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Terapia Ocupacional e Contexto Social - EAD (1)

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TERAPIA OCUPACIONAL E 
CONTEXTO SOCIAL
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI
REITORIA: 
Dr. Roberto Cezar de Oliveira
PRÓ-REITORIA:
Profa. Ma. Gisele Colombari Gomes
DIREÇÃO DE GESTÃO EAD:
Prof. Me. Ricardo Dantas Lopes
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS:
Diagramação
Revisão textual
Produção audiovisual
Gestão
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1. FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA DO CAMPO SOCIAL NA TERAPIA OCUPACIONAL ........................................ 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 10
RETOMADA HISTÓRICA E 
FUNDAMENTOS DO CAMPO SOCIAL
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
TERAPIA OCUPACIONAL E CONTEXTO SOCIAL
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INTRODUÇÃO
Na disciplina “Terapia Ocupacional e Contexto Social”, você se debruçará sobre uma 
abordagem teórico-metodológica diferente daquilo que conhecemos como “tradicional” dentro 
da pro� ssão. Por meio de referenciais advindos das disciplinas das Ciências Humanas e Sociais, 
podemos pensar em diferentes possibilidades de apreensão de uma realidade, bem como trabalhar 
com populações que, na maioria das vezes, permanecem à margem da sociedade. 
Utilizando os referenciais produzidos pela terapia ocupacional social, será enfatizada 
a importância do contexto histórico, social, cultural e econômico no cotidiano das pessoas, 
bem como as possibilidades pelas quais, por meio dessas áreas, as pessoas possam se inserir 
socialmente.
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1. FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA DO CAMPO SOCIAL NA TERAPIA 
OCUPACIONAL
O primeiro passo para se pensar nas abordagens relacionadas à terapia ocupacional no 
campo social é partir da fundamentação histórica de sua construção, visto que diversos fatores 
sociais, históricos e, principalmente, teórico-metodológicos contribuíram para a consolidação 
desse contexto, bem como a necessidade de re� etir sobre a terapia ocupacional a partir de um 
novo prisma.
A terapia ocupacional social no Brasil se desenvolveu a partir de duas principais 
perspectivas, complementares e relacionadas entre si, que foram atribuindo complexidade à 
discussão. 
Inicialmente, encontramos a perspectiva do contexto histórico, relacionada aos processos 
sociais brasileiros vivenciados no � nal da década de 1970 e intensi� cados nos anos 1980, os quais 
culminaram na revisão das concepções da ação pro� ssional devido a diversos fatores presentes 
naquele contexto (BARROS; LOPES; GALHEIGO, 2007), dentre eles:
Figura 1 – Processos sociais. Fonte: Adaptado de Barros, Lopes e Galheigo (2007).
Parte-se da compreensão de que o adoecimento é um fenômeno com implicações que 
repercutem no sujeito e na sociedade, sendo, portanto, um evento tanto social quanto individual. 
É uma concepção crítica à visão exclusivamente biomédica da saúde - que parte de dicotomias 
que direcionam o pensar um sujeito sem continuidade, separado do meio e da sociedade, como 
partes desvinculadas ou ligadas mecanicamente ao todo. A questão do adoecimento só pode 
ser compreendida a partir da interpretação dos aspectos biológicos, das práticas sociais e dos 
signi� cados atribuídos para ambos. 
Nesse sentido, observa-se uma ampliação signi� cativa daquilo que era considerado 
como “doença” e, cada vez mais, as problemáticas sociais passam a ser questões que devem 
ser respondidas a partir de ações pro� ssionais e institucionais por meio de procedimentos 
prede� nidos. Assim, passa-se a atribuir maior “poder” à Medicina para propor soluções para as 
sociedades (BARROS; LOPES; GALHEIGO, 2007).
De acordo com as análises críticas realizadas naquele contexto, convencionou-se nomear 
esse processo como “medicalização da sociedade”, a qual administra con� itos relacionais e 
sociais como problemas “médicos” ou de caráter do adoecimento. Logo, a discussão sobre a 
intervenção dos terapeutas ocupacionais também se nutriu acerca do papel técnico na sociedade, 
na responsabilidade de formar e transformar valores sociais, em contrapartida da perspectiva que 
atribui ao pro� ssional um distanciamento do compromisso político e social.
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Nesse mesmo contexto, ao � m da década de 1970, o País encontrava-se em ebulição 
política, abrindo espaço para a participação da população, que se mobilizava para discutir 
diversas questões, entre elas, a democratização, as lutas pelos direitos de cidadania e o debate 
das alternativas à ordem econômica, social e política excludente estabelecida pelo então regime 
militar. Organizava-se a sociedade civil em diferentes representações: os sindicatos, os movimentos 
populares, as instituições religiosas, as associações pro� ssionais, os partidos políticos, entre 
outros movimentos (LOPES, 2016).
Torna-se também foco de questionamento a supressão permanente, cotidiana, 
dos direitos dos ‘loucos’, sua repressão autoritária nos manicômios. O tema da 
reforma psiquiátrica no Brasil emerge como parte do processo de libertação dos 
doentes mentais. Mas, para além disso, a luta contra a situação dessas pessoas nas 
instituições psiquiátricas que, denunciada pela mídia, escandalizou a opinião 
pública, fazia parte de um sentimento mais geral de revolta contra a supressão, 
pela força, da vontade dos ‘mais fracos’ – não só loucos, como trabalhadores, 
desempregados, presos políticos e excluídos de toda ordem (LOPES, 2016, p. 
54).
Motivado por essa tensão sócio-política, associada à mudança de concepção acerca das 
problemáticas sociais, inicia-se o questionamento sobre a função social do terapeuta ocupacional, 
que até então baseava-se no pressuposto da necessidade da adaptação social, não se questionando 
a estrutura social e suas desigualdades. A preocupação era inserir, reintegrar a pessoa ao seu meio 
sem que se discutissem os motivos da exclusão e as resistências à reinserção. A compreensão das 
questões estruturais como agentes causais dessa situação começa a ter lugar na conversa entre os 
terapeutas ocupacionais nesse período.
O fracasso das tentativas de reintegração era, quase sempre, atribuído ao tipo de 
di� culdade do indivíduo, à sua situação de cronicidade, à atitude de sua família 
e, por vezes, a uma sociedade, que não era razão de alguma formulação, que o 
rejeitava, que não se abria às capacidades remanescentes desses indivíduos, não 
lhes dando as devidas oportunidades (LOPES, 2016, p. 53). 
Foi questionando o papel de “adaptador social” que o terapeuta ocupacional passou a 
participar da construção do coletivo, da construção do espaço público e a pensar em abordagens 
que possibilitassem que os sujeitos concretos com os quais atuamos - os loucos, os de� cientes de 
toda ordem, as crianças e os adolescentes vulneráveis pessoal e socialmente, os idosos pobres - 
fossem, ou pudessem almejar ser, sujeitos autônomos, participativos, inseridos (LOPES, 2016). 
Concomitante com todos esses movimentos apresentados, os grupos populacionais para 
os quais são direcionadas as ações da terapia ocupacional passam a ser considerados sujeitos de 
direito, numa perspectiva tanto de saúde quanto da assistência social. Foram essenciais a Reforma 
O vídeo a seguir apresenta alguns apontamentos acerca do 
contexto histórico e político vivenciado no Brasil na década de 
1970, que pode auxiliar você a compreender melhor a partir de 
quais movimentações sociais estamos pensando e como isso, 
inegavelmente, infl uenciou os contextos de mudança. 
Assista em https://www.youtube.com/watch?v=ShWHbILNpU4.7WWW.UNINGA.BR
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Sanitária brasileira e a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como a incorporação 
da Assistência Social no âmbito da seguridade social, todos derivados da Constituição de 1988.
Saúde como um direito de todos – e todos signi� ca todos, não a maioria, o que 
implica a atenção a grupos populacionais especiais. Assistência social não como 
caridade ou � lantropia, mas sim como direito de todos os cidadãos da garantia 
de um mínimo social em termos de renda, bens e serviços (LOPES, 2016, p. 58).
O acesso à saúde e a bens sociais ocorria a partir da implantação de políticas sociais e 
de sua execução concreta em serviços e ações, inclusive aquelas da terapia ocupacional. Tanto 
que, no início da década de 1990, identi� cou-se uma importante incorporação dos terapeutas 
ocupacionais em serviços sociais dos municípios que adotaram como diretriz a implantação 
dos preceitos constitucionais, principalmente para os serviços de saúde e para os serviços da 
assistência social ligados à infância e juventude (LOPES, 2016). 
A crítica a estes desdobramentos (...) permitiu novas formas de ação do técnico, 
constituindo-se na mais signi� cativa contribuição provocada pela discussão 
do campo social em terapia ocupacional. Possibilitou, ainda, a busca de novos 
referenciais teóricos mais complexos, históricos e dinâmicos, para que se pudesse 
perceber o paciente como um ser social, inserido num processo cultural e em 
práticas históricas, e não como um somatório de partes fragmentadas (BARROS; 
GHIRARDI; LOPES, 2002, p. 98).
Voltando-se para uma segunda perspectiva, partimos das premissas que emergem das 
contradições sociais observadas naquele contexto, cuja principal característica era reorganização 
e (re)adaptação. Tal cenário é marcado pela produção de desigualdade social e pela presença 
crescente de grandes contingentes populacionais vivendo formas variadas de dissolução 
de vínculos, vulnerabilização das redes sociais de suporte e precarização e/ou escassez de 
possibilidades de trabalho (BARROS; LOPES; GALHEIGO, 2007).
Com essa questão social apresentada, Barros, Lopes e Galheigo (2007) referem que, do 
ponto de vista sociológico, são identi� cados dois grupos-alvo desse contexto que se constituem 
como possibilidades de intervenção da terapia ocupacional social. São eles:
• aqueles que sofrem processo de exclusão e, por consequência, a eles foi aplicado o 
atributo de periculosidade social, que justi� cou sua institucionalização, ou seja, processos 
de exclusão social total para sua recuperação, educação e/ou repressão. Envolvem os 
sujeitos dos espaços fechados e isolados da comunidade, como manicômios e hospitais 
psiquiátricos, asilos e instituições para pessoas com de� ciência, prisões, abrigos; crianças 
e adolescentes institucionalizados; velhos asilados e destituídos de direitos; pessoas com 
diferentes tipos de� ciências e/ou transtornos, entre outros;
O que motivou a elaboração da Constituição Federal de 1988? 
A Constituição de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, foi resultado 
do esforço político pela redemocratização e símbolo do fi m do autoritarismo dos 
militares. Seu texto-base determina os direitos e os deveres dos entes políticos e 
dos cidadãos do País. Foi resultado de um amplo debate que se estendeu durante 
mais de um ano e simbolizou o início da Nova República.
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• grupos sociais que, devido às transformações sociais vivenciadas, estão expostos 
diretamente à precarização das possibilidades de trabalho, à vulnerabilidade das relações 
sociais e, portanto, vivem sob ameaça de exclusão e não pertencimento.
A constituição do campo social em terapia ocupacional como uma de suas subáreas, no 
� nal da década de 1990, se apresenta como fator fundamental para a desvinculação da terapia 
ocupacional como pro� ssão exclusivamente da área da saúde e, assim, da mediação necessária 
entre saúde e doença (BARROS; LOPES; GALHEIGO, 2007). 
Os processos em torno da participação social no País criaram um ambiente que propiciou 
a identi� cação de problemáticas sociais graves e envolveu amplos setores da sociedade e de 
pro� ssionais na busca de “soluções”. 
A terapia ocupacional espelha o que seus pro� ssionais pensam e produzem e a 
forma como se posicionam politicamente frente às demandas sociais que a eles 
se colocam (LOPES, 2016, p. 78). 
A desigualdade e a pobreza são problemáticas relevantes no bojo da questão social 
brasileira e, para tanto, torna-se necessário atuar no território, em espaços comunitários e 
em instituições sociais, para intervir a partir da demanda da população, contribuindo para o 
equacionamento de suas necessidades para uma escuta e intervenção que se construa com o 
sujeito, seu contexto e história (LOPES, 2016).
Na formação do terapeuta ocupacional, é necessário um direcionamento que o habilite 
a atuar em problemáticas que emergem a partir dos con� itos sociais e também nos problemas 
de uma sociedade marcada por desigualdades. Para isso, é preciso lançar mão de conceitos que 
se voltem ao entendimento das dinâmicas sociais. O sujeito não pode ser separado do contexto 
das práticas sócio-históricas das quais faz parte. Consequentemente, é preciso apreender as 
características, isto é, as peculiaridades presentes em cada grupo social ou em cada comunidade 
que se propõe a atuar com e para (BARROS; LOPES; GALHEIGO, 2007). 
Atribuir e incorporar conhecimentos sócio-antropológicos aos conhecimentos 
especí� cos da pro� ssão permitiu aos terapeutas ocupacionais contribuírem para o entendimento 
e desenvolvimento de metodologias de abordagens individuais e coletivas em campos 
distanciados da saúde, tais como a assistência social, trabalhos comunitários, meio ambiente, 
relações interculturais, entre outras. Assim, sua intervenção constitui-se como uma estratégia de 
mediação de con� ito por meio da incorporação de metodologias de ação social. 
A noção de con� ito emerge da interação, das divergências e de antagonismos tanto 
de interesses quanto de percepções, seja individual ou coletiva. Há con� itos nas relações 
entre indivíduos e grupos, con� itos inerentes à organização social, política e economia. Essa 
temática tem sido foco de estudo de várias perspectivas de conhecimento de caráter sociológico, 
antropológico, � losó� co, político, entre outros. As teorias sociológicas que estudam o con� ito 
social a partir de uma perspectiva crítica salientam o caráter histórico e instável das sociedades 
(BARROS; LOPES; GALHEIGO, 2007). 
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A noção de con� ito in� uenciou também a interpretação do que signi� ca a demanda 
social e de como compreender as necessidades que aparecem com frequência como sendo de 
natureza e responsabilidade unicamente de cada pessoa ou família. O terapeuta ocupacional 
social deve interpretar a demanda como expressão da necessidade e desejos individuais e coletivos 
e como parte de relações de poder presentes naquela sociedade. É nesse sentido que as noções de 
cidadania e de direitos, bem como a de produção de identidades, ganham primeiro plano para a 
formulação de projetos individualizados e para projetos coletivos de intervenção. Cada pessoa, 
cada grupo social ou comunidade precisa descobrir, a seu modo, as dimensões e possibilidades 
da realidade. 
Dessa forma, a terapia ocupacional pode contribuir para minimizar as questões causadas 
pelas desigualdades, contradições sociais e confrontos culturais. Para isso, é necessário construir 
intervenções coerentes com as culturas e contextos locais especí� cos, fato que determina uma 
ruptura das ações direcionadas por procedimentos técnicos preestabelecidos e padronizados 
(BARROS; LOPES; GALHEIGO,2007). 
Perspectivas do conceito de “confl ito social” sob diferentes referenciais:
- Para Marx, a visão confl itual da vida social se expressa na sociedade capitalista 
na forma da luta de classes;
- Para Alain Touraine, o confl ito de classes continua a ter lugar central na analise 
sociológica, sendo necessário partir da análise da representação da organização 
social e examinar as origens históricas, as tensões da acumulação e da 
industrialização;
- Nas teorias de Max Weber, o autor enfatiza a questão da integração social, em 
que as sociedades são sistemas integrados que se mantêm mais pelo consenso 
do que pela repressão ou coerção, pois existem interesses sociais que são, 
principalmente, compartilhados muito além do que opostos;
- Para Robert Castel, o processo de desfi liação forma-se na confl uência de 
uma dupla dinâmica de vulnerabilização da integração social, em que ocorre a 
dissolução de vínculos sociais e a precarização das possibilidades de trabalho.
Para maiores aprofundamentos acerca das refl exões sobre as 
fundamentações da Terapia Ocupacional Social, sugerimos a leitura 
do seguinte artigo: 
BARROS, D. D.; GHIRARDI, M. I. G.; LOPES, R. E. Terapia ocupacional 
social .  Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São 
Paulo, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 95-103, 2002. 
Leia o material em https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13903.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, pretendeu-se resgatar os contextos históricos e sociais que culminaram na 
mudança de uma perspectiva da sociedade, bem como as possibilidades de atuação da pro� ssão, 
passando por uma reorganização daquilo que se considerava vigente. 
Observamos que a sociedade passa por constantes mudanças, se adapta, modi� ca e se 
constrói, assim como as necessidades e problemáticas com que nos deparamos diante da prática 
da terapia ocupacional. Por isso, é de fundamental importância conseguir fazer essa leitura da 
realidade e do contexto ao qual pertencemos e buscarmos promover a diferença nas vidas dos 
sujeitos com quem nos disponibilizamos a trabalhar.
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 12
1. POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO NO CAMPO SOCIAL ............................................................................... 13
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 20
RECURSOS E TECNOLOGIA DA 
TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
TERAPIA OCUPACIONAL E CONTEXTO SOCIAL
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INTRODUÇÃO
Conforme apresentamos na unidade anterior, a atuação da terapia ocupacional no contexto 
social parte de uma ampliação do olhar e da forma de atuação da pro� ssão. Essa ampliação da 
prática pro� ssional passa a requerer novas possibilidades de intervenção.
Nesta unidade, vamos visualizar alguns caminhos possíveis para desenvolver as 
intervenções nesse cenário, contando com o aporte teórico das perspectivas das tecnologias 
sociais, bem como uma ação participativa do sujeito alvo da intervenção, ampliando a ação 
que, antes individualizada, agora incorpora as questões sociais dos sujeitos coletivos e grupos 
populacionais.
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1. POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO NO CAMPO SOCIAL
Partindo do pressuposto de que, ao se debruçar na prática do campo social, a terapia 
ocupacional rompe com o discurso de saúde que se restringia ao modelo “médico” e confronta-
se com a complexidade da vida comunitária, a intervenção exigiu um trabalho de transformação 
a partir de uma prática que provocou respostas inovadoras para os novos serviços criados. Foi 
preciso transcender a clínica, a relação dual terapeuta/paciente, superar a necessidade do setting
terapêutico estruturado e confrontar-se com o território (BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002).
Nessa direção, a noção de território dentro da terapia ocupacional social supõe um 
espaço delimitado geogra� camente, construído historicamente e com relações socioeconômicas e 
culturais a serem conhecidas, que lhes são próprias. Nele, podem-se observar diferentes maneiras 
de existir, sonhar, viver, trabalhar e realizar as trocas sociais. O território implica, assim, a ideia 
fundamental de reconhecimento do outro a partir de novas concepções.
Figura 1 – Ações territoriais. Fonte: Adaptado de Barros, Ghirardi e Lopes (2002).
Sem essa mudança de concepção, não é possível falar em terapia ocupacional social, 
partindo de um rompimento do discurso de saúde que se restringe ao modelo médico vigente. 
Emergiu, então, o desa� o de buscar novas bases que orientassem a ação e, para isso, foi preciso 
rever os conceitos de ocupação, de trabalho e de atividade a � m de ampliar as possibilidades de 
uma prática que, até então, centralizava-se majoritariamente no processo de institucionalização.
Ao questionar a prática realizada dentro da terapia ocupacional, surge a necessidade de 
repensar a especi� cidade desse campo de ação, constituindo um campo de conhecimento teórico 
e prático que implica a possibilidade de re� etir, articular e produzir o conhecimento necessário 
em três domínios: o macro-estrutural e conceitual; o político-operacional; e o da atenção pessoal 
e coletiva (BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002).
Ao analisarmos as estratégias e os recursos utilizados para atingir a inserção, a inclusão e 
a participação dos diferentes grupos sociais com os quais se trabalha, veri� ca-se que as atividades 
(artesanal, artística, cultural, geradora de renda, entre outras tantas) se tornam o eixo organizador 
da intervenção.
A terapia ocupacional social reformula-se a partir da busca de criar sentidos entre aquilo 
que o processo social traz como demanda e o acúmulo teórico produzido na terapia ocupacional 
acerca do conceito e das implicações das atividades como mediação do processo terapêutico.
A proposta de um campo social na terapia ocupacional assume novos sentidos e diversas 
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implicações, culminando no resultado de um esforço em renunciar a modelos reducionistas 
e perspectivas simplistas para um fenômeno social de complexidade. Além disso, implica a 
rede� nição de objetivos e instrumentos de intervenção, estabelecendo a terapia ocupacional 
sobre bases mais largas.
A terapia ocupacional funda-se sobretudo em processos e ações comunicativas, 
ou seja, falar em atividade é falar em processo e em mediação interpretativa 
entre nós e os fenômenos: agir, reagir, interagir e fazer são modos marcantes, 
concretos e materiais de dizer o mundo. Esta mediação interpretativa está, 
portanto, presa às representações do mundo que nossa historicidade nos impõe. 
E é esta compreensão da indissolubilidade entre homem e mundo e entre 
história pessoal e social que vai conferir sua marca à terapia ocupacional social 
(BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002, p. 101-102). 
As abordagens historicamente dominantes nas práticas de terapia ocupacional têm 
priorizado (ou até mesmo dado exclusividade) aspectos únicos do indivíduo para, a partir dele, 
buscar relações ampliadas na família ou principalmente em esferas de relações próximas. Precisa-
se, ao contrário, de abordagens que comportem os múltiplos sentidos das práticas sociais. 
As reações à realidade, interações vivas e físicas com a materialidade das 
coisas e do mundo, se constituem em respostas, múltiplas e complexas. Neste 
contexto,a noção de experiência e também de historicidade são fundamentais. 
Os signi� cados e os sentidos atribuídos são percebidos pela pessoa no interior 
do arcabouço sócio-histórico de que é parte. Por isto a terapia ocupacional 
social é historicidade, e só se de� ne no contexto e na inter-relação: compreende 
a pessoa entre a objetividade de seu problema e a subjetividade da interpretação 
de suas necessidades, entre seu modo de perceber a vida e aquele do terapeuta 
ocupacional, entre a técnica e as di� culdades reais do cotidiano (BARROS; 
GHIRARDI; LOPES, 2002, p. 102).
Assim, as atividades não possuem signi� cados � xos, formam-se constantemente múltiplos 
signi� cados que se sobrepõem. Elas são expressões de identidades e participam de processos que 
formam identidades. Por serem um processo relacional, são também um processo político. Nesse 
processo, torna-se meio para o terapeuta ocupacional desenvolver atividades culturalmente 
pertinentes, pois trata de compreender como as atividades mais valorizadas são percebidas na 
comunidade e como são articuladas na formação de possíveis identidades.
Nessa direção, a ideia de atividade não se deve basear em uma abstração esvaziada de 
sentido concreto para aquele indivíduo, para o qual nossa ação deve buscar equacionar necessidades 
reais. Ela deve se colocar como um conceito permeado de historicidade, fundamentado pela 
dimensão sócio-política e cultural enquanto instrumento para a emancipação social.
Considerando a mudança de perspectiva na atuação da terapia ocupacional, como 
podemos utilizar o conceito de “atividades”? 
Nessa direção, a percepção do conceito de “atividades” deve ser redefi nida a 
fi m de constituir-se em instrumento para emancipação, baseada pela dimensão 
sociopolítica, cultural e afetiva de pessoas, de grupos e comunidades.
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É por isso que o conceito de atividades em terapia ocupacional social é um 
construto, uma mediação de relações múltiplas, mas situada no tempo e no 
espaço culturais; é um conceito inacabado e incorpora em si essa incompletude, 
constituindo-se pelo movimento, pelo processo de comunicação em linguagem 
(verbal, gestual, sonora, ou seja, icônica, indicial e simbólica). Trata-se de um 
conceito que se realiza na experiência e na situação vivida. Tais atividades são 
objeto que se constrói na comunicação, na experiência e na situação vivida 
segundo a história, as práticas sociais e os valores culturais que cada pessoa ou 
grupo social realiza de forma particular. Por isto, são ao mesmo tempo, objeto 
singular e plural, podendo con� gurar-se como instrumento de emancipação ou 
de alienação. Os objetivos, e os processos escolhidos para obtê-los, é que poderão 
caracterizar as atividades como promotoras de emancipação e de cidadania 
(BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002, p. 102).
A partir disso, a terapia ocupacional passa a compor um campo de conhecimento e 
de intervenção em saúde, em educação e na esfera social, devendo desenvolver metodologias 
adequadas à ação territorial e comunitária. 
Assim, é imprescindível para a terapia ocupacional aceitar os desa� os que se colocam e 
buscar contribuir na formulação e desenvolvimento de ações que possam minimizar problemas 
vinculados aos processos de ruptura de redes sociais de suporte. Fortalecer as intervenções que 
devem ser dimensionadas pela compreensão da demanda (análise de sentido e de processos 
históricos e socioculturais) e pelo uso de atividades como elemento centralizador e orientador 
na construção complexa e contextualizada do processo (BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002).
De forma mais recente, as experiências acumuladas pelos grupos de estudos voltados 
para a terapia ocupacional social, com destaque ao Projeto METUIA, têm produzido tecnologias 
sociais capazes de fomentar novas possibilidades de atuação, integrando e articulando ações de 
abrangência macro e microssocial (LOPES et al., 2014). 
Tecnologia Social é entendida como um conjunto de técnicas, metodologias 
transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e 
apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria 
das condições de vida. O conceito de Tecnologia Social remete a uma proposta 
inovadora de desenvolvimento, considerando uma abordagem construtivista 
na participação coletiva do processo de organização, desenvolvimento e 
implementação, aliando saber popular, organização social e conhecimento técnico-
científi co. Tem como base a disseminação de soluções para problemas voltados 
a demandas de renda, trabalho, educação, conhecimento, cultura, alimentação, 
saúde, habitação, recursos hídricos, saneamento básico, energia, ambiente, 
igualdade de raça e gênero, dentre outras, importando essencialmente que sejam 
efetivas e reaplicáveis e promovam a inclusão social e a melhoria da qualidade de 
vida das populações em situação de vulnerabilidade social.
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Nessa perspectiva de tecnologias sociais e possibilidades de intervenção, são evidenciadas 
as seguintes possibilidades: o� cinas de atividades, dinâmicas e projetos; os acompanhamentos 
singulares e territoriais; a articulação de recursos no campo social; e a dinamização da rede de 
atenção. A seguir, vamos compreender cada item de forma mais detalhada.
A Rede METUIA – Terapia Ocupacional Social é a atual denominação do 
Projeto Metuia, criado em 1998 por docentes de três universidades brasileiras: 
Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e 
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). 
A criação do Projeto Metuia foi impulsionada pela perspectiva de propor uma 
atuação profi ssional voltada especifi camente para as demandas sociais, 
pautada pela garantia dos direitos das populações com as quais trabalha e pela 
indissociabilidade entre a ação técnica, ética e política. Assim, o Projeto Metuia 
se constituiu como um grupo interinstitucional de estudos, formação e ações pela 
cidadania de grupos em situação de vulnerabilidade social e processos de ruptura 
das redes sociais de suporte, tendo como proposta o desenvolvimento de projetos 
no âmbito do ensino, da pesquisa e da extensão em terapia ocupacional social e 
em sua interconexão com diferentes setores sociais (BARROS; GHIRARDI; LOPES, 
2002; LOPES; MALFITANO, 2016). 
Para conhecer mais sobre as ações do projeto, sugerimos o vídeo 
“Projeto Casarão Metuia”, disponível em https://www.youtube.
com/watch?v=kLePnrAvir0.
OFICINAS DE ATIVIDADES, DINÂMICAS E PROJETOS
• A Terapia Ocupacional Social utiliza as atividades como 
um recurso mediador do trabalho de aproximação, 
acompanhamento, apreensão das demandas e fortalecimento 
dos sujeitos individuais e coletivos para os quais direciona sua 
ação.
• Prioriza-se o uso das atividades em espaços grupais e/ou 
coletivos.
• Por intermédio da atividade sobre a qual o terapeuta ocupacional 
deve ter domínio, pode-se conhecer o universo imediato dos 
sujeitos, ampliando signifi cativamente a possibilidade de criação 
de vínculos e, com isso, gerar oportunidades para uma atuação 
profi ssional que contribua para a construção conjunta de planos 
e projetos.
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Quadro 1 - Tecnologia Social para a Terapia ocupacional social. Fonte: Lopes et al. (2014).
• A utilização da atividade possibilita o aprendizado e o 
reconhecimento de necessidades do sujeito e o desenvolvimento 
da capacidade deste para buscar soluções próprias e criativas 
para suas questões.
• Criam-se potencialmente espaços de experimentação e 
aprendizagem, concebendo-se cada participante como ser ativo 
no processo de construção. 
• As ofi cinas (suas atividades, seus projetos, produtos e suas 
dinâmicas)permitem uma gama potente de ações que podem 
ser classifi cadas, compreendidas e aplicadas com distintos 
propósitos, tais como:
• lidar com as técnicas intrínsecas das propostas; 
• o uso e a produção de materiais e recursos; 
• transitar por diversos setores (cultura, arte, esporte, lazer, 
trabalho etc.); 
• deparar-se com propostas previamente elaboradas com 
temáticas e objetivos preestabelecidos (debates sobre 
o cotidiano, perspectivas de vida, trocas e informações 
a respeito do mundo do trabalho, processos educativos 
acerca de direitos e deveres, sobre a rede de proteção à 
infância e adolescência na cidade, entre outras);
• identifi car as necessidades e possibilidades da vida 
cotidiana; 
• identifi car os diferentes sentidos e signifi cados que os 
sujeitos em ação podem designar ou imprimir segundo 
sua vivência pessoal, ainda que as propostas tenham 
indicações ou direcionamentos prévios, o interesse está na 
percepção singular que aquela experiência proporcionou 
ao participante da ação.
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ACOMPANHAMENTOS SINGULARES E TERRITORIAIS
• São estratégias de intervenção que possibilitam uma percep-
ção e interação mais real do cotidiano e contexto de vida dos 
indivíduos, interconectando suas histórias e percursos, sua si-
tuação atual e sua rede de relações;
• Tais acompanhamentos partem da escuta atenta das demandas 
de pessoas, grupos ou coletivos, na maioria das vezes determi-
nadas pela situação de vulnerabilidade, desigualdade social e 
falta de acesso a serviços sociais e bens essenciais;
• As abordagens e direcionamentos devem intencionar o equa-
cionamento e/ou a minimização das situações de vulnerabilida-
de vivenciada.
Quadro 2 - Tecnologia Social para a Terapia ocupacional social. Fonte: Lopes et al. (2014).
ARTICULAÇÃO DE RECURSOS NO CAMPO SOCIAL
• Uma variedade de ações realizadas desde o plano individual, 
passando pelos grupos, coletivos até os níveis da política e da 
gestão; 
• A estratégia está em manejar as práticas em diferentes níveis 
de atenção em torno de objetivos comuns e utilizar os recursos 
possíveis, compreendidos como dispositivos fi nanceiros, mate-
riais, relacionais, afetivos, sejam eles micro ou macrossociais, 
para compor as intervenções.
Quadro 3 - Tecnologia Social para a Terapia ocupacional social. Fonte: Lopes et al. (2014).
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DINAMIZAÇÃO DA REDE DE SERVIÇOS
• Objetiva mapear, divulgar e consolidar todos os programas, pro-
jetos e ações voltados para determinado grupo populacional e/
ou sua comunidade, com o intuito de fomentar a interação e a 
integração entre eles;
• Articular os diferentes setores e níveis de intervenção, facilitan-
do a efetividade e o direcionamento das estratégias.
Quadro 4 - Tecnologia Social para a Terapia ocupacional social. Fonte: Lopes et al. (2014).
O terapeuta ocupacional reúne habilidades para conhecer o universo dos sujeitos, 
ampliando signi� cativamente a possibilidade de criação de vínculos e, com isso, gerar 
oportunidades para uma atuação pro� ssional que contribua para a construção conjunta de novos 
planos, projetos e apoios.
Tem se evidenciado a necessidade dos seguintes elementos: o tempo; a 
disponibilidade do técnico; a agilidade e a responsabilidade ética e técnica na 
articulação entre diferentes atores e serviços; a constituição de uma leitura 
centrada e conhecedora da realidade social e subjetiva, individual e coletiva; 
um amplo repertório para a proposição cotidiana de atividades, bem como o 
alargamento do conceito da atividade; o conhecimento e o diálogo com a rede 
de recursos sociais preexistentes na comunidade e na cidade; a re� exão sobre os 
limites da relação técnica no cuidado e no acolhimento de questões sociais no 
âmbito individual. Todos esses elementos nos instigam a re� etir sobre os tempos 
da ação terapêutico-ocupacional no campo social e sobre a disponibilidade 
necessária para o trabalho cotidianamente direcionado para a urgência de 
mudanças efetivas da realidade (LOPES et al., 2014, p. 600).
Portanto, o terapeuta ocupacional pode ser um pro� ssional voltado à criação de estratégias 
conjuntas com os sujeitos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, na busca de ampliação 
de oportunidades na vida cotidiana, que possibilitem maior participação social. 
A terapia ocupacional social, bem como outras subáreas e correntes da pro� ssão, 
assimilam práticas embasadas em uma perspectiva crítica às explicações exclusivamente de 
Para compreender exemplos de aplicação e possibilidades dos recursos 
apresentados, indicamos a leitura do seguinte artigo:
LOPES, R. E. et al. Recursos e tecnologias em Terapia Ocupacional 
Social: ações com jovens pobres na cidade. Cadernos Brasileiros 
de Terapia Ocupacional, [S. l.], v. 22, n. 3, 2014. 
Leia-o em https://www.cadernosdeto.ufscar.br/index.php/
cadernos/article/view/1114.
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ordem biomédica, buscando que as ações terapêutico-ocupacionais resultem em ações que visem 
a mudanças efetivas das realidades encontradas ( LOPES; BORBA; CAPPELLARO, 2011; LOPES 
et al., 2014; MALFITANO, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As possibilidades de abordagem apresentadas deixam evidente a preocupação que a 
Terapia Ocupacional social tem em considerar as dimensões sociais quando se dedica a intervir 
na vida, isto é, no cotidiano dos sujeitos, para que seja possível uma ação mais próxima das 
verdadeiras necessidades de que as pessoas em vulnerabilidade social necessitam.
Os elementos enfatizados centralizam a importância das relações sociais, além do 
fortalecimento dos vínculos, seja no processo terapêutico-ocupacional, seja na dinâmica da vida 
social. Para que isso seja efetivado, torna-se essencial considerar o contexto micro e macrossocial 
ao qual os sujeitos pertencem. É a partir daí que se observa o desa� o da prática nesse contexto.
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UNIDADE
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 22
1. POLÍTICAS SOCIAIS E TERAPIA OCUPACIONAL ............................................................................................... 23
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 29
POLÍTICAS, DIREITOS SOCIAIS E 
TERAPIA OCUPACIONAL
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
TERAPIA OCUPACIONAL E CONTEXTO SOCIAL
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INTRODUÇÃO
Considerando que o objetivo central da terapia ocupacional é intervir nos contextos 
ocupacionais do sujeito a � m de promover inserção e participação social, a preocupação da terapia 
ocupacional social é efetivar esse processo por meio das políticas e programas sociais, viabilizando 
as possibilidades de escolhas das pessoas em situação de desfavorecimento social. Para isso, deve 
atuar de forma interdisciplinar e intersetorial, utilizando-se de diferentes referenciais sociais.
Assim, torna-se indispensável aprofundar a discussão acerca das questões sociais, sua 
relação com as políticas sociais, a identi� cação de determinantes para o processo de pobreza 
e exclusão social, aliados às possibilidades de minimização das complexas situações que são 
vivenciadas.
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1. POLÍTICAS SOCIAIS E TERAPIA OCUPACIONAL
Para se pensar na temática da área social dentro da terapia ocupacional, é imprescindívelassociar às mudanças políticas vivenciadas no País, como vimos anteriormente com a breve 
retomada histórica. 
Mediante a implementação do Estado de bem-estar social no cenário brasileiro, foi 
possível acompanhar uma expansão das políticas sociais como direito de cidadania e dever do 
Estado. Assim, é inevitável a vinculação desse cenário com o contexto das transformações do 
regime político vigente (até então regido pelo militarismo), além da organização societária do 
País (COSTA, 2016). 
Insere-se na agenda política a questão da desigualdade social e da pobreza como 
problemáticas do Estado e, por meio da implementação da Constituição Federal de 1988, as 
temáticas de inclusão social e direitos sociais se tornam marcos importantes desse cenário. A 
inclusão da previdência, da saúde e da assistência como o tripé da seguridade social introduziu 
a noção de direitos sociais universais como parte da condição de cidadania, antes restrita apenas 
aos bene� ciários da Previdência Social (COSTA, 2016).
Vamos evidenciar duas das políticas que compõem o tripé da seguridade social – saúde 
e assistência social – e a inserção do terapeuta ocupacional nessa conjuntura de expansão das 
políticas sociais. 
A ampliação da atuação da terapia ocupacional na área social acompanha as novas 
demandas geradas por programas e serviços sociais, decorrentes especialmente da política de 
saúde, que consolida, em 1990, o Sistema Único de Saúde – SUS –, regulamentado pela Lei 
Orgânica da Saúde (LOS) e, posteriormente, do Sistema Único de Assistência Social – SUAS –, 
implantado em 2003 e regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
Na segunda metade dos anos 1990, com a expansão das políticas públicas e dos 
programas sociais e diante da complexidade dos problemas brasileiros, abrem-
se novos espaços de atuação interdisciplinar para os pro� ssionais vinculados às 
áreas sociais, como os da terapia ocupacional, que se encontra em um momento 
fértil e desa� ador na consolidação de estratégias epistêmicas e metodológicas que 
possam contribuir com ações dirigidas a uma parcela signi� cativa da população 
destituída dos direitos sociais básicos (COSTA, 2016, p. 246).
Nesse contexto, a intervenção da terapia ocupacional tem se expandido tanto na área da 
saúde, com a oferta de um maior número de vagas na rede pública de saúde, quanto nas áreas 
da assistência social e da defesa social, com a atuação nos CRAS, nos Centros de Referência 
O Estado de bem-estar social, ou Welfare State (doravante, WS), é um fenômeno 
que emerge nos países industrializados, no século XX, se consolida no pós-
guerra e, mais tardiamente, nos países em desenvolvimento. Tendo como foco a 
provisão de serviços sociais como um direito assegurado pelo Estado a camadas 
expressivas da população, ele cobre as mais variadas formas de risco da vida 
individual e coletiva. O WS atua como mecanismo particular de compensação 
às forças das desigualdades resultantes do sistema capitalista por meio da 
instituição do sistema de direitos e políticas sociais, no sentido de evitar confl ito 
e disruptura do tecido social (COSTA, 2016).
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Especializados de Assistência Social (CREAS) e nos Centros Socioeducativos (COSTA, 2016).
Essa nova possibilidade de prática da terapia ocupacional mantém o foco de intervenção 
na relação do sujeito com o fazer ou com os vínculos ocupacionais. Porém, a compreensão sobre 
as interrupções de práticas cotidianas, decorrentes da vivência da exclusão social, só se torna 
possível a partir do entendimento das relações e estruturas sociais nas quais o sujeito se insere.
Considerando que a condição de exclusão restringe as ações mais recorrentes do cotidiano 
das pessoas, para que o terapeuta ocupacional atue como mediador de vínculos ocupacionais 
entre os sujeitos e seu cotidiano, deve-se intervir necessariamente corroborando com o acesso a 
bens e serviços por meio de políticas e programas sociais. 
Ou seja, deve-se contribuir com a ampliação do leque de oportunidades e escolhas das 
pessoas que se encontram em situação de exclusão ou vulnerabilidade social. Ainda, mobilizar 
desejos e interesses que possam sustentar a construção de projetos pessoais a partir da garantia 
mínima de acesso a políticas sociais, promovendo padrões de cidadania capazes de reverter a 
situação de desvantagem desses indivíduos (COSTA, 2016).
O que é cidadania? 
Em um conceito mais amplo, cidadania quer dizer a qualidade de ser cidadão e, 
consequentemente, sujeito de direitos e deveres. Assim, vincula-se intimamente à 
ideia de direitos individuais e pertença a uma comunidade particular.
As políticas sociais confi guram-se como uma resposta do Estado à demanda de 
enfrentamento das questões sociais dentro de um determinado período histórico. 
Reconhecer as demandas sociais e a necessidade, bem como responsabilidade, de 
intervenção estatal sobre estas, é condição mínima para dialogar sobre esse tema. 
Para que haja uma ampliação das políticas sociais, são necessárias inovações 
sociopolíticas: mudanças na forma de gerar, fi nanciar e distribuir as prestações 
de serviços sociais, conciliando as exigências admitidas e as necessidades da 
sociedade. As políticas sociais devem apresentar diretrizes nacionais para o 
encaminhamento e enfrentamento de problemáticas sociais, criando mecanismos 
para operacionalização de direitos nas diversas áreas, cumprindo seu objetivo de 
desenvolvimento da cidadania social, tendo como base a Constituição Federal. O 
investimento nas políticas sociais pode ter um caráter preventivo – minimização 
dos problemas sociais graves; compensatório – amortecimento de problemas 
sociais; ou distributivo – transferência de renda para a população à margem do 
sistema. Todas as áreas são necessárias, mas os critérios de prioridade são 
defi nidos segundo os princípios do governo vigente (LOPES; MALFITANO, 2007).
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Portanto, a área social da terapia ocupacional está intimamente vinculada à capacidade 
de cobertura das políticas sociais, o que justi� ca uma discussão mais aprofundada acerca do 
fenômeno da pobreza e exclusão social, bem como do seu enfrentamento por meio da garantia 
dos direitos sociais básicos.
Tradicionalmente, a atuação da terapia ocupacional tem centralizado sua prática 
vinculada às concepções individualizantes, com grande enfoque nas questões biológicas e/ou 
psicológicas, que tendem a restringir as questões de forma individual. Nesse sentido, tem-se 
sustentado a� rmações sobre a sociedade, apoiando-se no pressuposto de que o indivíduo é o 
centralizador e responsável pelos seus interesses e condutas e, dessa forma, cada um faz escolhas 
independentemente das construções sociais, hábitos e questões externas (COSTA, 2016).
Porém, na questão da desigualdade e vulnerabilidade social, é evidente que a condição de 
pobreza e marginalidade é vivenciada no âmbito individual e familiar, contudo, sua explicação e 
seu possível enfrentamento não devem ser restritos ao âmbito pessoal e individual. 
Essa inversão de paradigma é desa� ante dentro da prática pro� ssional uma vez que se 
almeja intervir no âmbito pessoal sem negligenciar estratégias e metodologias que também atuem 
nas relações e estruturas sociais. Isso signi� ca que condutas isoladas e reduzidas à perspectiva 
do indivíduo, ou de um único programa ou de uma única política, tendem a negligenciar a 
multiplicidade dos fatores que impactam na condição de vulnerabilidade e exclusão social 
(COSTA, 2016). 
Nesse sentido, é de fundamental importância apreender o fenômeno no qual se propõe 
intervir para que o terapeuta ocupacional, ou qualquer outro pro� ssional da área, não incorra no 
erro iminente de transferir o problema da pobreza e miséria social à esfera individual (COSTA, 
2016). Umadas principais referências teóricas para compreender a questão da exclusão social, 
sob perspectiva da terapia ocupacional social, baseia-se nos fundamentos de Castel (1994), que 
considera os eixos que abrangem os principais contextos de vida.
Ao descrever a denominada “questão social”, o autor analisa os tipos de inserções sociais 
que são possíveis dentro do atual sistema, considerando a organização e a vida social. Refere sobre 
a importância das redes sociais de suporte, consideradas elementos que integram o processo 
social. 
Assim, de� ne “zonas” para a caracterização do espaço social, nas quais os indivíduos 
circulam entre elas, tendo dois componentes centrais que in� uenciam no pertencimento, ou não, 
a determinados espaços e que são fundamentais, portanto, para as condições e as possibilidades 
de vida: o eixo da relação de trabalho (do emprego estável à ausência completa de trabalho) e o 
eixo da inserção relacional (entre a inscrição nas redes sólidas de sociabilidade e o isolamento 
social) (CASTEL, 1994). 
A primeira delas é a zona de integração, de� nida pelo acesso a um trabalho estável 
conjuntamente a suportes relacionais sólidos; em seguida, apresenta a zona de vulnerabilidade, 
que, por sua vez, conjuga trabalho precário ou instável e/ou fragilidade nas relações; e, por último, 
a zona de des� liação, a qual agrega a ausência de trabalho e o isolamento social, caracterizando 
uma dupla ruptura e que tem como consequência o desenraizamento social (CASTEL, 1994). Ao 
transitar entre elas, existe o processo decrescente, que vai da integração à des� liação, passando 
pela situação de vulnerabilidade, assim como pode acontecer inversamente. Para isso, é necessário 
estabelecer formas de inserção como uma estratégia de refazer esse caminho, reconstruindo apoios 
relacionais e ocupacionais, para modi� car a situação de exclusão daqueles que se des� liaram. 
Descreve ainda uma quarta zona, a zona de assistência, relacionada aos serviços historicamente 
direcionados à manutenção da coesão social (CASTEL, 1997).
Em linhas gerais, Castel discorre sobre a organização da sociedade e sobre a existência de 
uma fragilização social que atinge as possibilidades nos eixos de trabalho e de relações sociais e 
que tem levado muitos sujeitos a uma situação de vulnerabilidade. 
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Figura 1 - Zonas e eixos do espaço social. Fonte: A autora.
O que são redes sociais de suporte?
As redes são compreendidas como um conjunto de relações em que os sujeitos 
constituem os nós, abrangendo as suas relações formais e informais. As redes 
informais são caracterizadas pelo conjunto de interações espontâneas que 
surgem em determinado contexto, sejam elas compostas por familiares, amigos, 
vizinhos, dentre outros. Já as redes formais são aquelas que se interconectam 
com as políticas e os serviços sociais, com a participação das unidades de saúde, 
das escolas e dos serviços da assistência social, entre outros exemplos.
As redes sociais se expressam como um conjunto de pessoas e organizações 
que se relacionam para responder demandas e necessidades sociais de maneira 
integrada, respeitando o saber e a autonomia de cada sujeito.
A rede como uma realidade social pode ainda criar conhecimentos próprios e, 
nessa perspectiva, a rede não é apenas a construção de uma realidade de vínculos, 
como também uma maneira de analisar e entender a realidade social.
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Seguindo nessa perspectiva, é possível compreender o processo de exclusão social a partir 
de, ao menos, três pressupostos, que são essenciais para a terapia ocupacional social (COSTA, 
2016). Assim, a exclusão social:
- é um fenômeno multifatorial e multidimensional, vinculado aos aspectos micro e 
macrossociais, que não pode ser explicado por atributos individuais apesar de re� etir 
diretamente na construção das subjetividades dos indivíduos;
- engloba a pobreza, porém, não se restringe aos bens materiais ou às questões econômico-
ocupacionais, pois se encontra vinculada também à impossibilidade ou di� culdade de 
acesso aos mecanismos de inserção sociocomunitária e aos sistemas de proteção;
- está associada a falhas dos mecanismos de coesão social, à ruptura de laços ou princípios 
de integração, que resultam em experiências de isolamento, abalo do sentimento de 
pertencimento social, anomia, crise de vínculos e autoimagem negativa.
Uma possível contribuição da terapia ocupacional para esse contexto é identi� car e 
potencializar interesses e habilidades pessoais e, simultaneamente, apresentar novas possibilidades 
que ampliem e diversi� quem não apenas o repertório das práticas que compõem o cotidiano 
desses sujeitos, mas a construção de novos vínculos e papéis sociais, tendo em vista que o acesso 
ou a restrição às atividades cotidianas – lazer, educação, trabalho, comunitárias, religiosas etc. – 
estão diretamente associados ao potencial de trocas de informações e recursos que oportunizam 
escolhas e projetos de vida.
 Assim, a terapia ocupacional deve atuar necessariamente de forma interdisciplinar e 
intersetorial, lançando mão das políticas e programas sociais existentes, tais como educação, 
assistência social, saúde, segurança alimentar, programas de transferência de renda, habitação, 
cultura e lazer, trabalho, para efetivamente viabilizar a ampliação de oportunidades e escolhas 
das pessoas que se encontram em tal situação (COSTA, 2016).
O fi lme Quando Tudo Começa, de 1999, retrata a história de Daniel Lefebvre, 
professor e diretor de uma escola pública da pequena cidade de Hernaing, na França, 
em 1998. A cidade sofre com o fechamento das minas de carvão e enfrenta uma 
taxa alarmante de 34% de desemprego. Os professores são aconselhados a não 
se envolverem com os problemas crônicos da comunidade, mas é impossível para 
Daniel permanecer imune à miséria, à falta de assistentes sociais, à indiferença 
do governo e aos sérios problemas domésticos que suas crianças enfrentam. 
Quando Tudo Começa traz muito mais do que uma denúncia, conclama à ação. A 
indignação do professor Daniel se apresenta como um vigoroso protesto contra 
as políticas sociais implantadas na França, em plena vigência do “neoliberalismo”.
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A seguir, apresentamos indicações de leitura para que você possa compreender a 
atuação da terapia ocupacional em diferentes setores do contexto social.
- SETOR DA SAÚDE
MALFITANO, A. P. S.; LOPES, R. E. Programa de Saúde da Família e agentes 
comunitários: demandas para além da saúde básica. Revista de Terapia 
Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 110-117, 2003. 
LOPES, R. E. et al. Educação e Saúde: Territórios de Responsabilidade, Comunidade 
e Demandas Sociais. Revista Brasileira de Educação Médica (Impresso), v. 36, p. 
18-26, 2012.
- SETOR DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
LOPES, R. E.; BORBA, P. L. O.; REIS, T. A. M. Um olhar sobre as trajetórias, percursos 
e histórias de mulheres em situação de rua. Cadernos de Terapia Ocupacional da 
UFSCar, São Carlos, v. 11, n.1, p. 38-53, 2003. 
BARROS, D. D.; LOPES, R. E., GALHEIGO, S. M. Novos espaços, novos sujeitos: 
a terapia ocupacional no trabalho territorial e comunitário. CAVALCANTI, A., 
GALVÃO, C. (Orgs.). Terapia Ocupacional: fundamentação e prática. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2007, p.354-363.
- SETOR DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
REGALDA, M. M.; LOPES, R. E. A atuação dos terapeutas ocupacionais no Instituto 
Nacional do Seguro Social. In: SIMONELLI, A. P.; RODRIGUES, D. S. (Org.). Saúde 
e trabalho em debate: velhas questões, novas perspectivas. Brasília: Paralelo 15, 
2013. 
GHIRARDI, M. I. G. Terapia Ocupacional em processos econômico-sociais. Cad. 
Ter. Ocup. da UFSCar,v. 20, p. 17-20, 2012.
- SETOR DA EDUCAÇÃO 
LOPES, R. E., SILVA, C. R. O campo da educação e demandas para terapia 
ocupacional no Brasil. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 18, n. 3, p. 158-164, set./
dez. 2007.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das re� exões aqui apresentadas no que se refere à expansão das políticas e 
programas sociais no País e à possibilidade de a terapia ocupacional contribuir com a área social, 
a atuação do pro� ssional deve ser constantemente tensionada pelas múltiplas dimensões que 
envolvem o fenômeno da pobreza e exclusão social.
As contribuições do terapeuta ocupacional na área devem possibilitar ações que envolvem 
tanto a dimensão pessoal, subjetiva e dos vínculos sociais, quanto as problemáticas estruturais, 
enaltecendo o diálogo entre os elementos micro e macrossociais, que impactam na relação do 
sujeito com suas atividades cotidianas. As práticas devem, dentro das possibilidades, contemplar 
a complexidade dos sujeitos para que a intervenção seja transformadora, ampli� cada e dialogue 
com a garantia dos direitos sociais.
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UNIDADE
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 31
1. CONTEXTO SOCIAL E TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL: O QUE OS DIFERENCIA? ...................................... 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 35
AÇÃO PROFISSIONAL, CONTEXTO ATUAL E 
DESAFIOS DO CAMPO SOCIAL
PROF.A MA. LETÍCIA ANDRIOLLI BORTOLAI
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
TERAPIA OCUPACIONAL E CONTEXTO SOCIAL
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INTRODUÇÃO
Por � m, nesta unidade vamos trazer algumas re� exões e questionamentos que costumam 
ser recorrentes quando pensamos ou atuamos enquanto terapeutas ocupacionais no campo social. 
Nas unidades anteriores, ressaltamos por diversas vezes a complexidade do campo, da 
problemática e direcionamos a partir de quais caminhos podemos nos debruçar para a possível 
compreensão desse tema. Assim como as demais áreas de atuação da terapia ocupacional, o 
campo social também tem suas especi� cidades, e é a partir dele que concluiremos a disciplina.
Vale ressaltar que a preocupação do contexto social deve estar presente em todas as 
práticas realizadas enquanto terapeuta ocupacional, pois ele compõe o contexto ocupacional dos 
sujeitos.
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1. CONTEXTO SOCIAL E TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL: O QUE OS 
DIFERENCIA?
Quando falamos sobre atuação da terapia ocupacional no contexto social, é 
comum questionar se os aspectos sociais permeiam toda atuação da terapia ocupacional, 
independentemente do contexto e especialidade, ainda mais partindo da premissa de considerar 
o sujeito sob a ótica “biopsicossocial”. 
Assim, Mal� tano (2016) nos traz uma re� exão acerca da seguinte questão: “O social é 
parte de toda terapia ocupacional? Há razão para se falar sobre uma área de atuação social, ou 
seja, de terapia ocupacional social?” Partindo dessa re� exão, a autora nos coloca duas perspectivas 
distintas acerca do questionamento, quais sejam:
- a discussão do contexto social como elemento presente em toda ação no âmbito da 
terapia ocupacional, independentemente do grupo populacional ou da subárea/especi� cidade 
que esteja abordando, visto que o contexto social de vida dos sujeitos é elemento inerente ao 
trabalho da terapia ocupacional
- as especi� cidades da terapia ocupacional social como uma subárea/especi� cidade da 
pro� ssão, que se caracteriza pela sua abordagem teórica e metodológica, junto a sujeitos, grupos 
e coletivos especí� cos.
Na primeira ideia, ao considerarmos a concepção de que a principal premissa do 
terapeuta ocupacional na sociedade é intervir nas áreas de “saúde, educação e na esfera social, 
reunindo tecnologias orientadas para a emancipação e autonomia de pessoas que, por razões 
ligadas à problemática especí� ca, físicas, sensoriais, mentais, psicológicas e/ou sociais apresentam 
temporária ou de� nitivamente di� culdade da inserção e participação na vida social”, torna-se 
necessário re� etir sobre o contexto no qual as pessoas vivem, bem como suas dimensões históricas 
e sociais (MALFITANO, 2016). 
O contexto social deve ser central na conduta terapêutico-ocupacional, buscando 
estratégias para inserção e participação sociais, sem desconsiderar todos os limites estruturais 
que estão presentes na busca por esse processo. 
Assim, para além da aplicação de técnicas especí� cas em diferentes subáreas (reabilitação 
física, saúde mental, saúde do trabalhador, pediatria etc.), independentemente das problemáticas 
que acometam os diferentes sujeitos, o terapeuta ocupacional deve dedicar-se, prioritariamente, 
ao desenvolvimento de ações que possibilitem/facilitem/criem formas de inserção e participação 
na vida social.
Comprometer-se com o enfrentamento da desigualdade social é imprescindível, pois, 
como terapeuta ocupacional, será via políticas públicas, isto é, pela inserção dos serviços de 
políticas sociais, que executará seu trabalho no cotidiano de vida das pessoas. Ressalte-se que, 
prioritariamente, o campo pro� ssional é voltado a grupos que apresentam di� culdades para sua 
inserção social (MALFITANO, 2016).
Por isso, defende-se que não se deve realizar uma atenção individualizada, restrita à 
aplicação de técnicas ou abordagens particularizadas. O principal objetivo é ultrapassar os 
limites do sujeito individual, sem desconsiderar a individualidade de cada pessoa, e quali� car 
o contexto social como indissociável à prática pro� ssional. A ação focada no indivíduo não é 
su� ciente para que alcance o propósito de sua ação: a inserção e participação sociais. Para que se 
alcance tal proposta, é essencial a inclusão de uma dimensão coletiva que perpasse a associação 
entre as dimensões micro e macrossocial, entre uma análise técnica e política do local, do grupo 
populacional, da comunidade e dos sujeitos com quem atua. O trabalho requer, nessa perspectiva, 
que se conciliem e se conectem, de forma desa� adora, as necessidades individuais, coletivas e 
institucionais (MALFITANO, 2016).
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Sob esta perspectiva, portanto, lidar com o contexto social deveria ser central para 
o trabalho em toda a área de terapia ocupacional. Por exemplo, pensando nos 
grupos populacionais mais tradicionais de trabalho do terapeuta ocupacional, 
como as pessoas com de� ciência e aquelas com transtorno mental, são quesitos 
fundamentais para o trabalho terapêutico-ocupacional a consideração do 
contexto social e a busca de estratégias para a inserção social daquele(s) 
sujeito(s), grupos e coletivos (MALFITANO, 2016, p. 221).
Nesse sentido, independentemente do contexto e/ou área que se propõe a atuar, lidar com 
o contexto social signi� ca relacionar demandas intersetoriais e interdisciplinares presentes na 
vida social dos sujeitos. Conclui-se, então, que o contexto social é um ponto geral para a atuação 
do terapeuta ocupacional como um todo. Esse ponto perpassa as diferentes subáreas de atuação e 
sujeitos de intervenção, e é somente a partir do contexto social que se pode abordar a inserção e 
participação social de diferentes sujeitos, individuais e coletivos (MALFITANO, 2016).
Seguindo a discussão, voltando-se para a perspectiva da terapia ocupacional social 
em sua especi� cidade, temos que a referida atuação está voltada ao desenvolvimento de ações 
pela busca de emancipaçãoe autonomia dos sujeitos que têm impedimentos e/ou di� culdades 
socioeconômicas para o acesso aos seus direitos sociais. Trata-se de colocar em foco os sujeitos, 
individuais e coletivos, a partir de sua posição social, sua condição de vida marcada pela questão 
socioeconômica (MALFITANO, 2016).
 Assim, a proposta é intervir por meio dos cotidianos dos sujeitos para criar estratégias 
conjuntas de ampliação de oportunidades, em contextos marcados pela desigualdade social, 
entre eles, a população em situação de rua, os adolescentes em con� ito com a lei, os presidiários, 
a infância e juventude pobres, a velhice pobre e o asilamento, as formas alternativas de geração 
de renda, as ações comunitárias em periferias urbanas, pessoas que fazem uso prejudicial de 
drogas, os migrantes e os imigrantes, entre outros grupos, caracterizam-se como seus grupos 
populacionais.
Pretende-se reconhecer as múltiplas formas de integração social, inclusive as marginais 
e ilegais, e mediar o processo, quase sempre con� itivo, de acesso a alguns bens sociais e às 
possibilidades de participação autônoma na vida social. É preciso lembrar que não é papel do 
O vídeo a seguir apresenta princípios da Terapia Ocupacional 
no contexto social. Veja em https://www.youtube.com/
watch?v=rwrX2d83vbU.
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – COFFITO –, a partir da 
Resolução n° 406, de 7 de novembro de 2011, reconhece a atividade do Terapeuta 
Ocupacional no exercício da Especialidade Profi ssional Terapia Ocupacional nos 
Contextos Sociais e, a partir dela, defi ne o domínio das suas áreas de competência, 
bem como sua atribuição nas diferentes funções.
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terapeuta ocupacional o julgamento das “opções” de vida dos sujeitos. Lembremo-nos de que, 
considerando as possibilidades do sistema que encontramos hoje, na maioria das vezes não se 
trata de uma opção verdadeiramente dita, mas, sim, de um único caminho compreendido como 
possível dentro daquele contexto histórico-social que é vivenciado (MALFITANO, 2016). 
Defender a terapia ocupacional social como um campo no interior da terapia ocupacional 
signi� ca dizer que há uma especialidade própria, com ações que visam à inserção social de sujeitos 
que tenham como questão central os fatores socioeconômicos que impedem e/ou di� cultam 
sua participação e inserção sociais. O trabalho requer do pro� ssional o desenvolvimento de 
tecnologias de cuidado próprias voltadas à dimensão social da vida. Para tanto, faz-se necessário 
o diálogo predominante com as ciências humanas e sociais. Isso porque os aportes advindos do 
campo da saúde são insu� cientes (quando não inadequados) para a constituição de um referencial 
teórico-metodológico que foque centralmente na dimensão social (MALFITANO, 2016).
Na multiplicidade de abordagens teórico-metodológicas que a terapia ocupacional social 
vem implementando, assim nomeada no Brasil, destacamos dois elementos de princípio para o 
trabalho e dois direcionamentos da atuação pro� ssional que compõem esse mosaico. São eles: a 
perspectiva coletiva de apreensão da realidade dos grupos populacionais e a articulação entre o 
micro e o macrossocial, que são relacionados. E, de forma mais direcionada à prática pro� ssional, 
o cotidiano e a promoção de espaços de convivência, como já apresentado nas unidades anteriores. 
Podemos a� rmar que a terapia ocupacional social parte do contexto social, que se refere 
a um elemento geral para toda a terapia ocupacional e, como subárea, traça a elaboração de sua 
especi� cidade. 
Sua ação desenvolve-se, portanto, em dois eixos: a) como referencial teórico e metodológico 
de análise e ação, tendo a vida social como centro, a partir da discussão do contexto social, para 
todas as áreas de atuação pro� ssional que visam à centralidade na vida social; b) como execução 
de ações sociais especí� cas, que são efetivadas para além do setor de saúde (MALFITANO, 2016).
Sua especi� cidade relaciona-se à atuação com grupos populacionais que têm a questão 
sócio-econômica como central, utiliza uma metodologia direcionada a esse � m, implementa 
ações embasadas em referenciais das ciências humanas e sociais e opera em diferentes núcleos 
das políticas sociais (governamentais e não governamentais): na assistência social, na educação, 
na cultura, na justiça e, a depender da abordagem, na saúde. Por meio da inseparabilidade entre 
macro e microestrutura, traça ações individuais e coletivas que busquem agir na mediação de 
situações que possam promover mais participação e inserção sociais para aqueles em situação de 
desigualdade social.
Para compreender melhor a discussão que está sendo apresentada, sugerimos a 
leitura do seguinte capítulo: 
MALFITANO, A. P. S. Contexto social e atuação social: generalizações e 
especifi cidades na terapia ocupacional. In: LOPES, R. E.; MALFITANO. A. P. S. 
(Org.). Terapia Ocupacional Social: desenhos teóricos e contornos práticos. São 
Carlos: EDUFSCar, 2016, p. 117-134.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, apresentamos breves apontamentos acerca da terapia ocupacional social, 
partindo de sua fundamentação histórica e consolidação para, � nalmente, chegar às possibilidades 
de atuação, embasados por referenciais teórico-metodológicos que lhe são próprios, distanciando-
se daquilo que costumamos conhecer das abordagens tradicionais da pro� ssão uma vez que 
grande parte das suas concepções parte das Ciências Humanas e Sociais.
A re� exão crítica e contínua acerca do processo de trabalho é constante e defendida 
quando pensamos em terapia ocupacional social, tomando como pressuposto as dimensões 
técnica, ética e política.
A terapia ocupacional social contribui com a crítica aos fenômenos contemporâneos, que 
ampliam situações de exclusão e vulnerabilidade social, e delimita ações especí� cas para o campo 
social, com metodologias próprias, na composição de um campo interdisciplinar, intersetorial e 
de interfaces, objetivando ações que viabilizem a inserção e participação sociais, considerando os 
limites estruturais da sociedade desigual em que vivemos.
Por � m, o ensino e a formação pro� ssional dos futuros terapeutas ocupacionais devem 
se adaptar à responsabilidade social presente no dia a dia da atuação. O desa� o de formar 
pro� ssionais capacitados para a intervenção no social deve ser incansável, sempre considerando 
a necessidade de abrir espaços para a construção de uma perspectiva crítica da realidade atual, 
dentro dos mais variados campos, considerando as verdadeiras necessidades dos sujeitos com 
quem nos disponibilizamos a atuar.
Como podemos sintetizar as premissas da terapia ocupacional social? 
A terapia ocupacional social deve buscar, efetivamente, recursos para a ação 
que visem à inserção e participação sociais, considerando sempre os limites 
estruturais da sociedade desigual em que vivemos.
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ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
BARROS, D. D.; GHIRARDI, M. I. G.; LOPES, R. E. Terapia ocupacional social. Revista de 
Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 13, n. 3, 2002. 
BARROS, D. D.; LOPES, R. E.; GALHEIGO, S. M. Terapia Ocupacional Social: concepções e 
perspectivas. In: CAVALCANTI, A.; GALVÃO, C. R. C. Terapia Ocupacional: Fundamentação 
& Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
CASTEL, R. A dinâmica dos processos de marginalização: da vulnerabilidade à des� liação. 
Caderno CRH: democracia, cidadania e pobreza, Salvador, n. 26/27, 1997. 
CASTEL, R. Da indigência à exclusão, a des� liação. Precariedade do trabalho e vulnerabilidade 
relacional. In: LANCETTI, A. (Org.). Saúde loucura. São Paulo: Hucitec, 1994.
COSTA, L. A. A terapia ocupacional no contexto de expansão do sistema de proteção social. In: 
LOPES, R. E.; MALFITANO. A. P. S.(Org.). Terapia Ocupacional Social: desenhos teóricos e 
contornos práticos. São Carlos: EDUFSCar, 2016.
LOPES, R. E. Cidadania, Direitos e Terapia Ocupacional Social. In: LOPES, R. E.; MALFITANO. 
A. P. S. (Org.). Terapia Ocupacional Social: desenhos teóricos e contornos práticos. São Carlos: 
EDUFSCar, 2016.
LOPES, R. E. et al. Recursos e tecnologias em Terapia Ocupacional Social: ações com jovens 
pobres na cidade. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, São Carlos, v. 22, n. 3, p. 591-
602, 2014.
LOPES, R. E.; BORBA, P. L. O.; CAPPELLARO, M. Acompanhamento individual e articulação de 
recursos em Terapia Ocupacional Social: compartilhando uma experiência. O Mundo da Saúde, 
São Paulo, v. 35, n. 2, 2011.
LOPES, R. E.; MALFITANO, A. P. S. Políticas Sociais. In: PARK, M. B.; FERNANDES, R. S.; 
CARNICEL, A. (Org.). Palavras-chaves em educação não-formal. Campinas: Setembro, 2007. 
LOPES, R. E.; MALFITANO, A. P. S. Terapia ocupacional social: desenhos teóricos e contornos 
práticos. In: LOPES, R. E.; MALFITANO. A. P. S. (Org.). Terapia Ocupacional Social: desenhos 
teóricos e contornos práticos. São Carlos: EDUFSCar, 2016.
MALFITANO, A. P. S. Contexto social e atuação social: generalizações e especi� cidades na 
terapia ocupacional. In: LOPES, R. E.; MALFITANO. A. P. S. (Org.). Terapia Ocupacional Social: 
desenhos teóricos e contornos práticos. São Carlos: EDUFSCar, 2016.

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