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AULA 1 ESTRATÉGIA APLICADA AO LUCRO E RENTABILIDADE Prof. Pedro Salanek Filho 2 TEMA 1 – DEFINIÇÃO DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO Nossa etapa está intitulada “Estratégia aplicada ao lucro e à rentabilidade”. De forma geral, o objetivo da disciplina é trabalhar um olhar sobre a capacidade de geração de resultados ao negócio, tanto no desenvolvimento da atividade operacional para propiciar lucratividade quanto também com base nos investimentos para obter rentabilidade. Quando falamos em resultados, nos referimos a uma espécie de “última linha” de algumas etapas financeiras do negócio. Nesse sentido, devemos perceber que os resultados são espécies de entregas financeiras necessárias. Para que eles sejam possíveis, precisamos iniciar por um bom planejamento financeiro, assunto do primeiro tema. Outro ponto relevante logo no princípio do nosso conteúdo diz respeito ao conceito de lucratividade e de rentabilidade. A lucratividade é obtida dividindo-se o lucro em relação ao volume de vendas. Por exemplo, a empresa alcançou um lucro de R$ 150.000,00 e obteve um volume de vendas no mesmo período de R$ 3.000.000,00; portanto, a lucratividade é de 5%. Diante disso, o conceito de lucratividade é a leitura do lucro em percentual. O mesmo raciocínio vale para a rentabilidade: uma empresa gerou um retorno de R$ 200.000,00 em relação a um volume de R$ 2.000.000,00 investidos, logo a rentabilidade será de 10%. Diante do exposto, tanto a lucratividade como a rentabilidade são leituras relativizadas, ou seja, em percentual, em relação às suas bases de cálculo, vendas para a lucratividade e investimentos para a rentabilidade. 1.1 Conceito de planejamento financeiro Planejamento financeiro é basicamente o desenvolvimento de um processo de definição de metas financeiras que a empresa deseja atingir, ou seja, seus resultados. Além dessas metas, também são criadas estratégias e um plano estruturado para alcançá-las. Alinhado a essa afirmativa, Gitman (2011) destaca que a administração financeira diz respeito às responsabilidades e tarefas de controle visando à melhoria do resultado da empresa. É importante destacar também que um planejamento financeiro deve funcionar como um processo, ou seja, uma tarefa contínua que contribua. Também deve ser revisto período a período para que as organizações possam 3 gerenciar da melhor forma possível seus recursos financeiros, bem como tomar decisões adequadas sobre seus objetivos financeiros. Outra etapa que envolve também o planejamento financeiro é avaliar a situação financeira atual da empresa, visando ao estabelecimento de objetivos realistas para identificar as ações necessárias à correção de caminhos do negócio. Tal avaliação vale, obviamente, para empresas que já possuem um histórico para ser examinado, diferentemente daquelas que estão iniciando as suas atividades, em que o planejamento financeiro é elaborado com base em projeções. Empresas com esse histórico devem realizar uma crítica sobre o que alcançaram no passado e direcionar, caso necessário, para melhores resultados no futuro. Muitas vezes, essa melhoria tem relação direta e necessária com mudanças de diretrizes a fim de efetivamente atingir as estratégias de lucro e rentabilidade. 1.2 Utilidades do planejamento financeiro Após essa abordagem inicial, é oportuno destacar alguns passos importantes para criar um roteiro de planejamento financeiro, que basicamente consiste nos aspectos descritos a seguir. • Avaliação da situação financeira atual da empresa: comece examinando resultados anteriores por meio da análise das principais métricas (por exemplo, preços, custos, despesas, dívidas e lucro). Isso tornará possível uma visão mais clara do cenário financeiro atual dela. Essa avaliação geral pode ainda ser separada por produtos, por região de vendas, por tipos de custos (fixos, variáveis, direto e indiretos), pelo perfil da dívida (prazos, modalidades, juros etc.) e também pelos diversos recortes de margem de lucro (margem bruta, margem líquida, margem EBITDA etc.). • Estruturação orçamentária: desenvolva um orçamento detalhado que leve em conta todas as suas receitas e despesas mensais. Isso ajudará a controlar os gastos, economizar e direcionar recursos visando alcançar seus objetivos. A definição de um orçamento é uma etapa fundamental do processo, pois ele é uma espécie de bússola financeira ou, de forma mais moderna, um GPS financeiro. Devemos ter em mente que o uso desse instrumento deve ser orientativo, pois está nos levando para algum lugar desejado. 4 • Metas financeiras: a definição de metas financeiras atingíveis é uma importante finalidade do planejamento financeiro, pois a decisão dos parâmetros são tomadas com antecedência. Certifique-se sempre de que as metas sejam realistas e alinhadas com seus valores e prioridades. • Reduza os custos e as despesas: identifique áreas onde é possível reduzir despesas e cortar gastos desnecessários, geralmente que envolvem desperdícios e retrabalhos. Priorize gastos conforme as metas financeiras, definidas anteriormente. • Endividamento e alavancagem: o endividamento é uma ótima forma de a empresa crescer, obviamente se for bem gerenciado. É essencial que ela tenha uma avaliação constante do seu grau de dívidas e identifique se possui capacidade de pagamento dentro dos prazos pactuados. • Disponibilidades financeiras: é fundamental a empresa dispor de recursos financeiros adicionais em face de uma eventual emergência para sanar os seus processos operacionais ou mesmo financeiros. Quando falamos em disponibilidades, nos referimos a uma espécie de reservas financeiras, ou seja, recursos que não estão aplicados nas atividades do negócio, como valores a receber e estoques ou mesmo na estrutura da empresa, como os imobilizados. Geralmente esses recursos disponíveis estão aplicados em instituições financeiras. • Investimentos: uma etapa fundamental na gestão financeira, identificada por meio do planejamento, é a avaliação dos investimentos. Essas decisões demonstram como a empresa estará no futuro com a gestão financeira do seu negócio. Quando falamos em investimentos, nos referimos a direcionamento de recursos a projetos, ampliações, melhorias etc. Esses investimentos precisam ser viáveis, ou seja, dar retorno. Esses pontos aqui descritos ajudam a evidenciar todo o composto que envolve um bom planejamento financeiro. Podemos destacar também que sempre que eles são seguidos e aplicados, os gestores tendem a minimizar o risco de dificuldades financeiras. Mais adiante, serão devidamente aprofundados. Saiba mais Neste vídeo, intitulado “Planejamento financeiro empresarial”, você poderá compreender melhor o conceito e a aplicabilidade dessa relevante ferramenta financeira. São abordados seis passos necessários para entender e praticar o 5 planejamento financeiro dentro de um negócio. Conteúdos relacionados a análise de cenários, metas e objetivos viáveis, projeções e estimativas, estruturação de um orçamento, plano de ações e acompanhamentos são destacados. O material está disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=f6HRXyj2oNc>. Acesso em: 28 ago. 2023. TEMA 2 – OBJETIVOS DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO 2.1 Importância do estabelecimento de objetivos Objetivos financeiros são os fatores específicos e mensuráveis relacionados às finanças empresariais. Fornecem direção e propósito para as decisões financeiras e ajudam a criar um plano visando alcançar um resultado desejado. Ter esses objetivos é essencial na orientação do planejamento e na tomada de decisões financeiras. O primeiro passo para a definição desses objetivos é o alinhamento com o planejamento estratégico, principalmente com a visão e a missão da empresa; eles devem estar semprealinhados com essas diretrizes. Além disso, devem ser específicos e mensuráveis. Defina parâmetros que envolvam diversas etapas da parte financeira, desde gestão de custos, faturamento e geração de resultados. 2.2 Captação de recursos Um ponto fundamental na definição dos objetivos financeiros diz respeito à captação de recursos. Podemos até afirmar que a principal função de um gestor financeiro é a administração dos recursos financeiros. Estes podem ser próprios (disponibilizados pelos proprietários do negócio) ou juntos a terceiros (por meio da captação em instituições financeiras ou fornecedores). A entrada dos recursos próprios, também denominados capital próprio, possibilita que a empresa tenha acesso a recursos sem endividamento. Já a busca de capital de terceiros é uma forma de ela se endividar (também denominada alavancagem) e direcionar esses recursos às atividades do negócio, porém com o compromisso de honrá-los dentro dos prazos estabelecidos. 6 TEMA 3 – GESTÃO DE CUSTOS Um dos maiores desafios à gestão financeira dos negócios é a gestão de custos empresariais. No presente tema, trabalharemos os conceitos e outros conteúdos relevantes para entendimento do assunto. É importante para uma empresa monitorar e controlar adequadamente os seus custos a fim de garantir melhor eficiência operacional e assim maximizar os seus resultados operacionais, ou seja, os lucros. 3.1 Gestão de custos e despesas Os custos são os gastos financeiros incorridos por uma empresa na produção de bens ou na prestação de serviços. De forma geral, representam os recursos financeiros necessários à atividade operacional do negócio. Apesar de serem um gasto, por meio deles a empresa produz, efetua a venda e determina a margem de lucro. Vale destacar aqui também que custos e despesas são conceitos diferentes. Os custos possuem relação direta com a produção, ou seja, em geral somente existem quando a empresa está produzindo. Já as despesas estão relacionadas com a estrutura de funcionamento do negócio e também com o esforço de venda e os gastos com as áreas de apoio. Ainda na diferenciação entre custos e despesas, Ribeiro (2018, p. 17) traz a seguinte reflexão: “a despesa vai para o resultado, enquanto o custo vai para o produto; a despesa não será recuperada, enquanto o custo será recuperado por ocasião da venda do produto”. 3.2 Classificação dos custos: fixos, variáveis, diretos e indiretos Além de conhecer o conceito e o desafio de desenvolver uma gestão adequada para otimizar os custos, vamos identificar também os tipos existentes. Os custos se dividem em: fixos e variáveis, e diretos e indiretos. Os custos fixos são aqueles que permanecem relativamente constantes, independentemente do volume de produção ou vendas, e incluem gastos como aluguel, salários dos funcionários, seguro e utilização de serviços. Também estão associados aos gastos necessários para manter as estruturas operacional e administrativa da empresa, mesmo que não haja produção ou venda. 7 Ter uma compreensão clara dos custos fixos é fundamental para o planejamento financeiro e a análise de rentabilidade de uma empresa, pois eles representam parte significativa dos gastos empresariais. Gerenciá-los de modo adequado é essencial para garantir a viabilidade financeira e a lucratividade de um negócio. Segundo Ribeiro (2018, p. 26), “custos fixos são aqueles que permanecem estáveis, independentemente de alterações no volume da produção. São custos necessários ao desenvolvimento do processo em geral, motivo pelo qual se repetem em todos os meses do ano”. Já os custos variáveis são os que variam conforme o volume de produção ou vendas da empresa. Aumentam à medida que a atividade empresarial cresce, e diminuem quando esta se reduz. Exemplos de custos variáveis incluem matéria- prima, mão de obra direta e embalagens. De modo geral, estão diretamente ligados aos insumos ou recursos utilizados na produção de bens ou serviços. Vale ressaltar que os custos variáveis são diferentes dos fixos, que permanecem constantes independentemente do volume de produção ou vendas. À medida que a produção ou as vendas aumentam, é importante controlar e otimizar os custos variáveis a fim de maximizar os lucros. Além disso, uma análise cuidadosa dos custos variáveis pode ajudar na determinação do preço de venda adequado e na tomada de decisões sobre volume de produção e mix de produtos. Os custos variáveis são aqueles diretamente atribuídos à produção de um produto ou à prestação de um serviço específico. Podem incluir a matéria-prima utilizada na fabricação de um produto, os custos de mão de obra direta e os custos de transporte diretamente relacionados a determinado pedido de venda. Para Ribeiro (2018, p. 26), “custos variáveis são aqueles que variam em decorrência do volume da produção. Então, quanto mais produtos forem fabricados em um período, maiores serão os custos variáveis”. A identificação dos custos diretos é essencial para a determinação do custo de produção de um produto ou serviço, bem como para o cálculo da margem de lucro. Ao se atribuírem os custos diretamente ao produto ou serviço específico, é possível ter uma visão mais precisa dos gastos envolvidos em sua produção e calcular o preço de venda adequado. Já os custos indiretos não podem ser diretamente atribuídos a um produto ou serviço específico, mas são necessários à operação geral do negócio. Abrangem despesas administrativas, como salários da equipe de suporte, aluguel de escritório, material de escritório e custos de marketing. Geralmente eles são 8 alocados aos produtos, serviços ou projetos por meio de métodos de rateio, como o uso de bases de alocação, como horas de trabalho, área ocupada, número de funcionários ou outros critérios relevantes. Essa alocação é relevante para determinar o custo total de produção de um produto ou serviço e calcular sua margem de lucro. É importante analisar e controlar os custos indiretos visando garantir a eficiência operacional e a lucratividade da operação da empresa. Identificá-los corretamente e alocá-los de modo adequado favorece a tomada de decisões financeiras e a compreensão de todos os custos envolvidos nas operações. Para Ribeiro (2018, p. 24), os custos diretos e indiretos se diferem pelos seguintes pontos: Custos diretos compreendem os gastos com materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação aplicados diretamente na fabricação dos produtos. São assim denominados porque, além de integrarem os produtos, suas quantidades e seus valores podem ser facilmente identificados em relação a cada produto fabricado. Custos indiretos compreendem os gastos com materiais, mão de obra e gastos gerais de fabricação aplicados indiretamente na fabricação dos produtos. São assim denominados porque, além de não integrarem os produtos, é impossível uma segura identificação de suas quantidades e de seus valores em relação a cada produto fabricado. Vale enfatizar que obviamente a análise da estrutura de custos de uma empresa envolve a distinção entre custos fixos e variáveis para entender melhor a lucratividade, a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio. Gerenciar os custos variáveis é essencial para assegurar a eficiência operacional e a rentabilidade do negócio. É importante distinguir os custos fixos dos variáveis, que estão diretamente relacionados à produção ou vendas da empresa e mudam proporcionalmente com as alterações no volume de atividade. Já os custos fixos independem da produção e representam parte essencial dos custos totais. Além do entendimento da diferença entre custos fixos e variáveis, é fundamental também a classificação entre custos diretos e indiretos. Todo esse composto de custo possibilita compreender melhor a distribuição dos recursos e a forma mais adequada de controlar os gastos e gerar melhores resultados.Saiba mais Quer conhecer uma abordagem geral sobre a relação entre preços, custos e geração de lucro? Além de apontamentos da formação de preços e gestão de custos ao longo do tempo, este vídeo destaca os principais conceitos envolvidos com o tema, principalmente dos custos fixos, variáveis, diretos e indiretos. 9 Também são apresentados cálculos que facilitam o entendimento dos conceitos. Confira o material disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=44SfHq- j8oo>. Acesso em: 28 ago. 2023. TEMA 4 – MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO 4.1 O que é lucro Certamente o lucro é um dos componentes financeiros mais almejados dos empresários, e a busca por alternativas de melhorá-lo ou maximizá-lo é um objetivo financeiro muito desejado. Ele também é visto como medida de sucesso econômico de um empreendimento. De modo simples e direto, podemos dizer que o lucro é a diferença entre o valor de venda e os gastos (custos e despesas) que a empresa teve. Essa visão é válida especialmente para um olhar unitário com base na unidade de produto ou serviço comercializado. Numa perspectiva mais detalhada, o lucro é o resultado financeiro positivo obtido pela empresa após reconhecer todas as despesas e custos em relação ao valor de venda. É um ganho líquido ou o valor excedente que permanece (sobra) após todas as obrigações serem registradas. Vale destacar também que se esse volume de gastos (custos e despesas) superar o valor da venda, a empresa apresentará prejuízos, em vez de lucro. Diante disso, não estaremos comemorando os ganhos, mas sim amargando perdas. Em uma amplitude geral, pensando agora no faturamento (preço de venda multiplicado pela quantidade), o lucro é calculado subtraindo-se todas as despesas e todos os custos incorridos pelas receitas totais geradas em determinado período; nessa situação, falaremos de um lucro mensal. O lucro é, sem dúvida, um importante indicador de desempenho financeiro para avaliação da performance operacional de um negócio. Vale destacar que sempre que falamos de lucro, mencionamos também do termo margem, o qual remete à geração de lucro. Acaba sendo redundante usarmos a expressão margem de lucro”, pois margem sempre será de lucro. Diante disso, podemos usar apenas um dos termos. 10 4.2 Tipos de lucro O lucro é medido por determinados recortes (ou fatias). Com base no volume de receitas ou vendas, iniciamos um processo de dedução de gastos (custos e despesas). À medida que reconhecemos esses valores, vamos afunilando os ganhos e obtendo denominações diferentes para cada etapa de lucro; ou seja, teremos esses recortes ou mesmo fatias em relação ao volume de vendas. A seguir, destacamos os principais tipos de lucro: bruto, operacional e líquido. • Lucro bruto ou margem bruta: é a diferença entre as receitas totais de vendas e os custos diretos associados à produção ou compra de mercadorias ou à prestação de serviços. Ele representa a margem gerada pela atividade principal da empresa, antes da dedução de outras despesas. • Lucro operacional ou margem operacional: também conhecido como lucro antes dos impostos e despesas financeiras, é obtido após a dedução de todos os custos e despesas operacionais, incluindo custos diretos, despesas de vendas e marketing, despesas administrativas e outros gastos relacionados à atividade operacional da empresa. • Lucro líquido ou margem líquida: é o resultado final obtido após a dedução de todas as despesas, incluindo impostos, despesas financeiras e outros custos não operacionais. Representa o montante efetivamente retido pela empresa após o pagamento de todas as obrigações financeiras. Esses tipos de lucro destacados acima são os que encontramos em uma (Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) e contemplam uma estrutura contábil de avaliação dos resultados. Entretanto, outras avaliações mais estratégicas de lucro não fazem oficialmente parte da DRE, mas são verificadas na gestão financeira, como a margem de contribuição e a margem EBITDA. Elas serão descritas a seguir. Margem de contribuição, conceito utilizado na análise de custos e no planejamento financeiro de uma empresa, representa a diferença entre a receita de vendas e os custos variáveis associados a elas. Em outras palavras, é o valor que cada unidade vendida contribui para cobrir os custos fixos e gerar lucro. Para calculá-la, é necessário subtrair os custos variáveis das vendas totais. A fórmula básica é: margem de contribuição = receita de vendas - custos variáveis. 11 A margem de contribuição pode ser expressa tanto em valores absolutos quanto em porcentagem. Em valores absolutos, representa o valor monetário que sobra para cobrir os custos fixos e gerar lucro; já em porcentagem é calculada dividindo-se a margem de contribuição pela receita de vendas e multiplicando-a por 100. Isso permite analisar a eficiência e a lucratividade em termos percentuais. Essa margem é um indicador útil para tomar decisões sobre preços, mix de produtos, volume de vendas e gerenciamento de custos. Ao analisar a margem de contribuição de diferentes produtos ou serviços, uma empresa pode identificar quais são os mais lucrativos e focar sua promoção ou produção. Além disso, ela ajuda a determinar o ponto de equilíbrio, que é o nível de vendas necessário para cobrir todos os custos (fixos e variáveis) e alcançar o lucro zero. Uma margem mais alta aponta que a empresa tem mais flexibilidade para cobrir custos fixos e gerar lucro; por outro lado, quando ela é baixa pode indicar a necessidade de reduzir custos ou aumentar o volume de vendas a fim de melhorar a lucratividade. É importante ressaltar que a margem de contribuição é um indicador interno da empresa e não leva em conta os gastos fixos. Para Ribeiro (2018, p. 437), “a margem de contribuição é a diferença entre a receita bruta auferida na venda de um produto e o total dos custos variáveis incorridos na fabricação deste produto”. Por sua vez, a margem EBITDA é uma medida financeira que indica a porcentagem de lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização em relação à receita total. Ela é usada para medir a lucratividade operacional de uma empresa, excluindo os efeitos de juros, impostos e elementos não monetários, como depreciação e amortização. O termo EBITDA é um acrônimo em inglês para Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation, and Amortization; em português, pode ser traduzido como LAJIDA (Lucros antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). Seu cálculo é feito subtraindo-se os custos e despesas operacionais (exceto juros, impostos, depreciação e amortização) da receita total. A fórmula básica é: margem EBITDA = EBITDA / receita total * 100. Essa margem é expressa em porcentagem e indica a eficiência operacional de uma empresa, pois mede a proporção da receita total que se transforma em lucro operacional antes de considerar outros fatores não relacionados à operação. Ela é frequentemente usada por investidores, analistas e empresas para avaliar a lucratividade operacional de um negócio, especialmente em setores intensivos em 12 ativos e com grande necessidade de investimento em capital fixo. Por meio dela, é possível comparar a margem de diversas empresas e setores, pois elimina as diferenças relacionadas a estruturas de capital, regimes tributários e políticas de depreciação e amortização. É importante ter em mente que a margem EBITDA não considera todos os aspectos financeiros de uma empresa, como pagamentos de juros, impostos, investimentos em ativos fixos e outros fatores relevantes para a análise completa da saúde financeira dela. Portanto, deve ser usada em conjunto com outras métricas e análises a fim de se obter uma visão mais abrangente. 4.3 Estratégias para maximizar o lucro Para finalizarmos este tema, é importante ainda destacar como podemosampliar o lucro de uma empresa, ou seja, maximizá-lo. De forma geral, ele cresce quando trabalhamos a melhoria do preço de venda ou a redução dos gastos (custos e despesas). A melhoria do preço de venda tem relação direta com a percepção do mercado consumidor de maior valor agregado. O mercado está disposto a pagar um preço mais alto? Essa é uma pergunta que o gestor precisa fazer quando deseja alavancar o lucro pelo aumento do valor da venda. A precificação adequada possibilita definir os preços para os produtos ou serviços e é essencial para maximizar o lucro. Por outro lado, é preciso trabalhar para a redução dos custos ou das despesas. Uma reavaliação da forma de produzir e também da estrutura geral da empresa é um direcionamento que deve ser avaliado para a gestão desses custos. Vale enfatizar mais a redução de custos como uma estratégia importante para maximizar o lucro. Isso pode ser feito por meio da otimização dos processos internos, negociação de preços com fornecedores, automação de tarefas, controle rigoroso dos gastos e outras práticas de gestão eficientes. A maximização do lucro é um objetivo comum das empresas, no qual se busca obter o maior retorno financeiro possível a partir das operações e atividades realizadas. Isso envolve a busca de estratégias e decisões que aumentem a diferença entre as receitas e os custos de uma empresa. Outros pontos também devem ser observados, como o crescimento das vendas para dissolver mais os custos fixos. Uma forma de elevar o lucro é aumentar as vendas dos produtos ou serviços oferecidos pela empresa. Isso pode 13 ser alcançado mediante estratégias de marketing eficazes, identificação de novos mercados, expansão geográfica etc. Diante dos pontos acima destacados, deve ser feita uma análise cuidadosa dos custos envolvidos na produção e distribuição, além da consideração da demanda e da concorrência. Isso pode ajudar a determinar os preços que maximizam os lucros. Um último ponto diz respeito à gestão eficiente do estoque. Esse gerenciamento é importante para evitar custos desnecessários e garantir que os produtos estejam disponíveis para atender à demanda. Um controle adequado pode reduzir custos de armazenamento, minimizar perdas por obsolescência ou vencimento, além de otimizar a utilização dos recursos financeiros da empresa. TEMA 5 – ESTUDO DE CASO 1: AVALIANDO A LUCRATIVIDADE DE UMA EMPRESA Iniciaremos este último tópico com uma reflexão sobre o conteúdo aqui apresentado. Começamos falando sobre a importância do planejamento financeiro e dos diversos pontos que envolvem essa estruturação, como a elaboração de um orçamento e a definição de objetivos e metas. Destacamos também as diferenças entre lucratividade e rentabilidade. Em seguida, abordamos o fator gastos, com destaque aos custos fixos, variáveis, diretos e indiretos. Tratamos ainda da diferença entre custos e despesas e posteriormente pontuamos os tipos de margens de lucro e as melhores maneiras de otimizar esse importante resultado financeiro que é a lucratividade. Para fechar esta etapa, faremos alguns exercícios simples sobre a avaliação dos cálculos de lucratividade de uma empresa. Vamos trabalhar com os balanços da Petrobras, cujas informações foram obtidas no site da Ibovespa B3. Utilizaremos dados resumidos da DRE de 2021 e 2022, conforme descritos no Quadro 1. A ideia é apresentar os percentuais de lucratividade, ou seja, a divisão do lucro pelo volume de receitas de vendas e multiplicado por 100. Dessa forma, poderemos avaliar em qual dos dois anos o resultado foi mais expressivo. 14 Quadro 1 – DRE da Petrobras dos anos de 2021 e 2022 (valores em mil R$) Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) 2021 2022 Receita de venda de bens e/ou serviços 452.668.000 641.256.000 Custo dos bens e/ou serviços vendidos -233.031.000 -307.156.000 Lucro bruto 219.637.000 334.100.000 Despesas/receitas operacionais -8.806.000 -39.845.000 Lucro antes do resultado financeiro e dos tributos 210.831.000 294.255.000 Resultado financeiro -59.256.000 -19.257.000 Lucro antes dos tributos sobre o lucro 151.575.000 274.998.000 Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro -44.311.000 -85.993.000 Lucro Líquido das Operações Continuadas 107.264.000 189.005.000 Fonte: B3, [S.d.]. Efetuando a divisão dos valores de lucro dos dois anos pelo volume de vendas, obtermos 23,7% (percentual obtido pela divisão 107.264.000/452.668.000 x 100) e 29,5% (percentual obtido pela divisão 189.005.000/641.256.000 x 100). Com base nesse cálculos, é possível afirmar que o resultado do segundo ano foi mais expressivo do que do primeiro, visto que a lucratividade foi mais alta. Salienta-se ainda que foi efetuado o cálculo com base no Lucro Líquido das Operações Continuadas nos anos de 2021 e 2022. 15 REFERÊNCIAS B3 Ibovespa. Disponível em: <https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e- servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm>. Acesso em: 15 maio 2023. CONCEITOS de custos: diretos e indiretos – fixos e variáveis – total e unitário (Contabilidade). YouTube, 2 set. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=44SfHq-j8oo>. Acesso em: 15 maio 2023. GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2011. PLANEJAMENTO financeiro empresarial. YouTube, 27 out. 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=f6HRXyj2oNc>. Acesso em: 15 maio 2023. RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
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