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DIREITO PENAL III - PROVA 2

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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL 
REVISÃO: 
TEORIA DO CRIME 
Como se analisa o crime? 
O que é considerado crime para o Direito Penal? 
➢ NÃO EXISTE CRIME SE NÃO HOUVER DOLO (vontade e consciência). 
➢ NÃO É PORQUE MATEI ALGUÉM, QUE EU COMETI HOMIDICIO. 
➢ NEM TODA MORTE DE MULHER É CONSIDERADO FEMINICÍDIO. 
Devemos sempre analisar o caso concreto!!!! 
Crime, é FATO TIPICO, ILICITO e CULPÁVEL 
É preciso analisar se o acontecimento/ fato é um crime ou não, ou seja, se estão 
presentes ou não os três requisitos. 
FATO TÍPICO ILÍCITO/ ANTIJURÍDICO CULPÁVEL 
CONDUTA LEGITIMA DEFESA ININPUTABILIDADE 
RESULTADO ESTRITO CUMPRIMENTO 
DO DEVER LEGAL 
POTENCIAL CONSCIÊNCIA 
DE ILICITUDE 
NEXO DE CAUSALIDADE EXERCÍCIO REGULAR DO 
DIREITO 
EXIGÊNCIA DE CONDUTA 
DIVERSA 
TIPICIDADE ESTADO DE NECESSIDADE 
 
Os dois primeiros, analisam o fato e o terceiro é a imputabilidade da pena. 
FATO TÍPICO – Para que tenhamos um fato típico, é preciso uma CONDUTA HUMANA 
que se subdivide em conduta DOLOSA ou CULPOSA. 
Culpa: negligência, imprudência ou imperícia 
Dolo: vontade e consciência 
SE NÃO HÁ UMA CONDUTA DOLOSA NÃO HÁ CRIME!!! 
Ex. Eu e meu amigo fomos caçar urso na floresta e ele, para me assustar se vestiu de urso 
e acabou sendo baleado por mim, vindo a falecer. Eu cometi homicídio? Agi com dolo? 
Ora, vamos analisar a situação: 
Eu atirei para matar (estava caçando ursos) mas eu não tinha a consciência (dolo) de que 
era meu amigo fantasiado de urso. Logo, eu não cometi crime de homicídio, mas 
responder na modalidade culposa. 
Se temos um fato típico, presume-se que é ilícito, mas em alguns casos acaba se 
tornando “lícito” pelo excludente de ilicitude. 
INTRODUÇÃO A PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL 
Na Parte Geral são estudadas normas gerais sobre o crime, como dolo e culpa, tentativa 
e consumação, nexo causal, concurso de agentes, fixação da pena, concurso de crimes 
etc. Na Parte Especial estão localizados os crimes em espécie, ou seja, as normas 
incriminadoras e suas respectivas penas. Também se encontram regras específicas para 
certos crimes, exceções às regras gerais e até mesmo normas explicativas. 
A Parte Especial é dividida em Títulos, que se dividem em Capítulos, nos quais estão 
contidos os crimes (o Capítulo VI, do Título I, está, ainda, subdividido em três seções). 
Tal divisão não é aleatória, por óbvio, obedecendo uma classificação sistemática, de 
modo a aglutinar crimes de acordo, principalmente, com os bens jurídicos afetados. Por 
exemplo, o primeiro Título contém os crimes contra as pessoas; este subdivide-se em 
capítulos, sendo o primeiro de crimes contra a vida, passando-se pelo de crimes contra 
a honra, até chegar ao de crimes contra a liberdade individual. 
A posição de determinado tipo, na divisão acima, é importante para a interpretação 
sistemática. Assim, quando se discute, por exemplo, se é crime a “difamação” contra a 
pessoa jurídica, não se pode deixar de observar que o crime de difamação se encontra 
no Capítulo V (Dos crimes contra a honra) do Título I (Dos crimes contra a pessoa). Ora, 
os crimes previstos no Título I sãos cometidos contra o ser humano (homicídio, aborto, 
lesões corporais, seqüestro e cárcere privado, ameaça etc), razão pela qual não parece 
ter sentido em se pensar na pessoa jurídica como sujeito passivo de qualquer dos crimes 
nele previstos. 
Qual é a função do direito penal? Proteger os bens jurídicos > A vida é considerada o 
maior bem jurídico. 
O Direito Penal é uma exceção à regra, ou seja, tudo o que não for resolvido por outro 
ramo do Direito, entra no Direito Penal. 
HOMICÍDIO Art. 121 – Matar Alguém 
O homicídio é a destruição da vida extrauterina, ou seja, fora do útero. Para o Direito 
Penal a vida extrauterina começa com o início do parto, que é marcado pelo rompimento 
do saco amniótico. 
➢ O Direito Civil protege a vida intrauterina do nascituro desde a sua concepção. 
➢ O Direito Penal protege a vida intrauterina nos casos de aborto. 
Qual é o marco que divide a vida extrauterina e a vida intrauterina? A vida extrauterina 
tem início com o rompimento do saco amniótico. 
Ex. Uma gestante de 8 meses é baleada por um ex-namorado, que atirou para matar. 
Nesse caso, ele cometeu o crime de homicídio da gestante e aborto provocado por 
terceiros. Porém, se naquele momento a bolsa da gestante havia se rompido, ele 
responderá por homicídio da mãe e do bebê. 
➢ O marco do início da vida é o rompimento do saco amniótico. 
SUJEITOS DO CRIME 
O crime sempre tem um autor e um ofendido. O autor é uma pessoa física que comete 
a conduta descrita no tipo, já a vítima é a titular do bem jurídico violado ou colocado em 
perigo. 
Sujeito ativo: Desse modo, sujeito ativo é o que pode figurar como autor do delito, 
aquele que pratica o crime. Por exemplo, no estupro (art. 213), o sujeito ativo é o 
homem, pois apenas este pode constranger uma mulher à conjunção carnal. 
Quando o sujeito ativo é qualquer pessoa, tem-se o chamado crime comum. Neste, o 
tipo não exige nenhuma condição especial do autor, ou seja, qualquer pessoa pode 
cometer o crime. 
No entanto, alguns tipos descrevem uma condição especial do agente, de modo que nem 
todas as pessoas podem ser autor, como no já mencionado caso do estupro. É o crime 
próprio (ou crime especial). É o caso, por exemplo, do peculato (art. 312), no qual a lei 
descreve como sujeito ativo o funcionário público. Nos crimes próprios, nada impede 
que outras pessoas que não preenchem a condição exigida pela lei para o sujeito ativo, 
também respondam pelo delito, desde que sejam co-autores ou partícipes. O particular 
que agir com o funcionário público no peculato responderá por este crime e não por 
furto. 
Sujeito passivo: Como dito, sujeito passivo é aquele cujo bem jurídico foi lesado ou 
colocado em perigo. Em determinados crimes, a lei exige uma condição especial também 
do sujeito ativo, como no estupro, que só pode ser cometido contra mulher, ou o 
infanticídio que só pode ser cometido contra o recém-nascido. 
TIPO PENAL 
Para atender ao princípio da legalidade, a lei cria o tipo, que contém todos os elementos 
descritivos de um crime. É a descrição abstrata de um crime, “o conjunto dos elementos 
descritivos do crime contidos na lei penal”. É o tipo penal em si, o crime cometido. 
O ponto de partida do aplicador da lei penal é o tipo, pois é ele que descreve a conduta 
proibida, que nega valores jurídico-penais. O juiz não poderá criar tais valores, para não 
usurpar função que compete ao legislador, como representante da vontade geral. O 
legislador define as condutas lesivas a certos valores jurídico-penais e ao juiz compete a 
verificação da adequação (tipicidade) entre uma conduta concreta e aquela descrita pela 
lei (tipo). 
O tipo é a descrição abstrata: “Art. 121 – Matar alguém”. 
Matar quem? 
A conduta típica é o caso concreto: Após uma discussão, Fulano pegou uma faca de cima 
do balcão do bar e matou Beltrano. 
A tipicidade é a adequação entre o caso concreto e o tipo, ao dar uma facada em 
Beltrano, dolosamente, causando sua morte, a conduta de Fulano se adequou ao art. 
121. O tipo divide-se em tipo em tipo objetivo e tipo subjetivo e a compreensão dessa 
divisão é fundamental para o aprendizado da parte especial. 
TIPO OBJETIVO 
O tipo objetivo é a descrição objetiva da conduta proibida, diz-se objetiva, para excluir 
a análise subjetiva (dolo e elemento subjetivo do tipo, e culpa). 
Conduta é o comportamento humano voluntário, dirigido a determinada finalidade. A 
conduta vem prevista pelo verbo núcleo do tipo. Em certos tipos, como no homicídio 
(art. 121), o próprio verbo (matar) já contém o resultado, pois quem realiza a conduta 
de matar é porque causou o resultado morte. Quanto à conduta, há crimes de forma 
livre, em que a lei não descreve um modo especial de agir (no homicídio, não importa 
como se mata, o crime existe desde que cause amorte) e crime de ação vinculada, no 
qual exige-se um meio específico, uma especial forma de agir (no crime do art. 130, a lei 
descreve um meio específico: “relações sexuais”). 
Objeto material: A pessoa ou coisa, sobre a qual recai a conduta típica é o objeto 
material. O objeto material é previsto no tipo, como se vê nos tipos abaixo: 
“Art. 121 – Matar alguém:” A conduta é “matar”, que recai sobre o objeto material, que 
é “alguém”. Neste crime, o objeto material é pessoal, pois é a pessoa física. 
“Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:” A conduta é “subtrair”, 
que recai sobre o objeto material, que é “coisa”. 
Já neste crime, o objeto material é chamado de real. Elemento normativo: Recebe este 
nome, todo elemento do tipo que precisa ser valorado pelo juiz, como, por exemplo, o 
advérbio “indevidamente” presente na violação de correspondência (art. 151). Isso 
ocorre porque nem sempre é possível usar na descrição elementos puramente objetivos 
Como tipificar, por exemplo, a injúria (art. 140), sem usar elementos como “dignidade” 
ou “decoro”, ou seja, elementos que não são objetivos, que precisam ser valorados. A 
mesma coisa ocorre com o crime de ato obsceno (art. 233), descrito como “praticar ato 
obsceno”; não há como descrever esta conduta de forma mais objetiva. Caberá ao juiz 
valorar a conduta concreta, concluindo se o ato é ou não obsceno. 
Quando ocorre a morte? Para o Direito Penal, segundo o art. 3º da Lei de Transplantes 
de órgãos e Tecidos 9.434/97 a morte se dá com a cessação da atividade encefálica, a 
morte cerebral. 
Qual o prazo para declarar uma pessoa como morta? São necessários os sinais 
cadavéricos que somente são obtidos após 6 horas. 
É possível o crime de homicídio por omissão? Sim! O crime de homicídio admite 
qualquer meio de execução e pode ser praticado por ação e omissão. 
Omissão Imprópria > É aquele em que uma omissão inicial do agente dá causa a um 
resultado posterior, o qual o agente tinha o dever jurídico de evitá-lo. É o que acontece 
quando uma mãe deixa de alimentar o filho, provocando sua morte. Neste caso, a mãe 
responderá pelo crime de homicídio, já que tinha o dever jurídico de alimentar seu filho. 
Fundamentado no art. 13 do CP: 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a 
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não 
teria ocorrido. 
Omissão Própria > Crimes omissivos próprios (omissivos puros) são os que 
objetivamente são descritos com uma conduta negativa, de não fazer o que a lei 
determina, consistindo na omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo 
necessário qualquer resultado naturalístico. Para a existência do crime basta que o 
autor se omita quando deve agir. Comete crimes omissivos puros os que não prestam 
assistência a pessoa ferida (omissão de socorro,art. 135), o médico que não comunica 
a ocorrência de moléstia cuja notificação é compulsória (art. 269), o funcionário que 
deixa de responsabilizar seu subordinado que cometeu infração no exercício do cargo 
(condescendência criminosa, art. 320) ou abandona cargo público (art. 323). 
TIPO SUBJETIVO - ELEMENTO SUBJETIVO 
Não existe crime, sem o elemento subjetivo: dolo (vontade e consciência). 
Dolo cujo nome técnico é “animus necandi” ou seja, intenção de matar. 
O crime sempre é doloso e, por ser a regra, o dolo não vem expresso no tipo. Quando se 
fala em dolo, obviamente, se abrange o dolo direto e o eventual. Alguns crimes, 
excepcionalmente, não admitem o dolo eventual, mas apenas o dolo direto, o que é 
constatado pela redação do tipo. 
Em resumo o dolo é comum a todos os crimes (por isso era chamado de “genérico”), já 
o elemento subjetivo do tipo só alguns tipos o descrevem (por isso, antes era nomeado 
“específico”). 
Para identificar se um tipo contém um elemento subjetivo do tipo, basta atentar-se à 
redação. Sempre que o tipo contiver “para”, “com o fim de”, “com o intuito de”, haverá 
um elemento subjetivo do tipo. Se é um elemento subjetivo do tipo trata-se de uma 
intenção, um objetivo, uma finalidade, que deve estar presente na cabeça do agente no 
momento da conduta, mas que não precisa se concretizar para que se consume o delito. 
Vejamos o seguinte tipo: 
Perigo de contágio de moléstia grave 
Art. 131 – Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está 
contaminado, ato capaz de produzir o contágio: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Nesse delito está presente o dolo, como em todos os crimes, que é a vontade livre e 
consciente de praticar o ato capaz de transmissão, com a consciência de que está 
contaminado. Mas, além do dolo, há a exigência de que ele realize o ato “com o fim de 
transmitir”, ou seja, ao realizar o ato, o agente tem que ter o objetivo de contagiar a 
pessoa. Se ele realiza o ato, mesmo sabendo que está doente, mas não pretende 
transmitir a doença, apenas agindo por não acreditar que ela se transmita daquele 
modo, não há a tipicidade subjetiva, por não ter se configurado o elemento subjetivo do 
tipo. 
Por outro lado, se o agente praticou o ato, com o fim de transmitir, a consumação se dá 
com o ato e não com o contágio, porque o elemento subjetivo do tipo tem que estar 
presente apenas na consciência do agente. Diferente seria se o tipo fosse assim redigido: 
“Transmitir moléstia grave de que está contaminado.” Neste caso, o tipo subjetivo 
conteria apenas o dolo, e a consumação se daria com o contágio. 
 Culpa: O crime culposo é exceção. Apenas alguns crimes contêm, além do dolo, a 
modalidade culposa. Por ser exceção, é necessário que o tipo expressamente contenha 
a culpa. 
Vejamos o seguinte tipo: 
Incêndio Art. 250 – Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o 
patrimônio de outrem: 
Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa. 
Aumento de pena 1º – As penas aumentam-se de um terço: 
(…) Incêndio culposo 
2º – Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos. No § 2º, está 
a previsão de crime culposo. Note que não há a previsão de dolo, porque este, sendo a 
regra, não precisa vir escrito; já a culpa, por ser exceção, está expressamente previsto no 
§ 2º. 
Por outro lado, quando se indaga se existe o crime de dano culposo, o aluno deve 
verificar no art. 165: 
Dano 
Art. 163 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Dano qualificado 
Parágrafo único – Se o crime é cometido: 
I – com violência à pessoa ou grave ameaça; 
II – com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime 
mais grave 5/9 
III – contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de 
serviços públicos ou sociedade de economia mista; IV – por motivo egoístico ou com 
prejuízo considerável para a vítima: 
Pena – detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. 
Não há no tipo a expressa previsão de culpa, razão pela qual o crime é apenas doloso. O 
dano causado culposamente não é conduta típica, não é crime. O mesmo ocorre com os 
crimes de aborto (art. 124, 125, 126) 
Concluindo, se não houver expressa previsão no tipo, não há crime culposo. 
TIPICIDADE 
A tipicidade, para que exista, depende da presença de todos os elementos constitutivos 
do tipo estudado. Não raro, o aluno ante uma conduta socialmente lesiva, mas que não 
possui um elemento constitutivo de certo crime, pergunta: “Mas só pela falta de um 
elemento não há o crime?” Essa perplexidade não tem razão de ser. A tipicidade, como 
dito, só ocorrerá se houver uma perfeita adequação entre o a conduta concreta e o 
tipo. Ainda que a conduta seja parecida com o verbo núcleo do tipo, haverá uma 
conduta atípica. 
Quando se analisa a tipicidade, o aluno deve afastar seu julgamento moral, pois não é 
disso que se trata.A questão é de tipicidade! Portanto, mesmo que socialmente lesiva, 
ou moralmente reprovável, não existirá conduta típica se não existir a perfeita correlação 
com o tipo. Esta é uma exigência do princípio da legalidade, que não pode ser mitigado, 
pois é um direito fundamental previsto na Constituição (art. 5º, XXXIX). 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
Como se estudou na Parte Geral, o crime pode ser consumado ou tentado (art. 14). 
Contudo, obviamente, não há previsão, no tipo, da forma tentada, sendo que a pena 
deste será diminuída de um a dois terços, por força do parágrafo único do art. 14. 
Contudo como se pode falar que é típica a conduta de quem tenta matar alguém e não 
consegue por razões alheias a sua vontade, se o art. 121 diz “matar alguém”? No caso 
da tentativa há o que se chama de tipicidade por extensão; a conduta é típica pela 
conjunção do art. 14 com o art. 121, ou qualquer outro artigo da parte especial. Trata-
se de uma questão de “economia”, evitando-se que em cada tipo fosse necessária a 
previsão da pena diminuída para a tentativa. 
Esclarecido, isso, a questão fundamental é identificar se o crime é consumado ou 
tentado. O homicídio se consuma com a morte, por exemplo; se o agente tentou matar, 
e não conseguiu alcançar seu intento, será punido por tentativa. Para identificar o 
momento consumativo, é necessário se analisar o verbo-núcleo do tipo. Por exemplo, 
no homicídio, o verbo é matar (art. 121), que só está completo se ocorrer a morte; no 
roubo, o verbo é subtrair (art. 157), razão pela qual se, embora tenha usado a violência, 
o agente não consegue subtrair, o roubo não é consumado, mas apenas tentado. 
Vejamos o seguinte tipo: 
Perigo de contágio de moléstia grave 
Art. 131 – Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está 
contaminado, ato capaz de produzir o contágio: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Quando se consuma o crime, com a 
prática do ato ou com o contágio? 
O verbo indica a consumação, como já ficou dito. O verbo núcleo é “praticar” e o objeto 
material é “ato capaz de produzir o contágio”; consuma-se, pois, com ação de “praticar 
ato capaz de produzir o contágio”, sem necessidade de produção do contágio. 
A redação é fundamental, se o tipo viesse redigido de outro modo, a consumação seria 
em outro momento. 
Confira-se: 
Transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado. 
Nesse caso, o verbo núcleo seria outro: “transmitir”, de modo que apenas com a 
transmissão o crime se consumaria. Nem todos os crimes admitem a tentativa. Em 
muitos delitos a tentativa é possível, embora de difícil configuração prática. 
CRIMES MATERIAL, FORMAL E DE MERA CONDUTA 
Dentre as muitas classificações de crime, uma que tem relevância para a consumação, é 
a clássica divisão dos delitos em razão do resultado. O resultado, no sentido naturalístico, 
nada mais é que a modificação do mundo exterior. Se é certo que a maior parte dos 
crimes têm resultado, não é menos exato que delitos há em que não existe resultado e 
outros em que o resultado não é imprescindível para a consumação. Daí, a classificação: 
Crime material: o tipo descreve ação e resultado; a consumação se dá com a produção 
do resultado. (Ex: art. 121) 
O exemplo mais óbvio de crime material é o homicídio, no qual o próprio verbo já 
indica um resultado, na medida em que para que ele se concretize é preciso o resultado 
morte. 
Crime formal: o tipo também descreve ação e resultado, mas a consumação ocorre com 
a ação. (Ex: art. 159) 
Já exemplo de crime formal é a extorsão mediante seqüestro, no qual há uma conduta 
expressa pelo verbo “seqüestrar” e um resultado que é o recebimento do resgate. 
Ocorre que a consumação vem expressa com a conduta e o resultado vem apenas como 
finalidade do agente (“com o fim de obter”), configurando um elemento subjetivo do 
tipo. 
Art. 159 – Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer 
vantagem, como condição ou preço do resgate: 
Crime de mera conduta: o tipo só descreve uma conduta (ação ou omissão), sem 
qualquer menção ao resultado. (Ex: art. 150) 
Por fim, perfeito exemplo de crime de mera conduta é a violação de domicílio, no qual a 
lei descreve tão-somente a conduta (entrar ou permanecer), sem qualquer menção de 
resultado. 
Art. 150 – Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade 
expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências 
É preciso saber identificar de que espécie de crime se trata, mediante a leitura do tipo. 
Novamente, fica evidenciada a importância da redação do tipo, especialmente o verbo 
núcleo do tipo. Se o verbo indicar o resultado, o crime será material; se o verbo indicar 
apenas a conduta e o resultado vierem como finalidade do agente (elemento subjetivo 
do tipo) ou como perigo, o crime será formal; se vier descrita apenas a conduta, sem 
qualquer menção ao resultado, o crime será de mera conduta. 
Tudo depende de como é redigido o tipo. Confira-se um exemplo fictício. Se o legislador 
pretende editar uma lei moralista, querendo punir crescentes atos de nudismo em 
público, haverá três possibilidades: a) punir o simples ato de ficar nu publicamente, sem 
qualquer necessidade de causar constrangimento a alguém; neste caso deve ser redigido 
um crime de mera conduta. b) punir apenas a nudez pública, desde que o agente tenha 
a finalidade de causar vergonha; será editado um crime formal no qual o resultado não 
precisa ocorrer, bastando que seja a finalidade do agente. c) punir apenas o sujeito que, 
de fato, causou vexame; o legislador tipificará um crime material, que não existe sem 
resultado. 
a) Ficar nu em local público. 
b) Ficar nu em local público com o fim de causar vexame. 
c) Causar vexame ficando nu em local público. 
Não se trata apenas de estilo, mas de criar mais ou menos elementos constitutivos para 
o crime. O fundamental é que o intérprete saiba identificar qual a espécie de crime, para 
assim analisar a tipicidade. 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO 
O homicídio é um dos crimes mais graves previstos no Código Penal brasileiro, 
podendo levar a uma pena de 6 a 20 anos de reclusão. No entanto, existem 
situações em que o homicídio pode ser considerado privilegiado, ou seja, 
cometido sob a influência de um motivo de relevante valor social ou moral, ou 
sob violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima. Nesses casos, a 
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço, conforme o artigo 121, 
parágrafo 1º, do Código Penal. 
Mas o que significa exatamente homicídio privilegiado? 
Quais são as circunstâncias especiais que podem caracterizá-lo? 
E quais são as implicações legais para quem comete esse tipo de crime? 
O QUE É HOMICÍDIO PRIVILEGIADO? 
 HOMICÍDIO COM CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA 
Homicídio privilegiado é aquele que é cometido por uma pessoa que age sob a 
influência de um motivo de relevante valor social ou moral, ou sob violenta 
emoção, logo após injusta provocação da vítima. 
Esses motivos podem ser, por exemplo, a defesa da honra, da família, da pátria, 
da propriedade ou de um direito; ou a reação a uma ofensa grave, uma agressão 
física ou verbal, uma traição amorosa ou uma ameaça à vida. 
O homicídio privilegiado não é uma causa de exclusão da ilicitude ou da 
culpabilidade, mas sim uma circunstância atenuante que reconhece que o 
agente teve uma diminuição da sua capacidade de controle e discernimento no 
momento do crime. 
Como se diferencia o homicídio privilegiado do homicídio simples? 
O homicídio simples é aquele que não se enquadra em nenhuma das 
qualificadoras (como motivo torpe, meio cruel, recurso que dificulte a defesa 
da vítima etc.) nem nas causas de diminuição de pena (como o homicídio 
privilegiado). 
O homicídio simples é punido com pena de 6 a 20 anos de reclusão. Já o 
homicídio privilegiado tem a pena reduzida de um sexto a um terço, podendo 
variarde 5 a 13 anos e 4 meses de reclusão. 
A diferença entre os dois tipos de homicídio está na presença ou não das 
circunstâncias especiais que justificam o privilégio. Essas circunstâncias devem 
ser analisadas pelo juiz no caso concreto, levando em conta as provas e os 
depoimentos apresentados. 
Quais são os requisitos para se configurar o homicídio privilegiado? 
Para se configurar o homicídio privilegiado, é preciso que sejam preenchidos 
três requisitos: a existência de um motivo de relevante valor social ou moral; a 
atuação do agente sob violenta emoção; e a relação de causalidade entre essa 
emoção e a injusta provocação da vítima. 
O motivo de relevante valor social ou moral é aquele que é reconhecido pela 
sociedade como digno de respeito ou consideração, como a defesa da honra ou 
da família. A violenta emoção é aquela que abala profundamente o estado 
psicológico do agente, como a raiva, o medo ou o ciúme. 
A injusta provocação da vítima é aquela que desencadeia ou intensifica essa 
emoção no agente, como uma ofensa grave ou uma agressão física. Esses 
requisitos devem estar presentes no momento do crime e devem ter 
influenciado diretamente na conduta do agente. 
Como se prova o homicídio privilegiado? 
A prova do homicídio privilegiado é feita por meio de indícios, testemunhas, 
documentos, perícias ou outros meios lícitos. O ônus da prova cabe ao réu, que 
deve demonstrar que agiu sob as circunstâncias especiais que caracterizam o 
privilégio. 
Dessa forma, o juiz deve avaliar as provas com base no princípio da livre 
convicção motivada, ou seja, deve fundamentar a sua decisão de forma clara e 
coerente, levando em conta as peculiaridades de cada caso. 
Quais são as consequências jurídicas do homicídio privilegiado? 
A principal consequência jurídica do homicídio privilegiado é a redução da pena 
do réu, que pode variar de um sexto a um terço, conforme o grau de influência 
das circunstâncias especiais na conduta do agente. Além disso, o homicídio 
privilegiado pode afetar outras questões processuais, como a competência, a 
prisão preventiva, a progressão de regime, o indulto, a prescrição etc. 
Por exemplo, se o homicídio privilegiado for cometido no âmbito doméstico ou 
familiar contra a mulher, ele será julgado pelo Tribunal do Júri, conforme a Lei 
Maria da Penha. Se o homicídio privilegiado for cometido por um militar em 
serviço contra um civil, ele será julgado pela Justiça Militar. 
Se o homicídio privilegiado tiver a pena mínima reduzida para 5 anos ou menos, 
ele poderá ser suspenso condicionalmente ou substituído por penas restritivas 
de direitos. 
QUALIFICADORAS DO CRIME DE HOMICÍDIO 
Na dosimetria da pena, quando o crime é qualificado, começamos a dosimetria pelo 
crime qualificado, ou seja, a diferença entre uma qualificadora e a causa do aumento de 
pena é que a qualificadora tem uma pena própria. 
Pena do homicídio: 6 a 20 anos 
Pena do homicídio qualificado (qualificadora) 12 a 30 anos 
A qualificadora tem uma pena própria, já a causa de aumento de pena aumenta a pena 
do caput. 
Mas quais são as qualificadoras? 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
➢ MOTIVOS QUALIFICADORES – Motivos que qualificam o crime: 
 I - Mediante paga (pagamento prévio) ou promessa de recompensa, (pagamento 
posterior) ou por outro motivo torpe; são motivos que causam estranheza e contrariam 
a moralidade do homem médio. Ex. Matou a namorada porque era virgem. A 
interpretação deve ser feita de forma analógica, sempre “in malam parte” (beneficiando 
o réu). 
Quem executa o crime, responde pela qualificadora e o mandante do crime também. 
 II - por motivo fútil; (motivo sem importância/ banal). Ex. Matei o garçom porque 
encontrei mosca na sopa. 
➢ MEIOS QUALIFICADORES 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso 
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
Meio indicioso: quando o homicídio é cometido sem que a pessoa perceba. 
Perigo comum: quero matar uma determinada pessoa e para isso, explodo o prédio em 
que ela mora. 
➢ FORMAS QUALIFICADORAS 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte 
ou torne impossível a defesa do ofendido; 
➢ FINS QUALIFICADORES 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
_______________________________________________________________________ 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou 
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido: 
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos: 
Pena 12 a 30 anos. 
Seria o homicídio sem motivo, um homicídio qualificado por motivo fútil? Parte-se do 
princípio de que não podemos fazer uma analogia em “malan parte” e é preciso analisar 
o caso concreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 19/09/23 P2 
LESÕES CORPORAIS – Art. 129 CP 
O tipo do crime de lesão corporal está previsto no art. 129 (são crimes contra a 
integridade física). O crime divide-se em duas condutas, ou ofende a integridade 
corporal ou ofende a saúde de outrem. 
Integridade corporal: dano anatômico, que se subdivide em lesão interna (perfuração 
de um órgão) e lesão externa (perfuração do olho) por exemplo. 
Saúde: pode ser física (quando tal lesão afeta o funcionamento de determinado órgão) 
ou mental (quando a pessoa lesionada sofre uma convulsão) por exemplo. 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Lesão corporal de natureza grave 
 § 1º Se resulta: grave 
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; quando 
resulta em incapacidade para as ocupações habituais (qualquer uma, não somente 
laboral) por mais de trinta dias, trata-se de um crime a prazo sendo necessário dois 
laudos para comprovação da incapacidade. 
 II - perigo de vida; é a probabilidade de morte, sendo necessário laudo que 
comprove que a vitima correu perigo de vida. O perigo deve ser presente, atual e real. 
Crime preterdoloso. 
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; não ocorre a perda, 
apenas a diminuição da habilidade. 
 IV - aceleração de parto: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 § 2° Se resulta: gravíssima 
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
 II - enfermidade incurável; 
 III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; quando ocorre a perda de 
apenas um órgão trata-se de lesão corporal grave pois houve uma debilidade no sentido 
da função, mas quando a perda é de um membro, é gravíssima. 
 IV - deformidade permanente; 
 V - aborto: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
A lesão corporal é o dano ocasionado a normalidade funcional do corpo humano, quer 
do ponto de vista anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental sem 
contudo o animus necandi (dolo). 
Trata-se de um crime comum, onde qualquer pessoa pode vir a cometê-lo. No entanto, 
não existe lesão corporal própria, pois o crime de lesão traz no caput o termo “a 
outrem”, ou seja, em outra pessoa. 
Todo crime tem um bem jurídico protegido pelo Direito Penal e no caso do crime de 
lesão corporal, o bem protegido é a integridade física. Em casos de crimes que deixam 
vestígios, é necessário o exame de corpo delito, mas em se tratandode vestígio “dor” 
não há proteção pelo DP pois a dor é subjetiva. 
Há uma discussão acerca da disponibilidade ou não, do bem jurídico em questão 
(integridade física e saúde), pois segundo alguns juristas, violar a integridade física e a 
saúde, é violar a vida, cujo bem jurídico é indisponível. A doutrina que prevalece é de 
que o bem jurídico é indisponível, no entanto, como no direito tudo é relativo, existem 
algumas exceções: 
1º Quando a lei autoriza a vítima a consentir: Cirurgias médicas, pois o fim é 
terapêutico. No entanto, existem algumas cirurgias cujo fim não é terapêutico, mas que 
ainda assim, são lícitos: laqueadura. 
Por esse motivo, é permitida a relativização da disponibilidade do bem jurídico. 
2º Costumes: Trata-se de uma “permissão” de lesão corporal, segundo os costumes de 
determinada região ou crença: furo na orelha, tatuagens etc. 
Qualquer pessoa pode ser o sujeito passivo, porém existem algumas exceções: lesão 
corporal grave por aceleração de parto e lesão corporal gravíssima por aborto, onde 
somente uma gestante pode ser o sujeito passivo. 
O núcleo do tipo é “ofender” o elemento subjetivo é o dano “animus laedend”. 
O crime de lesão corporal é um crime qualificado pelo resultado. 
Quando se tratar de um crime de lesão corporal leve, não há necessidade de exame de 
corpo delito, pois se trata de um crime de menor potencial ofensivo, conforme Lei 
9099/95 e deverá ser julgado pelo Juizado Especial Criminal – JECRIM. O conceito de 
lesão corporal leve é RESIDUAL, ou seja, se não for uma lesão grave ou gravíssima é a 
lesão leve. Em crimes de menor potencial ofensivo, como no caso de lesão corporal leve, 
é lavrado um TC (termo circunstanciado) cuja pena é de até 2 anos. 
Conatus: tentativa 
Itercrimes: Itinerário do crime 
Qual a diferença entre lesão corporal grave consumada e tentativa de homicídio? O 
dolo, “animus necandi”. Ele queria matar e não matou, ou seja, se eu der 3 tiros em 
alguém, eu quero matar ou somente lesionar? Você descobre os elementos objetivos, 
através dos elementos subjetivos: tipo de lesão, arma utilizada, intenção com o ato. 
A lesão corporal leve, pode ser privilegiada e ou substituída por multa, conforme 
paragrafo 4º e 5º do CP: 
Diminuição de pena 
 § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou 
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Substituição da pena 
 § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção 
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: 
 I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
 II - se as lesões são recíprocas. 
A lesão corporal grave e gravíssima é uma nomenclatura dada pela doutrina, mas o CP 
utiliza apenas o termo GRAVE que se subdivide nos artigos 1º e 2º. Trata-se de um crime 
de resultado que pode ser doloso ou culposo, ou seja, ele tem dolo na intenção e culpa 
no resultado. Dolo na lesão e culpa no perigo de vida. 
 Lesão corporal seguida de morte 
 § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o 
resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Lesão corporal simples e a lesão corporal culposa, são crimes de ação penal publica 
condicionada. Porém, em se tratando da Lei Maria da Penha, será um crime de ação 
penal publica incondicionada. 
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO 
Ofender significa lesar ou fazer mal a alguém. O objeto da conduta é a integridade 
corporal (inteireza do corpo humano) ou a saúde (normalidade das funções orgânicas, 
físicas e mentais do ser humano). Lembremos que se trata de uma ofensa física voltada 
à integridade ou à saúde do corpo humano, não se admitindo, neste tipo penal, qualquer 
ofensa moral. Para a sua configuração é preciso que a vítima sofra algum dano ao seu 
corpo, alterando-se interna ou externamente, podendo, ainda, abranger qualquer 
modificação prejudicial à sua saúde, transfigurando-se determinada função orgânica ou 
causando-lhe abalos psíquicos comprometedores. Não é necessária a emanação de 
sangue ou a existência de qualquer tipo de dor. Tratando-se de saúde, não se deve levar 
em consideração somente a pessoa saudável, vale dizer, tornar enfermo quem não 
estava, mas ainda o fato de o agente ter agravado o estado de saúde de quem já se 
encontrava doente. 
➢ Elemento subjetivo do crime: Dolo ou culpa, conforme o caso. 
Classificação: Comum; material; de forma livre; comissivo (como regra); instantâneo; de 
dano; unissubjetivo; plurissubsistente (como regra). 
Tentativa: É admissível. 
Momento consumativo: Ocorre com a ocorrência da ofensa à integridade física ou à 
saúde. Como regra, exige-se laudo de exame de corpo de delito para demonstrá-la, pois 
é infração penal que deixa vestígio real (art. 158, CPP). 
Meios de execução: Por ser crime de forma livre, comporta mecanismos diretos (fortes 
o suficiente para, por si sós, provocarem a lesão, como, por exemplo, desferir um 
violento soco no rosto da vítima), indiretos (dependentes de outro instrumento, como 
instigar um louco a ferir a vítima), materiais (atingem a integridade física de forma 
mecânica, química ou patológica), morais (atuam através da produção de um trauma no 
ofendido, como a geração de um enfarte, decorrente de uma grave ofensa). 
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA (REDUÇÃO DE 1/6 A 1/3) 
a) relevante valor social ou moral: relevante valor é algo importante ou de elevada 
qualidade (patriotismo, lealdade, fidelidade, amor paterno ou materno etc.). Na ótica 
social, esses valores envolvem interesse de ordem geral ou coletiva (lesionar o traidor 
da pátria). Na visão moral, os valores concentram-se em interesse particular ou 
específico (ferir o traficante que viciou seu filho); 
b) domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima: 
emoção é a excitação de um sentimento (amor, ódio, rancor). Se o agente está dominado 
(fortemente envolvido) pela violenta (forte ou intensa) emoção (excitação sentimental), 
justamente porque foi, antes, provocado injustamente (sem razão plausível) pode 
significar, como decorrência lógica, a perda do autocontrole que todos temos ao 
sofrermos qualquer tipo de agressão sem causa legítima. Desencadeado o descontrole, 
surge a possibilidade de lesão corporal. 
Síntese: ambas as hipóteses levam à diminuição da pena, de um sexto a um terço, 
porque representam menor culpabilidade (reprovação ou censura), cabendo a 
mensuração à intensidade verificada, no caso concreto, acerca da relevância do valor 
social ou moral e à gravidade da provocação feita pela vítima a gerar violenta emoção 
no agente. 
LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA 
Esta é uma hipótese de privilégio (§ 5.º), conectada ao parágrafo anterior (como se vê 
no inciso I), acarretando a substituição da pena privativa de liberdade pela pecuniária. 
Aplica-se somente à hipótese de lesão corporal leve e desde que haja relevante valor 
social ou moral ou o domínio de violenta emoção, logo após injusta provocação da 
vítima. Além da hipótese anterior, considerou o legislador a possibilidade de aplicar o 
privilégio quando o agressor for também agredido pela vítima. É preciso ressaltar, no 
entanto, que não se trata de uma situação de legítima defesa, ou seja, se o ofendido 
agredir o agente apenas para se defender não deve este receber o privilégio. Ao referir-
se a lesões recíprocas, dá a norma a entender que as duas partes entraram em luta 
injustamente. Não teria cabimento algum conceder o privilégio ao agressor cuja vítima, 
para dele se desvencilhar, tenha sido obrigada a agredi-lo e não conceder o benefício ao 
agente quando o ofendido tenha sofrido as lesões, conseguindo soltar-se do agressor 
sem fazer uso da força. Ora, se a vítima está em atitude lícita (agindo em legítimadefesa), 
não pode esta situação servir de motivação para o atacante conseguir um benefício legal 
considerável, que é a substituição da pena privativa de liberdade por multa. Entretanto, 
se ambos são igualmente culpados e agressores um do outro, pode o juiz levar tal 
hipótese em consideração para aplicar o privilégio. 
QUALIFICADORAS (GERAM QUATRO FAIXAS DIVERSAS DE FIXAÇÃO DE PENA) 
1.ª faixa: lesão corporal grave, sujeitando o agente à pena de reclusão de um a cinco 
anos 
a) incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias (§ 1.º, I): deve-se 
compreender como tal, toda e qualquer atividade regularmente desempenhada pela 
vítima, e não apenas a sua ocupação laborativa. Assim, uma pessoa que não trabalha, 
vivendo de renda ou sustentada por outra, deixando de exercitar suas habituais 
ocupações, sejam elas quais forem – até mesmo de simples lazer –, pode ser enquadrada 
nesse inciso, desde que fique incapacitada por mais de trinta dias. A única e lógica 
exigência é que a atividade exercida pela vítima seja lícita, pois não teria cabimento 
considerar presente a qualificadora no caso de um delinquente que deixasse de cometer 
crimes por período superior ao trintídio porque foi ferido por um comparsa. Por 
derradeiro, deve-se destacar que o termo habitual tem a conotação de atividade 
frequente, não se podendo reconhecer a lesão corporal grave quando a vítima ficar 
incapacitada para ocupações que exercia raramente (ex.: o ofendido, por conta da lesão 
sofrida, foi obrigado a adiar por mais de 30 dias uma viagem de lazer, algo que costumava 
fazer esporadicamente). É indispensável a realização de laudo pericial para atestar o 
comprometimento da vítima para seu mister habitual por mais de 30 dias, devendo ser 
elaborado tão logo decorra o trintídio – embora possa subsistir a tolerância de alguns 
dias. O exame complementar pode ser suprido por prova testemunhal, como 
expressamente prevê o art. 168, § 3.º, do Código de Processo Penal; 
b) perigo de vida (§ 1.º, II): é a concreta possibilidade de a vítima morrer em face das 
lesões sofridas. Não bastam conjecturas ou hipóteses vagas e imprecisas, mas um fator 
real de risco inerente ao ferimento causado. Trata-se de um diagnóstico e não de um 
prognóstico, na palavra de Almeida Júnior, como oportunamente lembra Euclides 
Custódio da Silveira (Direito penal – crimes contra a pessoa, p. 142). Daí por que se torna 
praticamente indispensável o laudo pericial, sendo muito rara a sua substituição por 
prova testemunhal, salvo quando esta for qualificada, vale dizer, produzida pelo 
depoimento de especialistas, como o médico que cuidou da vítima durante a sua 
convalescença; 
c) debilidade permanente de membro, sentido ou função (§ 1.º, III): trata-se de uma 
frouxidão duradoura no corpo ou na saúde, que se instala na vítima após a lesão corporal 
provocada pelo agente. Não se exige que seja uma debilidade perpétua, bastando ter 
longa duração. Os membros do corpo humano são os braços, as mãos, as pernas e os 
pés. Os dedos são apenas partes dos membros, de modo que a perda de um dos dedos 
se constitui em debilidade permanente da mão ou do pé. O ser humano possui cinco 
sentidos: visão, olfato, audição, paladar e tato. Assim, exemplificando, perder a visão 
num dos olhos é debilidade permanente. Por derradeiro, função é a ação própria de um 
órgão do corpo humano. Exemplos: função respiratória, função excretória, função 
circulatória. Portanto, a perda de um dos rins é debilidade permanente e não perda de 
função, pois se trata de órgão duplo; 
d) aceleração de parto (§ 1.º, IV): significa antecipar o nascimento da criança antes do 
prazo normal previsto pela medicina. Nesse caso, é indispensável o conhecimento da 
gravidez pelo agente. Se, em virtude da lesão corporal praticada contra a mãe, a criança 
nascer morta, terá havido lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2.º, V). Há possibilidade 
de haver o nascimento com vida, mas, em razão da lesão corporal sofrida pela mãe, que 
tenha atingido o feto, venha a morrer a criança. Opinam alguns penalistas, nos moldes 
apregoados por Hungria, que, nesse caso, responderia o agente por lesão corporal 
gravíssima, equiparando-se a situação à lesão corporal seguida de aborto (Comentários 
ao Código Penal, v. 5, p. 335). Outros, porém, sugerem que, havendo morte após o 
nascimento, caracteriza-se apenas a lesão corporal grave (Mirabete, Manual de direito 
penal, v. 2, p. 96). Cremos que as seguintes hipóteses podem ocorrer: a) se houve 
aceleração de parto e o feto nasceu com vida, morrendo, em face das lesões sofridas, 
dias, semanas ou meses depois, não há como falar em lesão corporal gravíssima, ou seja, 
cujo resultado mais grave é o aborto, pois este é um termo específico, que significa a 
morte do feto antes do nascimento. Trata-se, pois, de lesão corporal grave (aceleração 
de parto); b) se a lesão corporal atingiu a mãe e também o feto, mas não provocou a 
aceleração de parto nem o aborto, vindo a criança a morrer, depois do nascimento com 
vida, em virtude da lesão sofrida, não há como imputar-se ao agente lesão grave ou 
gravíssima, pois sua conduta, nesse prisma, não se amolda aos tipos penais do art. 129, 
§§ 1.º, IV, e 2.º, V. Neste último caso, quanto à lesão corporal, deverá ela ser tipificada 
como simples. Entretanto, ainda dentro do mesmo quadro (sem haver aceleração de 
parto nem aborto), caso o agente tenha visado ao feto (dolo direto ou indireto), quando 
agrediu a mãe, poderá responder, concomitantemente, por lesão corporal leve e 
tentativa de aborto sem o consentimento da gestante. Outra solução poderá aplicar ao 
autor da agressão tipo penal inadequado. 
2.ª faixa: lesão corporal gravíssima, sujeitando o agente à pena de reclusão de dois a 
oito anos 
a) incapacidade permanente para o trabalho (§ 2.º, I): trata-se da inaptidão duradoura 
para exercer qualquer atividade laborativa lícita. Nesse contexto, diferentemente da 
incapacidade para as ocupações habituais, exige-se atividade remunerada, que implique 
sustento, portanto, acarrete prejuízo financeiro para o ofendido. Convém ressaltar o 
alerta feito por Álvaro Mayrink da Costa, com o qual concordamos: “A doutrina advoga 
que significa qualquer modalidade de trabalho e não especificamente o trabalho a que 
a vítima se dedicava. Contudo, há necessidade de serem estabelecidas certas restrições, 
visto que não se pode exigir de um intelectual ou de um artista que se inicie na atividade 
de pedreiro. Fixa-se no campo do factualmente possível e não no teoricamente 
imaginável. Portanto, incapacidade permanente é uma diminuição efetiva da capacidade 
física comparada à que possuía a vítima antes do fato punível” 
b) enfermidade incurável (§ 2.º, II): é a doença irremediável, de acordo com os recursos 
da medicina na época do resultado, causada na vítima. Não configura a qualificadora a 
simples debilidade enfrentada pelo organismo da pessoa ofendida, necessitando existir 
uma séria alteração na saúde. Embora a vítima não seja obrigada a submeter-se a 
qualquer tipo de tratamento ou cirurgia de risco para curar-se, também não se deve 
admitir a recusa imotivada do ofendido para tratar-se. Se há recursos suficientes para 
controlar a enfermidade gerada pela agressão, impedindo-a de se tornar incurável, é 
preciso que o ofendido os utilize. Não o fazendo por razões injustificáveis, não deve o 
agente arcar com o crime na forma agravada. Por outro lado, uma vez condenado o autor 
da agressão por lesão gravíssima, consistente em ter gerado ao ofendido uma 
enfermidade incurável, não cabe revisão criminal caso a medicina evolua, permitindo a 
reversão da doença. Caberia a ação revisória apenas se tivesse havido erro quanto à 
impossibilidade de cura no momento da condenação, ou seja, a enfermidade era passível 
de controle e tratamento, mas tal situação não foi percebida a tempo. Atualmente, os 
tribunais têm encaixado nesteperfil a contaminação do vírus da AIDS (ver o ponto 
relevante para debate do art. 130); 
c) perda ou inutilização de membro, sentido ou função (§ 2.º, III): perda implica 
destruição ou privação de algum membro (ex.: corte de um braço), sentido (ex.: 
aniquilamento dos olhos) ou função (ex.: ablação da bolsa escrotal, impedindo a função 
reprodutora); inutilização quer dizer falta de utilidade, ainda que fisicamente esteja 
presente o membro ou o órgão humano. Assim, inutilizar um membro seria a perda de 
movimento da mão ou a impotência para o coito, embora sem remoção do órgão sexual; 
d) deformidade permanente (§ 2.º, IV): deformar significa alterar a forma original. 
Configura-se a lesão gravíssima quando ocorre a modificação duradoura de uma parte 
do corpo humano da vítima. Salienta a doutrina, no entanto, estar essa qualificadora 
ligada à estética. Por isso, é posição majoritária a exigência de ser a lesão visível, 
causadora de constrangimento ou vexame à vítima, e irreparável. Citam-se como 
exemplos as cicatrizes de larga extensão em regiões visíveis do corpo humano, que 
possam provocar reações de desagrado ou piedade (tais como as causadas pela 
vitriolagem, isto é, o lançamento de ácido no ofendido), ou a perda de orelhas, mutilação 
grave do nariz, entre outros. Somos levados a discordar dessa postura. O tipo penal não 
exige, em hipótese alguma, que a deformidade seja ligada à beleza física, nem tampouco 
seja visível. A restrição construída por parcela da doutrina e da jurisprudência é 
incompatível com a finalidade do artigo. Desde que o agente provoque na vítima uma 
alteração duradoura nas formas originais do seu corpo, é de se reputar configurada a 
qualificadora. Adotar-se posição contrária significaria exigir do juiz, ao analisar a lesão 
causada, um juízo de valor, a fim de saber se a vítima ficou ou não deformada conforme 
os critérios de estética que o magistrado possui, não se levando em conta o desagrado 
íntimo causado a quem efetivamente sofreu o ferimento e a alteração do corpo. Chega-
se a levantar, como critério de verificação desta qualificadora, o sexo da vítima, sua 
condição social, sua profissão, seu modo de vida, entre outros fatores extremamente 
subjetivos, por vezes nitidamente discriminatórios e sem adequação típica. Uma cicatriz 
no rosto de uma atriz famosa seria mais relevante do que a mesma lesão produzida 
numa trabalhadora rural? Poderia ser, para o terceiro que não sofreu a deformidade – já 
que a análise desbancaria para o campo estético –, embora, para a vítima, possa ser algo 
muito desconfortável. Cremos, pois, pouco importar seja a deformidade visível ou não, 
ligada à estética ou não, passível de causar impressão vexatória ou não, exigindo-se 
somente seja ela duradoura, vale dizer, irreparável pelos recursos apresentados pela 
medicina à época do resultado. E acrescente-se possuir essa qualificadora um caráter 
residual, isto é, quando houver lesão passível de alterar a forma original do corpo 
humano, não se configurando as outras hipóteses de deformidade – debilidade ou perda 
de membro, sentido ou função – deve ela ser aplicada; 
e) aborto (§ 2.º, V): é a interrupção da gravidez causando a morte do feto. Neste caso, 
exigem a doutrina e a jurisprudência majoritárias que o resultado qualificador (aborto) 
ocorra na forma culposa. 
3.ª faixa: lesão corporal resultante de violência doméstica, sujeitando o agente à pena 
de detenção de três meses a três anos 
Violência doméstica: Doméstico é termo que diz respeito à vida em família, usualmente 
na mesma casa, tanto assim que sempre se definiu a agravante prevista no art. 61, II, f, 
do Código Penal (crime cometido prevalecendo-se das relações domésticas), como 
sendo “as ligações estabelecidas entre participantes de uma mesma vida familiar, 
podendo haver laços de parentesco ou não”. Cuida-se de uma forma de lesão qualificada, 
cuja finalidade seria atingir os variados e, infelizmente, numerosos casos de lesões 
corporais praticadas no recanto do lar, dentre integrantes de uma mesma vida familiar, 
onde deveria imperar a paz e jamais a agressão. A ação é pública incondicionada porque 
o art. 88 da Lei 9.099/95 preceitua que dependerá de representação a ação penal 
relativa aos crimes de lesões corporais leves (prevista no caput do art. 129) e lesões 
culposas (constante no § 6.º do mesmo artigo). Ora, a violência doméstica, embora seja 
uma espécie de lesão corporal, cuja descrição típica advém do caput, é forma qualificada 
da lesão, logo, não mais dependente de representação da vítima. Além disso, o art. 41 
da Lei 11.340/2006 é claro ao estipular que, “aos crimes praticados com violência 
doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se 
aplica a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995”. Na ótica que defendemos (ação pública 
incondicionada), encontra-se, hoje, a posição do STF, ao menos no tocante à mulher 
como vítima. Os elementos integrantes do tipo são ascendente, descendente, irmão, 
cônjuge ou companheiro (certamente abrangendo companheira), que é o 
reconhecimento da união estável para o efeito de equiparação ao cônjuge no contexto 
da proteção penal. A expressão com quem conviva ou tenha convivido tem a finalidade 
de ampliar a abrangência dessa espécie de violência para envolver situações de 
familiares que, embora não mais residam juntos, podem se reencontrar e, nesta 
hipótese, haver agressão. Identicamente, busca abranger casais separados, porém ainda 
mantendo relacionamento; alcança, também, os ex-namorados, que mantêm 
animosidade ou uma relação mal-terminada. 
4ª faixa: lesão praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos 
termos do § 2º-A do art. 121 deste Código 
A Lei 14.188/2021 introduziu essa qualificadora em tempo oportuno, pois a agressão 
contra a mulher precisava de uma pena maior, afinal, permite-se a decretação de prisão 
cautelar, quando haja violência doméstica e familiar. Estipulou-se a lesão, por razões da 
condição do sexo feminino, conforme o § 2º-A do art. 121 do Código Penal. Neste 
dispositivo, encontra-se o seguinte: “considera-se que há razões de condição de sexo 
feminino quando o crime envolve: I – violência doméstica e familiar; II – menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher”. Segundo nos parece, a figura qualificada deveria 
abranger todas as situações de violência doméstica e familiar, porém, apenas se 
concentrou na vítima mulher. Portanto, a lesão contra a mulher, nesse contexto, 
comporta a aplicação do § 13, em lugar do § 9º. Cuida-se de qualificadora objetiva, 
ligando-se ao gênero da vítima. Não se vincula à motivação do agente, que pode ter 
variadas causas. 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 
Para a lesão dolosa, na forma simples ou qualificada, aplica-se a elevação da pena de um 
terço, demonstrativa da maior culpabilidade do agente, por ter agido com 
insensibilidade moral e covardemente, tendo por vítimas o maior de 60 anos e o menor 
de 14. Além disso, acrescido pela Lei 12.720/2012, incide esse aumento de um terço 
quando o crime for cometido por milícia privada (grupo paramilitar), sob o pretexto de 
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio (§ 7.º). Por outro lado, 
há também o aumento de um terço previsto no § 10 (lesão praticada contra ascendente, 
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, com quem conviva ou tenha convivido, 
bem como se o agente prevalecer-se de relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade), no contexto das lesões graves (§ 1.º do art. 129), gravíssimas (§ 2.º do 
mesmo artigo) e qualificadas pelo resultado (§ 3.º do mesmo artigo). 
Após a edição da Lei 11.340/2006, acrescentou-se o § 11 ao art. 129, nos seguintes 
termos: “na hipótese do § 9.º deste artigo, a pena será aumentada de 1/3 (um terço) se 
o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência”. 
Aproveitando o ensejo, o legislador entendeu ser cabívelinserir na lei penal outra causa 
de aumento, embora não se ligue à Lei Maria da Penha. Configura-se a causa de aumento 
quando o deficiente-vítima (físico ou mental, homem ou mulher) for ascendente, 
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro(a) do agressor e, também, no caso de 
conviver ou ter convivido com o autor da lesão, bem como quando o agente do delito 
prevalecer-se das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. 
A Lei 13.142/2015 acresceu o § 12 ao art. 129, nos seguintes termos: “se a lesão for 
praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou 
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada 
de um a dois terços”. O objetivo é o mesmo da causa de aumento introduzida no cenário 
do homicídio, ou seja, conferir maior punição a quem agredir agentes de segurança do 
Estado, que colocam a própria vida a risco para defender a sociedade. 
CRIME PRETERDOLOSO 
Trata-se de forma autenticamente preterdolosa prevista no Código Penal (§ 3.º), pois o 
legislador deixou nítida a exigência de dolo no antecedente (lesão corporal) e somente 
a forma culposa no evento subsequente (morte da vítima). Ao mencionar que a morte 
não pode ter sido desejada pelo agente, nem tampouco pode ele ter assumido o risco 
de produzi-la, está-se fixando a culpa como único elemento subjetivo possível para o 
resultado qualificador. Justamente por isso, neste caso, havendo dolo eventual quanto à 
morte da vítima, deve o agente ser punido por homicídio doloso. Ressaltemos que a 
tentativa, nesta hipótese, é inadmissível, pois o crime preterdoloso envolve a forma 
culposa e esta é totalmente incompatível com a figura da tentativa. Se o agente não quer, 
de modo algum, a morte da vítima, é impossível obter a forma tentada da lesão seguida 
de morte. Ademais, ou a morte ocorre e o crime está consumado, ou não ocorre e trata-
se apenas de uma lesão corporal. 
CAUSA DE AUMENTO NA FORMA CULPOSA 
Prevê-se a elevação da pena em um terço se houver a inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não 
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante. 
a) inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: pensamos ser inadequada 
– consequentemente inaplicável – essa modalidade de causa de aumento porque se 
confunde nitidamente com a própria conceituação de imperícia, que é a falta de 
conhecimento suficiente para exercer determinada profissão, arte ou ofício. Tem sido 
considerada por parte da doutrina como inaplicável, sob pena de se gerar o condenável 
bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato). Aquele que não observa regra técnica 
obrigatória de sua profissão, arte ou ofício é, sem dúvida, um leviano, um imperito, o 
que serve para configurar a culpa, mas não para elevar a pena; 
b) omissão de socorro: por tratar-se de crime culposo, em que o agente não quer o 
resultado, é justo que seja mais severamente punido por ter demonstrado 
insensibilidade ao recusar-se a socorrer a vítima, a quem não desejou atingir. O mínimo 
que se espera é a prestação de solidariedade nesse momento. Pune-se a conduta leviana 
do agente que, provocando dano involuntário, deixa de prestar o socorro eticamente 
exigível; 
c) não procurar diminuir as consequências do seu ato: novamente, lembremos que a 
agressão, no contexto da lesão culposa, gerou resultado não desejado, motivo pelo qual 
o que se espera do agente é, ainda que não possa socorrer, por qualquer razão (ex.: está 
ameaçado de linchamento e deve deixar o local), precisa buscar alguma atitude solidária 
para amenizar o mal causado (ex.: procurando a vítima no hospital e prestando-lhe 
imediato auxílio financeiro ou amparo moral); 
d) fuga da prisão em flagrante: esse motivo, segundo nosso entendimento, é 
inconstitucional, não merecendo aplicação. Qualquer pessoa tem o direito de evitar a 
sua própria prisão, como tem o direito ao silêncio e a não produzir prova contra si 
mesmo. 
PERDÃO JUDICIAL 
Permite-se que o juiz afaste a punibilidade do crime de lesão culposa, não aplicando 
pena, se as consequências do crime atingirem o próprio agente de maneira tão grave 
que a sanção se torne desnecessária. O agente pode ser afetado física (sofrer lesões 
graves, por exemplo, de difícil cura ou tratamento, gerando dor e padecimento) ou 
moralmente (perda de ente querido – como filho – produzindo trauma de natureza 
psicológica). Ingressa, aí, a clemência do Estado. A pena, se aplicada, não poderia ser 
mais severa do que já foi a própria natureza. 
03/10/2023 
CRIMES CONTRA HONRA – Art. 138/139/140 
Conforme o art. 5º inc. 10º da CF: “são invioláveis a intimidade, a integridade, a honra e 
a imagem das pessoas, assegurado o dano moral decorrente da sua violação.” Os crimes 
contra a honra estão previstos no Código Penal, Código Eleitoral e Código Penal Militar. 
A antiga Lei de Imprensa punia as violações contra a honra, cometidas através da 
imprensa, mas em 2009 o STF se revogou essa lei essa lei, porque não havia sido 
anteriormente recepcionada pela CF de 88. 
Objetividade Jurídica dos crimes contra a honra: proteger a honra. 
Objeto jurídico: É a honra objetiva (reputação ou imagem da pessoa diante de terceiros). 
Objeto material: É a reputação da pessoa. 
MAS O QUE É HONRA? 
É o conjunto dos dotes, atributos intelectuais, morais e físicos que confere a pessoa 
estima própria e reputação social. A honra subdivide-se em: 
➢ Honra subjetiva: é a estima própria (quando pensamos em nós mesmos). É 
violada quando se ofende a dignidade ou o decoro. É protegida em apenas um 
crime > INJÚRIA 
Dignidade: Atributos morais. Ex. chamar alguém de ladrão. 
Decoro: Desrespeito, aos atributos físicos e intelectuais. Ex. chamar alguém de perneta, 
por ter uma perna só; de burro ou analfabeto. 
➢ Honra objetiva: Reputação social (o que os terceiros pensam a nosso respeito). 
É protegida pelos crimes de > DIFAMAÇÃO e CALÚNIA. 
NATUREZA DO BEM JURÍDICO 
A “honra”, é um bem jurídico disponível, trata-se de um crime comum, onde qualquer 
pessoa pode ser o sujeito ativo ou passivo. Geralmente, os crimes contra a honra são 
crimes de ação penal privada (a própria vítima propõe a ação). 
Comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo. 
Momento consumativo: Ocorre quando a imputação falsa chega ao conhecimento de 
terceiros, independentemente de resultado naturalístico. 
CALÚNIA Art. 138 
 Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou 
divulga. 
 § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, inclusive a jurídica, desde que, neste caso, a 
imputação diga respeito à prática de crime ambiental, previsto na Lei 9.605/98. 
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO PENAL 
Caluniar é fazer uma acusação falsa, tirando a credibilidade de uma pessoa no seio 
social. Possui, pois, um significado particularmente ligado à difamação. Cremos que o 
conceito se tornou eminentemente jurídico, porque o Código Penal exige que a acusação 
falsa realizada diga respeito a um fato definido como crime. Vislumbra-se, pois, que a 
calúnia nada mais é do que uma difamação qualificada, ou seja, uma espécie de 
difamação. Atinge a honra objetiva da pessoa, atribuindo-lhe o agente um fato 
desairoso, no caso particular, um fato falso definido como crime. Não pode haver calúnia 
ao se atribuir a terceiro, falsamente, a prática de contravenção, pois o tipo penal 
menciona unicamente crime. Trata-se de tipo penal incriminador,de interpretação 
restritiva. Nesse caso, pode-se falar em difamação. A pena é de detenção, de seis meses 
a dois anos, e multa. 
➢ O elemento subjetivo do crime: é o dolo. 
➢ O elemento subjetivo do tipo específico: É a vontade específica de macular a 
imagem de alguém (animus diffamandi). 
Há entendimento predominante na doutrina e na jurisprudência pela não configuração 
do crime contra a honra, desde que o fato ofensivo ou o insulto seja proferido fora do 
contexto da específica vontade de conspurcar a reputação alheia ou o amor próprio da 
vítima. Estariam nesse âmbito as brincadeiras, embora de mau gosto, as narrativas 
reputadas como simples fofocas, os relatórios feitos em locais de trabalho, os 
depoimentos prestados em juízo emitindo opiniões, dentre outros. Porém, há posição 
em sentido contrário: “Por si só, ou seja, por não ser mais que uma expressão de gracejo, 
esse animus não pode nem deve prevalecer como elemento descaracterizador da 
ofensa. É evidente. Se a pilhéria alcança o indivíduo, digamos, com o qualificativo de 
velhaco, isto não quer significar simplesmente que ele esteja livre de sofrer um dano, 
ainda que não haja intenção afrontosa. Em poucas palavras, a ninguém é dado o direito 
de atingir a honra alheia, a pretexto de fazer pilhéria, narrar fato, corrigir ou aconselhar, 
e depois pretender que na sua conduta não havia o menor intuito de ofensa. No caso, o 
que deve ser considerado é o dano que a pessoa visada venha a sofrer”. 
Núcleo do tipo penal: Imputar, propalar, divulgar. 
A calúnia possui alguns elementos caracterizadores: o fato criminoso deve ser falso ou 
a autoria do fato deve ser falsa. Tudo deve ser FALSO. 
EXCEÇÃO DA VERDADE 
Trata-se de um incidente processual, que é uma questão secundária refletida sobre o 
processo principal, merecendo solução antes da decisão da causa ser proferida, prevista 
no § 3.º. É uma forma de defesa indireta, através da qual o acusado de ter praticado 
calúnia pretende provar a veracidade do que alegou, demonstrando ser a pretensa 
vítima realmente autora de fato definido como crime. Afinal, se falou a verdade, não 
está preenchido o tipo penal (“imputar falsamente fato definido como crime”). 
VEDAÇÕES À EXCEÇÃO DA VERDADE 
a) não pode o querelado ou réu ingressar com a exceção da verdade, pretendendo 
demonstrar a veracidade do que falou, quando o fato imputado à vítima constitua crime 
de ação privada e não houve condenação definitiva sobre o assunto (§ 3.º, I); 
b) não se admite a exceção da verdade quando a calúnia envolver o Presidente da 
República ou chefe de governo estrangeiro (§ 3.º, II); 
c) é natural que não possa haver exceção da verdade quando o assunto já foi debatido 
e julgado, em definitivo, pelo Poder Judiciário, tendo havido absolvição do ofendido (§ 
3.º, III). 
DIFAMAÇÃO - Art. 139 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, inclusive a jurídica, que também tem imagem a 
preservar. Há quem entenda, no entanto, que somente a pessoa humana pode ser 
sujeito passivo, já que o Título I do Código Penal destina-se à proteção de pessoas físicas. 
Não concordamos, pois fala-se apenas em crimes contra a pessoa, valendo a adaptação 
para a pessoa jurídica quando for o caso. 
Objeto jurídico: É a honra objetiva (reputação ou imagem da pessoa diante de 
terceiros). 
Objeto material: É a reputação da pessoa. 
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO 
Difamar significa desacreditar publicamente uma pessoa, maculando-lhe a reputação. 
Nesse caso, mais uma vez, o tipo penal foi propositadamente repetitivo. Difamar já 
significa imputar algo desairoso a outrem, embora a descrição abstrata feita pelo 
legislador tenha deixado claro que, no contexto do crime do art. 139, não se trata de 
qualquer fato inconveniente ou negativo, mas sim de fato ofensivo à sua reputação. 
Com isso, excluiu os fatos definidos como crime – que ficaram para o tipo penal da 
calúnia – bem como afastou qualquer vinculação à falsidade ou veracidade dos mesmos. 
Assim, difamar uma pessoa implica divulgar fatos infamantes à sua honra objetiva, 
sejam eles verdadeiros ou falsos. A pena é de detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Conferir o capítulo XIII, item 2.1, da Parte Geral. 
➢ Elemento subjetivo do crime: É o dolo. 
➢ Elemento subjetivo do tipo específico: É a vontade específica de macular a 
imagem de alguém. 
Há entendimento predominante na doutrina e na jurisprudência pela não configuração 
do crime contra a honra, desde que o fato ofensivo ou o insulto seja proferido fora do 
contexto da específica vontade de conspurcar a reputação alheia ou o amor próprio da 
vítima. Estariam nesse âmbito as brincadeiras, embora de mau gosto, as narrativas 
reputadas como simples fofocas, os relatórios feitos em locais de trabalho, os 
depoimentos prestados em juízo emitindo opiniões, dentre outros. Porém, há posição 
em sentido contrário: “Por si só, ou seja, por não ser mais que uma expressão de gracejo, 
esse animus não pode nem deve prevalecer como elemento descaracterizador da 
ofensa. É evidente. Se a pilhéria alcança o indivíduo, digamos, com o qualificativo de 
velhaco, isto não quer significar simplesmente que ele esteja livre de sofrer um dano, 
ainda que não haja intenção afrontosa. Em poucas palavras, a ninguém é dado o direito 
de atingir a honra alheia, a pretexto de fazer pilhéria, narrar fato, corrigir ou aconselhar, 
e depois pretender que na sua conduta não havia o menor intuito de ofensa. No caso, o 
que deve ser considerado é o dano que a pessoa visada venha a sofrer” 
Classificação: Comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; 
unissubsistente ou plurissubsistente, conforme o caso. 
Momento consumativo: Ocorre quando a imputação chega ao conhecimento de 
terceiros, independentemente de resultado naturalístico. 
EXCEÇÃO DA VERDADE 
Trata-se de um incidente processual, que é uma questão secundária refletida sobre o 
processo principal, merecendo solução antes da decisão da causa ser proferida, prevista 
no parágrafo único. É uma forma de defesa indireta, por meio da qual o acusado de ter 
praticado difamação pretende provar a veracidade do que alegou, demonstrando ser a 
pretensa vítima (funcionário público, no exercício da função) realmente autora do fato. 
Neste caso, no entanto, há uma particularidade: ao tratar do funcionário público, 
dizendo respeito às suas funções, é interesse do Estado apurar a veracidade do que está 
sendo alegado. Trata-se de finalidade maior da Administração punir funcionários de má 
conduta. Assim, caso alguém diga que determinado funcionário retardou seu serviço, 
em certa repartição, porque foi cuidar de interesses particulares, admite-se prova da 
verdade, embora não seja crime. É um fato de interesse do Estado apurar e, se for o 
caso, punir. 
É a imputação de um fato desonroso, porém não criminoso. 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Quem propala ou divulga a difamação, pratica o crime de difamação? 
INJÚRIA - ART. 140 
Trata-se de um crime de menor potencial ofensivo. Imputa-se uma qualidade negativa 
da pessoa, todavia existem duas imputações de fato, que configuram injúria: 
➢ Fato vago, genérico: “Fulano pratica crimes.” Que crimes? Quando? Onde? É um 
fato genérico, sem especificidades. 
➢ Fato determinado, dito diretamente a pessoa: “Você saiu do motel ontem com 
fulana.” 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Não se trata de crimes próprios, praticados por 
determinadas classes de pessoas, no crime de peculato por exemplo. 
A auto injúria é crime? Depende. Caso a minha auto Injúria ofenda outras pessoas, sim. 
“Eu sou um corno.” Nesse caso, ofendo a minha mulher. 
O morto também não pode ser sujeito passivo do crime de injúria, visto que não se trata 
mais de pessoa e sim de coisa. Porém nos casos de injúria reflexa, é possível imputar o 
crime. Ex. “Seu pai, quando era vivo, era corno.” Nesse casoeu atinjo diretamente a 
honra da mãe. 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa física (a pessoa jurídica não tem autoestima ou amor-
próprio). No tocante aos inimputáveis (doentes mentais e menores), é preciso distinguir 
a possibilidade de serem sujeitos passivos apenas no caso concreto. Uma criança em 
tenra idade não tem a menor noção do que venha a ser dignidade ou decoro, de modo 
que não pode ser sujeito passivo do crime, embora um adolescente já tenha tal 
sentimento e pode ser, sem dúvida, vítima de injúria, em que pese ser inimputável 
penalmente. O doente mental também é um caso à parte. Conforme o grau e o estágio 
de sua doença, pode ou não ter noção de dignidade ou decoro. Se possuir, é sujeito 
passivo do crime de injúria. 
Objeto jurídico: É a honra subjetiva (autoimagem da pessoa, isto é, a avaliação que cada 
um tem de si mesmo). 
Objeto material: É a autoestima (dignidade – atributo físico ou decoro – atributo moral) 
da pessoa, um dos aspectos da honra. Animus injuriandi 
Espécies de injúria: direta, reflexa, irônica, explicita, equivoca (quando coloca em 
dúvida), simbólica (por símbolos). 
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO 
Injuriar significa ofender ou insultar (vulgarmente, xingar). No caso presente, isso não 
basta. É preciso que a ofensa atinja a dignidade (respeitabilidade ou amor-próprio) ou o 
decoro (correção moral ou compostura) de alguém. Portanto, é um insulto que macula 
a honra subjetiva, arranhando o conceito que a vítima faz de si mesma. A pena é de 
detenção, de um a seis meses, ou multa. Conferir o capítulo XIII, item 2.1, da Parte Geral. 
Embora, a maneira mais comum de se praticar a injúria seja por meio de xingamentos 
verbais, são admitidas várias outras formas, inclusive por gestos, comportamentos ou 
até mesmo por omissão. Conforme o cenário, a recusa a um cumprimento pode figurar 
uma injúria, conduta que se dá na forma omissiva. Por outro lado, utilizar vestimenta 
inadequada em lugar de respeito também é conduta apta a construir a injúria. Na 
verdade, todas as atitudes tendentes a ferir a dignidade alheia constituem elementos 
válidos para a realização do crime. Para analisar os vários comportamentos humanos, 
no contexto da injúria, depende-se da adequação social, “restringindo-se o tipo do delito 
de injúria àqueles casos que excedam em muito o tolerável socialmente em cada 
momento histórico” 
➢ Elemento subjetivo do crime: É o dolo 
➢ Elemento subjetivo do tipo específico: É a vontade específica de magoar e ferir 
a autoimagem de alguém (animus injuriandi). 
Há entendimento predominante na doutrina e na jurisprudência pela não configuração 
do crime contra a honra, desde que o fato ofensivo ou o insulto seja proferido fora do 
contexto da específica vontade de conspurcar a reputação alheia ou o amor próprio da 
vítima. Estariam nesse âmbito as brincadeiras, embora de mau gosto, as narrativas 
reputadas como simples fofocas, os relatórios feitos em locais de trabalho, os 
depoimentos prestados em juízo emitindo opiniões, dentre outros. Porém, há posição 
em sentido contrário: “Por si só, ou seja, por não ser mais que uma expressão de gracejo, 
esse animus não pode nem deve prevalecer como elemento descaracterizador da 
ofensa. É evidente. Se a pilhéria alcança o indivíduo, digamos, com o qualificativo de 
velhaco, isto não quer significar simplesmente que ele esteja livre de sofrer um dano, 
ainda que não haja intenção afrontosa. Em poucas palavras, a ninguém é dado o direito 
de atingir a honra alheia, a pretexto de fazer pilhéria, narrar fato, corrigir ou aconselhar, 
e depois pretender que na sua conduta não havia o menor intuito de ofensa. No caso, o 
que deve ser considerado é o dano que a pessoa visada venha a sofrer” 
Classificação: Comum; formal; de forma livre (pode ser realizado de qualquer forma 
visando atingir a honra); comissivo; instantâneo. 
Momento consumativo: Ocorre quando a imputação chega ao conhecimento do 
ofendido, independentemente de resultado naturalístico e da ciência de terceiros. 
Tentativa de injúria é admitido. 
Exceção da verdade: Não se admite, porque não importa se o fato é verdadeiro ou não. 
PERDÃO JUDICIAL 
Pode ocorrer nas seguintes hipóteses: 
a) quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria (§ 1.º, I); 
Acontece quando por exemplo, eu dou um soco em alguém e essa pessoa revida me 
xingando. 
b) quando houver retorsão imediata, que consista em outra injúria (§ 1.º, II). Nesse 
caso, quando eu xingo alguém e a pessoa replica a ofensa, porém o perdão será 
concedido somente aquele que respondeu a ofensa. 
FORMAS QUALIFICADAS 
a) é o cometimento da injúria real, isto é, usando de violência ou vias de fato (§ 2.º). 
A violência implica ofensa à integridade corporal de outrem, enquanto a via de fato 
representa uma forma de violência que não chega a lesionar a integridade física ou a 
saúde de uma pessoa. Uma bofetada pode produzir um corte no lábio da vítima, 
configurando violência, mas pode também não deixar ferimento, representando a via 
de fato. É possível que o agente prefira produzir um insulto dessa forma, o que, aliás, é 
igualmente infamante. Neste caso, se tiver havido violência, há concurso da injúria com 
o delito de lesões corporais. Circunscrevendo-se, unicamente, às vias de fato, fica a 
contravenção absorvida pela injúria chamada real. A pena é de detenção, de três meses 
a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência; 
b) é o cometimento da injúria com base em características de pessoas vulneráveis (§ 
3º). A pena é de reclusão, de um a três anos, e multa. Torna-se mais grave a injúria 
quando se vale de atributos pessoais de quem integra um grupo mais frágil ou visado, 
como os adeptos de religiões, idosos e deficientes físicos ou mentais. Ofender a honra 
subjetiva de alguém, valendo-se desses elementos, significa usar paradigmas muito 
conhecidos e sujeitos a gerar a lesão ao amor-próprio. Entretanto, essa injúria 
qualificada pode ser tipificada como uma prática racista, quando o intuito se voltar não 
apenas contra a dignidade ou o decoro da vítima, mas a uma forma de discriminação e 
segregação de pessoas. A Lei 14.532/2023 criou o art. 2º-A na Lei 7.716/1989, migrando 
os fatores referentes a raça, cor, etnia e procedência nacional, e elevando a pena, o que, 
por si só, não afeta o entendimento do STF no sentido de que os insultos a judeus ou 
homossexuais, por exemplo, podem ser manifestações racistas. A posição do Supremo 
Tribunal Federal reviu o conceito de raça e, lastreado em interpretação evolutiva, 
concluiu tratar-se de um grupo de pessoas vulneráveis e socialmente minoritárias, no 
qual foram inseridas a religião. 
A utilização da religião e da orientação sexual com o fito segregacionista foi tipificada 
no âmbito do termo raça, pelo Pretório Excelso, que agora é transferido para a Lei 
7.716/1989, com pena mais elevada e ação pública incondicionada. Sob outro aspecto, 
em tese, pode-se utilizar a religião, a idade avançada ou a deficiência como puro 
xingamento, como, por exemplo, dentro de uma reunião familiar, em que não se 
pretende excluir ninguém, mas somente humilhar, de modo que nasce a injúria 
qualificada (há exemplos extraídos da jurisprudência, como “bicha espírita” e “velha 
safada”). O insulto proferido em público a alguém, por conta de sua religião, visando ao 
seu afastamento de determinado grupo, como num clube recreativo, constitui injúria 
racial, aplicando-se o art. 2º-A da Lei 7.716/1989. 
Há que se analisar o elemento subjetivo específico implícito na ofensa: se honra ou 
também segregação. Por outro lado, quando se trata de ofensa por conta da cor da pele, 
ingressa-se em fator mais intenso, que extravasa a meta de macular a honra para 
adentrar, sempre, o nefasto campo do racismo estrutural, que há muito tempo assola a 
sociedade brasileira, constituindo, por natureza, a injúria racial, agora tipificada no art. 
2º-A da Lei 7.716/1989. Em suma, a injúria qualificada do § 3º do art. 140 pode

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