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CS_24 1_ UNIDADE 2_1 _ CEUMA CIENCIAS SOCIAIS

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Introdução
Estimado(a) estudante, ao iniciar este material  sobre os fundamentos teóricos e
metodológicos das ciências sociais gostaríamos de encorajá-lo(a) para esta
empreitada. Salientamos que, apesar das dificuldades que surgem no caminho e
dos momentos de aridez enfrentados por todos os que se aventuram nos caminhos
do conhecimento, a recompensa pelo aprendizado é grande e produz autêntica
satisfação. 
Neste material  procuraremos compreender os fundamentos teóricos e
metodológicos das ciências sociais. Definiremos o que são as ciências sociais, quais
as suas diferenças em relação às demais ciências e quais suas particularidades.
Vamos retomar, brevemente, como o pensamento científico se desenvolveu ao
longo da história e como surgiu o método científico moderno no contexto de
ascensão do capitalismo. Em seguida, trataremos sobre as especificidades das
ciências sociais.
Objetivos de Aprendizagem
Refletir sobre a ciência e as particularidades das ciências sociais.
As Ciências e as Ciências Sociais 
Josimar Priori
Autor
Solange Santos de Araujo
Autor
Fúlvio Branco Godinho de Castro
Autor
Surgimento do Pensamento Racional
O pensamento racional surge na Grécia Antiga e significa uma grande ruptura com
os padrões de organização humana desde então. Conhecida como o berço da
civilização ocidental, é na Grécia antiga que foi inventada a filosofia e, a partir dela,
toda forma de conhecimento racional e científico, como a Matemática, Física e
Química.
Mas pensamento racional, o que é isso? Para definirmos o que é o pensamento
racional precisamos nos remeter a um outro conceito, o mito. Nas sociedades
antigas e, em grande medida, ainda na atualidade, boa parte de nossas referências
sobre a origem do mundo, da vida e do ser humano e sobre a vida prática é
explicada pelo conhecimento mítico.
É importante desde já notar que o mito não é uma mentira, ao contrário, é uma
forma específica de construir e transmitir uma forma de conhecimento com
validade prática. Mito, de fato, é uma forma alegórica de explicar alguma coisa, ou
seja, por meio de uma metáfora e da invenção de uma história há muito tempo
acontecida se formula uma explicação para determinado fenômeno. Essa
explicação, por sua vez, tem uma eficácia prática porque serve de referência para o
grupo em questão se orientar sobre determinado assunto, não sendo,
necessariamente, uma verdade absoluta.
Atenção!
O que é um mito?
Um mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos
astros, da Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da
água, dos ventos, do bem e do mal, da saúde e da doença, da morte,
dos instrumentos de trabalho, das raças, das guerras, do poder etc.).
A palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: do
verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do
verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar). Para os
gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes
que recebem como verdadeira a narrativa, porque confiam naquele
que narra; é uma narrativa feita em público, baseada, portanto, na
autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador. E essa autoridade
vem do fato de que ele ou testemunhou diretamente o que está
narrando ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os
acontecimentos narrados.
Fonte: Chauí (2000, pp. 32-35).
A filosofia nasceu entre o final do século VII a.C., e início do século VI a.C. Neste
período, a Grécia Antiga desenvolve um contexto favorável ao desenvolvimento do
pensamento filosófico, com o surgimento da vida urbana e o desenvolvimento da
política. Uma  parte da população, liberada da atividade do trabalho, os chamados
homens livres, dispunha de tempo livre, do ócio, para fazer política em praça
pública e para desenvolver novas formas de pensamento.
Neste contexto, alguns problemas passam a inquietar os gregos. Eis alguns deles:
qual a origem do mundo e da vida? Por que os seres nascem e morrem? Por que os
seres produzem frutos semelhantes a si mesmo? Por que as coisas mudam?
Explicações para essas e outras perguntas já eram dadas pela tradição e pelos
mitos, no entanto, um grupo de homens já não se satisfazia com as respostas
míticas e passou a perseguir novas respostas, daí  progressivamente se desenvolve
a filosofia, isto é, os amigos da Sofia, do saber. Assim, progressivamente, mito e
filosofia passam a se diferenciar e operar em campos distintos e mesmo opostos.
A Filósofa brasileira Marilena Chauí (2000, pp. 34-35) demonstra que entre as
diferenças entre mito e filosofia, as três seguintes são as mais importantes:
1. O mito pretendia narrar como as coisas eram ou tinham sido no
passado imemorial, longínquo e fabuloso, voltando-se para o
que era antes que tudo existisse tal como existe no presente. A
Filosofia, ao contrário, se preocupa em explicar como e por que,
no passado, no presente e no futuro (isto é, na totalidade do
tempo), as coisas são como são;
2. O mito narrava a origem através de genealogias e rivalidades ou
alianças entre forças divinas sobrenaturais e personalizadas,
enquanto a Filosofia, ao contrário, explica a produção natural
das coisas por elementos e causas naturais e impessoais. O mito
falava em Urano, Ponto e Gaia; a Filosofia fala em céu, mar e
terra. O mito narra a origem dos seres celestes (os astros),
terrestres (plantas, animais, homens) e marinhos pelos
casamentos de Gaia com Urano e Ponto. A Filosofia explica o
surgimento desses seres por composição, combinação e
separação dos quatro elementos - úmido, seco, quente e frio, ou
água, terra, fogo e ar.
3. O mito não se importava com contradições, com o fabuloso e o
incompreensível, não só porque esses eram traços próprios da
narrativa mítica, como também porque a confiança e a crença
no mito vinham da autoridade religiosa do narrador. A Filosofia,
ao contrário, não admite contradições, fabulação e coisas
incompreensíveis, mas exige que a explicação seja coerente,
lógica e racional; além disso, a autoridade da explicação não
vem da pessoa do filósofo, mas da razão, que é a mesma em
todos os seres humanos.
Assim, a filosofia foge dos achismos, das aparências e das crenças. Dessa forma, é
uma indagação sistemática, isto é, formada a partir de regras precisas e rigorosas,
sustentadas por um método, que ponto de partida o questionamento e a dúvida e
exige que as respostas sejam verdadeiras e provadas racionalmente:
O conhecimento filosófico é um trabalho intelectual. É
sistemático porque não se contenta em obter respostas para as
questões colocadas, mas exige que as próprias questões sejam
válidas e, em segundo lugar, que as respostas sejam
verdadeiras, estejam relacionadas entre si, esclareçam umas às
outras, formem conjuntos coerentes de ideias e significações,
sejam provadas e demonstradas racionalmente (CHAUÍ, 2000, p.
25).
A partir do desenvolvimento da filosofia muitas mudanças ocorrem. O primeiro
filósofo foi Tales de Mileto e depois dele se seguiram muitos outros. Na Grécia Antiga,
os mais notáveis foram Sócrates, Platão e Aristóteles. Este é considerado o Pai da
Ciência por ser o primeiro grande sistematizador das ciências como a Física,
Biologia e Astronomia. Aristóteles, de fato, apresenta “uma verdadeira enciclopédia
de todo o saber que foi produzido e acumulado pelos gregos em todos os ramos do
pensamento e da prática [...]” (CHAUÍ, 2000, p. 48). Neste período, o conhecimento
científico era de natureza teorética, isto é, era voltado para a observação e
contemplação da natureza e, desta forma, não pretendia transformá-la, como
ocorrerá no desenvolvimento da ciência moderna que nasce juntamente com o
capitalismo, como veremos mais adiante.
Com a conquista da Grécia pelo Império Romano a filosofia foi incorporada pelos
romanos, onde continuou se desenvolvendo. No entanto, a queda do Império
Romano ocidental em 476 marca o fim da idade clássica e o aparecimento de uma
nova organização social, que terá, entre outras características, a submissão do
pensamento racional à religião. Essa nova organização sociale econômica é
conhecida por Idade Média e durou aproximadamente um milênio.
A Idade Média e o Encolhimento do
Pensamento Racional
A Idade Média foi um período peculiar da história europeia em que a Igreja Católica
passou a exercer o domínio espiritual e influenciar profundamente as práticas
políticas, sociais, econômicas e culturais. No plano socioeconômico, a sociedade da
Idade Média, conhecida como feudalismo, é marcada pela organização
predominante em torno dos feudos, dirigidos por um senhor feudal. Socialmente,
esta sociedade é definida pela imobilidade social, isto é, a posição socioeconômica
ocupada por um grande grupo estava determinada pela tradição e pelos laços
feudais e jamais podiam ser rompidas. O filho de um servo herdaria a condição de
servo e assim sucessivamente. O filho do nobre, por sua vez, seria nobre e assim por
diante. A esta característica é dado o nome de estamento, o que consiste em uma
posição fixa de um grupo em uma estrutura social. A sociedade da Idade Média era
composta por três estamentos: os servos, a nobreza e o clero, sendo que cada um
deles ocupava uma posição distinta e legitimada pela tradição religiosa católica. A
exemplo da cidade celeste, a cada grupo social competia uma função determinada
por Deus. Aos servos cabia o trabalho, aos senhores feudais a guerra e ao clero a
santificação.
Este período da história europeia foi chamado de “idade das trevas” pela sociedade
subsequente, durante o renascimento cultural. Com efeito, ao longo da Idade Média
a Igreja exerceu um grande controle sobre as questões políticas, econômicas e
culturais e tudo deveria passar pela chancela da Igreja. Boa parte da filosofia,
literatura, arte e ciência greco-romana foi descartada ou então cristianizada pelos
padres da Igreja, entre os quais se destacaram Santo Agostinho e São Tomás de
Aquino.
Aos servos, a maioria absoluta da sociedade, cabia apenas trabalhar nas terras
cedidas pelo senhor feudal, em nome do pacto de vassalagem, e nas terras do
próprio senhor. Além disso, os servos eram obrigados a pagar diversos tributos, tais
como o dízimo, a corveia e a talha. Por outro lado, estavam presos à terra e não
podiam participar das decisões afetas a sua própria vida, bem como não tinham
acesso à educação e ao conhecimento. Em posse da Igreja, apenas o clero e alguns
poucos nobres sabiam ler e escrever. Dentro deste contexto, toda busca de saber
que divergisse ou pusesse em risco o poder da Igreja Católica era perseguido e
reprimido brutalmente.
O Renascimento Cultural e o Método
Científico
Com o passar dos séculos e com o desenvolvimento dos próprios servos, aos
poucos as coisas mudam na Europa. A servidão que antes estava ligada ao senhor
feudal passa a romper os vínculos com o feudalismo e se articula autonomamente.
Nesse período ocorre a formação dos chamados burgos, que são feiras comerciais
onde se desenvolve uma nova classe social, a burguesia. O mundo europeu passa
então a presenciar grandes transformações, tanto econômica, como políticas e
culturais. O renascimento comercial impulsiona o desenvolvimento de novas
cidades, a unificação territorial e o surgimento das grandes monarquias, tais como
a portuguesa e espanhola, inglesa e francesa. A expansão ultramarina impulsiona
ainda mais o desenvolvimento dessa nova sociedade nascente. No entanto, as
mudanças não foram apenas econômicas e sociais, uma nova concepção de
homem surge neste momento e a partir daí uma nova concepção de ciência.
Estamos falando do chamado renascimento cultural, corrente artística, filosófica,
científica e humanista que surge no período final da Idade Média e início da Idade
Moderna, entre os séculos XIV e XV. Dentro do quadro de mudanças, o teocentrismo
(doutrina da Idade Média que colocava Deus como o centro) é combatido à
medida que o homem é trazido para o centro do universo, donde vem a expressão
antropocentrismo. A expressão “Renascimento” não é adotada aleatoriamente, mas
utilizada com a intenção de afirmar que o novo espírito cultural buscava resgatar os
princípios racionais já cultivados na Grécia e Roma antiga.
Segundo Chauí (2000, pp. 508-509), os renascentistas,
esperavam reencontrar o pensamento, as artes, a ética, as
técnicas e a política existentes antes que o saber tivesse sido
considerado privilégio da Igreja e os teólogos houvessem
adquirido autoridade para decidir o que poderia e o que não
poderia ser pensado, dito e feito. Filósofos, historiadores,
dramaturgos, retóricos, tratados de medicina, biologia,
arquitetura, matemática, enfim, tudo o que fora criado pela
cultura antiga é lido, traduzido, comentado e aplicado.
Entre as novidades do Renascimento, a que nos interessa mais diretamente é a
criação do método científico moderno, baseado na observação da natureza e na
realização de experimentos e na comparação. A partir desta nova concepção de
ciência o homem não busca mais apenas contemplar a natureza, mas controlá-la e
transformá-la. Segundo Gasparin (2005, pp. 15-16),
No campo científico, houve um grande desenvolvimento da
ciência da natureza, que se expressou por meio da observação
científica e da experimentação; acelerou-se o processo de
desenvolvimento das artes mecânicas; foram feitas novas
descobertas no campo da astronomia; realizaram-se grandes
viagens na busca de novas terras, na conquista de outros povos
pelas nações mais desenvolvidas; o homem começou a passar
do teocentrismo para o antropocentrismo; a Bíblia foi posta em
confronto com os dados das novas descobertas científicas; o
prestígio da Igreja Católica foi abalado pela Reforma; surgiu
uma nova filosofia, um novo modo de pensar, uma nova
educação. Essa efervescência caracterizou a atmosfera do
Renascimento.
É deste período o surgimento do método científico, o qual impulsionará uma
revolução científica, culminando com a Revolução Industrial e com as invenções
como a máquina a vapor, o motor de combustão interna, a eletricidade e a
descoberta do petróleo. Reconhecido como criador da Ciência Moderna, o inglês
Francis Bacon (1561-1626) foi o “principal defensor do método científico e do estudo
direto da natureza. Seu esforço em favor do progresso do saber, do método indutivo
e da aplicação prática da ciência conquistou um lugar importante na história da
educação” (GASPARIN, 2005, p. 20). Bacon empreendeu a chamada grande
renovação, na qual propunha a revolução do saber, ao adotar novos métodos para
o conhecimento da natureza. Em 1620 publicou uma obra de metodologia científica
intitulada Novum Organum, que objetivava substituir o Organon de Aristóteles, obra
ainda tomada como referência à época de Bacon no que tange ao método
científico. Para Francis Bacon, o Organon de Aristóteles, ao adotar a lógica dedutiva
(parte-se do geral para chegar ao particular), não levava ao saber no campo da
natureza, assim, em sua obra, propõe a adoção do método indutivo (parte-se do
particular para chegar ao geral),
Baseado na ideia de que as observações do mundo exterior
pelos sentidos, combinadas com a experimentação,
constituíam-se na fonte do verdadeiro conhecimento. Neste
sentido, foi o inventor do método experimental, fundador da
ciência moderna e do empirismo, preconizando uma ciência
sustentada pela observação e experimentação. Formulou
indutivamente as leis da nova ciência, partindo da consideração
de casos particulares e ascendendo às generalizações
(GASPARIN, 2005, p. 20).
 
Atenção!
O que foi a Revolução Industrial?
A Revolução Industrial tem seu início no século XVIII, na Inglaterra, onde
ocorre um “boom” da chamada industrialização capitalista (UGARTE,
2005). Esse período demarca a  transição da Europa Feudal, que como
já vimos anteriormente, se baseava na relação entre o senhor feudal e
servos, sendo a sua produção voltada para o atendimento de
necessidades básicas, como exemplo a agricultura de subsistência,
passando para a industrialização em larga escala, alterando todo um
complexo social, cultural e econômico.
Além das mudanças relacionadas à produção, a Revolução Industrial
causou uma reviravoltana vida das pessoas, que antes moravam em
pequenos feudos e produziam para subsistência e após a Revolução
Industrial se viram obrigadas a morar em cidades em locais indignos e
trabalhando em longas jornadas de trabalho, inclusive crianças, como
é apontado no trecho a seguir retirado do livro “O Capital”, de Karl
Marx:
Crianças entre 9 e 10 anos de idade são tiradas de suas camas
encardidas de madrugada forçadas a trabalhar, para seu próprio
sustento, até às 10, 11, 12 horas da noite, enquanto seus membros se
enfraquecem, seus corpos definham, suas faces ficam pálidas e sua
essência humana se enrijece inteiramente em um torpor pétreo, cuja
mera visão já é algo terrível.
Fonte: Marx (2015).
Outro pensador que deu contribuição decisiva para a formação da ciência
moderna foi o francês René Descartes. Ao contrário de Francis Bacon, Descartes foi
defensor do método dedutivo e do racionalismo, isso significa que ele acreditava
que o ser humano possui ideias inatas, isto é, que já nascem com o homem. Para
Descartes, era preferível não buscar a verdade se não for fazê-lo por meio de um
método rigoroso, pois o contrário mais obscureceria do que solucionaria problemas.
Descartes fundamenta seu método na ciência que examina a
ordem e a medida de tudo, isto é, a Matemática universal. O
verdadeiro método de investigação cartesiano tem, portanto,
seus fundamentos na certeza, na medida, na ordem e na
evidência da matemática (GASPARIN, 2005, p. 29).
Para Descartes, método seriam regras que permitiriam ao homem nunca tomar o
falso por verdadeiro:
Entendo por método regras certas e fáceis, que permitem a
quem exatamente as observar nunca tomar por verdadeiro algo
de falso, e sem desperdiçar inutilmente nenhum esforço da
mente, mas aumentando sempre gradualmente o saber, atingir
o conhecimento verdadeiro de tudo o que será capaz de saber
(DESCARTES apud GASPARIN, 2005, p. 29).
 
Neste período que vai desde o século XV até o XVII, a ciência progressivamente se
separou da filosofia e consolidou-se, gerando na sociedade da época grandes
expectativas. Ocorre a chamada Revolução Científica. Importantes novidades da
Revolução Científica foram a publicação das obras De revolutionibus orbium
coelestium ("Das revoluções das esferas celestes") por Nicolau Copérnico (1473-
1543) e De Humani Corporis Fabrica ("Da Organização do Corpo Humano")
por Andreas Vesalius (1514-1564). Galileu Galilei e Johannes Kepler (1571-1630)
também deram contribuições decisivas com a respectiva publicação de “Diálogo
sobre os Dois Principais Sistemas do Mundo e a chamada Leis de Kepler”. Com o
surgimento da Revolução Científica a ciência modificou profundamente sua forma
e sua função se ajustando aos ideais de formação de um novo mundo da crescente
burguesia. 
Atenção!
Oliver Twist (2005)
O filme “Oliver Twist”, de 2005, é baseado no livro de Charles Dickens
(1812-1870), no qual conta a história de um menino órfão que depois de
sofrer maus-tratos no orfanato onde morava, foge para morar nas
ruas da Inglaterra.
O pano de fundo dessa história é a Pós Revolução Industrial, cujo autor
aproveita este contexto para apontar os problemas da época, como: a
exploração infantil, as más condições de trabalho e a precarização da
cidade.
Essa história é tão clássica e atual, que além do livro e do filme, em
2016 foi produzido no Brasil uma peça teatral que leva o mesmo nome,
sendo que logo no início do espetáculo o narrador diz: “[...] poderia ser
também a saga de um sírio ou de um mirrado brasileiro”.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Senso Comum e Ciência
 Para compreendermos melhor o significado da ciência é importante demarcar a
distinção entre o pensamento científico e o senso comum. Se fôssemos indagados
a respeito da origem da vida ou das doenças, das causas da morte ou sobre a
origem das desigualdades sociais o que responderíamos? Certamente respostas
diferentes apareceriam, mas provavelmente a maioria delas baseadas em nossas
experiências e no conhecimento que adquirimos ao longo da vida. Para a origem da
vida poderíamos responder que foi pela vontade de Deus que o universo e tudo que
existe, inclusive a vida, foi criado. As causas das doenças e da morte, com a mesma
premissa divina, poderíamos afirmar que são punições ao homem devido o pecado.
Já para as desigualdades sociais poderíamos responder que os pobres estão nesta
condição por infidelidade a Deus ou então darmos uma explicação “mais moderna”
e salientarmos que eles são pobres porque não souberam aproveitar as
oportunidades e porque não se esforçaram tanto quanto os ricos.
Não é a nossa intenção neste livro elaborar uma imagem negativa do senso
comum. Queremos tão somente esclarecer que ele é uma forma de inserção no
mundo baseada nas experiências imediatas e orienta nosso comportamento no dia
a dia. Evidentemente, em torno do senso comum orbita muito preconceito,
superstições, lendas e crenças. Nesse sentido, podemos afirmar que o senso
comum pode ser uma visão preconceituosa sobre a realidade, que embaça os
nossos olhos e nos impede de enxergarmos a essência das coisas.
Nesse nível, o senso comum acaba servindo como uma ferramenta de manutenção
de um padrão estabelecido e impede que as pessoas questionem a ordem social e
as estruturas de dominação e opressão da mesma. Veja o exemplo, para os
poderosos de uma sociedade não é interessante que as pessoas mais pobres
relacionem a desigualdade social à exploração da pobreza ou à propriedade
privada. No momento em que o cidadão desta sociedade percebe que sua pobreza
está relacionada à riqueza do rico, este estará com problemas.
Portanto, parte do senso comum opera como uma ferramenta de manutenção do
poder. Da mesma forma, não é interessante para os dominantes de determinada
religião que seus dogmas sejam questionados, pois tal colocaria em risco sua
condição. Neste registro, portanto, podemos afirmar que o senso comum é uma
maneira ilusória de perceber os fatos, pois ele observa apenas a aparência do
fenômeno e a toma como verdade, como no caso da crença de que o sol gira em
torno da terra. De fato, durante muitos séculos, acreditou-se piamente que tal
afirmação era verdadeira até que em determinado momento sob muitos riscos
provou-se equivocado.
No entanto, por outro lado é preciso ter claro que ninguém sobreviveria sem as
referências do senso comum. Se ele engendra preconceitos, ele também serve de
orientação para a vida de todos nós em nosso dia a dia. De fato, a cada vez que
acordamos não nos perguntamos sobre as razões pelas quais despertamos e
porque nosso coração continuou batendo. Simplesmente vivemos. Do ponto de
vista prático, boa parte de nossas ações se orientam por esta forma de
conhecimento. A sabedoria popular, o conhecimento dos mais velhos, a intuição
das mães sempre foram ferramentas indispensáveis para a continuidade da
sociedade.
Atenção!
Espetáculo das “Fake News”
 
O videocast “Espetáculo das ‘fake news’” é o 38º episódio da coluna
Mídia e Ciência, produzido em 2018, pelo canal do Youtube ClickCiência
UFSCar. Neste episódio, apresentado por Mariana Pezzo, é debatido
sobre o fenômeno das “fake news” e como o conhecimento já
acumulado pode dialogar com um conhecimento mais crítico e
sistematizado, ou seja, Pezzo não descarta o conhecimento já
adquirido, apenas faz apontamentos de como sistematizá-lo, olhando
com um olhar crítico, neste caso específico, para as “fakes news”.
 
Fonte:  Elaborado pelos autores.
Mesmo reconhecendo o valor do senso comum, para o homem que deseja buscar a
origem verdadeira das coisas é preciso ir além. De fato, já está mais do que provado
que nossos sentidos nos enganam e que não raro podemos trocar as causas pelas
consequências ou pelas aparências. E como diria a própria sabedoria popular, “as
aparências enganam”. Embora aparentemente, por exemplo, a riqueza seja fruto
exclusivamente do esforço dos ricos, a sociologia e a economia demonstram
categoricamente que na realidade a riqueza é a parte do trabalho produzido pelo
trabalhador e não pago a ele.
Da mesma forma,embora o modelo de família “papai, mamãe e filhos” se
apresenta a nós como natural, antropólogos e historiadores têm demonstrado que
o que entendemos por família é uma invenção bem recente e encontrada apenas
na Europa Ocidental, não existindo em sociedades como as africanas, asiáticas e
americanas pré-colombianas. Com efeito, são os mais variados possíveis os
diversos arranjos familiares encontrados nos diversos grupos humanos. Embora
tendemos  a tomar o modelo cristão tradicional como o único verdadeiro e natural,
na realidade existem múltiplos modelos familiares e eles, tanto quanto o cristão
tradicional, são construídos socialmente e coerente dentro do seu sistema cultural.
Portanto, a ciência, em plano oposto ao senso comum, persegue mesmo a verdade
das coisas. Mas atenção, a ciência não é proprietária da verdade absoluta ou
eterna. A ciência mesma é passível de ser questionada e verdades científicas se
modificam ao longo da história. Deste modo, antes de tudo, a diferença entre
ciência e senso comum está na atitude desconfiança do cientista:
antes de mais nada, a ciência desconfia da veracidade de
nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da
ausência da crítica e da falta de curiosidade. Por isso, onde
vemos coisas, fatos e acontecimentos, a atitude científica vê
problemas e obstáculos, aparências que precisam ser
explicadas e, em certos casos, afastadas (CHAUÍ, 2012, p. 274).
Segundo Chauí (2012), em praticamente todos os aspectos a ciência se distingue
das características do senso comum. Para a autora, são essas algumas das
principais características da ciência. Ela é objetiva, ou seja, busca estruturas
universais e necessárias dos objetos investigados. A ciência é quantitativa, pois
busca medidas, padrões e comparação entre coisas aparentemente diferentes. A
ciência é homogênea à medida que busca as leis gerais dos fenômenos. É
generalizadora, pois engloba individualidades em uma mesma lei, mostrando que
embora aparentemente sejam coisas diferentes são regidas pela mesma lei. A
ciência também é diferenciadora, pois não classifica na mesma lei fenômenos que
são determinados por estruturas diferentes. A ciência só estabelece relações de
causa e consequência depois de investigar a natureza do fato estudado e
compará-lo com outros diferentes e semelhantes. Por fim, a ciência:
procura renovar-se e modificar-se continuamente, evitando as
transformações das teorias em doutrinas e destas em
preconceitos sociais. O fato científico resulta de um trabalho
paciente e lento de investigação e de pesquisa racional, aberto
das mudanças, não sendo nem um mistério incompreensível
nem uma doutrina geral sobre o mundo (CHAUÍ, 2012, p. 275, grifo
da autora).
Diferentemente do senso comum, a ciência nutre uma preocupação com a
veracidade das afirmações, as quais são feitas após lento e rigoroso trabalho de
observação, investigação, questionamento e validação das hipóteses. A ciência tem
como finalidade descrever, explicar e prever de modo mais completo possível uma
categoria de fenômenos. Segundo Chauí (2012, p. 276), para a constituição de uma
ciência são exigidos certos pré-requisitos:
Delimitar ou definir os fatos a investigar, separando-os de outros
semelhantes ou diferentes; estabelecer os procedimentos
metodológicos para observação, experimentação e verificação
dos fatos; construir instrumentos técnicos e condições de
laboratório específicas para a pesquisa; elaborar um conjunto
sistemático de conceitos que formem a teoria geral dos
fenômenos estudados, que controlem e guiem o andamento da
pesquisa, além de ampliá-la com novas investigações, e
permitam a previsão de fatos novos com base nos já
conhecidos.
Ou seja, retomando o que vimos ao longo desse tópico, a afirmação de Chauí (2012)
busca demonstrar como o senso comum e a ciência se diferenciam entre si, pois a
utilização dos procedimentos metodológicos é o que traz veracidade àquilo que é
produzido pela ciência.
As Ciências do Homem ou Ciências Sociais
Embora a ciência possua uma lógica geral e unificadora válida para os diferentes
ramos científicos, as ciências específicas possuem características particulares e
diferenciadoras entre si, sobretudo, no que tange a relação entre ciências exatas e
naturais por um lado e ciências humanas e sociais por outro. O filósofo da ciência,
Gilles-Gaston Granger (1994), classifica primariamente a ciência em duas
categorias. De um lado, o autor situa as ciências exatas ou matemáticas e por outro
as ciências da empiria. No interior das ciências da empiria, por sua vez, se
encontram  as ciências naturais e as ciências dos fatos humanos.
Atenção!
Ciências matemáticas e naturais
 
Ciencias
Matemáticas e
natirais
São
aceitas
como: 
Apresenta resultados independentes de
subjetividade humana 
Verdadeiras
ciências 
ou seja,
que tem: 
Humano como
objeto de
conhecimento 
Demonstra objetivo de estudo
Enquanto as ciências matemáticas e naturais são aceitas
amplamente como verdadeiras ciências, as ciências dos fatos
humanos (ou seja, aquelas que têm o humano como objeto de
conhecimento) têm recorrentemente o seu estatuto científico
questionado. Enquanto as ciências matemáticas e da natureza, com
certa facilidade, demonstram seus objetivos de estudo e sejam
capazes de apresentar resultados independentes da subjetividade
humana, já que o objeto destas ciências está fora do homem, as
ciências humanas ou sociais possuem grande dificuldade de manter a
objetividade científica nos mesmos padrões das ciências naturais.
Fonte: Elaborada pela autora.
Um esclarecimento importante a ser feito antes de prosseguirmos é a opção pelo
entendimento de ciências humanas e ciências sociais como sinônimas nesse nível
de análise que mantemos neste trabalho. Embora exista um debate sobre as
diferenças entre as ciências humanas e as ciências sociais, assim como Chauí,
trataremos as duas nomenclaturas no mesmo nível. Desse modo, as ciências
humanas ou sociais compreendem áreas do conhecimento como Psicologia,
Sociologia, Antropologia, Geografia Humana, Economia, Linguística, Psicanálise,
Arqueologia, História etc.
Há um grande debate em torno das ciências sociais, partindo justamente do
questionamento se elas são de fato ciências. Tal fato deve ser compreendido
historicamente. Enquanto as ciências matemáticas e naturais se consolidam ao
longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, a Sociologia é fundada por Auguste Comte na
primeira metade do século XIX, sendo a sua criação resultado dos impactos
causados pela Revolução Industrial, da qual transforma toda a forma de produção
de mercadorias, passando da manufatura à maquinaria, e também a Revolução
Francesa, com o aparecimento dos novos ideários de liberdade, igualdade e
fraternidade.
Auguste Comte (1798-1857) concebia a fundação de uma ciência da sociedade,
seguindo os mesmos padrões de objetividade das ciências naturais. Em um
momento de grande otimismo, de esperança e de crença na ciência e de que por
meio dela o homem instauraria a felicidade aqui na terra, Comte aparece como
propositor do uso dos mesmos métodos das ciências naturais para a ciência que
pretendia criar, a ciência da sociedade.
Segundo Auguste Comte toda a humanidade passa por três estágios de
desenvolvimento, o teológico, metafísico e positivo. No estado teológico, diante da
diversidade da natureza o homem só consegue explicá-la por meio de crenças
sobrenaturais. A imaginação e fantasia são centrais nesse momento e o homem
acredita ter o conhecimento pleno. O estado teológico é sucedido pelo metafísico,
quando o homem concebe forças abstratas e ideias gerais para explicar os
fenômenos. O estágio corresponde ao desenvolvimento da filosofia. Finalmente, o
homem chegaria ao estágio positivo, no qual triunfaria a ciência e a imaginação e a
argumentação seriam subordinadas à observação. No estágio positivo, sinônimo de
científico, o homem deixaria de formular explicações supersticiosas ou abstratas e
passaria a explicar os fatos por meio de leis científicas, tão verdadeiras quanto a lei
da gravidade. Acaracterística central do conhecimento positivo é a previsão, isto é,
conhecer para prever é o lema Comteano.
Todos os ramos do conhecimento, assim como todos os homens, passariam por
estes três estágios, segundo Comte, mas em períodos históricos diferenciados. Para
ele, o primeiro ramo do saber a chegar ao estado positivo e, portanto, científico,
foram a matemática e a astronomia, que atingiram esse patamar ainda na idade
antiga, mais especificamente na Grécia Antiga. Sucessivamente, os demais ramos
do saber chegam ao estágio positivo, nesta sequência: Matemática, Astronomia,
Física, Química, Biologia e, finalmente, a Sociologia.
Sendo a mais complexa das ciências, a sociologia também seria a última a se
desenvolver. Comte defendia que a sociologia se valesse do mesmo método
(observação, experimentação e comparação) das demais ciências, tanto que
primeiramente não chamou a nova ciência de sociologia, mas de física social. Seria,
portanto, tarefa da ciência da sociedade pesquisar e descobrir as leis estáticas e
dinâmicas que regem o comportamento humano. É importante frisar também que
a sociologia é entendida por Comte em um sentido  amplo e compreende a
psicologia, a economia política, a ética e a filosofia da história. Segundo Gil (2008, p.
4), as principais características do positivismo são:
1. O conhecimento científico, tanto da natureza, quanto da
sociedade, é objetivo, não podendo ser influenciado de forma
alguma pelo pesquisador; 2. O conhecimento científico repousa
na experimentação; 3) o conhecimento científico é quantitativo;
e 4. O conhecimento científico supõe a existência de leis que
determinam a ocorrência dos fatos.
No entanto, Auguste Comte não chegou a desenvolver esta concepção de
sociologia. Tal tarefa coube ao sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917). De
fato, Durkheim incorpora os preceitos positivistas em suas pesquisas sociológicas.
No intuito de manter a objetividade, o sociólogo francês defende que os fatos
sociais, objetivo de estudo da sociologia, sejam tratados como coisas. Deste modo,
é dever do pesquisador se distanciar do seu objeto de estudo, o que torna possível a
manutenção da neutralidade durante a realização da pesquisa social. Por
neutralidade, se deve entender o esforço feito para evitar que as crenças e opiniões
do pesquisador interfiram no resultado da pesquisa.
Embora essa concepção positivista das ciências sociais tenha sido posta em
prática nas diversas áreas do saber do homem, como a geografia e a história, ela
apresenta muitos problemas e tem sofrido duras críticas ao longo do tempo, o que
acaba por permitir o questionamento do próprio estatuto científico das ciências
sociais. Segundo Chauí, por ter surgido após as ciências matemáticas e naturais já
terem conquistado respeitabilidade, as ciências sociais se viram obrigadas a seguir
os padrões daquelas, utilizando os mesmos métodos e técnicas propostos pelas
ciências da natureza, o que levou ao tratamento do homem como uma coisa
matematizável e experimentável. Do mesmo modo, as ciências sociais buscaram
empregar os métodos experimentais e buscar leis universais para os fenômenos
humanos, “como, entretanto, não era possível realizar uma transposição integral e
perfeita de métodos, as ciências humanas acabaram trabalhando por analogia
com as ciências naturais e seus resultados tornaram-se muito contestáveis e pouco
científicos” (CHAUÍ, 2012, p. 285).
Saiba mais!
Clássicos da Sociologia: Émile Durkheim
 O vídeo “Clássicos da Sociologia: Émile Durkheim” faz parte de uma
compilação de vídeos da disciplina Sociologia da Educação do curso
de Pedagogia Unesp / Univesp, em que nele Raquel Weiss, Doutora em
Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), Especialista em Émile
Durkheim e o sociólogo Gabriel Cohn, Doutor em Sociologia e professor
titular da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de São Paulo
(USP), apresentam a teoria de Émile Durkheim, demonstrando como o
sociólogo francês buscava em sua teoria enquadrar aspectos da vida
social em uma ciência da sociedade, sendo essa pautada em
aspectos meticulosos das ciências exatas. Para demonstrar como
Durkheim desenvolveu sua teoria, o vídeo exibe como exemplos do dia
a dia a rotina de uma escola localizada no município de Águas de São
Pedro, no interior de São Paulo, no qual é demonstrado como as teorias
de fato social e solidariedade são apresentadas a partir da rotina
dessa escola.
Para saber mais sobre esse assunto, acesse o vídeo:
Clique Aqui
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
De fato, a aplicação dos métodos das ciências naturais aos fenômenos humanos
em muitas situações é praticamente impossível. Por exemplo, como reproduzir
experimentalmente um trauma afetivo sofrido há muitos anos? Como observá-lo?
Como compará-lo? Evidentemente, tal situação envolve questões muito específicas
e particulares para poderem ser equiparadas fielmente a outras semelhantes. Da
mesma forma, o estudo do tempo passado do ponto de vista observacional e
experimental é impossível. Como reproduzir a Segunda Guerra Mundial em
laboratório, por exemplo? As ciências naturais buscam leis objetivas e gerais, mas
como objetivar elementos essencialmente subjetivos como as relações de amizade,
amor e ódio? 
De fato, as diferenças entre as ciências naturais e as ciências sociais advêm do
próprio objeto de estudo. Enquanto as primeiras tomam como objeto a própria
natureza, as ciências sociais estudam o homem enquanto ser social. Tem-se aí a
primeira dificuldade, pois o sujeito e o objeto do estudo se coincidem, isto é, quem
investiga e quem é investigado faz parte da mesma realidade. Camargo e Elebão
(2004, p. 7) afirmam que:
nas ciências naturais o objeto de estudo é a própria natureza,
uma realidade dada, exterior ao homem e o sujeito do
conhecimento se põe fora dela para estudá-la. Já nas ciências
humanas o objeto de estudo é o próprio homem, vivendo em
sociedade, ou seja, o homem nas suas relações com os outros
homens e com a própria natureza.
Assim, fica claro que dificilmente as ciências sociais podem aplicar os mesmos
postulados das ciências naturais em suas pesquisas. Segundo Gil (2008), para as
ciências sociais é difícil lidar com a quantificação, da mesma forma que é
complicado tratar os fatos sociais como coisas, pois também o pesquisador é um
ator social que exerce influência sobre o que pesquisa, o que torna inviável a
famigerada neutralidade científica nas ciências sociais.
Frente aos fatos sociais, o pesquisador não é capaz de ser
absolutamente objetivo. Ele tem suas preferências, inclinações,
interesses particulares, caprichos, preconceitos, interessa-se por
eles e os avalia com base num sistema de valores pessoais.
Diferentemente do pesquisador que atua no mundo das coisas
físicas – que não se encontra naturalmente envolvido com seu
objeto de estudo –, o cientista social, ao tratar de fatos como
criminalidade, discriminação social ou evasão escolar, está
tratando de uma realidade que não pode lhe ser estranha. Seus
valores e suas crenças pessoais o informam previamente
acerca do fenômeno, indicando se é bom ou mau, justo ou
injusto. É pouco provável, portanto, que ele seja capaz de tratá-
lo com absoluta neutralidade. Na verdade, nas ciências sociais, o
pesquisador é mais do que um observador objetivo: é um ator
envolvido no fenômeno (GIL, 2008, p. 5).
Apesar dessas dificuldades das ciências humanas, se a considerarmos em relação
às ciências naturais, não é possível rejeitar a condição de ciência para as ciências
sociais. No entanto, dada a natureza diferenciada do objeto de estudo das ciências
do homem, postulados e métodos diferenciados são requeridos. Desse modo, ao
longo da história destas ciências, os mais diversos estudiosos têm se debruçado
sobre esta problemática e buscado desenvolver estratégias que permitam o
conhecimento científico do homem.
O Método nas Ciências Sociais
O objetivo da ciência é chegar à veracidade dos fatos e para tal se vale de um
método. Para que o pesquisador não busque aleatoriamente respostas para suasperguntas é que se faz necessário o estabelecimento do método, ou seja, um
caminho seguro para se chegar aos objetivos propostos. Como diz a sabedoria
popular, quem não sabe o que procura, não sabe aonde quer chegar. Assim, o
método deve ser escolhido de forma a criar as melhores condições para a
investigação, isto é, facilitar o trajeto até a meta. Segundo Oliveira (1998, p. 17):
O método assinala, portanto, um percurso escolhido entre outros
possíveis. Não é sempre, porém, que o pesquisador tem
consciência de todos os aspectos que envolvem este seu
caminhar; nem por isso deixa de assumir um método. Todavia,
neste caso, corre muitos riscos de não proceder criteriosa e
coerentemente com as premissas teóricas que norteiam seu
pensamento. Quer dizer, o método não representa tão somente
um caminho qualquer entre outros, mas um caminho seguro,
uma via de acesso que permita interpretar com a maior
coerência e correção possíveis as questões sociais propostas
num dado estudo, dentro da perspectiva abraçada pelo
pesquisador.
A reflexão sobre o método pode ser cindida em duas frentes: o método como
conjunto de procedimentos teóricos que orientam a pesquisa e o método enquanto
técnicas de pesquisa utilizadas para recolher informações. Ao primeiro, Gil (2008)
chama de método de abordagem e, ao segundo, método de procedimentos. De
certa forma é possível afirmar que a primeira categoria de método abarca o
segundo ou pelo menos o condiciona. De fato, todo trabalho científico parte de uma
teoria, que nada mais é do que um conjunto orgânico e sistematizado de saberes
sobre determinada temática. Por exemplo, podemos falar em corpo teórico
marxista ou fenomenológico. Nesta teoria está contida determinada concepção de
realidade, pesquisa, sujeito e objetivos, de como deve ser feita uma pesquisa
científica e de como se deve proceder para obter um conhecimento genuíno. Neste
sentido podemos falar em concepção teórico-metodológica, ou seja, um conjunto
de pressupostos teóricos e metodológicos que aceitam determinadas concepções
e indicam caminhos para se chegar ao conhecimento.
Atenção!
O que Há de Ciência na Ciência Política
O podcast “O que há de ciência na ciência política” produzido pelo
jornalista João Paulo Charleaux do Jornal Nexo, traz como tema a
reflexão do trabalho do cientista político, ou seja, na discussão
protagonizada por ele e pelos cientistas políticos, Wagner Pralon
Mancuso, Doutor em ciência política e professor da USP (Universidade
de São Paulo) e Jairo Nicolau, Doutor em ciência política pelo Iuperj
(Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), discutem o
porquê do trabalho do cientista político ter esse caráter de
cientificidade, e argumentam que isso ocorre pela carga de pesquisas
realizadas e também especializações, como Mestrado e Doutorado
nessa área. Isto é, toda a discussão e estudos elaborados por eles,
nesse caso específico que é a Ciência Política, não parte meramente
de um senso comum, mas de uma metodologia de estudo desse
objeto que é a política.
Fonte: Charleaux (2016).
Com o desenvolvimento da reflexão em torno das ciências sociais cada vez mais se
fortalece a ideia de que estas ciências deveriam se valer de métodos específicos e
diferenciados das ciências da natureza. Neste sentido, progressivamente se
desenvolve diferentes corpos teórico-metodológicos que buscam refletir sobre as
possibilidades e os limites do conhecimento sobre o homem, dotados de uma
racionalidade própria, relativa ao ser humano. Segundo Chauí (2012, p. 287),
a constituição das ciências humanas como ciências específicas
consolidou-se a partir da contribuição de três correntes de
pensamento, que, entre os anos 20 e 50 do século XX,
provocaram uma ruptura epistemológica e uma revolução
científica no campo das humanidades.
 
Vale a pena acompanhar as palavras da autora na íntegra e observar como ela
caracteriza as três principais perspectivas teórico-metodológicas das ciências
humanas. Outra corrente importante para as Ciências Sociais é a weberiana,
explicitada juntamente com as citadas por Chauí: 
A Contribuição da Fenomenologia
Para entendermos a contribuição da fenomenologia, primeiro devemos entender
esse conceito. Segundo o Dicionário On-Line de Português, fenomenologia significa
o estudo analítico dos fenômenos, ou seja, a fenomenologia busca em seus estudos
a essência daquilo que é estudado.
A fenomenologia nos propõe um estudo aprofundado dos temas, buscando as suas
essências, podendo ser em âmbito psíquico, cultural e/ou social, como é apontado
por Chauí (2000, p. 130):
Fenomenologia significa: conhecimento daquilo que se
manifesta para nossa consciência, daquilo que está presente
para a consciência ou para a razão, daquilo que é organizado e
explicado a partir da própria estrutura da consciência. A verdade
se refere aos fenômenos e os fenômenos são o que a
consciência conhece.
Trazendo a discussão para as Ciências Sociais, é possível captarmos como a
fenomenologia é de grande importância para a pesquisa na área das
humanidades, pois por meio de sua metodologia que busca a essência do objeto
de pesquisa, esta também se aplica em nosso campo de estudo, nos
instrumentalizando em nosso trabalho.
A Contribuição do Estruturalismo  
A teoria estruturalista tem como seu principal expoente, o antropólogo Claude Lévis
Strauss (1908-2009), sendo seu trabalho um marco nas ciências humanas,
principalmente na antropologia.
Lévis Strauss apresentou na teoria estruturalista, assim como sua nomenclatura já
prega, que a sociedade está pautada em estruturas, ou seja, segundo o
antropólogo as estruturas das relações sociais é que consistem nas bases da
sociedade. Um exemplo disso é sua obra “As estruturas elementares de parentesco”,
de 1945, onde o autor aponta que as estruturas de contato que os indivíduos
mantêm são até mais fortes que as próprias ligações consanguíneas.
Em resumo, Lévis Strauss apontava que as relações sociais, as alianças realizadas
pelos indivíduos eram o que de fato estruturalizavam a sociedade para além dos
laços de sangue.
A Contribuição do Marxismo
Karl Marx é considerado uma das bases da Sociologia que conhecemos
atualmente. Sua obra buscou apreender o contexto da sociedade na formação da
Revolução Industrial, onde a sociedade começa a se transformar, a partir da
ascensão das fábricas e juntamente com elas as condições de pobreza da
população. Marx verificou que a sociedade passava a se dividir em classes sendo
elas a burguesia e o proletariado, como é apontado por Chauí (2000, pp. 287-289):
O marxismo permitiu compreender que os fatos humanos são
instituições sociais e históricas produzidas não pelo espírito e
pela vontade livre dos indivíduos, mas pelas condições objetivas
nas quais a ação e o pensamento humanos devem realizar-se.
Levou a compreender que os fatos humanos mais originários ou
primários são as relações dos homens com a Natureza na luta
pela sobrevivência e que tais relações são as de trabalho, dando
origem às primeiras instituições sociais: família (divisão sexual
do trabalho), pastoreio e agricultura (divisão social do trabalho),
troca e comércio (distribuição social dos produtos do trabalho).
Assim, as primeiras instituições sociais são econômicas. Para
mantê-las, o grupo social cria ideias e sentimentos, valores e
símbolos aceitos por todos e que justificam ou legitimam as
instituições assim criadas. Também para conservá-las, o grupo
social cria instituições de poder que sustentem (pela força, pelas
armas ou pelas leis) as relações sociais e as ideias-valores-
símbolos produzidos.
Dessa maneira, o marxismo permitiu às ciências humanas
compreender as articulações necessárias entre o plano
psicológico e o social da existência humana; entre o plano
econômico e o das instituições sociais e políticas; entre todas
elas e o conjunto de ideias e de práticas que uma sociedade
produz.
Graças ao marxismo, as ciências humanas puderam
compreender que as mudanças históricas não resultam de
ações súbitas e espetaculares de alguns indivíduos ou gruposde indivíduos, mas de lentos processos sociais, econômicos e
políticos, baseados na forma assumida pela propriedade dos
meios de produção e pelas relações de trabalho. A
materialidade da existência econômica comanda as outras
esferas da vida social e da espiritualidade e os processos
históricos abrangem todas elas.
Enfim, o marxismo trouxe como grande contribuição à
sociologia, à ciência política e à história a interpretação dos
fenômenos humanos como expressão e resultado de
contradições sociais, de lutas e conflitos sociopolíticos
determinados pelas relações econômicas baseadas na
exploração do trabalho da maioria pela minoria de uma
sociedade.
Em resumo, a fenomenologia permitiu a definição e a
delimitação dos objetos das ciências humanas; o estruturalismo
permitiu uma metodologia que chega às leis dos fatos humanos,
sem que seja necessário imitar ou copiar os procedimentos das
ciências naturais; o marxismo permitiu compreender que os
fatos humanos são historicamente determinados e que a
historicidade, longe de impedir que sejam conhecidos, garante a
interpretação racional deles e o conhecimento de suas leis.
Com essas contribuições, que foram incorporadas de maneiras
muito diferenciadas pelas várias ciências humanas, os
obstáculos epistemológicos foram ultrapassados e foi possível
demonstrar que os fenômenos humanos são dotados de sentido
e significação, são históricos, possuem leis próprias, são
diferentes dos fenômenos naturais e podem ser tratados
cientificamente.
A obra marxista, como é apontada pela autora, contribuiu para as ciências
humanas como um todo, não sendo exclusividade apenas das Ciências Sociais,
pois sua teoria apresentou a todos essa nova forma de organização econômica,
social e política que se estabelecia, o capitalismo.
A Contribuição Weberiana
A contribuição weberiana para a sociologia se faz sentir até os dias atuais, sendo
que sua teoria sobre as ações humanas deu um novo olhar sobre a participação do
indivíduo em sociedade, demonstrando um novo conceito a esse respeito, como é
apontado no trecho a seguir da obra de Moraes, Maestro Filho e Dias (2003, pp. 59 e
60):
Weber procurou construir um esquema interpretativo
fundamentado na neutralidade axiológica, ou seja, buscou
construir uma ciência social sem pressupostos. Preocupado com
o problema da ação, desenvolveu o conceito de ação social
significativa, tendo como ponto de partida o indivíduo. Assim,
definiu a sociologia como a ciência da ação social, estruturando
os níveis da ação em três tipos básicos: (1) ação frente a uma
situação concreta; (2) ação prescrita com base em regras
determinadas; (3) ação decorrente da compreensão informal
das regras. Para a análise dos valores, Weber fundamentou-se
em Rickert (1943), objetivando distinguir juízo de valor da relação
de valor, possibilitando-lhe demarcar os limites e a área de
pesquisa nas ciências sociais. Weber acreditava que a
explicação causal pudesse chegar a conclusões de validade
universal. [...] Weber desenvolveu o conceito de ação social
significativa a partir do indivíduo, sendo este conceito estendido
às instituições como Estado, empresa ou sociedade anônima,
que se transformam em palcos onde a ação é desenvolvida.Ao
abordar a ação social, Weber (1979) utilizou construções de tipos
ideais despidas de sentido histórico, porém solidamente
concebidas no que se refere à elaboração dos conceitos e
fundamentadas no desencanto do mundo e na busca e
produção de um sentido (sensemaking). Estes construtos,
adequados à realidade, criam a possibilidade de aplicação
teórica e prática. Na sua obra Weber (1979) substituiu a razão
universal pela contingência histórica, na qual a história aparece
com sentido variável em função do sujeito da ação, cuja
coerência estabelece que o mundo dos valores é infinito e cabe
ao homem escolher seus valores. O grande destaque weberiano
consistia na compreensão da flutuação do sentido que,
adicionada à ação, fundamentava a sociologia compreensiva
(método hermenêutico). 
Quanto aos métodos de procedimentos, eles são mobilizados de acordo com as
necessidades de cada pesquisa. Embora devam estar entrelaçadas as referências
teórico-metodológicas, a priori, não há técnicas de pesquisa essencialmente
exclusivas de qualquer perspectiva teórica. Neste nível metodológico, as mais
variadas técnicas podem ser mobilizadas para se chegar aos resultados esperados.
Entre as principais metodologias no nível da coleta de dados em ciências sociais,
podemos destacar as entrevistas (estruturada, semiestruturada, não estruturada),
grupos focais, observação de campo, etnografia, observação participante, história
de vida, pesquisa bibliográfica, survey etc.
Atenção!
O Papel do Sociólogo
Florestan Fernandes (1920-1995) foi um sociólogo brasileiro,
considerado o fundador da Sociologia Crítica no Brasil. Ele é aclamado
na sociologia brasileira pelos seus estudos a respeito das
transformações sociais ocorridas no país, dando foco no estudo da
sociedade brasileira em uma perspectiva crítica.
Segundo Florestan, o papel do sociólogo não era traçar planos de uma
sociedade ideal, mas estudar o processo de mudança social em curso
para poder conduzi-lo racionalmente – o que abria perspectiva para a
solução dos problemas sociais que acompanhavam o processo de
mudança (SOUZA, 2011, p. 193).
Considerando essa afirmação do autor e os conteúdos vistos neste
material, podemos refletir a respeito do papel da ciência e da forma
como ela deve ser concebida. Como foi ressaltado no trecho anterior,
o papel da racionalidade no fazer científico é central.
Outro ponto que foi abordado neste material, diz respeito de como os
métodos e a pesquisa feita de maneira sistematizadas nos
encaminham ao fazer científico, nos prevenindo das armadilhas do
senso comum e fazendo com que haja um olhar mais acertado a
respeito dos nosso objetos de estudo.
Tendo em vista todo esse apanhado de informações, nos ficam as
reflexões a respeito do papel da ciência e dos cientistas, dando um
foco maior nas Ciências Sociais, sendo ponderado por nós as
seguintes questões: de que maneira podemos transformar as
discussões e as problemáticas do nosso dia a dia em um estudo mais
sistematizado? Quais os limites do conhecimento científico? Existe uma
ética que o cientista deve obedecer? Quais podem ser seus objetos de
estudo? A ciência pode ser usada para melhorar a vida do homem?
Quem se beneficia com os avanços científicos? Todos os grupos e
classes sociais possuem acesso igualitário às conquistas da ciência? E,
por fim, refletirmos qual a atuação das Ciências Sociais na sociedade,
de que maneira ela pode alterar nossa compreensão sobre os
sistemas vigentes mediante o conhecimento sistematizado?
Fonte: Elaborado pelos autores.
Agora que você concluiu a leitura deste estudo, veja, nos vídeos a seguir, temas que
complementarão seus estudos:
 
Indicação de Leitura
 
Livro: Um toque de clássicos
Autoras: Tania Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira e Márcia Gardênia Monteiro
Ano: 2002
Editora: Editora UFMG
ISBN: 9788570413178
Sinopse: O livro “Um toque de clássicos” (2002), produzido pelas autoras Tania
Quintaneiro, Maria Ligia de Oliveira e Márcia Gardênia Monteiro, tem por objetivo
apresentar ao leitor uma explanação sobre os principais clássicos da sociologia,
sendo eles: Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx.
Como o próprio nome da obra diz, um toque de clássicos é considerado na
literatura brasileira sobre o tema sociológico, um clássico, pois aborda de maneira
maestral os clássicos sociológicos de maneira clara e objetiva, trazendo ao leitor
uma linguagem fácil e acessível.
Questão 1
Nas sociedades antigas e ainda na atualidade, boa parte de nossas
referências sobre a origem do mundo, da vida e do ser humano e sobre a
vida prática é explicada pelo conhecimento mítico, ou seja, os autores
apontam que o mito é de grande importância para pensarmos nossa
realidade como também fatos passados. Analisando o fragmento anterior,
assinale a alternativa correta que melhor representa o conceitode Mito. 
A. Por ter como característica a explicação de um fato, todos os mitos
são verdadeiros.
B. Mito é uma história sobre algo que aconteceu de fato, como é o
caso da origem do mundo.
C. Um mito é uma narrativa alegórica que é utilizada para explicar a
origem dos astros, da Terra, dos seres humanos, das plantas, dos
animais, do fogo, da água, dos ventos, enfim, a origem de alguma
coisa ou fenômeno.
D. O mito, assim como a ciência, busca provar suas teorias por meio
da pesquisa.
E. Os mitos são baseados na pesquisa e metodologia, tendo como
base a Filosofia.
Questão 2
Para refletirmos sobre o surgimento do método científico moderno, fruto da
ascensão do Renascimento nos séculos XIV e XV na Europa, é preciso
pontuarmos suas principais bases, sendo elas:  a utilização da observação
da natureza, a realização de experimentos e, por fim, a comparação. Outro
ponto não menos importante se tratando do tema conhecimento, é o senso
comum, ainda muito presente em nosso dia a dia.
Tendo em vista a relação entre ciência e o senso comum, analise as
alternativas e marque a que melhor representa o conceito de senso
comum. 
A. Senso Comum é uma forma de inserção no mundo baseada nas
experiências imediatas que orienta nosso comportamento no dia a
dia que pode ser usada como ferramenta para manter a ordem
social.
B. Um mito é uma história fantasiosa que tem a função de orientar os
indivíduos de uma determinada sociedade a produzirem seu meio
de subsistência, mas não serve para construir um conhecimento.
C. Senso Comum é uma forma de conhecimento mais aprofundado
dos fenômenos naturais com metodologia própria de pesquisa.
D. Senso comum é uma ciência que surgiu no século XIX na
emergência de explicar a sociedade capitalista que se consolidava
naquele período.
E. O senso comum é considerado uma ciência do dia a dia, tendo
como objeto de pesquisa os indivíduos.
Questão 3
O nascimento do método científico, a utilização da metodologia na
produção do conhecimento no âmbito da ciência se tornou algo
indispensável, tendo em vista que a ciência não é passível de ser
questionada e as verdades científicas se modificam ao longo da história. 
Diante desse contexto, assinale a alternativa correta em relação à ciência e
o método científico. 
A. A ciência tem por características ser: subjetiva e emocional.
B. A ciência tem por características ser: imparcial e quantitativa.
C. A ciência tem por características ser: qualitativa e religiosa.
D. A ciência tem por características ser: objetiva, comparativa e
subjetiva.
E. A ciência tem por características ser: objetiva, quantitativa e
comparativa.
 
Síntese
Esperamos que o caminho até aqui tenha sido satisfatório e que as dificuldades
sejam menores do que o ânimo para prosseguir. Fazemos questão de reforçar que o
caminho do conhecimento é difícil, mas as recompensas são maiores. Sabiamente,
Aristóteles afirmou que “as raízes do estudo são amargas, mas os frutos são doces”.
Esperamos que se deixe contaminar por este espírito e que aumente ainda mais
sua motivação para o estudo.
Neste material buscamos apresentar as principais características das ciências
sociais, também chamada neste livro de ciências humanas. No percurso para
chegarmos ao surgimento destas ciências passamos pela Grécia Antiga e vimos
que foi por lá que surgiu o pensamento racional e, consequentemente, a filosofia a
partir de uma progressiva separação desta forma de saber com o pensamento
mítico.
Vimos que ainda neste período a ciência começa a se desenvolver, no entanto este
processo é freado com o advento da Idade Média e do Feudalismo. De fato, neste
período a Igreja Católica conquista muito poder e passa a controlar e mesmo
monopolizar o conhecimento, se afirmando o direito de decidir o que poderia ou
não ser ensinado. Deste modo, todo pensamento que divergisse da doutrina
católica era rechaçado.
Por volta do século XIV, as mudanças na sociedade europeia começam a se
aprofundar, a partir do renascimento comercial, urbano e cultural. Os valores
humanistas e racionais da idade antiga são resgatas por novos pensadores, o que
acaba por consolidar o antropocentrismo e a ruptura com o teocentrismo da Idade
Média, que agora passa a ser considerada a Idade das Trevas. A partir do
desenvolvimento cultural, filosófico e artístico, desenvolve-se também um novo
método científico, que procurará não apenas conhecer, mas mesmo transformar a
natureza. Nesse contexto, as ciências matemáticas e naturais crescem e se
consolidam por meio do processo que foi chamado de Revolução Científica.
A ideia de ciências sociais, por sua vez, apenas se desenvolve no século XIX, quando
as ciências naturais já estavam desenvolvidas. Deste modo, inicialmente as
ciências naturais são o modelo que os cientistas do homem buscam utilizar para
conhecer o próprio homem. No entanto, o modelo científico das ciências naturais se
mostram impraticáveis nas ciências humanas, o que obriga que as humanidades
desenvolvam métodos próprios para as pesquisas cujo objeto é o próprio sujeito do
conhecimento, isto é, pesquisador e pesquisado participam da mesma realidade
humana. Progressivamente se consolida as ciências sociais ou humanas, portanto,
por meio de corpus teórico-metodológico próprios, sobretudo, o estruturalismo, a
fenomenologia e o materialismo histórico-dialético (marxismo).
Referências Bibliográficas
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