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PROCESSOPENALAPOSTILA

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INCLUI:
• Quadros de ATENÇÃO
• Tabelas Comparativas
• Esquemas Didáticos
• Referências a temas 
cobrados em provas anteriores
ATUALIZADO COM:
• Lei nº14.344/2022 (Lei 
Henry Borel)
• Vetos do Pacote Anticrime
• Lei n 13.964/2019 (pacote 
Anticrime). 
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Alteração Legislativa Atenção Exemplo
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SUMÁRIO
1. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL 
2. LEI PROCESSUAL PENAL 
2.1. EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
2.2. LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
3. JUIZ DAS GARANTIAS
4. INQUÉRITO POLICIAL 
4.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
4.2. VALOR PROBANTE DO INQUÉRITO POLICIAL 
4.3. INSTAURAÇÃO E DILIGÊNCIAS NO INQUÉRITO POLICIAL
4.4. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO 
4.5. PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
4.6. ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 
5. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
6. AÇÃO PENAL 
6.1. AÇÃO PENAL PÚBLICA
6.2. AÇÃO PENAL PRIVADA 
6.3. DENÚNCIA E QUEIXA
7. AÇÃO CIVIL EX DELITO 
8. COMPETÊNCIA 
8.1. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA 
8.2. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LOCAL
8.3. COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
8.4. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA
8.5. CONEXÃO E CONTINÊNCIA 
8.6. PREVENÇÃO 
9. QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES 
9.1. QUESTÕES PREJUDICIAIS 
9.2. EXCEÇÕES 
9.3. ESPÉCIES DE INCIDENTES 
9.3.1 RESTITUIÇÃO DA COISA APREENDIDA 
9.3.2 MEDIDAS ASSECURATÓRIAS 
9.3.3 INCIDENTE DE FALSIDADE
9.3.4 INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL 
10. PROVA 
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10.1. TEORIA GERAL 
10.2. PROVAS EM ESPÉCIE
10.2.1 EXAME DE CORPO DE DELITO 
10.2.2 INTERROGATÓRIO DO ACUSADO 
10.2.3 CONFISSÃO 
10.2.4 PROVA TESTEMUNHAL
10.2.5 RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS 
10.2.6 ACAREAÇÃO 
10.2.7 DOCUMENTOS 
10.2.8 INDÍCIOS 
10.2.9 BUSCA E APREENSÃO 
10.3. PROVA ILÍCITA
10.4. CADEIA DE CUSTÓDIA 
11. PRISÃO E OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES 
11.1. PRISÃO EM FLAGRANTE 
11.2. PRISÃO PREVENTIVA
11.3. PRISÃO TEMPORÁRIA
11.4. REVOGAÇÃO E RELAXAMENTO DA PRISÃO E LIBERDADE PROVISÓRIA
12. CITAÇÃO E INTIMAÇÃO
12.1. CITAÇÃO 
12.2. INTIMAÇÃO
13. SENTENÇA 
14. PROCEDIMENTO COMUM 
14.1. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 
14.2. PROCEDIMENTO SUMÁRIO 
14.3. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 
14.4. LEI 14. 245/21 (“LEI MARIANA FERRER”) 
15. TRIBUNAL DO JÚRI 
16. OUTROS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
16.1. LEI DE DROGAS
16.2. LEI DE LAVAGEM DE DINHEIRO
16.3. CRIMES DE RESPONSABILIDADE DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS 
16.4. ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
17. RECURSOS 
17.1. PRINCÍPIOS RECURSAIS 
17.2. PRESSUPOSTOS RECURSAIS 
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17.3. EFEITOS RECURSAIS 
18. RECURSOS EM ESPÉCIE 
18.1. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
18.2. APELAÇÃO 
18.3. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE 
18.4. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
18.5. AGRAVO EM EXECUÇÃO 
18.6. CARTA TESTEMUNHÁVEL 
19. AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO 
19.1. HABEAS CORPUS 
19.2. REVISÃO CRIMINAL 
20. NULIDADES NO PROCESSO PENAL 
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1. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL PARA A PROVA DA OAB 
Abaixo listamos os princípios do processo penal que são mais importantes para a prova da 
OAB/FGV: 
• Princípio do Juiz Natural 
O princípio do juiz natural encontra assento na Constituição Federal de 1988, que prevê, em 
seu art. 5, LIII, que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.
O princípio sob análise possui dois aspectos importantes: 
1) Proíbe juízo ou Tribunal de Exceção, considerado aquele criado após a ocorrência do fato, 
para o julgamento de determinada(s) pessoa(s), sem prévia autorização constitucional (art. 
5, XXXVII, da CF/88).
2) Assegura que apenas o Magistrado constitucionalmente competente poderá analisar o 
processo. Desse modo, um juiz estadual não poderá julgar um crime da competência da 
Justiça federal, e vice-versa. 
• Princípio “in dubio pro reo” (favor rei)
Com base no princípio in dubio pro reo, havendo a possibilidade de duas interpretações 
antagônicas no processo, deve prevalecer aquela que seja favorável ao réu, já que o direito à 
liberdade do indivíduo deve preponderar sobre o direito de punir do Estado. 
Como decorrência do princípio do in dubio pro reo, destacamos as seguintes regras: 
• Não havendo provas suficientes, o réu será absolvido (art. 386, VI, do CPP);
• A revisão criminal existe apenas a favor do réu (art. 621 do CPP);
• É proibida a reformatio in pejus (art. 617 do CPP);
• Existem recursos exclusivos para o réu: protesto por novo júri, embargos infringentes 
de nulidade, etc.
• Princípio da Verdade Real 
Diferentemente do princípio da verdade formal, em que a verdade é obtida pela análise das 
provas e manifestações obtidas no processo, o princípio da verdade real, ou material, pressupõe 
uma postura mais ativa do magistrado, exigindo-se a busca pela verdade dos fatos, e não apenas 
daquilo constante no processo. 
A título de exemplo, o art. 156 do CPP dispõe que o juiz poderá de ofício determinar, no curso 
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da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante. Trata-se, portanto, de medida que vai ao encontro da verdade real, uma vez 
que coloca à disposição do magistrado a possibilidade de realizar diligências adicionais a fim de 
alcançar a verdade dos fatos, indo além daquilo já constante nos autos. 
Digno de nota que a busca pela verdade real no processo penal se justifica pelo interesse 
público envolvido, de modo que a restrição à liberdade de qualquer indivíduo deve estar pautada 
na comprovação fática da ilicitude, e não apenas em presunções. 
Outro exemplo importante e bastante atual da incidência do princípio da verdade real 
no processo penal é o artigo 4º, § 16, da Lei n. 12.850/2013, que trata das famosas delações 
premiadas, estabelecendo que nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento 
apenas nas declarações de agente colaborador. 
• Princípio da Presunção de Inocência 
Conforme previsto no art. 5º, LVII, da CF/88, ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado da sentença penal condenatória.
• Princípio da Identidade Física do Juiz 
De acordo com o princípio da identidade física do juiz, exige-se que a sentença seja proferida 
pelo magistrado que presidiu a instrução probatória.
Há, entretanto, situações em que o princípio é excepcionado, como no caso de férias, 
aposentadoria ou promoção do juiz que instruiu o processo TEMA COBRADO NO VI EXAME DA 
OAB/FGV.
• Princípio da não autoincriminação 
O réu tem o direito a não se incriminar, ou seja, faculta-se a possibilidade de o réu não fazer 
qualquer declaração contra si mesmo, oral ou documentalmente, bem como de não se submeter 
a exame ou perícia que possa produzir prova contrária à sua defesa, sem que isso importe em 
confissão dos fatos. TEMA COBRADO NOS EXAMES XXV E XXXIX DA OAB/FGV
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2. LEI PROCESSUAL PENAL 
2.1. LEI PROCESSUAL NO TEMPO 
No aspecto processual, vigora o princípio tempus regitactum (o tempo rege o ato), ou seja, as 
normas processuais penais possuem aplicação imediata, sem efeito retroativo. 
Nesse sentido, o art. 2º do CPP dispõe que “a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem 
prejuízo dos atos realizados sob a vigência da lei anterior” TEMA COBRADO NOS EXAMES XIX 
E XXII DA OAB/FGV.
Assim, diferentemente do direito material penal, em que a lei retroage para beneficiar o réu, na 
esfera processual, a lei é aplicada imediatamente, ainda que seja desfavorável ao réu. 
DIREITO PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL 
A norma penal retroage se for mais benéfica 
ao réu, ou seja, a norma poderá ser aplicada às 
infrações cometidas antes de sua vigência.
A norma processual penal possui aplicação 
imediata, independentemente se gravosa ou 
não ao réu.
Entretanto, consideram-se exceções à aplicação imediata da norma processual as denominas 
normas heterotópicas e as normas híbridas.
Normas Heterotópicas: consideradas aquelas que estão no código de processo penal, mas 
possuem conteúdo de direito material. Assim, apesar de previstas no diploma processual penal, 
por possuírem conteúdo material, as normas heterotópicas poderão retroagir para beneficiar o 
réu, como no caso das normas processuais relacionadas ao direito ao silêncio.
Normas Mistas: norma mista ou híbrida é aquela que possui aspecto processual e material. 
A Lei n. 9.099/95 modificou a espécie de ação penal para os crimes de lesão corporal leve e 
culposa, que passaram a ser de ação penal pública condicionada à representação. A alteração, 
além de repercutir na seara processual, repercutiu também na esfera do direito material, já que 
passou a existir mais uma causa de extinção de punibilidade, qual seja, a decadência. Sendo assim, 
por se tratar de norma híbrida (matéria penal e processual), a eficácia no tempo da norma deverá 
obedecer ao regramento do art. 5º, XL, da CF/88 e do art. 2º, parágrafo único, do CP, retroagindo 
porque mais benéfica EXEMPLO COBRADO NO VI EXAME DA OAB/FGV.
2.2. LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO 
No aspecto processual penal vigora o princípio da territorialidade, de modo que as normas 
processuais penais são aplicadas apenas aos processos em trâmite no território brasileiro.
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Em um processo em que se apura a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão de 
divisas, um Juiz Federal determina a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos, a 
fim de que seja interrogado o réu Mário. Nesse caso, o interrogatório de Mário nos EUA deverá 
obedecer as regras previstas na legislação norte-americana EXEMPLO COBRADO NO XI 
EXAME DA OAB/FGV
Assim, diferentemente do que ocorre no direito material, em que se permite a extraterritorialidade 
das normas penais (art. 7 do CP), as normas processuais são aplicadas apenas aos processos em 
trâmite no Brasil. 
DIREITO PENAL PROCESSO PENAL 
Admite a extraterritorialidade Vigora apenas o princípio da territorialidade 
Ressalta-se, entretanto, que o art. 1º do CPP excepciona a aplicação das normas do código de 
processo penal nos seguintes casos: 
I - Tratados, Convenções e regras de direito internacional;
II - As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de 
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do 
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (as prerrogativas por função 
possuem regramento próprio na Constituição Federal e em leis específicas);
III - Os processos da competência da Justiça Militar (aplica-se o Código Penal Militar);
IV - Os processos da competência do tribunal especial;
V - Os processos por crimes de imprensa (ADPF 130)
V - Os processos por crimes de imprensa.
Com relação ao inciso V, este perdeu qualquer sentido, uma vez que o STF entendeu que a Lei 
n. 5250/67 (Lei de Imprensa) é inconstitucional (ADPF 130)
2.3. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA E ANALÓGICA E PRINCÍPIOS GERAIS
De acordo com o art. 3º do CPP, a lei processual penal admitirá interpretação extensiva e 
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
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3. JUIZ DAS GARANTIAS 
A Lei nº 13.964/19 incluiu os artigos 3º-A e seguintes no CPP, prevendo a figura do “juiz das 
garantias”.
‘Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase 
de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.’
‘Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação 
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada 
à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:
I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 
5º da Constituição Federal;
II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, 
observado o disposto no art. 310 deste Código;
III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja 
conduzido à sua presença, a qualquer tempo;
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;
V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, 
observado o disposto no § 1º deste artigo;
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las 
ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência 
pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;
VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência 
pública e oral;
VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista 
das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste 
artigo;
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento 
razoável para sua instauração ou prosseguimento;
X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o 
andamento da investigação;
XI - decidir sobre os requerimentos de: 
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e 
telemática ou de outras formas de comunicação;
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;
c) busca e apreensão domiciliar;
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d) acesso a informações sigilosas;
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do 
investigado;
XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;
XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental;
XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste 
Código;
XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao 
investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas 
produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às 
diligências em andamento;
XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da 
perícia;
XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de 
colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação;
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.
§ 1º (VETADO).
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, medianterepresentação 
da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração 
do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for 
concluída, a prisão será imediatamente relaxada.’
Houve, portanto, uma mudança substancial no processo penal, estabelecendo-se a atuação 
de um juiz na fase de investigação e de outro juiz na fase processual propriamente dita. Desse 
modo, passou-se a prever a figura do juiz das garantias, que vai atuar exclusivamente na fase de 
investigação, decidindo, por exemplo, sobre interceptação telefônica, prisão temporária/preventiva, 
audiência de custódia, legalidade do flagrante, etc., ficando esse juiz das garantias impossibilitado 
de participar na fase processual. 
O juiz das garantias fica, portanto, responsável pelo controle da legalidade da investigação 
criminal, competindo-lhe decidir sobre todas as matérias elencadas no novo art. 3º-B do CPP
‘Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto 
as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na 
forma do art. 399 deste Código.
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da 
instrução e julgamento.
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução 
e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a 
necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão 
acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e 
não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, 
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ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de 
provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em 
apartado.
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do 
juízo das garantias.’
O juiz das garantias não atua nos crimes de menor potencial ofensivo. Além disso, nos demais 
crimes, deverá atuar apenas na fase de investigação, o que compreende o período entre a notitia 
criminis (prisão em flagrante ou portaria de instauração da investigação pelo delegado de polícia) 
até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime. 
Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e 
julgamento, que irá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo 
de 10 (dez) dias, não ficando vinculado às decisões proferidas pelo juiz das garantias.
‘Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas 
competências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo.
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão 
um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo.’
‘Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização 
judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a 
serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal.’
‘Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o 
tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com 
órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena 
de responsabilidade civil, administrativa e penal.
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180 
(cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a 
identidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa 
aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da 
persecução penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão.’”
O Ministro Luiz Fux, no dia 22 de janeiro de 2019, revendo decisão proferida anteriormente pelo 
Ministro Dias Toffoli, determinou a suspensão da implementação do juiz das garantias e das regras 
correlatas, sem prazo determinado, até que haja decisão do plenário do STF, sob fundamento de 
que a implementação do juiz das garantias afetaria a organização do Poder Judiciário, motivo pelo 
qual deveria ter sido regulamentada por lei de iniciativa do Poder Judiciário, além do que a lei foi 
aprovada sem a previsão do impacto orçamentário necessário para a reorganização do processo 
penal, que passaria a contar com a presença de dois juízes (juiz das garantias e juiz da instrução 
e julgamento).
Ocorre que, em agosto de 2023, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a previsão do 
juiz das garantias é constitucional e de aplicação obrigatória, cabendo aos estados, o Distrito 
Federal e a União definir o formato em suas respectivas esferas.
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Para tanto, o STF fixou prazo de 12 meses, prorrogáveis por mais 12 meses, para que leis 
e regulamentos dos tribunais sejam alterados para permitir a implementação do novo sistema a 
partir de diretrizes fixadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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4. INQUÉRITO POLICIAL 
4.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Inquérito policial é procedimento administrativo de investigação, instaurado pela autoridade 
policial (Delegado de Polícia), por meio do qual são realizados atos investigatórios para apurar a 
autoria e a materialidade de infrações penais, com o objetivo de fornecer elementos suficientes 
para a propositura da ação penal. 
O conceito de infração penal abrange tanto contravenção penal quanto os crimes. 
Entretanto, para as infrações de menor potencial ofensivo, não caberá instauração de 
inquérito policial, mas sim a lavratura de termo circunstanciado, conforme art. 69 da Lei 
n. 9.099/95. TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV. 
As investigações de infrações penais, portanto, são normalmente realizadas pelo Delegado de 
Polícia, por meio de inquérito policial. 
No entanto, há situações excepcionadas por lei em que não cabe ao Delegado de Polícia 
promover as investigações, a saber: 
• Crime militar: a investigação cabe à própria polícia militar, por meio inquérito policial 
militar;
• Crime praticado por membro do poder judiciário: a investigação cabe a um desembargador 
do órgão especial ou do pleno do tribunal a que estiver vinculado o juiz (art. 33, parágrafo 
único, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional);
• Crime praticado por membro do Ministério Público: a investigação deve ser conduzida pelo 
respectivo Procurador geral de Justiça, quando o autor do delito for promotor de justiça, 
ou pelo membro do MP designado pelo PGR, se a infração for cometida por membro do 
Ministério Público da União (art. 41, parágrafo único, da Lei n. 8625/93 e art. 18, parágrafo 
único, da LC n.75/93).
Vejamos abaixo as principais características do Inquérito policial: 
Escrito: todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito, 
conforme art. 9 do CPP. 
Dispensável: ainda que se trate de crime de ação penal pública incondicionada, o inquérito 
policial é dispensável quando o Ministério Público dispõe de elementos informativos idôneos para 
embasar a denúncia. Em outras palavras, o inquérito policial não é obrigatório para a propositura 
da ação penal. 
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Oficiosidade: tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, o delegado de polícia 
deve instaurar o inquérito policial de ofício, ou seja, independentemente de requerimento;
Indisponibilidade: a autoridade policial não pode dispor do Inquérito Policial, já que o seu 
arquivamento depende de pedido feito pelo Ministério Público à autoridade judicial, conforme art. 
17 do CPP. 
Inquisitivo: o inquérito policial é procedimento inquisitivo, não havendo contraditório e 
ampla defesa, já que a atividade de investigação se concentra na figura do delegado de polícia, 
que determina, de forma discricionária, a oportunidade e a conveniência das diligências a serem 
realizadas, conforme disposto no art. 14 do CPP: 
Art. 14 do CPP. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer 
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Quando se tratar de diligência requisitada pelo juiz ou membro do Ministério Público, não 
haverá discricionariedade por parte do Delegado de Polícia, uma vez que ele deverá atender 
a requisição (art. 13, II, do CPP). Outro ponto interessante sobre a inquisitoriedade é que o art. 
107 do CPP estabelece que “não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do 
inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal”.
Importante destacar, no entanto, que houve a inserção do art. 14-A no CPP, exigindo-se 
a participação de defensor nas investigações criminais que envolvam membros de segurança 
pública ou das forças armadas que estejam sendo acusado de prática de conduta com caráter 
letal, na forma tentada ou consumada. 
De acordo com o novo artigo, havendo investigação criminal por uso de força letal, consumada 
ou tentada, mesmo em hipótese de excludente de ilicitude o investigado deverá ser citado da 
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 horas. 
Se não houver a nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade deverá intimar a 
instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, 
no prazo de 48 horas, indique defensor para a representação do investigado.
Além disso, na redação original do Pacote Anticrime havia a previsão dos parágrafos 3º, 4º e 
5º, que foram vetados pelo presidente da República. 
O veto foi derrubado pelo Congresso Nacional, de modo que, além dos parágrafos 1º, 2º e 3º, 
agora o art. 14-A do CPP conta também com os parágrafos 3º, 4º e 5º, que poderão ser cobrados a 
partir do XXXIII Exame da OAB/FGV. Vejamos como ficou a redação completa do artigo: 
Art. 14-A do CPP - Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no 
art. 144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, 
inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for 
a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício 
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 
23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá 
constituir defensor. 
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§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da 
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de 
até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. 
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de 
defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a 
instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para 
que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação 
do investigado. 
§ 3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, 
a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela não 
estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à respectiva 
competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar profissional 
para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa 
do investigado. 
§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida 
de manifestação de que não existe defensor público lotado na área territorial onde 
tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em que poderá ser 
indicado profissional que não integre os quadros próprios da Administração. 
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio 
dos interesses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo correrão 
por conta do orçamento próprio da instituição a que este esteja vinculado à época da 
ocorrência dos fatos investigados. 
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares 
vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os 
fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem. 
Sigiloso: de acordo com o caput do art. 20 do CPP, cabe à autoridade policial assegurar no 
inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Além disso, 
o seu parágrafo único estabelece que nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, 
a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de 
inquérito contra os requerentes. 
O sigilo não é oponível ao advogado, já que a Lei n. 13.245/2016 deu nova redação ao inciso 
XIV do art. 7º do EAOAB, estabelecendo que é direito do advogado examinar, em qualquer 
instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante 
e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à 
autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital. 
Além disso, a Súmula Vinculante n. 14 do STF estabelece que “é direito do defensor, no 
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam 
respeito ao exercício do direito de defesa” TEMA COBRADO NO V EXAME DA OAB/FGV. 
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4.2. VALOR PROBANTE DO INQUÉRITO POLICIAL 
Levando-se em consideração que o inquérito policial possui natureza inquisitória, as provas 
colhidas durante sua instrução possuem caráter relativo, devendo ser confirmadas em juízo, já que 
foram produzidas sem a observância do contraditório, da ampla defesa e sem a presença do juiz.
Entretanto, como exceção à regra geral, as provas cautelares não repetíveis e antecipadas 
(uma perícia realizada na cena do crime, por exemplo), não precisam ser repetidas em juízo, 
conforme disposto no art. 155 do CPP. TEMA COBRADO NO XXXIV EXAME DA OAB/FGV. 
Art. 155 do CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida 
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos 
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
4.3. INSTAURAÇÃO E DILIGÊNCIAS NO INQUÉRITO POLICIAL 
A instauração do inquérito policial ocorre a partir do momento em que a autoridade policial 
toma conhecimento de fato que caracteriza infração penal (notitia criminis), mas variade acordo 
com a espécie de ação penal prevista para o crime praticado. Vejamos: 
Crime que se processa mediante ação penal pública incondicionada (APPI): o inquérito pode 
ser instaurado de ofício pelo Delegado de Polícia, a partir de requisição do Ministério Púbico, de 
Requerimento do ofendido ou seu representante legal, em razão de auto de prisão em flagrante, 
ou ainda por meio de comunicação feita por qualquer um do povo (delatio criminis), conforme 5°, 
§3°, do CPP. 
 Crime que se processa mediante ação penal pública condicionada (APPC): o inquérito 
somente poderá ser instaurado por meio de representação do ofendido ou representante legal ou 
de requisição do ministro da justiça, conforme art. 5°, §4°, do CPP. 
Crime que se processa mediante ação penal privada (APPrivada): o inquérito somente poderá 
ser instaurado se houver requerimento do ofendido ou seu representante legal, conforme art. 5°, 
§5°, do CPP. Art. 
No caso de indeferimento de instauração de Inquérito Policial, o interessado poderá recorrer 
para o Chefe de Polícia, conforme previsto no §2° do 5°do CPP TEMA COBRADO NO XXXVIII 
EXAME DA OAB/FGV. 
A autoridade policial possui ampla liberdade na condução das investigações, podendo adotar 
uma série de diligências para verificar a autoridade e materialidade do ato delituoso, principalmente 
aquelas elencadas no art. 6° do CPP, a saber:
 Art. 6º do CPP - Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade 
policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação 
das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos 
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criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas 
circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do 
Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas 
que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer 
outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e 
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e 
social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime 
e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu 
temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem 
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos 
filhos, indicado pela pessoa presa. 
Ainda no campo de instrução do inquérito policial, o Delegado de Polícia, para verificar 
a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, poderá proceder à 
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, 
conforme art. 7 º do CPP TEMA COBRADO NO IV EXAME DA OAB/FGV.
É importante consignar ainda que a autoridade policial age com poder discricionário na 
determinação das diligências a serem realizadas, salvo a prova pericial de exame de corpo de 
delito, que é obrigatória e não facultativa.
4.4. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO 
O art. 21 do CPP prevê a possibilidade de o indiciado ficar incomunicável: 
Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos 
e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da 
investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada 
por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão 
do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso 
III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (atual art. 7, III, do EAOAB). 
É importante consignar a existência de corrente doutrinária que defende a não recepção do 
art. 21 do CPP, uma vez que, se o art. 136, §3º, IV, da CF/88 veda a incomunicabilidade do preso no 
estado de defesa, que é considerada uma situação excepcional, com maior razão, não se poderia 
admitir a incomunicabilidade do indiciado. 
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No entanto, para a prova da OAB/FGV, mesmo que se considere a possiblidade de 
incomunicabilidade do indiciado, por se tratar de medida bastante rigorosa, deve-se atentar para 
as seguintes regras: 
• A incomunicabilidade depende decisão judicial, a pedido do Delegado de Polícia ou 
do Ministério Público (não pode ser decretada de ofício pela autoridade policial). 
• Não pode exceder o prazo de 3 dias. 
• Não se aplica ao Juiz, ao Ministério Público e ao advogado. 
O art. 7, III, do EAOAB, assegura expressamente ao advogado o direito de sempre se comunicar 
com o seu cliente, mesmo quando ele seja considerado incomunicável.
4.5. PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
Os prazos para conclusão do inquérito policial podem variar de acordo com a situação do 
investigado (se preso ou solto), com a Justiça Competente para julgar o crime e com o tipo de 
crime praticado, conforme abaixo resumido. 
Justiça Estadual – O inquérito policial deve ser concluído no prazo de 10 dias, se o investigado estiver 
preso, sendo vedada a prorrogação, ou 30 dias, se o investigado estiver solto, permitindo-se prorrogação. 
Justiça Federal - O inquérito policial deve ser concluído no prazo de 15 dias, prorrogáveis por 
mais 15 dias, se o investigado estiver preso, ou 30 dias, se estiver solto, permitindo-se a prorrogação.
Crimes previstos na Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) - O inquérito policial deve ser concluído 
no prazo de 30 dias, se o investigado estiver preso, ou 90 dias, se estiver solto, admitindo-se em 
ambas as hipóteses uma única prorrogação (art. 51 da Lei n. 11.343/2006). 
Crimes contra a economia popular - O inquérito policial deve ser concluído no prazo de 10 
dias, estando o investigado preso ou solto (art. 10°, §1°, da Lei n. 1.521/51)
4.6. ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 
A autoridade policial, ainda que convencida da inexistência do crime, não poderá mandar 
arquivar os autos do inquérito já instaurado (art. 17 do CPP), devendo encaminhá-lo ao Ministério 
Público TEMA COBRADO NO XVI EXAME DA OAB/FGV.
Munido das informações juntadas no inquérito policial, o membro do Ministério Público poderá 
adotar uma das seguintes medidas:
a) Requerer a devolução do inquérito policial, requisitando novas diligências imprescindíveis 
ao delegado de polícia, se entender que não há elementos suficientes para a propositura da 
ação penal. Neste caso, o delegado tem o dever de cumprir a requisição do membro do 
Ministério Público. 
b) Oferecer a denúncia, quando o inquérito policial contiver elementos suficientes para 
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caracterizar a autoria e materialidade do crime. 
c) Deveria requerer, de acordo com a redação original do art. 28 do CPP (antes do pacote 
anticrime), o arquivamento do inquérito policial ao juiz nas seguintes hipóteses: atipicidade, 
extinção da punibilidade, excludentes de ilicitude e de culpabilidade, ou ausência de provas 
 TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
O membro do Ministério Público,antes do pacote anticrime, requeria o arquivamento ao juiz. 
Concordando com os fundamentos apresentados pelo Ministério Público, o juiz determinava o 
arquivamento do inquérito policial, que não poderia ser desarquivado, salvo em situações excepcionais, 
como na hipótese de o arquivamento ter sido baseado na ausência de provas (justa causa) e posteriormente 
surgirem novas provas contra o indiciado TEMA COBRADO NO XVII EXAME DA OAB/FGV.
• Se o fundamento para o arquivamento do Inquérito Policial fosse a ausência de provas, 
a decisão judicial não transitava materialmente em julgado, de modo que seria possível o 
desarquivamento do inquérito policial para a apuração de novas provas, conforme art. 18 
do CPP e Súmula n. 524 do STF. TEMA COBRADO NOS EXAMES XXV E XXXI DA FGV. 
• Se o arquivamento do inquérito policial estivesse pautado na atipicidade do fato, na extinção da 
punibilidade ou ausência culpabilidade, a decisão faria coisa julgada material e formal, sendo vedado 
o desarquivamento do inquérito policial TEMA COBRADO NO XXI EXAME DA OAB/FGV
• Já no que diz respeito ao arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude, 
havia divergência jurisprudencial a respeito do tema, sendo que, em decisão de 2017, o STF 
(HC 87395/PR), divergindo do atual posicionamento do STJ, entendeu que era possível a 
reabertura do inquérito policial arquivado com fundamento em excludente de ilicitude. 
A decisão que determinava o arquivamento do inquérito policial era irrecorrível, salvo quando 
se tratava de crime contra a economia popular (Lei n. 1.521/51) ou das contravenções penais 
previstas nos artigos 58 e 60 do Decreto –Lei n. 6.259/44. 
Por outro lado, se o juiz não concordasse com o pedido de arquivamento feito pelo Ministério 
Público, o magistrado faria remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, 
e este ofereceria a denúncia, designaria outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou 
insistiria no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender (art. 28 do 
CPP). 
 Ocorre que a Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime) alterou substancialmente o art. 28 do CPP, 
determinando que o pedido de arquivamento do inquérito civil ou da peça de informação não deve 
mais ser encaminhado ao juiz de direito, mas sim ao órgão de revisão do próprio Ministério Público. 
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Vejamos a nova redação do art. 28 do CPP, alterada pela Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime): 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos 
informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao 
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão 
ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, 
de 2019)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do 
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, 
submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme 
dispuser a respectiva lei orgânica. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e 
Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela 
chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019)
A Lei 13.964/19, portanto, mudou totalmente o art. 28 do CPP. Agora, se o Ministério Público 
entender que é caso de arquivamento do inquérito policial ou peça informativa, deverá comunicar à 
vítima, ao investigado e à autoridade policial, encaminhando os autos para a instância de revisão 
ministerial (Procurador Geral de Justiça, no MPE, ou Câmara de Coordenação e Revisão, no MPF) 
para fins de homologação, na forma da lei.
Além disso, de acordo § 1º do art. 28, se a vítima, ou seu representante legal, não concordar 
com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da 
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme 
dispuser a respectiva lei orgânica.
Já o novo § 2º dispões que “nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da 
União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada 
pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial”. (Procurador Geral do Município, 
Procurador do Estado e Advogado Geral da União, que designarão membros para desempenhar 
essa atribuição). 
MUITO IMPORTANTE: o Ministro Luiz Fux determinou a suspensão da aplicação do novo 
art. 28 do CPP por prazo indeterminado, porque também entendeu que haveria um impacto na 
estrutura do MP em relação aos órgãos de revisão, o que exigira também dotação orçamentária. 
Sendo assim, até que haja nova decisão do STF, deve-se continuar aplicando a regra original do 
art. 28 do CPP, anteriormente explicada. 
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5. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 
Considera-se acordo de não persecução penal o negócio jurídico firmado pelo Ministério 
Públicio com o investigado, para que não haja o oferecimento da denúncia, desde que seja admitida 
a prática da infração penal e que o investigado cumpra as condições fixadas no acordo. 
Com a Lei n. 13.964/19 (pacote anticrime), o acordo de não persecução penal passou a ter 
expressa previsão no art. 28-A do CPP. 
De acordo com o novo artigo, são requisitos para o acordo de não persecução penal: 
a) Não deve ser caso de arquivamento (MP entende que é caso de denúncia)
b) Confissão formal e circunstancialmente (o investigado precisa trazer 
elementos que convençam o MP a respeito da prática do crime) 
c) Infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior 
a 4 anos.
 Por outro lado, o § 2º do art. 28 do CPP prevê hipóteses em que o acordo de não persecução 
penal não pode ser aplicado: TEMA COBRADO NO XXXIII EXAME DA OAB/FGV.
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais 
Criminais, nos termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios 
que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento 
da infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo; e TEMA COBRADO NO XXXIX EXAME DA OAB/FGV.
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou 
praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor 
do agressor.
Caso seja possível o seu oferecimento, o acordo de não persecução deverá prever as seguintes 
condições, ajustadas cumulativa e alternativamente: 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público 
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como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente 
à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado 
pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Código Penal;
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Código Penal, 
a entidade pública ou de interesse social, aser indicada pelo juízo da execução, que 
tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes 
aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, 
desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Além disso, os demais parágrafos do art. 28-A do CPP dispõem: 
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo 
membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor. 
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência 
na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado 
na presença do seu defensor, e sua legalidade. 
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas 
no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para 
que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu 
defensor. 
§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os 
autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução 
penal. 
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos 
legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. 
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a 
análise da necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da 
denúncia. 
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de 
seu descumprimento. 
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução 
penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e 
posterior oferecimento de denúncia. 
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§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também 
poderá ser utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não 
oferecimento de suspensão condicional do processo. 
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão 
de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º 
deste artigo. 
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente 
decretará a extinção de punibilidade. 
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não 
persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, 
na forma do art. 28 deste Código. 
De acordo com o § 3º, portanto, o acordo de não persecução penal será formalizado por escrito 
e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
Já o § 4º dispõe que, para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada 
audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na 
presença do seu defensor, e sua legalidade.
Notem, portanto, que a presença do advogado é indispensável na celebração do acordo, bem 
como na audiência judicial realizada para sua homologação. Essa informação provalmente será 
explorada nas próximas provas da OAB!
Registra-se, ainda, que, conforme art. 28-A, § 8º, do CPP, recusada a homologação do ANPP, o 
juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de complementação 
das investigações ou o oferecimento da denúncia. Além disso, o Promotor de Justiça ou investigado 
poderão recorrer da decisão de não homologação, por meio de RESE (5 dias), conforme art. 581, 
XXV, do CPP. TEMA COBRADO NO XXXVII EXAME DA OAB/FGV.
De acordo com o § 12, a celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não 
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 
2º deste artigo. Desse modo, o acordo não implica em reincidência, mas deve constar em registro 
para fins de observância do prazo de 5 anos, tempo necessário para concessão de um novo acordo 
de não persecução penal. 
Por fim, registra-se que, se o membro do Ministério Público não concordar com o acordo de 
não persecução penal, embora presentes os requisitos para tanto, permite-se o encaminhamento 
para o órgão de revisão do MP, com a aplicação das mesmas regras do art. 28 do CPP, que, por 
enquanto, está com aplicação suspensa por decisão do STF. 
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6. AÇÃO PENAL 
Para que haja punição de qualquer indivíduo na esfera penal, exige-se que o acusado tenha o 
direito ao contraditório e à ampla defesa, assegurado em devido processo legal, que será instaurado 
mediante a propositura da ação penal. 
No Brasil, a ação penal é classificada de acordo com o seu titular, ou seja, conforme aquele que 
possui legitimidade para propô-la, podendo ser de inciativa público ou privada. 
6.1. AÇÃO PENAL PÚBLICA 
Considerada a regra geral no nosso ordenamento jurídico, a Ação penal pública é aquela 
promovida exclusivamente pelo Ministério Público, sendo regida pelos seguintes princípios: 
Princípio da obrigatoriedade (legalidade): em razão do interesse público, havendo indícios 
da materialidade e autoria do crime, o Ministério Público é obrigado a propor a ação penal. Como 
exceção a esse princípio, o art. 76 da Lei n. 9.099/95 prevê, para os crimes de menor potencial 
ofensivo, o instituto da transação penal, que permite ao membro do Ministério Púbico, antes de 
oferecida a denúncia, garantir ao suposto infrator a oportunidade de lhe ser aplicada de imediato 
pena não privativa de liberdade, sem que esse seja considerado culpado. 
Princípio da Oficialidade: cabe a um órgão oficial (Ministério Público) promover, privativamente, 
a ação penal pública. A exceção a esse princípio é a ação privada subsidiária da pública, em que se 
permite que um particular promova a ação penal quando o Ministério Público deixar de fazê-lo no 
prazo legal. A ação penal pública é subdivida em incondicionada e condicionada. 
Princípio da Indisponibilidade: o Ministério Púbico não pode desistir da ação após oferecida 
a denúncia (art. 42 do CPP), nem desistir do recurso por ele interposto, conforme art. 576 do CPP
 TEMA COBRADO NO X EXAME DA OAB/FGV.
Exceção ao princípio da indisponibilidade é a suspensão condicional do processo, previsto no 
art. 89 da Lei n. 9.099/95, mediante o qual, nas infrações com pena mínima em abstrato até 1 
(um) ano, permite-se a suspensão do processo por 2 (dois) a 4 (anos), sendo que, cumpridas as 
exigências impostas durante a suspensão, haverá extinção da punibilidade. 
Princípio da Indivisibilidade: havendo indícios de autoria ou participação, a ação penal deve ser 
proposta em face de todos os envolvidos no crime (autores e partícipes), não podendo o Ministério 
Público deixar de denunciar nenhum dos envolvidos propositalmente. 
Princípio da Intransmissibilidade (ou Intranscendência): a ação penal deve ser proposta em face 
daqueles que cometeram o crime, não podendo atingir terceiros não envolvidos no fato delituoso, já 
que a responsabilidade penal é pessoal e não pode ser transmitida a terceiro. Com efeito, da mesma 
forma que a pena não pode passar da pessoa do condenado (art. 5, XLV, da CF/88), a ação penal 
também não pode ser transmitida para terceiro que não estava envolvido no crime. 
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• AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
O oferecimento da denúnciafica a critério unicamente do Ministério Público, não dependendo 
da manifestação de vontade de terceiro. 
Como regra geral, para identificar se o crime é de ação penal pública incondicionada, o texto 
legal não faz qualquer referência sobre a necessidade de representação, ou seja, permanece em 
silêncio sobre o tema. 
São exemplos de crimes que se procedem mediante ação penal pública incondicionada: 
homicídio (art. 121 do CP), infanticídio (art. 123 do CP), furto (art. 155 do CP) e lesão corporal 
grave/gravíssima TEMA COBRADO NO XII EXAME DA OAB/FGV.
LESÃO CORPORAL GRAVE LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA 
Considera-se lesão corporal grave se 
resulta: I - Incapacidade para as ocupações 
habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de 
vida; III - debilidade permanente de membro, 
sentido ou função; IV - aceleração de parto. 
Será lesão gravíssima quando resulta: I - 
Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; III - perda ou 
inutilização do membro, sentido ou função, 
IV - deformidade permanente; V - aborto:
O art. 88 da Lei n. 9.099/95 prevê que os crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa 
são crimes de ação penal pública condicionada, isto é, dependem de representação. No entanto, 
em se tratando de violência praticada contra a mulher no âmbito doméstico, esses crimes serão 
de ação penal pública incondicionada, uma vez que o art. 41 da Lei Maria da Penha dispõe que 
“aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente 
da pena prevista, não se aplica a Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995”. Assim, qualquer 
lesão corporal praticada em face da mulher no âmbito doméstico será processada mediante 
ação penal pública incondicionada TEMA COBRADO NOS EXAMES XIII E XXIII DA OAB/FGV. 
A Lei n. 13.718/18 alterou o art. 225 do CP, dispondo que todos os crimes contra a dignidade 
sexual passaram a ser de ação pública incondicionada
• AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
O oferecimento da denúncia depende da manifestação da vontade alheia, que pode ser a 
representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça, sendo que a subordinação da 
ação penal ao interesse do ofendido ocorre principalmente como forma de se proteger a intimidade 
do ofendido ou de sua família.
Para identificar se o crime será processado mediante ação penal pública condicionada, o texto 
legal utiliza a expressão “somente se procede mediante representação”, como no caso do crime 
de ameaça (art. 147 do CP) e de furto de coisa comum (art. 156 do CP), ou “mediante requisição 
do Ministro da Justiça”, quando se tratar, por exemplo, de crime contra a honra do Presidente da 
República (art. 145, parágrafo único, do CP). 
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A representação, portanto, é a manifestação de vontade do ofendido, ou de seu representante 
legal, demonstrando sua anuência para que o infrator seja penalmente responsabilizado.
A principal diferença entre a representação da vítima e a requisição do Ministro da Justiça é que 
esta não se sujeita ao prazo decadencial de 6 meses, conforme será visto adiante. 
A representação deve ser formulada pela própria vítima e dirigida à autoridade policial ou 
membro do Ministério Público, salvo quando se tratar de menor de 18 (dezoito) anos, mentalmente 
enfermo, ou retardado mental, quando a representação deverá ser formulada pelo seu representante 
legal (art. 24 do CPP). 
Não havendo representante legal, ou se os interesses desse colidirem com o da vítima, o juiz 
nomeará curador especial, que decidirá sobre a necessidade e conveniência da representação (art. 
33 do CPP). 
Já no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito 
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, § 1º, do CPP), 
tratando-se de rol taxativo e devendo-se observar a ordem de preferência. 
Ainda sobre a representação é importante destacar as seguintes regras: 
Prazo: o prazo pra a representação é de 6 meses, a partir do momento em que a vítima tem 
conhecimento da autoria do fato (art. 38 do CPP). Trata-se de prazo decadencial que, uma vez 
esgotado, acarretará a extinção da punibilidade (art. 107, IV, do CP). 
A requisição do Ministro da Justiça não se sujeita ao prazo decadencial de 6 meses. 
Retratação: a vítima pode se arrepender, ou seja, se retratar até o oferecimento da denúncia, 
conforme art. 25 do CPP TEMA COBRADO NOS EXAMES XXIII e XXXIII DA OAB/FGV. Prevalece 
ainda que é possível a retratação da retratação. 
6.2. AÇÃO PENAL PRIVADA 
Na ação penal privada apenas o particular possui legitimidade para propor a ação penal, 
mediante queixa-crime.
Enquanto a petição inicial na ação penal pública é a denúncia, na ação penal privada a petição 
recebe o nome de queixa-crime. 
O legislador reservou a iniciativa na ação penal privada apenas ao particular porque, em 
algumas situações, as consequências de uma ação penal podem ser piores para a vítima do que 
propriamente a infração penal sofrida, como no caso dos crimes contra a honra subjetiva (injúria, 
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por exemplo), em que a instauração do processo penal pode dar uma repercussão ainda maior as 
ofensas sofridas, cabendo à vítima avaliar se vale a pena ou não oferecer a queixa crime. 
Para identificar se o crime é processado mediante ação penal privada, o legislador se vale 
normalmente da expressão “somente se procede mediante queixa”. 
Vejamos abaixo os princípios aplicáveis à ação penal privada: 
Princípio da oportunidade ou conveniência: cabe ao ofendido avaliar se pretende ou não 
propor a ação penal privada, podendo renunciar ao direito de queixa ou simplesmente permanecer 
inerte pelo prazo decadencial de 6 (seis) meses, sendo que, em ambos os casos, haverá extinção 
da punibilidade do fato TEMA COBRADO NO XIX EXAME DA OAB/FGV. 
Princípio da Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação penal proposta, mediante perdão, 
que depende da aceitação do querelado, ou ainda por meio da perempção, quando o querelante 
deixa de dar seguimento à ação penal nos casos previstos no art. 60 do CPP. 
• A renúncia pode ser expressa ou tácita (arts. 50 e 57 do CP) 
• A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá 
(art. 49 do CPP) e o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, 
efeito em relação ao que o recusar. TEMA COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV
• A perempção acarreta a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, com a extinção da 
punibilidade do réu nos seguintes casos: I – quando o querelante deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, 
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer 
das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 do CPP, III - quando o querelante 
deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, 
ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais TEMA COBRADO NOS 
EXAMES XIII, XX e XXXVIIDA OAB/FGV; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta 
se extinguir sem deixar sucessor.
• Na ação penal privada subsidiária da pública não se aplica o disposto no art. 60 do CCP (perempção), 
uma vez que o Ministério Público irá reassumir a titularidade a ação. 
Princípio da Indivisibilidade: a ação penal privada deve ser proposta em face de todos os 
envolvidos no crime (autores e partícipes), não podendo o ofendido escolher contra quem irá 
propora ação. Além disso, após o oferecimento da queixa-crime, não pode o querelante desistir 
da ação em relação a apenas um dos réus TEMA COBRADO NO XIV EXAME DA OAB/FGV. 
Princípio da Intransmissibilidade (ou Intranscendência): a ação penal privada não pode atingir 
terceiros não envolvidos no fato delituoso, já que a responsabilidade penal é pessoal. 
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A Ação Penal Privada subdivide-se nas seguintes espécies: 
• Ação penal privada propriamente dita: 
É a ação penal privada típica, que pode ser promovida pelo ofendido ou por seu representante 
legal, e que se admite a transferência da titularidade da ação para o cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão, em caso de morte ou ausência do ofendido. 
• Ação penal privada personalíssima: 
Apenas o ofendido pode promover a ação penal, não se admitindo a sucessão processual, nem 
mesmo a possibilidade de o representante da vítima oferecer a queixa-crime. Assim, em caso de 
morte do ofendido, haverá obrigatoriamente a extinção do processo. O único crime de ação penal 
privada personalíssima é o previsto no art. 236 do CP: 
Art. 236 do CP - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, 
ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena — detenção, de 
seis meses a dois anos.
• Ação penal privada subsidiária da pública: 
Nos crimes de ação penal pública, havendo inércia por parte do Ministério Público para 
oferecimento da denúncia no prazo legal, o ofendido poderá ingressar com a ação penal. 
Apenas no caso de inércia do Ministério Público é que se permite a ação penal privada 
subsidiária da Pública. Se o Promotor de Justiça deixar de oferecer a denúncia porque 
requereu o arquivamento do inquérito policial, a ação penal privada subsidiária da pública não 
será cabível TEMA COBRADO NOS EXAMES VI E XVII DA OAB/FGV;
Destaca-se ainda que, de acordo com o art. 29 do CPP, proposta a ação penal subsidiária da 
pública, o Ministério Público poderá aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, 
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo 
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
6.3. DENÚNCIA E QUEIXA 
A denúncia e a queixa devem observar os requisitos previstos no art. 41 do CPP, sob pena de 
serem consideradas ineptas e, como consequência, rejeitadas pelo juiz. 
Art. 41 do CPP. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas 
as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se 
possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
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Se a denúncia ou queixa trouxerem a classificação equivocada do crime, isso não é motivo 
para a rejeição da peça inaugural, uma vez que, no processo penal, o acusado se defende dos 
fatos a ele imputados. Além disso, conforme será estudado em capítulo próprio, se houver 
classificação equivocada do crime, permite-se a mutatio libelli e a emendatio libelli.
No caso da queixa-crime, há ainda um requisito específico previsto no art. 44 do CPP, que exige 
que o advogado tenha procuração com poderes especiais, devendo conter o nome do querelante 
e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que 
devem ser previamente requeridas no juízo criminal TEMA COBRADO NO XXVII EXAME DA OAB/FGV
Destaca-se ainda que, como regra geral, a denúncia deve ser oferecida pelo Ministério Público, 
estando o réu preso, no prazo de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público 
recebeu os autos do inquérito policial, a peça de informação ou a representação, e no prazo de 15 
dias, se o réu estiver solto ou afiançado (art. 46 do CPP). 
Registra-se que na Lei de Drogas o prazo para oferecimento da denúncia sempre será de 10 
dias, (estando o réu preso ou solto), e na Lei de Abuso de Autoridade o prazo será de 48h (estando 
o réu preso ou solto). 
Caso a denúncia não seja oferecida no prazo legal, o réu preso poderá impetrar habeas corpus 
(art. 648, II, do CPP) e a vítima poderá ingressar com a ação penal privada subsidiária da pública 
(art. 29 do CPP). 
PRAZO PARA A DENÚNCIA PRAZO PARA A QUEIXA CRIME 
• Justiça comum (art. 46 do CPP): 5 dias (réu 
preso) e 15 dias (réu solto) 
• Lei de Drogas (art. 54): 10 dias, réu preso ou solto. 
• Lei de Abuso de Autoridade (art. 13 da Lei n. 
4.898/65): 48 h, réu preso ou solto. 
Os prazos para oferecimento da denúncia são 
impróprios, ou seja, ainda que não cumpridos 
permitem que o Ministério Público ofereça 
posteriormente a denúncia, desde que respeitado o 
prazo prescricional. No entanto, o não oferecimento 
na denúncia no prazo legal permitirá ao réu preso 
impetrar habeas corpus e ao ofendido ingressar 
com ação penal subsidiária da pública. 
• Ação Penal Privada – 6 meses do 
conhecimento da autoria do crime. 
• Ação Penal Privada Personalíssima – 6 
meses contados do trânsito em julgado da 
sentença que reconheceu o impedimento 
do casamento (art. 236 do CP)
• Ação Penal Privada Subsidiária da 
Pública – 6 meses contados da perda 
do prazo de oferecimento da denúncia 
pelo Ministério Público. Se o ofendido 
permanecer inerte nesse prazo, o MP 
poderá ainda oferecer denúncia, desde o 
crime não esteja prescrito. 
Os prazos acima são decadenciais e, se 
não observados, acarretam a extinção da 
punibilidade. 
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Por fim, importante esclarecer, ainda, que o Supremo Tribunal Fderal possui entendimento 
no osentido de que é concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério 
Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra 
de servidor público em razão do exercício de suas funções (Súmula nº 714 do STF). TEMA 
COBRADO NO XXIV EXAME DA OAB/FGV
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7. AÇÃO CIVIL EX DELITO 
São comuns os crimes que acarretam repercussões na esfera civil, porque causam danos, 
morais ou materiais, para a vítima. 
A título de exemplo, a pessoa que teve seu carro propositalmente apedrejado por terceiro 
sofreu crime de dano (art. 163 do CP), mas além da ação penal privada na esfera penal, poderá 
pleitear, na esfera civil, a reparação dos danos materiais em razão da deterioração do seu veículo. 
Justamente nesses casos em que o crime possui repercussão na esfera civil é que se destaca 
a ação civil ex delito, ajuizada pela vítima do crime para obter reparação dos danos sofridos em 
razão da infração penal. 
Prevendo essa possibilidade de a vítima ingressar com a ação na esfera civil para ter os danos 
advindos do crime ressarcidos, o art. 387, IV, do CPP determina que o juiz, ao proferir sentença 
condenatória, deverá fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, 
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido. 
Assim, como a sentença condenatória penal, após o seu trânsito em julgado, faz coisa julgada 
material na esfera civil, a vítima do crime, seu representante legal ou seus herdeiros, poderão executar 
diretamente o valor fixado na sentença penal na esfera civil (art. 63 do CPP), sem a necessidade de 
se rediscutir os fatos que caracterizaram o crime TEMA COBRADO NO II EXAME DA OAB/FGV
Na hipótese da vítima do crimeter ajuizado ação de reparação de danos antes do trânsito em 
julgado da decisão penal, o processo civil poderá ficar suspenso, por até um ano, até que a decisão 
penal transite em julgado (art. 313, V, “a” e § 4º do CPC/2015). 
Desse modo, apesar da independência entre as esferas civil e criminal, há situações que a 
decisão penal fará coisa julgada no processo civil, vendando-se a rediscussão dos fatos: 
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SENTENÇA CRIMINAL QUE FAZ 
COISA JULGADA NA ESFERA CIVIL 
SENTENÇA CRIMINAL QUE NÃO 
FAZ COISA JULGADA NA ESFERA 
CIVIL 
• Sentença condenatória (art. 63, caput, do 
CPP) – a vítima será indenizada na esfera civil. 
• Sentença absolutória que reconhece a 
inexistência do fato (art. 66 do CPP) – a vítima 
não será indenizada na esfera civil. 
• Sentença penal absolutória que reconhecer 
ter sido o ato praticado em estado de 
necessidade, em legítima defesa, em estrito 
cumprimento de dever legal ou no exercício 
regular de direito (art. 65 do CPP) – a vítima 
não será indenizada na esfera civil. 
• Sentença absolutória que não 
reconhecer categoricamente a inexistência 
material do fato (ausência de provas). 
• De acordo como art. 67 do CPP, não impedirão 
igualmente a propositura da ação civil:
I - o despacho de arquivamento do 
inquérito ou das peças de informação;
II - a decisão que julgar extinta a 
punibilidade;
III - a sentença absolutória que decidir 
que o fato imputado não constitui crime.
Nesses casos, a vítima irá discutir o seu 
direito à indenização na esfera civil, sem 
interferência da decisão penal. 
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8. COMPETÊNCIA 
Considera-se competência a “medida da jurisdição”, ou seja, a parcela do poder de decidir 
concedido a cada órgão do Poder Judiciário.
No processo penal, o art. 69 do CPP estabelece diversos critérios para a determinação da 
Competência. Entretanto, para fins didáticos, podemos classificá-la em três grandes grupos: a) 
competência em razão da matéria, b) competência em razão do lugar e c) competência em razão 
da pessoa. 
8.1. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA 
A competência em razão da matéria é definida em razão da natureza da infração penal, sendo 
regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri 
(art. 74, caput, do CPP). 
• COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI 
Compete ao Tribunal do Júri julgar os crimes dolosos contra a vida (art. 5, XXXVIII, da CF/88), 
consumados ou tentados, ou a ele conexos, como na hipótese de o agente ter cometido estupro e 
depois homicídio da vítima, caso em que os dois crimes serão julgados pelo Tribunal do Júri. 
O Tribunal do Júri não tem competência para julgar crime de latrocínio, conforme Súmula n. 
603 do STF: “A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não 
do tribunal do júri”. 
• COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 
A competência da Justiça Federal é extraída dos incisos IV, V, V-A, VII, IX, X e XI do art. 109 da 
CF/88. Vejamos: 
Crimes políticos (inciso IV, primeira parte): Entende-se por crime político aquele que lesa ou 
expõe a perigo a estrutura institucional, a soberania ou o regime político de um país, ou atenta 
contra a pessoa dos Chefes dos Poderes da União, conforme art. 1º da Lei n. 7.170/83 (Lei de 
Segurança Nacional). 
Um crime contra a vida do Presidente da República, por razões políticas, é considerado crime político. 
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Crimes contra bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas 
ou empresas públicas (inciso IV, segunda parte): assim, crimes e infrações cometidas contra 
interesse de empresa Pública (Caixa Econômica Federal, por exemplo) são de competência da 
Justiça Federal, mas quando praticados contra Sociedade de Economia Mista (Banco do Brasil, 
por exemplo) são de competência da Justiça Estadual . Além disso, importante ressaltar que as 
contravenções penais serão julgadas pela Justiça Estadual mesmo que ofenderem interesses da 
União, conforme Súmula n. 38 do STJ TEMA COBRADO NOS EXAMES XVI, XXVIII, XXIX E XXXII 
DA OAB/FGV
Súmula n. 38 do STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição 
de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de 
bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.
A Justiça Federal não terá competência para julgar contravenção penal, mesmo que se trate 
de contravenção conexa a crime federal. 
Abaixo destacamos algumas Súmulas que reputamos importantes para a Prova da OAB. 
• Súmula 42 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que 
é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
• Súmula n. 62 do STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na 
Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada.
• Súmula 107 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato 
praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando 
não ocorrente lesão à autarquia federal.
• Súmula 140 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena 
figure como autor ou vítima (Atenção: Se o crime for praticado contra uma coletividade de indígena, a 
competência poderá ser da Justiça Federal). 
• Súmula 147 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra 
funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
• Súmula 151 do STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando 
ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens 
 TEMA COBRADO NO XIII EXAME DA OAB/FGV.
• Súmula 546 do STJ: “A competência para processar e julgar o crime de uso de 
documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o 
documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor.” 
Crimes previstos em tratado ou convenção internacional (inciso V): são de competência da Justiça 
Federal os crimes que iniciaram sua a execução no País e o resultado ocorrer ou tiver que ocorrer no 
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estrangeiro, e vice-versa, desde que o crime esteja previsto em tratado ou convenção internacional. 
Causas relativas à grave violação de Direitos Humanos (inciso V-A e § 5º): nas hipóteses de 
grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar 
o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos 
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase 
do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 
Crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema 
financeiro e a ordem econômico-financeira (inciso VI): em relação aos crimes contra organização 
do trabalho, deve haver violação genérica a vários trabalhadores para que a competência seja da 
Justiça Federal. Quando o crime envolver apenas um trabalhador, a competência será da Justiça 
Estadual. Importante ressaltar ainda que o STF firmou entendimento de que o crime de redução 
a condição análoga a de escravo (art. 149 do CP), apesar

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