia (Terra, 2019), pois trata-se de uma de suas principais categorias analíticas, as outras são: espaço, lugar, paisagem e região. Se analisado separadamente o território possui uma ampla gama de significados, quando atrelado às demais categorias geográficas seus sentidos multiplicam-se, principalmente quando do conceito de espaço.
Para SANTOS (2006 p.39), “o espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá”. Ou seja, os sistemas de objetos aqui compreendidos como elementos naturais e elementos construídos socialmente modificadores da natureza não podem ser dissociados, uma vez que as ações modificam os objetos criando e recriando territórios.
Haesbaert (2004 p.4-5) propõe discutir o território sob dois aspectos: funcional e de identidade. No primeiro, o território diz respeito a dominação, ou seja, é caracterizado por sendo um território desigual, uma vez que o usufruto é exclusivo para a acumulação de capital, por tanto o território é enfatizado como recurso. O segundo, por sua vez é território de apropriação, ou seja, são variadas as formas de uso, traz consigo múltiplas identidades que exercem distintas territorialidades na construção do território, nessa perspectiva é atribuído para o território, valor simbólico.
Apesar de considerar os dois tipos de territórios, Haesbaert (2004), comenta que um está ligado ao outro de maneira que “eles nunca se manifestam em estado puro, ou seja, todo território funcional tem sempre alguma carga simbólica, por menos expressiva que ela seja, e todo território simbólico tem sempre algum caráter funcional, por mais reduzido que ele seja”.
Fernandes (2009, p. 205) no intuito de compreender como são produzidas e organizadas as diferenciações da produção espacial e territorial, propõe trabalhar duas formas de territórios: material e imaterial. O território material abriga outros três tipos de territórios: 
O primeiro território é o espaço de governança da nação, é o ponto de partida da existência das pessoas. Nesse território existe hierarquização: estados, municípios, províncias e outros. A hierarquia considera relações praticadas pelas classes sociais. O segundo território é a propriedade como espaço de vida, que pode ser particular ou comunitária. Todos os sistemas políticos criam propriedades com diferentes formas de organização do espaço. O terceiro território é o espaço relacional considerado a partir de suas conflitualidades e reúne todos os tipos de territórios. Está relacionado às formas de uso (territorialidades).
O Território imaterial por sua vez, diz respeito ao mundo das ideias, da construção de paradigmas, onde estão contidos sentimentos carregados de intencionalidades. “O território imaterial está relacionado com o controle, o domínio sobre o processo de construção do conhecimento e suas interpretações. Portanto, inclui teoria, conceito, método, metodologia, ideologia etc” (p. 210).
Jean Gottman (2012) em sua definição, enfatiza as relações políticas e disputa territorial pelo poder e diferentes tipos de poder. O território, de acordo com o autor:
“Território é uma porção do espaço geográfico que coincide com a extensão espacial da jurisdição de um governo. Ele é o recipiente físico e o suporte do corpo político organizado sob uma estrutura de governo. Descreve a arena espacial do sistema político desenvolvido em um Estado nacional ou uma parte deste que é dotada de certa autonomia. Ele também serve para descrever as posições no espaço das várias unidades participantes de qualquer sistema de relações internacionais. Podemos, portanto, considerar o território como uma conexão ideal entre espaço e política. Uma vez que a distribuição territorial das várias formas de poder político se transformou profundamente ao longo da história, o território também serve como uma expressão dos relacionamentos entre tempo e política. (Gottman, 2012)
A concepção apresentada por Jean é pertinente ao entendimento de uma das várias definições de território. A proposta do autor enfatiza o território enquanto palco de disputa e expõe a relação conflitante entre o Estado e os indivíduos na construção do território. Todavia, como visto anteriormente, não devemos nos prender à apenas um sentido atribuído ao conceito. 
Quanto a isso, consideramos válida a concepção de Terra (2019), a partir de uma visão mais ampla, insere no território micropoderes exercido por um grupo específico afim de resultados específicos, os quais por vezes se entrelaçam, segundo o autor:
Há também o território constituído como local de micropoderes, em que determinados grupos com a mesma identidade cultural, política e econômica estabelecem relações sociais projetadas no espaço que, por possuírem extrema flexibilidade, podem formar-se ou dissipar-se em questão de anos, meses, semanas, dias e até mesmo horas. De caráter bastante curioso, esses territórios sobrepostos desempenham funções distintas que às vezes podem acabar chocando-se. Os espaços ocupados pelas escolas, igrejas, camelôs e prostitutas são exemplos de microterritórios formados a partir de relações de poder, cada qual com características próprias e possuidores de grande flexibilidade.
Dessa forma, pelas múltiplas visões que contemplam o território, optamos por utilizar a categoria, pois consideramos sua condição analítica e conceitual, essencial ao entendimento das dinâmicas territoriais impostas pelos camponeses do assentamento, objeto de estudo deste trabalho.
Quando o território é considerado sob o aspecto político e voltado para o acúmulo de capital, os agentes que ora estão inseridos no território, em sua maioria são comunidades tradicionais camponesas, indígenas e quilombolas, sofrem o processo de desterritorialização e na medida que são realocados em outro território, reterritorialização. De acordo com Terra (2019 p.196)
Enquanto Souza (2000) entende que a desterritorialização supõe a exclusão de um grupo que se apropriava de um dado espaço, Santos (1997) a concebe como o estranhamento do indivíduo ao lugar, uma desculturização; já para Haesbaert, (2004b) ela seria resultante do enfraquecimento do controle exercido sobre o espaço, que provoca a mobilidade de pessoas, bens materiais, capitais e informação.
Tais processos são comuns às realidades camponesas brasileiras, uma vez que quase metade do território nacional destina a produção para exportação, a exemplo do modelo hegemônico agricultor do Agronegócio. De acordo com Sauer (XXXXX):
Processos de desterritorialização e reterritorialização (ou lutas sociais por reterritorialização), como referencialexplicativo da sociedade ocidental globalizada, fazem parte da história social e política do campo brasileiro, palco de disputas não só devido às resistências à expropriação, ações e demandas populares pelo acesso à terra e direitos territoriais.
Para Terra (2019), “a desterritorialização traz consigo o processo de reterritorialização que alude à incorporação de novos territórios e, consequentemente, à construção de uma nova territorialidade do grupo desterritorializado”. A partir dessas concepções abordaremos a implantação do PAE Santa Maria, como processo de reterritorialização camponesa em território improdutivo.
1.1 – Territorialidade e Território camponês
Outro tema que emerge do conceito de território é a territorialidade, a qual liga-se à cultura. A territorialidade se manifesta no cotidiano, seja do camponês ou do grande latifúndio, o que muda é a forma como ela se manifesta. Imaginemos uma propriedade rural ligada a agricultura científica globalizada e que esteja desapropriada por não cumprir a função social da terra. Nesse território, por tanto, está imposta a territorialidade da agricultura voltada para o acúmulo de capital. Caso este mesmo território venha a ser ocupado por famílias camponesas, outra territorialidade se instala, a territorialidade do camponês que é contrária à primeira. devido a forma de apropriação, logo, o conflito é iminente. Segundo Sack (1986, p.6):
A Territorialidade nos humanos é melhor pensada não como algo biologicamente motivada, mas sim enraizada socialmente e geograficamente. Seu uso depende de quem está influenciando e controlando o quê e quem, nos contextos geográficos de espaço, lugar e tempo. A Territorialidade está intimamente relacionada em como as pessoas usam a terra e como elas organizam-se no espaço, e como elas dão sentido ao lugar. Claramente, essas relações mudam, e a melhor maneira de estudá-las é a de revelar sua mudança de caráter em relação ao tempo. A Territorialidade assim repousa em duas tradições geográficas: a Geografia Social e a Geografia Histórica. (1986 p.3)
Essa concepção nos faz entender que a alternância da territorialidade, em um dado território é ponto chave para entender as relações entre a sociedade, o espaço e o tempo. A territorialidade permite, antes de tudo, entender que existem diversas formas de apropriação do espaço. Se antes, o território relaciona-se com poder e espaço, a territorialidade alude às formas de apropriação deste. Se existem várias formas de apropriação, existem diversas territorialidades, por tanto diversas formas de trabalhar elas. Nesse sentido, Haesbaert (2004 p.) sentencia:
“(...) o território e a territorialização devem ser trabalhados na multiplicidade de suas manifestações – que é também e, sobretudo, multiplicidade de poderes, neles incorporados através dos múltiplos agentes/ sujeitos envolvidos. Assim, devemos primeiramente distinguir os territórios de acordo com os sujeitos que os constroem, sejam eles indivíduos, grupos sociais, o Estado, empresas, instituições como a Igreja etc (Haesbaert, 2004 p.3)
Para este autor, território e territorialidade são construídos a partir dos sujeitos e da ação desses sujeitos sobre o território, ou seja, como os sujeitos estão usufruindo o território. Para diferenciar os múltiplos territórios e múltiplas territorialidades, Saquet, (2007 p.24) coloca que “é preciso ter sutileza e habilidades, pois cada sociedade produz seu(s) territórios(s) e territorialidade(s), a seu modo, em consonância com suas normas, regras, crenças, valores, ritmos e mitos, com suas atividades cotidianas”.
É pertinente as abordagens acerca da territorialidade, pois são complexas as mudanças geradas a partir de sua alternância. Diversos elementos sofrem alterações, a forma como é usado o território, as funções atribuídas ao território, as diversas realidades que darão significado ao lugar, entre outros.
Nesse processo de manifestação de territorialidades, emerge o território camponês, por meio das relações camponesas entre si e com a terra. No caso de assentamentos rurais, as territorialidades são diversas, pois cada família traz consigo práticas e saberes adquiridos ao longo de sua formação individual e familiar, por sua vez as territorialidades convivendo em um mesmo território, modificam e ressignificam o território.
1.2 - Abordagens sobre campesinato
Adotaremos neste trabalho, a categoria analítica “camponês”, devido ao profundo debate teórico acerca da categoria, além dos diversos trabalhos que se voltaram ao entendimento do campesinato como um modo de vida. Porém respeitamos a forma como os camponeses do assentamento em questão se reconhecem: pescadores, lavradores, quebradeiras de coco etc.
O campesinato é estranho, ao modo de produção capitalista, por ter um modo de produção diferente, onde a maior parte é destinada à subsistência familiar e só o excedente é comercializado. Marques (2008 p.60) afirma ser o campesinato
uma diversidade de formas sociais baseadas na relação de trabalho familiar e formas distintas de acesso à terra como o posseiro, o parceiro, o foreiro, o arrendatário, o pequeno proprietário etc. A centralidade do papel da família na organização da produção e na constituição de seu modo de vida, juntamente com o trabalho na terra, constituem os elementos comuns a todas essas formas sociais.
A academia na atualidade, passa por um momento de criação e redefinição de conceitos, o caso do camponês ganha destaque, pois o avanço da agricultura capitalista, procura também por meio de paradigmas e teorias, “integrar” o camponês ao capital por meio da metamorfose em agricultor familiar. Essa sentença nos é alheia, uma vez que compreendemos o campesinato como um modo de vida que esboça características cultural, social e econômica (TERRA; RODRIGUES, 2018, p. 249), contrário aos interesses do capital. Para Chayanov (1981):
Na moderna teoria da economia nacional tornou-se costume pensar todos os fenômenos econômicos exclusivamente em termos de economia capitalista. Todos os princípios de nossa teoria – renda da terra, capital, preço e outras categorias – formaram-se dentro do marco de uma economia baseada no trabalho assalariado, que busca maximizar lucros (ou seja, a quantidade máxima da parcela de renda bruta que resta, após se deduzirem os custos materiais de produção e os salários). Todos os demais tipos (não capitalistas) de vida econômica são vistas como insignificantes, ou em extinção; no mínimo considera-se que não tem influência sobre as questões básicas da economia moderna e não apresentam, portanto, interesse teórico. (CHAYANOV, 1981, p. 133, grifos do autor).
Apesar de reconhecer o domínio e expansão do capital, o autor não considera tal domínio como total, pois o campesinato à época detinha, e ainda detém, grande importância social e econômica em diversos países, devido a policultura. Eis, portanto, a importância do papel do camponês na sociedade moderna, mesmo não sendo “visto”, ele está presente no campo, resistindo por sua autonomia e protagonizando sua luta.
De acordo com MARQUES (2008 p. 59), para Shanin (1979:228), o campesinato é, concomitantemente uma classe social e “mundo diferente”, logo, entende-se que o camponês segue normas diferentes. Ainda segundo a autor, o campesinato é uma classe social de baixa “classicidade” que se insere na sociedade capitalista de forma subordinada e se levanta em momentos de crise. A subordinação do campesinato se dá mediante a necessidades, as quais não têm acesso, por tanto, o camponês vende seu trabalho, mas para complemento da renda familiar, todavia, ele ainda vive no (e do) campo, então não deixa de ser camponês.
Em momentos de crise do capital, o camponês resiste e pode apresentar estabilidade, pois a base para sua economia é o trabalho da família. Dentro dessa concepção, que considera a família como centralidade na produção camponesa, Marques (2008 p.59) comenta:
O campesinato possui uma organização da produção baseada no trabalho familiar e no uso como valor. O reconhecimento de sua especificidade não implica a negaçãoda diversidade de formas de subordinação às quais pode se apresentar submetido, nem da multiplicidade de estratégias por ele adotadas diante de diferentes situações e que podem conduzir ora ao “descampesinamento”, ora à sua reprodução enquanto camponês.
O uso como valor é exercido em território camponês, o qual é base para sua reprodução, logo existem territorialidades exercidas, as quais caracterizam este território. Acerca do território camponês, Fernandes (2007) propõe que este se apresenta heterogêneo, ao passo que o território do agronegócio é homogêneo. Dessa forma o autor compreende o território camponês da seguinte maneira:
O território camponês é o espaço de vida do camponês. É o lugar ou os lugares onde uma enorme diversidade de culturas camponesas constrói sua existência. O território camponês é uma unidade de produção familiar e local de residência da família, que muitas vezes pode ser constituída de mais de uma família. Esse território é predominantemente agropecuário, e contribui com a maior parte da produção de alimentos saudáveis, consumidos principalmente pelas populações urbanas. (FERNANDES, 2012, p. 744)
A ocorrência de territórios camponeses, na atualidade se manifesta nos assentamentos de reforma agrária, promovidas em sua maioria por pressão da classe social camponesa. RODRIGUES (2019 p. 39) baseado em Fernandes (2007), compartilha desse pensamento na medida em que explana o território camponês como:
“a menor das partes de um território, ou seja, onde as relações são mais estreitas com a terra/solo e as territorialidades funcionam de modo horizontal da família com o espaço vivido no cotidiano das relações locais, essa conjuntura se reflete muito bem nas áreas de assentamento de reforma agrária que são hoje o maior “resultado da luta do campesinato de constituir um territórios de resistência e de reprodução de relações camponesas” (FABRINI, 2002). Desta forma é nos assentamentos de reforma agrária que os camponeses produzem e reproduzem relações sociais, ambientais e de produção, garantindo ao campesinato a possibilidade de ser e existir como sujeito social e político em seu território - O território camponês.
Por tanto, entendemos o território camponês como sendo, o espaço de produção e reprodução de práticas e saberes camponesas (territorialidades), onde não existe espaço para a territorialidade da agricultura capitalista. O território camponês observados nos assentamentos rurais é resultado de uma luta histórica pela Reforma Agrária. Sobre a criação de assentamentos rurais Terra (2019) pontua:
A criação de novos assentamentos, fazendo emergir novas formas de produção, novas práticas e novas configurações da organização do trabalho, constitui elemento de reestruturação do campo. Assim sendo, a análise dos assentamentos, na perspectiva do território, é mais abrangente que a da territorialização de grupos específicos e da concepção de novas territorialidades.
Desta feita, concordamos que os assentamentos rurais, sinônimo de território camponês, são espaços construídos no cotidiano por meio das relações sociais e de uso por apropriação da terra. O assentamento é um instrumento de reestruturação devido a nova dinâmica que ocorre nele, as formas de produção, as finalidades de uso, os significados dos locais, entre outros.
1.3 - Breve discussão sobre Concentração fundiária e Reforma Agrária
A introdução da agricultura capitalista no meio rural brasileiro, permitiu o avanço sobre territórios ancestrais de comunidades tradicionais de tal modo que hoje a maior parcela das propriedades rurais volta sua produção para monocultura em larga escala. Na medida em que comunidades tradicionais camponesas, quilombolas e indígenas têm seus territórios ameaçados, eles inserem o debate sobre a implantação da reforma agrária na agenda política, por meio de pressão ao grande latifúndio na forma de ocupações, reivindicações e criação de assentamentos rurais.
Ainda assim, é observável no cenário atual que quase nada foi feito em relação a implantação de uma reforma agrária democrática no acesso à terra, o que ocorreu foi a desapropriação de terras em regiões de intensos conflitos no intuito de minimizá-los, por tanto a concentração de terra, que é estrutural, permanece na realidade brasileira.
Ao analisar o Índice de Gini, que mede a desigualdade do tamanho das propriedades, Mitidiero (2017) constatou que a concentração fundiária desde 1985 a 2016 ainda se mantém a passos largos. Para o autor:
A perpetuação da concentração fundiária brasileira. O Índice de Gini usado para medir essa concentração continuou altíssimo. Em 1985 o índice era de 0,857, em 1995/96 foi de 0,856 e em 2006 chegou a 0,854, ou seja, uma singelíssima redução em 20 anos, indicando que o Brasil desconcentrou grãos de areia ante a política fundiária e a luta pela terra, apresentando decréscimo de apenas 0,002 entre 1995/96 e 2006. Mitidieri (2017 p. 11)
Sobre esse período e com relação ao Índice de Gini Fernandes (2017) salienta:
O índice de Gini aumentou mantendo a intensificação da concentração fundiária. Estes dados corroboram que os governos neoliberais e pós-neoliberais, em alianças políticas com o binômio latifúndio – agronegócio, fortalecem o modelo hegemônico de desenvolvimento agroextrativista mantendo o Brasil em uma posição subalterna na divisão da produção de commodities em escala mundial. (p.3)
Atualmente, o índice de Gini é o maior da história (Ver gráfico) , segundo o site Geledés (2019) a concentração fundiária bate recorde e 1% das propriedades rurais tem quase metade da área do Brasil, a constatação do site se deu mediante análise do último censo divulgado pelo IBGE em 2019, referente  aos dados do Censo Agropecuário do ano de 2017.
De acordo com o site, “O Brasil tem 51.203 estabelecimentos com mais de mil hectares, que representavam 1% das 5.073.324 propriedades. Juntos, eles concentram 47,6% da área ocupada por todas as fazendas”. Em contrapartida, aumentou também a desigualdade no campo e os números permite-nos interpretar, considerando também a imensidão do país, que nenhum processo para implantação da reforma agrária foi movido. No intuito de reverter o quadro apresentado pela concentração de terras, os camponeses articulados em movimentos sociais, têm uma contribuição importante na luta pela reestruturação do espaço agrário brasileiro e controle de seus territórios. Essa luta tornou-se mais expressiva com o surgimento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), que utiliza a ocupação como forma, umas das mais comuns, de pressionar a grande propriedade.
O MST, surge no contexto dos governos militares que implantaram à época um novo modelo de agricultura, o qual visava o desenvolvimento a todo custo, baseado na grande propriedade, subsidiada por regalias em forma de creditos financeiro pelo Estado brasileiro. Segundo Fernandes (200? p.49)
Esse modelo causou profundas transformações no campo. De um lado, aumentou as áreas de cultivo da monocultura da soja, cana-de-açúcar, da laranja entre outras; intensificou a mecanização da agricultura e aumentou o número de trabalhadores assalariados. De outro lado, agravou ainda mais a situação de toda a agricultura: pequenos proprietários, meeiros, rendeiros, parceiros etc., que continuaram excluídos da política agrícola. 
Ainda segundo o autor, sobre o surgimento do MST, ele afirma que as primeiras articulações ocorreram em 1979 com a ocupação da propriedade “gleba Macali”, no Centro-Sul do país. Posteriormente outras ações do movimento ocorreram em outras Estados do país até o ano de 1984, onde foi oficializado a criação do Movimento no Primeiro Encontro Nacional que ocorrera no mês de janeiro, em Cascavel, no Estado do Paraná.
A proposta de reforma agrária dos governos militares também foi ponto para fortalecer a lutas dos trabalhadores. tratava-se, pois de uma reforma conservadora e residual. De acordo com Rocha (2009 p. 18):
Este modelo é resultado de uma operação negociada entre antigas e novas forças sociais por intermédio do sistema institucionalizadode partidos conservadores e reformistas, ou seja, alianças cruzadas (MARTINS, 2000), entre partidos políticos e setores ligados às oligarquias agrárias seculares, que visam a manutenção da estrutura de poder vigente.
O modelo de reforma, ora proposto envolvia uma série de interesses contraditórios. De um lado os camponeses e setores da sociedade que apoiavam uma reforma agrária ampla e do outro lado a burguesia rural estava interessada na expansão do agronegócio. Assim esse processo configurou mais como de regularização de propriedades fundiárias ao invés de solucionar os problemas gerados pela concentração de terras. 
Desde então “as ocupações de terras, a resistência na terra e as retomadas de terras e territórios são exemplos de resistência e enfrentamento com o binômio latifúndio – agronegócio” (Fernandes, 2017 p.4).O gráfico a seguir (Gráfico), referente ao número de ocupações que ocorreram desde a redemocratização do país, demonstra dois auges em que se intensificaram as ocupações de terras.
O primeiro auge refere-se ao governo de Fernando Henrique Cardoso durante 1995 a 2002, no momento em que o presidente afirmava implantar a reforma agrária no país, todavia a intenção era assentar apenas famílias acampadas. “Não havia um projeto de reforma agrária com o objetivo de desconcentrar a estrutura fundiária. Ao contrário, a reforma agrária era apenas uma política social e não uma política estratégica para o desenvolvimento da agricultura (Fernandes, 2017 p.4).
Ao passo que aumentavam o número de famílias assentadas, devido às ocupações, aumentavam também o número de famílias em acampamentos, assim, por meio da medida provisória número 2.109-49, de 23 de fevereiro de 2001 que criminaliza as ocupações de terra, o número de ocupações foi reduzido. O outro auge das ocupações ocorreu durante o governo de Lula que também havia prometido realizar a reforma agrária, mas sua política não diferiu em muito da anterior, no tocante a desconcentrar a propriedade da terra.
Segundo Fernandes (2017 p.5) a política de reforma agrária no governo de Fernando Henrique Cardoso “é uma política compensatória” para compensar camponeses pela concentração de riqueza e “subordinar a classe ao modelo hegemônico de desenvolvimento da agricultura”. Ao passo que em Lula “é uma política de distribuição de terras para a produção da renda familiar por meio de um conjunto de políticas públicas voltadas ao mercado institucional, ao mercado capitalista e ao fortalecimento da agroindústria familiar, entre outros”.
Nem no primeiro e nem no segundo, a política de reforma agrária fora estratégica para o desenvolvimento de modos de produção alternativos, por tanto concordamos com Fernandes (2017 p 6) quando considera que “a reforma agrária é uma iniciativa das lutas camponesas que por meio da luta pela terra se espacializam e se territorializam criando conflitualidades com o modelo de desenvolvimento hegemônico”.
A conquista de territórios camponeses está presente em todo território nacional, na forma de assentamentos rurais, os quais são frutos do embate de classes na luta pelo território “travada na sociedade no processo de produção da sua existência” (OLIVEIRA, 1999), também processo de reterritorialização camponesa. O gráfico a seguir (Gráfico) sobre o número de assentamentos rurais, são resultados da luta histórica de famílias camponesas sem-terra, as quais movidas pelo sonho de um “chão”, no qual possam existir unem forças contra as imposições do modelo de desenvolvimento da agricultura capitalista.
O acesso a terra por famílias sem terras aponta para uma reterritorialização camponesa, solidificando e recriando o território, por meio da introdução de novos elementos e finalidades. O território, por tanto é ressignificado pela integração de novas técnicas, as quais transformam as relações sociais. Dessa forma, os assentados, por meio das relações estabelecidas entre si e com a terra, promovem a criação de um novo território ao passo que também reordenam o modo de produção devido a introdução da policultura.
2 – Da desapropriação da propriedade
O PAE Santa Maria (Figura), está localizado no município de Satubinha Estado do Maranhão distante 1 km da sede municipal. O Município localiza-se na Mesorregião Centro Maranhense, dentro da Microrregião do Médio Mearim possui as seguintes coordenadas geográficas: -4º01’48” de Latitude Sul e -45º13’48” de Longitude Oeste de Greenwich
Na década de 1980, por meio do Decreto Federal nº 85.198 de 24 de setembro do mesmo ano, a propriedade denominada “MATINHA”, localizado nos Municípios de Pio XII (atualmente Satubinha), Olho d'Água das Cunhãs e Vitorino Freire, no Estado do Maranhão, foi desapropriada para fins de Reforma Agrária.
De acordo com o Artigo 1º do Decreto:
Art. 1º É declarado de interesse social, para fins de desapropriação, nos termos dos arts. 18, letras "a", "b", "c" e "d", e 20, itens I e V, da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, o imóvel denominado "MATINHA", com aproximadamente 50.000 hectares, pertencente a diversos proprietários, situado nos Municípios de Pio XII, Olho D'Água das Cunhãs e Vitorino Freire, no Estado do Maranhão.
	O ato de criação do assentamento envolveu um processo de regularização fundiária, muitas pessoas que tinham terras na propriedade “MATINHA” regularizaram-nas. Essa era a proposta de reforma agrária aplicada no governo Lula, de acordo com Fernandes (0000) “a predominância da criação de assentamentos por meio da regularização fundiária fez com que o tempo de acampamento das famílias aumentasse consideravelmente. Sem conquistas, muitas famílias abandonam os acampamentos(...)”. 
Talvez por isso seja atribuído o grande número de abandonos de lotes no período de resistência na terra. No primeiro dia da ocupação os homens eram cerca de 280 segundo os relatos das famílias, já no terceiro dia foi noticiado que cerca de 300 famílias estavam ocupando a fazenda (Imirante.com, 2007), atualmente são apenas 45 famílias, alguns atribuem esse fator a dificuldade que encontraram no início, ameaças, não tinha cercamento e outros. Para a criação do assentamento foi destinado 549,4247 hectares. A propriedade do assentamento, ocupada em 09 de julho de 2007, não tinha fazenda, apenas algumas cabeças de gado, resultantes de arrendamentos.
Em 2003 foi movida Ação de Desapropriação contra o fazendeiro, no documento consta que embora não figurasse entre os proprietários, era detentor de várias benfeitorias naquele imóvel; assim, o INCRA através dos seus técnicos avaliou as benfeitorias e ofertou a indenização no valor de CR$ 21.119.807,00 (vinte e um milhões, cento e dezenove mil e oitocentos e sete cruzeiros). 
Em seguida foi emitido Mandato de Imissão de Posse, em 2005, na posse das benfeitorias e quando foi para cumprir o mandato, houve resistência por parte do fazendeiro e até o momento ele ainda estava ocupando a área de 452,8557 hectares como se fosse dele. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Satubinha também relatou que o individuo cobrava renda dos trabalhadores. A Ação de Desapropriação solicitava ainda um novo Mandato de Imissão reforço policial para que fosse cumprida a medida judicial.
Em relação a Ação de Desapropriação, até o ano da fundação do assentamento (2007), o fazendeiro ainda usufruía da renda da propriedade. Isso não foi obstáculo para os camponeses ocuparem, mas antes fizeram um trabalho de base com estratégias similares às relatadas em ocupações de terras do Movimento dos Trabalhadores Sem Terras.
2.1 – Trabalho de base
Os camponeses do PAE Santa Maria não têm ligação com o MST, todavia suas estratégias se assimilam as do movimento. Dias antes da ocupação de terra, os camponeses que estavam encabeçando a ação, realizaram o trabalho de base.
Na concepção de Fernandes (0000 p.283), em relação ao MST, o trabalho de base acontece “por meio da construção do espaço de socialização política” e abrange dimensões comunicativas e interativas. A primeira é espaço onde são definidos os objetivos, onde se iniciaum processo de transformação da sua realidade. A outra dimensão, “dependendo da metodologia, realiza-se antes, durante ou depois da ocupação da terra”.
O Trabalho de base para fundação do Projeto Agroextrativista Santa Maria, constituiu em reunir famílias, pedir apoio dos setores do município e solicitar a documentação no INCRA que comprovasse que as terras estavam desapropriadas, para tanto realizaram viagens às sedes do INCRA regionais (Bacabal e Pindaré Mirim) e Superintendência.
 Feliciano (2006, p. 104-105) coloca que a decisão de ocupar terras levanta sentimentos como o de medo, “o medo de ficar e/ou de ir. O medo de não dar certo, de ser estigmatizado, de ocorrerem atos violentos, de não estar preparado, e o medo de ficar nas condições precárias em que se encontra (...)”. Esse mesmo medo potencializado pela fama ruim do fazendeiro, influenciou no trabalho de base.
Os líderes com medo de que a noticia da ocupação se espalhasse e chegasse aos ouvidos dos “proprietários” decidiram reunir as famílias com a desculpa de criar uma associação para conseguir verbas para oferecer insumos às famílias, tais como ferramentas de trabalho para o campo, material escolar para os filhos, roupas, alimentos, entre outros. As reuniões ocorreram em povoados e na sede do município.
Na última reunião que ocorreu na sede do município com todos os homens, os dos povoados também, os líderes expuseram a real intensão por trás da associação, a fundação do assentamento. Segundo os relatos alguns homens desistiram, mas a maioria concordou, pois não tinham terra para produzir, alguns eram assalariados desempregados, outras famílias viviam de favor e a maioria trabalhavam em terras alheias em regime de parceria, algumas inclusive para o fazendeiro na terra desapropriada.
Também foi decidido na última reunião que somente os homens iriam ocupar as terras inicialmente, depois que “a poeira baixasse” viriam as mulheres e crianças, ao término da reunião relataram que o fazendeiro já estava sabendo da ocupação e os tinha ameaçado. 
O movimento dos camponeses a essa altura já tinha em mãos a Ação de Desapropriação entregue pelo INCRA, por isso a ameaça não os intimidou. No outro dia às 00:00hs do dia 09 de julho de 2006 os camponeses começaram a se renuírem para ocupar a propriedade.
A figura a seguir (Figura 1) mostra duas rotas realizadas pelos camponeses, uma vinda do Norte a outra do Sul em direção à propriedade onde está situado o assentamento (ponto E). 
Na rota Norte dois camponeses ficaram responsáveis de organizar, um os homens do Povoado Sapucaia do Albino (povoado A) e o outro os homens do povoado Sumaúma (povoado B), em seguida passaram juntos nos povoados Bacuri Ferrado (povoado C) e Encruzilhada (povoado D), onde mais camponeses se juntaram até ocuparem o ponto E.
Ao passo que do Sul os camponeses do Povoado Jejuí (povoado G) se direcionaram à sede do município (ponto F) onde mais homens estavam reunidos e juntos se direcionaram ao local do futuro assentamento (ponto E).Os grupos de camponeses se encontraram por voltas das 03:00 da madrugada e quando todos entraram na terra, fizeram uma oração para abençoar a fundação do assentamento, em seguida esperaram amanhecer e começaram a roçar a área determinada para o assentamento.
Os camponeses levaram consigo ferramentas para o trabalho, móveis, redes e o máximo de objetos que pudessem carregar. A ordem era construir barracos nos locais determinados e permanecer neles. Sobre esse processo, Fernandes (2000 p.55) explana:
Na luta pela terra, acampar é determinar um lugar e um momento transitório para transformar a realidade. Quando os sem-terra tomam a decisão de acampar, estão desafiando o modelo político que os exclui da condição de cidadãos. A resistência no acampamento é a façanha. A persistência é o desafio. Para sobreviver, os acampados dependem de sua organização, do trabalho e do apoio dos que defendem a reforma agrária (...). Fernandes 2000 p55
A ocupação foi pacífica, os camponeses para coletar materiais para uma construção coletiva, organizaram grupos com o número de membros iguais, exceto na cozinha que ficavam 4 homens, cada grupo ficou responsável por tirar palhas, talos, forquilha, cipó, caçar, pescar, buscar água, entre outras atividades.
3 – Forma de organização
A primeira construção foi um barracão medindo 4 metros por 50, apesar de a ocupação ser pacífica conforme supracitado no parágrafo anterior, os camponeses sofriam ameaças constantes do fazendeiro, por isso muitos desistiram, nos primeiros dias dormiram entocados em moitas por medo de invasão, intercalando horários para vigilância entre eles. Também foi cavada duas valas na entrada do assentamento para que carros não pudessem entrar. No decorrer dos dias mais homens foram desistindo dos lotes, por alegações como medo de ameaça, fome, discriminação e trabalho árduo.
Passado alguns dias, tornou-se mais difícil permanecer na terra, os homens viviam basicamente de pesca, caça e também do abate de algumas cabeças de gados que restaram na propriedade. Alguns setores da sociedade lhes foram solidários, a prefeitura à época disponibilizou alimentos aos assentados, alguns comerciantes também enviaram alimentos. 
Se por um lado algumas pessoas foram solidárias, outros, porém, discriminaram os camponeses, atribuindo-lhes nomes pejorativos quando passavam pelas ruas, houve comércio que não vendia para os assentados. A Igreja Católica não apoiou a causa quando procurada. Assim também ocorreu com o Sindicato dos Trabalhadores, mesmo a maioria dos acampados tendo vínculo com a instituição, o presidente não apoiou, alegando que isso caracterizava crime de invasão a propriedade, mas segundo os camponeses, ele era conhecido da família grileira.
A primeira reunião após estarem ocupados na terra, ocorreu no quarto dia, onde foi decidido como fundariam a agrovila. Na reunião ficou decidido que seria uma avenida com casas de ambos os lados e terreno medindo 15 metros de frente por 80 metros de fundo. 
Os lotes foram sorteados entre os homens, quem quisesse trocar de lote procurava alguém interessado e assim foi fundado o Projeto de Assentamento Agroextrativista Santa Maria, segundo os camponeses o nome é em homenagem à personagem bíblica. Cada um começou a construir seus barracos, mas a primeira mulher chegou no assentamento após 40 dias e depois as demais e as crianças.
A modalidade de assentamento proposta pelo INCRA quando foi realizada a vistoria na propriedade, não foi interessante para os assentados, pois seu uso devia ser coletivo não permitindo o cercamento em lotes. Porém a decisão foi coletiva com os técnicos do INCRA. 
De acordo com relatório técnico realizado quando da implantação da modalidade, durante a reunião foi verificado que existiam 45 famílias aguardando a criação do PA, porém, de acordo com o Laudo Agronômico de Fiscalização a área possui capacidade para 4 famílias. Ainda conforme o relatório a maioria das famílias residentes na área já tem parte de sua renda baseada no extrativismo do babaçu, por tanto foi decidido pela modalidade Projeto Agroextrativista (PAE).
O fato de não poder cercar os lotes um conflito interno, pois quando um camponês escolhia o local para colocar roça, um ou mais alegavam que já tinham escolhido o mesmo local. Esse processo durou 6 anos, até que decidiram repartir os lotes. A decisão se deu por meio de reunião na qual a maioria foi favorável a repartição e registrou-se em ata, desta feita solicitaram a repartição no INCRA que foi autorizada, mas com a ressalva de não comercializar o lote. O lote era interessante porque assegurava a propriedade.
3.1 – Grilagem da terra
No mesmo período em que os camponeses realizavam reuniões para estruturarem o assentamento ocorreu um episódio vexaminoso de tentativa de grilagem das terras do assentamento pelo fazendeiro que alegava ter o direito à propriedade. Para mobilizar a polícia, acusaram os assentados de tentativa de assassinato do presidente do Sindicato dos Trabalhadores do município.
 O presidente atribuiu aos assentados o acontecidoe a polícia algumas horas depois chegou ao assentamento, em uma das casas perguntou por dois homens que foram apontados pelo presidente do sindicato para deporem. Conforme citado anteriormente, o sindicato ajudou no processo de desapropriação, mas a época o presidente era outro.
 Os camponeses usaram como estratégia não colaborar dando informações à polícia, isso foi combinado anteriormente, pois ela chegou inesperadamente.
Em seguida a polícia intimou na mesma hora três pessoas (dois homens e uma mulher) para deporem em uma investigação, o motivo não tinha sido divulgado. O processo aconteceu na sede do sindicato, ao chegarem eles relatam que uma multidão rodeava o local e muitas pessoas de longe observavam o movimento, alguns atenciosos e outros fazendo piada da situação deles.
Os policiais colheram seus depoimentos separadamente, o primeiro relatou que, o interrogador o havia intimidado na sala, mostrou-lhe uma bolsa com balas e granadas e lhe disse que eles estavam preparados pra qualquer evento, a situação não fazia sentido para o interrogado, pois eles já estavam nas terras legalizados. Em seguida o policial o interrogou, durante a conversa o assentado tinha explicado como tinha sido fundado o assentamento que eles tinham sido instruídos pelo INCRA e ainda que o fazendeiro estava resistindo e fazendo ameaças constantes a eles.
A policia então junto com um dos assentados, os outros dois ficaram retidos no sindicado, foram até a residência do fazendeiro e solicitou sua presença no sindicato em 15 minutos com toda a documentação que comprovasse que a propriedade de assentamento pertencia a ele. No sindicato, cinco pessoas foram interrogadas juntas: o presidente do sindicato, que denunciou os camponeses de tentarem assassiná-lo; o fazendeiro que afirmava ter a documentação da propriedade do assentamento e os três camponeses.
O primeiro a falar foi o fazendeiro, o qual dizia que os camponeses tinham cometido um crime, pois ele tinha a documentação de posse da terra e em seguida entregou para análise. Os assentados falaram logo após e disseram que tinham a portaria de criação do assentamento emitido pelo INCRA, pois os documentos estavam em processo e regularização na entidade e também entregaram para análise.
A polícia constatou que o documento apresentado pelo fazendeiro era falso e após ver a veracidade do que os assentados tinham relatado, pediu-lhes desculpa, ali mesmo o presidente do sindicato levou uma bronca da polícia, pois ele havia atribuído aos assentados a fama de bagunceiros e perigosos, por isso estavam com todo o arsenal inicialmente como mostraram para intimidá-los. 
Logo após a polícia perguntou aos assentados se eles queriam formalizar alguma questão, então eles relataram que o fazendeiro os ameaçava constantemente e registraram isso contra ele. Quando da denúncia do tiro conta o presidente do sindicato, ela foi retirada pelo mesmo. De acordo com os entrevistados, durante as interrogações eles sofreram muita pressão.
Capítulo 3 – Projeto Agroextrativista Santa Maria
No ato da fundação, os camponeses também criaram a Associação de Moradores do Assentamento. No final de 2007, também foi fundada a Colônia do Pescadores Z105, a qual estão associados alguns dos assentados. Estas entidades foram e ainda são importantes para auxiliar os assentados quanto a questões de crédito rural e políticas.
Aspectos econômicos
Logo no inicio da fundação do assentamento as 45 famílias cadastradas receberam duas parcelas de apoio inicial, a primeira R$2.400,00, a segunda R$ 2.800,00. 25 famílias estavam cadastradas pela prefeitura no Programa de Aquisição de Alimentos. 
Quanto do acesso ao Pronaf, é uma decisão individual, poucas famílias acessam, em 2018 sete projetos foram encaminhados pela Colônia de Pescadores Z105, geralmente no valor de R$5.000,00. O crédito é utilizado para manutenção da produção, na compra de sementes, rações, no pagamento de trator pra revirar a terra, compra de animais para comercialização.
As associações também foram importantes no auxílio das famílias para conseguir benefícios oferecidos pelo governo, alguns assentados através da Colônia de Pescadores Z105, tiveram acesso ao seguro defeso e alguns aposentos também foi por ação da entidade. O gráfico a seguir mostra o número de famílias que recebem um ou mais benefícios. 
As famílias quando recebem mais de um benefício geralmente são os filhos que já são casados e ainda residem com os pais, ou quando tem um aposento e bolsa família, como no caso de uma senhora que mora com a filha e a neta, ou também quando são um casal de idosos conforme visualizamos em campo.
Além desses benefícios, algumas pessoas que chegaram depois no assentamento, parentes dos assentados e também pessoas que compraram lotes, trabalham autonomamente, existem pessoas contratadas pela prefeitura e também trabalhadores concursados.
A economia e produção é baseada no trabalho familiar, na cooperação por meio de troca de diárias e por vezes contratam alguém do próprio assentamento para ajudar. Existem famílias, as quais tem filhos trabalhando em outros Estados, mas que contribuem com as despesas da casa. O destino mais comum dos que saem do assentamento são Rio de Janeiro, São Paulo e Pará, na região Sudeste o trabalho é nos grandes centros urbanos e no Pará a maioria vai em períodos de colheita de safras de cacau.
Quando chega o período de roça, as famílias, realizam o preparo do terreno por meio da queimada, limpeza da área. Após o termino da limpeza espera-se a chuva para iniciar a plantação. O plantio leva maio ou menos 45 dias e ao término do primeiro processo, algumas famílias realizam a capina quando tem muito trabalhador na família ou quando a roça é pequena as outras colocam veneno (barragem), a maioria por não ter muitos membros na família para contribuir no trabalho.
O tamanho da roça varia de acordo com os membros da família e a plantação também varia, pois, as vezes falta semente ou têm sementes a mais conseguidas devido a troca. Os produtos mais comuns nas roças são o arroz, feijão, mandioca e milho, nesse ano a fava ganhou uma expressividade na produção (Ver gráfico):
O arroz é plantado junto com o milho que cresce primeiro. Na colheita do milho tira-se a primeira leva de milho verde e outra parte fica reservado para secar para alimentar aves e estocar sementes pra próxima plantação. Nas roças é possível observar diversidade de leguminosas (Figuras) e frutas como melancia e melão, complementos da produção.
Além do consumo, alguns produtos são comercializados mais comumente a farinha de mandioca, tapioca, vinagreira, cheiro verde, azeite de coco babaçu, carvão da casca do babaçu entre outros. Os excedentes são transportados até os comércios por motos, quando não se é proprietário paga-se o frete. O gráfico a seguir apresenta a quantidade de famílias na produção das variedades cultivadas.
O extrativismo vegetal também é presente no assentamento, conforme supracitada anteriormente parte dos assentados, principalmente as mulheres, tem parte da renda oriunda da extração do coco babaçu. Além de vender a amêndoa do babaçu, também é produzido o carvão e azeite. 
A forma mais comum de encontrar esses produtos é por encomenda, pois como são muitas pessoas trabalhando com o mesmo produto, ele pode se perder para algumas famílias. Também é comum, quando está no período, a extração de juçara e buriti, esses produtos são somente para consumo dos assentados.
A criação dos animais é nos lotes ou no terreno na agrovila. Os gados são exclusivamente para vender aos frigoríficos da sede do município, animais como porco e bode são como uma espécie de poupança, são engordados e vendidos quando o proprietário sente necessidade financeira ou quando alguém procura pra comprar. Algumas famílias relataram que quando não estão precisando preferem não vender pra não gastar o dinheiro. O gráfico a seguir mostra diversos animais criados pelas famílias no assentamento.
Quanto aos peixes, 17 famílias possuemaçudes com criação que iniciou após o INCRA ter oferecido no assentamento cursos de psicultura além de outros. No tocante a outras aves, referimo-nos a patos, perus e capote (galinha da angola) observados em algumas casas. Quanto a outros animais diz respeito a jumentos, cavalos e burros que auxiliam no transporte seja dos alimentos ou na extração de vegetais, no recolhimento do gado e também no transporte dos próprios camponeses.
Indicadores sociais
A resistência na terra foi um processo árduo para os assentados, muitos dos que abandonaram a luta foi devido a não ter acesso a direitos básicos como saúde, água encanada e luz, mesmo o assentamento estando localizado a 1 quilometro da sede do município.
Turnes (2004) evidencia que o desenvolvimento local deve ser mobilizador da qualidade de vida para os agentes que vivem no território o qual, o atendimento à saúde uma de suas dimensões intrínsecas. Sobre serviço de saúde constou-se que não têm posto médico. Duas vezes na semana há visita de um agente de saúde do município, quando é necessário atendimento especializado para idosos e pessoas com deficiência o agente de saúde marca consulta à domicílio. 
Em caso de atendimento médico de emergência os camponeses se dirigem a sede da cidade. Entre os serviços de saúde mais comum ao assentamento está o de clinico geral. O atendimento é uma barreira a ser superada, a associação de moradores reservou um terreno para a construção do posto, mas se por um lado falta recursos por parte dos assentados para construírem, por outro o poder executivo do município não toma iniciativa para construir. Guanziroli (2001) sobre serviços escassos de saúde em assentamentos rurais pontua que constitui fator para evasão de famílias maior que a média.
No tocante ao indicador educação, Turnes (2004) propõe que o desenvolvimento local deve ser pautado no aperfeiçoamento constante do ser humano. Os assentados no inicio da ocupação fundaram uma pequena escola de taipa que posteriormente (em 2018) foi substituída por uma escola de alvenaria. A escola foi construída pelo governo do Estado, por meio do projeto escola digna (FIGURA). Atualmente a escola atende a educação básica do 1° ao 4º ano pela manhã e a noite oferta a modalidade Educação para Jovens e Adultos (EJA).
Quanto aos níveis de escolaridade, os dados da pesquisa relevam que 13% dos assentados são analfabetos, 61% estudou até o ensino fundamental a maioria não concluiu e 22% o ensino médio, sendo que a maioria também não concluiu. Conversamos com apenas uma pessoa que já havia terminado graduação, uma delas, mulher, participou da ocupação, mas chegou no assentamento após 2 meses da ocupação, sua formação foi importante para conduzir na criação da escola de taipa outrora citada. Apesar da maioria relatar que possui ensino fundamental, constou-se que o analfabetismo funcional é uma realidade latente, onde muitos relatam a dificuldade de leitura e escrita.
O ensino é ofertado pelo município, a professora que participou em parte da resistência na terra, por algum tempo lecionou na escola, mas hoje atua no município. Sobre a educação do campo que deveria ser ofertada no assentamento Alves e Magalhães, (2013 p.187-188) afirma que “isso é parte importante do processo educativo, pois vai além do simples fato de escolarizar e educar essa população para o trabalho. Pensar a educação é pensar nos costumes e saberes do homem do campo”. (Alves e Magalhães, 2013 p.187-188).
Quanto a habitações, em 2010 o assentamento foi contemplado com 39 habitações do Programa Nacional de Habitação Rural – PNHR, por questões próprias de inadimplência de seis famílias assentadas, elas não foram contempladas. Todas as casas foram construídas, mas em mais da metade não foi feito acabamento, faltava pintura e cerâmica. Neste mesmo ano também chegou energia elétrica por meio de negociação, a prefeitura precisava de um local para depositar resíduos sólidos, os camponeses cederam uma área e então foi instalada a rede elétrica.
No ano de 2012, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) doou dois quites de irrigação aos assentados, com um foi construída uma horta coletiva que funcionou durante um ano e com o outro realizaram a ligação da água vinda do município para o assentamento, pois desde que haviam entrado na terra, a água usada era de 3 poços artesianos coletivos e cacimbões.
Em 2013 a Associação de Moradores do assentamento por meio de solicitação feita para o Fundo Nacional de Saúde (FUNASA) em São Luís que o projeto de água encanada finalmente chegou ao PAE. Todavia só em 2017 foi cavado um poço e instaladas 2 caixas d’água para abastecer a comunidade, anteriormente a água vinda do município as vezes faltava antes que chegassem em todas as residências.
Em 2017 o assentamento foi comtemplado com dois projetos do Governo do Estado, o Rua Digna, cada uma das associações enviou projeto e ambos foram aprovados. Tais projetos foram benéficos ao assentamento, pois os trabalhadores contratados foram os próprios assentados. 
O trabalho era na produção de bloquetes de concreto e aplicação na rua. Porém ambos os projetos só foram iniciados, a continuidade depende da segunda parcela que segundo os presidentes das entidades do assentamento, está retida pelo governo. Observe as figuras a seguir:
O assentamento conta com três casas de forno, para a produção da farinha de mandioca e tapioca. O uso das casas é coletivo, mas quem usa do espaço para produzir paga a renda de, 10 por 1, ou seja, a cada 10 quilos produzidos seja de farinha ou tapioca, um quilo é o pagamento que é destinado à família responsável pelo funcionamento do estabelecimento. Para cada casa de farinha, uma família fica como responsável para organizar o funcionamento. 
Assim também é o funcionamento de uma pequena usina de arroz (figura) localizada no fundo do quintal da casa de um dos assentados. O responsável pela usina manobra a máquina de descascar o arroz e aqueles que tem estoque do produto em casa, usam a usina quando é preciso.
Com relação aos meios de transporte, os alunos que estudam na sede contam com um micro-ônibus que os transporta, os moradores também usam o o ônibus como carona. Algumas famílias possuem motos e bicicletas. A via de acesso para o assentamento não é asfaltada, em período chuvoso há risco de atolamento de veículos e em tempos secos a poeira é o que mais incomoda, segundo os moradores.
No tocante a atividades recreativas de laser dos assentados, consideramos de grande valia ao desenvolvimento da comunidade, pois trata-se do bem-estar dos moradores. Os dados da pesquisa mostram que as visitas ao assentamento são constantes por familiares dos próprios assentados, amigos e ainda pessoas que vão com a intensão de comprar algum produto. Também acontecem jogos de futebol na comunidade, principalmente entre os jovens, mas também há disputa contra veteranos. Outra atividade constante- trata-se do entretenimento principalmente nos fins de semanas, nos bares.
Anualmente no mês de dezembro acontece o Festejo de Santa Luzia na igreja católica do assentamento, são dez dias de cultos, seguidos de leilões de oferendas feitas pelos próprios assentados para arrecadarem fundos para a igreja. Quanto a igreja evangélica, eles realizam células de orações nas casas, mais constante no período de férias.
No aniversário da fundação do assentamento, um dono de bar realiza anualmente uma festa de comemoração. Geralmente é contratada algum show artístico para entreter os participantes. A festa inicia pela manhã e vai até a madrugada do outo dia.
FERNANDES, B. M. A formação do MST no Brasil. Petrópolis: Editora Vozes, 2000.
Propostas metodológicas para aprender e ensinar geografia 
Referências
_______. Da Desterritorialização à Multiterritorialidade. Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo.
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SAQUET, M. A. Os tempos e os territórios da colonização italiana:o desenvolvimento econômico da Colônia Silveira Martins (RS). Porto Alegre: Edições EST, 2003.
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. (trad.) Maria Cecília França, São Paulo: Ática, 1993.
Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos/Marcos Aurelio Saquet, Eliseu Savério Sposito  (organizadores) --1.ed.-- São Paulo : Expressão Popular : UNESP. Programa de Pós-Graduação em Geografia, 2008.
CHAYANOV, Alexander Vasiljevich. Sobre a teoria dos sistemas econômicos não capitalistas. In: SILVA, José G. e STOLCKE, Verona (orgs). A Questão Agrária. São Paulo: Brasiliense, 1981.
TERRA, 2019
Reflexões esparsas sobre a questão agrária e a demanda por terra no século XXI -Sérgio Sauer
Benefícios
apenas 1	Bolsa família	Seguro Defeso	Aposentadoria	32	18	14	mais de 1	Bolsa família	Seguro Defeso	Aposentadoria	4	6	6	
Plantação
Arroz	Feijão	Mandioca	Milho	Fava	Legumes	Verduras	34	46	39	35	20	12	12	
Criação
Gado	Porco	Bode	Peixe	Galinha	Outras aves	Outros animais	32	25	3	19	68	12	41

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