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Livro- pensamento científico

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05/02/2024, 09:06 lddkls211_pen_cie
https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=luanadantas.engenheira%40gmail.com&usuarioNome=LUANA+DANTAS+DE+MEDEIROS&disciplinaDescricao=PENSAMENTO+CIENTÍFIC… 1/2
PENSAMENTO CIENTÍFICO
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira
Amanda Soares de Melo
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CONHECENDO A DISCIPLINA
A disciplina de Pensamento Cientí�co tem como objetivo proporcionar maior
facilidade de compreensão da importância do conhecimento no mundo real, tanto
na solução de problemas teóricos como práticos, favorecendo a identi�cação dos
diversos tipos de conhecimentos, distinguindo suas principais particularidades e,
principalmente, identi�cando seus limites para a solução de problemas cotidianos.
Ao longo da disciplina, com base em exemplos objetivos, exploraremos as
distinções entre o conhecimento vulgar e o cientí�co, desconstruindo mitos
popularmente aceitos sobre suas aplicabilidades e enfatizando seus desa�os no
mundo globalizado.
Examinaremos também os diversos tipos de conhecimentos �losó�cos existentes
frequentemente associados com o cientí�co, destacando seus aspectos valiosos e
suas di�culdades que se re�etem no estabelecimento de uma aceitação universal
por parte de pesquisadores acadêmicos no campo da ciência e da �loso�a. 
Finalmente, avaliaremos a relação entre o conhecimento �losó�co e o religioso,
com o objetivo de proporcionar clareza e entendimento profundo das
consequências da aplicabilidade desses conhecimentos na realidade.
O estudo desta disciplina favorecerá a fomentação de uma cultura intelectual mais
so�sticada, contribuindo para melhores tomadas de decisão frente aos desa�os
globais, sobretudo na problemática da mudança climática e da saúde pública, e
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ajudando na resolução dos problemas pertinentes à vida cotidiana.
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NÃO PODE FALTAR
QUAL A DIFERENÇA ENTRE O SENSO COMUM E O
CONHECIMENTO CIENTÍFICO?
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira
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CONVITE AO ESTUDO  
Caro aluno,
Observe o quanto o mundo real é baseado em dois principais pilares: ciência e
tecnologia. Hoje, mais do que em outras épocas, a relação desses dois campos
proporcionou inovação global e facilidade de acesso à informação.
Fonte: Shutterstock.
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A inovação contribuiu para o rápido progresso tecnológico da sociedade,
principalmente com a automatização provocada pelo uso de Inteligência Arti�cial, e
o acesso à informação aumentou com a ascensão da Internet. Os mecanismos de
buscas das grandes empresas, como o Google e o Bing, uni�caram esses dois
elementos e, com base em algoritmos cada vez mais re�nados, proporcionaram a
emergência de anúncios e resultados de buscas cada vez mais personalizados de
acordo com os dados de acessos dos usuários. No entanto, o rápido progresso
tecnológico não preparou cognitivamente a população para a avaliação crítica das
informações recebidas nos meios digitais com acesso à Internet.
Atualmente, em todo o mundo, enfrentamos o problema da fake news, que é um
conceito em inglês para designar notícia falsa. A fake news atinge todos os setores
da atividade humana, trazendo sempre algum dano real, como a consequência dos
boatos do movimento antivacina, que contribuíram para que doenças até então
erradicas no Brasil, como a febre amarela, voltassem à tona.
A fake news se aproveita da falta de entendimento do grande público sobre o que
é conhecimento e como avaliá-lo. Dessa forma, o indivíduo-alvo acaba não tendo o
fundamento e as ferramentas necessárias para identi�car o quão real é a
informação recebida.
Ao decorrer do livro, você será capaz não apenas de entender os diversos tipos de
conhecimentos, mas também de identi�car um tipo peculiar de crença psicológica
que �nge ser cientí�ca, geralmente sustentando narrativas fantasiosas ou
sensacionalistas.
O resultado será a compreensão da atividade cientí�ca, da importância de sua
aplicação na vida cotidiana e do impacto que o falso conhecimento, elemento de
estrutura das fake news, provoca na sociedade contemporânea.
PRATICAR PARA APRENDER
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Você já precisou procurar alguma informação para a realização de um trabalho? É
muito provável que sim. Qual o principal meio de busca para encontrar a resposta
que você precisa? Provavelmente, você responderá Google, Bing ou algum outro
site de pesquisas online. Diferentemente, nas gerações anteriores ao surgimento e
popularização da Internet, as buscas eram realizadas através de bibliotecas, livros,
sumarizações e enciclopédias. 
A Era da Informação trouxe uma enorme facilidade, no sentido de praticidade, do
encontro de informações. No entanto, com o excesso de informações, é possível
que não tenhamos acesso a algo verídico. Portanto, será necessário questionar: “As
primeiras respostas do Google realmente são o conhecimento mais coerente
frente à realidade?”
Com o advento do mundo contemporâneo, o indivíduo que tem um conhecimento
sólido em sua prática pro�ssional é muito valorizado, mesmo sendo preciso que
ele esteja disponível para aprender e atualizar sua formação pro�ssional, exigindo
cada vez mais uma busca por conhecimentos mais avançados em sua área de
atuação.
Pensar cienti�camente é uma ótima maneira para garantir uma progressão de
aprendizado, autocorreção e adaptação conforme a necessidade. Sendo assim, o
pro�ssional cienti�camente orientado pensará nos meios de maximizar sua
produtividade, levando em conta os impactos que o trabalho excessivo poderia
causar em seu estado de saúde e, ao mesmo tempo, proporcionando maior
capacidade de gestão na organização de tarefas em equipe.
Em uma sala de aula, quatro estudantes são desa�ados pelo professor de Filoso�a
a responderem a três questões, que são recorrentes ao longo da história da
humanidade. 
1. De onde viemos?
2. Para onde vamos após a morte?
3. Por que estamos aqui?
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Cada aluno, em seu modus operandi, adota uma postura diferente em relação às
respostas. Um vê o mundo a partir do (A) conhecimento cientí�co; outro, do (B)
religioso; o seguinte, do (C) �losó�co e, por �m, o último, através do (D) senso
comum. Diante dessa situação, a resposta de cada um é:
Aluno A: Tudo se iniciou no Big Bang, e através de um processo de evolução por
meio da seleção natural. Após a morte, nossa consciência não mais existe. Não há
nenhum propósito especial, com base no que conhecemos através da ciência.
Aluno B: Deus criou o Céu e a Terra tal qual está escrito na Bíblia. Para o paraíso ou
inferno. Para atender aos desígnios de Deus.
Aluno C: Qual é a origem do Universo? Qual é a melhor teoria cientí�ca? Podemos
advogar pela defesa doBig Bang? É necessário submeter ao escrutínio da �loso�a
analítica a análise semântica das teorias cientí�cas. Do mesmo modo, é necessário
clari�car o conceito de morte, olhando pelas implicações do conhecimento
cientí�co. Essa pergunta traz problemas de ordem metafísica, portanto, é
necessário analisar o signi�cado do conceito de propósito.
Aluno D: Depende do contexto. Um indiano, provavelmente, responderia com base
em suas crenças culturais regionais, manifestando explicações de caráter
hinduísta. Se fosse um japonês, provavelmente advogaria pelo zen budismo. Um
brasileiro responderia conforme as crenças compartilhadas de sua região, por
exemplo, existem regiões no Brasil onde há prevalência de mitos da origem da vida
e do universo que têm uma relação intrínseca com crenças religiosas africanas,
enquanto outras são fortemente in�uenciadas pelo catolicismo europeu. Nesse
sentido, como foi explicado no texto, o conhecimento popular absorve sempre
aspectos de outros conhecimentos quando incorporados fortemente pela cultura.
Nessa interação, percebemos que cada aluno apresenta sua perspectiva pessoal
frente às três grandes questões. Assim, recomenda-se instigá-los sobre as
possíveis consequências das adoções de certos tipos de conhecimento e crenças
para os desa�os de sua vida diária e do mundo contemporâneo, tratando de fazê-
los responder qual o melhor tipo de conhecimento para uma situação especí�ca e
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como conciliá-lo com outros. Por exemplo, como a adoção de uma crença oriunda
do conhecimento religioso poderia impactar em questões de saúde individual e
coletiva? Qual consequência o conhecimento vulgar, aquele de senso comum,
traria para a sociedade ao enriquecer mais rapidamente do conhecimento
cientí�co? A absorção do conhecimento cientí�co, tanto no âmbito individual como
coletivo, nos tornaria melhores tomadores de decisão? Essas questões,
consequentemente, reforçariam a existência de diferentes tipos de conhecimentos
no âmbito da vida cotidiana e fomentariam o pensamento crítico dos alunos.
CONCEITO-CHAVE
DOXA, O CONHECIMENTO VULGAR DA SOCIEDADE
Desde Aristóteles, o conceito de conhecimento tem sido central no debate
�losó�co. Inicialmente, conhecimento era tratado como um tipo de crença
racional, verdadeira e justi�cada. Crença, porque faria relação com um estado
psicológico do sujeito; racional, porque envolveria o exercício de nossas faculdades
cognitivas; verdadeira, porque faria alusão a objetos ou fenômenos da realidade; e,
principalmente, justi�cada, porque requereria um conjunto de enunciados
estruturados logicamente. Essa de�nição, porém, não dá conta dos diversos tipos
de conhecimentos existentes, alguns dos quais serão tratados ao longo do livro.
Para começar nossa jornada, vamos entender um pouco o conceito de
conhecimento vulgar, também chamado senso comum ou saber popular.
Etimologicamente, refere-se ao conceito aristotélico de doxa, ou simplesmente
opinião.
O conhecimento vulgar trata-se de um conhecimento que não quer nenhum tipo
de exercício crítico, também não envolve nenhum tipo de veri�cação experimental.
Geralmente, ele é transmitido culturalmente, de gerações a gerações, muitas vezes
preservando mitos que eram aceitos em determinada época. Por exemplo, o mito
Saber muito não lhe torna inteligente. A inteligência se traduz na forma que você recolhe, julga, maneja e,
sobretudo, onde e como aplica esta informação.
— Carl Sagan, trecho do documentário Cosmos (1980).“
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de que o chinelo virado com a sola para cima traz azar, ou a ideia de que um trevo
de quatro folhas traz sorte. No entanto, também é verdade que alguns
ensinamentos transmitidos pelo conhecimento vulgar possam ser verdadeiros,
como a ideia de não colocar a mão no fogo para não se queimar, ou mesmo não
entrar em uma lagoa se não souber nadar, porque é possível se afogar.
O conhecimento vulgar também pode se enriquecer do conhecimento cientí�co,
especialmente quando este último se torna bastante popularizado ao ponto de seu
entendimento se tornar familiar por quase toda população. Por exemplo, a ideia
de que certos alimentos, como carnes, são mais bem preservados quando
congelados, evitando sua contaminação e exposição a microrganismos no
ambiente aberto.
Apesar de estabelecer uma pequena relação com o conhecimento cientí�co, o
conhecimento vulgar não é su�ciente para explicar a realidade, exatamente por
preservar em seu núcleo ensinamentos que podem ser falsos ou simplesmente
mitos.
CONHECIMENTO RELIGIOSO
O conhecimento religioso pode se enriquecer do conhecimento vulgar,
especialmente das tradições culturais e religiosas cultivadas ao longo do tempo.
Por exemplo, na preservação dos mitos gregos de que os deuses reinavam nos
céus, apropriada pelas religiões politeístas.
Esse tipo de conhecimento requer um elemento-chave para alcançá-lo, ao menos
da forma como defenderam diversos pensadores da Idade Média, que é a
iluminação religiosa como método para conhecer a verdade ou a Deus.
Essa iluminação religiosa seria como um sentimento de vislumbre por uma
paisagem maravilhosa, como relatou o cientista Francis Collins (apud SHERMER,
2012) em sua experiência pessoal. É como um sentimento de inspiração e
encantamento com algo notoriamente belo, diante do qual uma pessoa não
encontra palavras para expressar tal sensação. No entanto, essas experiências
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religiosas podem ser despertadas mediante o uso de substâncias psicoativas,
como alucinógenos ou antidepressivos, ou podem ser vivenciadas igualmente por
qualquer pessoa que tenha apreço pela natureza, de modo que seu principal
método não caracteriza uma forma autêntica e racionalmente justi�cada para
conhecer a realidade. Por conta da subjetividade envolvida durante a iluminação
religiosa, não é possível demonstrar que a observação pessoal produziu cenas
reais no cérebro dessas pessoas.
Outro método comumente cultivado na construção do conhecimento religioso é a
hermenêutica. A hermenêutica é um tipo de �loso�a subjetivista, como defendeu o
cientista e �lósofo argentino Mario Bunge, porque ela dependeria simplesmente
da interpretação do autor para trazer à luz dos escritos bíblicos a extração de um
suposto fato vivenciado em tempos remotos.
A hermenêutica é uma abordagem problemática, pois ela não exige a investigação
empírica da realidade, como a recolha de dados para contrastar fatos históricos
bem documentados com a interpretação pessoal do hermeneuta ou teólogo.
O hermeneuta e o teólogo são os responsáveis por construir esse tipo
conhecimento, embora o primeiro contemple uma atividade mais geral, podendo
abarcar o uso da hermenêutica para textos literários ou �losó�cos. No entanto,
como foi apontado anteriormente, o simples fato de invocar a subjetividade do
interpretador, ao invés de fatos objetivos, lança um desa�o na validade desse tipo
de conhecimento.
O CONHECIMENTO FILOSÓFICO: EMPÍRICO E RACIONALISTA
O conhecimento �losó�co é amplo, abarcando diversos posicionamentos ao longo
da história da �loso�a, especialmente o empírico e o racionalista. Esse tipo de
conhecimento também pode incluir o religioso, uma vez que a base de todo
conhecimento são os pressupostos �losó�cos. Noções de verdade, intuição,
dedução,cognoscibilidade, crença, realidade, fenômeno, utilidade e outras são
conceitos �losó�cos indispensáveis em qualquer tipo de conhecimento. O
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conhecimento empírico pressupõe a cognoscibilidade dos fenômenos com base
nas experiências sensíveis do sujeito, enquanto o racional pressupõe que o
conhecimento já é derivado da mente do sujeito, independentemente de qualquer
experiência empírica.
David Hume e John Locke eram �lósofos empiristas e, portanto, defendiam que a
fonte de conhecimento derivava dos dados sensíveis. René Descartes, por outro
lado, acreditava que o conhecimento eterno ou matemático poderia ser alcançado
pelo simples uso da razão, sem a necessidade de qualquer experiência empírica.
Embora seja verdade também que ele tenha defendido que uma junção de mais
fatores era condição necessária para alcançar verdades absolutas ou irrefutáveis,
por via de seu método cartesiano, que estabelecia, no mínimo, quatro condições,
como evidência, análise, ordem e enumeração, ele deduzia que todos esses
princípios eram alcançados mediante o uso da razão.
Embora Descartes tivesse defendido o papel da razão como principal responsável
pelo conhecimento absoluto, ele fez investigações empíricas durante toda sua vida,
especialmente nos campos da anatomia e da �siologia, contribuindo para uma
descrição de partes do cérebro humano, como a glândula pineal, e especulando
sobre sua real função no organismo.
Houve também pensadores de grande importância da �loso�a que tentaram unir
os dois tipos de conhecimentos, sendo o mais famoso o �lósofo Immanuel Kant,
que lançou as bases de seu método racioempirista. Esse método consistia em
tomar elementos que ele considerava verdadeiros do empirismo e do
racionalismo. Kant apropriou-se do fenomenismo dos empiristas, em que a fonte
de conhecimento se dá através dos fenômenos, e não da realidade em si. Kant
acreditava que não poderíamos conhecer nada além das aparências, de modo que
todo o mundo estaria subordinado a impressões ou dados sensíveis, tal como
acredita Hume. Mais ainda, Kant buscou resgatar o apriorismo do racionalismo,
argumentando sobre a plausibilidade de verdades independentes da experiência,
que, segundo ele, estariam ali, prontas na mente.
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O racioempirismo kantiano levou a discussões calorosas no campo da �loso�a e,
junto com outros pensadores, inspirou posições bem diferentes entre si na
�loso�a – especialmente, a fenomenologia e o positivismo lógico.
O incômodo com a posição de Kant é que ele havia se apropriado de elementos
problemáticos de ambos os conhecimentos empírico e racionalista, não levando
em consideração a própria ciência da época na elaboração de sua �loso�a. Os
astrônomos Galileu Galilei e Johannes Kepler, por exemplo, já investigavam a
realidade além dos fenômenos limitados a dados sensíveis. Galileu estendeu sua
percepção com um telescópio que ele havia aprimorado e descobriu três satélites
de Júpiter, enquanto Kepler havia calculado a trajetória das elipses planetárias
usando ferramentas matemáticas, hipóteses auxiliares e instrumentação de
medidas. Isaac Newton, um dos maiores nomes da revolução cientí�ca,
estabeleceu leis cientí�cas que poderiam se aplicar a quaisquer objetos não
diretamente observáveis, mas com velocidades menores do que a da luz. Isso,
porém, não foi su�ciente para ruir a possibilidade de uni�cação entre empirismo e
racionalismo.
No século XX, o cientista e �lósofo Mario Bunge procurou uni�car o empirismo com
o racionalismo, resgatando o conceito de racioempirismo, mas se desvinculando
das posições kantianas notoriamente emblemáticas. Bunge uniu a experiência
empírica com a condição de exercê-la mediante uso crítico da razão como forma
de investigar a realidade. Mais ainda, ele estabeleceu que seria necessária a
uni�cação do realismo com o cienti�cismo proclamado dos �lósofos da ala radical
do iluminismo francês, sobretudo com Condorcet, para formular verdades mais
profundas sobre o mundo.
O realismo é a �loso�a que advoga a existência de um mundo independente do
sujeito (realismo ontológico) e que ele pode ser conhecido (realismo
epistemológico), mesmo que indireta e parcialmente, enquanto o cienti�cismo é a
posição segundo a qual a ciência pode produzir o conhecimento mais profundo e
verdadeiro da realidade, em comparação com outras formas de conhecimentos,
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como o religioso proveniente da iluminação religiosa ou mesmo do
interpretacionismo hermenêutico. Porém, diferente da concepção caricata
difundida sobre o conceito de cienti�cismo, ele não é uma posição preconceituosa
e nem autorrefutável, mas uma atitude esperada de qualquer pesquisador
interessado em investigar a realidade e que acredita que o progresso cientí�co é
possível e desejável. Mais ainda, o cienti�cismo é um tipo de �loso�a que
enriquece a ciência, favorecendo a investigação cientí�ca, em vez de focar a
atenção exclusiva na contemplação excessiva de leituras sagradas ou de ideias do
próprio indivíduo, como faziam os �lósofos irracionalistas e teólogos, que
negligenciaram séculos de progressos cientí�cos. O cienti�cismo, hoje, está
entrelaçado com o realismo, dando origem à posição conhecida como realismo
cientí�co.
O realismo cientí�co é a �loso�a que admite que podemos tratar teorias cientí�cas
como descrições ou representações verdadeiras do mundo, mesmo que sejam,
por vezes, incompletas. É a posição mais defendida dentro da �loso�a da ciência,
em comparação com sua concorrente antirrealista. O antirrealismo, por sua vez,
evita fazer uso de a�rmações ou teorias que não correspondam diretamente à
observação pura da realidade, desconsiderando o progresso contínuo provocado
pela física de partículas ao estudar acontecimentos ou elementos que são
imperceptíveis diretamente à nossa experiência sensível ou mesmo a teorização
ou modelagem matemática de fenômenos macrossociais que escapam da
observação individual do pesquisador sociológico.
Em resumo, o conhecimento �losó�co é amplo, contemplando posições muitas
vezes compatíveis ou relacionáveis com a ciência, enquanto outras vezes
apresentando um tipo de conhecimento totalmente oposto ao cientí�co. Sua
característica mais fundamental é o exercício de análise lógica dos enunciados e
das teorias cientí�cas, geralmente realizadas por �lósofos analíticos ou �lósofos da
ciência. Seu mérito reside no fato de que ele alimenta tacitamente a ciência em um
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processo de feedback positivo, proporcionando um vocabulário mais re�nado para
a ciência e, ao mesmo tempo, alimentando seu repertório de problemas com os
novos dados da investigação cientí�ca.
ASSIMILE 
1. No mínimo, existem quatro tipos de conhecimentos, cada qual com sua
utilidade e aplicação no mundo real.
2. O conhecimento �losó�co também tem uma relação de absorção com
outros tipos de conhecimentos, principalmente com o cientí�co,
contribuindo para o fornecimento de um tratamento conceitual
adequado e o levantamento de problemas sobre a realidade.3. Apenas o conhecimento cientí�co possui um mecanismo de
autocorreção com o qual ajuda a ciência a se ajustar cada vez mais à
realidade.
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O conhecimento cientí�co é um tipo de conhecimento sui generis, ou seja, uma
classe de conhecimento único em sua forma. Esse tipo de conhecimento levou
séculos para que fosse desenvolvido e teve a participação de diversos �lósofos ao
longo da história, especialmente o egípcio Ibn al-Haytham e o �lósofo inglês Robert
Grosseteste, além de �guras notoriamente conhecidas como Francis Bacon, Galileu
Galilei e David Hume.
Haytham é considerado o primeiro cientista, porque aplicou métodos empíricos de
investigação para estudar a óptica, sobretudo os efeitos da luz. Grosseteste, por
outro lado, é uma �gura comumente negligenciada em livros históricos, mesmo
tendo importância central no desenvolvimento das bases do método cientí�co. Por
outro lado, a literatura vigente considera apenas as contribuições de Bacon,
Galileu, Hume e Descartes.
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Bacon advogava pela noção de conhecimento intuitivo, ou seja, a ideia de que, com
base em observações particulares, era possível realizar generalizações. Galileu, por
outro lado, é conhecido por realmente ter aplicado um método cientí�co para a
investigação de objetos celestes, indo além do que os empiristas defendiam, ao
usar o raciocínio abstrato, a imaginação e a instrumentalização adequada para
ultrapassar suas experiências sensíveis. Hume, porém, limitava-se a propor um
método atrelado à percepção, de modo que se fôssemos levar ao pé da letra sua
posição, não seria possível algo como biologia molecular, cosmologia e
principalmente mecânica quântica, já que essas disciplinas transcendem a pura
percepção do investigador cientí�co.
Descartes, no entanto, conciliou um aspecto importante que Hume também
defendia, o chamado ceticismo metodológico. O ceticismo metodológico é a
posição que nos permite duvidar de certas conjecturas ou hipóteses que não
foram submetidas à prova. Essa posição é basicamente uma dúvida razoável,
nunca absoluta, na falta de boas evidências. Em resumo, essa é a posição que
norteia toda a atividade cientí�ca ainda hoje.
Com base numa compreensão mais profunda da realidade, os �lósofos do século
XX tentaram caracterizar de forma objetiva o conhecimento cientí�co, buscando
delimitá-lo de outras formas de conhecimentos, sendo a �gura mais importante
dessa atitude o �lósofo austríaco Karl Popper.
REFLITA 
1. O que torna o conhecimento cientí�co con�ável?
2. Como o conhecimento �losó�co pode contribuir com o conhecimento
cientí�co?
3. De forma satisfatória, é possível estabelecer um critério de demarcação
entre ciência e pseudociência, indo além das concepções propostas no
século XX?
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Karl Popper (2013) tentou propor um critério de demarcação entre ciência e não
ciência (onde se incluem artes, �loso�a e pseudociência), com o objetivo também
de responder ao problema de Hume. Sua ideia era de que nenhuma observação é
su�ciente para con�rmar uma teoria, que bastaria um contraexemplo para
demonstrar sua falsidade. Analogamente ao exemplo mais tipicamente usado, o
fato de observar cisnes brancos em uma região não permite fazer uma
generalização apressada de que todos os cisnes são brancos, pois a observação de
um cisne negro refutaria a teoria. Então, Popper lançou a condição de que toda
teoria, para ser cientí�ca, deveria ser passível de falseabilidade ou falseacionismo,
ainda mais porque contribuiria para seu re�namento. A falseabilidade é a condição
de que teorias devem ter a capacidade de serem provadas falsas em alguma
circunstância.
Popper argumentava que a con�rmação trivial não assegurava uma boa teoria,
utilizando a psicanálise como exemplo de caso para mostrar que a observação do
analista geraria uma con�rmação excessiva, embora não su�ciente para avaliar
seu grau de verdade. Mais ainda, ele argumentou que a falta de condições de
refutação da teoria psicanalítica seria um elemento vital para sua fossilização,
como o caso do inconsciente freudiano, que admite a existência de três instâncias
psíquicas ou entidades desencarnadas (id, ego e superego), mas que nunca é
clari�cado se são conceitos meramente simbólicos ou objetos tão reais quanto
axônios, neurônios, sinapses e partículas.
Com seu critério de demarcação, Popper foi duramente criticado pelos �lósofos
irracionalistas, sobretudo Thomas Kuhn e Paul Feyerabend. Kuhn (2017) defendeu
que existiam, no mínimo, duas ciências: a normal e a extraordinária. A normal é a
ciência acerca da qual existe minimamente um consenso estabelecido entre a
comunidade cientí�ca. Em seguida, dentro da ciência normal, segundo Kuhn,
ocorre uma crise sem precedentes, ocasionada por uma nova descoberta,
passando a existir a di�culdade de estabelecimento de um consenso. Quando essa
nova descoberta se consolida, ocorre uma revolução cientí�ca, dando início à
etapa de uma nova e extraordinária ciência, rompendo com velhas concepções de
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mundo. Pense, por exemplo, na revolução cientí�ca ocasionada pela emergência
da teoria da relatividade geral, que, embora seja sempre lembrada como fruto do
trabalho de Albert Einstein, também teve a contribuição de outros grandes nomes
da física, como Henri Poincaré. A relatividade provocou uma reação de incerteza na
comunidade cientí�ca por conta de sua aceitação total ao longo de anos e das
limitações físicas agora evidentes das teorias newtonianas para o estudo de
objetos de grande massa. Isso, porém, não signi�ca que a relatividade geral
demoliu a física de Newton. Isso também não sustenta a defesa de Kuhn de que
não existe algo como progresso cientí�co. A teoria da relatividade e o uso da
mecânica de Newton têm permanecido de pé ainda hoje, sendo a última
responsável pela possibilidade de envio de foguetes ao Espaço.
Feyerabend (2011), por outro lado, foi ainda mais radical e sentenciou que não
existe algo como método cientí�co e que, na ciência, “tudo vale”, de modo que não
existiriam regras para serem seguidas, a ponto de, segundo ele, os cientistas
diversos romperem com os protocolos de investigação para formularem suas
ideias. Feyerabend foi seduzido por essa visão por conta de sua descrença na
medicina cientí�ca e a suposta experiência de cura por uma curandeira, o que o
levou a relativizar o status epistemológico da medicina em seus trabalhos. Sua
posição �cou conhecida como anarquismo epistemológico. Embora essa seja a
visão que mais prevalece na academia, ela é falsa, porque ignora que não existe
ciência sem método cientí�co (ou seja, sem regras minimamente estabelecidas
e/ou procedimentos experimentais de investigação, principalmente de acordo com
os princípios da pesquisa bioética) e, principalmente, sem ethos (ou código de
conduta) tacitamente aceito pela comunidade cientí�ca. Uma ciência sem método
não seria capaz de investigar a realidade em todos os seus níveis, também não
seria capaz de progredir ao longo dos anos e, mais importante, sem ethos tanto a
verdade como a mentira teriam pesos igualmente válidos dentro da comunidade
cientí�ca.
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O ethos da ciência foi primeiramente clari�cado pelo sociólogo da ciência Robert K.
Merton (1968). Ao investigar a comunidade cientí�ca, ele identi�cou alguns
princípios que norteavam a pesquisa cientí�ca, sendo eles: comunismo epistêmico,
universalismo, desinteresse, ceticismo coletivo e originalidade.
O comunismo epistêmico enfatiza que o conhecimento cientí�co é propriedade de
todos, portanto, ele deve ser sempre acessível; o universalismo advoga que todos
os cientistas, independente de sua etnia ou localização geográ�ca, podem
contribuir com a ciência; o desinteresse destaca que os cientistas devem agir
conforme a comunidade, de acordo com os interesses coletivos, sempre acima dos
interesses pessoais; o ceticismo coletivo determina que as reivindicações
cientí�cas devem ser submetidas à análise crítica da comunidade; e, �nalmente, a
originalidade diz respeito à ideia de que as demandas cientí�cas devem contribuir
com a novidade, seja na formulação de novos problemas, dados ou teorias. A
suspensão do ethos leva ao �orescimento da pseudociência.
O conceito de pseudociência, de antemão, exige uma compreensão do que é a
ciência. No entanto, nenhum �lósofo havia sido capaz de conceituar a ciência de
forma adequada, deixando sempre espaço para que reivindicações não cientí�cas
se passassem como ciência. O �lósofo Mario Bunge (2010) mostrou que a
concepção popperiana de ciência deixava espaço para que reivindicações
parapsicológicas fossem tratadas como ciência, simplesmente porque satisfaziam
o critério de falseabilidade. Porém, como Bunge enfatizou, o que torna um campo
cientí�co não é sua condição de falseabilidade, mas uma série de princípios, entre
os quais estão incluídos um fundo de conhecimento, uma base formal, uma
epistemologia realista, uma ontologia materialista, um ambiente livre de pesquisa
e, principalmente, a prática de um ethos entre membros da comunidade cientí�ca.
Nesse sentido, Bunge (2014) de�ne a ciência como um sistema de ideias
caracterizados como um conhecimento sistemático, racional, exato, veri�cável e,
portanto, falível, sendo uma representação conceitual do mundo. Além disso,
quando um campo falha em satisfazer a maior parte dos princípios de
cienti�cidade, ele pode ser considerado pseudocientí�co.
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A pseudociência, consequentemente, pode ser conceituada de forma oposta à
ciência, como sendo um sistema de crenças subjetivas, irracionalistas ou
puramente intuicionistas, inexata, inveri�cável e, portanto, dogmática, pois ela não
submete à prova suas crenças, não exige uma linguagem clara, precisa e objetiva,
nem um vocabulário articulado de ideias inter-relacionadas, e, quando se mostra
falha, como na hipótese da existência do inconsciente freudiano da psicanálise ou
das ondas psi da parapsicologia, ela permanece estagnada no tempo, não
atualizando suas crenças à luz de novas evidências.
Em resumo, o conhecimento cientí�co é um tipo especial de conhecimento, que
possui em seu aspecto central a revisão constante de hipóteses e teorias
cientí�cas, sempre submetendo à prova conjecturas e, mais ainda, proporcionando
a melhor representação da realidade em todos os seus níveis (físico, químico,
biológico, psicológico, social, arti�cial, etc.). Por ser um tipo de conhecimento
antidogmático por princípio, ele não deve ser confundido com a pseudociência, em
que, em sua característica mais essencial, o livre debate de ideias é substituído
pelo culto à autoridade e pela salvação contínua de crenças falsas, por conta do
sentimento de incerteza provocado pelo mal entendimento da ciência.
EXEMPLIFICANDO 
1. O conhecimento vulgar (ou senso comum) absorve todos os tipos de
conhecimentos ao longo dos anos. No entanto, ele pode conservar em
seu núcleo crenças falsas sobre a realidade. Por sua vez, o
conhecimento religioso possui, ao menos, duas abordagens principais,
como a que é baseada na iluminação religiosa e a interpretacionista,
advogada por teólogos ou hermeneutas. De forma semelhante ao
conhecimento vulgar, esse tipo de conhecimento pode manter ideias
falsas em seu núcleo, sobretudo por focar sua abordagem mais no
indivíduo subjetivo do que na investigação da realidade externa.
2. O conhecimento �losó�co é amplo em sua forma, sendo difícil delimitá-
lo. Por essa razão, ele pode ser desenvolvido em uma relação de
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dependência do conhecimento cientí�co, como também é possível fazê-
lo de forma independente. No entanto, sua característica mais
fundamental tem sido a clari�cação dos conceitos utilizados em
diversos tipos de conhecimentos. Além disso, ele é um tipo de
conhecimento que permite fazer certas generalizações sobre a
realidade. Por exemplo: todos os objetos existentes são materiais; todos
os objetos reais possuem propriedades físicas, como energia; a
realidade é um grande sistema emergente e material; as leis da
natureza revelam a impossibilidade da existência de entidades
desencarnadas, como almas, espíritos, inconsciente freudiano ou
cérebros dualísticos.
3. O conhecimento cientí�co é único em sua forma. É o tipo de
conhecimento que produz o entendimento mais profundo e verdadeiro
sobre a realidade, indo além das percepções empiristas, a partir do
momento que destaca o importante papel da teorização e modelagem
para representar a realidade com base nas evidências. Sua
característica mais fundamental é o mecanismo de autocorreção, que
permite corrigir imprecisões e, então, re�nar cada vez mais as
explicações sobre o mundo. Por sua natureza particular, é um
conhecimento antidogmático por princípio.
No decorrer do livro, foram exempli�cados os diversos tipos de conhecimentos
existentes, bem como os desa�os que cada um deles enfrenta. Também foi
explicado como diferentes tipos de conhecimentos podem ser relacionados com
outros, como na relação recíproca entre o conhecimento �losó�co e o cientí�co,
em que um enriquece o outro, proporcionando um aumento gradual do
conhecimento na esfera da atividade humana. Dessa forma, espera-se que, com
base nessa introdução, você tenha a capacidade de distinguir os diversos tipos de
conhecimentos, bem como de procurar aprofundar seu conhecimento ao longo
dos anos.
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FAÇA VALER A PENA
Questão 1
A falseabilidade é o princípio �losó�co no qual uma teoria, para ser considerada
cientí�ca, deve ser capaz de realizar predições que sejam possíveis de serem
provadas falsas em alguma circunstância. Um exemplo bastante difundido para
expressar a ideia é a observação de um grupo de cisnes brancos não ser su�ciente
para a�rmar que todos os cisnes são brancos, já que a observação de um cisne
negro refutaria a a�rmação.
Qual o primeiro �lósofo a propor a falseabilidade como um critério de demarcação
para a ciência?
a. David Hume.
b. Karl Popper.
c. Francis Bacon.
d. René Descartes.
e. Robert Grosseteste.
Questão 2
O ethos da ciência é o conjunto de princípios éticos coletivos que norteia a
comunidade cientí�ca. Esses princípios foram percebidos, pela primeira vez, pelo
sociólogo da ciência Robert K. Merton, que destacou seus aspectos principais.
Quais princípios formam o ethos da ciência?
a. Autoritarismo - universalismo - niilismo - desinteresse - originalidade.
b. Comunismo - universalismo- ceticismo - desinteresse - originalidade.
c. Socialismo - relativismo - ceticismo - interesse - familiaridade.
d. Dogmatismo - irracionalismo - individualismo - interesse - falsidade.
e. Comunismo - absolutismo - ceticismo - desinteresse - originalidade. 
Questão 3
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A pseudociência é conhecida por conta de sua marginalidade frente ao
conhecimento cientí�co do momento, de modo que ela não segue nenhum critério
objetivo de investigação e nem sequer cultiva uma comunidade crítica para a
análise de suas ideias.
Quais são as características fundamentais da pseudociência?
a. Originalidade, ceticismo, racionalismo e claridade conceitual.
b.  Falsidade, dogmatismo, relativismo e claridade conceitual.
c.  Originalidade, ceticismo, racionalismo e obscurantismo.
d. Falsidade, subjetivismo, dogmatismo e obscurantismo.
e.  Falsidade, obscurantismo, ceticismo e claridade conceitual.  
REFERÊNCIAS
BUNGE, M. Caçando a Realidade: a luta pelo realismo. Tradução de Gita K.
Guinsburg. [S.l.]: Editora Perspectiva, 2010. 
BUNGE, M. La Ciencia, su Método y su Filosofía. [S.l.]: Editora Sudamericana,
2014.
BUNGE, M. Las pseudociencias ¡vaya timo! 2. ed. [S.l.]: Editora Laetoli, 2014.
BUNGE, M. In Defense of Realism and Scientism. Annals of Theoretical
Psychology, Boston, v. 4, p. 23-26, 1986. Springer US. Disponível em:
https://bit.ly/3b59Qg3. Acesso em: 24 nov. 2020.
BUNGE, M.; SCHLÖTTER, P.; RAYNAUD, D.; ROMERO, G. E.; MOLINA, E.; PIEVANI, T.;
LARRINAGA, V. J. S.; ELÍAS, C.; CAMPO, A. C.; FISAC, M. Á. Q. Elogio del
Cienti�cismo. Tradução de Gabriel Andrade. [S.l.]: Editora Laetoli, 2017. 
DESCARTES, R. Discurso Sobre o Método. [S.l.]: Editora Vozes de Bolso, 2018.
FEYERABEND, P. Contra o Método. 2. ed. [S.l.]: Editora Unesp, 2011.
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KUHN, T. S. A Estrutura das Revoluções Cientí�cas. [S.l.]: Editora Perspectiva,
2017.
MARCONDES, D. Textos Básicos de Filoso�a e História das Ciências: a revolução
cientí�ca. [S.l.]: Editora Zahar, 2016.
MERTON, R. K. Sociologia: teoria e estrutura. [S.l.]: Editora Mestre Jou, 1968.
POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Cientí�ca. 2. ed. [S.l.]: Editora Cultrix, 2013.
SAGAN, C. O Mundo Assombrado Pelos Demônios: a ciência vista como uma vela
no escuro. [S.l.]: Editora Companhia das Letras, 2006.
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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
QUAL A DIFERENÇA ENTRE O SENSO COMUM E O
CONHECIMENTO CIENTÍFICO?
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira
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SEM MEDO DE ERRAR
Para resolver o problema, é necessário entender o contexto histórico e �losó�co
por trás da origem de cada tipo de conhecimento, destacando os aspectos
fundamentais que levaram à sua aceitação ou rejeição, fazendo analogias ou
experimentos mentais (ou seja, imaginando circunstâncias nas quais certos tipos
de conhecimentos poderiam ser aplicados, levando em consideração seus
possíveis impactos na esfera da vida cotidiana) para reforçar a aprendizagem.
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Um caminho para levar à resolução da situação-problema consiste na utilização da
analogia do conhecimento cientí�co com a atividade política, entendendo suas
principais diferenças, mas destacando seus aspectos de interdependência. Por
exemplo, embora a ciência dependa da política para uma série de condições,
sobretudo no direcionamento de recursos para suas atividades, ela não é decidida
de modo semelhante, de modo que a ciência não advoga pela democracia para
chegar a um consenso, mas opera com base nos estudos e na qualidade da
evidência resultante da investigação da realidade, confrontando muitas vezes uma
visão dominante dentro da ciência, ou mesmo crenças políticas e religiosas
individuais dos próprios cientistas, até a aceitação plena de teorias mais bem
con�rmadas, como ocorreu historicamente no processo de aceitação da teoria da
evolução de Charles Darwin e sua implicação �losó�ca e política no contraste com
o criacionismo bíblico, e na emergência da mecânica quântica, da qual alguns
físicos, como Albert Einstein, resistiram-se a aceitar a natureza indeterminística da
realidade.
Isso signi�ca que muitas vezes seremos confrontados com visões que entram em
desacordo com nossas preferências políticas, ideologias e crenças religiosas, mas
isso não é um sinal de que devemos abrir mão do conhecimento cientí�co. Na
verdade, devemos trabalhar criticamente para absorvê-lo da melhor forma
possível, especialmente para ajustar nossas crenças e visões de mundo à
realidade. Pense, por exemplo, no caso das Testemunhas de Jeová e o embate
notório em questões de ordem �losó�ca, sobretudo ética, e de saúde pública, que
norteiam as ciências da saúde, no que se refere à rejeição de práticas e cuidados
médicos relacionados ao uso da técnica de transfusão de sangue por seus
seguidores. A rejeição do conhecimento cientí�co levaria essas pessoas a
permanecerem em sofrimento, a adoecerem progressivamente, simplesmente
porque não conseguiram conciliar suas crenças e visões de mundo com o
conhecimento cientí�co.
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O conhecimento vulgar também está enraizado em diversas concepções
equivocadas do mundo, principalmente nas que trazem algum dano não apenas à
humanidade, mas à natureza e aos animais. Por exemplo, a crença social
compartilhada de que gatos pretos trazem azar, o que instiga o comportamento de
maus-tratos contra animais, simplesmente porque a população não teve acesso ao
conhecimento cientí�co para entender a origem e a consequência dos mitos ao
longo da história. Apenas o conhecimento cientí�co pode elucidar essas questões,
mostrar seus impactos no mundo real e avaliar o quão realistas são as crenças
culturais ou religiosas mais bem difundidas. Em outras palavras, o conhecimento
cientí�co enriquece a cultura e alimenta a sociedade, contribuindo para que o
senso comum se afaste cada vez de concepções equivocadas do mundo.
Um elemento-chave que contribui para a absorção do conhecimento cientí�co pelo
senso comum é entender que a formulação desse tipo de conhecimento que se dá
através da construção das teorias cientí�cas não surge espontaneamente do nada,
nem de forma isolada com a pura observação de um fenômeno, mas se baseando
em um problema e um fundo de conhecimento anterior. Contrastar a ciência e a
pseudociência também ajuda a entender os aspectos que in�uenciam os grupos
humanos. Evidenciar o princípio de abertura às novas ideias que o conhecimento
cientí�co proporciona e sua característica de testar ideias que não nos parecem
razoáveis à primeira observação, como quando estamos pensando em comprar
um carro usado e fazemos perguntas sobre a condição atual do automóvel,
contribui para ajustar nossa visão de mundo a umaposição mais crítica e realista.
Mais ainda, a consequência fundamental do senso comum absorver a ciência é, a
curto prazo, a formação de melhores tomadores de decisões.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
A CIÊNCIA E A SAÚDE MENTAL
Uma pessoa cienti�camente orientada, responsável pela análise da gestão da
equipe de uma empresa, poderia identi�car que a saúde e a qualidade de vida no
trabalho (QvT) estão prejudicadas no setor em que trabalha, o que re�etiria
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diretamente na queda dos índices de rendimento e produtividade da equipe.
Como o conhecimento cientí�co poderia auxiliar na resolução desse problema?
RESOLUÇÃO
A própria pessoa com competências cientí�cas, sobretudo em psicometria
aplicada às organizações, poderia pôr em prática seu conhecimento para
veri�car a possível solução do problema, ou mesmo indicar a contratação de
um consultor cientí�co mais especializado. Em um exemplo especí�co, pode
ser que um colega ou chefe seja responsável por boa parte dessa queda da
QvT. Então, o consultor poderia desenvolver estratégias e�cazes, baseadas no
conhecimento cientí�co, para aumentar o nível da QvT.
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NÃO PODE FALTAR
QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO
CIENTÍFICO?
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira
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PRATICAR PARA APRENDER
Provavelmente, você já se perguntou o que torna o conhecimento cientí�co
diferenciado em comparação com outras formas de conhecimento, razão pela qual
diversas grandes potências reservam uma parcela de seu PIB para investir em
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ciência e tecnologia, mas não encontrou nenhuma explicação dentro de um
contexto histórico apropriado que detalhasse as principais características do
conhecimento cientí�co.
Sem um contexto adequado é impossível discutir o que é conhecimento cientí�co,
bem como explicar quais seriam suas características e o porquê desse tipo de
conhecimento ser único em sua espécie. Por causa dessa di�culdade de
entendimento da ciência, você, em alguma parte de sua vida, perguntou: “Por que
os cientistas estudam planetas distantes em vez de concentrarem seus esforços
em problemas sociais vigentes, como a desigualdade social, a extrema pobreza e a
desnutrição?” ou “Por que investir milhões de dólares em pesquisas básicas?”
Com um pouco de tratamento �losó�co e história da ciência, seria possível
responder que diversos esforços coletivos promovidos dentro do contexto da
história da Era Espacial contribuíram direta e indiretamente para o surgimento de
tecnologias usadas no dia a dia, como travesseiros, painéis solares, satélites
arti�ciais, detectores de fumaça e muitos outros. Poderia também ser respondido
que uma compreensão profunda da genética levou ao desenvolvimento de
alimentos transgênicos, que são ricos em proteínas, contribuem para a redução do
uso de agrotóxicos e auxiliam diretamente no combate à desnutrição em países do
continente africano.
Explicar a origem de todo esse processo de construção de conhecimento
enriquece a cultura à medida que revela como as características do conhecimento
cientí�co auxiliam no progresso tecnológico, principalmente na produção de
vacinas em contextos de pandemias, como a da Gripe Espanhola e do novo
coronavírus (SARS-CoV-2).
Em uma sala de aula, um professor de Filoso�a da Ciência escolhe três alunos com
o objetivo de atribuir a cada escolhido uma disciplina que alegue o status de
ciência: a primeira disciplina é a Astronomia (atribuída ao aluno A), a segunda
disciplina é a Sociologia (atribuída ao aluno B) e a terceira disciplina é a Psicanálise
(atribuída ao aluno C).
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Em seguida, os alunos são convidados a aplicar o ceticismo cientí�co na disciplina
atribuída a eles para avaliar suas hipóteses e teorias, bem como questionar suas
bases analisando a possível compatibilidade com os resultados da ciência.
Supondo que os alunos tiveram êxito no trabalho proposto, considere o resultado
a que cada aluno chegou:
a. A astronomia é uma ciência porque suas teorias são compatíveis com os dados
disponíveis das melhores agências espaciais.
b. A sociologia é uma ciência porque suas teorias são baseadas em evidências.
Além disso, a sociologia consegue, com base no uso de modelagem
computacional, realizar predições sobre fenômenos sociais com alto nível de
acurácia.
c. A psicanálise não parece ser uma ciência, ou talvez seja uma pseudociência,
porque suas principais hipóteses não constituem uma teoria cientí�ca. Mais
ainda, algumas alegações sobre possíveis entidades ou objetos não podem ser
testadas ou demonstradas empiricamente. Ela também tem outro ponto falho,
que consiste na ausência de uma formalização lógica adequada da qual seja
possível a extração objetiva do signi�cado de um conceito central no campo.
Normalmente, o próprio aluno C poderia indagar sobre o motivo pelo qual a
psicanálise ainda mantém um local prestigiado em universidades públicas e
particulares, sendo que ela falha em cumprir os requisitos mínimos esperados de
um campo que alega produzir conhecimento cientí�co.
Quais seriam os possíveis indicadores que revelariam o porquê de certas
pseudociências, como a psicanálise, ainda manterem algum prestígio na academia,
mesmo não cumprindo requisitos esperados de uma atividade que preza pela
verdade?
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CONCEITO-CHAVE
CONHECIMENTO CIENTÍFICO: SISTEMATICIDADE, FALIBILIDADE E
QUESTIONABILIDADE
Algumas características essenciais do conhecimento cientí�co mostram como ele é
um conhecimento único em sua espécie, trazendo maior nível de con�abilidade em
comparação com outros tipos de saberes no mundo contemporâneo. Um aspecto
central é seu princípio de sistematização, que é basicamente a forma como seus
enunciados são estruturados logicamente, evitando confusões da linguagem
ordinária, como contradições lógicas e polissemia.
A sistematização do conhecimento cientí�co permite que seus enunciados não
entrem em contradição ao longo de uma explicação a respeito de algum fenômeno
da realidade, evitando a utilização de jargões desnecessários e, por vezes,
incompreensíveis, como sentenças que fazem parte de muitos sistemas �losó�cos
dos chamados �lósofos do irracionalismo, como Friedrich Hegel e Martin
Heidegger.
A adoção de uma estrutura lógica dentro de enunciados cientí�cos permitiu que
qualquer discurso ou método dialéticos fosse extirpado do conhecimento
cientí�co, contrariando a crença popular de que a dialética é um elemento
indispensável na atividade cientí�ca. Isso ocorre desde o surgimento da ciência
moderna, admitindo tacitamente o Princípio da Não Contradição de Aristóteles,
que assegura que a�rmações contraditórias não podem ser verdadeiras ao mesmo
tempo. Portanto, a ciência evitao uso de proposições contraditórias, como “esse
círculo é quadrado”, “toda verdade é uma mentira” e “tudo é relativo”.
A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o
universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas
para interrogar aqueles que nos a�rmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são
autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer.
— Carl Sagan, entrevista de 1996.“
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A dialética é um conceito problemático desde Heráclito, signi�cando em seus
primórdios a ideia de que existe um Princípio da Unidade dos Contrários, ou seja, a
ideia de que todas as coisas que existem possuem uma contraparte ou uma
entidade oposta (por exemplo, partículas e antipartículas). Muitos séculos depois, o
�lósofo Hegel buscou desenvolver a dialética dentro de seu sistema �losó�co,
admitindo alguns pressupostos da tese original, como a ideia de que existe uma
unidade dos opostos e a noção segundo a qual todas as coisas mudam. No
entanto, Hegel foi muito pouco claro sobre o que ele queria dizer com “dialética”,
de modo que até hoje não existe um consenso entre �lósofos sobre o que ela é:
uma lógica não clássica, que romperia com o Princípio da Não Contradição da
ciência moderna; uma ontologia das coisas; ou simplesmente ambas. Apesar do
extenso debate �losó�co sobre a dialética, ela não conseguiu ganhar espaço em
nenhuma ciência natural, social ou biossocial – nem mesmo na ciência formal, com
a lógica e a matemática.
Outro aspecto central do conhecimento cientí�co é a falibilidade, que signi�ca
que todo discurso cientí�co é passível de correção, evitando assim qualquer tipo
de dogmatismo, como a estagnação de uma hipótese cientí�ca e o culto à
autoridade. Esse conceito está presente na tese do �lósofo da ciência Karl Popper
(2013), que estipulou que a falseabilidade ou refutabilidade é a condição para
re�nar cada vez mais hipóteses e teorias cientí�cas.
Esse princípio de falseabilidade é importante para a estruturação de hipóteses
iniciais ou primitivas, por polir a�rmações destituídas de evidências cientí�cas, mas
não é um critério de demarcação satisfatório para produzir conhecimento
cientí�co. Na verdade, mesmo que alguns cientistas considerem que a ciência siga
o modelo popperiano, nenhum �lósofo da ciência considera-o como um critério
satisfatório – especialmente porque a pseudociência também mantém um nível de
conciliação com o respectivo critério de demarcação.
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A falibilidade permite que a ciência progrida com novos dados e evidências,
fazendo também com que as teorias sejam cada vez mais (re)ajustadas à realidade,
produzindo um conhecimento diferenciado em comparação com os outros, sendo
então mais profundo e verdadeiro. Essa posição também é admitida por �lósofos
cientí�cos – ou seja, �lósofos que estão em dia com os resultados da ciência e
tecnologia –, que assumem que a ciência produz um tipo de conhecimento mais
profundo e verdadeiro.
A ciência também mantém em seu núcleo um aspecto de questionabilidade ou
ceticismo, que signi�ca dúvida metodológica e consiste na adoção do ceticismo
cientí�co, que é o princípio segundo o qual todas as hipóteses e teorias devem ser
questionadas de forma metódica, responsável e cienti�camente orientada. Isso
signi�ca que a ciência não adota um tipo de ceticismo conhecido como radical, em
que tudo deve ser questionado, que advoga por um questionamento absoluto,
irresponsável, descontrolado e, portanto, dogmático. A questionabilidade
promovida na ciência é a que submete alegações e hipóteses destituídas de
evidências razoáveis à crítica de outros cientistas, promovendo um diálogo
construtivo, sadio e útil para o desenvolvimento da ciência.
O ceticismo cientí�co não deve ser confundido com o negacionismo da ciência, que
é a posição que defende a rejeição completa ou parcial do conhecimento cientí�co.
O negacionismo da ciência está atrelado a posições ideológicas de seus
praticantes, entrando em cena quando a ciência revela um fato em relação ao qual
a pessoa está em desacordo por alguma razão política, religiosa ou cultural. Alguns
exemplos de negacionismo da ciência incluem a negação de efetividade das
vacinas, a rejeição da circunferência da Terra, a depreciação das consequências
das mudanças climáticas e a resistência em aceitar a evolução biológica das
espécies através do processo de seleção natural.
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OBJETIVIDADE, POSITIVIDADE, RACIONALIDADE E EXPLICABILIDADE
No contexto do conhecimento cientí�co, o conceito de objetividade não deve ser
confundido com objetivismo, que é doutrina ideológica e pseudo�losó�ca de Ayn
Rand. A objetividade se refere à pretensão clara e objetiva na formulação de
enunciados cientí�cos, evitando o subjetivismo interpretativo, que é a noção
segundo a qual é possível a extração de diversas interpretações e múltiplos
signi�cados de um determinado texto. Por conta de a linguagem cientí�ca ser
diferente da linguagem ordinária, principalmente pela sua construção lógica e
sistematização, o subjetivismo não faz parte das proposições cientí�cas.
A objetividade é atrelada a uma concepção positiva de ciência, cujo papel é o
acúmulo gradual de conhecimento por meio da con�rmação empírica, em vez de
uma estrutura desordenada que desmorona a cada nova revolução cientí�ca,
como defendeu de forma irresponsável o �lósofo e historiador da ciência Thomas
Kuhn. Segundo Kuhn (2017), a ciência muda como a moda, de modo que o objetivo
da ciência não seria mais a verdade. No entanto, essa concepção ignora que todas
as revoluções cientí�cas são sempre parciais, que elas nunca rompem totalmente
com o conhecimento anterior, como é o caso da mecânica clássica de Newton, que,
mesmo após o surgimento da teoria da relatividade geral e da mecânica quântica,
ainda permanece válida para calcular a trajetória de objetos terrestres e continua
sendo usada para enviar foguetes ao espaço.
A teoria da evolução de Charles Darwin também é outro exemplo dessa
característica positiva da ciência, pois ela foi atualizada com os dados da genética e
da biologia molecular, revelando um panorama ainda mais abrangente sobre a
evolução das espécies, explicando até a origem de certos traços comportamentais
nos seres humanos modernos. No entanto, a ciência não progride apenas com
base em experimentos, ela precisa de racionalidade.
A racionalidade presente no conhecimento cientí�co pode ser explicada de duas
formas, pelo menos: a ideia de que todo discurso cientí�co é debatível de forma
organizada (com o exercício do uso da razão) ou a ideia de que o raciocínio formal
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é um alicerce na construção do conhecimento cientí�co. A primeira ideia
pressupõe tacitamente características anteriormente explicadas, como as noções
de sistematização e de objetividade, de modo que apenas com uma linguagem
compreensível, logicamente e objetivamente coerente,é possível discutir
racionalmente conhecimentos e problemas cientí�cos, enquanto a segunda
exprime a ideia de que a construção de conceitos lógicos e formais serve para
representar objetos que possuem existência concreta, material e real na realidade,
como campos, partículas e cérebros.
De acordo com a última de�nição, sem o raciocínio formal, o qual consiste na
ciência formal da lógica e da matemática, nenhum conhecimento seria possível,
pois são necessários sempre símbolos e expressões matemáticas não apenas para
representar objetos, mas também para quanti�car os dados oriundos da
investigação cientí�ca. Até mesmo a �loso�a contemporânea, como a �loso�a
analítica e a �loso�a cientí�ca, trata o raciocínio lógico-matemático como essencial
para a produção de conhecimento �losó�co. No entanto, o conhecimento cientí�co
busca trabalhar com o raciocínio formal visando fornecer uma explicação mais
adequada com base nos dados e nas evidências da investigação cientí�ca, de
modo que não é um mero exercício lógico destituído de valor empírico.
A pretensão de elaborar cada vez mais proposições e teorias ajustadas à realidade
revela o aspecto de explicabilidade da ciência. Sem a pretensão de explicar a
realidade, ou algum de seus níveis em particular (físico, químico, biológico,
psicológico, social, arti�cial, etc.), os cientistas não teriam qualquer motivo para
investigar o mundo e produzir conhecimento cientí�co. A explicabilidade, portanto,
refere-se simplesmente ao papel da ciência em investigar o mundo e prover
conhecimentos cada vez mais profundos sobre as coisas.
ASSIMILE 
1. O conhecimento cientí�co advoga pelo princípio de racionalidade, de
modo que seu discurso é universalmente compreensível.
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2. O aspecto corretivo do conhecimento cientí�co é sempre guiado pelas
evidências da realidade.
3. Toda a atividade cientí�ca cultiva o questionamento cético moderado ou
razoável, que é orientado pela evidência.
REVISIBILIDADADE, AUTONOMIA, ACUMULABILIDADE E
VERIFICABILIDADE
O conhecimento cientí�co é justamente difícil de de�nir por conta de suas diversas
características. Em comparação com o conhecimento religioso, por exemplo,
apenas o conhecimento cientí�co tem como preocupação a revisibilidade de seus
conceitos e teorias mediante a investigação cientí�ca. Enquanto o conhecimento
religioso admite múltiplas interpretações de um texto como igualmente válidas, o
que importa no conhecimento cientí�co é a compatibilidade de seu corpo de
conhecimento com as evidências, independente do que um cientista pensa a
respeito. Pelo mesmo motivo, a ciência não deve ser comparada com a política,
pois seu conhecimento não é decidido como verdadeiro mediante uma votação
por decreto ou escolha da população. O conhecimento cientí�co é tratado como
verdadeiro quando os resultados de uma investigação apontam numa
determinada direção.
Já a autonomia existente na ciência pode se referir ao âmbito individual e coletivo,
como quando um cientista tem liberdade para investigar - seguindo os protocolos
éticos da pesquisa cientí�ca - e quando a ciência tem liberdade para investigar
problemas que contradizem anseios políticos. Por exemplo, quando os cientistas
sociais podem estudar livremente os impactos das desigualdades sociais nas
populações de baixa renda, ou quando o objeto de estudo são os efeitos
sistêmicos das mudanças climáticas, que, normalmente, contradizem interesses
privados de empresas ou políticos. Contraexemplo: quando os cientistas são
impedidos de investigar por conta de sua nacionalidade ou etnia, como ocorreu
com os físicos judeus durante a emergência do nazismo na Alemanha, ou quando
os pesquisadores são perseguidos pelo governo com a desculpa de serem
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in�ltrados de uma potência mundial rival ou advogarem por uma suposta ideologia
contrária à aceita pelo Estado, como aconteceu no caso dos geneticistas de plantas
na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Mesmo com todas as di�culdades que a história da ciência revela sobre o processo
de construção do conhecimento cientí�co ao longo dos séculos, toda a experiência
passada é traduzida em conhecimento sociológico, revelando que a ciência e a
política, embora sejam atividades completamente distintas, dependem de uma
relação amigável para prosperarem, seja para promover a investigação cientí�ca
fornecendo recursos �nanceiros do Estado, seja para usar os resultados cientí�cos
na elaboração de políticas públicas mais justas.
A acumulabilidade do conhecimento cientí�co é o que justi�ca seu aspecto de
progresso, justamente porque exemplos de experimentos malsucedidos são
considerados, não apenas para re�etir sobre os desa�os metodológicos e
epistemológicos da ciência, mas também para aumentar o rigor necessário
durante a avaliação dos trabalhos que são submetidos para revistas cientí�cas.
Mais ainda, os resultados negativos na ciência, com base no olhar sociológico,
podem revelar aspectos que foram negligenciados sistemicamente durante a
época de aceitação ou implementação de uma ideia. Por exemplo, a aplicação
política de ideias pseudocientí�cas, que já não eram muito bem aceitas, no início
do século XX, como a eugenia e o darwinismo social, levou ao extermínio de
judeus, negros, pobres e pessoas com de�ciência, sob o pretexto de “busca pela
pureza genética”.
A elucidação da pseudociência só foi possível graças ao princípio de
veri�cabilidade da ciência, que é a ideia segundo a qual um enunciado, uma
hipótese ou uma teoria deve ser passível de ser colocada à prova. No entanto, o
conceito de veri�cabilidade requer um contexto adequado por conta de sua
polissemia.
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A noção mais forte de veri�cabilidade foi apresentada pelo lógico Rudolph Carnap,
durante a emergência do positivismo lógico do Círculo de Viena. Esse círculo era
formado por um grupo de cientistas e �lósofos interessados nos problemas
�losó�cos, históricos e sociológicos da ciência. A despeito dos mitos que circulam
sobre o círculo, eles defendiam teses bastantes heterogêneas, tinham
preocupações políticas e sociais sobre a atividade cientí�ca, não eram ingênuos e
nem reducionistas (não reduziam todo o conhecimento às ciências naturais) e
buscavam uma linguagem universal para a ciência. No entanto, a tese de Carnap
�cou imensamente conhecida ao ponto de ser tratada equivocadamente como
representativa de todo o círculo.
A tese veri�cacionista de Carnap postulava que uma proposição tem sentido se, e
somente se, existir alguma circunstância que permita sua veri�cação. Se não
existisse alguma possibilidade de veri�cação, a proposição seria considerada como
destituída de sentido e signi�cado e, portanto, ela não faria outra coisa a não ser
trazer pseudoproblemas. Essa tese foi duramente golpeada, justamente por outro
�lósofo que era simpatizante do círculo, mas que não fazia parte dele: Karl Popper.
Karl Popper enfatizou que a tese não era su�ciente como um critério para
proposições, além de diversos outros problemas enumerados em sua obra A
Lógica da Pesquisa Cientí�ca (2013), argumentando que a condição de
veri�cabilidade não é su�ciente para que uma proposição ou teoria seja
considerada cientí�ca, mas simplesmente a condição de sua possívelrefutação.
Para Popper, uma teoria é cientí�ca se, e somente se, existir alguma circunstância
que permita sua refutação. Se não existir nenhuma circunstância passível de
refutação, a teoria não é considerada cientí�ca. Com isso, Popper lançou as bases
de sua hoje conhecida tese: o falseacionismo.
REFLITA
1. Dado o sucesso do conhecimento cientí�co na explicação de diversos
fenômenos da realidade, o que torna a ciência um campo con�ável?
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2. Dado o contexto de negacionismo anticientí�co na sociedade
contemporânea, por que é importante adotar o ceticismo cientí�co?
3. Por que a lógica é um elemento indispensável dentro do conhecimento
cientí�co?
FACTUALIDADE, ANALITICIDADE E COMUNICABILIDADE
A ciência não se resume a uma atividade puramente empírica. Ela também
contempla disciplinas que lidam com aspectos formais do método cientí�co, que
usam seu aspecto de racionalidade para investigar problemas matemáticos,
lógicos e semânticos. Para clari�car essa abrangência, é necessária uma distinção
rápida sobre esses dois tipos de ciências: a ciência fática (ou factual) e a ciência
formal.
Como explica o �lósofo Mario Bunge em seu livro La Ciencia, su Método y su
Filosofía (2014), a ciência fática lida com entes concretos ou materiais (como
campos, partículas, animais, pessoas), adequa-se aos fatos e possui consistência
empírica (como a física, a química, a biologia, a psicologia, a sociologia), enquanto a
ciência formal lida com entes ideais (como números, conceitos, axiomas), adequa-
se a um conjunto de regras e possui consistência racional (como a lógica e
matemática). No entanto, tanto a ciência fática como a ciência formal normalmente
se cruzam em um processo de enriquecimento contínuo.
A ciência formal fornece à fática a analiticidade essencial para sua sistematização,
formalização e objetividade. Com esse tratamento analítico, o conhecimento
cientí�co se torna mais exato, porque evita-se a ambiguidade e a armadilha da
linguagem ordinária. Desse modo, justi�ca-se a de�nição de Bunge (2014) da
ciência como um tipo de conhecimento sistemático, racional, exato, veri�cável e,
portanto, falível, sendo a melhor reconstrução conceitual do mundo do qual
fazemos uso.
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Finalmente, a ciência preza pela comunicabilidade, ou seja, os resultados
cientí�cos são passíveis de serem comunicáveis de forma objetiva para quaisquer
pesquisadores ao redor do mundo. Mais ainda, os resultados podem ser
traduzidos na linguagem ordinária com o objetivo de visar à popularização da
ciência e ao enriquecimento cultural através da atividade de divulgação cientí�ca.
EXEMPLIFICANDO
1. O conhecimento cientí�co tem uma estrutura lógica ordenada, a qual
permite a extração de proposições objetivas.
2. O conhecimento cientí�co visa explicar a realidade em sua totalidade,
adequando sua metodologia cientí�ca para o estudo de cada nível
(físico, químico, biológico, psicológico, social e arti�cial).
3. O conhecimento cientí�co progride ao longo do tempo, ajustando suas
teorias às evidências, corrigindo imprecisões e mantendo seu aspecto
questionador frente a uma gama de hipóteses sobre o mundo.
Devido à natureza peculiar do conhecimento cientí�co, suas diversas
características revelam o porquê de ele poder ser considerado como um tipo de
conhecimento mais profundo, verdadeiro e con�ável. Embora muitos argumentem
que o aspecto autocorretivo seja uma sentença de risco, o que levaria a
duvidarmos cada vez mais do nível de verdade e profundidade desse tipo de
conhecimento, ignora-se que a requerida compatibilidade das teorias com as
evidências é o que aproxima a ciência da descrição mais precisa o possível da
realidade.
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
O ceticismo cientí�co é uma das características fundamentais da ciência e de toda
a atividade intelectual. O astrônomo e divulgador cientí�co Carl Sagan escreveu
uma obra chamada O Mundo Assombrado Pelos Demônios (2006), em que ele
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descreve exemplos de aplicação do ceticismo cientí�co na vida cotidiana. O
ceticismo, argumenta Sagan, é uma ferramenta indispensável para não deixar
enganar a nós mesmos.
Qual é a de�nição de ceticismo cientí�co?
a. Uma abordagem �losó�ca que adota a suspensão de juízo pela impossibilidade de provar algum
fenômeno.
b.  Uma abordagem niilista que considera a ciência isenta de valores. 
c.  A negação absoluta do conhecimento cientí�co. 
d.  Uma abordagem que consiste na dúvida metódica ou razoável aplicada a situações e a�rmações
destituídas de boas evidências. 
e.  A crença religiosa no poder da ciência.  
Questão 2
A veri�cabilidade é a noção que advoga a preocupação com o teste experimental.
No entanto, essa posição não pode ser confundida com o veri�cacionismo do
Círculo de Viena e nem com o falseacionismo do �lósofo da ciência Karl Popper.
O que signi�ca veri�cacionismo?
a. Um critério de demarcação entre ciência e pseudociência.
b.  Um critério para veri�car através da observação se certos enunciados são signi�cativos. 
c.  Um critério ético para a ciência. 
d.  Um axioma matemático. 
e.  Uma lógica não clássica.  
Questão 3
A lógica é uma ciência formal, embora possa ser aplicada na ciência fática com o
objetivo de proporcionar melhor clareza e objetividade para os enunciados
cientí�cos. Seu uso evita a ambiguidade da linguagem ordinária, facilita o
entendimento conceitual e impede a contradição no conhecimento cientí�co. A
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dialética, por outro lado, tolera contradições e ambiguidades da linguagem
ordinária. No entanto, ela ainda é considerada por muitos como uma ferramenta
essencial para a ciência, os quais acabam ignorando suas implicações com o
Princípio da Não Contradição de Aristóteles e defendendo que ela serve como uma
técnica de comparabilidade entre ideias aparentemente distintas, a partir da qual,
de alguma forma, seria possível a extração de uma nova ideia ou hipótese.
Historicamente, qual pensador é considerado o pai da dialética?
a.  Friedrich Hegel.
b.  Friedrich Nietzsche. 
c.  Martin Heidegger.
d.  Aristóteles. 
e.  Heráclito.  
REFERÊNCIAS
BUNGE, M. La Ciencia, su Método y su Filosofía. [S.l.]: Editora Sudamericana,
2014.
CARNAP, R. The Logical Structure of the World and Pseudoproblems in
Philosophy. [S.l.]: Editora Open Court, 2003.
MARCONDES, D. Textos Básicos de Filoso�a e História das Ciências: a revolução
cientí�ca. [S.l.]: Editora Zahar, 2016.
POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Cientí�ca. 2. ed. [S.l.]: Editora Cultrix, 2013.
SAGAN, C. O Mundo Assombrado Pelos Demônios: a ciência vista como uma vela
no escuro. [S.l.]: Editora Companhia de Bolso, 2006.
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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO
CIENTÍFICO?
Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira
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