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Políticas Públicas de Saúde Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Esp. Isabel Souza Lima Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites Formas de Administração da Saúde Pública • A Avaliação nos Serviços da Saúde Pública no Brasil • Promoção e Educação em Saúde • Recursos Humanos em Saúde • Vigilância Sanitária no Brasil • O Ingresso na Saúde Pública · Entender como são avaliados os sérvios de saúde no Brasil e como funciona a administração da saúde pública no país OBJETIVO DE APRENDIZADO Formas de Administração da Saúde Pública Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública Contextualização As formas de administração da saúde pública são executadas por um conjunto de órgãos e atividades, em que se agrupam os métodos de avaliação dos serviços prestados, a promoção e a educação, os profissionais que trabalham envolvidos em todos os setores da saúde pública e a forma de ingresso nesse segmento. Nesta unidade, destacaremos os principais pontos de administração da saúde pública, são eles: · A avaliação nos serviços de saúde, que é feita por meio de constantes avaliações e auditorias; · Promoção e educação em saúde, focando na importância em promover um aprendizado das pessoas incentivando hábitos saudáveis; · Recursos humanos em Saúde, que são os profissionais que trabalham na saúde pública; · Vigilância sanitária no Brasil, que tem o papel de garantir que os produtos e serviços possam ser veiculados e prestados sem danos prejudiciais à saúde da população; · O ingresso na saúde pública, que aborda a forma pela qual as pessoas podem concorrer a cargos públicos. Convidamos você a conhecer cada um desses pontos com mais detalhes. 8 9 A Avaliação nos Serviços da Saúde Pública no Brasil A avaliação feita nos serviços de saúde pública no Brasil é feita a partir de um ciclo de avaliações que objetivam a manter e evoluir a qualidade nos serviços de saúde pública e, também, com auditorias que garantirão a qualidade dos serviços, além de determinar pontos que precisam ser melhorados e revistos na saúde pública. Ciclo da avaliação da qualidade nos serviços de saúde O ciclo de avaliação da qualidade nos serviços de saúde envolve ações de planejamento em saúde, o monitoramento e a melhoria contínua dos serviços prestados. Ele é composto por três etapas: 1. Planejamento da qualidade: o objetivo é prevenir problemas de qualidade e se inicia na implantação de serviços novos ou nos ajustes nos serviços existentes; 2. Monitoramento da qualidade: é iniciado com a análise de uma série de indicadores de saúde em serviços novos ou existentes, ou ainda, depois de um ciclo de melhoria. O objetivo é identificar problemas ou oportunidades de melhoria a partir da análise desses dados; 3. Ciclos de melhoria da qualidade: o objetivo é solucionar problemas ou aproveitar oportunidades de melhoria. É iniciado com a identificação do problema ou a oportunidade de melhoria. É de extrema importância que exista sintonia e complementação no ciclo de qualidade nos serviços de saúde. Dessa forma, as atividades de saúde pública precisam ser previamente planejadas, monitoradas acerca de sua efetividade e eficácia e, por último, ajustadas quando identificado um problema ou uma oportunidade de melhoria. Monitoramento da Qualidade Ciclos de M elhoria da Qualidade Pl an eja m en to da Q ua lid ad e Ciclo da Avaliação da Qualidade nos Serviços de Saúde Figura 1 9 UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública O ciclo é contínuo, ou seja, não pode ser finalizado ou paralisado. Sempre existirá a necessidade de um planejamento, monitoramento e avaliação. O foco nesse ciclo é solucionar problemas encontrados no SUS, além de garantir a constante evolução nos serviços prestados. Importante! Eficiência x Eficácia: a eficiência avalia como se faz, diz-se que uma operação foi realizada de forma eficiente quando consumiu o mínimo de recursos na obtenção de um determi- nado resultado; a eficácia avalia até que ponto se alcançou um determinado resultado, independentemente da forma como se obteve esse resultado. Você Sabia? Fonte: www.portal-gestão.com.br Os Indicadores de saúde Os indicadores de saúde são os instrumentos de mensuração (medição) para o gerenciamento, a avaliação e o planejamento das ações dentro da área da Saúde. São utilizados no processo de monitoramento da qualidade. Possibilitam ainda, mudanças efetivas nos processos e resultados, por meio do estabelecimento de metas e ações prioritárias que garantam a melhoria contínua e gradativa de uma situação ou um serviço prestado. Os indicadores são elaborados por meio de números, podendo ser expressos em forma de taxas percentuais e/ou proporções. Ex.: Taxa de Mortalidade Infantil e Taxa de Morbidade (incidência e prevalência de uma determinada doença durante um determinado local por um determinado período). A taxa de mortalidade infantil é definida com o total de óbitos de crianças menores de um ano de idade, para cada mil crianças nascidas vivas, em um determinado ano ou região. Corresponde a um indicador que representa as condições de vida ou saúde de uma população. Ex pl or A definição das prioridades a serem tratadas pelas ações e pelos programas de promoção e educação em saúde é feita por meio dos estudos dos indicadores apresentados, principalmente, na rede RIPSA – Rede Interagencial de Informações para a Saúde. A rede RIPSA é responsável por fornecer indicadores básicos de saúde no Brasil. Esse material de consulta foi construído a partir de pesquisas e da base de dados nacionais. Promove a articulação de órgãos de governo, instituições de ensino e pesquisa, associações científicas e de classes, envolvidas na produção, análise e disseminação de informações atinentes às questões de saúde no país (RIPSA, 2002). 10 11 Os produtos da RIPSA baseiam-se nos dados e nas informações gerados em parceria e referem-se tanto ao estado de saúde da população quanto aos aspectos de natureza econômica e social que condicionam e influenciam a situação de saúde. São objetivos da RIPSA: · Estabelecer a base de informações essenciais e consistentes paraa análise das condições de saúde no País, facilmente acessíveis pelos diversos tipos de usuários e construídas mediante processo interinstitucional de trabalho; · Articular a participação de instituições que contribuam para a produção, crítica e análise de dados e indicadores relativos às condições de saúde; · Implementar mecanismos de apoio para o aperfeiçoamento permanente da produção de dados e informações; · Promover intercâmbio com outros subsistemas especializados de informação da administração pública; · Contribuir para o estudo de aspectos de reconhecida relevância para a compreensão do quadro sanitário brasileiro; e · Fomentar mecanismos indutores do uso de informações essenciais para a orientação de processos decisórios no âmbito do SUS. Formalizada em 1996, a RIPSA tem como propósito promover a disponibilidade adequada e oportuna de dados básicos, indicadores e análises sobre as condições de saúde e suas tendências, visando aperfeiçoar a capacidade de formulação, gestão e avaliação de políticas e ações públicas pertinentes. http://www.ripsa.org.br/ Ex pl or A Auditoria Serviços Públicos de Saúde A auditoria é um mecanismo de controle interno, é um exame analítico e pericial que verifica as informações apresentadas em operações. Ela tem o papel de constatar se as atividades desenvolvidas por um determinado setor ou organização estão sendo feitas de forma correta e as informações apresentadas de forma fidedigna. A auditoria na saúde pública visa a examinar os seguintes pontos: · Se as atividades estão de acordo com o planejamento; · Se as atividades foram implementadas com eficácia; · Se as atividades estão em conformidade com os objetivos. Exemplo de auditoria: Imagine uma Campanha de Vacinação que tenha o objetivo de vacinar dez mil pessoas em um determinado município. Após o ciclo de vacinação ser concluído, uma auditoria é instalada para que se constate se 100% da meta de vacinação 11 UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública foi alcançada ou não e, em caso de não, o porquê do fracasso dessa campanha. Ainda com a autoria instaurada, será possível saber qual foi a proporção de vacinas aplicadas em homens, mulheres, idosos, crianças, etc. Ou seja, é possível fazer um mapeamento e a constatação do número real de pessoas vacinadas. Outro ponto que será avaliado é a eficácia – nesse mesmo exemplo, as seguintes perguntas poderão ser respondidas: “As vacinas foram aplicadas de forma eficiente?”; “Houve desperdício de material?”, “Houve fraude na campanha de vacinação?”, “O que causou o desperdício de material?”; entre outras. A auditoria do SUS A auditoria do SUS é feita pelo órgão Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS). O DENASUS está vinculado ao Sistema Nacional de Auditoria (SNA). Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images A auditoria do SUS visa: • Ao Fortalecimento do SUS. É conseguido a partir da auditoria de fraudes e exigindo maior eficácia no cumprimento dos padrões de qualidade e higiene para que os objetivos do SUS sejam atingidos. O ponto de relevância é fazer com que o SUS se estabilize e atenda da melhor forma possível os seus usuários; • Contribuir para alocação e utilização adequada dos recursos. Dessa forma, ga- rantindo que os recursos dispendidos estão sendo utilizados da maneira correta; • Garantir o acesso e a qualidade dos serviços de saúde; • Verificar a conformidade nos procedimentos das atividades desenvolvidas. Importante! No final da auditoria, caso sejam constatadas fraudes – por exemplo: desvio de dinheiro –, o auditor enviará os dados ao Tribunal de Contas da União, que deverá cobrar o ressarcimento e a devolução dos valores desviados aos cofres públicos. Você Sabia? 12 13 O que pode ser auditado no SUS 1. os sistemas de saúde; 2. os serviços de saúde; 3. as ações em saúde. Funções da auditoria no SUS · Auditar o sistema como um todo; · Verificar se a gestão está de acordo com os objetivos do sistema; · Garantir o cumprimento da Lei 8.080/90 (que regulamenta todo o Sistema Único de Saúde) e da Lei 8.142/90 (que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde). Na auditoria de estabelecimentos que prestam serviços de saúde ao SUS, tanto com caráter ambulatorial quanto hospitalar, são verificados os seguintes pontos: · Capacidade instalada: se o local possui todos os equipamentos para a prestação de serviços a qual se destina. Por exemplo: um hospital que faz mamografia precisa ter o equipamento certo para esse exame (mamógrafo) e em quantidade mínima para atender à demanda, caso contrário, ele não terá a capacidade instalada; · Alvará de funcionamento: é emitido pela prefeitura e dá a autorização para o funcionamento do estabelecimento; · Qualidade do atendimento: se o atendimento está em conformidade com o padrão de qualidade estabelecido. Verifica-se, por exemplo, se estão havendo muitos erros de diagnóstico e procedimentos. Ou ainda, se existe a quantidade mínima de pessoal para atendimento ou se de fato essas pessoas estão trabalhando; · Qualidade administrativa: funcionamento dos aparelhos de ar condicionado, higiene do local, material de limpeza, macas, alimentação e etc. Audita-se programas e ações pontuais em saúde. Exemplo: saúde bucal, combate à dengue e tuberculose. A auditoria da saúde é feita em duas etapas: analítica e operativa. Auditoria analítica A auditoria analítica é feita por meio da análise de relatórios e documentos. São utilizados dados disponíveis em Sistemas de Informações de Saúde (SIM – Sistema de Informação de Mortalidade, SIA – Sistema de Informação Ambulatorial, SIH – Sistema de Informação Hospitalar, etc.). 13 UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública Ela pode ser feita a distância, isso porque, se tratando de análise de documentos, não há necessidade de se estar no local auditado. Os relatórios e documentos podem ser enviados on-line para tal ação. A auditoria analítica subsidia as ações de auditoria operativa. Uma vez que a análise analítica foi concluída, o auditor poderá ir até o local auditado para fazer a análise operacional para a investigação dos pontos de conformidade e de não conformidade levantados durante a auditoria analítica. Auditoria operativa A auditoria operativa é feita in loco, isto é, o auditor vai até o estabelecimento que está sendo auditado e fará a análise presencial, utilizando as informações e abordando as pessoas disponíveis no local. Nesse modelo, poderão ser examinados diretamente os fatos e as situações, como, por exemplo: a análise de procedimentos; a análise das condições em que se apresentam o local; a quantidade de funcionários trabalhando; a análise dos recursos disponíveis. Além de ser possível: o teste de equipamentos; a leitura dos prontuários médicos; a análise de todo o centro cirúrgico; a leitura de atas de reuniões; entrevistas de pacientes; verificação se todas as instalações estão de acordo com a RDC 50 de 2002 (que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde); a verificação de questões de higiene; etc. A análise de auditoria operativa permite que o auditor compare as informações obtidas através dos relatórios enviados e gerados pelos sistemas de informação com a real condição apresentada pelo local onde ocorre a prestação de serviços de saúde. A busca de evidências in loco tem o objetivo de validar o trabalho do auditor. Essas evidências são os elementos que irão dar sustentabilidade ao parecer final da auditoria. Exemplo: uma denúncia foi recebida destacando a má qualidade da comida servida em um determinado hospital. A denúncia relata ainda traz que não estão sendo servidas proteínas e legumes nas refeições. O trabalho do auditor é verificar se essa denúncia procede ou não. Para tanto, ele analisará aparte documental, como as Notas Fiscais dos alimentos para ter a certeza se eles foram comprados. Feito isso, irá ao próprio hospital para detectar se esses alimentos estão na dispensa do hospital, se estão dentro da validade, conversará com os pacientes, com as famílias de pacientes, com os funcionários do hospital a fim de constatar se a denúncia procede ou não, ou seja, se houve desvio de verba ou qualquer outro tipo de fraude que sustente tal denúncia. Resolução-RDC Nº 50,0 21 de Fevereiro de 2002 - https://goo.gl/HyHWCa Ex pl or 14 15 Ao final da auditoria, o auditor fará um relatório com as suas conclusões no qual deverá constar: · Dados básicos: finalidade da auditoria, período da auditoria e dirigentes do local auditado; · Introdução contendo a justificativa da auditoria; · A metodologia utilizada (fontes analisadas, pessoal entrevistado, relatórios analisados, etc.); · Constatações: evidências com as apurações feitas, conformidade e não conformidades levantadas, justificativa do auditado, acatamento ou não da justificativa e as recomendações do auditor; · Conclusão. Exemplo da auditoria analítica em conjunto com a auditoria operativa: Uma denúncia anônima declara que uma das salas de cirurgia de um determina- do centro cirúrgico está inadequada para o uso. O auditor primeiro irá fazer a audi- toria analítica solicitando dados ao centro cirúrgico, tais como: planta do hospital; alvará de funcionamento; quantidade de equipamentos relacionados em cada sala de cirurgia; ventilação; política de descarte de materiais; data da última dedetização; entre outros. No entanto, após a auditoria analítica, nenhuma anormalidade foi de- tectada. Por isso, num segundo momento, será feita a análise operativa na qual esse auditor irá ao próprio centro cirúrgico constatar se todas as informações previamen- te enviadas pelo hospital sobre sua estrutura estão corretas ou não. Chegando lá, esse auditor descobre que existe um “ralo” dentro da sala de cirurgia – o que é ina- ceitável para os padrões de higiene de uma sala de cirurgia. Conclusão: esse auditor levantará evidências que provem a não conformidade detectada – como exemplo, ele irá fotografar o local, poderá entrevistar médicos e demais funcionários do local e fará um relatório com as recomendações de melhoria e ajustes. Importante! Não é responsabilidade de um auditor solicitar a prisão do responsável pela não conformidade constatada. O papel dele é constatar um erro no procedimento, instalação ou conduta. Uma vez constatado o erro, ele solicitará o reparo no erro ou nas ações que acarretam esse erro. Caso seja constatado improbidade ou uso indevido do dinheiro público, o auditor encaminhará o caso para que um Juiz faça o julgamento, e esse último sim providenciará as ações cabíveis por lei. Importante! 15 UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública Promoção e Educação em Saúde O conceito de promoção e educação em saúde envolve tanto atitudes que implicam na diminuição do risco de morte como também na melhoria da qualidade de vida. Envolvem: · a Prevenção do aparecimento de doenças; · a busca ativa de doenças que ainda não se manifestaram (rastreamento de doenças); · o desenvolvimento de hábitos e estilos de vida saudáveis. As principais causas de mortalidade no Brasil podem ter seu impacto reduzido em função de programas de promoção e educação em saúde, tais como: · Doenças Cardiovasculares: tabagismo, obesidade, vida sedentária, hiperco- lesterolemia, diabetes e hipertensão arterial; · Câncer, focando no combate ao tabagismo e em exames de próstata para homens e autoexame das mamas para as mulheres; · Causas externas (acidentes de trânsito, homicídios e acidentes de trabalho), são condições que podem ser minimizadas promovendo a educação tanto no ambiente de trabalho quanto no familiar. A Promoção em Saúde A promoção em saúde é uma junção de apoios educacionais e ambientais que visam à melhoria da saúde. São considerados fatores genéticos, ambiente, serviços de saúde e estilo de vida com múltiplas intervenções ou fontes de apoio. Tem por objetivo a criação de políticas, planos e programas de saúde pública com ações que eduquem a população, ou seja, que ensinem a população a cuidar de sua própria saúde e da saúde de sua família. Figura 3 Fonte: Acervo do Conteudista 16 17 A promoção em saúde envolve: · A criação de ambientes que apoiam escolhas saudáveis; · Construção de Políticas Públicas de Saúde que foquem na conscientização da população sobre um determinado ponto de melhoria de saúde a ser tratado; · Fortalecimento de ações comunitárias; · Reorganização de serviços de saúde. A OMS – Organização Mundial da Saúde (1987) define que a promoção de saúde representa uma estratégia mediadora entre pessoas e ambientes, sintetizando escolha pessoal e responsabilidade social em saúde para criar um futuro mais saudável. Ela é um dos eixos principais estabelecidos pelo SUS. Sendo assim, a promoção e educação em saúde é a resposta apresentada para a melhoria na qualidade de vida das pessoas partindo da conscientização promovida através de ações educacionais sobre a responsabilidade que cada indivíduo precisa exercer em prol da sua própria saúde. No dia 30 de março de 2006, foi aprovada a Política Nacional de Promoção a Saúde, pela portaria de número 687, que validou o compromisso da atual gestão do Ministério da Saúde na ampliação das ações de promoção, nos serviços e na gestão do Sistema Único. Constituindo um instrumento de fortalecimento e implantação de ações transversais, integradas e intersetoriais que objetivam ao diálogo entre as diversas áreas do setor sanitário, governamental, privado e sociedade geral, para compor redes de compromisso em que todos auxiliem na proteção e no cuidado com a vida. Educação em Saúde A educação em saúde é um componente do processo de promoção de saúde. Ela visa desenvolver nas pessoas a noção das causas das doenças, estimulando a mudança de atitude para hábitos mais saudáveis e escolhas melhores para suas vidas. Trata-se de um processo educativo focando nas mudanças de comportamento estimulando a manutenção, recuperação e promoção de saúde. A educação em saúde é qualquer combinação de fatores com a finalidade de se trabalhar os conceitos de saúde. O processo ensino-aprendizagem em saúde deve ser feito de forma clara, simples e adequada à idade e ao nível cultural do paciente, deve-se relacionar o conteúdo a ser trabalhado com a realidade da população que se quer atingir. A aprendizagem deve ser ativa, a informação deve ser posta de forma prática para que o público-alvo não tenha dificuldades na execução, como, por exemplo, uma campanha de saúde bucal focando na escovação para crianças. Nesse exemplo, deve-se levar em consideração qual será a idade do público-alvo para a adequação da linguagem a ser empregada, é necessário que seja feita uma conscientização sobre as doenças provenientes por falta de higienização bucal e os sintomas de possíveis 17 UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública doenças. O aprendizado poderá ser feito promovido através de palestras, vídeos, cartazes, demonstração da forma correta de escovação e o treinamento prático orientado por profissionais. Os pais devem ser envolvidos em todo o processo de aprendizagem. Recursos Humanos em Saúde Todos os profissionais que atuam na área de saúde são chamados de recursos humanos em saúde. Esses profissionais são os responsáveis em fazer o sistema de saúde público funcionar. É imprescindível que esses profissionais sejam qualificados de acordo com o cargo e ramo de atuação que exercerão. São os recursos humanos que irão operar os recursos tecnológicos e administrar os recursos financeiros na saúde. São eles que farão com que as metas da saúde pública serão ou não atingidas. A área da saúde pública é bastante complexa e envolve diferentes tipos de profissionais para cada segmento. É necessária umaforte articulação entre esses profissionais para que se coloque em prática os princípios do SUS, como, por exemplo, o de atendimento integral à saúde. Quando falamos em profissionais de saúde é comum que o primeiro profissional a ser lembrado seja o médico, porém, os recursos humanos em saúde são formados por diversos profissionais, tais como: enfermeiros, auxiliares de enfermagem, fonoaudiólogos, nutricionistas, médicos com diversos tipos de especialidades, psicólogos, pessoal da limpeza, farmacêuticos, motoristas, socorristas, entre outros. A equipe necessária para o atendimento da saúde é muito grande e todos precisam estar alinhados em prol do atendimento da população. Existem três tipos de grupo de profissionais na área da saúde: os gestores, os profissionais executores e os profissionais de outros setores. · Os gestores (ou gerentes) são responsáveis pela articulação com outros setores para o bom andamento dos serviços. Eles têm o poder de decisão e fiscalizam os serviços prestados sob suas responsabilidades. Exemplo: diretores de hospital, gerentes administrativos, supervisores, entre outros; · Os profissionais executores são responsáveis pela execução das ações de promoção, prevenção, atenção curativa, reabilitação e recuperação. Eles vão lidar diretamente com o público. São chamados de profissionais de ações diretas da vigilância em saúde ou ainda de profissionais de atividades-fim. São classificados em: profissionais de nível superior, profissionais de nível médio e pessoal de nível auxiliar, como os médicos, enfermeiros, radiologistas e técnicos de enfermagem; · Os profissionais de outros setores são aqueles que atuam nas atividades- meio, ou seja, eles fazem uma ponte entre o pessoal executor e o paciente. 18 19 Exemplo: farmacêuticos, pessoal de limpeza, motorista de ambulância, assistente administrativo, entre outros. Todos eles precisam estar integrados e trabalhar em prol do bom atendimento ao usuário do SUS, todos têm elevado grau de importância no funcionamento do sistema. Por exemplo: um gerente administrativo de um hospital precisa contratar um auxiliar de limpeza para que o ambiente seja adequadamente limpo para que um médico possa atender um enfermo que sofreu um acidente. Compreende-se como atividade-fi m aquela que compreende as atividades essenciais e normais para as quais a empresa se constituiu. É o seu objetivo a exploração do seu ramo de atividade expresso em contrato social. Atividades-meio é aquela não relacionada, diretamente, com a atividade-fi m empresarial. Exemplo: indústria de móveis. A atividade fi m é a industrialização, uma das atividades-meio é o serviço de limpeza, vigilância, manutenção de máquinas e equipamentos, contabilidade, etc. Ex pl or Vigilância Sanitária no Brasil A vigilância sanitária pertence ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária coordenado pela ANVISA, que é um órgão Federal ligado ao Ministério da Saúde. Em nível estadual, o sistema de vigilância sanitária é constituído por órgãos de vigilância sanitária das secretarias estaduais de saúde e, no nível municipal, pelos serviços de vigilância sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde. A ANVISA tem a responsabilidade em regulamentar e coordenar o sistema nacional além de executar inspeções de controle: Vigilância Sanitária é um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir os riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesses da saúde abrangendo o controle de bens de consumo que direto ou indiretamente se relacionem com a saúde compreendidas as etapas desse processo da produção ao consumo. (BRASIL, Lei nº 8.080, 1990, art.6). Áreas de atuação da vigilância sanitária · Produção, transporte e comercialização de alimentos: o foco é a identi- ficação de riscos e verificação de cumprimentos das recomendações, atuan- do sobre todo o ciclo de vida de um produto. Exemplo: bares, restaurantes, mercados, frutarias, açougues, peixarias, frigoríficos, indústrias e rotulagem de alimentos, transportadoras, embaladoras, importadoras, exportadoras e armazenadoras de alimentos, etc.; 19 UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública · Produção, distribuição, comercialização de medicamentos, produtos de interesse para a saúde: identificação de riscos à saúde, verificação e promoção de adesão às normas. Exemplo: hospitais, creches e funerárias. Exemplo: farmácias, drogarias, perfumarias, saneantes, produtos de higiene, produtos hospitalares (indústria, comércio e rotulagem), importadora, exportadora, distribuidora, transportadora, armazenadora de medicamentos, cosméticos e saneantes; · Serviços de saúde: verificará principalmente as questões de higiene, ventilação entre outros. Exemplo: hospitais, clínicas médicas e odontológicas, laboratórios, asilos, presídios, profissionais de saúde, etc. · Meio ambiente: controla a qualidade da água, ar, solo, saneamento básico, calamidades públicas, transporte de produtos perigosos, monitora os ambientes que causam danos à saúde, entre outros; · Ambientes e processos do trabalho/saúde do trabalhador: identificação e intervenção dos locais de trabalho das pessoas como lojas, fábricas, transportes, escritórios, etc.; · Pós-comercialização: investiga situações que envolvem reações adversas a medicamentos, sangue e produtos para saúde, intoxicação por produtos químicos, etc.; · Projetos de arquitetura: analisa projetos de construção, reforma, adaptação ou ampliação no que interfere na saúde das pessoas, em residências, hospitais, clínicas, fábricas, escolas, etc.; · Locais públicos: shoppings, cinemas, clubes, óticas, postos da gasolina, estádios, piscinas, escolas, cemitérios, salões de beleza, portos, aeroportos, áreas de fronteira, entre outros. Principais funções da vigilância sanitária Instituição de normas e regulamentos: as normas e regulamentos são baseadas em leis e são obrigatórias para a produção e circulação de produtos e prestação de serviços. Têm como objetivo a diminuição dos riscos à saúde da população. O não cumprimento de tais normas e regulamentos implicam em infração sanitária. Exemplo: a proibição do uso de maionese caseira em lanchonetes ou restaurantes, pelo motivo de que a maionese caseira pode conter uma bactéria chamada salmonela (que pode estar presente no ovo); Registros de produtos e autorização de funcionamento de empresas: é o chamado “alvará da vigilância sanitária”. Esse alvará é concedido tanto para autorização de funcionamento de empresas, quanto para o registro de produtos e garantirá a autorização da veiculação de tais produtos; Monitoramento de portos, aeroportos e fronteiras: o objetivo é evitar a propagação de doenças em locais de grande veiculação de pessoas. A inspeção desses lugares é feita continuamente, ou seja, diariamente; 20 21 Monitoração de propaganda: o objetivo é proibir propagandas enganosas, para que o consumidor não seja induzido a consumir tais produtos ou serviços que tragam risco à sua saúde. Ex.: proibição de propaganda de cigarros e chupetas; Fiscalização: é feita por instituições que farão a verificação se as normas e os procedimentos de vigilância sanitária estão sendo cumpridos. O Ingresso na Saúde Pública O servidor público ou funcionário público é toda pessoa que trabalha como empregado de uma administração estatal. Englobam todos que trabalham com vínculos empregatícios para entidades governamentais, integrados em cargos ou empregos das entidades público-administrativas, bem como em suas respectivas autarquias e fundações de direito público. O pagamento desse funcionário público é feito por meio da arrecadação do dinheiro público derivado do pagamento de impostos. A principal forma de ingresso do setor público é através de concursos públicos. Portanto, como o SUS é um sistema do governo, para que uma pessoa possa manter vínculos empregatíciosjunto a esse sistema, é necessário que ela seja aprovada e convocada em um concurso público. Concurso público Trata-se de um processo seletivo que visa avaliar candidatos que quererem ingres- sar em um determinado cargo efetivo público. Ele é obrigatório para cargos públi- cos, é uma forma de se evitar que políticos ou pessoas que ocupam cargos estraté- gicos usem de sua influência para empregar parentes, amigos ou a famosa “troca de favores”, atitudes que são contrárias aos princípios de igualdade e de isonomia. Através do concurso público, é possível avaliar a competência de candidatos que estão concorrendo aos cargos públicos, ou seja, garantir que quem ocupará o cargo tem as competências técnicas necessárias. No Brasil, eles são bastante concorridos porque, em sua grande maioria, nenhuma experiência prévia é exigida, além de proporcionar bons salários e estabilidade ao ocupante do cargo. Principais regras do concurso público: · São feitos através de provas, podendo ser realizados em duas etapas; · É publicado juntamente com um edital no qual estão explícitas todas as condições e regras do concurso. O edital é a “lei do concurso”; · A participação do candidato no processo é condicionada mediante ao pagamento da sua inscrição prévia ou conforme previsto no edital; 21 UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública · O concurso público tem validade de até dois anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. · O prazo de validade do concurso e as condições de sua realização serão fixados em edital a ser publicado no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande circulação; · É vetado novo concurso enquanto existirem candidatos aprovados em concurso anterior com prazo de validade ainda não expirado. Os concursos públicos são divididos em grandes áreas, como: fiscal, bancária, jurídica, cargos de gestão, entre outras. Todas as áreas são muito concorridas, especialmente as carreiras de melhor remuneração, como: procuradorias, fiscal, Banco Central, BNDES, agências reguladoras, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento. É necessária uma boa formação acadêmica e muito investimento e dedicação para ingressar nessas carreiras. https://goo.gl/0D4Jva Ex pl or Importante! Diferença entre o cargo público e o cargo político: o funcionário público somente é contratado mediante aprovação e convocação em um concurso público e, se mantém o vínculo empregatício com o Estado, a pessoa se torna um defensor do setor público. O cargo político tem o vínculo empregatício diretamente ligado ao Governo e não necessariamente ao Estado de Direito, a pessoa torna-se defensor de um mantado político. De maneira geral, ela precisa ser eleita por voto por meio de uma campanha política para ocupar tais cargos políticos. Trocando ideias... 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Educação e Promoção de Saúde Educação e promoção de saúde promovida pelo município de Santana do Araguaia. Documentário feita pela TV Integração Alto Araguaia. https://youtu.be/hsOn0L3aElE Indicadores de Saúde A Importância de Indicadores para a Gestão em Saúde. Documentário produzido pela TV IFSC sobre. https://youtu.be/aYnmtO2pack Vigilância Sanitária, Epidemiológica e Saúde do Trabalhador Vigilância Sanitária, Epidemiológica e Saúde do Trabalhador. Documentário produzido por SUS com mapas mentais. https://youtu.be/BxXMcHcc5fE Leitura Portaria nº 2.203, de 5 de novembro de 1996 Portaria nº 2.203, de 05 de novembro de 1996. Norma Operacional Básica (NOB01/96), que redefine o modelo de Gestão do Sistema Único de Saúde. https://goo.gl/AySL3j 23 UNIDADE Formas de Administração da Saúde Pública Referências ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: <http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/res0050_21_02_2002.html>. Acesso em: 20 set. 2016. CANDEIAS, N. M. F. et al. Conceitos de Educação e Promoção em Saúde. Rev. Saúde Pública, São Paulo, 1991. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/ res0050_21_02_2002.html>. Acesso em: 15 set. 2016. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Atenção Básica <http://dab. saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/pnab> - Brasília: DF, 2012. Acesso em: 15 set. 2016. NEVES, Marco. Avaliação da Qualidade da Prestação de Serviços de Saúde: Um Enfoque baseado no valor para o paciente. Disponível em: <http://www. escoladegestao.pr.gov.br/arquivos/File/Material_%20CONSAD/paineis_III_con- gresso_consad/painel_9/avaliacao_da_qualidade_da_prestacao_de_servicos_de_ saude.pdf> Acesso em: 10 set. 2016 RIPSA. Rede Interagencial de Informações para a Saúde. Disponível em: <http://www.ripsa.org.br/ >. Acesso em: 10 set. 2016 SILVA, J.L.L. Educação em saúde e promoção da saúde. São Paulo: 2005. VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Áreas de Atuação. Disponível em: <http://www. vigilanciasanitaria.sc.gov.br/index.php/sample-sites-2> 24