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1 SISTEMA SENSORIAL E NEUROPLASTICIDADE 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3 Sistema Sensorial .................................................................................... 4 Percepção sensorial em crianças em período de aprendizagem .......... 14 Atividades sensoriais: na Educação Infantil, experimentar é aprender .. 19 O que é neuroplasticidade ..................................................................... 25 Conceito de neuroplasticidade ............................................................... 26 O processo de aprendizagem motora e a neuroplasticidade ................. 34 A aprendizagem cognitiva e a aprendizagem motora ............................ 36 Plasticidade ........................................................................................... 38 Cérebro – Aprendizagem e Neuroplasticidade ...................................... 39 CONCLUSÃO ........................................................................................ 42 REFERÊNCIA ........................................................................................ 43 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 INTRODUÇÃO O Sistema Sensorial ou sistema nervoso sensorial é um sistema que processa informações através de células exteroceptoras especializadas do nosso corpo que captam sensações tanto externa e interna, encontradas nos órgãos responsáveis pelo paladar, olfato, audição, visão. O sistema sensorial pode ser captado tantos pelos animais e tanto por nós, seres humanos. Os órgãos dos sentidos são órgãos que captam os estímulos externos e transformam em impulsos nervosos, esses impulsos nervosos possibilitam que os animais e os seres humanos possam se adaptar e conviver no ambiente que estão situados. O sistema sensorial, como mencionado, faz parte do sistema nervoso central, responsável por receber e identificar os dados dos órgãos sensoriais e transformar em estímulos para que os seres vivos possam entender, processar as informações que chegam, esses dados são captados por receptores, que podem ser divididos em 2 elementos: Externoreceptores e internoreceptores. Neuroplasticidade, também conhecida como plasticidade neuronal, é a capacidade de o cérebro se adaptar a mudanças por meio do sistema nervoso. Trata-se da habilidade do cérebro de reorganizar os neurônios e os circuitos neurais, moldando-se a níveis estruturais por meio de aprendizagem e vivências. A neuroplasticidade permite que os neurônios se regenerem e que sejam criadas conexões sinápticas, meios de comunicação entre os neurônios. De forma simples: a neuroplasticidade é o que permite que o cérebro seja adaptável a mudanças, atuando de forma maleável. 4 Sistema Sensorial O sistema sensorial é bastante complexo, a fim de cumprir a valorosa missão de detectar estímulos físicos e químicos. Ele é composto pelos órgãos dos sentidos: olhos, boca, fossas nasais, ouvidos e pele; associados aos sistemas nervoso periférico e central, responsáveis pela decodificação e interpretação de tais estímulos. Graças a ele, podemos perceber melhor o mundo e nosso corpo. Assim, além de boas sensações, podemos escapar de problemas sérios, como evitar a ingestão de um alimento estragado, ao sentir o cheiro e gosto ruim, evitar queimaduras na pele, ao perceber que a água do banho está quente, etc. Para tipos de estímulos diferentes, temos terminações sensitivas, do sistema nervoso periférico, específicas. Assim, há os quimiorreceptores, para detecção de substâncias químicas; termorreceptores, que captam estímulos térmicos; mecanorreceptores, responsáveis pela captação de estímulos mecânicos; exterrorreceptores, relacionados aos estímulos ambientais (intensidade de luz, calor, pressão, etc.); propriorreceptores, que captam estímulos do interior do organismo; e interorreceptores, recebendo informações acerca das condições internas do organismo. Tais terminações transformam os 5 estímulos em impulsos nervosos, sendo transmitidos ao SNC, que é responsável pela interpretação dos mesmos e pelas reações corpóreas, ou seja: as sensações. A sensibilidade dos estímulos varia de espécie para espécie. Cães, por exemplo, podem ouvir muitas frequências sonoras a mais do que seres humanos; mas têm capacidade visual de menor qualidade, em relação ao Homo sapiens. O Sistema sensorial e composto pelos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) com seus respectivos órgãos (olho, ouvido, nariz, língua e pele) que compreendem o sistema de percepção do nosso corpo com o meio externo. Visão O órgão da visão são os olhos, os globos oculares, situados nas cavidades orbitárias. Cada um dos dois globos oculares consta de três membranas superpostas e três meios transparentes. As três membranas do globo ocular são: esclerótica, coróide e retina. A esclerótica, de natureza fibrosa, protetora do globo ocular, é vulgarmente chamada “o branco dos olhos”. Apresenta, atrás, um orifício, por onde passa o nervo óptico. Adiante, transforma-se em uma membrana transparente, a córnea. 6 A coróide, muito rica em vasos sanguíneos, é nutritiva do globo ocular, para o qual constitui também uma espécie de “câmara escura”, necessária na formação da imagem retiniana. Na parte posterior da coroíde, há um orifício correspondente ao da esclerótica, dando passagem ao nervo óptico. Na sua parte anterior, em abertura circular, está encaixado um disco diversamente colorido, a íris, com um orifício central, a pupila ou “menina dos olhos”. A cor da íris não é uniforme. A íris contém fibras musculares de duas espécias: as fibras circulares, que, pela contração, diminuem a abertura pupilar e as fibras radiadas, que a aumentas. A retina forma-se pelo desdobramento do nervo óptico, que penetra no globo ocular pela sua parte posterior. Há, na retina, a pupila, o ponto cego, e a mácula lútea. O globo ocular se comporta como uma pequena máquina fotográfica. Os raios luminosos, partindo dos objetos atravessam a córnea transparente, a pupila, o humor aquoso, o cristalino, onde se desvia, o humor vítreo e vão atingir a retina. Sobre a retina forma-se uma imagem diminuta e invertida, é assim que acontece na máquina fotográfica. O cristalino corresponde à lente da máquina, a retina o filme que é sensível as impressões luminosas, e a pupila ao diafragma. As impressões recebidas pela retina são transmitidas através do nervo óptico até o cérebro, onde ocorrem as sensações visuais. Para que as imagem sejam nítidas é necessário que se formemexatamente sobre a retina, variando o cristalino, sua própria curvatura, segundo a maior ou menor distância dos objetos. Essa propriedade do cristalino chama- se poder de acomodação. Audição 7 O órgão da audição é o ouvido, formado externamente pela orelha ou ouvido externo (órgão de recepção), pelo ouvido médio (órgão de transmissão) e pelo ouvido interno (órgão de percepção das vibrações sonoras). Os ouvidos médio e interno acham-se localizados no rochedo do osso temporal. O ouvido externo é formado pelo pavilhão da orelha e pelo conduto auditivo externo: transmite as ondas sonoras para o tímpano, membrana que separa o ouvido externo do ouvido médio. Do interior da caixa do tímpano, entre o tímpano e a janela oval, encontra-se uma cadeia de três ossinhos: o martelo, a bigorna e o estribo, os quais se articulam entre si. O martelo encontra-se em parte na membrana do tímpano e o estribo se aplica por sua base sobre a janela oval. Os ossinhos podem se mover uns sobre os outros, graças à músculos. O ouvido interno, o labirinto, parte essencial do aparelho auditivo, compreende o vestíbulo, o caracol, os canais semi circulares existentes no rochedo encerrando tubos membranosos separados de suas paredes por líquido. São nestes tubos que se encontram as últimas ramificações do nervo acútico. O caracol vai ter ligação com a janela redonda; e no vestíbulo é que se acha o órgão de Corti o aparelho nervoso da audição. Os sons transmitidos pelo conduto auditivo externo do tímpano fazem essa membrana vibrar. As vibrações são transmitidas ao ouvido interno, quer pelo ar da caixa, quer pelos ossinhos. O ar da caixa está sempre com a mesma pressão que o ar exterior, por causa da comunicação da caixa com a trompa de Eustáquio, a qual se abre em 8 cada movimento da deglutição. As vibrações transmitidas ao líquido do ouvido interno vão impressionar as células nervosas. Os ruídos são reconhecidos pelos vestíbulos e os canais semi circulares. O som, sensação harmoniosa, é percebido pelo órgão de Corti, que o transmite ao cérebro. Paladar O órgão principal do paladar ou gosto, é a língua (mais particularmente, a mucosa que a recobre), através das papilas gustativas. Umas têm a forma comprida e fina, sendo por isso chamadas papilas filiformes, outras apresentam- se sob o aspecto de pequenos fungos, particularidades que lhes mereceu o nome de fungiformes, e ainda outras, cercadas por um valo chamam-se papilas circunvaladas ou caliciformes. As papilas filiformes acham-se especialmente na ponta da língua; o resto da superfície é ocupada por papilas fungiformes de mistura com papilas filiformes; as caliciformes, em númemo de 7 a 12, acham-se perto da raiz da língua. Além das papilas, encontram-se abaixo da membrana mucosa da língua várias glândulas. A cada lado do sulco perto da língua há uma glândula de 20mm de comprimento e 5 a 8 mm da língua. Dentro das papilas caliciformes existem pequenas glândulas racemosas, que se abrem no interior das papilas, segregando um líquido aquoso. 9 A sede do gosto, são as glândulas fungiformes e as caliciformes. Dentro desses órgãos acham-se de mistura com células meramente mecânicas, destinadas a servir de apoio ás células gustativas. As substâncias sabor chamam-se sápidas, e as não produzem impressões gustativas chamam-se insípidas. As diversas sensações gustativas resultam da associação de quatro sabores fundamentais: sabor doce, percebido pela ponta da língua, sabor salgado, percebido pela região mediana da língua, sabor amargo, percebido pela base da língua e sabor ácido, percebido pelos cantos da língua. As impressões gustativas são associadas às impressões olfativas, de tal maneira que a noção que temos do gosto dos alimentos resulta da soma destas duas impressões. Olfato O sentido do olfato radica numa porção da membrana mucosa, que reveste o interior das fossas nasais (que comunicam atrás com a boca posterior e a faringe, na frente com o ar pelas narinas), e conhecida sob a denominação de pituitária. Esta cobre as fossas nasais em toda a sua extensão: tem cor rosada consistência e espessura variáveis. Em sua superfície observam-se numerosos orifícios, que são as aberturas de outras tantas glândulas que segregam o muco. Um corte através da pituitária oferece o aspecto de todas as mucosas; debaixo do epitélio acha-se a derme ou o cório mucoso, constituído, como todas as membranas semelhantes, de tecido conjuntivo, numerosas glândulas, nervos e 10 vasos sanguíneos. Acha-se na pituitária olfativa propriamente dita, uma mancha amarelada no alto do nariz. A camada superior se caracteriza por células alongadas, que se apresentam sob duas formas: uma sãos cilíndricas, emitindo prolongamentos ramificados para o interior da pituitária e exercendo uma função meramente mecânica; no meio delas outras fusiformes, compridas, providas de um núcleo redondo e claro e de vários nucléolos, representado as células olfativas propriamente ditas. Cada uma delas possui, como nas células gustativas, dois prolongamentos nervosos, dos quais um sobe à superfície, terminando em várias cerdas olfativas outro desce para o interior, indo reunir-se ao nervo olfativo. Só a extremidade superior das cerdas entra em contato direto com o mundo exterior, estando o resto protegido por uma camada perfeitamente transparente. O órgão do olfato reage a estímulos de origem química. As partículas odoríferas, emitidas pelos corpos produzem, em contato com as células olfativas, uma transformação química que se transmite ao cérebro e ali se manifesta como cheiro. Tato 11 Ë um dos cincos sentidos, pelo qual nos pomos em contato com o ambiente e apreciamos o estado físico dos corpos ( se sólidos, líquidos e gasosos), percebemos o polido ou a aspereza das superfícies, as formas e as dimensões das coisas, as variantes de temperatura. Na função de órgão de sentidos, a pele só se exerce em efetivo contato com os objetos, não atuando à distância, como a vista. Diz-se, atualmente, que no sentido da pele é o tato. No revestimento cutâneo se reúnem, porém, quatro sentidos diferentes, posto que atuem muitas vezes associados: o da pressão, o do frio, o do calor e o da dor. As chamadas sensações táteis são quase sempre compostas, entrando, na sua constituição, dois elementos: pressão e temperatura. Se, ainda ao tatear, efetuarmos movimentos, ou fazermos esforço, outro elemento não cutâneo, se associa: o sentido muscular. Quando, finalmente, a pressão se torna demasiado violenta, ou as variações de temperatura são excessivas, aparece a sensação de dor, que domina as outras. As quatro modalidades sensoriais não se acham distribuídas na pele de maneira uniforme e contínua. Cada uma apresenta pontos precisos e limitados. Por meio de excitações punctiformes, obtidas com o emprego de agulhas muito finas, ou 12 de pêlos curtos e rígidos, demonstram-se os pontos correspondentes a cada sentido. O sentido mais grosseiro é o tato. Não obstante, serve-nos esplendidamente, de muitos modos. É errado dizer que temos um sentido do tato. Na verdade, este sentido é um complexo de sentidos. Não é tão sutil e estético como a audição e a visão, mas, auxilia-npo muito no contato com o mundo exterior. Nas pessoas comuns, que se fiam mais da vista e da audição, o tato pode ficar um tanto descurado. Revela-se, porém sua eficiência e sua capacidade educativa, quando faltarem os demais sentidos. Características do Sistema Sensorial O sistema sensorial pode ser captado tantos pelos animais e tanto por nós, seres humanos. Os órgãos dos sentidos são órgãos que captam os estímulos externos e transformam em impulsos nervosos, esses impulsos nervosos possibilitam que os animais e os seres humanos possam se adaptar e conviver no ambiente que estão situados.O sistema sensorial, como mencionado, faz parte do sistema nervoso central, responsável por receber e identificar os dados dos órgãos sensoriais e transformar em estímulos para que os seres vivos possam entender, processar 13 as informações que chegam, esses dados são captados por receptores, que podem ser divididos em 2 elementos:Externoreceptores e internoreceptores: Externoreceptores: São responsáveis por captar estímulos do ambiente, do lado externo do corpo dos seres vivos, Internoreceptores: São responsáveis no estabelecimento do equilíbrio dos seres vivos, principalmente nos seres humanos, como movimentos, Divisão dos mecanismos externos São eles os mecanorreceptores, fotorreceptores, quimoreceptores, e os termorreceptores, cada um apresenta funções especificas no sistema sensorial, captando dados específicos do organismo dos seres vivos Mecanorreceptores: Em sua estrutura há terminações nervosas que estão localizadas na base da pele, estão ligados ao toque, vibrações no sistema auditivo, ou seja, no ouvido na sua estrutura interna, é muito comum também acontecer no sentido da pele, que é o tato. Fotorreceptores: Estão presentes na retina, no glóbulo ocular, o mesmo é responsável por captar núcleos que são células especializadas em captação e também por receber informações luminosas, incluída no sentindo da visão Quimiorreceptores: É localizado na língua e no nariz, são dois sentidos que se que relacionam com a absorção química do ambiente, como paladar e o olfato Termorreceptores: Também estão inseridas no sentido tato, tanto na região da pele e na língua, funções para saber se o alimento está muito quente, frio, é formado por estruturas de receptores para medir temperaturas altas e baixas. 14 Percepção sensorial em crianças em período de aprendizagem A percepção sensorial é uma função cerebral que envolve os sentidos — tato, paladar, olfato, audição, visão — o sistema vestibular e o proprioceptivo. Interpretamos o mundo e aprendemos através das sensações, assim como desenvolvemos habilidades cognitivas e afetivas. As crianças em período de aprendizagem precisam de atividades sensoriais para poderem aprender com mais criatividade e consistência. Elas estimulam a inteligência e contemplam todos os estilos de aprendizagem. Somos seres sensoriais e adquirimos conhecimento através dos nossos sentidos e movimentos corporais. A percepção sensorial nos permite conhecer através da experiência e influencia a nossa aprendizagem desde que somo bebês. Saiba mais, neste artigo. Percepção sensorial 15 Em casa ou na escola, podemos, com ações simples, estimular as crianças e ajudá-las a desenvolver a percepção sensorial. Conheça agora os diferentes sistemas envolvidos nesse aprendizado e como estimular cada um deles em crianças em período de aprendizagem. Sistema táctil A pele é o órgão que permite a percepção sensorial táctil, através do toque e sensações, como alternância de temperaturas e o contato com diferentes texturas. Brincadeiras que estimulam o sistema táctil envolvem, em sua maioria, as mãos. Usar objetos variados e materiais como areia, massinha, entre outros, desperta essa percepção sensorial. Em sala de aula, você pode brincar de colocar uma venda dos olhos das crianças para que elas adivinhem os objetos que passam pela sua mão. As crianças se divertem e se desenvolvem. Sistema auditivo O ouvido é o órgão responsável pelo sistema auditivo — cuja função é ouvir e definir sons. Na escola, a professora pode usar a sua voz, mas também outros recursos para estimular essa percepção, como músicas e brincadeiras com rimas e ritmos. A ideia é estimular essa função de uma forma lúdica, de maneira que desperte a atenção das crianças. Existem várias maneiras de fazer isso. Brincadeiras de adivinhação de sons (natureza, animais) são divertidas e estimulam o sistema auditivo. Sistema oral A língua é o órgão principal do sistema oral e o paladar é o sentido que precisa ser desperto. Comidas doces, salgadas, azedas, amargas, macias, duras, toda essa variação exercita o paladar. Qualquer atividade que envolva culinária pode desenvolver a percepção oral. Brincar com os sabores, pedir à criança que perceba os sabores é divertido e favorece a estimulação do paladar. 16 Sistema olfativo O órgão responsável pelo sistema olfativo é o nariz, que distingue os diferentes odores. Perfumes, aromas, temperos podem estimular esse sentido. Por isso, atividades que envolvem alimentos são muito indicadas aqui. Em sala de aula, você pode fazer atividades de preparo de alimentos, tomando consciência de cada aroma, percebendo as suas diferenças. Atividades na cozinha com as crianças estimulam essa percepção sensorial tão importante, mas pouco explorada. Sistema visual Os olhos são responsáveis pela percepção visual. Estimular esse sentido é relativamente fácil, pois uma simples mudança de ambiente ou luminosidade já o faz. Em sala de aula, a simples ação de mudar a decoração, colocar desenhos nos murais, abusar das cores, já estimulam essa percepção. Da mesma forma, toda atividade que envolve a visão, como teatros e fantoches para as crianças, estimulam a percepção visual. Usar esses recursos na sala de aula, traz dinamismo para o dia-a-dia e ainda estimula a percepção sensorial das crianças. Sistema Vestibular O sistema vestibular é responsável pelo equilíbrio e, ainda que não seja um sentido, faz parte da percepção sensorial. A noção de lateralidade também é responsabilidade desse sistema, localizado no ouvido. Brincadeiras como pular corda e amarelinha estimulam essa função do cérebro. Brincadeiras antigas, mas que seguem sendo queridinhas dos pequenos, divertem e ajudam no desenvolvimento dessa percepção sensorial. Sistema proprioceptivo O sistema proprioceptivo está relacionado com a percepção espacial, coordenação motora, gravidade, peso e movimentos em geral. Toda atividade 17 que envolve movimento corporal, como dança e jogos como vôlei, futebol, queimada, estimulam essa percepção sensorial. Outras brincadeiras que envolvem ações, como pega-pega, dança da cadeira e outras do mesmo estilo, desenvolvem e estimulam o sistema proprioceptivo. Percepção sensorial na escola A estimulação da percepção sensorial deve ser trabalhada desde a educação infantil. Toda atividade que permite a criança viver experiências sensoriais desenvolve a percepção de si e do meio que a cerca. Além disso, estimular a percepção sensorial com sabores, sons, cheiros e texturas em atividades escolares, favorece o desenvolvimento da criatividade e da inteligência. Também ajuda a identificar possíveis deficiências precocemente, o que é fundamental para o tratamento das mesmas. 18 A aprendizagem ocorre a partir dos estímulos aos quais as crianças são expostas, por isso a percepção sensorial deve ser amplamente explorada na escola. Veja algumas das principais vantagens de estimular a percepção sensorial na escola. Favorece a criatividade — as fantasias nas brincadeiras que estimulam a percepção sensorial despertam a imaginação e permitem a criação de vínculos sociais. Permite identificar deficiências nos sistemas sensoriais — déficits sensoriais afetam a aprendizagem e dificultam a concentração. Os professores podem perceber deficiências e encaminhar as crianças para avaliação precocemente, o que favorece o tratamento. Desenvolve a coordenação motora — na educação infantil, principalmente, a estimulação da percepção sensorial é fundamental para desenvolver a coordenação motora, assim como a concentração e o desenvolvimento cognitivo. A exploração e estimulação dos sentidos através de atividades lúdicas favorecem a aprendizagem e o desenvolvimento pleno das crianças. 19 Atividadessensoriais: na Educação Infantil, experimentar é aprender Ensinar e aprender explorando os cinco sentidos não é difícil. Ensinar alguma coisa está, na grande maioria das vezes, ligado à estimulação dos sistemas visuais e auditivos, já que nós somos seres muito audiovisuais. Não é difícil, mas é raro encontrar atividades que estimulem os sentidos. Este fato pode ser justificado historicamente, pelas teorias tradicionais de educação que colocam o professor numa posição de eterno orador e, o aluno, de eterno ouvinte. Papéis que, ao longo da evolução das práticas educativas, foram se modificando, mas que ainda permanecem enraizadas em certas posturas sem nos darmos conta disso. Jogos, brincadeiras e outras atividades sensoriais estimulam a inteligência, ajudam na criatividade e permitem que os alunos aprendam mais e melhor. Isso ocorre pois o cérebro tem a oportunidade de acionar diferentes canais para a entrada de conhecimento, contemplando todos os estilos de aprendizagem. Os sentidos já são desenvolvidos desde a vida intrauterina. O mundo que nos cerca é cheio de informações que chegam até nós através do tato, olfato, visão, audição, gustação, movimentos e posições do corpo. 20 Fazer uso de todos os sentidos – tato, olfato, paladar, etc. – garante um aprendizado mais completo e duradouro. Quais os sistemas sensoriais que devem ser observados? Sistema táctil: é o responsável por tudo aquilo que está em contato com a pele. Exemplo: toque (reconhecer um objeto no escuro), preensão, temperatura (sensação de quente e frio), textura (áspero e macio); Sistema auditivo: habilidade de reconhecer sons, discriminar, transformar e reagir a sons; Sistema oral/gustativo: é o paladar e tudo que é relativo aos estímulos dentro da boca. Exemplo: experimentar sabores doces, salgados, ácidos, azedos ou experimentar alimentos de diferentes consistências; Sistema olfativo: é o cheiro, processamento e discriminação de odores; Sistema visual: todas as habilidades relativas à visão; Sistema vestibular: localizado no ouvido, está relacionado ao movimento e equilíbrio, além de coordenar movimentos, como a conexão entre olho e mão e os dois lados do corpo (coordenação bilateral); Sistema proprioceptivo: relacionado à posição do nosso corpo no espaço, a noções de peso, pressão, alongamento e mudança de posição. É o corpo como um todo, tanto em situações estáticas quanto em http://naescola.eduqa.me/wp-content/uploads/2015/10/atividades-sensoriais-2.jpg 21 situações dinâmicas. É devido a este sistema que conseguimos, por exemplo, escrever sem termos que olhar para cada movimento da nossa mão. Assim, quando tudo está a funcionar bem, o nosso cérebro organiza as informações recebidas do ambiente através do corpo para reproduzir uma resposta adequada a cada estímulo. A este processo, dá-se o nome de integração sensorial. Cada pessoa tem uma preferência sensorial (sentidos mais desenvolvidos do que outros), entretanto, é válido oferecer diferentes oportunidades para que os alunos vivenciem os vários sistemas sensoriais e tenha experiências para aprender com todos eles. Cada criança terá uma preferência sensorial, ou sentidos que se desenvolvem mais e mais rapidamente que os outros. Cabe ao professor identificá-los e explorar suas possibilidades de aprendizado. Quais atividades estimulam os sentidos http://naescola.eduqa.me/wp-content/uploads/2015/10/atividades-sensoriais-3.jpg 22 Movimentos, texturas, aromas, sabores, são informações que podem ser muito bem integradas ao que ouvimos e vemos, para enriquecermos ainda mais a capacidade de discriminação e aprendizagem do cérebro. Veja algumas sugestões: Modifique o ambiente! Coloque música, altere a luminosidade, use lanternas para contar uma história; Manipule diferentes texturas. Utilize bacias para colocar materiais como areia, pedras, gel de cabelo, creme corporal, farinha, grãos, etc. Incentive a criança a brincar. Uma possibilidade é usar essas texturas para criar cenários e objetos que se relacionem com os conteúdos trabalhados em classe, como animais, meios de transporte, entre outros. Ainda pode ser sugerida uma escavação para encontrar letras dentro das bacias e, com elas, formar palavras, ou fazer uma caça às texturas no pátio, buscando elementos da natureza; Livros com figuras grandes são boas opções. Há livros interativos, com fantoches, texturas ou figuras adesivas para complementar a leitura; Traga papéis de cores e espessuras diferentes, assim como materiais variados para a pintura. Use misturas de cores, tintas caseiras ou comestíveis. Massinha de modelar tem diversas possibilidades. Você pode convidar as crianças a criar animais e objetos, ou usá-la para contornar letras e números; Grave sons da natureza, de animais e da própria criança falando e reserve um momento para a escuta; 23 Exercite a escuta com tranquilidade e atenção. Pedir para a turma identificar os sons da natureza pode ser parte de uma atividade. caixas sensoriais ou caixas de surpresa: dentro de uma caixa, coloque objetos relacionados a qualquer tema (sólidos geométricos, materiais escolares, brinquedos que remetam a animais ou meios de transporte, etc.) para que as crianças adivinhem o que são apenas com o tato; Estenda plástico bolha no chão para que as crianças engatinhem ou caminhem sobre ele, estimulando a coordenação motora; Integre novas tecnologias, como tablets, iPads e videogames (como o Kinect, por exemplo). Esses recursos podem ser utilizados em espaços educativos já que, além de trazerem jogos visuais e auditivos, relacionam o movimento do corpo com comandos para as atividades, o que é bastante positivo; Em cada temática, pense em como incluir experiências práticas e que alimentem todos os sentidos das crianças. http://naescola.eduqa.me/wp-content/uploads/2015/10/atividades-sensoriais-5.jpg 24 O que fazer caso a criança apresente um déficit de aprendizado Contudo, há pessoas que possuem déficits nos sistemas sensoriais. Estes problemas podem causar inúmeras complicações no processo de aprendizagem, que vão da falta de atenção e concentração até a baixa confiança em si mesmo. Fique atento se o seu aluno apresentar: Hipersensibilidade a movimentos, sons, odores e ambientes diferentes; Hipersensibilidade ao manipular materiais como cola, areia, tinta ou até mesmo comida, utilizando sempre a ponta dos dedos; Medo ao realizar experiências que envolvam os sistemas sensoriais já citados; Medo de altura e falta de equilíbrio; Coordenação motora empobrecida: dificuldade em correr ou pular, problemas com a escrita e com a preensão do lápis; Problemas com situações de desafio. http://naescola.eduqa.me/wp-content/uploads/2015/10/atividades-sensoriais-4.jpg 25 Para amenizar estas dificuldades, o professor pode verificar se a quantidade de estímulos trabalhados não está em demasia, já que muita informação sensorial ao mesmo tempo pode estressar e até desorganizar a aprendizagem da criança. Outro ponto importante é não “forçar” a realização de uma atividade na qual o aluno demonstra medo ou outra reação incomum. Permita que ele escolha os materiais que o deixam mais seguro, sendo sempre bastante acolhedor. O que é neuroplasticidade Plasticidade neural é a capacidade do sistema nervoso em modificar as conexões sinápticas. É um conceito amplo que se estende desde as respostas às lesões traumáticas destrutivas até as sutis alterações resultantes dos processos de aprendizagem e memória. “Plasticidade neural pode ser definida como uma mudança adaptativa na estrutura e nas funções do sistema nervoso, que ocorre em qualquer estágio da ontogenia, como função de interações com o ambiente interno ou externo ou, https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/neuroplasticidade/3512126 ainda, como resultado de injúrias, de traumatismos ou de lesões que afetam o ambiente neural.” (PHELPS, 1990)“. A plasticidade cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do SNC sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria e funcionamento. É a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos.” (LUNA et al, 2002). Estudos recentes referem que a unidade funcional do sistema nervoso não é mais centrada apenas no neurônio, mas concebida como uma imensa rede de conexões sinápticas entre unidades neuronais, além de células gliais (células não envolvidas diretamente na recepção e condução de impulsos nervosos). Essas conexões são modificáveis em função da experiência individual, ou seja, do nível de atividade e do tipo de estimulação recebida. Dessa forma, a plasticidade neural pode envolver alterações exclusivamente funcionais ou anátomo-funcionais, ocorrer em uma faixa temporal muito ampla (millisegundos a vários anos), e envolver diversos mecanismos moleculares estritamente dependentes das interações neurônio- neurônio e neurônio-glia. A neuroplasticidade pode resultar em recuperação de uma função perdida devido à lesão, chamada plasticidade benéfica ou compensatória; como também pode gerar funções mal adaptadas ou patológicas, a plasticidade maléfica. Conceito de neuroplasticidade De acordo com o teórico C. H. Phelps, a plasticidade neural é uma mudança adaptativa na estrutura e nas funções do sistema nervoso. “Ocorre em qualquer estágio da ontogenia, como função de interações com o ambiente interno ou externo ou, ainda, como resultado de injúrias, de traumatismos ou de lesões que afetam o ambiente neural”, segundo ele. Essa definição do conceito é explorada em detalhes no artigo Plasticidade 27 Neural: Relações com o Comportamento e Abordagens Experimentais, publicado em 2001, pelos autores Elenice A. de Moraes Ferrari, Margarete Satie S. Toyoda e Luciane Faleiros, da Universidade Estadual de Campinas, e Suzete Maria Cerutti, da Universidade Estadual de Campinas e Universidade São Francisco. Como se dá a neuroplasticidade Existem duas principais formas por meio das quais ocorre a neuroplasticidade. Uma delas é o brotamento – quando há o crescimento de uma área lesionada por meio de axônios. De forma simplificada, é uma forma de os axônios se alongarem em direção a neurônios que se encontram afastados. A outra é a ativação de sinapses latentes. Nesse caso, quando ocorre uma lesão ou destruição de estímulos cerebrais, 28 sinapses que até então estavam adormecidas ficam ativas. Dessa forma, as necessidades do indivíduo são supridas. Como o Sistema Nervoso funciona O sistema nervoso funciona por meio de dois conjuntos: o Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é formado por duas partes: o encéfalo (que abrange cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e a medula espinhal. Essa estrutura possui milhões de neurônios. Já o SNP é formado pelo sistema nervoso que está fora do cérebro e da medula, sendo capaz de se comunicar com o restante do corpo. Basicamente, o SNP abrange os nervos, que se ramificam a partir do SNC. É através dessa estrutura complexa que o sistema nervoso permite ao corpo humano responder a diferentes tipos de estímulos. Por exemplo: se uma das suas mãos coça, o SNP levará a informação até o SNC por meio das conexões entre os neurônios. Isso fará com que, sem pensar, você coce a mão imediatamente. Trata-se de um processo muito rápido, que acontece em milésimos de segundos. O SNC é constituído pelo cérebro e a medula espinhal, sendo composto por milhões de neurônios. Neurônios São as principais células do sistema nervoso, que são responsáveis pela transmissão de estímulos nervosos ou sinapses. Acredita-se que um adulto pode ter cerca de 86 bilhões de neurônios em seu cérebro. Os neurônios são as únicas células do corpo humano que não se multiplicam, mas sofrem alterações para poder suprir as necessidades. Sinapses 29 É o meio de comunicação entre os neurônios. Sinapses são a transmissão de impulsos nervosos entre um neurônio e outro. Toda vez que aprendemos algo novo, sentimos algo nunca sentido antes, ou até mesmo ganhamos um novo conhecimento sobre o mundo ou nós mesmos, as sinapses entre os neurônios são fortalecidas. Como usamos nosso cérebro O cérebro é a estrutura mais complexa do ser humano. Nós o utilizamos de forma totalmente coordenada e integrada. Esse órgão tem uma infinidade de funções: ouvir, sentir, pensar, respirar, movimentar o corpo. Tudo isso é comandado por ele, sendo que cada uma de suas áreas é responsável por determinadas funções. Entre si, todas as áreas se comunicam, mas quando há lesão ou dano a alguma estrutura, o cérebro se altera pela neuroplasticidade a fim de suprir a necessidade. Qual a importância da neuroplasticidade 30 A importância da neuroplasticidade é que ela permite que o cérebro se adapte a diferentes circunstâncias, principalmente quando ocorrem lesões. Por exemplo: se uma pessoa perde a visão devido a uma doença, ela precisa se adaptar à sua nova realidade. Então, a neuroplasticidade faz com que o cérebro desenvolva ainda mais o tato e a audição, de maneira a compensar a perda da visão. Ela também é importante para a aprendizagem durante a infância, como já mencionamos. É por meio dela que as crianças aprendem não só fatores biológicos, como caminhar e falar, mas também sociais, como convivência com outras pessoas e percepção de emoções. Quando a neuroplasticidade entra em ação 31 A neuroplasticidade se dá principalmente na infância, fase em que as crianças adquirem novos conhecimentos e comportamentos sociais de forma constante. Mas ela também ocorre na fase adulta, de modo que os indivíduos se adaptem às suas necessidades. É um processo diário e natural do corpo humano. Mas, na vida adulta, ele entra em ação principalmente quando o indivíduo sofre lesões físicas ou cerebrais. Problemas como derrames, traumas e acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo, estimulam a neuroplasticidade. Contudo, ela também é promovida por meio de novos aprendizados realizados pelo indivíduo, como aprender um novo idioma e tocar instrumentos musicais, por exemplo. Tipos de neuroplasticidade 32 Existem cinco tipos de neuroplasticidade: dendrítica, axônica, sináptica, somática e regenerativa. Dendrítica As espinhas dendríticas, em que ocorrem as sinapses, sofrem alterações em número, disposição, comprimento e densidade. Esse tipo de neuroplasticidade ocorre principalmente nas primeiras fases do desenvolvimento. Axônica É a plasticidade inicial, que ocorre entre zero e dois anos de vida, e é crucial para o desenvolvimento do sistema nervoso. Sináptica É constituída pela capacidade de alterações nas sinapses entre as células nervosas. 33 As sinapses podem se tornar mais fortes ou mais fracas, dependendo dos estímulos externos e internos. Somática É aptidão para regular o aumento ou morte das células nervosas. Ocorre somente no sistema central embrionário e não está suscetível a influências externas. Regenerativa Mais frequente no sistema nervoso periférico, a neuroplasticidade regenerativa é capacidade de regeneração de axônios lesados. Neuroplasticidade e aprendizagem A neuroplasticidade e a aprendizagem estão diretamente relacionadas. Você sabe o que acontece no cérebro quando aprendemos. Toda vez que 34 adquirimos um novo aprendizado, o cérebro fica encarregado de armazenar as informações importantes. Isso ocorre de modo que elas possamser utilizadas pelo indivíduo quando necessário. Assim, novas vivências e conhecimentos fazem com que o cérebro crie vias neurais, que são os caminhos percorridos entre os neurônios pelas sinapses. A cada aprendizado ou vivência enriquecedora, a comunicação entre os neurônios fica mais forte e eficiente. O processo de aprendizagem motora e a neuroplasticidade A APRENDIZAGEM E O SISTEMA NERVOSO Num contexto funcional, diferentes regiões do Sistema Nervoso estão identificadas como responsáveis pela aquisição de competências físicas, cognitivas, psicológicas e vocacionais. O processamento de informação e a memória óculo espacial parecem ser fatores influenciadores do comportamento humano, no apoio de qualquer tarefa que requer a capacidade de associação entre um estímulo e a ação voluntária. O armazenamento de informação permite relacionar factos e entendê-los através 35 da associação de significados. Do conjunto destes mecanismos emerge uma melhor capacidade para resolver problemas perante uma situação desconhecida ou na exposição a situações semelhantes. O desenvolvimento e maturação do cérebro ocorrem sobretudo durante a infância e adolescência, de forma consistente em diferentes regiões cerebrais, mas não simultaneamente. É necessário que estejam desenvolvidas as áreas primárias sensório motoras, para que se complete o desenvolvimento das áreas de associação. Áreas de associação do Sistema Nervoso Central, como a pré- frontal (atenção e comportamento orientado ao objetivo), a parietotemporal (integração sensorial, a resolução de problemas, compreensão da linguagem e relação de espaços), a límbica (emoções, motivação e processos de memória) e o núcleo estriado (núcleo dos gânglios da base mais envolvido durante um processo de aprendizagem), estão envolvidas em capacidades complexas de aquisição de conhecimentos, moldando a personalidade, permitindo a interpretação e integração sensorial, facilitando processos de memória e consolidando padrões motores. A constante comunicação entre estas áreas permite a aprendizagem de tarefas complexas, implicando a utilização de vários processos perceptuais e envolvendo áreas cerebrais de maior volume. Este facto reforça a importância dos mecanismos de feedback bidirecionais entre as regiões pré-frontais, somatossensoriais, feixes descendentes, e região límbica. Estas associações são fundamentais para o controlo postural, para o controlo seletivo e padrão de execução do movimento. Relativamente ao volume de cada área do cérebro, este pode ser influenciado pela quantidade de experiências diferentes, permitindo ao próprio indivíduo analisar a performance em funções, mais ou menos complexas, da sua aprendizagem. A plasticidade de outras áreas do Sistema Nervoso, como o cerebelo e o hipocampo, permite a aprendizagem e a memória de novas experiências, sendo importante o uso sistemático de tarefas diárias relevantes, durante as quais, várias informações são retiradas, nomeadamente, o sucesso da atividade ou a identificação do erro. 36 A memória de reconhecimento de um objeto ou situação, está dependente do confronto que o indivíduo faz entre a informação antiga e a nova, associando a ativação das regiões do córtex pré-frontal e parietal. Vários autores ao investigarem as regiões corticais ativas, durante a aprendizagem de uma tarefa realizada com e sem erro, concluíram que, a atividade sem erro é de mais fácil aprendizagem. A aprendizagem cognitiva e a aprendizagem motora A aprendizagem é o processo através do qual ganhamos conhecimentos sobre o mundo, enquanto a memória é um fator e concomitantemente um produto desse processo de aprendizagem, com forte relação entre níveis de atividade física e a função cognitiva no Ser Humano. Quer a aprendizagem, quer a memória processam-se em praticamente todas as regiões do Sistema Nervoso, envolvendo circuitos simples ou mais complexos. Consiste numa quantidade de mudanças nas conexões sinápticas ao longo da cadeia neuronal, determinadas por fatores genéticos e ambientais. 37 Os eventos ambientais produzem sensações que contextualizam a ação (sistemas sensoriais), desenvolvem agentes que permitem a sua execução (sistema neuromusculoesquelético) e a possibilidade de alcançar o objetivo (sistema neuromotor). Existe um momento inicial de reconhecimento da ação através do controlo visual e também auditivo, que permitem em determinadas circunstâncias, sintonizar o movimento com o ritmo ou tempo exato. Esta ferramenta justifica a integração multi-sensorial na realização de um movimento controlado e adaptado, após o indivíduo conhecer a atividade num ambiente específico. Problemas na ordem prioritária do controlo do movimento, podem afetar diretamente a eficácia e a performance na contextualização ambiental do mesmo. Outro aspeto interessante da aprendizagem, é a forte aquisição durante a fase inicial na exposição a um novo ambiente (estímulo), em que a concentração e o envolvimento cognitivo do sujeito atingem os níveis mais elevados. A explicação para este facto poderá ser o confronto de diferentes informações novas e de memória, para um conhecimento da situação, em que o sistema procura determinar se a situação é inovadora, é uma experiência importante ou de possível nocividade. Quando dois neurónios são estimulados em simultâneo (em associação), ocorre uma modificação sináptica por sintetização de proteínas nesses dois neurónios. O faco de determinadas células (como o que ocorre nas células de Purkinje) estarem constantemente a receber informações sobre o movimento que decorre, permite um contacto sináptico com as células que as informam, fortalecendo ou enfraquecendo as suas conexões. A representação interna da postura do corpo pode ser considerada como um mecanismo para a resolução de problemas sensoriais, através de um modelo dinâmico de controlo antecipatório da postura durante o movimento. A presença constante dos sistemas de atenção, sistema sensorial e sistema motor parece ser fundamental para o processo de aprendizagem e memória, permitindo ao indivíduo envolver-se ativamente, numa interação constante entre as suas capacidades e limitações, o ambiente e a continuidade e complexidade da tarefa que está a realizar. O efeito das experiências motoras e do exercício físico sobre as funções cognitivas do ser humano tem vindo a ser estudado com resultados benéficos significativos. Num estudo experimental de controlo, em indivíduos com 38 demência, os resultados demonstraram uma melhoria nas atividades funcionais da vida diária, na função cardiorrespiratória, endurance e força muscular, flexibilidade e equilíbrio. A aprendizagem é facilitada pela influência de mecanismos, como o entendimento de uma indicação (ordem) ou a confusão entre indicações, o que pode criar interferências no seu entendimento, sobretudo quando utilizadas no domínio motor. Na comparação entre a aquisição de modelos internos de memória cognitiva e motora, parece existir uma similaridade, que indica processos de consolidação semelhantes. Plasticidade A aprendizagem motora depende da plasticidade do sistema nervoso e requer uma prática por um período de tempo determinado. A distribuição de cadeias neuronais neste processo inclui uma grande quantidade de sistemas e estruturas, mas é determinada por modificações sinápticas expostas a eventos temporais e espaciais. Durante o neurodesenvolvimento normal, a especialização das estruturas corticais para a memória, é mediada pela plasticidade funcional e estrutural entre neurónios. A plasticidade sináptica através do crescimento ou da retração dos 39 dendritos, é provavelmente assumida como um mecanismo essencial para a formação da memória, embora não esteja bem esclarecido. Cérebro – Aprendizagem e NeuroplasticidadeO cérebro é uma poderosa máquina de aprendizagem. Beneficiando-se disso, a aprendizagem aposta na capacidade de se reinventar que o sistema nervoso exibe. O princípio é mais ou menos o mesmo. Se o cérebro pode se recompor de algum dano ou prejuízo sofrido, o mesmo pode se esperar para a solução de outros desafios que não necessariamente estejam ligados a alguma limitação inicial. Como uma máquina inteligente, ele pode se reprogramar e se reorientar a fim de otimizar e melhor dispor dos recursos que possui. A aprendizagem está implicitamente ligada à superinteligência e à neuroplasticidade cerebral. Para se aprender com maior agilidade, o primeiro passo é o autoconhecimento. É preciso tomar consciência do que se deseja alcançar, ter ciência acerca do que se quer alcançar, seus principais motivos, bem como e quando se deseja alcançar. Ou seja, a consciência, o sentir, o foco e a ação são condições determinantes para que haja a aprendizagem. É preciso descobrir por si só o que se quer aprender e buscar recursos apropriados para isso. Daí a relação com a superinteligência e plasticidade cerebral. 40 Os estímulos adequados e os direcionamentos corretos é que vão dizer ao seu órgão principal em que medida ou direção ele deve se aprimorar. É com base nessas necessidades e vontades que um apanhado de competências começa a ser processado. Todos os estudos já acumulados apontam que o caminho percorrido pela atividade cerebral vai a reboque das faculdades e competências que nos esforçamos para criar. Olhando de perto, ele pode não ser a mais obediente e servil das criaturas, mas mesmo no seu grau de autonomia ou insubordinação, o seu cérebro tende a obedecer aos comandos que mais insistentemente lhe são dados. E a reprogramação de si mesmo que ele muitas vezes alcança também segue, portanto, esse protocolo. Como Acontece a Aprendizagem Um exemplo interessante e muito prático é o que acontece com concurseiros que estudam e persistem por muitos anos para passar em concursos públicos. Quando eles conseguem alcançar um estágio no qual o aprendizado se torna natural, as chances de serem aprovados em todos os concursos que prestam são maiores. O mesmo se aplica aos vestibulandos ou aos candidatos a quaisquer outras provas que exigem um elevado grau de aprendizado. A rotina do estudo, do conteúdo a ser aprendido faz com que tudo se torne mais fácil. Para o cérebro, é mais ou menos como no ditado segundo o qual “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Repisar uma matéria ou um conteúdo variadas vezes faz com que a informação seja facilmente “encontrada” nos arquivos da sua memória. Quanto mais batido o caminho, mais facilmente um neurônio trafega por ele na busca da informação que precisa. Algumas personalidades da história, como Einstein, Freud e Jesus Cristo são exemplos reais de pessoas com superinteligência transformada em resultados visíveis e que se sustentam até a atualidade. Resultados esses que trouxeram não apenas benefícios próprios, mas que estão ultrapassando décadas, milênios, por terem transformado o mundo de alguma forma. 41 42 CONCLUSÃO A função do sistema sensorial função é transmitir informações sobre estímulos externos e internos ao cérebro e reagir a eles. Isso ocorre por meio de células especializadas, chamadas receptores, que compõem os órgãos desse sistema. Há diversos tipos de receptores especializados para cada sentido: fotorreceptores, mecanorreceptores, quimiorreceptores, termorreceptorese outros. A neuroplasticidade, também chamada de plasticidade cerebral, é uma das descobertas mais importantes sobre o corpo humano nas últimas décadas. Consiste na capacidade do nosso cérebro de mudar e se adaptar em resposta a novos comportamentos ou experiências. A neuroplasticidade e a aprendizagem estão diretamente relacionadas. Toda vez que adquirimos um novo aprendizado, o cérebro fica encarregado de armazenar as informações importantes. Isso ocorre de modo que elas possam ser utilizadas pelo indivíduo quando necessário. Assim, novas vivências e conhecimentos fazem com que o cérebro crie vias neurais, que são os caminhos percorridos entre os neurônios pelas sinapses. A cada aprendizado ou vivência enriquecedora, a comunicação entre os neurônios fica mais forte e eficiente. 43 REFERÊNCIA BRASIL-NETO, J.P.; COHEN, L.G.; HALLETT, M. - CENTRAL FATIGUE AS REVEALED BY POSTEXERCISE DECREMENT OF MOTOR EVOKED POTENTIALS. MUSCLE AND NERVE 1994;17:713-9. BRASIL-NETO, J.P.; COHEN, L.G.; PASCUAL-LEONE, A.; JABIR, F.L.; WALL, R.T.; HALLETT, M. RAPID REVERSIBLE MODULATION OF HUMAN MOTOR OUTPUTS AFTER TRANSIENT DEAFFERENTATION OF THE FOREARM: A STUDY WITH TRANSCRANIAL MAGNETIC STIMULATION. NEUROLOGY 1992;42:1302-6 COHEN, L.G.; BRASIL-NETO, J.P.; PASCUAL-LEONE, A.; HALLETT, M. PLASTICITY OF CORTICAL MOTOR OUTPUT ORGANIZATION FOLLOWING DEAFFERENTATION, CEREBRAL LESIONS, AND SKILL ACQUISITION. ADVANCES IN NEUROLOGY 1993;63:187-200. GEORGE, M.S.; WASSERMANN, E.M.; WILLIAMS, W.A.; CALLAHAN, A.; KETTER, T.A.; BASSER, P. ET AL. - DAILY REPETITIVE TRANSCRANIAL MAGNETIC STIMULATION (RTMS) IMPROVES MOOD IN DEPRESSION. NEUROREPORT 1995;6:1853-6. 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