Buscar

Livro Texto Unidade II

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

33
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Unidade II
5 FATORES RELACIONADOS À ÁGUA, À ENERGIA E AO AR QUE INTERFEREM 
NO MEIO AMBIENTE E NA SAÚDE HUMANA
Abordaremos de forma geral os fatores que estão estreitamente relacionados com o prejuízo do 
meio ambiente e, consequentemente, da vida humana.
Convidamos você a ter a seguinte reflexão: por melhor que seja a condição de vida das pessoas, 
faz parte do cotidiano delas conviver com a saúde, a doença e a morte, pois, mesmo com todo o 
avanço e desenvolvimento tecnológicos para aumentar a qualidade de vida, ainda existem fatores 
responsáveis por causar doenças e que são independentes das ações da comunidade ou dos serviços de 
saúde, como os fatores genéticos. Como nós profissionais e (também) cidadãos podemos lidar com isso? 
Aos profissionais da saúde, cabem a prevenção, a promoção e o tratamento adequado dos indivíduos 
acometidos por essa causa, enquanto que aos cidadãos cabe o comprometimento e cumprimento das 
ações, além do compartilhamento das informações recebidas acerca da temática.
Quando passamos a compreender que o território vai além das propriedades geofísicas e que 
diversos motivos, como mudanças climáticas, uso abusivo de recursos naturais, forma de organização 
das grandes cidades, produção e consumo de energia, descarte de resíduos de forma inadequada, má 
utilização do solo, uso de agrotóxicos, falta de planejamento dos grandes centros das cidades, poluição 
visual, sonora e do ar, falta de processos de reciclagem dos resíduos e tantos outros, contribuem para 
o desencadeamento da doença, podemos começar a construir alternativas para todos esses fatores a 
fim de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Para isso, é extremamente importante que aconteça 
uma inter-relação de diferentes setores do MS para uma efetiva prevenção e controle dos riscos que 
todos esses fatores impõem à vida dos cidadãos. São esses setores: a Vigilância Sanitária, a Vigilância 
Epidemiológica e a Saúde do Trabalhador.
 Lembrete
Diversos fatores, como mudanças climáticas, uso abusivo de recursos 
naturais, forma de organização das grandes cidades, produção e consumo 
de energia, descarte de resíduos de forma inadequada, má utilização do 
solo, uso de agrotóxicos, falta de planejamento dos grandes centros das 
cidades, poluição visual, sonora e do ar, falta de processos de reciclagem dos 
resíduos, dentre outros, contribuem para o desencadeamento da doença.
O Canadá, em 1980, criou um termo chamado “cidade saudável”, que norteia, ainda nos dias 
atuais, todas as ações de saúde realizadas pela OMS. Assim, para que uma cidade seja considerada 
34
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
saudável, necessita ser uma comunidade forte, solidária e constituída de bases de justiça social, tendo 
grande participação da população nas ações e decisões no âmbito da saúde; deve haver um ambiente 
favorável à qualidade de vida e saúde, limpo e seguro, satisfazendo as necessidades básicas dos cidadãos 
(alimentação, moradia, trabalho, acesso a serviços de qualidade em saúde, educação e assistência social), 
com uma vida cultural ativa e uma economia forte, diversificada e inovadora. Considerando todos esses 
aspectos, quando pensamos em saúde e comunidade saudável, precisamos pensar na qualidade da água 
e do ar, no consumo, nas fontes de energia e no estilo de vida.
Uma vez que a água, a energia e o ar são fatores determinantes para a sobrevivência, a manutenção 
adequada desses elementos é essencial para a qualidade de vida do indivíduo e da comunidade. Na 
era primitiva, tais recursos não custavam absolutamente nada (em termos de moeda financeira), 
mas isso foi se modificando ao longo do tempo e do crescimento populacional. Para compreender 
a importância desses fatores sobre o meio ambiente e a vida das pessoas, os abordaremos de forma 
abrangente e descreveremos com detalhes as melhorias que podemos realizar em prol do meio ambiente 
e, consequentemente, da qualidade de vida das pessoas.
A princípio falaremos da água, pois a ocorrência de diversas doenças está estreitamente ligada à 
sua qualidade e à sua quantidade ofertada para a população, o que indica a sua importância na saúde 
das pessoas.
Podemos começar destacando a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico no Brasil, realizada 
pelo IBGE (2008), a qual apontou que cerca de 99,4% dos 5.531 municípios brasileiros apresentam 
abastecimento de água por rede geral, sendo que o Sudeste, desde o ano 2000, é a única região do País 
que possui, em todos os seus municípios, rede de abastecimento de água.
 Saiba mais
Para obter mais detalhes dessa pesquisa, visite o site disponível em:
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa 
nacional de saneamento básico 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. Disponível 
em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/
pnsb2008/>. Acesso em: 14 nov. 2016.
Vamos refletir um pouco: qual a importância de estudarmos os nossos recursos hídricos? A água para 
consumo sempre esteve disponível, mas sempre estará? Qual o grau de conscientização que possuímos a 
respeito dessa substância essencial à vida? Responderemos tais perguntas na sequência.
Primeiramente, conforme já foi dito, a água para o abastecimento público é uma crescente preocupação 
para a humanidade, tanto em qualidade como em quantidade. O estilo de vida e o desenvolvimento 
das atividades humanas vêm, durante séculos, causando alterações significativas no meio ambiente, 
influenciando a disponibilidade de uma diversidade de recursos naturais, inclusive a da água.
35
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Podemos dizer que a disponibilidade do nosso mais valioso recurso hídrico se encaixa em um 
estado de alerta máximo. Processos crescentes de desmatamento, assoreamento, produção agrícola e 
lançamento de detritos industriais e domésticos não têm levado em conta a capacidade de suporte da 
natureza e, dessa forma, tem gerado sérias consequências à saúde pública.
Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o planeta é 
composto por ¾ de água e ¼ de continente. Como demonstra a figura a seguir, a maior proporção desse 
contingente de água se encontra nos mares e oceanos (97,5%), ou seja, são águas salobras. O restante 
da porcentagem (2,5%) é de água doce, considerada apropriada ao consumo humano. A água doce está 
distribuída diferencialmente no planeta em geleiras e icebergs (68,9%), em leitos subterrâneos (29,9%), 
e em rios e lagos ou outros locais, como reservatórios ou açudes (1,2%) (2011).
BA
Água doce 
(2,5%)
Leitos 
subterrâneos 
(29,9%)
Rios, lagos e 
outros locais 
(1,2%)
Geleiras e 
icebergs 
(68,9%)
Oceanos 
(97,5%)
Figura 9 – Distribuição de água no planeta
O abastecimento de água para a crescente taxa populacional e o desenvolvimento de atividades 
econômicas somente são possíveis pela coleta de recursos hídricos de mananciais, que são reservas 
hídricas, fontes de água doce para o abastecimento público, doméstico, industrial e comercial que podem 
ser encontrados na superfície (córregos, rios, lagoas, ribeirões, reservatórios e represas) ou em camadas 
subterrâneas (lençóis freáticos, poços rasos ou profundos, galerias e aproveitamento de nascentes). 
Nesse ponto pode ser destacada a necessidade de proteger a nascente dos rios contra o desmatamento 
e o assoreamento de seus leitos, a ocupação humana desordenada sem sistemade tratamento de esgoto 
e a falta de planejamento da construção de barreiras e hidroelétricas em toda a bacia hidrográfica, pois 
dependemos dessas fontes para a obtenção de água potável.
O perfil histórico da utilização da água como origem de vida é bem interessante. Se observarmos a 
história, veremos que, desde a Antiguidade, as grandes cidades se desenvolveram em torno de mananciais. 
São exemplos a Mesopotâmia, que está entre os rios Tigre e Eufrates, o Antigo Egito, que se encontra 
próximo ao Rio Nilo e, com atenção especial, os romanos, que desenvolveram até sistemas de captação – os 
36
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
aquedutos – para essa água. O abastecimento de água era feito “águas acima ou a montante” e a liberação 
dos dejetos era realizada “águas abaixo ou a jusante” do mesmo rio. Infelizmente, podemos perceber que, 
independentemente da época, existe uma falta de cuidado com esse bem tão valioso, uma vez que, ainda 
nos dias atuais, observamos que a fonte de coleta de água ainda é a mesma fonte de despejos.
 Saiba mais
Recentemente, a ciência descobriu a conscientização romana quanto 
à higienização. Para conhecer mais a respeito, sugerimos que leia a 
reportagem a seguir:
KENNEDY, D. Esgoto de cidade soterrada revela segredos sobre Roma 
Antiga. Agência BBC Brasil. Cultura. 16 jun. 2011. Disponível em: <http://
www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/2011/06/110616_esgoto_roma_
mv.shtml>. Acesso em: 14 nov. 2016.
Exemplo de aplicação
Além de aquedutos, Roma também possuía rede de coleta de esgoto. Reflita: por que essa preocupação 
com os excrementos se perdeu ao longo da história?
Para que possamos entender melhor a importância da água na vida dos seres humanos, deixaremos 
a história um pouco de lado e nos concentraremos nas suas principais propriedades e características.
A porcentagem de água no organismo humano é de aproximadamente 70% em um indivíduo adulto 
pesando 70 kg. Em alguns seres marinhos, como as medusas, essa porcentagem é de aproximadamente 
95%, o que indica a importância dessa substância para todos os seres vivos.
A água também pode ser representada por sua fórmula molecular (H2O), composta de dois átomos de 
hidrogênio e um átomo de oxigênio, formando um ângulo de 104,5º. Por conter essa forma estrutural, 
as moléculas de água se atraem umas pelas outras e se interligam por conexões fortes, denominadas 
pontes de hidrogênio. Muitas das propriedades que conheceremos derivam dessa disposição estrutural 
da molécula de água, sendo que algumas características podem ser utilizadas em conjunto, servindo 
como indicadores de qualidade.
A água é abundante na maior parte da superfície terrestre e pode ser encontrada nos três estados 
da matéria (sólido, líquido e gasoso) em temperaturas e pressões normais da superfície do globo 
terrestre. Somente a água, o mercúrio e o petróleo são encontrados em estado líquido na natureza, 
mas o mercúrio é um metal extremamente raro, e o petróleo necessita de condições especiais para sua 
ocorrência (aprisionado entre rochas impermeáveis devido ao seu caráter volátil), diferentemente do 
que acontece com a água.
37
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
A água possui diversas propriedades e características. Inicialmente, falaremos de suas propriedades, 
que são:
• térmica (calor específico): a temperatura da água muda lentamente, o que significa que grandes 
quantidades de calor terão de ser empregadas para que uma massa de água sofra pequenas 
elevações de temperatura. Muitas vezes não percebemos o quanto isso é benéfico para a vida, mas 
as grandes massas de água, como rios e oceanos, amenizam a temperatura global por absorver 
grande quantidade do calor advinda dos raios solares;
• densidade: a água diminui sua densidade à medida que congela; por isso, o gelo flutua sobre 
o líquido. A densidade da água é maior que a do ar mesmo em temperaturas muito baixas, e é 
por isso que a superfície de um lago pode congelar enquanto seu interior permanece em estado 
líquido, garantindo a vida no ambiente aquático;
• viscosidade e tensão superficial: a água possui alta viscosidade, sendo por isso que diminui a 
velocidade dos movimentos, como acontece conosco quando estamos em uma piscina. Além 
disso, a ligação entre suas moléculas apresenta uma característica denominada tensão superficial, 
a qual é capaz de formar uma película na superfície de um lago, por exemplo. É essa tensão que 
permite a pequenos insetos flutuarem em um lago. Os detergentes são substâncias que possuem 
a propriedade de romper a rigidez da película de tensão superficial;
• dissolução: a água é um solvente e diluente universal. Possui capacidade de dissolver substâncias 
inorgânicas (por exemplo, minerais) e orgânicas (de origem animal ou vegetal), além dos sólidos 
e gases, tornando-os acessíveis aos sistemas vivos e proporcionando um meio no qual possam 
reagir e formar novos compostos.
Como dito, para abordarmos todos os assuntos a respeito da água, precisamos destacar que ela 
possui propriedades (já citadas), mas também características que devem ser discutidas. Conforme os 
parâmetros do MS, a avaliação da qualidade de um copo de água destinado à captação (utilização dessa 
água pelo ser humano) deve ser realizada de forma integrada, considerando o conjunto de informações 
de caráter físico, químico e biológico, reforçando as informações anteriores. Iniciaremos esse assunto 
com algumas perguntas:
Quem nunca ouviu dizer que a água deve ser incolor, insípida e inodora? Você sabia que essas são 
características físicas da água? Elas refletem principalmente a aparência da amostra. Dentre as quais, 
podem ser analisadas:
• temperatura: no Brasil, os ambientes aquáticos estão na faixa de 20º a 30ºC. No Sul, durante o 
inverno, essa temperatura chega a 5ºC, podendo congelar a água. No entanto, para o consumo 
humano, as temperaturas elevadas são rejeitadas. Devido a esse fator, as águas subterrâneas, 
captadas em grandes profundidades, necessitam de unidades de resfriamento para adequar as 
condições de abastecimento;
• cor, sabor e odor: a determinação da cor reflete a existência de materiais dissolvidos; portanto, 
se torna um parâmetro de análise. Essa é feita por meio de comparação com uma amostra de 
38
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
platina-cobalto e o resultado é fornecido em “uH” (unidade Hazen). As águas naturais possuem 
um padrão de cor na escala entre 0 e 200 uH – e para ser considerada potável, ela deve apresentar 
cor inferior a 5 uH. Já o sabor e o odor estão correlacionados com a presença de substâncias 
químicas, gases dissolvidos e microrganismos, como algas;
• turbidez: mede o grau de interferência à passagem da luz através do líquido. A turbidez é 
medida em unidades Jackson e a presença de materiais em suspensão pode alterar essa medida. 
Grande parte dos rios brasileiros possui águas turvas devido às características geológicas do 
terreno, e a turbidez da água encontrada nesses locais está entre 3 e 500 unidades Jackson. 
Já em represas e lagos, onde a velocidade de escoamento é menor, as partículas que estavam 
suspensas acabam sedimentando e a turbidez da água fica menor. Para ser considerada potável, 
a água deve apresentar uma turbidez com taxa inferior a 1 unidade de Jackson. Além disso, a 
presença de sólidos pode ocorrer de forma natural, por meio de processos erosivos, por detritos 
orgânicos ou, ainda, por forma antropogênica, ou seja, forma influenciadapelo ser humano, 
que lança lixo e esgotos a essa fonte de água, diminuindo a sua potabilidade – uma vez que o 
padrão de potabilidade é referido ao limite de 1000 mg/L (miligramas de sólidos em suspensão 
por litro de água);
• condutividade elétrica: é a capacidade de transmitir corrente elétrica, e será maior quanto maior 
for a concentração iônica no corpo de água. A condutividade será medida por unidades de 
resistência “S” (Siemens) e os teores de condutividade das águas naturais estão entre 10 e 100 µS/
cm. Vale ressaltar que ambientes receptores de esgotos domésticos ou industriais podem chegar 
a até 1000 µS/cm (FUNASA, 2007).
Até o momento, discutimos aspectos ligados ao estado físico da água, mas precisamos recordar que 
também existem os químicos. As características químicas refletem na composição da água e, dentre elas, 
se destacam:
• potencial hidrogeniônico (pH): a presença de íons de hidrogênio (H+) poderá tornar o corpo 
de água mais ácido, quando houver maior quantidade de H+, ou mais alcalino, quando existir 
menor quantidade de íons H+. O pH é medido em uma faixa que varia de 0 a 14; quanto mais 
próximo de 0, mais ácido ele estará, e quanto mais próximo de 14, mais alcalino estará esse pH. 
É importante ressaltar que a acidificação das águas pode ser uma consequência da poluição 
atmosférica e formação de complexos entre os vapores de água e gases poluentes (chuvas ácidas). 
Além disso, baixos valores de pH podem provocar corrosão nas redes de distribuição da água e 
valores aumentados devem favorecer incrustações nessas redes. Para a vida aquática, o pH se 
encontra em uma estreita faixa entre 6 e 9. O MS, por meio da Portaria nº 1.469 (BRASIL, 2000), 
estabelece-se que, para águas de abastecimento humano, o pH deve se encontrar na faixa entre 
6,5 e 9,5;
• alcalinidade: o indicador da capacidade de neutralização de íons H+ ou capacidade de 
tamponamento deles, resistindo às mudanças de pH, principalmente pela presença de substâncias 
como o bicarbonato. O aumento da alcalinidade geralmente está relacionado às altas taxas de 
decomposição de matéria orgânica.
39
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
• dureza: medida pela presença de cátions, principalmente cálcio (Ca++) e magnésio (Mg++). É 
comum encontrarmos águas duras naturais em decorrência da dissolução de rochas calcárias. No 
Brasil, as águas subterrâneas mostram índice de dureza maior que as superficiais. Entretanto, a 
dureza também pode resultar do despejo de efluentes industriais (nesse caso, consideramos esse 
tipo de dureza como de origem antropogênica);
• oxigênio dissolvido: extremamente importante para refletir a qualidade de um meio aquático 
aeróbio. Os valores mínimos considerados são de 2 a 5 mg/L, sendo que a maioria dos peixes 
necessita de um ambiente com 4 mg/L. A concentração de oxigênio dissolvido pode ser reduzido 
pela presença de matéria orgânica; portanto, a presença de material orgânico pode ser medida 
pelo consumo de oxigênio presente na água. Considerando esse aspecto, foram criados parâmetros 
como a DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e a DQO (demanda química de oxigênio), que 
mostram o consumo de oxigênio necessário para estabilizar a matéria orgânica de uma amostra. 
A DBO é responsável por demonstrar a estabilização por atividade biológica de microrganismos 
e a DQO por demonstrar a estabilização do material quando dependente da adição de agentes 
químicos. O valor da DQO sempre será maior que a DBO, mas essas medidas devem ser realizadas 
em um período de cinco dias com a amostra a uma temperatura de 20º C;
• micronutrientes: elementos ou compostos químicos que podem ter efeito tóxico à saúde por se 
acumularem no organismo ao longo da cadeia alimentar. São eles: arsênio, cromo, chumbo, cobre 
e mercúrio, dentre outros, sendo todos geralmente encontrados em despejos industriais.
Recapitulando: até o momento realizamos uma discussão abrangente sobre os aspectos físicos e 
químicos da água, mas ainda faltam os biológicos. As características biológicas dela são condizentes 
com os seres que habitam o meio aquático, os quais são classificados como:
• microrganismos de importância sanitária: como as bactérias que promovem a decomposição da 
matéria orgânica. Os coliformes fecais são considerados microrganismos patogênicos, presentes 
em grande quantidade em fontes de água que são receptoras de esgoto doméstico;
• comunidades hidrobiológicas: organismos com movimentação própria, classificados como 
fitoplânctons (algas e bactérias) e zooplânctons (protozoários e crustáceos), habitantes do fundo 
de rios e lagos, os bentos (larvas de insetos e anelídeos) e os organismos maiores, classificados 
como néctons, no qual se enquadram os peixes.
Até esse ponto, fechamos o raciocínio e revisamos os principais aspectos da água. No 
entanto, existem outras questões, de ordem simples, que podem facilitar a compreensão dos 
aspectos relacionados com água, meio ambiente e saúde humana. Por exemplo: como acontece a 
distribuição da água na Terra? E por que ocorre a chuva? Para respondermos a essas questões, é 
extremamente importante sabermos que a água não está inerte na natureza, ou seja, ela está em 
movimento contínuo. Essa movimentação está elucidada na figura a seguir, a qual esquematiza o 
ciclo da água na natureza. Nela, podemos observar o ciclo por ordem numérica, de acordo com os 
acontecimentos descritos a seguir:
40
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
1
2
3
4
5
Figura 10 – Ciclo hidrobiológico
• os raios solares aquecem os oceanos e os continentes;
• com isso, a vegetação transpira e ocorre a evaporação da água dos oceanos, rios e lagos;
• o vapor de água se condensa, formando as nuvens;
• nas nuvens carregadas de vapor de água, ocorre precipitação, constitutivo que cai em forma de 
chuva, granizo ou neve e atinge o solo, os rios, os mares e o oceano;
• parte da água da chuva se infiltra no solo, formando os aquíferos subterrâneos, mas outra parte 
escoa pela superfície e chega aos rios, lagos e oceanos, finalizando o ciclo.
Considerando todos esses aspectos, é natural que exista uma preocupação por parte das autoridades 
com a qualidade dessa fonte de vida das pessoas. Diversas conferências internacionais realizadas em 
prol do meio ambiente e da saúde humana abordaram a questão da água e de sua qualidade como um 
parâmetro para a qualidade de vida dos seres humanos.
No dia 22 de março de 1992, durante a Conferência da Eco-92, a ONU instituiu o Dia Mundial da Água, 
além da assinatura do documento denominado Agenda 21, que trouxe à tona debates sobre a qualidade 
de vida no planeta e a divulgação da Declaração Universal dos Direitos da Água. No Brasil, tivemos o 
reconhecimento dessa iniciativa pela Política Nacional de Recursos Hídricos, por meio da Lei das Águas nº 
9.433 (BRASIL, 1997), que a implementa como um bem de domínio público, um recurso natural limitado e 
dotado de valor econômico, além de determinar que devemos ter como diretrizes de ação a articulação dos 
recursos hídricos concomitante com a gestão ambiental, o uso do solo e a proteção das bacias hidrográficas.
Em 2015, os países membros da ONU, se reuniram para traçar novas decisões a respeito do 
desenvolvimento sustentável. Esse evento foi realizado para dar continuidade aos Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio (ODM), estipulados para entrar em vigor a partir do ano 2000 e para serem 
alcançados até 2015. Os ODM primavam pelo desenvolvimento sustentável para diminuir os efeitos 
das mudanças climáticas. As alterações realizadas nesse período foram inúmeras e influenciarama 
41
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
vida de milhares de pessoas, mas necessitamos continuar com as metas e melhorar o que ainda não foi 
suficiente para o cuidado do meio ambiente e da saúde das pessoas.
Em setembro de 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas definiu novos objetivos e novas 
metas para serem seguidas até 2030. Uma nova agenda foi estipulada para tratar do desenvolvimento 
sustentável. Nela foram definidas como ODS e estipulados 17 novos objetivos que entraram em vigor 
a partir de janeiro de 2016. Entre eles, temos a erradicação da pobreza, da fome e da desigualdade 
social, o acesso à energia e garantia da educação a todos, o alcance da igualdade de gênero e a 
utilização sustentável dos recursos naturais. A implementação do objetivo 6, que fala sobre assegurar 
a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos procura assegurar o acesso 
igualitário, condições dignas de abastecimento de água potável e a oportunidade de ter esgotamento 
sanitário, melhorando o patamar de saúde pública da população. (ONUBR, 2016).
No conjunto de metas do objetivo 6, podemos destacar:
• o acesso universal e equitativo à água potável e segura para todos, bem como acesso a saneamento 
e higiene;
• a redução pela metade da proporção de águas residuais não tratadas, eliminando despejo e 
minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigosos;
• a cooperação internacional e o apoio à capacitação para os países em desenvolvimento em atividades 
e programas relacionados à água e ao saneamento, incluindo a coleta de água, a dessalinização, a 
eficiência no uso da água, o tratamento de efluentes, a reciclagem e as tecnologias de reúso;
• a proteção e restauração de ecossistemas relacionados com a água doce, incluindo montanhas, 
florestas, zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos.
 Saiba mais
Para conhecer mais a respeito da Lei das Águas e da Balneabilidade das 
Águas, recomendamos as seguintes leituras:
___. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de 
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera 
o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 
7.990, de 28 de dezembro de 1989. Brasília, 1997. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em: 11 nov. 2016.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução 
nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de
42
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como 
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras 
providências. Alterada pela Resolução nº 410/2009 e pela Resolução nº 
430/2011. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/
conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2016.
No Brasil, o estudo da hidrometria está relacionado com a geração de energia pela construção de 
usinas hidrelétricas, utilizando bacias hidrográficas e volumosos rios. Contudo, o principal problema 
dessa ação é a presença de sedimentos nessas águas que diminuem a vida útil das barragens. Além 
disso, os mananciais que subsidiam o abastecimento de água ainda sofrem as consequências da falta de 
estudos científicos que melhorem a utilização dessas fontes, pois as pequenas bacias drenam as águas 
das cidades e recebem todos os tipos de dejetos provenientes de vários tipos de locais.
Em 2005, houve um marco histórico em relação ao controle de qualidade da água. O Conselho Nacional 
do Meio Ambiente (Conama), sob a Resolução nº 357 (CONAMA, 2005), estabeleceu a necessidade de 
avaliações toxicológicas e controle de despejos em corpos de água (o que significa qualquer acumulação 
significativa de água), visando o manejo sustentável dos recursos hídricos e garantido os padrões de 
qualidade dentro da sua bacia hidrográfica.
Contudo, o desenvolvimento urbano nem sempre respeitou a preservação do ciclo hidrológico natural 
e a ocupação desordenada nos leitos dos rios, e o excesso de pavimentação altera a permeabilidade do 
solo, o que favorece as inundações durante as épocas de maior pluviosidade. Lembrando que as enchentes 
dos rios são fenômenos naturais e de frequência variável, podemos inferir com clareza que a ocupação 
humana em torno dessas áreas é a principal culpada tanto pela transformação da enchente em inundação, 
com perdas humanas e materiais, como pela disseminação de doenças graves de veiculação hídrica. A 
qualidade das águas urbanas depende demasiadamente da prevenção das inundações, sendo necessário o 
desenvolvimento de sistemas de drenagem, com paralela recuperação e revitalização das áreas ribeirinhas.
Adicionalmente à ocupação humana, está o assoreamento, que contribui para os episódios de 
inundação. Esse termo se refere à diminuição da profundidade dos rios, o que interfere drasticamente no 
leito hidrográfico. Além disso, a manipulação do solo, como aquela que acontece em áreas que receberão 
construções e na prática agrícola e/ou nos desmatamentos, favorece o aumento das áreas sujeitas à 
erosão e aumenta a quantidade de argila, areia e folhas em áreas próximas às bacias de drenagem. Com a 
ocorrência das chuvas, todo esse material é drenado para os rios e lagos e se sedimenta no fundo do leito.
Mas até agora falamos de locais onde existe água. No entanto, apesar de toda abundância desse 
recurso no planeta, existem muitos locais com escassez hídrica que exerce um grande impacto social e 
econômico e afeta diretamente a saúde e sobrevivência humana.
O que a seca poderia causar, se estamos falando sobre contaminação da água?
A seca causada por efeito climático ou ação humana de impacto ambiental, como a desertificação 
de áreas degradadas e a estiagem, que é um período de baixa pluviosidade, são fatores envolvidos direta 
43
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
e indiretamente com a precariedade das condições de saúde, deixando a população vulnerável e carente, 
contribuindo para a desnutrição, pobreza e ocorrência de surtos de doenças infectocontagiosas.
A seca e a estiagem são consideradas desastres extensivos, que não ocorrem de forma súbita causando 
danos imediatamente visíveis. Sendo assim, o seu efeito sobre o meio ambiente, a saúde e o tempo que 
influenciarão esses setores são muito difíceis de serem mensurados e prevenidos. O Brasil, apesar de contar 
com uma favorável hidrologia, possui uma vasta extensão de território e uma grande parte da população 
residente, principalmente no Nordeste, sofre com a estiagem e a seca (GRIGOLETTO et al., 2015).
Para a saúde, os efeitos podem exercer um resultado direto através das doenças gastrintestinais ou um 
efeito indireto, em longo prazo, por meio da desnutrição. A baixa ocorrência ou ausência de pluviosidade afeta 
a quantidade e qualidade dos mananciais, aumentando a ocorrência de contaminação. O ar seco favorece a 
ocorrência de queimadas naturais e de doenças respiratórias devido à quantidade de poeira no ar.
Quanto à ação do poder público durante todos os anos de história brasileira, o que existe de mais 
concreto ao amparo da seca no semiárido e no Nordeste foi a implantação do plano Brasil sem Miséria, 
lançado em 2011, que através de um cadastro único e cruzamento com dados do bolsa família e outros 
programas sociais promoveu a busca ativade famílias em estado de maior vulnerabilidade social, 
contemplando-as com o programa de água para todos. O plano Brasil Sem Miséria, dentro do seu eixo 
de inclusão produtiva rural, levou à construção de cisternas nessas áreas para melhoria das condições 
de saúde (IBASE, 2012).
Podemos, então, pensar que preservar e corrigir a qualidade das águas tornam-se atitudes 
indispensáveis para a manutenção da saúde pública, só que para isso é necessário estabelecer e planejar 
a forma de utilização de nossos recursos hídricos. Por esse motivo, temos que compreender qual a 
prioridade de utilização da água. Ela será utilizada para o abastecimento urbano ou irrigação? Para a 
geração de energia? Assim, como podemos definir uma prioridade?
Para responder a essas questões, é preciso compreender que cada tipo de comunidade destinará o uso da 
água visando as suas necessidades específicas. Por exemplo, a utilização da água para irrigação e manutenção 
das criações é altamente prioritária em áreas agrícolas, fato que não ocorre se a região for industrial ou 
urbana. Além disso, conforme a Resolução nº 357 do Conama (2005), as águas doces, salinas e salobras dentro 
do território nacional devem ser classificadas segundo o padrão de qualidade da água.
As águas doces são divididas em 5 classes (especial, 1, 2, 3 e 4), determinadas pelo grau de 
tratamento necessário para seu uso de forma prioritária ao abastecimento humano, mas que possuem 
vários outros parâmetros de destinação, como a proteção das comunidades aquáticas, a recreação de 
contato primário (como natação e mergulho), a irrigação de hortaliças, culturas arbóreas, frutíferas e 
cerealista, a atividade pesqueira, a atividade pecuária e a navegação. Considerando as águas destinadas 
ao abastecimento e ao consumo humano, teremos as seguintes divisões:
• classe especial: águas que necessitam apenas de tratamento de desinfecção;
• classe 1: águas que necessitam de um tratamento simplificado;
44
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
• classe 2: águas que necessitam de um tratamento convencional;
• classe 3: águas que necessitam de tratamento convencional ou avançado para consumo humano, 
mas que sem ele também podem ser destinadas à recreação de contato secundário;
• classe 4: águas que não serviriam para consumo, mas que podem ser destinadas à navegação.
Como o crescimento populacional demanda quantidades cada vez maiores de água potável, está 
atrelado a ele o comprometimento/degradação dos mananciais. Embora exista a tecnologia para 
o tratamento da água destinada ao consumo humano, ela se torna mais dispendiosa à medida que 
a população cresce sem planejamento e infraestrutura urbana, pois, na maioria dos casos, a taxa de 
implantação de rede de coleta e tratamento de esgotos não acompanha a taxa de crescimento urbano.
Para compreender como acontece o sistema de captação de águas para o abastecimento, podemos 
observar a figura a seguir, que esquematiza todos os processos de distribuição de água, a qual deve, 
antes de chegar aos domicílios, passar por uma estação de tratamento. Assim, quando ela chegar nas 
casas será utilizada para consumo e outras atividades, como banhos, limpeza, lavagem de carros e 
calçadas, piscinas e caixas d’água, entre outras.
Fonte de 
abastecimento 
(manancial)
Estações de tratamento 
de água (ETA)
Abastecimento de água
Cidades
Esgoto 
doméstico
Indústrias
Esgoto 
industrial
Chuvas
Esgoto 
pluvial
Estação de 
tratamento de 
esgoto (ETE)
Coleta de esgoto
Figura 11 – Dinâmica de captação e distribuição de água potável e coleta de esgoto
Em áreas servidas por redes de coletas de esgoto doméstico, são coletadas pelas redes as águas 
que foram destinadas às atividades diversas, como a água da chuva e o esgoto industrial, de acordo 
com a região. As águas coletadas contendo esgotos, lixo, substâncias poluentes ou contaminantes são 
destinadas a uma nova e diferenciada estação de tratamento, denominada estação de tratamento de 
esgoto (ETE). Esse material volta para a natureza somente após o seu tratamento, mas o seu retorno 
nem sempre acontece no mesmo manancial onde foi captado, pois tal ação dependerá da capacidade 
de assimilação do corpo de água.
Vale a pena ressaltar que o crescimento populacional não demanda apenas a água, mas também o 
fornecimento dos alimentos envolvendo as áreas de agricultura e pecuária predatórias. Lembrando que 
o Brasil tem um amplo território destinado a essas culturas de subsistência, é natural que exista uma 
45
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
preocupação em relação à qualidade da água dos mananciais, pois eles recebem águas de drenagem de 
agricultura e pecuária, ricas em adubos, pesticidas, herbicidas e aditivos químicos.
Considerando todos esses aspectos, as doenças de veiculação hídrica são extremamente preocupantes 
e consideradas problemas de saúde pública. Elas têm a água como a principal fonte de agentes infecciosos, 
sendo que alguns patógenos têm seu ciclo de vida total na água. Existem ainda aqueles que desenvolvem 
seu ciclo em um hospedeiro (um inseto) e esse necessita de água em seu ciclo biológico. Em humanos, 
tais doenças comprometem principalmente o aparelho digestório, e os agentes causadores mais comuns 
são bactérias, fungos, vírus, helmintos e protozoários. É importante ainda ressaltar que algumas doenças 
podem ter origem hídrica, mas sendo derivadas da alta concentração de algum componente químico. Um 
exemplo é o saturnismo, provocado pelo excesso de chumbo na água (KOBIYAMA; MOTA; CORSEUIL, 2008).
Existe também um problema associado aos efluentes industriais, que liberam uma grande 
quantidade de produtos químicos no meio ambiente. A legislação vigente e o monitoramento da 
poluição ambiental já possuem diretrizes a respeito do tratamento desses efluentes e sua liberação 
para o meio. No entanto, ainda apresenta lacunas que os estudos mais recentes pretendem dar 
subsídios para que tais normas melhorem.
A respeito desse assunto, você consegue responder o que seria uma substância classificada como 
desregulador endócrino? Ela pode afetar o funcionamento do sistema nervoso? Que pode afetar seu 
sistema imunológico? E o que os efluentes industriais têm a ver com essas questões?
As estações de tratamento de esgoto reúnem uma grande concentração de contaminantes, mas 
nem todas elas são conhecidas ou monitoradas pela legislação vigente. Entre essas substâncias, estão 
alguns compostos químicos capazes de alterar o sistema hormonal de animais e de seres humanos. Eles 
são designados como desreguladores endócrinos e não são totalmente removidos pelos tratamentos 
convencionais de água ou esgoto. Estudos atuais apontam que o aumento de doenças crônicas na 
população, como obesidade, diabetes, distúrbios respiratórios e alterações na tireoide, podem estar 
associadas a essas substâncias.
Como as estações de tratamento de água e de esgoto são projetadas para diminuir a carga 
orgânica e os organismos patogênicos, a presença e permanência dos desreguladores endócrinos 
no meio aquático é continuada. Devido a esse fato, outros tipos de tratamento de efluentes, 
principalmente os industriais, vêm ganhando espaço, como os processos oxidativos, a ozonização 
associada ao peróxido de hidrogênio, nanofiltração em membranas, osmose reversa, reatores com 
lâmpadas UV. No entanto, essas novidades ainda são onerosas e discute-se a obrigatoriedade do 
tratamento dos efluentes industriais antes da sua disposição ao ambiente e até onde a legislação 
consegue cobrar esse controle das empresas.
Entre os desreguladoresendócrinos já identificados, podemos citar o BPA, uma substância da classe 
dos bisfenóis, que imita a ação de estrógenos. Esse composto é largamente utilizado na fabricação de 
plásticos e produtos dentários e se acumula no tecido adiposo, o que pode levar o organismo à obesidade. 
Uma outra substância já identificada são os ftalatos utilizados na produção de plásticos, brinquedos e 
cosméticos que podem afetar o sistema reprodutivo (PONTELLI; NUNES; OLIVEIRA, 2016).
46
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
 Observação
As doenças de veiculação hídrica são extremamente preocupantes e 
consideradas problemas de saúde pública, pois têm a água como a principal 
fonte de agentes infecciosos.
Contudo, muitas doenças não estão associadas somente à ingestão de água contaminada 
propriamente dita, pois são determinadas por um tempo de incubação da doença que acontece por 
dias ou semanas. Essas doenças também podem se propagar por contato indireto, como aquelas que 
ocorrem em casos de alimentos que foram lavados com água contaminada.
As doenças de veiculação hídrica podem ser agrupadas pela forma de transmissão: pela 
água, pela falta de limpeza e higienização com a água, por vetores que se relacionam com a 
água e associadas a ela; logo, constituem quatro grupos principais. Com base em dados da 
Fundação Nacional de Saúde (Funasa), segue um breve resumo das principais doenças com 
seus agentes etiológicos (2002).
O primeiro grupo tem as doenças transmitidas pela ingestão de água contaminada. Seguem as 
principais doenças:
• cólera (agente etiológico: bactéria Vibrio cholerae): incubação de aproximadamente três dias, com 
sintomas de diarreia com fezes semelhantes à água de arroz, sede, dores abdominais;
• febre tifoide (agente etiológico: bactéria Salmonella typhi): incubação de até 2 semanas, com 
sintomas de infecção geral, febre contínua, manchas rosadas e diarreia;
• hepatite A (agente etiológico: vírus da hepatite): incubação de 20 a 40 dias, com sintomas de 
febre, perda de apetite, fadiga e icterícia com possível dano ao fígado;
• amebíase (agente etiológico: protozoário Entamoeba histolytica): incubação de 2 a 4 semanas 
(podendo ultrapassar), com sintomas de diarreia aguda de caráter sanguinolento, febre e calafrios. 
Pode levar ao óbito.
Nesse primeiro grupo, estão ainda a giardíase (agente etiológico: Giardia lamblia) e as diarreias, 
que podem ter diferentes agentes etiológicos (Escherichia coli, Rotavírus A e B, Balantidium coli e 
Cryptosporidium, entre outros). A principal forma de prevenção para essas doenças do primeiro grupo é 
o tratamento da água para abastecimento.
O segundo grupo de doenças apresenta aquelas transmitidas pela falta de limpeza e higienização, 
associadas ao abastecimento insuficiente de água. Dentre elas, estão as doenças infecciosas na pele e 
nos olhos (tracoma) e as verminoses, causadas por parasitas intestinais.
47
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Seguem alguns tipos de doenças parasitárias:
• ascaridíase (agente etiológico: Ascaris lumbricoides): popularmente conhecida como lombriga;
• ancilostomíase (agente etiológico: Ancylostoma duodenale): popularmente conhecido como amarelão;
• enterobíase (agente etiológico: Enterobius vermicularis);
• tricuríase (agente etiológico: Trichuris trichiura);
• salmonelose (agente etiológico: Salmonella typhimurium);
• conjuntivite bacteriana (agente etiológico: Haemophilus aegyptius);
• tracoma (agente etiológico: Chlamydia trachomatis);
• pediculose (agente etiológico: Pediculus humanus): conhecido popularmente como piolho;
• escabiose (agente etiológico: Sarcoptes scabiei): conhecida popularmente como sarna.
As formas de prevenção para essas doenças do segundo grupo são: realização de medidas de higiene 
pessoal (lavar as mãos antes de se alimentar, beber água tratada), instalação de coleta de esgoto, 
instalação de melhorias sanitárias domiciliares e limpeza de reservatórios domésticos de água.
No terceiro grupo, destacamos as doenças associadas à água quando uma parte do ciclo de vida do 
agente etiológico depende de um vetor aquático. Dessa forma, o transmissor da doença penetra na pele 
ou é ingerido pelo indivíduo. São as principais doenças do terceiro grupo:
• malária (agentes etiológicos: Plasmodium vivax, Plasmodium malariae e Plasmodium falciparum);
• dengue, zika e chikungunya (agentes etiológicos: Aedes aegypti e Aedes albopictus);
• febre amarela (agentes etiológicos: Aedes aegypti e Haemagogus janthinomys);
• filariose (agente etiológico: Wuchereria bancrofti): conhecida popularmente como elefantíase.
As formas de prevenção para esse terceiro grupo incluem inspeção sanitária, eliminando focos de 
criadouro dos mosquitos, proteção de mananciais e destino adequado de resíduos sólidos.
O quarto grupo é formado por doenças associadas à água, as quais são transmitidas por insetos 
(vetores) que se relacionam com ela. São exemplos:
• esquistossomose (agente etiológico: Schistosoma mansoni);
• leptospirose (agente etiológico: Leptospira interrogans).
A forma de prevenção das doenças desse quarto grupo engloba o controle de vetores e hospedeiros 
intermediários, eliminando condições que possam favorecer seus criadouros.
48
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
Em paralelo ao tratamento de água, a oferta de saneamento básico para a população também 
pode ser considerada como um índice de desenvolvimento, bem como um marcador da qualidade de 
vida. Isso se deve ao fato de que sua ausência é capaz de gerar inúmeras desordens à saúde, como a 
mortalidade infantil, além de que, em relação à sustentabilidade, compromete os recursos hídricos às 
gerações futuras.
Considerando que existem relações estreitas entre alguns fenômenos observados nas grandes 
metrópoles (enchentes, poluição de mananciais, falta de tratamento de água, alta produção e 
armazenamento inadequado de resíduos sólidos) com a doença, o levantamento de questões sobre 
saneamento básico e descarte adequado de resíduos são tão importantes quanto aquelas relacionadas 
à distribuição de água adequada à população, pois podem ser consideradas responsáveis por impactos 
profundos na saúde dos indivíduos, bem como nos serviços de saúde utilizados por eles. Assim, diversas 
ações de educação em saúde voltadas para essas questões, tendo como foco principal o meio ambiente 
e o processo saúde-doença, são perfeitamente justificadas.
No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2008) demonstram que cerca de 
55,2% da população possui rede de coleta e tratamento de esgoto. Quando esse estudo relacionou o serviço 
de esgotamento sanitário com aqueles de distribuição de água (99,4%), manejo de resíduos sólidos (100%) 
e de águas pluviais (94,5%), pôde-se observar que os índices em relação ao esgoto foram bem inferiores 
aos demais. Esses dados demonstram que o setor de saneamento tem o pior índice de desenvolvimento, 
acarretando sérios efeitos para a saúde e, consequentemente, para a vida das pessoas. Além disso, há um 
sério impacto nos serviços de saúde, pois o SUS recebe por mês uma porcentagem altíssima de pessoas 
acometidas por doenças relacionadas à falta do serviço de saneamento básico.
O termo poluição é comumente definido como qualquer alteração da composição ou das características do 
meio, fato que causa perturbações no ecossistema. Essa definição prejudica o sentido etimológico da palavra 
poluir (que vem do latim poluere equer dizer sujar) e não atende também a objetivos práticos, ligados ao 
controle da qualidade do meio ambiente. Um ponto importante para refletir é a introdução de uma grande 
quantidade de água doce, ainda que perfeitamente limpa, em um ambiente marinho. Essa ação causa 
profundas perturbações no ecossistema ali existente. Seria apropriado considerarmos esse fato como poluição 
e a água limpa introduzida como um poluente? Além disso, o lançamento de organismos patogênicos ou 
de substâncias tóxicas que não alteram o aspecto estético, mas prejudicam a utilização da água, também 
poderia ser considerado poluição? Para respondermos essas questões, discutiremos adiante que a ação direta 
de substâncias ou seres nocivos ao homem/animais aquáticos tem uma denominação particular.
Frequentemente, ecossistemas terrestres e aquáticos sofrem perturbações cíclicas causadas por 
fenômenos naturais – por exemplo, o transporte de matéria orgânica em decomposição natural do solo 
(folhas e outros resíduos vegetais e animais) para os rios, o que nas épocas de chuvas causa profundas 
alterações no equilíbrio do oxigênio. A definição de poluição pode não estar associada exclusivamente 
às perturbações ecológicas, inclusive quando são ocasionadas pelo homem e escapam à conceituação 
geral de poluição, a não ser que abandone o sentido original e etimológico do termo. Por outro lado, 
origina-se da percepção sensorial do fenômeno de “sujar a água” – trata-se do componente estético. 
A formação do conceito tem em vista a preservação da saúde humana e da vida dos peixes e outros 
seres aquáticos úteis ao homem. Acreditava-se que o mau aspecto da água, como a turbidez, coloração, 
49
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
exalação de odores e presença de materiais flutuantes ou em suspensão era responsável pela transmissão 
de doenças e mortandade de peixes, o que na verdade pode ser apenas coincidência.
A água poluída – no sentido original do termo, baseado em um parâmetro estético –, pode não causar 
um distúrbio ecológico, assim como certos matériais bastante profundos podem ocorrer em águas que não 
são poluídas. Uma maneira objetiva de enfrentar essas dificuldades seria criar um vínculo entre o conceito de 
poluição e a noção de utilidade da água. Poluir é sujar, alterar as características estéticas a ponto de prejudicar 
sua utilização normal, seja como água potável ou fonte de alimentos para uma diversidade de seres aquáticos.
Assim, a noção instintiva de poluição é baseada na alteração das qualidades originais das águas 
das nascentes dos rios. A identificação estética é possível porque as águas que recebem detritos e, 
eventualmente, matérias fecais contendo seres patogênicos se tornam realmente mais turvas e coloridas, 
por vezes malcheirosas. Estabeleceu-se assim uma correlação entre o aspecto da água e a transmissão 
de doenças, o que não deixa de ter seu significado popular principalmente em rios que cortam zonas 
mais densamente povoadas (BRANCO; ROCHA, 1984).
É importante salientar que os agentes poluidores não são apenas compostos de natureza química 
específica e tóxica. A ação nociva dos agentes pode englobar a quantidade deles ou ainda o seu caráter 
biodegradável. Além disso, o grau de dispersão, de diluição e de proporção entre volume de despejos e 
da fonte receptora também são importantes para caracterizar a ação nociva dos agentes poluidores. Por 
exemplo, o excesso de matéria orgânica vinda dos esgotos domésticos pode provocar a superpopulação 
de microrganismos, como bactérias e fungos e, ao mesmo tempo, estabelecer uma concorrência pela 
disponibilidade de oxigênio entre seres aeróbios presentes no corpo de água.
Quando pensamos no termo contaminação, temos que relacioná-lo com a introdução de substâncias 
nocivas, as quais podem causar alterações no meio aquático. São exemplos: compostos organoclorados 
e organossintéticos, a matéria orgânica em excesso, organismos patogênicos e metais pesados. Ainda 
em relação à contaminação, também existem ações contaminantes específicas de compostos tóxicos 
que estão presentes em certas classes de despejos industriais, além das fontes naturais, como sementes, 
folhas, frutos e raízes, as quais podem conter substâncias tóxicas, incluindo cianetos (mandioca brava) 
e alcaloides (atropina da planta beladona, ricina da mamona).
Os corpos de água ainda podem receber produtos originados da prática agrícola, como os defensivos 
agrícolas e a celulose, que, apesar de ser um produto vegetal, é amplamente usada em escalas industriais 
e resistentes à decomposição, aos detergentes sintéticos e aos metais pesados. Na maioria dos casos, 
esses materiais são considerados compostos recalcitrantes, ou seja, são compostos biologicamente 
resistentes e conhecidos como “não biodegradáveis”. Devido à resistência, eles acabam se aglomerando 
no meio aquático e favorecendo seu acúmulo no organismo dos seres humanos, uma vez que a água 
contaminada com esses produtos é utilizada para os afazeres comuns.
Com base em dados da Anvisa (BRASIL, 2011a), os primeiros relatos de uso de defensivos agrícolas 
foram em meados de 1900. Esses compostos eram considerados organoclorados e o mais utilizado 
era o diclorodifeniltricloroetano, também conhecido como DDT. A utilização do DDT persiste até os 
dias atuais e vale ressaltar que esse composto agrícola é substancialmente resistente à biodegradação 
50
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
por até 30 anos. Os organoclorados em contato com a pele, vias respiratórias e aparelho digestivo 
afetam o sistema nervoso e causam tremores, convulsões, vômitos, insônia e dermatites. Atualmente, 
uma das formas de proteção contra esses compostos tem sido a substituição dos organoclorados (mais 
resistentes) por organofosforados de biodegradação mais rápida. No Brasil, a proibição do uso de DDT 
aconteceu somente em meados de 2009, quando foi sancionada uma lei.
Como citado, o desenvolvimento humano de grandes áreas urbanas favorece diversos danos ao meio 
ambiente, como lançamento de esgotos, uso de defensivos agrícolas, fertilizantes, resíduos industriais, 
desmatamento e erosão do solo, os quais demonstram uma crescente tendência à aceleração do processo 
de eutrofização de lagos e represas. A eutrofização é um processo que ocorre em pequenas bacias 
de drenagem que possuem um aporte variável de minerais. Esse manejo, ocorrendo de forma lenta 
e natural, enriquece a água, pois em lagos e represas, o período de residência da água é maior e com 
movimentação menor, favorecendo o crescimento de microrganismos e vegetais. Nos rios, ao contrário, 
existe correnteza, caracterizando um movimento constante da água – o que dificulta a proliferação de 
microrganismos, mas não é o suficiente para impedir esse efeito. Assim, podemos dizer que é menos 
usual encontrarmos um rio eutrofizado.
Águas em processo de eutrofização, como demonstra a figura a seguir, possuem excesso de minerais 
e matéria orgânica, favorecendo o crescimento desordenado de várias espécies de algas, principalmente 
as cianofíceas, que formam uma faixa espessa e opaca sobre a superfície do corpo de água, dificultando 
a entrada de luz e impedindo que suas camadas internas realizem fotossíntese. Esse feito traz como 
consequência a diminuição da concentração de oxigênio disponível, sendo responsável pela morte de 
peixes e outras espécies aeróbias. As algas que cobrem a superfície realizam fotossíntese, mas o oxigênio 
produzido se perde para a atmosfera.
Materiais drenados 
(solo/adubos)
Resíduos 
industriais
Excesso de material 
orgânico no esgoto 
(nitrogênio e fósforo)Copo de água (lago ou represa)
Superpopulação de (algas ou vegetação aquática)
Diminuição 
da taxa de 
fotossíntese 
interna
Mortandade 
de peixes
Aumento da 
população de 
insetos
Alteração 
no odor e 
alteração 
estética
Barreira à 
diminuição 
de luz
Aumento de 
organismos 
anaeróbicos
Formação 
de lodo 
(material em 
decomposição)
Figura 12 – Processo de eutrofização em lagos e represas
51
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Algumas espécies de algas produzem substâncias tóxicas, enquanto outras podem alterar o odor e 
o sabor da água. A mortalidade dos peixes favorece o aumento da proliferação de insetos e mosquitos, 
além de proporcionar o crescimento de aguapés (plantas aquáticas) nas margens dos leitos, as quais, após 
seu ciclo de desenvolvimento, têm suas folhas, caules e raízes mergulhados e acabam se decompondo 
e formando um lodo no fundo desse leito – o que causa prejuízos ao abastecimento e às estações de 
tratamento.
Usualmente, o aumento das algas está associado com a oferta de nitrogênio e de fósforo. Os 
esgotos domésticos, adubos agrícolas drenados e alguns resíduos industriais são ricos em nitrogênio 
– que ainda pode ser fixado diretamente do ar atmosférico pelas mesmas algas cianofíceas. Nas 
mesmas condições, o fósforo é encontrado em quantidades menores, mas o seu consumo pelas algas 
é muito inferior ao de nitrogênio.
 Lembrete
A poluição da água está relacionada à proporção entre o volume de 
despejos e o da fonte receptora.
A contaminação está ligada à introdução de substâncias nocivas e/ou 
resistentes à degradação.
Durante décadas, a política pública deixou de investir significativamente na área de saneamento 
básico. Em grandes centros urbanos, a rede de coleta de esgoto é mais ampla, mas ainda em muitas 
regiões, o esgoto é liberado a céu aberto, demonstrando a existência de um déficit entre o avanço 
urbano e o tratamento de esgoto.
Como descrito anteriormente, o esgoto despejado em um corpo de água pode ser estabilizado 
(decomposto) por um processo natural. Hipoteticamente, se considerarmos que todo o esgoto gerado 
pelos estados e servido pela bacia hidrográfica do Rio Amazonas fosse despejado diretamente nele, 
seria fácil de entender que essa bacia teria condições de estabilizar todo esse esgoto, pois o volume de 
água suportaria tal condição. Mas se considerarmos uma região populosa, como a sudeste, que despeja 
todo o seu esgoto diretamente sobre um rio, como ele ficaria? Como exemplo, podemos destacar no 
estado de São Paulo os rios Tietê e Pinheiros, que há algumas décadas serviram para pesca e navegação 
turística, mas, atualmente, estão sem vida, por motivo de que ainda existe uma parcela do esgoto (que 
é despejado nesses rios) sem tratamento.
 Observação
Considerando todos os aspectos citados, o grande desafio às autoridades 
para a preservação dos mananciais abrange a preservação do meio ambiente, 
a restituição da fauna e até a flora de áreas aos seus arredores, sem nos 
esquecermos das melhorias relacionadas à oferta de saneamento básico.
52
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
No entanto, o principal aspecto que precisa ser melhorado é a oferta de saneamento básico, pois se 
torna primordial o tratamento do esgoto antes de sua devolução aos corpos de água, uma vez que existe 
uma correlação entre os poluentes encontrados no esgoto e algumas consequências no meio ambiente 
e na saúde.
Para compreendermos todos os aspectos relacionados à contaminação da água pelos poluentes do 
esgoto, faremos um breve resumo sobre a identificação deles, mostrando os parâmetros de caracterização 
com suas respectivas consequências ao meio ambiente. São eles:
Sólidos em suspensão
• caracterização: sólidos em suspensão total;
• efluente: doméstico e industrial;
• consequências: problemas estéticos, depósito de lodo, presença de patógenos.
Sólidos flutuantes
• caracterização: óleos e graxas;
• efluente: doméstico e industrial;
• consequências: problemas estéticos.
Matéria orgânica biodegradável
• caracterização: demanda bioquímica de oxigênio (DBO);
• efluente: doméstico e industrial;
• consequências: eutrofização, mortalidade de peixes, piora das condições sépticas.
Patogênicos
• caracterização: coliformes;
• efluente: doméstico;
• consequências: doenças de veiculação hídrica.
Nutrientes
• caracterização: nitrogênio e fósforo;
• efluente: doméstico e industrial;
• consequências: superpopulação de algas.
53
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Compostos não biodegradáveis
• caracterização: pesticidas, detergentes, adubos e outros;
• efluente: industrial e agrícola;
• consequências: diminuição do oxigênio, odores fétidos, permanência da substância por vários 
anos sem degradação.
Metais pesados
• caracterização: elementos específicos (cádmio, cromo, mercúrio etc.);
• efluente: industrial;
• consequências: toxidade, contaminação de água subterrânea, inibição da ação biológica no 
esgoto.
Sólidos inorgânicos dissolvidos
• caracterização: sólidos dissolvidos totais, condutividade elétrica;
• efluente: reutilizados;
• consequências: salinidade excessiva, toxidade à vegetação, problemas de permeabilidade do solo.
Em relação às doenças referentes ao esgoto, elas derivam do inadequado acondicionamento 
dos dejetos nos corpos de água. Um exemplo disso é a presença de coliformes fecais, o que indica 
contaminação fecal do corpo de água. Esses coliformes também podem ser encontrados no solo (pela 
defecação de animais) e nos alimentos (pela higienização deficitária). No solo, as fezes de um homem/
animal doente podem conter ovos de parasitas, que podem eclodir no solo e liberar larvas que penetram 
facilmente pela pele de outra pessoa/animal que se encontra saudável. A penetração dessas larvas pela 
pele favorece a sua instalação no intestino, comprometendo diversos órgãos.
A higienização deficiente de alimentos também propicia a disseminação de doenças, pois eles se 
tornam veículos de transmissão quando, em alguma fase do processo, entraram em contato com o 
solo contaminado e foram mal-lavados ou higienizados com água contaminada. Outros exemplos no 
que se refere à transmissão de doenças são a ingestão de carne malcozida de um animal infectado e a 
procriação de insetos em locais infectados. Todos esses elementos são identificáveis e estão resumidos 
na figura a seguir, que demonstra que as excretas em contato com a água, o solo, o homem ou os 
vetores de doenças podem chegar aos alimentos, que podem ser digeridos ou absorvidos, favorecendo 
o surgimento da doença no organismo.
54
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
Vetores (insetos, 
mosquitos, caramujos)
Solo 
(evacuações)
Mãos 
(má higienização)
Água 
(mananciais)
Alimentos
Doença
Boca (ingestão) Pele (absorção)
Excrementos
Figura 13 – Esquema de geração de doenças de origem fecal
É interessante ressaltar que muitas doenças de veiculação hídrica se enquadram naquelas 
relacionadas ao esgoto, principalmente as verminoses. Entre elas, estão cólera, febre tifoide, hepatites 
A e E, ascaridíase, tricuríase, ancilostomíase, esquistossomose, teníase, cisticercose, toxoplasmose e 
diarreias agudas. Como prevenção a essas doenças, podemos citaralgumas medidas: uso de vasos 
sanitários evitando a contaminação do solo, lavagem das mãos antes de manipular alimentos e 
após o uso do banheiro e a troca de fraldas, evitar banhos em córregos, lavar frutas e legumes 
utilizando água potável, filtrada ou fervida, cozinhar muito bem carnes que venham de locais de 
abate desconhecidos, melhorar instalações sanitárias, tratar o esgoto antes de disponibilizá-lo ao solo 
e controlar a proliferação de vetores.
Ainda em relação às doenças, os vetores podem transferir um agente infeccioso de uma população 
animal portadora de doença aos seres humanos. Geralmente isso ocorre devido à picada de pessoas 
contaminadas por insetos que, em seguida, picam alguém sadio.
 Saiba mais
A ciência atua na fronteira do conhecimento. Para ver que tipo de avanços 
tecnológicos teremos a nosso favor, sugerimos a leitura da notícia a seguir:
CRISTINO, L. G. Bahia inicia uso de inseto transgênico contra a dengue. 
Folha de São Paulo, Ciência, São Paulo, 24 fev. 2011. Disponível em: <http://
www1.folha.uol.com.br/ciencia/880408-bahia-inicia-uso-de-inseto-
transgenico-contra-dengue.shtml>. Acesso em: 24 fev. 2017.
55
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
O impacto da falta de saneamento básico na saúde e sobre o meio urbano é evidente, mas a 
prevalência das doenças é maior na população carente que, por falta de recursos, instala sua moradia 
em locais de risco, sem abastecimento de água, sem coleta de esgoto e, na maioria dos casos, em locais 
que deveriam ser destinados à preservação ambiental. No entanto, não podemos descartar o papel da 
classe social de maior aquisição econômica, pois ela contribui em relação ao consumismo e produção 
de resíduos sólidos (lixo), cuja destinação também constitui um grande problema ambiental, que será 
discutido com mais detalhes posteriormente.
Assim, a falta de coleta e a disposição inadequada do lixo podem ser consideradas fontes de alimento, 
abrigo e proliferação de macrovetores de doenças. Segundo Barros et al. (1995), ratos, baratas, suínos 
e aves são considerados os macrovetores mais comuns em ambientes urbanos com pouca estrutura de 
saneamento básico. Podemos destacar algumas enfermidades relacionadas ao lixo. São elas:
• leptospirose, peste bubônica e tifo murino: são transmitidas por ratos e pulgas que vivem no 
corpo do rato, por meio da mordida, pela urina e pelas fezes desses roedores;
• febre tifoide, cólera, amebíase, disenteria, giardíase, ascaridíase, amebíase e salmonelose: são 
transmitidas por moscas, por via mecânica, por meio de asas, patas e corpo desses insetos e 
também por suas fezes e saliva;
• malária, febre amarela, leishmaniose, dengue, zika, chikungunya e filariose: são transmitidas por 
mosquitos, por meio da picada das fêmeas;
• febre tifoide, giardíase e cólera: também podem ser transmitidas por baratas, por via mecânica, 
por meio das asas, patas, corpo e pelas fezes desses insetos;
• cisticercose, toxoplasmose, triquinelose e teníase: são transmitidas por suínos e gado, por meio da 
ingestão de carne contaminada;
• toxoplasmose: transmitida por cães, gatos e aves, por meio de sua urina e fezes.
Ainda sobre os macrovetores, é interessante salientar que, para serem contaminados, eles entraram 
em contato com o agente infeccioso e, portanto, o transportarão em seu corpo, nas asas, patas e 
penas. Além disso, esses macrovetores podem ter ingerido material contaminado, transmitindo o agente 
infeccioso por meio de sua saliva, picada, urina e fezes. Dentre os mosquitos (pernilongos), apenas as 
fêmeas são hematófagas (se alimentam de sangue); elas transmitem a doença por meio da picada, 
enquanto os machos se alimentam de néctar de flores e sucos de vegetais.
Dengue, chikungunya e zika têm sido doenças virais de grande preocupação sanitária, principalmente 
no Brasil. Recentemente, foi descoberto que o mesmo mosquito pode transmitir as três doenças. 
Contudo, a zika tem sido de grande preocupação, pois está associada à microcefalia em bebês de mães 
que foram contaminadas, durante a gestação.
56
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
O MS tem observado de perto os números dos indivíduos infectados pelas três doenças. No primeiro 
semestre de 2016, cerca de 1.294.583 pessoas foram contaminadas com dengue no País inteiro, sendo 
que o Nordeste lidera o ranking, com mais de 20% do total de casos. Em se tratando de Chikungunya, 
em 2015 foram confirmados 13.236 casos da doença, enquanto que somente no primeiro semestre de 
2016, foram 122.762 casos. Novamente, o Nordeste foi o líder do ranking para Chikungunya. Em relação 
ao Zika, foram confirmados 64.311 casos somente no primeiro semestre de 2016. No que se refere às 
gestantes, foram confirmados 5.647 casos. Contudo, para o Zika, o Centro-oeste lidera o ranking dos 
casos (BRASIL, 2016).
Outro fator que contribui para a degradação do meio ambiente é a forma e o tipo de energia que 
utilizamos. Na Antiguidade, a energia elétrica era obtida da queima de lenha para as necessidades 
domésticas e o aquecimento do local. Contudo, o crescimento populacional obrigou a criação de outras 
fontes de energia mais viáveis, pois o consumo energético aumentou significativamente. As energias 
derivadas da água e dos ventos passaram a ser utilizadas, mas não eram suficientes para suprir toda a 
população, principalmente nas grandes metrópoles. Entretanto, isso foi modificado após a Revolução 
Industrial, período em que a energia começou a ser obtida a partir de carvão, petróleo e gás – que são 
caros e ainda têm efeitos deletérios ao meio ambiente.
Ainda nos dias atuais, os padrões de consumo de energia da população são baseados na utilização de 
fontes de energia não renováveis, como as fósseis (petróleo, carvão e gás) e as nucleares (radiação), que 
possuem efeitos sobre a camada de ozônio e causam impacto direto na vida das pessoas. Para modificar 
essa situação, são necessárias a conscientização e a criação de outras fontes de energia, as renováveis 
(provenientes da hidráulica, da eólica e da produção de etanol), que serão abordadas posteriormente.
Os objetivos são demonstrar os malefícios de algumas ações humanas sobre o meio ambiente e sobre 
a vida da população, apontaremos o impacto das fontes de energia não renováveis sobre o ambiente e 
o ser humano.
A qualidade do ar se enquadra como outro fator importante para a saúde humana, além da qualidade 
da água e do tratamento de esgoto. Diversas doenças de ordem respiratória são influenciadas pela má 
qualidade do ar que respiramos. Isso se reflete pela falta de áreas verdes, principalmente nas grandes 
metrópoles, e pelo aumento da produção de substâncias químicas que são despejadas na atmosfera. 
É importante ressaltar que esses dois fatores que interferem na qualidade do ar são resultados do 
desenvolvimento humano.
A atmosfera terrestre, uma fina camada de gases que envolve o planeta Terra, é mantida em seu 
lugar pela gravidade e é considerada o principal fator de sustentação do ecossistema planetário. O ar 
seco da atmosfera é constituído de nitrogênio, oxigênio, argônio, dióxido de carbono e outros gases 
inertes. Os restantes incluem os gases do efeito estufa, como dióxido de carbono, metano, óxido nitroso 
e ozônio, além do vapor d’água.
A camada de ozônio é formada pelo gás ozônio e é uma parte importante da atmosfera, pois trata-se 
de uma proteção poderosa contra os raios ultravioletas (UV) provenientes do Sol. Essa camada permite 
que não aconteçam maiores danos à vida dos seres vivos, ao protegê-los contra os raios UV antes que 
57
PR
IS
CO
 -
 E
NF 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
eles atinjam a superfície da Terra. Assim, qualquer dano nessa camada, como aquela observada por 
Joe Farman, na região da Antártida em meados de 1980, gera consequências irreversíveis para a vida, 
como o aquecimento global. Esse, por sua vez, afeta o clima da Terra e é responsável pelo surgimento 
de diversas doenças que posteriormente serão discutidas em detalhes. O efeito do aquecimento global 
sobre o meio ambiente e a saúde humana estão esquematizados na figura a seguir.
Elevação da 
temperatura 
planetária
Alterações nos 
regimes das chuvas
Ondas de frio 
e ondas de calor
Descongelamento de 
microrganismos
Enchentes/ 
enfermidades de 
veiculação hídrica
Maior aglomeração/ 
doenças de transmissão 
respiratória
Novas doenças
Figura 14 – Inter-relações entre ambiente e saúde
A descoberta de Joe Farman iniciou uma crise ambiental importante, voltando os olhos de todas 
as organizações governamentais a questões ambientais, as quais prevalecem até os dias atuais. Duas 
das medidas criadas por essas organizações foram os Protocolos de Montreal (1987) e de Kyoto ou 
Quioto (1997), que visam a defesa do meio ambiente, não permitindo que ações humanas sobre 
eles sejam capazes de degradá-lo ou poluí-lo. Além disso, esses protocolos geraram um pensamento 
ambientalista em diversos países, favorecendo a aplicação de ações que visam a educação ambiental, 
como a alfabetização ecológica e a ação propriamente dita.
Em relação ao Protocolo de Montreal, que entrou em vigor em 1989, uma das suas funções é a 
substituição das substâncias que afetam a camada de ozônio e, consequentemente, aumentam o efeito 
estufa – ou seja, causam mais danos à camada de ozônio. Dentre as substâncias que a afetam, as mais 
conhecidas são os clorofluorcarbonos (CFCs). No entanto, os halons, os tetracloretos de carbono (CTCs) 
e os hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) também compõem essa lista, pois todos eles são provenientes de 
processos industriais.
Na década de 1930, os CFCs se tornaram essenciais para o desenvolvimento industrial. Contudo, 
apesar do crescimento e do desenvolvimento industrial e comercial gerado pelo uso dos CFCs, foi 
observado que esses compostos eram fortemente nocivos para o meio ambiente e para os seres vivos, 
pois danificavam seriamente a camada de ozônio. Tais observações favoreceram a criação de medidas 
para a substituição industrial desses compostos.
Já o Protocolo de Kyoto (1997) fixa metas para diminuir a poluição por queima de produtos fósseis, 
os quais também são responsáveis pelo efeito estufa. Como as principais causas da poluição atmosférica 
são determinadas pelas emissões de poluentes das indústrias siderúrgicas, queima de carvão e petróleo 
58
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
Unidade II
pelas indústrias, automóveis e sistemas de aquecimento doméstico, a redução dessas emissões se faz 
extremamente importante para a melhoria da qualidade do ar.
Com a criação do Protocolo de Kyoto, os países tiveram que reduzir a emissão dos gases do efeito 
estufa em cerca de 5,2% entre 2008 e 2012. Além disso, os países que assinam esse protocolo devem 
investir em projetos de redução das emissões em outras nações, além de estimular atividades que 
favoreçam o plantio de árvores e a conservação do solo, a fim de aumentar a absorção de carbono do 
ambiente. No entanto, tal protocolo é bastante limitado em suas ações de forma global, considerando 
que grandes nações, como os Estados Unidos, não o assinaram mesmo sendo um dos países que mais 
emitem poluentes, principalmente o CO2, na atmosfera. Já o Brasil é um dos países com maior número 
de iniciativas a respeito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que diminui as consequências do 
processo de geração de poluentes nos países em desenvolvimento.
No entanto, a participação do Brasil nas questões ambientais não se iniciou somente no Protocolo 
de Kyoto. Bem antes dele, o País já considerava importante a proteção da camada de ozônio; por isso, 
aderiu à Convenção de Viena e assinou o Protocolo de Montreal (1990). Ele afirmava que os países 
desenvolvidos que, de acordo com a história, utilizaram tais substâncias no progresso de sua nação, 
deveriam financiar a erradicação delas nos países em desenvolvimento.
O financiamento de todas as ações para o cumprimento das exigências do Protocolo de Montreal 
é proveniente do Fundo Multilateral (FML, criado em 1990), o qual é administrado por um comitê 
de caráter executivo e recebe fomento de países desenvolvidos. O Brasil é um dos países que recebe 
apoio financeiro desse fundo para o desenvolvimento de suas ações contra a destruição da camada de 
ozônio. No entanto, para que todas as ações fossem realizadas com seriedade, a Secretaria Nacional 
de Vigilância Sanitária passou a fiscalizar, controlando e regulamentando em primeira instância, os 
rótulos dos produtos que não continham CFCs. Em 1991, o Governo Federal criou o Grupo de Trabalho 
do Ozônio (GTO) para a implementação do Protocolo de Montreal no Brasil. Concomitantemente, ações 
no MS intervindo na produção e venda desses itens, como cosméticos e produtos higiênicos contendo 
CFCs, favoreceram as ações impostas pelo protocolo no País.
Com a regulação e a aprovação do Conama (1995), foram criadas prioridades para a eliminação 
dos CFCs dos produtos industrializados. Além disso, o governo federal criou o Prozon (Comitê 
Executivo Interministerial para a Proteção da Camada de Ozônio), e o Ministério do Meio Ambiente 
passou a coordená-lo.
Assim, considerando todos os aspectos anteriormente descritos, foi imprescindível a criação de órgãos 
públicos fiscalizadores de diversos atos contra o meio ambiente e, consequentemente, contra a saúde 
da população. A partir do I Seminário da Política Nacional de Saúde Ambiental (2005), foi redefinido o 
documento denominado Subsídios para construção da Política Nacional de Saúde Ambiental, o qual foi 
o fruto de diversos debates entre os principais órgãos controladores do meio ambiente, que são: Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
(Singreh), Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental (CGVAM) da Secretaria de Vigilância em 
Saúde do Ministério da Saúde, Comissão Permanente de Saúde Ambiental (Copesa) e Conselho Nacional 
de Saúde (CNS), que é subsidiado pela Comissão Intersetorial de Saneamento e Meio Ambiente (Cisama).
59
PR
IS
CO
 -
 E
N
F 
- 
Re
vi
sã
o:
 K
le
be
r -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 0
6/
12
/2
01
6
SAÚDE AMBIENTAL E VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Para ficar mais claro, o quadro a seguir demonstra um resumo temporal de todas as conferências 
das Nações Unidas sobre o desenvolvimento que colaboraram de alguma forma para a proteção do 
meio ambiente e para a promoção da saúde humana. A última reunião aconteceu em 2015 (que não 
está representada no quadro) e teve como tema Transformar nosso mundo para as pessoas e o planeta.
Quadro 1 – Resumo das conferências das Nações Unidas sobre o desenvolvimento
Ano Conferências
1990 Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre a Criança
1992 Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento
1993 Conferência das Nações Unidas sobre os Direitos Humanos
1994 Conferência das Nações Unidas sobre Populações e Desenvolvimento
1995 Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Social
1996 Conferência das Nações Unidas sobre Assentos Humanos
1996 Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre Alimentação
2000 Cúpula do Milênio: Declaração e Objetivos do Milênio
2002

Outros materiais