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INCLUI: • Quadros de ATENÇÃO • Tabelas Comparativas • Esquemas Didáticos • Referências a temas cobrados em provas anteriores 40º EXAME L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O Alteração Legislativa Atenção Exemplo 2 SUMÁRIO 1. TRIBUTOS 1.1. CONCEITO DE TRIBUTO 1.2. ESPÉCIES DE TRIBUTOS 1.2.1 IMPOSTOS 1.2.2 TAXA 1.2.3 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 1.2.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO 1.2.5 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS 1.2.5.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 1.2.5.2 CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE) 1.2.5.3 CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSES DE CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS (CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS OU CORPORATIVAS) 1.2.5.4 CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA (CIP ou COSIP) 2. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS 2.2.1 COMPETÊNCIA PRIVATIVA 2.2.2 COMPETÊNCIA CUMULATIVA 2.2.3 COMPETÊNCIA RESIDUAL 2.2.4 COMPETÊNCIA COMUM 2.2.5 COMPETÊNCIA ESPECIAL 2.2.6 COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA 3. SIMPLES NACIONAL 4. REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS 5. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR 5.1. PRINCÍPIOS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 5.1.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 5.1.2 PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA 5.1.3 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE 5.1.4 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE 5.1.5 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO TRIBUTO COM EFEITO CONFISCATÓRIO 5.1.6 PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO DE BENS E PESSOAS 5.1.7 PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA 5.1.8 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO BIS IN IDEM 5.2. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 3 5.2.1 IMUNIDADE RECÍPROCA 5.2.2 IMUNIDADES PARA TEMPLOS DE QUALQUER CULTO 5.2.3 IMUNIDADES PARA PARTIDOS POLÍTICOS, ENTIDADES SINDICAIS DE TRABALHADORES, INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SINDICAL. 5.2.4 IMUNIDADES DE LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO A SUA IMPRESSÃO. 5.2.5 IMUNIDADE MUSICAL 5.2.6 OUTRAS IMUNIDADES 6. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 6.1. FONTES FORMAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 6.1.1 LEI ORDINÁRIA 6.1.2 LEI COMPLEMENTAR 6.1.3 MEDIDA PROVISÓRIA 6.1.4 TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS 6.1.5 RESOLUÇÕES DO SENADO 6.1.6 DECRETOS 6.1.7 NORMAS COMPLEMENTARES 6.2. VIGÊNCIA 6.3. APLICAÇÃO 6.4. INTERPRETAÇÃO 6.5. INTEGRAÇÃO 7. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 7.1. FATO GERADOR 7.2. SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 7.2.1 SUJEITO ATIVO E PASSIVO 7.2.2 SOLIDARIEDADE 7.2.3 CAPACIDADE TRIBUTÁRIA 7.3. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO 8. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA 8.1. RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO 8.2. RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA 8.2.1 RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES 8.2.2 RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS 8.2.3 RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES 9. CRÉDITO TRIBUTÁRIO 9.1. DEFINIÇÃO 9.2. LANÇAMENTO L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 4 9.2.1 DEFINIÇÃO 9.2.2 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO LANÇAMENTO 9.2.3 MODALIDADES DE LANÇAMENTO 9.3. SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 9.4. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 9.5. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 9.5.1 ISENÇÃO 9.5.2 ANISTIA 9.6. GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 9.6.1. GARANTIAS 9.6.2. PRIVILÉGIOS 10. ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 10.1. FISCALIZAÇÃO 10.2. DÍVIDA ATIVA 10.3. CERTIDÕES NEGATIVAS 11. IMPOSTOS EM ESPÉCIE 11.1. IMPOSTOS FEDERAIS 11.1.1 IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO (II) 11.1.2 IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO (IE) 11.1.3 IMPOSTO DE RENDA (IR) 11.1.4 IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) 11.1.5 IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO FINANCEIRA (IOF) 11.1.6 IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR) 11.2. IMPOSTOS ESTADUAIS 11.2.1 IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO (ITCMD) 11.2.2 ICMS 11.2.3 IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES (IPVA) 11.3. IMPOSTOS MUNICIPAIS 11.3.1 IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (IPTU) 11.3.2 IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO INTER VIVOS (ITBI) 11.3.3 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISS) 12. CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS 13. EXECUÇÃO FISCAL L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 1 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 5 1. TRIBUTO 1.1. CONCEITO DE TRIBUTO Art. 3º do CTN - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A partir da definição do art. 3 do CTN, vejamos as principais característicos do Tributo: • Prestação pecuniária compulsória: a relação tributária é formada por um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo), onde este tem obrigação de entregar dinheiro àquele. O art. 162 do CTN prevê diversas formas de pagamento do tributo, como cheque e vale postal, mas isso não lhe retira a natureza pecuniária, já que essas formas possuem correspondência em dinheiro. O conceito de moeda previsto no art. 3º do CTN se refere à moeda corrente nacional, sendo vedado o pagamento de tributo em moeda estrangeira. • Não constitua sanção de ato ilícito: a obrigação de pagar tributo deriva obrigatoriamente de uma fato lícito previsto em lei, não podendo o tributo ser cobrado como uma punição pela prática de um ato ilícito. Deve-se ressaltar, entretanto, que, para o Direito Tributário, basta que o fato gerador seja lícito, pouco importando a licitude do comportamento do sujeito passivo antes de realizar o fato gerador (princípio do non olet). Não é possível a lei exigir determinado tributo em razão da prática de um crime, já que o fato gerador (praticar um crime) é ilícito. Entretanto, pode a lei instituir como fato gerador “auferir renda” (fato gerador lícito), sendo, nesse caso, irrelevante como o agente conseguiu ganhar dinheiro, mesmo que ele tenha sido auferido mediante a prática de crime, já que, para o Direito Tributário, o dinheiro não tem cheiro (princípio do “non olet”). • Instituído em lei: como regra geral, os elementos essenciais dos tributos (fato gerador, sujeito passivo, base de cálculo e alíquota) somente podem ser instituídos mediante lei, enquanto que os elementos secundários (preenchimento de guias, forma de recolhimento, etc.), podem ser tratados por normas infralegais, desde que observados os limites da lei. Trata-se da aplicação do princípio da legalidade, que será estudado posteriormente. L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 6 • Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: a cobrança tributária não é uma opção, mas sim um dever por parte da Administração Púbica, sendo vedado qualquer tipo de análise de conveniência e oportunidade pela autoridade fiscal. Assim, havendo o fato gerador, o fisco deverá realizar o lançamento tributário (art. 142 do CTN) e, não havendo o pagamento do tributo, o crédito será inscrito como dívida ativa e cobrado judicialmente. • Súmula 70 do STF - É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo. • Súmula 323 do STF - É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos 1.2. ESPÉCIES DE TRIBUTO Existem basicamente duas teorias a respeito das espécies tributárias: a) teoria tripartite, baseada sobretudo no art. 5 do CTN, que considera a existência de apenas trêsespécies tributárias (impostos, taxas e contribuições de melhoria) e b) teoria quíntupla (ou pentapartida) que, baseada principalmente na Constituição Federal, considera a existência de 5 espécies de tributos, a saber: I) impostos, II) taxas, III) contribuições de melhoria, IV) empréstimos compulsórios e V) contribuições especiais. Para a prova da OAB/FGV, consideramos mais adequada a adoção da teoria pentapartida. IMPOSTOS TAXAS C. DE MELHORIA EMP. COMPUL. C. ESPECIAIS TRIBUTO 1.2.1. IMPOSTOS Art. 16 do CTN. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Art. 145 da CF/88 (...) L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 7 § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Art. 167 da CF/88. São vedados: (...) IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; O imposto é a espécie de tributo cujo fato gerador é uma situação totalmente desvinculada de qualquer atividade estatal específica, por isso, o imposto é considerado um tributo não vinculado. Assim, o fato gerador de um imposto não pode estar relacionado a qualquer atividade prestada pelo Estado, como limpeza urbana, segurança, saneamento básico, etc., devendo se relacionar à própria atividade do contribuinte, como auferir renda (IR), transferir um bem (ITCMD, ITBI), ser proprietário de alguma coisa (IPTU, IPVA, ITR), etc. O § 1º do art. 145 da CF/88, por sua vez, determina que os impostos terão caráter pessoal, ou seja, sempre que possível devem observar as características do contribuinte (o IR, por exemplo, leva em consideração o número de dependentes do contribuinte, para a fixação do valor devido), além do que devem ser graduados de acordo com a capacidade econômica do sujeito passivo (princípio da capacidade contributiva), isto é, devem ter alíquotas progressivas de acordo com o poder econômico do contribuinte (as alíquotas do IR, por exemplo, aumentam de acordo com o valor da renda auferida). Importante destacar que a receita obtida com a arrecadação dos impostos deve ser destinada para custear as despesas públicas gerais, como educação, segurança pública, limpeza, etc, sendo vedada a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, conforme art. 167, IV, da CF/88. Ressalta-se, ainda, que a própria Constituição Federal prevê a lista dos impostos federais, estaduais e municipais: L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 8 IMPOSTOS FEDERAIS IMPOSTOS ESTADUAIS IMP. MUNICIPAIS 1 - Imposto de Importação (II) 2 - Imposto de Exportação (IE) 3 - Imposto de Renda (IR) 4 - Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) 5 - Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF) 6 – Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR) 7 - Imposto Sobre Grandes Fortunas (IGF) 8 - Impostos Residuais 9 - Imposto Extraordinário de Guerra (IGR) 1 - Imposto sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) 2- Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) 3- Imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA) 1- Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) 2 - Imposto de transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI) 3 - Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS) Os impostos acima citados, como regra geral, são criados por meio de lei ordinária, ressalvados os casos do imposto sobre grande fortuna (IGF) e os impostos residuais (art. 154, I, da CF/88), que são criados por meio de lei complementar. 1.2.2. TAXA Art. 145 da CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; Art. 77 do CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 9 correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas TEMA COBRADO NO XXXVII EXAME DA OAB/FGV As taxas são espécies de tributo diretamente relacionadas à atuação da Administração Pública (tributo vinculado), podendo ser criadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, em duas hipóteses: • Taxa de polícia ou de fiscalização (art. 78 do CTN): o fato gerador decorre do exercício regular do poder de polícia pela Administração Pública, ou seja, corresponde ao poder que a administração pública tem de limitar, disciplinar e fiscalizar as atividades dos particulares. São exemplos de taxas os valores cobrados para obtenção da licença de pesca e de alvará de funcionamento de certos estabelecimentos. Para que a cobrança de taxa seja lícita, o parágrafo único do art. 78 do CTN exige que o poder de polícia seja exercido por órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, considera regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado por órgão devidamente estruturado e em efetivo funcionamento, ainda que a fiscalização não tenha sido realizada individualmente para cada sujeito passivo. Com base nessas premissas, o STF já considerou válida as seguintes taxas: taxa de alvará, taxa de fiscalização de anúncios, taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários pela CVM, taxa de fiscalização de Cartórios Extrajudiciais, etc. Súmula n. 665 do STF - É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários instituída pela Lei 7.940/1989. • Taxa de serviço (art. 79 do CTN): o fato gerador é a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição. O serviço público, portanto, deve ser específico,isto é, de natureza precisamente estipulada (o contribuinte sabe para qual serviço a taxa está sendo recolhida) e ainda divisível (uti singuli), ou seja, passível de gozo individualizado por cada contribuinte TEMA COBRADO NOS EXAMES IX E XXVI DA OAB/FGV. Além disso, para a cobrança da taxa, a utilização do serviço deve ser efetiva (de fato usufruída) ou ao menos potencial, ou seja, o serviço é obrigatório e colocado à disposição do contribuinte, mesmo que ele não venha a utilizá-lo, como no caso da taxa de coleta de lixo, considerada constitucional pelo STF. O proprietário de um apartamento fechado deverá pagar taxa de coleta domiciliar de lixo, já que o serviço é potencial. Assim, mesmo que não haja ninguém morando no apartamento, a taxa é devida porque o serviço é específico, divisível e colocado à disposição do contribuinte (potencial). L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 10 • O STF considera que as custas judiciais e os emolumentos cartorários têm natureza jurídica de taxa de serviço TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/ FGV. • A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal, conforme Súmula Vinculante n. 19 TEMA COBRADO NOS EXAMES XIII E XXII EXAME DA OAB/FGV . • O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa, conforme Súmula Vinculante n. 41. NÃO PODE COBRAR TAXA PODE COBRAR TAXA Serviço de Iluminação Segurança Pública Limpeza pública (varrição de ruas, desentupimento de bueiros, etc.). Coleta domiciliar de lixo Outro ponto relevante a ser tratado diz respeito à base de cálculo das taxas, já que o § 2º do art. 145 da CF/88 e o parágrafo único do art. 77 do CTN vedam que as taxas tenham base de cálculo própria de impostos. Art. 145 da CF/88 (...) § 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. Art. 77 do CTN Parágrafo único: A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. A vedação ocorre porque impostos e taxas são tributos totalmente diferentes, já que aqueles não são vinculados à atividade estatal e estas são, de modo que não é razoável estipular a mesma base de cálculo dos impostos, que leva em consideração as características pessoais do contribuinte, para as taxas, que estão relacionadas a atividades prestadas pela Administração Pública. Com base nesse raciocínio, o STF editou a Súmula n. 595: “É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural”. Entretanto, deve-se ressaltar que, ao analisar a possibilidade de cobrança de taxa de coleta de lixo com base na metragem do imóvel, o Supremo Tribunal Federal sedimentou posicionamento no sentido de que é possível a utilização de um ou mais elementos da base de cálculo de determinado L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 11 imposto para taxa, sendo vedada apenas a integral identidade entre uma base de cálculo e outra, conforme Súmula Vinculante n. 29. Súmula Vinculante 29: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. Assim, a jurisprudência majoritária considerou válida a adoção do critério da metragem do imóvel para a fixação da taxa de coleta de lixo, sob o argumento de que se utilizou apenas um elemento da base de cálculo do IPTU e que esse critério respeitaria a proporcionalidade, já que é razoável se presumir que, quanto maior o imóvel, maior será o lixo a ser recolhido. TAXA VERSUS TARIFA Taxa e tarifa não se confundem. Conforme estudado acima, as taxas derivam do exercício do poder de polícia ou da prestação de serviço público e são compulsoriamente cobradas por força de lei. Já as tarifas decorrem da atuação do Estado ou de terceiros, como concessionárias de serviço público, no desempenho de atividade econômica, sendo o seu pagamento facultativo, já que prevalece a autonomia do particular em contratar o serviço (tarifa postal, de transportes, telefônica, de gás, de fornecimento de água, de energia, etc.). TAXA TARIFA Tributo Regime Jurídico de Direito Público Pagamento compulsório Exigida apenas por pessoa jurídica de Direito Público O serviço pode ser potencial Não é tributo Regime Jurídico de Direito Privado Pagamento facultativo Pode ser exigida por pessoa jurídica de Direito Público ou Privado. Serviço deve ser efetivo 1.2.3. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA Art. 145 da CF/88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Art. 81 do CTN - A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 12 imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. O fato gerador da contribuição de melhoria, portanto, é a valorização do imóvel em decorrência de obra pública. Trata-se de tributo também vinculado a uma atividade estatal (obra pública), mas vinculado indiretamente, já que, além da obra pública, deve haver a valorização do imóvel. O valor cobrado a título de contribuição de melhoria possui dois limites TEMA COBRADO NO XXII EXAME DA OAB/FGV: Limite Global: não pode ser arrecadado um valor global superior ao limite da obra (Exemplo: Se a obra pública custou R$ 2.000.000,00 (dois milhões), o valor total arrecadado dos imóveis em razão da valorização não poderá ser superior a esse montante) Limite individual: corresponde à valorização do imóvel do contribuinte (Exemplo: se o imóvel de determinado contribuinte teve uma valorização de R$ 10.000,00 (dez mil reais) em razão da construção de uma obra pública, esse contribuinte não pode ser obrigado a pagar uma contribuição de melhoria superior a esse montante). 1.2.4. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO Art. 148 da CF/88. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b” (Princípio da anterioridade). Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Art. 15 do CTN. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios: (...) Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. Os incisos I, II, e III do art. 15 do CTN, que traziam outras hipóteses a justificar a criação de empréstimos compulsórios, foram derrogados pelo art. 148 da CF/88, permanecendo em vigor apenas o disposto no seu parágrafo único. O empréstimo compulsório, portanto, é tributo transitório de competência exclusiva da União, podendo ser criado apenas mediantelei complementar nas hipóteses expressamente previstas no art. 148 da CF/88 TEMA COBRADO NOS EXAMES VII, XIII, XXIX, XXXII, XXXIII e XXXIX DA L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 13 OAB/FGV: 1) Despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública (terremoto, enchentes, incêndios, desabamentos, etc.), de guerra externa ou sua iminência. Nesse caso, em razão da urgência na aplicação dos recursos, não há necessidade de se observar o princípio da anterioridade anual e nonagesimal. Empréstimo compulsório “X” criado em 10 de dezembro de 2017 para atender despesas extraordinárias decorrentes de uma calamidade pública. O tributo poderá ter exigência imediata, a partir do dia 11 de dezembro de 2017. 2) Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional (investimento para atender interesse regional ou de um Estado não justifica a criação de empréstimo compulsório). Nesse caso, por expressa previsão constitucional, deve- se observar o princípio da anterioridade anual e nonagesimal. Empréstimo compulsório “Z” criado em 10 de dezembro de 2017 para atender investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. O tributo não terá exigência imediata, podendo ser cobrado apenas a partir de meados de março de 2018. DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS, DECORRENTES DE CALAMIDADE PÚBLICA, DE GUERRA EXTERNA OU SUA IMINÊNCIA INVESTIMENTO PÚBLICO DE CARÁTER URGENTE E DE RELEVANTE INTERESSE NACIONAL Não precisa respeitar o princípio da anterioridade Deve respeitar o princípio da anterioridade É importante destacar que a lei complementar que instituir o empréstimo compulsório deverá especificar qual a situação que motivou a sua criação, e os recursos obtidos deverão ser destinados obrigatoriamente para atender à situação mencionada. Assim, se determinado empréstimo compulsório foi criado para atender às despesas extraordinárias de uma calamidade pública (terremoto), os recursos oriundos da cobrança do tributo não poderão ser destinados para outra finalidade. Além disso, os empréstimos compulsórios são restituíveis, ou seja, finalizada a situação que justificou a sua criação, os recursos obtidos deverão ser restituídos em dinheiro para os contribuintes, devendo a lei complementar fixar obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate (art. 15, parágrafo único, do CTN). 1.2.5. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS Art. 149 da CF/88. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 14 econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. TEMA COBRADO NO XXXVIII EXAME DA OAB/FGV, § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. TEMA COBRADO NO XXXIV EXAME DA OAB/FGV, Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. As contribuições especiais mais importantes para a prova da OAB/FGV são: 1) contribuições sociais, 2) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE), 3) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas (contribuições profissionais ou corporativas) e 4) contribuição para custeio do serviço de Iluminação Pública. Nos termos do art. 149 da CF/88, a União possui competência exclusiva para instituir as contribuições especiais TEMA COBRADO NO XX EXAME DAF OAB/FGV, ressalvado o disposto no § 1º do art. 149 da CF/88, que estabelece que os Estados, os Municípios e o Distrito Federal devem instituir contribuição para o custeio do regime de previdência próprio de seus servidores, bem como o estabelecido no art. 149-A, que trata da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (CIP ou COSIP), de competência exclusiva dos Municípios e do Distrito Federal TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV. 1.2.5.1. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS O Supremo Tribunal Federal, conforme RE 138.284, subdivide as contribuições sociais em L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 15 três categorias: 1) Contribuições de Seguridade Social (art. 195, I a IV, da CF): são contribuições pagas pelo empregador (PIS, CSLL e COFINS, por exemplo), pelo trabalhador e demais segurados da previdência social, bem como em virtude de receita de concursos de prognósticos (loterias) e do importador de bens ou serviços do exterior. Essas contribuições são destinadas ao financiamento da Seguridade Social, que engloba saúde, previdência e assistência social. ATENÇÃO: De acordo com o STF, as contribuições da seguridade social previstas nos incisos I a IV do art. 195 da CF/88 podem ser instituídas por lei ordinária. No entanto, qualquer contribuição criada além das fontes acima citadas, estará no âmbito da competência residual, exigindo-se a edição de lei complementar. 2) Outras contribuições sociais (contribuições residuais) - § 4º do art. 195 da CF/88): a União poderá criar outras contribuições destinadas a garantir e manter a seguridade social, desde que observados os requisitos do art. 154, I, da CF/88: devem ser instituídas por lei complementar, não podem ser cumulativas, além do que devem inovar quanto a base de cálculo e hipótese de incidência TEMA COBRADO NOS EXAMES XXII E XXVIII DA OAB/FGV. 3) Contribuições Sociais gerais: são destinadas para financiar a atuação do Estado em outros campos sociais não previstos no art. 195 da CF/88, como no caso do salário- educação (§ 5º do art. 212 da CF/88) e das contribuições ao Sistema “S” (art. 240 da CF/88). 1.2.5.2. CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO (CIDE) A CIDE não possui como finalidade principal a arrecadação de tributos, mas sim permitir a atuação do governo federal no mercado, regulando a oferta de bens ou serviços. Trata-se, portanto, de tributo extrafiscal. A competência para instituir CIDE é da União, por meio de lei ordinária ou medida provisória, mas não se permite sua instituição sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, I, da CF/88). Importante destacar, ainda, que a única CIDE prevista na Constituição Federal é a denominada CIDE-Combustíveis,conforme disposto no § 4º do art. 177: Art. 177 da CF/88 (...) § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: I - a alíquota da contribuição poderá ser: a) diferenciada por produto ou uso; b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 16 no art. 150, III, b; II - os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes. 1.2.5.3. CONTRIBUIÇÕES DE INTERESSES DE CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS (CONTRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS OU CORPORATIVAS) As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, também chamadas de contribuições profissionais ou corporativas, são de competência exclusiva da União e se destinam a financiar a atividade representativa e fiscalizatória das entidades que representam essas categorias (geralmente autarquias), possuindo, portanto, caráter parafiscal (CREA, CRM, CRO, ETC.). Em caso de não pagamento de tais contribuições, torna-se possível a execução fiscal da dívida, de acordo com as normas definida pela Lei n.º 6.830/80 (Lei de Execução Fiscal) TEMA COBRADO NO XXVIII EXAME DA OAB/FGV. As contribuições sindicais também eram consideradas contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, no entanto, com a alteração do art. 578 da CLT (reforma trabalhista), entendemos que elas perderam a natureza de tributo, uma vez que deixaram de ser compulsórias. 1.2.5.4. CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA (CIP ou COSIP) Art. 149-A da CF/88 - Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Era muito comum a prática dos Municípios de cobrarem taxas relativas ao serviço de iluminação pública. No entanto, conforme estudado anteriormente, por não se tratar de serviço específico e divisível, a jurisprudência era contrária à cobrança de taxa nessas situações. Para resolver a questão, a Emenda Constitucional nº 39 de 2002 inseriu o art. 149-A na Constituição Federal, prevendo a existência de uma contribuição sui generis para o custeio do serviço de iluminação pública (CIP ou COSIP). Trata-se de tributo vinculado, de competência exclusiva dos Municípios e do Distrito Federal, devendo ser estabelecida por lei ordinária do ente que a instituir, permitindo-se ainda a sua cobrança na fatura de consumo de energia elétrica TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV. COSIP não é uma taxa e sim uma contribuição sui generis. L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 17 2 2. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA 2.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS Considera-se competência tributária o poder conferido pela Constituição Federal aos entes federativos para criarem tributos. A Constituição Federal define a competência tributária de cada ente político, mas a cobrança dos tributos dependerá de lei específica elaborada por cada um desses entes. A Constituição Federal confere aos Municípios a competência tributária de instituir impostos sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU), conforme inciso I do art. 156. No entanto, para que o tributo seja cobrado, cada Município deverá elaborar uma lei específica prevendo a cobrança de IPTU. Importante destacar ainda que a Constituição Federal estabelece que cabe à Lei Complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, como definição de tributos e de suas espécies, fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes (art. 146, III, da CF/88). No entanto, a lei complementar possui caráter geral e até que ela seja editada, os entes políticos poderão instituir e cobrar os impostos normalmente, conforme § 3º do art. 24 da CF/88 TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV. Destacamos abaixo as principais características da competência tributária: • Indelegável: os entes políticos não podem delegar para terceiros ou entre si a competência tributária conferida pela Constituição Federal. Assim, a título de exemplo, como a Constituição Federal deferiu aos Estados e ao Distrito Federal a competência para instituir tributo sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA), não é possível que determinado Estado delegue, ainda que seja mediante lei, a competência para outro Estado ou para determinado Município. Não confundir competência com capacidade tributária ativa. Embora a competência seja indelegável, é possível que o ente político delegue as atribuições de arrecadar e fiscalizar tributo, ou seja, é possível a delegação da capacidade tributária ativa, o que é denominado de parafiscalidade TEMA COBRADO NO XVIII EXAME DA OAB/FGV. • Irrenunciável: a competência tributária é irrenunciável, ou seja, não é possível, por exemplo, uma norma legal estabelecer que determinado Estado renunciará o direito de cobrar IPVA. • Incaducável: a competência tributária não prescreve nem decai, ou seja, mesmo que o ente político deixe de criar lei para cobrar determinado tributo de sua competência, L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 18 isso não lhe retira a possibilidade de fazê-lo depois (o imposto sobre grandes fortunas (IGF), por exemplo, até hoje não foi instituído pela União). Importante destacar que a competência tributária é exercida, via de regra, mediante lei ordinária. No entanto, a própria Constituição Federal estabelece que a competência tributária da União será exercida mediante lei complementar federal nas seguintes situações específicas: a) empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88), b) imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII, da CF/88), c) impostos residuais da União (art. 154, I, da CF/88) e d) outras contribuições sociais não previstas nos incisos I a IV do art. 195 da CF/88. 2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS As competências tributárias são classificadas em privativa, comum, residual e extraordinária. 2.2.1. COMPETÊNCIA PRIVATIVA A competência privativa se refere à outorga de competência dada pela Constituição Federal exclusivamente a determinado ente político para a instituição de imposto nominado. Na competência privativa, portanto, apenas o ente indicado pela Constituição Federal poderá criar o tributo, sendo vedado a sua instituição por qualquer outro ente. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO COMPETÊNCIA PRIVATIVA DOS ESTADOS COMPETÊNCIA PRIVATIVA DOS MUNICÍPIOS (II) (IE) (IR) (IPI) (IOF) (ITR) (IGF) (ITCMD) (ICMS) (IPVA) (IPTU) (ITBI) (ISS) 2.2.2. COMPETÊNCIA CUMULATIVA art. 147 da CF/88: “Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais”. Como o Distrito Federal não pode ser dividido em Municípios (art. 32, caput, da CF/88), ele L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o sod e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 19 terá competência cumulativa para instituir os impostos estaduais e os municipais (IPTU, ISS, ITBI, ICMS, IPVA, ITCMD). Além disso, caso haja a criação de territórios federais, a União, além dos impostos federais, terá competência para instituir os impostos estaduais e, se o território não for dividido em municípios, também os municipais TEMA COBRADO NOS EXAMES VI E XXVI DA OAB/FGV. 2.2.3. COMPETÊNCIA RESIDUAL A competência residual se refere à possibilidade da União, mediante lei complementar, criar impostos que não estão previstos na Constituição Federal, desde que o imposto criado não seja cumulativo nem tenha base de cálculo ou fato gerador de imposto já existente (art. 154, I, da CF/88) TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV. Apenas a União possui competência residual. Estados, Municípios e o DF não podem criar impostos além daqueles expressamente previstos na Constituição Federal! Requisitos da competência residual: a) criação mediante lei complementar; b) imposto criado não pode ser cumulativo; c) imposto criado não pode ter base de cálculo ou fato gerador de outro imposto. 2.2.4. COMPETÊNCIA COMUM A competência comum, ou concorrente, se refere a possibilidade de todos os entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) cobrarem taxas ou contribuições de melhoria, mas o tributo somente poderá ser cobrado por aquele ente que realizou o serviço (taxa) ou a obra pública (contribuição de melhoria), já que não se permite a bitributação. 2.2.5. COMPETÊNCIA ESPECIAL A competência especial se refere à possibilidade de serem instituídos empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88) e contribuições especiais (art. 149 da CF/88). Conforme já estudado, o empréstimo compulsório é instituído pela União, por lei complementar, nos casos de: a) calamidade pública, b) guerra externa ou sua iminência e c) para investimento público de caráter urgente e relevante interesse social. Já as contribuições especiais são classificadas em: 1) contribuições sociais, 2) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE), 3) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas (contribuições profissionais ou corporativas) e 4) Contribuição para custeio do serviço de Iluminação Pública (CIP ou COSIP). L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 20 Como regra geral, as contribuições especiais são instituídas pela União, salvo no caso das contribuições sociais para custeio do regime de previdência próprio dos servidores dos Estados, Municípios e do DF (§ 1º do art. 149 da CF/88) e da contribuição para custeio do serviço de Iluminação Pública (COSIP ou CIP), que é de competência privativa dos municípios. 2.2.6. COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA Trata-se de competência outorgada à União para instituir, na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, nos termos do art. 154, II, da CF/88. A instituição de impostos extraordinários não depende de lei complementar, isto é, pode ser feita por lei ordinária ou medida provisória. Em caso de guerra externa ou de sua iminência, a União pode instituir também empréstimo compulsório, mas, nesse caso, exige-se lei complementar. L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 21 3 3. SIMPLES NACIONAL Art. 146. Cabe à lei complementar: (..) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: I - será opcional para o contribuinte; II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes TEMA COBRADO NO XV EXAME DA OAB/FGV. A Constituição Federal autoriza, portanto, que lei complementar da União institua regime único de arrecadação de impostos, prevendo tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte (art. 146, III, “d” e parágrafo único, da CF/88). Com base nessa autorização constitucional, a Lei Complementar nº 123/2006 criou o Simples Nacional, que é um regime tributário diferenciado, simplificado e compartilhado de cobrança, arrecadação e fiscalização de tributos, sendo aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. No Simples, o recolhimento dos tributos é feito de forma unificada, isto é, as micro e pequenas empresas recolhem os tributos federais, estaduais e municipais em uma única guia, cabendo à União repassar os valores dos tributos aos Estados e Municípios. L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 22 As principais características do Simples são: • Regime facultativo • Irretratável para todo o calendário • Sistema compartilhado de cobrança, arrecadação e fiscalização • Abrange os seguintes tributos: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP); • Recolhimento dos tributos abrangidos mediante documento único de arrecadação - DAS; O Simples tem a participação de todos os Entes Federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e é administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: 4 (quatro) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios. Para o ingressar no Simples Nacional, a empresa deverá cumprir as seguintes condições: • Ser microempresa ou empresa de pequeno porte. • Se for microempresa, deve auferir, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais). • Se for empresa de pequeno porte, deve auferir, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). • Não poderá se beneficiar do simples a empresa: I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no país, de pessoa jurídica com sede no exterior; III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado,desde que a receita bruta global ultrapasse os limites acima citados; IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse os limite anuais anteriormente citados; VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; X - constituída sob a forma de sociedade por ações; XI - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade. L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 23 4 4. REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS Conforme estudado anteriormente, existem muito mais impostos federais do que impostos estaduais ou municipais. IMPOSTOS DA UNIÃO IMPOSTOS DOS ESTADOS IMPOSTOS DOS MUNICÍPIOS (II) (IE) (IR) (IPI) (IOF) (ITR) (IGF) (ITCMD) (ICMS) (IPVA) (IPTU) (ITBI) (ISS) Em razão desse desequilíbrio, a Constituição Federal estabeleceu regras de repartição tributária das receitas obtidas (arts. 157 a 162), estipulando hipóteses de repasse de parte das receitas da União para os Estados, Distrito Federal e Municípios, assim como repasse das receitas dos Estados para os Municípios. Na repartição de receitas, a divisão ocorre “de cima pra baixo”, ou seja, da União para os Estados, Distrito Federal ou Municípios, e dos Estados aos Municípios. Se ocorrer “de baixo pra cima baixo”, haverá delegação, e não repartição de receitas. Vejamos abaixo, de forma sintética, as principais hipóteses de repartição de receitas tributárias previstas na Constituição: • Imposto de renda retido na fonte dos servidores estaduais e municipais: nos casos dos Estados, Distrito Federal ou Municípios reterem Imposto de Renda na fonte de seus servidores, a receita ficará integralmente (100%) para o ente político que procedeu à retenção (art. 157, I, da CF/88). Assim, o produto do Imposto de Renda retido na fonte (IR-Fonte) dos servidores municipais ficará para o Município e o IR- fonte retido dos servidores estaduais ficará para o Estado TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV. Nesse caso, havendo retenção indevida, o Estado ou Município L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 24 serão partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores (Súmula nº 447 do STJ). TEMA COBRADO NO XXXV EXAME DA OAB/FGV. • Impostos residuais da União: se a União criar novos impostos (competência residual – art. 154, I, da CF/88), 20% do produto arrecadado será repassado aos Estados e ao Distrito Federal, conforme estipulado na própria lei que criar o imposto (art. 157, II, e 158, I, da CF/88). • Imposto Territorial Rural (ITR): metade (50%) do valor arrecadado pela União a título de ITR deve ser repassado ao Município onde estiver localizado o imóvel rural (art. 158, II, da CF/88). Se o Município for responsável pela fiscalização e arrecadação do ITR, caberá a ele a totalidade (100%) do valor arrecadado (art. 153, § 4º, III, da CF/88). TEMA COBRADO NO XXV EXAME DA OAB/FGV. • IPVA: cabe ao Município metade (50%) do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios TEMA COBRADO NO XI EXAME DA OAB/FGV. • ICMS: cabe ao Município vinte e cinco por cento (25%) do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. É importante destacar também que, em regra, é vedada a retenção ou restrição ao repasse do recursos decorrentes da repartição da receita tributária, nos termos do “caput” do art. 160 da CF/88. No entanto, há duas exceções no parágrafo primeiro do mesmo dispositivo que permitem à União e aos Estados condicionarem a entrega dos recursos: 1) ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias; 2) ao cumprimento do mínimo exigido em gastos com saúde. L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 25 5 5. LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR A Constituição Federal, em seus artigos 150, 151 e 152, prevê limites ao poder de tributar do Estado, estabelecendo princípios e imunidades que restringem a atuação estatal, conforme doravante estudado. 5.1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 5.1.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; Por se tratar de prestação compulsória, o tributo somente pode ser instituído mediante lei, o que significa, como regra geral, lei ordinária. Os tributos são instituídos, como regra geral, mediante lei ordinária de cada ente político. No entanto, cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, como definição de tributos e de suas espécies, fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes (art. 146, III, da CF/88). Até que a lei complementar não seja edita, os entes políticos podem instituir e cobrar os tributos normalmente. TEMA COBRADO NO XXXI EXAME DA OAB/FGV Há, entretanto, algumas situações específicas que a própria Constituição Federal exige lei complementar para a instituição de tributo, são elas: • Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da CF/88) • Empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88) • Impostos residuais (art. 154, I, da CF/88) • Outras contribuições sociais não previstas nos incisos I a IV do art. 195 da CF/88. L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 26 REGRA GERAL EXCEÇÕES Cabe à lei ordinária a instituição e majoração de tributos, devendo a lei complementar estabelecer apenas normas gerais em matéria de legislação tributária. Cabe à lei complementar a instituição dos seguintes tributos: a) Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, da CF/88) b) Empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88) c) Impostos residuais (art. 154, I, da CF/88) d) Outras contribuições sociais Na verdade, a abrangência do princípio da legalidade vai além da instituição de tributos, uma vez que o art. 97 do CTN dispõe que somente lei pode determinar: I - instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; • Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso (§ 1º do art. 97 do CTN).• Não constitui majoração de tributo a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo (§ 2º do art. 97 do CTN), o que pode ser feito mediante ato infralegal. Assim, de forma resumida, pode-se afirmar que os elementos essenciais do tributo (sujeitos, base de cálculo, alíquotas, fato gerador, isenção, remissão, etc.) somente podem ser fixados mediante lei, mas os elementos não essenciais (vencimento, preenchimento de guias, atualização monetária das alíquotas, etc.) podem ser determinados por ato infralegal. O Princípio da legalidade, no entanto, é excepcionado pela própria Constituição nos seguintes casos: • Impostos federais extrafiscais: há tributos federais extrafiscais, ou seja, que regulam a economia e o mercado, que podem ter alíquotas aumentadas ou diminuídas por meio de ato do Poder Executivo (normalmente por decreto), a saber: imposto de importação (II), imposto de exportação (IE), IPI e IOF. • Cide-Combustível: o Poder Executivo, por decreto presidencial, poderá reduzir e restabelecer às alíquotas do tributo, conforme 177, § 4º, I, “b”, da CF/88). No caso dos impostos extrafiscais e do CIDE-Combustível, o decreto deverá observar o limite máximo e mínimo estabelecido pela lei. L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 27 • Impostos estaduais: a Constituição Federal determina que resolução do Senado Federal deve estabelecer limites para as alíquotas dos impostos estaduais, na seguinte forma: ITCMD alíquotas máximas, IPVA alíquotas mínimas e ICMS alíquotas máximas e mínimas TEMA COBRADO NO XXX EXAME DA OAB/FGV. 5.1.2. PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; O princípio da isonomia tributária decorre do princípio da igualdade geral prevista no art. 5º, caput, da CF/88, e estabelece que os contribuintes em estado de equivalência devem ser tratados de forma igualitária (igualdade formal), permitindo-se apenas o tratamento diferenciado para atender a uma finalidade lícita, razoável, a fim de amenizar situações de notória desigualdade (igualdade material). A constituição Federal estabeleceu instrumentos e regras a fim de assegurar a igualdade material dos contribuintes. Vejamos alguns exemplos: • Art. 145, § 1º, da CF/88: sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. • Art. 146, III, “d”, da CF/88: cabe à lei complementar:(…) III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:(…) d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. 5.1.3. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 28 De acordo com o princípio da irretroatividade, veda-se a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Embora o preceito constitucional se refira apenas à majoração e instituição de tributos, se uma lei posterior diminuir uma alíquota ou excluir a tributação, aqueles sujeitos que praticaram o fato gerador antes da vigência da lei nova deverão pagar normalmente o tributo com base na lei antiga, ou seja, a lei benéfica também não retroagirá. Importante destacar que, para fins de tributação, considera-se a vigência da lei tributária, e não a publicação. Além disso, o princípio da irretroatividade é aplicado apenas ao conceito de tributo, permitindo- se, por outro lado, que a lei retroaja nos seguintes casos previstos no art. 106 do CTN: • Lei expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados: lei interpretativa é aquela editada para esclarecer o alcance de lei anterior (interpretação autêntica), podendo, neste caso, retroagir, desde que não seja para aplicar penalidade ao contribuinte. • Tratando- se de ato não definitivamente julgado, quando a lei for mais benéfica quanto à infração: a título de exemplo, se uma lei de 2016 institui um tributo com alíquota de 10% e multa de 20%, caso o contribuinte não pague tempestivamente o tributo e, posteriormente, uma lei de 2017 diminua a multa para 15%, o contribuinte que deixou de pagar o tributo poderá ser beneficiado com a redução da multa pela lei de 2017, desde que ainda não a tenha recolhido. TEMA COBRADO NOS EXAMES II, VI, XVIII E XXI DA OAB/FGV. A lei tributária poderá retroagir apenas em relação à multa não recolhida. Não haverá efeitos retroativos em relação à obrigação de pagar o tributo. 5.1.4. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos: (...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 29 O princípio da anterioridade objetiva estabelecer um período mínimo e razoável entre a publicação da lei que aumenta ou institui um tributo e a sua exigência, a fim de que o contribuinte não seja pego de surpresa e consiga se preparar economicamente para pagar a exação. TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV. Inicialmente, a Constituição Federal estabelecia apenas a necessidade de se observar o limite do exercício financeiro, ou seja, o tributo instituído em determinado ano somente poderia ser cobrado no ano seguinte. Entretanto, como a regra era facilmente burlada por leis que instituíam a exação nos últimos dias do exercício financeiro para que o tributo já fosse cobrado no ano seguinte, a Emenda Constitucional n. 42 de 2003 acrescentou a alínea “c” ao inciso III do art. 150, prevendo ainda a necessidade de se observar o período mínimo de 90 dias entre a publicação da lei e a exigência do tributo, o que é conhecido como anterioridade nonagesimal, ou noventena. Desse modo, é possível afirmar que o princípio da anterioridade estabelece duas regras: • Anterioridade anual: a norma que cria ou amenta tributo possui eficácia apenas no ano seguinte da publicação. Tributo “X”, instituído por meio de uma lei publicada em junho de 2017, somente poderá ser cobrado em janeiro de 2018. • Anterioridade nonagesimal:além de respeitar a anterioridade anual, a lei que instituir ou aumentar tributo terá eficácia apenas após 90 dias de sua publicação. Tributo “X”, instituído por meio de uma lei publicada em 15 de dezembro de 2017, somente poderá ser cobrado em meados de março de 2018. O princípio da anterioridade somente se aplica aos casos de instituição ou majoração de tributo. Eventuais reduções ou extinções são aplicadas imediatamente TEMA COBRADO NO VII EXAME DA OAB/FGV. Além disso, norma legal que apenas altera o prazo para recolhimento do tributo também não se sujeita ao princípio da anterioridade, tendo aplicação imediata, conforme Súmula Vinculante n. 50 do STF TEMA COBRADO NO XXIX EXAME DA OAB. Súmula Vinculante 50: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Há, entretanto, exceções a anterioridade anual e nonagesimal TEMA COBRADO NOS EXAMES III, VII e XXXIII DA OAB/FGV: • Exceções à anterioridade anual (podem ser cobrados no mesmo ano): II, IE, IOF, IPI, empréstimo compulsório para atender despesas extraordinárias decorrentes de L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 30 calamidade pública, guerra externa ou sua iminência, imposto extraordinário de guerra (IEG), restabelecimento da alíquota do CIDE- Combustível e do ICMS – combustível, contribuições sociais. • Exceções à anterioridade nonagesimal (não precisam esperar 90 dias): II, IE, IOF, IR, empréstimo compulsório para atender despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência, imposto extraordinário de guerra (IEG), fixação da base de cálculo do IPTU e IPVA. II IE IOF IR IPI EXCEÇÃO ANTERIORIDADE ANUAL X X X X EXCEÇÃO ANTERIORIDADE NONAGESIMAL X X X X EFICÁCIA IMEDIATA IMEDIATA IMEDIATA 1º de janeiro do ano seguinte 90 dias após a publicação da lei EC IEG CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS BASE DE CÁLCULO IPTU E IPVA CIDE- COMB ICMS – COMB EXCEÇÃO ANTERIORIDADE ANUAL X X X X EXCEÇÃO ANTERIORIDADE NONAGESIMAL X X X EFICÁCIA IMEDIATA IMEDIATA 90 dias após a publicação da lei 1º de janeiro do ano seguinte 90 dias após a publicação da lei PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO TRIBUTO COM EFEITO CONFISCATÓRIO Art. 150 da CF/88: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV - utilizar tributo com efeito de confisco; L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 31 O princípio da vedação do confisco objetiva, com base na razoabilidade, impor um limite ao direito de tributar do Estado, vendando-se a cobrança de tributos com efeitos de aniquilar a propriedade do contribuinte, o que deverá ser analisado caso a caso. Uma alíquota de 50% para o IPTU, sem dúvida alguma, possui caráter confiscatório, mas, se a mesma alíquota for adotada para o IPI incidente sobre cigarro, não haverá efeito confiscatório, já que a mercadoria possui baixo valor e o objetivo é desestimular o seu consumo. Embora o preceito constitucional se refira apenas a “tributo”, o Supremo Tribunal Federal entende que o princípio do não confisco também deve ser aplicado às multas1. 5.1.5. PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO DE BENS E PESSOAS Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Veda-se, portanto, que as entidades políticas estabeleçam tributos interestaduais ou intermunicipais, limitando o tráfego de bens e pessoas, salvo nos casos admitidos pela própria Constituição Federal (ICMS cobrado para circulação de mercadorias e serviços entre estados) e de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. O STF entende que pedágio não é tributo, ou seja, não tem natureza de taxa, mas sim de preço público ou de tarifa. Sendo assim, não se aplicam à cobrança de pedágio os princípios tributários (não precisa ser instituído por lei, nem mesmo obedecer a anterioridade anual ou nonagesimal). 5.1.6. PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA DA TRIBUTAÇÃO Art. 151 da CF/88: É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; 1 Veja-se: “(...) para que a multa moratória cumpra sua função de desencorajar a elisão fiscal, de um lado não pode ser pífia, mas, de outro, não pode ter um importe que lhe confira característica confiscatória, inviabilizando inclusive o recolhimento de futuros tributos” (STF, RE 582.461) L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 32 Trata-se de princípio que deriva da isonomia tributária, determinando que a União mantenha tratamento uniforme em relação aos demais entes federativos na tributação federal, admitindo-se apenas tratamento diferenciado para a promoção do equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país, por meio de incentivos fiscais, como no caso da Zona Franca de Manaus, conforme art. 92-A do ADCT TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV. 5.1.7. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO BIS IN IDEM O princípio da vedação ao bis in idem estabelece que o mesmo fato jurídico não pode ser tributado mais de uma vez pela mesma pessoa política, salvo quando expressamente autorizado pela Constituição, como no caso de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro – CSSL, que possuem como fato gerador o fato da empresa auferir lucro (195, I, “c” e art. 153, III) TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV. Assim, quando uma empresa aufere lucro, haverá a possibilidade de cobrança de Imposto sobre a Renda (IRPJ), como também da contribuição social sobre o lucro - CSSL, ambos tributos de competência da União, já que expressamente autorizado pela Constituição Federal. Bis in idem não se confunde com bitributação. Enquanto o bis in idem se refere à proibição do mesmo ente político cobrar mais de um tributo sobre o mesmo fato gerador, a bitributação ocorre quando entes tributantes diferentes exigem do mesmo sujeito passivo tributos decorrentes do mesmo fato gerador. A bitributação também é proibida, salvo quando se tratar de imposto extraordinário de guerra, em que a União poderá cobrar tributos compreendidos ou não em sua competência tributária (CF/1988, art. 154, II). 5.2. IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS Art. 150 da CF/88 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileirose/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 33 contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. § 2º A vedação do inciso VI, «a», é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 3º As vedações do inciso VI, «a», e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas «b» e «c», compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. § 5º A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. Conforme estudado anteriormente, a Constituição Federal fixa a competência tributária, atribuindo poder aos entes federativos para criarem tributos. Entretanto, ao mesmo tempo que fixa a competência tributária, o próprio texto constitucional limita o poder de tributar dos entes federativos, elegendo situações sobre as quais não poderão incidir tributos, situações essas conhecidas como imunidades. Assim, imunidade é regra constitucional que proíbe os entes federativos de cobrarem tributos em determinadas situações (regra negativa de competência). A Constituição Federal não utilizou a melhor técnica legislativa, muitas vezes se valendo de termos não precisos como “isenção” e “não incidência” para se referir à imunidade. Entretanto, imunidade e isenção não se confundem. Imunidade é regra constitucional que limita o poder de tributar dos entes federativos, enquanto que a isenção é prevista em lei ordinária, elaborada pelo próprio ente tributante, isentando determinada situação do pagamento de tributo. Desse modo, o § 7º do art. 195 e o § 5º do art. 184 da CF/88 quando se referem à isenção, na verdade tratam de imunidade. IMUNIDADE ISENÇÃO Prevista na Constituição Federal Prevista em Lei ordinária do próprio ente tributante L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 34 5.2.1. IMUNIDADE RECÍPROCA: A imunidade recíproca tem como base o princípio federativo e estabelece, conforme art. 150, VI, “a”, da CF/88, que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituírem impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros. Não é possível que um Município cobre IPTU de um Prédio da união, ou que um Estado cobre IPVA dos carros de determinada prefeitura. A imunidade recíproca, assim como as demais imunidades previstas no art. 150 da CF/88, se refere apenas a impostos, não abrangendo taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios ou contribuições especiais TEMA COBRADO NO III EXAME DA OAB/FGV. O § 2º do art. 150, por sua vez, estende a imunidade às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. É importante destacar, portanto, que a imunidade das autarquias e fundações instituídas pelo Poder Público ocorre apenas em relação as atividades vinculadas a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV. Estado não poderá cobrar IPVA dos carros pertencentes e utilizados pela autarquia para o desempenho de suas atividades essenciais. Entretanto, conforme já decidiu o STF, é possível a cobrança de IPTU de terreno baldio de determinada autarquia, já que não utilizado para nenhuma atividade. Digno de nota, ainda, que, embora a imunidade recíproca seja aplicada essencialmente a pessoas jurídicas de direito público, o Supremo Tribunal Federal vem estendendo a imunidade a algumas empresas públicas (pessoas jurídicas de direito privado) prestadoras de serviços públicos (como, por exemplo, ECT, INFRAERO e CAERD) e também à OAB. Para as demais empresas públicas, não há imunidade TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV. Por fim, deve-se salientar que o § 3º do art. 150 prevê algumas situações em que imunidade recíproca não será aplicada: • Não haverá imunidade para pessoas jurídicas públicas que explorarem atividades econômicas, regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. • Não há imunidade ao promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. Assim, se um particular fizer contrato de compromisso L ic en se d t o a le ja n d ra c ar d o so d e ar au jo - a le zi ze s@ g m ai l.c o m - 2 74 .5 54 .3 38 -5 9 OA B N A M ED ID A | D IR EI TO T RI BU TÁ RI O 35 de compra e venda referente a um imóvel de uma autarquia, ficando na sua posse antes da quitação total do valor, não haverá imunidade aos impostos incidentes sobre o imóvel TEMA COBRADO NO XX EXAME DA OAB/FGV. • Súmula 75 do STF - Sendo vendedora uma autarquia, a sua imunidade fiscal não compreende o imposto de transmissão inter vivos, que é encargo do comprador. • Súmula 583 do STF - Promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano. 5.2.2. IMUNIDADE PARA TEMPLOS DE QUALQUER CULTO Conforme disposto no art. 150, VI, “b”, da CF/88, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituírem impostos sobre templos de qualquer culto. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o conceito de templo deve ser lido da forma ampla, englobando a os locais e anexos onde ocorrem as reuniões religiosas, casa do líder religioso de propriedade da Igreja, estacionamentos, cemitérios das entidades, serviços religiosos, etc., desde que relacionados com as finalidades essenciais da entidade (art. 150, § 4º, da CF/88). É importante destacar que a imunidade religiosa, assim como as demais imunidades previstas no art. 150 da CF/88, se refere apenas a impostos, não abrangendo taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios ou contribuições especiais. 5.2.3. IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, SINDICATOS DOS TRABALHADORES ENTIDADES EDUCACIONAIS E ASSISTENCIAIS SEM FINS LUCRATIVOS O art. 150, VI, “c”, da CF/88, estabelece que, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituírem impostos sobre: patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. TEMA COBRADO NO 39° EXAME DA OAB/ FGV. Muito importante destacar que o Supremo Tribunal Federal sedimentou posicionamento no sentido de que a imunidade das entidades acima citadas
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