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Nutrição em transtornos alimentares Prof. Juliana de Paula Doutora em Ciências Nutricionais – UFRJ Nutricionista do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (GOTA/IEDE) – 2014-2018 nutricionistajulianadepaula@gmail.com Roteiro Aspectos históricos dos transtornos alimentares • Primeiro caso sugestivo de anorexia nervosa • Friderada: viveu em 895 e faleceu de desnutrição em um convento. • Mulheres do século XIII praticavam rigoroso jejum a fim de se aproximarem de Deus. • Jejum e negação das necessidades corporais = prova de devoção a Deus “Santas anoréxicas” Modificação da ingestão alimentar - relatos bíblicos Bell, 1985; Salzano & Cordás, 2004 Século XVII – Richard Morton (Primeiro relato médico) • Abstinência alimentar voluntária • Perda ponderal severa • Amenorreia • Ausência de evidência de doena subjacente 1873 – William Gull e Ernest-Charles Las è gue – Descri ç ã o da anorexia nervosa como entidade psiqui á trica, com ê nfase aos aspectos emocionais: • Medo mórbido de engordar • Insegurança pessoal • Contribuição da família na perpetuação dos sintomas • Negação Bell, 1985 Transtornos alimentares na atualidade Conceitos de transtornos alimentares (eating disorders) “(...) Grupo de transtornos mentais caracterizados por comportamentos alimentares desordenados voltados para o gerenciamento de peso. Esses comportamentos levam a problemas físicos e deterioram o funcionamento psicossocial do paciente.” Clinical Practice Guideline for Eating Disorders, 2009 “Síndromes psiquiátricas caracterizadas por importantes disfunções do comportamento alimentar e da imagem corporal.” • Dietas restritivas e aleatórias • Métodos inadequados para perda de peso • Relaão de repulsa e incompetência para lidar com alimento • Compulsão alimentar Bohn et al. 2008; Alvarenga et al. 2011 Sintomas que aparecem em frequência e severidade menor que o exigido para o critério diagnóstico dos transtornos alimentares. • Restrião calórica constante • Restrião severa de carboidratos • Omissão de refeies • Necessidade de controle extremo sobre a alimentaão • Sentimento de culpa e remorso após o consumo de alimentos “proibidos” Grupo Especializado em Nutrição, Transtornos Alimentares e Obesidade, 2018 “Comer transtornado” Classificações Cordás et al., 2004; Alvarenga et al. 2011 ANOREXIA NERVOSA Grande perda de peso em consequência de dietas restritivas e/ou práticas purgativas na busca incessante pela magreza. Cordás et al., 2004; Alvarenga et al. 2011 BULIMIA NERVOSA Tem como característica principal os episódios bulímicos: grande ingestão de alimentos em curto intervalo de tempo, com sensação de perda de controle. Após, ocorrem medidas compensatórias inadequadas para o controle de peso. Alvarenga et al. 2011 ANOREXIA NERVOSA BULIMIA NERVOSA Psicopatologia comum: ideia prevalente envolvendo a preocupaão excessiva com o peso e a forma corporal (medo mórbido de engordar) Cordás & Salzano, 2007; Alvarenga et al. 2011 TRANSTORNO COMPULSIVO ALIMENTAR Episódios recorrentes de compulsão alimentar, com ingestão de excessiva quantidade de alimentos, definitivamente maior que grande parte das pessoas comeria em um período similar. Pode ser objetivo ou subjetivo e independentemente da quantidade de alimentos consumida, o sofrimento gerado pela perda de controle merece ser considerado. Alvarenga et al. 2011 TRANSTORNOS ALIMENTARES NÃO ESPECIFICADOS Quadros parciais dos transtornos alimentares, com manifestaes mais leves ou incompletas com risco de evoluírem para os transtornos bem caracterizados. Não satisfazem todos os critérios para anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno compulsivo alimentar. Fatores etiológicos dos transtornos alimentares • Biológicos: sexo feminino, alterações de neurotransmissores: serotonina, dopamina e noradrenalina; portadores de distúrbios pituitários (?), susceptibilidade genética (?) (fatores complexos e não completamente elucidados). • Socioculturais: influência da mídia, abundância de alimentos versus obsessão da magreza. • Familiares: conflitos, superproteção, pressão. • Psicol ó gicos: fatores emocionais, personalidade (perfeccionismo, rigidez no comportamento). Bulik et al. 2007; Kaye, 2008, Alvarenga et al. 2011 Bulik et al. 2007; Kaye, 2008, Alvarenga et al. 2011 Epidemiologia dos transtornos alimentares Salzano & Cordás, 2006; Alvarenga et al. 2011 Mais prevalente em adolescentes e adultos jovens (15-34 anos) Sem distinção de acometimento nas diferentes classes sociais 90%: sexo feminino 1 homem: 9 mulheres Hoek, 2018 Influência da industrialização e da globalização como catalisadores do aumento das taxas de incidência, além do ideal estético supervalorizado nos últimos tempos Binge eating disorder: transtorno compulsivo alimentar Global Burden of Disease – Mental Health, 2017 Prevalência de anorexia nervosa e bulimia nervosa Varia de 0.1 a 1% dependendo do país. Globalmente, estima-se que 16 milhões de pessoas foram diagnosticadas com anorexia nervosa e bulimia nervosa no ano de 2017, sendo a prevalência de bulimia significativamente maior (cerca de 79% dos casos). Global Burden of Disease – Mental Health, 2017 Prevalência de anorexia nervosa e bulimia nervosa Global Burden of Disease – Mental Health, 2017 Anorexia nervosa e bulimia nervosa: casos fatais Alvarenga et al. 2011; GENTA, 2018 O transtorno compulsivo alimentar apresenta cerca de 0.7 a 3.3% de prevalência na população em geral. Cerca de 60-65% são obesos. 29% dos obesos que procuram tratamento apresentam algum sintoma de compulsão alimentar Diagnóstico dos transtornos alimentares APA, 2013 Médico psiquiatra que realiza o diagnóstico. Critérios para o diagnóstico da anorexia nervosa APA, 2013 Critérios para o diagnóstico da anorexia nervosa segundo o DSM-V A. Recusa em manter o peso corporal em n ível igual ou acima do mínimo normal adequado à idade e à altura (por ex., perda de peso levando à manutenção do peso corporal abaixo de 85% do esperado; ou fracasso em ter o ganho de peso esperado durante o período de crescimento, levando a um peso corporal menor que 85% do esperado). B. Medo intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo, mesmo estando com peso abaixo do normal. C. Perturbação no modo de vivenciar o peso ou a forma do corpo, influ ê ncia indevida do peso ou da forma do corpo sobre a auto- avaliação, ou negação do baixo peso corporal atual (distorção da imagem corporal). APA, 2013 Critérios para o diagnóstico da anorexia nervosa segundo o DSM-V Tipos: •Restritivo: durante o epis ó dio atual de anorexia nervosa, o indivíduo não se envolveu regularmente em um comportamento de comer compulsivamente ou de purga ç ã o (isto é , auto-indu ç ã o de v ô mitos ou uso indevido de laxantes, diur é ticos ou enemas). •Purgativo: durante o epis ó dio atual de anorexia nervosa, o indiv í duo envolveu-se regularmente em epis ó dios recorrentes de compulsão alimentar purgativa (isto é , auto-indução de vômito ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas). Critérios para o diagnóstico da bulimia nervosa APA, 2013 Critérios para o diagnóstico da bulimia nervosa segundo o DSM-V A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar, caracterizado por ambos aspectos: (1) ingest ã o, em per í odo limitado (geralmente at é 2 horas), de quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria durante per í odo similar e sob circunst âncias similares; (2) sentimento de falta de controle sobre o comportamento alimentar durante o episódio (por ex., sentimento de incapacidade de parar de comer ou de controlar o que ou o quanto se está comendo). APA, 2013 Critérios para o diagnóstico do transtorno compulsivo alimentar APA, 2013 Critérios para o diagnóstico do transtorno compulsivo alimentarsegundo o DSM-V Epis ó dios recorrentes de compuls ã o alimentar, caracterizado por ambos aspectos: (1) ingest ã o, em per í odo limitado (geralmente at é 2 horas), de quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria durante per í odo similar e sob circunst âncias similares; (2) sentimento de falta de controle sobre o comportamento alimentar durante o episódio (por ex., sentimento de incapacidade de parar de comer ou de controlar o que ou o quanto se está comendo). APA, 2013 Critérios para o diagnóstico do transtorno compulsivo alimentar segundo o DSM-V Os episódios de compulsão alimentar são associados a três ou mais sintomas: • Comer muito mais rápido do que o normal • Comer até se sentir fisicamente desconfortável • Comer grandes quantidades de comida mesmo sem fome • Comer sozinho, pois a compuls ã o deixa o indiv íduo envergonhado, deprimido e culpado Os episódios de compulsão devem ocorrer no m ínimo uma vez por semana, por três meses. Transtornos alimentares não especificados APA, 2013 Escalas de avaliação e acompanhamento dos transtornos alimentares • Mensuraão da alimentaão • Atividade física • Imagem corporal • Episódios bulímicos Abordagens estruturadas • Seleão da presena e gravidade dos sintomas alimentares • Identificaão dos problemas que merecem maior ênfase durante o tratamento • Avaliaão do progresso dos pacientes Alvarenga et al. 2011 Métodos de obtenção de informações sobre os transtornos alimentares Eating Attitudes Test (EAT): Teste de Atitudes Alimentares • Rastreamento da anorexia nervosa e bulimia nervosa • Avalia ç ã o de atitudes e comportamentos t í picos desses pacientes • Utilizado como índice de gravidade. Garner et al. 1983; Magalhães e Mendonça, 2005 Instrumentos mais utilizados na prática clínica Eating Attitudes Test – EAT 26 Sempre Muito frequentemente Frequentemente Às vezes Raramente Nunca 1 Fico apavorada com a ideia de estar engordando. 2 Evito comer quando estou com fome. 3 Sinto-me preocupada com os alimentos. 4 Continuar a comer em exagero faz com que eu sinta que não sou capaz de parar. 5 Corto meus alimentos em pequenos pedaços. 6 Presto atenção a quantidade de calorias dos alimentos que eu como. 7 Evito particularmente alimentos com alto teor de carboidratos (pão, arroz, batatas etc.). 8 Sinto que os outros gostariam que eu comesse mais. 9 Eu vomito depois de ter comido. 10 Eu me sinto extremamente culpada depois de comer. 11 Preocupo-me com o desejo de ser mais magra. 12 Penso em queimar calorias a mais quando me exercito. 13 As pessoas me acham muito magra. Eating Attitudes Test – EAT 26 Sempre Muito frequentemente Frequentemente Às vezes Raramente Nunca 14 Preocupo-me com a ideia de ter gordura no meu corpo. 15 Demoro mais tempo para fazer minhas refeições do que as outras pessoas. 16 Eu evito comer alimentos que contenham açúcar. 17 Costumo comer alimentos dietéticos. 18 Sinto que os alimentos controlam minha vida. 19 Demonstro autocontrole diante dos alimentos 20 Sinto que os outros me pressionam para comer. 21 Passo muito tempo pensando em comer. 22 Sinto desconforto após comer doces. 23 Faço regimes para emagrecer. 24 Gosto de sentir meu estômago vazio. 25 Gosto de experimentar novos alimentos ricos em calorias. 26 Sinto vontade de vomitar após as refeições. Eating Disorder Inventory (EDI) – versão 1 e 2 • Rastreamento do transtorno alimentar • Avaliação do controle do comportamento alimentar • Obtenção de dados sobre o perfil psicológico do paciente. Bulimic Investigatory Test Edinburgh (BITE)- Teste de Avaliação Bulímica de Edimburgo • Avaliação de atitudes e comportamentos t ípicos de pacientes com bulimia nervosa. Garner et al. 1983; Magalhães e Mendonça, 2005 Instrumentos mais utilizados na prática clínica Body Shape Questionnaire (BSQ): Question á rio de Imagem Corporal • Mede as preocupa ç õ es com a forma do corpo, auto depreciação devido à aparência f ísica e a sensação de estar “gorda”. Conti et al. 2009 Instrumentos mais utilizados na prática clínica Transtornos de personalidade nos transtornos alimentares • Transtornos do humor: depress ã o, mania e transtorno afetivo bipolar • Transtornos ansiosos • Transtornos de personalidade: borderline, histri ô nico e anancástico Fontenelle et al. 2002; Bulik, 2002; Wilson, 2002; Martins & Sassi, 2004 Dificultam o diagnóstico e alteram a abordagem terapêutica, além de exigir estratégias de tratamento diferenciadas. Consumo, padrão, comportamento e atitude alimentar Alvarenga et al. 2011 CONSUMO ALIMENTAR Conceito que envolve a ingestão de alimentos PADRÃO ALIMENTAR Horários, tipos de refeições e regularidade COMPORTAMENTO ALIMENTAR “O que comemos, como e com o que comemos, com quem comemos, onde comemos, quando comemos, porque comemos o que comemos, em quais situações comemos, o que pensamos e sentimos em relação ao alimento” Garcia, 1999; Phillip, 1999; Alvarenga et al. 2011 Alvarenga et al. 2010 ATITUDE ALIMENTAR Crenças, pensamentos, sentimentos, comportamentos e relacionamento com os alimentos Melhor expressão da relação do indivíduo com os alimentos e seu hábito alimentar. Padrão e atitude alimentar na anorexia nervosa Sunday & Halmi, 1996; Alvarenga & Dunker, 2004; Alvarenga et al. 2011 RESTRIÇÃO ALIMENTAR QUANTITATIVA E QUALITATIVA Hábitos alimentares restritivos, mudanças na alimentação com o intuito de serem mais “saudáveis” Retiram da alimentação os alimentos que julgam pouco saudáveis ou muito calóricos Mitos alimentares: “alimentos bons e ruins”, “seguros e proibidos” INÍCIO DURANTE Excessos de produtos diet e light e hortaliças Restrição de carne vermelha (tendência ao vegetarianismo) Fiates & Salles, 2001 O NÃO COMER É ASSOCIADO A CONTROLE E PODER Quanto menos comem, mais pensam em comida Obsessão por comida • Pele desidratada • Perda de tecido adiposo • Bradicardia, hipotensão, hipotermia • Dor abdominal, sensação de plenitude • Constipação intestinal • Amenorreia em mulheres • Perda do interesse sexual • Perda excessiva de cabelo • Lanugo (corpo e face) • Distúrbio do sono, depressão • Anormalidades tireoidianas • Aumento das aminotransferases • Hipercolesterolemia Grave, 2011; Treasure et al. 2010 Quadro clínico da anorexia nervosa • Perfeccionismo • Comportamento rígido • Hipersensibilidade à críticas • Alto rendimento acadêmico • Indiferentes ao sexo • Fobia e isolamento social Alvarenga et al. 2011 Traços de personalidade da anorexia nervosa Morris & Twaddle, 2007 Tem a maior taxa de mortalidade entre os transtornos psiquiátricos. Causa mais comum de perda de peso em mulheres jovens e de admissão em serviços hospitalares para crianças e adolescentes. Crescimento na população masculina Homens com passado de obesidade, atletas que são exigidos a manter baixo peso, homossexuais, relação com o Transtorno Dismórfico Corporal Outras informações relevantes Morris & Twaddle, 2007 Alta ocorrência em profissionais que trabalham com o corpo e saúde - Nutricionistas e educadores físicos Profissões que exigem leveza para melhor desempenho: ginastas, patinadores, bailarinos: tríade da mulher atleta (alimentação transtornada, amenorreia e osteoporose) Profissões que envolvem a "comercialização" da imagem: modelos, atrizes, “blogueiras” Outras informações relevantes Padrão e atitude alimentar na bulimia nervosa Reiff & Reiff, 1992 CICLO RESTRIÇÃO – COMPULSÃO - PURGAÇÃO Reiff & Reiff, 1992; Dunker etal. 2007; Alvarenga et al. 2011 Dietas restritivas, “dieta da moda”. Papel iniciador e perpetuador do quadro Padrão caótico Irregularidade da estrutura alimentar INÍCIO DURANTE Disfunção nos mecanismos de fome e saciedade CICLO RESTRIÇÃO – COMPULSÃO - PURGAÇÃO Reiff & Reiff, 1992; Dunker et al. 2007; Alvarenga et al. 2011 Crença de que a restrição e as práticas purgativas irão prevenir o ganho de peso Consequências negativas da restrição alimentar Consequências negativas das práticas purgativas Ineficiência dos métodos purgativos. CICLO RESTRIÇÃO – COMPULSÃO - PURGAÇÃO Alvarenga & Dunker, 2004; Alvarenga et al. 2011 Características adicionais da bulimia nervosa • Ingerir alimentos com alto teor cal ó rico durante epis ó dios de compulsão alimentar • Interrup ç ã o do epis ó dio por falta de alimento, sensa ç ã o de plenitude f í sica ou dor abdominal, auto-avers ã o, cansa ç o ou interrupção social • Manobras para compensar a ingestão caló rica elevada, como por exemplo, mastigar e cuspir antes mesmo de deglutir os alimentos • Estoque de alimentos em locais estranhos Alvarenga & Dunker, 2004; Alvarenga et al. 2011 Características adicionais da bulimia nervosa • Peso corporal igual ou acima do mínimo normal • Erosão no esmalte dos dentes • Calos nas articulações dos dedos • Hipertrofia das parótidas • Desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos Grave, 2011; Borges et al. 2006 Quadro clínico da bulimia nervosa • Impulsivos e críticos • Mais ativos sexualmente que os anoréxicos • Pensamento dicotomizado “tudo ou nada” • Consumo excessivo de álcool Alvarenga et al. 2011 Traços de personalidade da bulimia nervosa Morris, 2007 Os episódios de compulsão alimentar ocorrem às escondidas e são acompanhados de sentimentos de intensa vergonha, culpa e desejos de autopunição. Quantidade de calorias ingerida por episódio varia entre 2 - 10 mil. Outras informações relevantes Padrão e atitude alimentar no transtorno compulsivo alimentar Duchesne, 1995; Alvarenga et al. 2011; Alvarenga & Dunker, 2004 ESTRUTURA ALIMENTAR É CAÓTICA Perda de controle em um episódio específico Episódios menores repetidamente Os episódios de compulsão são acompanhados de sentimentos de angústia, vergonha, culpa. • A maioria apresenta algum grau de obesidade • Autoavaliação negativa • Sintomas depressivos • Prejuízo afetivo e social • Relatam intensa insatisfação corporal • Não apresentam distorção da imagem corporal • Hábito de realizar dietas e restringir a alimentação, é posterior aos episódios de compulsão • Não utilizam métodos compensatórios após o episódio de compulsão alimentar Alvarenga et al. 2011 Características adicionais do transtorno compulsivo alimentar Clinical Practice Guideline for Eating Disorders, 2009 Ocorre em homens e mulheres na faixa de 25 – 55 anos. Estudos sugerem que eventos na infância podem contribuir para o desenvolvimento do distúrbio. Outras informações relevantes Grupo Especializado em Nutrição, Transtornos Alimentares e Obesidade, 2019 • Obesidade e problemas de saúde • Estratégias adotadas até o momento, tem sido ineficientes Visão ampliada: a obesidade deve ser considerada juntamente aos transtornos alimentares Tratamento que vise os comportamentos relacionados à alimentação e atividade física e não apenas ao peso. Estigmatização do obeso Grupo Especializado em Nutrição, Transtorns Alimentares e Obesidade, 2019 • Consequências psicológicas da obesidade: estigmatização e preconceito. Indivíduos obesos são percebidos como não-atrativos, preguiçosos, sem força de vontade, menos agradáveis, menos disciplinados, incompetentes, menos saudáveis, menos confiantes, como piores trabalhadores e como responsáveis por sua condição. Estigmatização do obeso Grupo Especializado em Nutrição, Transtornos Alimentares e Obesidade, 2019 Comprometimento dos cuidados de saúde para os pacientes obesos. A estigmatização aumenta a culpa e o risco de compulsões alimentares, diminui a adesão a tratamentos de longo prazo e mudanças no estilo de vida. Diminuir a ênfase em soluções rápidas que assumem que o indivíduo, isoladamente, seja capaz de responder às complexas questões associadas à obesidade e criar intervenções práticas, acessíveis e sustentáveis Tratamento dos transtornos alimentares • Profissionais com experi ê ncia na á rea de transtornos alimentares • Equipe mínima: médico psiquiatra, psicó logo, nutricionista e endocrinologista • Equipe de apoio: educador f í sico, terapeuta ocupacional e assistente social APA, 2000; ADA, 2011 ABORDAGEM MULTI E INTERDISCIPLINAR Deve ser construída boa relação entre o paciente e toda a equipe terapêutica, já que o indivíduo deve sentir-se seguro e ter confiança nos profissionais que o acompanham. APA, 2000; ADA, 2011 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Antidepressivos Antipsicóticos Estimulantes do apetite Outras drogas psicoativas (topiramato, lítio e atomoxetina). Clinical Practice Guideline for Eating Disorders, 2009 o Atenção psicoterápica: ponto central do tratamento. Principais técnicas psicológicas • Terapia cognitivo-comportamental: amplia a capacidade de tolerar os pensamentos negativos sobre a imagem corporal e o ato de comer • Terapia de autoajuda e autoajuda guiada • Terapia interpessoal; terapia familiar (sist ê mica ou n ão especificada) • Terapia psicodinâmica e terapia comportamental. Clinical Practice Guideline for Eating Disorders, 2009 TRATAMENTO PSICOLÓGICO • Objetivo: facilitar a recuperação física e psicológica, encorajar o ganho (ou perda) de peso por meio de h á bitos alimentares saudáveis e reduzir outros sintomas associados. • Anorexia nervosa: o indiv í duo deve ser orientado quanto às mudan ç as comportamentais relacionadas à forma f í sica e ao medo intenso do ganho de peso. Duração: mínimo de 6 meses quando realizado em pacientes ambulatoriais e 12 meses para pacientes hospitalizados. Clinical Practice Guideline for Eating Disorders, 2009 TRATAMENTO PSICOLÓGICO A família é pilar importante para o sucesso do tratamento. • Atenção especial com a família do paciente: comportamentos e atitudes que possam atrapalhar o tratamento; possibilidade de terapia familiar. • Muitas vezes os próprios pais negam a ocorrência da doença em seus filhos n ã o aceitando o comportamento alimentar inadequado dos mesmos. Clinical Practice Guideline for Eating Disorders, 2009 TRATAMENTO PSICOLÓGICO • Encontros com a família: função de suporte, acolhimento a todas as dúvidas relacionadas à doença, além de estabelecer relação de parceria com a equipe. • O ato de envolver a família ativamente no tratamento, por meio da observação e controle das refeições, fortalece a família como um todo, modificando a sua dinâmica, que na maioria das vezes é conturbada. Clinical Practice Guideline for Eating Disorders, 2009 TRATAMENTO PSICOLÓGICO “Visão mais ampla da nutrição e habilidade diferenciada por parte do profissional”. “Habilitado para trabalhar as questões relativas à alimentação e peso corporal”. Latterza et al., 2004 NUTRICIONISTA COMO TERAPEUTA NUTRICIONAL TRATAMENTO NUTRICIONAL Atribuições: •Conhecer os sinais, sintomas e caracter í sticas t í picas dos transtornos alimentares •Estimar e determinar meta de peso apropriada •Propor modifica ç õ es no consumo, na estrutura e nas atitudes alimentares •Ensinar sobre a alimentação saudável baseada em equilíbrio •Dar suporte durante as novas atitudes alimentares •Conectar aspectos psicológicos (emoções) e nutricionais (atitudes alimentares) Alvarenga et al. 2011 NUTRICIONISTA COMO TERAPEUTA NUTRICIONAL “Um encontro entre duas pessoas para examinar com atenção, olhar com respeito, e deliberar com prudência e justeza, sobre a alimentação de uma delas” Motta, 2009 Processo de suporte para estimular a responsabilidade para o auto cuidado ACONSELHAMENTONUTRICIONAL • Requer que o terapeuta nutricional n ã o se prenda a regras rígidas, como a prescrição de dietas. • Dietas s ã o contraindicadas, uma vez que est ã o entre os principais fatores etiol ó gicos precipitantes dos transtornos alimentares e podem atuar como fator mantenedor dos sintomas. Alvarenga et al. 2011 PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO NUTRICIONAL • O terapeuta nutricional deve estabelecer metas individuais com o paciente. • Metas s ã o semanais e devem ser avaliadas a cada consulta, atender à s necessidades mais urgentes do paciente, mas que considerem a capacidade do paciente em alcançá-la no momento. O objetivo é que ocorram mudanças graduais rumo à melhora. Alvarenga et al. 2011 PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO NUTRICIONAL • O peso ideal deve ser discutido com base na amplitude da variação de adequação, na compleição física e histórico de peso e deve ser determinado em função da saúde e não de padrões de beleza ou exigência pessoal. • Peso ideal: aquele alcan ç ado naturalmente, com a suspens ão das práticas restritivas, compulsivas e purgativas. • Avalia ç ã o nutricional e hist ó ria alimentar do paciente: para conhecimento do comportamento alimentar e direcionamento das metas nutricionais. Alvarenga et al. 2011 PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO NUTRICIONAL Orientação para a família Alvarenga et al. 2011 Diminuição das frustrações no horário das refeições, orientação das famílias em relação a não fazer comentários sobre o peso e nem manter grandes estoques de alimentos, permanecer junto ao paciente que utiliza purgações logo após as refeições de modo a evitar que ele as faça. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO NUTRICIONAL Alvarenga et al. 2011 Baseada na história dietética, dados laboratoriais e avaliação antropométrica. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL EM TRANSTORNOS ALIMENTARES Anamnese nutricional Dados básicos Nome completo:_____________________________________ Data de nascimento: _______ Idade:____________ Estado civil:______________ Escolaridade: _____________ Profissão:____________ Com quem mora:_____________ Dados de saúde Doença pregressa:____________________ Tratamentos já realizados:_________________________ Medicamentos/suplementos:______________________ História da doença atual: _______________________ Alterações gastrointestinais:_________________ Alterações endócrinas:_____________________ Ingestão hídrica (quantidade e líquido consumido):__________________ Funcionamento intestinal e diurese (uso de laxantes e diuréticos):_______________ Oscilações de peso:____________________ Alvarenga et al. 2011 Anamnese nutricional Atividades diárias Horário de trabalho:__________ Horário de estudo:___________ Atividade física (tipo, frequência, duração):___________ Qualidade do sono:______________________________ História alimentar Rotina/horários:_________________________ Hábito alimentar: Desjejum: Colação: Almoço: Lanche da tarde: Jantar: Ceia: Alvarenga et al. 2011 Anamnese nutricional Alimentos relacionados à compulsão/frequência:_______________ Métodos compensatórios:____________________ Períodos de restrição:_______________________ Consumo alimentar aos finais de semana:_____________________________ Compras de alimentos: (local, frequência, responsável):__________________ Restrições alimentares (crença, aversão, intolerância e alergia alimentar): __________ Alvarenga et al. 2011 • Como era seu peso e alimentação na infância? • Como voc ê se sentia em rela ç ã o ao seu peso e alimenta ç ão naquela época? • Na infância, você sofria provocações ou pressões da família ou amigos em rela ç ã o ao seu peso? Como voc ê se sentia em relação a isso? • Voc ê fez tratamentos para ganhar ou perder peso na infância? Qual(is)? Como você se sentia na época? Alvarenga et al. 2011 Histórico de peso e alimentação na infância • Como foi a passagem da inf â ncia para a adolesc ê ncia? Que modificações você sentiu no seu corpo? Como se sentiu? • Com quantos anos teve a menarca? • Qual é o peso m í nimo para manter seus ciclos menstruais regulares? (para anorexia nervosa) • As altera ç õ es no peso e corpo durante a puberdade fizeram- no(a) mudar a sua alimentação de alguma forma? Como? Alvarenga et al. 2011 Histórico de peso e alimentação na adolescência •Na adolescência, você sofria provocações ou pressões da família ou amigos em rela ç ã o ao seu peso? Como voc ê se sentia em relação a isso? •Voc ê fez tratamentos para ganhar ou perder peso na adolescência? Qual(is)? Como você se sentia na época? •Descreva as dietas que já fez para perda de peso. Qual era seu peso na época e o peso mínimo atingido? Em quanto tempo este peso foi atingido? Alvarenga et al. 2011 Histórico de peso e alimentação na adolescência • Como você avalia o hábito alimentar da sua famí lia? Você costuma julgar o hábito alimentar das outras pessoas? • Algo o(a) incomoda a respeito de sua alimentação? Quando percebeu que havia algo incomum a respeito de sua alimentação? • Como variou a prática de atividades físicas ao longo da vida? Por que motivo voc ê escolhe determinada atividade f ísica? Você gosta de praticar atividade física? • Como você vê o seu corpo? Sente-se satisfeito(a) com ele? Alvarenga et al. 2011 Peso e alimentação atuais •Seus sentimentos em relação ao seu corpo interferem na sua vida pessoal? •Qual é o peso que você imagina ser o ideal para você? Você já o atingiu alguma vez? •Qual foi o peso que manteve por mais tempo? •Você costuma pesar-se com frequência? Alvarenga et al. 2011 Peso e alimentação atuais Como avaliar a estrutura e a atitude alimentar nos transtornos alimentares? Aplicação de Recordatório de 24horas e Questionário de Frequência de Consumo Alimentar é ineficaz Alvarenga et al. 2011 CONSUMO ALIMENTAR É CAÓTICO E VARIÁVEL • Avaliação constante do paciente • Instrumento de auto monitoração • Símbolo da relação entre o terapeuta nutricional e o paciente Alvarenga & Larino, 2002 DIÁRIO ALIMENTAR Diário alimentar para anorexia nervosa e bulimia nervosa Alvarenga & Larino, 2002 Data Refeição e Horário Local Alimentos e bebidas Quantidade consumida Episódios de compulsão Purgação Sentimentos e comentários Diário alimentar para transtorno compulsivo alimentar Alvarenga & Larino, 2002 Data Refeição e Horário Local Alimentos e bebidas Quantidade consumida Episódios de compulsão Grau de fome (0-10) Grau de saciedade (0-10) Refeição planejada: sim ou não Sentimentos e comentários Alvarenga & Larino, 2002 Simulação de porcionamento de alimentos, réplicas de alimentos, diferentes tamanhos de utensílios. TREINAMENTO PARA USO DE DIÁRIO ALIMENTAR Avaliação nutricional em transtornos alimentares Utilizados para acompanhamento dos transtornos alimentares Exames solicitados: • Hemograma, lipidograma, glicemia de jejum, hemoglobina glicada, albumina e proteínas totais, Na, K, ferro, transferrina, ferritina, c á lcio, vitamina D, vitamina B12, zinco, TSH e T4 livre, função renal e função hepática Borges et al. 2006 Dados laboratoriais Deve ser realizada com adaptação e cautela para o acompanhamento da evolução do quadro clínico •Peso e altura (para cálculo do IMC), aferição das dobras cutâneas, bioimpedância •Circunferência abdominal •As medidas antropométricas serão utilizadas como parâmetros de avaliação de saúde •A consulta não pode se tornar um “ritual de medição”. ADA, 2001; Alvarenga et al. 2011 Avaliação antropométrica • Dependendo do est á gio do atendimento e dos objetivos da consulta, as medidas antropom é tricas n ã o necessitam ser repassadas ao paciente, evitando-se comparaç ões com medidas anteriores. Em ambiente ambulatorial, a pesagem deve ser realizada pelo terapeuta nutricional. ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 Avaliação antropométrica • Anorexia nervosa: pacientes devem ser pesados com o mínimo de roupa possível e podem ou não terconhecimento do peso, para que saibam que o ganho de peso é gradual, rumo ao peso alvo. • Atenção: é comum o uso de tá ticas como consumir bastante á gua, conter a urina e esconder na roupa ou em si mesmos objetos pesados - devem ser avaliados usando roupas leves. Alvarenga et al. 2011 Avaliação antropométrica • Bulimia nervosa ou transtorno compulsivo alimentar: pacientes podem ser pesados quinzenalmente, de costas para o leitor da balança, para evitar que angústias e preocupação excessiva com alterações de peso, interfiram nas mudanças de comportamento alimentar propostas. Alvarenga et al. 2011 É importante pedir ao paciente que não se pese fora do consultório. Avaliação antropométrica Pesar-se frequentemente é estratégia eficaz para prevenir o ganho de peso? • Sofre influência de vários fatores (hidratação, funcionamento intestinal, clima, atividade física diária) • Oscilação diária é esperada Grupo Especializado em Nutrição, Transtornos Alimentares e Obesidade, 2018; Rohde et al. 2018 Pesagem frequente pode, por consequência da oscilação diária de peso, levar a insatisfações e frustrações que influenciarão no comportamento alimentar Peso corporal Evidências mostram que pesar-se frequentemente está associado a ganho de peso no futuro • Aconselhamento nutricional • Educação nutricional e planejamento alimentar • Trabalho com imagem corporal Atendimento individual: sessões em que o terapeuta nutricional atende o paciente e realiza avalia ç ã o, aconselhamento, educação nutricional e estabelece o planejamento alimentar Atendimento em grupo Alvarenga et al. 2011 Componentes da terapia nutricional em transtornos alimentares Alvarenga et al. 2011 Os pacientes não devem ser julgados ou punidos pelo conteúdo do diário, que deve ser preenchido sempre, principalmente nos momentos mais difíceis. O diário é uma forma do paciente “estender o atendimento, levando o terapeuta nutricional consigo” Preenchimento do diário alimentar • Utilizada para aumentar a motivação intrínseca do paciente • Conversa colaborativa • Comunicação empática • Fornecimento de possibilidades para o processo de mudança • Corresponsabilização Uma das bases teóricas do processo de aconselhamento nutricional Alvarenga et al. 2018 Entrevista motivacional • Pré-contemplação: o indivíduo não vê motivos e não tem intenção de mudar. Desmotivado e resistente às orientações • Contemplação: o indivíduo está ciente de que o problema existe, pensa em mudar, mas está ambivalente (prós e contras) • Preparação: indivíduo tem intenções de realizar mudanças; já observa-se pequenas mudanças de comportamento • Ação: o indivíduo tem modificado seu comportamento no período inferior a 6 meses, superando barreiras antes percebidas • Manutenção: o indivíduo se esforça para prevenir recaídas e consolidar a mudança obtida Alvarenga et al. 2018 Estágios de mudança • Como você se sente em relação a sua alimentação atual? Já pensou em realizar alguma mudança na sua alimentação? Por quais razões você gostaria de mudar a sua alimentação atual? • Você já realizou mudanças alimentares? Caso sim, elas foram mantidas? Por quanto tempo? Que dificuldades você encontrou nesse processo de mudança? Como você lidou com elas? • O que pode atrapalhar a sua mudança? Que situações tornariam a mudança ainda mais difícil? O que você faz agora e o que você poderia fazer quando se defrontar com essas barreiras? Quem poderia ajudá-lo a lidar com isso? Como? • O que voc ê deseja mudar na sua alimenta ç ã o agora? O que voc ê pode fazer antecipadamente para garantir que conseguirá realizar e manter essa mudança? Alvarenga et al. 2018 Entrevista motivacional Regime ambulatorial • Terapia nutricional semanal individual para anorexia nervosa e semanal - quinzenal para bulimia nervosa e transtorno da compulsão alimentar, especialmente no início do tratamento • O paciente mantém as atividades diárias • Bons resultados quando existe colaboração familiar • Estabelecimento de contrato com todas as orientações e metas nutricionais propostas MODALIDADES DE TRATAMENTO ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 Internação parcial - Hospital Dia •Atendimento mais intensivo que o ambulatorial •Indicação: paciente não preenche critérios ou está muito resistente à internação completa •Bons resultados: 5 dias por semana/8 horas por dia •Todas as refeições principais são realizadas no hospital ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 MODALIDADES DE TRATAMENTO Internação hospitalar completa •Melhores resultados quando o local é especializado no tratamento de transtornos alimentares • Anorexia nervosa: maior índice de internação • Bulimia nervosa: indica ç õ es para interna ç ã o s ã o raras (comorbidades psiquiátricas e ideação suicida) ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 MODALIDADES DE TRATAMENTO Tratamento nutricional da anorexia nervosa • Recuperação do peso e do estado nutricional • Minimizar o risco de complicações clínicas ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 OBJETIVOS MELHORA COGNITIVA • Melhorar a estrutura, consumo e atitudes alimentares • Minimizar e eliminar as pr á ticas inadequadas para perda de peso • Reintroduzir alimentos excluídos da alimentação • Normalizar a percepção de fome e saciedade • Amenizar (ou eliminar) os distúrbios de imagem corporal ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 METAS ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 TRATAMENTO NUTRICIONAL Peso minimamente saudável: IMC 18.5 kg/m2 ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 TRATAMENTO NUTRICIONAL Somente a recuperação do peso não deve ser indicador isolado de recuperação e o ganho de peso forçado, sem o suporte e aconselhamento psicológico e nutricional é contraindicado ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 TRATAMENTO NUTRICIONAL • Peso inferior a 75% do ideal • Recusa a comer • Frequência cardíaca < 40 bpm • Pressão sanguínea < 90/60 mm Hg • Glicemia < 60 mg/dL • Hiponatremia, hipocalemia e hipofosfatemia • Desbalanço eletrolítico (desidratação e hiper-hidratação) CRITÉRIOS CLÍNICOS PARA INTERNAÇÃO DE ADULTOS ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 •Temperatura corporal < 36°C •Comprometimento cardiovascular, hepático e renal •Vômitos incontrol á veis ou algumas das suas complicaç ões (rotura gástrica, hematêmese) •Pancitopenia (leucócitos < 1500/mm3; neutrófilos < 1000/mm3; plaquetas < 50000/mm3) ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 CRITÉRIOS CLÍNICOS PARA INTERNAÇÃO DE ADULTOS • Peso inferior a 75% do ideal ou diminuição aguda do peso • Recusa a comer • Frequência cardíaca: 40 a 49 bpm • Hipotensão ortostática • Aumento de 10-20mmHg após mudança postural • Pressão sanguínea < 80/50mmHg • Hiponatremia, hipocalemia e hipofosfatemia ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 CRITÉRIOS CLÍNICOS PARA INTERNAÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES • Suicídio - intenção ou planejamento • Distúrbio psiquiátrico que necessite de hospitalização • Pobre motivação para se recuperar • Ausência de cooperação para o tratamento • Necessidade de supervisão durante e após as refeições e nos banheiros • Presença de fatores de estresse adicional interferindo com a capacidade de comer (por exemplo, doenças intercorrentes) • Instabilidade do peso OUTROS CRITÉRIOS PARA INTERNAÇÃO ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 • Fase 0: Estabelecer relação colaborativa e recuperar as complicações agudas. Duração: 7 a 10 dias • Fase I: Realimentação progressiva: ganho gradual de peso • Fase II: Alcançar o peso-alvo • Fase III: Estabilização e manutenção do peso-alvo • Fase IV: Alta hospitalar: programa terapêutico FASES DA HOSPITALIZAÇÃO ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 Prescrição calórica inicial/dia = 500 – 700 kcal/dia, dependendo do peso corporal e da ingestão alimentar prévia TRATAMENTO NUTRICIONAL Alimentação por via oral é a primeira escolha; é importante manter a experiência com o alimento APA, 2006; ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 Estimativas: • 30 a 40 Kcal/Kg peso corporal atual/dia (Fase I)• 70 a 100 Kcal/Kg de peso corporal atual/dia (Fase II) • 40 a 60 Kcal/Kg peso corporal atual/dia (Fase III) - ajuste de 200 a 300 Kcal/dia, a cada 24-48 horas TRATAMENTO NUTRICIONAL APA, 2006; ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 Distribuição: • Proteínas: 0,8 a 1,2/Kg de peso atual • Carboidratos: 50 a 55% do valor energético total • Lipídios: 20 a 25% do valor energético total • Fibras: oferta aumentada com cautela (preferencialmente as solúveis) • Líquidos: 0,8 a 1,2 mL/Kcal oferecida • Vitaminas e Minerais: RDA TRATAMENTO NUTRICIONAL ADA, 2011; Alvarenga et al. 2011 Avaliar uso de suplementos hipercalóricos e hiperproteicos. Objetivos • Melhorar o estado nutricional e mental, em casos de desnutrição severa, principalmente quando falha a ingestão oral de alimentos. • Indica ç õ es raras: risco de complica ç õ es, piora do quadro psíquico e envolvimento de questões éticas. Neiderman, et al. 2000; Alvarenga et al. 2011; Borges et al. 2011 SUPORTE NUTRICIONAL ENTERAL Indicações na anorexia nervosa • IMC < 13 kg/m2 associado à perda de peso > 10% nos últimos 15-30 dias • IMC < 13 kg/m2 associado ao quadro de desidrata ç ã o e alteração eletrolítica • IMC < 15 kg/m2 associado ao quadro de hipotensão e perda de consciência Neiderman, et al. 2000; Alvarenga et al. 2011; Borges et al. 2011 SUPORTE NUTRICIONAL ENTERAL Alvarenga et al. 2011; Borges et al. 2011 Atentar para os sinais da síndrome de realimentação causada pela excessiva e rápida realimentação após a privação de ingestão calórica (aguda ou crônica). Desequilíbrio hidroeletrolítico, caracterizado clinicamente por alterações neurológicas, sintomas respiratórios, arritmias e falência cardíaca Monitorar •Ingestão calórica •Mudan ças eletrolíticas •Retenção hídrica •Ganho de peso SUPORTE NUTRICIONAL ENTERAL • Estabelecer a densidade energética • Escolher a via de acesso • Escolher a f ó rmula enteral: polim é rica, iso-osmolar, hipolipídica e isenta de fibras (importante individualizar) • Técnica de infusão: contínua com bomba de infusão ou cíclica noturna • Velocidade de infusão: iniciar em 20 mL/h, progredir para 40 mL/h, conforme tolerância • Preferencialmente associada à alimentação por via oral Alvarenga et al. 2011; Borges et al. 2011 SUPORTE NUTRICIONAL ENTERAL • Somente utilizada na presen ç a de disfun ç ã o do trato gastrointestinal ou quando o paciente n ã o responde ao tratamento convencional • Complica ç õ es: Infec ç ã o, perfura ç õ es, hemot ó rax e pneumotórax. Alvarenga et al. 2011; Borges et al. 2011 SUPORTE NUTRICIONAL PARENTERAL • Propor o preenchimento do diário alimentar • Estabelecer planejamento diet é tico inicial individualizado (n ão abordar sobre valor calórico), com refeições regulares • Iniciar tendo como base aquilo que o paciente está consumindo no momento (criar metas graduais) • Estimular a diversidade, propor cardápios organizados de acordo com medidas caseiras Alvarenga et al. 2011 PROPOSTA INICIAL • Alimentos muito fibrosos e l í quidos devem ser consumidos no final das refeições principais • Avaliar sintomas de má digestão e fermentação excessiva (avaliar a utilização de prebióticos e probióticos, mix de enzimas digestivas) • Avaliar constipação, estimular o consumo hídrico • Desestimular o consumo exagerado de alimentos diet e light • Estimar tempo adequado para realizar as refei ç õ es (evitar mastigação exaustiva) Alvarenga et al. 2011 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS • Orientar sobre o comportamento alimentar: comer sentado à mesa, não contar calorias, não pesar alimentos • Esclarecer sobre mitos e crenças disfuncionais sobre alimentação saudável • Orientar a supervisão da famí lia em relação a alimenta ç ão do paciente (em fases iniciais, a família pode ser a responsável por preparar o prato do paciente) Alvarenga et al. 2011 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS •Solicitar lista com alimentos “ proibidos ” e exclu í dos da alimentação e incluí-los aos poucos •Comer social (restaurantes, festas, flexibilização). Alvarenga et al. 2011 PROPOSTA AVANÇADA Grupo educativo em anorexia nervosa Promover orientação alimentar e estabelecer estrutura alimentar adequada. Alvarenga et al. 2011 Sessões O que é anorexia nervosa? Objetivo: caracterizar a anorexia nervosa, entender o papel da restri ç ã o alimentar como sua iniciadora e perpetuadora; conhecer as complica ç õ es cl í nicas decorrentes da mesma. Alimentos e nutrientes: Objetivo: ressaltar a importância da alimentação sem restri ç õ es. Desmistificar cren ç as alimentares, utilizar guias de alimentação saudável e estimular a variação alimentar. Consequências dos métodos compensatórios e manutenção do peso corporal saud á vel: Objetivo: ressaltar os malef í cios dos m étodos compensatórios e abordar sobre a diferença entre “peso ideal” e peso corporal saudável. Alvarenga et al. 2011 Sessões Imagem corporal: Objetivos: definir imagem corporal e insatisfação corporal; distúrbios de imagem corporal “Quanto mais desnutridos os pacientes estão, mais pensam em peso e corpo; os pensamentos melhoram quando eles estão mais bem nutridos e alimentando-se melhor”. Padrões de beleza e dietas da moda: Objetivos: discutir os padrões de beleza dos dias atuais/dietas da moda e sua rela ç ã o com a anorexia nervosa Alvarenga et al. 2011 Caso clínico de anorexia nervosa Identifica ç ã o: Paciente A, 17 anos, DN: 15/08/1997, negra, solteira, natural e procedente de Valença, ensino médio incompleto (2 º ano), católica, nunca exerceu atividade laborativa. Motivo da interna ç ã o: Paciente foi internada em um Hospital de Valença-MG em 13 de fevereiro de 2015 devido a hipoglicemia grave, com perda de consciência. Dia 26 de fevereiro de 2015, foi transferida para hospital de refer ê ncia, iniciando o tratamento ambulatorial com IMC de 13,99kg/m2. Queixa principal: Não formula. História da doença atual: Início da restrição alimentar há cerca de 1 ano, 2 meses após participar de seleção para modelo. Ficava até 48 horas sem comer, quando se sentia muito mal comia bolachas para “ melhorar ”. Desde o in í cio do quadro teve 3 interna ç õ es em servi ç os cl í nicos de Valença por complicações da desnutrição. Nega métodos compensatórios como vômitos e refere uso de laxantes (1 vez a cada 15 dias). Dist ú rbio de imagem corporal: A paciente diz que se sente como se estivesse gorda e isso lhe causa ang ú stia. Controlava o seu volume corporal vestindo roupas justas ou se medindo com as mãos. Sem crítica de sua morbidade: Quando confrontada sobre os riscos em relação ao seu estado nutricional, diz preferir correr tais riscos do que ganhar peso. Refere que o maior peso que aceita atingir é 40 Kg. História patológica pregressa: Nega comorbidades psiquiátricas e clínicas. Hist ó ria familiar: Pai com hist ó ria de alcoolismo (com quem tem pouco contato), desconhece história de transtorno psiquiátrico na família. Histó ria fisiológica: Marcos do desenvolvimento normais, tendo menarca aos 14 anos, seguida de amenorreia. Psicopatologia: Atitude: pouco cooperativa, pensamento (curso e forma sem alterações), conteúdo: distúrbio da imagem corporal; ideias prevalentes sobre peso e magreza; medo mórbido de engordar Diagnóstico: Transtorno alimentar: anorexia nervosa. Recomendações de tratamento: nível de cuidado: Hospitalar Planejamento terapêutico geral: Tratamento em regime de internação completa com equipe multidisciplinar. Objetivos do tratamento: – Reestabelecer o estado nutricional – Retirar a paciente do risco clínico imediato – Atenuar psicopatologia alimentar para iniciar acompanhamento em nível de cuidado ambulatorial 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evoluçãodo IMC Semanas IM C Semana 1: IMC: 14kg/m2) Protocolo: Alimentação via oral (500kcal) + suplementação proteico-calórica (200kcal) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 3: IMC: 13.23kg/m2) Protocolo: Alimentação via oral (700kcal) + suplementação proteico-calórica (300kcal) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 1 – Semana 5 -Acordos alimentares / “Contrato” -Aceitação inferior a 30% da alimentação via oral Perda ponderal de 2kg – IMC: 12,8kg/m2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 5: Início da Alimentação via SNG (300mL no período noturno – 450kcal) + alimentação via oral (1000kcal) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 7: 2 Semanas de SNG: IMC: 12,6 kg/m2 ↑ da NE: 500mL (750kcal) + alimentação via oral (1300kcal): VET total: 2050kcal Grandes desafios na manutenção do suporte nutricional 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 7 – Semana 11: 6 Semanas de SNG - Ganho ponderal de (5,9kg) IMC: 14,6kg/m2 Aceitação de 60% da alimentação via oral 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 11: 6 Semanas de SNG Interrupção da administração da alimentação via CNE Alimentação via oral (2250kcal) + suplemento hipercalórico (300kcal): VET total: 2550kcal 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 15: Retorno da SNG Peso: 41,5kg IMC: 13,8kg/m2 2000mL – 3000kcal (contínua) + alimentação via oral (1000kcal) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 18: Ganho ponderal de 2,8kg Peso: 45,9 kg IMC: 15,3 kg/m2 Interrupção da SNG (sinusite) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 20: Retorno da SNG Peso: 45,9 kg IMC: 15,3 kg/m2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 11 12 13 14 15 16 17 13,99 13,39 13,23 13,06 12,84 12,99 12,66 13,33 13,83 14,1 14,63 14,7 14,46 13,99 13,88 13,88 14,18 15,33 15,3 15,38 16,33 15,97 16,03 Evolução do IMC Semanas IM C Semana 23 Peso: 48 kg IMC: 16,0 kg/m2 Melhora da aceitação da alimentação Variabilidade alimentar Alta 28/07/2015 04/08/2015 11/08/2015 18/08/2015 25/08/2015 01/09/2015 08/09/2015 15/09/2015 22/09/2015 10 11 12 13 14 15 16 17 18 16,33 16,23 16,3 16,37 16,73 17,17 16,9 16,97 16,9 semanas IM C -Estabilidade do peso -IMC próximo a 17kg/m2 -Evoluiu com aceitação parcial da dieta. -Mantem adesão às consultas nutricionais, com frequência semanal. EVOLUÇÃO NO PÓS-ALTA Tratamento nutricional da bulimia nervosa • Estabelecer bom estado nutricional • Mudanças de atitudes em relação aos alimentos e nutrição Alvarenga et al. 2011 OBJETIVOS • Minimizar e cessar o ciclo restrição – compulsão - purgação • Melhorar a estrutura, consumo e atitudes alimentares • Normalizar a percepção de fome e saciedade • Normalizar as fun ç õ es do trato gastrointestinal (esvaziamento gástrico lento, plenitude gástrica, constipação) • Planejar expectativa de peso viável e saudável Alvarenga et al. 2011 METAS Alvarenga et al. 2011 TERAPIA NUTRICIONAL • Menos restritivo e mais flexível • Não é necessário calcular o valor energético • Importante traçar metas semanais • Refeições com maior aporte de fibras e proteína nos horários habituais da compulsão Alvarenga et al. 2011 PLANEJAMENTO ALIMENTAR Alvarenga et al. 2011 PROPOSTA INICIAL Alvarenga et al. 2011 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS Comer exageradamente é comer compulsivamente? Alvarenga et al. 2011 • Estimular a hidratação adequada • Aumentar a oferta de fibras sol ú veis e insol ú veis (avaliar a utiliza ç ã o de prebi ó ticos e probi ó ticos, mix de enzimas digestivas) • Esclarecer sobre mitos alimentares e ineficiência das dietas da moda (orientar que o paciente se desfa ç a de revistas e livros relacionados à dieta) • Orientar sobre redu ç ã o do consumo exagerado de alimentos diet e light Alvarenga et al. 2011 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS Alvarenga et al. 2011 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS • Reintroduzir os alimentos “ proibidos ” de forma gradativa e lenta • Planejar uma refei ç ã o fora (restaurante) ou em uma festa/evento Alvarenga et al. 2011 PROPOSTA AVANÇADA Grupo educativo em bulimia nervosa Promover orientação alimentar para eliminação do ciclo restrição – compulsão – purgação e estabelecer estrutura alimentar adequada. Alvarenga et al. 2011 Sessões Restri ç ã o alimentar: Objetivo: entender o papel da restri ç ão alimentar como iniciadora e perpetuadora da bulimia nervosa e que não adianta apenas substituir “uma dieta restritiva inadequada” por uma “dieta restritiva adequada”. Digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes: Objetivo: Conhecer a digestão dos alimentos, a absorção dos nutrientes e os efeitos negativos das purgações. Conceitos de fome, apetite e saciedade: Objetivo: Definir e diferenciar fome, apetite e saciedade, e entender como esses sistemas reguladores atuam no controle do comportamento alimentar e do peso corporal. Alvarenga et al. 2011 Sessões Como comer “ fora ” e em festas: Objetivo: Aprender a comer em festas e em eventos sociais. Peso saudável: Objetivo: Diferenciar o peso “socialmente desejável” do peso poss í vel e saudável. Associar o peso à saúde e n ão à estética ou ao valor pessoal. Alvarenga et al. 2011 Caso clínico de bulimia nervosa Identificação: T.S.S., sexo feminino, 30 anos, solteira, advogada. Queixa principal:“ Estou muito insatisfeita com o meu peso. Mesmo seguindo dieta rígida, não consigo alcançar o peso ideal”. Histó rico do transtorno. Relata ter histó rico de “briga com a balança desde a adolesc ê ncia ” , tendo iniciado uma dieta restritiva por conta pr ó pria h á cerca de 3 anos. Basicamente se alimentava de l íquidos (caldos, refrescos) de segunda à quinta, intercalando com jejum de 8- 12h, mas n ã o conseguia manter a restri ç ã o aos finais de semana, quando costuma apresentar mais de 10 epis ó dios de compuls ão alimentar (consumo de aproximadamente 800 kcal/episódio), seguidos por v ô mitos auto induzidos. Costuma reiniciar as restri ç õ es toda a segunda-feira. Exame físico: peso: 75kg, altura: 1.65m, IMC: 27.54 kg/m2 Tratamento multidisciplinar: A paciente iniciou acompanhamento psiqui á trico, psicol ó gico e nutricional. Foram estabelecidas metas nutricionais: iniciar preenchimento do diário alimentar, diminuir o tempo de jejum di á rio, introduzir duas refei ç õ es s ó lidas/dia, minimizar os episódios de compulsão alimentar e os vômitos auto induzidos. Evoluão do tratamento: Ao longo de 35 semanas de tratamento, a paciente manteve boa adesão ao preenchimento do diá rio alimentar, diminuiu o tempo de jejum e introduziu o desjejum e o almo ço. Minimizou os episódios de compulsão alimentar para 2/semana, nem sempre seguidos de vômitos auto induzidos, pois desenvolveu melhor rela ç ã o com o alimento, conseguindo comer alimentos que julgava proibido, de forma controlada e prazerosa. O foco não era a perda de peso, mas eliminou 3kg nesse período. Tratamento nutricional do transtorno compulsivo alimentar Alvarenga et al. 2011 • Melhorar o comportamento alimentar • Cessar (ou minimizar) os episódios de compulsão alimentar • Estabelecer atitude alimentar adequada • Manutenção de peso compatível com a saúde (se necessário, auxiliar a perda de peso) • Normalização da percepção de fome e saciedade • Minimizar as sequelas biológicas da obesidade (caso o paciente seja obeso) Alvarenga et al. 2011 OBJETIVOS Alvarenga et al. 2011 PROPOSTA INICIAL Grupo educativo em transtorno compulsivo alimentar Promover orientação alimentar para minimizar (ou eliminar) os episódios de compulsão alimentar Estabelecer estrutura alimentar adequada. Alvarenga et al. 2011 Sessões Percepção de fome e saciedade: Objetivos: Habilitar os pacientes a iniciarem as refei ç õ es e pararem de comer no momento certo, assim como determinar o tamanho das refei ç õ es em fun ç ã o de seus sinais internos de fome e saciedade, e n ã o em fun ç ã o de modelos de dietas da moda ou quantidades preestabelecidas. Alvarenga et al. 2011 Fome homeostática versus fome hedônica Lowe et al. 2016 Lowe et al. 2016 Prazer em nível cerebral: circuito de recompensa cerebral mesolímbico, núcleo accumbens, a área tegmentar ventral e os neurônios dopaminérgicos. Os comportamentos ligados ao sistema de recompensa estão associados à antecipação do prazer: memória de um alimento, estímulo visual, olfatório e/ou auditivo Lowe et al. 2016 Palatabilidade dos alimentos Percepção de fome e saciedade • Fome: sensa ç ã o fisiol ó gica que nos faz procurar e ingerir alimentos para satisfazer as necessidades de nutrientes. • É causada por uma s é rie de sinais, como a diminui ç ã o da quantidade de nutrientes no organismo, por exemplo. • Não é preciso diminuir totalmente o estoque de nutrientes para sentir fome, o organismo é capaz de detectar diminui ç ões mínimas na concentração de nutrientes e gerar sinais de fome. Alvarenga et al. 2011 Percepção de fome e saciedade • Vontade: a ingest ã o de alimentos pode ser estimulada pela hora do dia, pela visão e cheiro dos alimentos ou pelas reuniões sociais. • Fatores emocionais, ambiente social e condicionamento também afetam a ingestão de alimentos. • A vontade também pode ser específica, não apenas por comer, mas, muitas vezes, direcionada a um ou mais alimentos específicos. Alvarenga et al. 2011 Percepção de fome e saciedade • Saciedade: processo inverso da fome, também desencadeado por vários estímulos; o primeiro deles é a mastigação. • A mastiga ção adequada facilita a digest ão, promove conforto gástrico e maior saciedade. • Outro sinal de saciedade é a distensão da parede gástrica. O tempo de perman ê ncia do alimento no est ô mago depende principalmente da sua composi ç ã o e, n ã o simplesmente da quantidade. Quanto mais gordura o alimento possui, maior o tempo necessário para o esvaziamento gástrico. Alvarenga et al. 2011 Percepção de fome e saciedade Alvarenga et al. 2011 FOME SACIEDADE 0 Absolutamente estufado 10 1 Muito cheio 9 2 Cheio 8 3 Começando a sentir desconforto 7 4 Comi demais 6 5 Confortável 5 6 Começando a sentir fome 4 7 Sinais físicos para comer 3 8 Com muita fome 2 9 Faminto 1 10 Fome absurda 0 Percepção de fome e saciedade • Quando a comida chega ao intestino, ocorre a libera ç ã o de hormônios que transmitem ao cérebro informações de que não precisamos comer mais. • Este processo demora algum tempo. São necessários de 20 a 40 minutos para que o cérebro receba essa mensagem. • Assim, quando se come muito r á pido, é preciso comer mais para ficar satisfeito. Além disso, quando fazemos restrições ou ingerimos excessos de alimentos sem fome, esse processo é desregulado. Alvarenga et al. 2011 Percepção de fome e saciedade • É necessário que os sinais internos de fome e saciedade sejam ouvidos e respeitados. • Para melhorar a efici ê ncia da mastiga ç ã o: mastigar os alimentos por mais tempo, usar pratos e talheres pequenos, pousar os talheres na mesa ap ó s cada garfada, fazer breves pausas, 2 ou 3 vezes durante a refei ç ã o, para aumentar as percepções. Melhorando a percepção... Alvarenga et al. 2011 Percepção de fome e saciedade • FOME: nã o é espec í fica. Qualquer alimento que voc ê tenha disponível e goste pode matar a fome. Pergunte-se: eu comeria se a opção fosse um ovo cozido? • O que eu estou sentindo é fome? Alvarenga et al. 2011 Se a resposta for sim: coma em quantidade e qualidade adequadas à refeição. Se a resposta for não, pule para o próximo item. Percepção de fome e saciedade • VONTADEZINHA (fome social): relacionada a uma situa ç ão social. Envolve o contato com o alimento. • Aparece quando o alimento está disponível, vemos sentimos o cheiro ou ouvimos falar do alimento. • Pode fazer com que comamos “no modo automático” ou seja, sem perceber, de forma inconsciente. É aquele amendoim que está em cima da mesa e acabamos pegando, mesmo que sem fome. Alvarenga et al. 2011 Percepção de fome e saciedade • VONTADEZINHA (fome social): O que estou sentindo é vontadezinha? Alvarenga et al. 2011 Se a resposta for sim: avalie se precisa realmente comer. Se possível, não coma, mas se não for possível, coma uma pequena quantidade, com moderação e atenção ao ato de comer. Torne a situação consciente e preste atenção para valorizar o momento e não se sentir culpado depois. Se a resposta for não, pule para o próximo item. Percepção de fome e saciedade • VONTADE: é bem específica, mas não urgente. • Relacionada ao prazer, a sentir o gosto, degustar, apreciar, saborear, preferê ncias. Envolve comer devagar e quantidades não exageradas. • Pode ter um contexto de lembran ç a ou mem ó ria alimentar, vontade de reviver um sabor gostoso, experimentação de algo novo. • O que estou sentindo é vontade? Alvarenga et al. 2011 Se a resposta for sim: coma com prazer! :) Se a resposta for não, pule para o próximo item. Percepção de fome e saciedade •VONTADEZONA (fome emocional): não específica mas envolve a necessidade de comer algo gostoso. •N ã o satisfaz com pequena quantidade, necessita de grande volume e urgência. Pode, às vezes, se originar de um acúmulo de vontades que n ã o foram respeitadas e aceitas porconta do pensamento restritivo. •Dessa forma, algumas vezes acaba-se comendo de forma impulsiva, sem pensar no gosto. •Ao mesmo tempo que se come, podem ocorrer pensamentos como “não era bem isso que eu queria” ou “nada me satisfaz”. Alvarenga et al. 2011 Percepção de fome e saciedade •VONTADEZONA (fome emocional): O que estou sentindo é vontadezona? PARE, SINTA E REFLITA. EMOÇÃO ASSUMIDA NÃO VIRA COMIDA! Alvarenga et al. 2011 Se a resposta for sim: cuidado! Provavelmente o que você precisa não é de comida e deve estar relacionado a um componente psicológico. Caso clínico de transtorno compulsivo alimentar Identificação: M.M.P, sexo feminino, 43 anos, casada, dona de casa. Queixa principal: “não aguento mais comer de forma descontrolada e depois me culpar e sentir vergonha do meu corpo”. Histó rico do ganho de peso: Relata ter começado a ganhar peso de forma progressiva ap ó s o nascimento da segunda filha, h á 8 anos, quando pesava 70kg. Sedentária. Hist ó rico alimentar: Nesses 8 anos, vem tentando realizar dieta por conta própria, refere não sentir fome pela manhã, e mantém o hábito de substituir o almoço por shakes industrializados. Nos últimos 3 anos, relata que, habitualmente, no lanche da tarde e no jantar, quando está sozinha em casa, se alimenta de forma compulsiva e extremamente rápida. Consome doces excessivamente e sente-se muito culpada. Exame f í sico: Peso: 125kg, altura: 1,59m, IMC: 49.4kg/m2, circunferência da cintura: 120cm. Refere sentir-se mal com a aparência. Avaliação alimentar: a avaliação do diário alimentar de uma semana antes do início do tratamento mostrou a ocorrência de 24 episódios de compulsão alimentar, com consumo médio de 3760kcal/dia. De acordo com os grupos alimentares dispostos na pirâmide alimentar brasileira, foram observados elevado consumo de cereais refinados (14 porções) e óleos e gorduras (8 porções), baixo consumo de frutas (0.6 porção) e hortali ç as (0.4 por ç ã o), carnes (1 por ç ã o), leites e derivados (0.3 porção). Tratamento multidisciplinar: A paciente iniciou acompanhamento psiqui á trico, psicol ó gico e nutricional. Foram estabelecidas metas nutricionais: manter preenchimento do di á rio alimentar, diminuir os epis ó dios de compuls ã o alimentar, regularizar os hor á rios das refei ç õ es, n ã o substituir o almo ç o por shakes industrializados, aumentar o consumo de frutas e hortaliças, aumentar o consumo de fibras, melhorar a mastigação e iniciar atividade física leve diariamente. Evoluão do tratamento: Ao longo de 28 semanas de tratamento, a paciente eliminou os episódios de compulsão alimentar e apresentou redução significativa de peso (alcançou 96kg). Passou a apreciar o seu corpo, melhorando o autocuidado e desenvolveu melhor relação com o alimento, conseguindo comer doces de forma moderada e prazerosa, al é m do consumo de 4 por ç õ es di á rias de frutas e hortali ç as e alimentos integrais. Comer transtornado e “neo” transtornos alimentares Não é reconhecido como transtorno alimentar pela OMS: sem tratamento específico. “Orthós” significa correto e “orexsis”, fome Viciados em comida saudável Alvarenga et al. 2011 Ortorexia nervosa • Novo termo descrito como um comportamento obsessivo patológico caracterizado pela fixação por saúde alimentar. • In ício: desejo de melhorar a saúde - grande "autocontrole" para manter hábitos radicais. Martins et al. 2011; Alvarenga et al. 2011 A preocupação com o peso não é a questão central, mas sim o desejo de prevenir ou eliminar sintomas físicos (reais ou exagerados) ou de ser puro, natural. Ortorexia nervosa Características principais: •Fixação em alimentação saudável com definição bastante rígida do que é ser saudável •Costumam resistir às tentações e se enaltecer por isso •Se punem pelos lapsos (jejuns e dietas restritivas, eventuais purgações) •Frequentemente julgam a alimentação das outras pessoas; isolam- se socialmente Martins et al. 2011; Alvarenga et al. 2011 Ortorexia nervosa Fixação com a “qualidade” dos alimentos: •os vegetais foram expostos a pesticidas? •os produtos l á cteos prov ê m de vacas suplementadas com hormônio? •o conteúdo nutricional foi perdido durante o cozimento? •micronutrientes, aromatizantes artificiais ou conservantes foram adicionados? •o alimento pode conter compostos carcinog ê nicos derivados de plástico? •os r ó tulos fornecem informa ç õ es suficientes para avaliar a qualidade de ingredientes espec í ficos) de alimentos que s ão vendidos no mercado? Martins et al. 2011; Alvarenga et al. 2011 Ortorexia nervosa Martins et al. 2011 Martins et al. 2011 • Omiss ã o ou utiliza ç ã o de menos insulina necess á ria ao gerenciamento do diabetes, com o objetivo de perda de peso (quando a bulimia ocorre em pacientes diabéticos) • Diagnóstico difícil: preocupação com a dieta típico do diabetes. Diabetes mellitus tipo 1 e transtornos alimentares Colton et al. 2009; Alvarenga et al. 2011 Sinais e sintomas importantes •Episódios recorrentes de hiperglicemia e/ou hipoglicemias •Flutuações no peso/perda grave ou ganho rápido de peso sem explicações clínicas •Idas frequentes ao banheiro, sobretudo após as refeições •Infecções frequentes •Náuseas e dores de estômago •Problemas dentários (perda do esmalte) •Anemia e outras deficiências vitamínicas Alvarenga et al. 2011 Diabetes mellitus tipo 1 e transtornos alimentares Sinais e sintomas importantes • Início precoce das complicações do diabetes. • Presen ç a de comorbidades psiqui á tricas (depress ão, ansiedade, personalidade borderline) • Pedidos frequentes para mudar o plano alimentar • Insist ê ncia na autoadministra ç ã o de insulina de maneira privada Alvarenga et al. 2011 Diabetes mellitus tipo 1 e transtornos alimentares Tratamento •Tratamento do transtorno alimentar + tratamento do diabetes •Prevenção das complicações do diabetes Alvarenga et al. 2011 Comunicação entre a equipe multidisciplinar Diabetes mellitus tipo 1 e transtornos alimentares Hudson et al. 2007; Alvarenga et al. 2011 1% das gestantes apresentam algum tipo de transtorno alimentar Investigação detalhada pelos profissionais: história do hábito alimentar e peso das gestantes Ausência de ganho de peso em duas consultas seguidas Hiperêmese gravídica Picamalácia descontrolada Pregorexia: Termo utilizado para se referir a mulheres que reduzem as calorias e fazem exercício físico em excesso para evitar o ganho de peso na gestação Gestação e transtornos alimentares Comportamento alimentar inadequado, mas sem preencher critérios diagnósticos para os transtornos alimentares. Segal, 2004; Kalarchian & Marcus, 2005; Alvarenga et al. 2011 •R á pida perda de peso determinada por restri ç ã o alimentar volunt ária, comportamento purgativo, intenso medo de reganho de peso e importante insatisfação com a imagem corporal. •Apresentam sintomas de desnutrição e não apresentam crítica adequada sobre sua morbidez. Dificuldade na adaptação da alimentação/ vômitos incontroláveis. Pressa em atingir a meta de emagrecimento. Transtorno da evitação alimentar pós-cirúrgico Papel do nutricionista no tratamento dos transtornos alimentares Fernanda Timerman, 2018 Papel do nutricionista na prevenção dos transtornos alimentares Alvarenga et al. 2011 Conhecimento científico, postura crítica e visão ampla para ajudar as pessoas a estabelecerem relacionamento saudável com o corpo e com a alimentação. Influência de comportamentos alimentares de crianças e adolescentes ABORDAGEM NUTRICIONAL CUIDADOSA, GENTIL E SENSÍVEL Alvarenga et al. 2011 Abordagem biológica Abordagem biopsicossocial Conceitos de alimentação saudável Alvarenga et al. 2011 Como melhorar a relação com os alimentos? Alvarenga et al. 2011 Comer em família Alvarenga et al. 2011 Resgatar receitas de família Carta de uma paciente com bulimia nervosa em recuperação para o seu corpo Texto extraído do GENTA,2015 “Alguns podem dizer que amor e ódio andam juntos, acho que podemos dizer que concordamos com isso. Te submeti a todo tipo de coisa, algumas extremas e outras nem tanto (...). Idas e vindas com oscilações, nunca soubemos o que era normal ou adequado, já fomos de todas as formas, tamanhos, já comemos de tudo e de nada. Já nos amamos, mas infelizmente passei mais tempo te odiando, transformando tudo de ruim que acontece na minha vida em comida ou na falta dela. Te deixei bem confuso por anos e ainda me sentia traída por cada reação sua, te odiava quando você tinha fome, quando você não era manequim 36. Quando pesamos 70kg, queria 65-60kg, quando estávamos com 50kg, eu chorava e te odiava porque queria entrar na “casinha” dos 40kg. Hoje já não sabemos mais qual é nossa massa (peso corporal) e simplesmente não importa, pois não vai ser esse (espero que nunca mais) o motivo de eu te torturar, de passar fome, de não dormir, de não ser feliz. Ainda de forma cautelosa, comemos alguns legumes felizes e também comemos um belo sorvete felizes também, não atacamos mais os alimentos, não nos torturamos cruelmente mais. Desculpa por tudo que já te fiz passar, por todas as vezes que te torturei, todas as vezes que eu fiz você perder seu equilíbrio, que não te dei valor, que não soube te enxergar. Obrigada por se recuperar, obrigada por ser forte, por continuar vivo, por permitir que eu melhorasse e por ser como você tem que ser. Obrigada por ser exatamente como você é.” Obrigada!
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