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1 A tireóide é uma glândula localizada abaixo da cartilagem cricóide, responsável pela produção de quatro hormônio: tiroxina (T4), tri-iodotironina (T3), T3 reverso e calcitonina. REGULAÇÃO DA SECREÇÃO HORMONAL (TSH) A secreção de TSH pela hipófise é estimulada por um hormônio hipotalâmico, liberador de tireotrofina (TRH), e inibida pelos hormônios tireoidianos. O TSH estimula a liberação de T4 e T3 pela tireóide; por sua vez, a redução dos níveis de T3 e T4 no plasma estimula a secreção de TSH. A dosagem do TSH é considerada a primeira opção para o diagnóstico das disfunções tireoidianas. Anticorpo anti-receptor de TSH (TRAB) Doenças auto-imunes da tireóide (doença de Graves, tireoidite de Hashimoto) podem cursar com a presença de auto-anticorpos contra antígenos citoplasmáticos e de superfície. Os autoanticorpos contra antígenos citoplasmáticos estão associados a dano celular. Os anticorpos anti-receptor de TSH (TRAB) influenciam na função e no crescimento glandulares, exercendo também um papel importante na patogênese. Além da atividade estimuladora, eles podem agir ainda como anticorpos bloqueadores ou promotores do crescimento, levando ao hipotireoidismo ou a bócios endêmicos e esporádicos, respectivamente. Doença de Graves atividade estimuladora Apresentam sensibilidade de 85% e especificidade de 80% para o diagnóstico. Estes anticorpos podem estar presentes em alguns casos de tireoidite de Hashimoto, tireoidite subaguda, tireoidite silenciosa e em recém- nascidos de mães portadoras de doença de Graves, devido à transferência feto-placentária. INDICAÇÕES: Diagnóstico etiológico do hipertireoidismo Oftalmopatia de Graves Hipertireoidismo neonatal SÍNTESE E METABOLISMO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS A biossíntese dos hormônios tireoidianos ocorre nos folículos tireoidianos e depende da captação de iodeto do sangue e sua incorporação aos resíduos de tirosina da tireoglobulina. NUTRIÇÃO E SUPORTE À SAÚDE DA TIREÓIDE Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 2 O iodeto circulante (I-) é captado pelos folículos tireoidianos, pela proteína transportadora NIS, que realiza o cotransporte sódio e iodeto. A pendrina transporta o iodeto para o interior do folículo. O iodeto (I-) perde um elétron. Esta reação é catalisada pela tireoperoxidase (TPO), uma hemeproteína. A TPO utiliza como co-fator o peróxido de hidrogênio. O peróxido de hidrogênio deve ser neutralizado pela Glutationa peroxidase, dependente de selênio, para que seja mantida a taxa de síntese de hormônios tireodianos. - TPO) É usado para o diagnóstico de doenças tireoidianas auto-imunes, especialmente a tireoidite de Hashimoto, com positividade de 95%, enquanto 85% dos casos de doença de Graves têm níveis detectáveis de anticorpos anti-TPO. Embora seus valores possam variar durante a terapia, isso não tem importância significativa no critério de acompanhamento. Níveis detectáveis podem ser encontrados em 12% dos indivíduos normais. Esta enzima catalisa a iodinização da tirosina em tireoglobulina durante a biossíntese de T3 e T4, sendo os anticorpos anti-TPO capazes de inibir a atividade enzimática e induzir alterações citotóxicas. Como cerca de 30% dos pacientes com tireoidite de Hashimoto apresentam positividade para somente um anticorpo, é importante a associação da dosagem de antitireoglobulina. O iodeto oxidado (I) é incorporado aos resíduos de tirsona da tireoglobulina. A junção de iodeto a um resíduo de tirosina dá origem a uma monoiodotirosina (MIT), enquanto a ligação de dois iodetos a uma tirosina forma uma di-iodotirosina (DIT). Junto com a do anti-TPO, esta dosagem é indicada como complemento no diagnóstico das tireoidites auto- imunes, principalmente a de Hashimoto. Cerca de 30% dos portadores desta patologia apresentam positividade para somente um anticorpo, o que torna importante a associação da dosagem dos dois. Apresentam prevalência de 10% na população geral e de cerca de 20% nos portadores de carcinoma diferenciado da tireóide. Após a tireoidectomia, seus valores diminuem progressivamente, com negativação após dois a quatro anos depois da cirurgia. Aproximadamente 20% do T3 é produzido na tireóide; o restante é proveniente dos tecidos periféricos por desiodação do T4. Na maioria (99,7%), o T3 circula ligado a proteínas séricas, principalmente a TBG. Mostra-se elevado na maior parte dos casos de hipertireoidismo, o que o torna um teste importante para este diagnóstico. No hipotireoidismo, o T3 demora a cair, e pode estar normal na presença de T4 diminuído e de TSH aumentado. O acoplamento da MIT e da DIT sintetiza T3, enquanto que duas junções de DIT dá origem a T4. A tireoglobulina é reabsorvida, sendo os hormônios liberados na circulação. 3 É o principal hormônio secretado pela glândula tireóide, em grande parte transformado perifericamente na triiodotironina (T3). Na maior parte, a tiroxina circula ligada a proteínas séricas (TBG - thyroid binding globulin), e apenas de 0,02% a 0,04% na forma livre. Alterações nessas proteínas vão se refletir na dosagem do T4 total. O efeito metabólico do hormônio tireoidiano é provocado por sua fração livre, principal responsável pelo feedback com o TSH. Indica-se a dosagem do T4 livre no diagnóstico do hipo ou hipertireoidismo, uma vez que esse hormônio não sofre influência significativa dos níveis de TBG circulantes. Cerca de 0,3% do T3 circula sob a forma livre, sendo considerada a fração metabolicamente ativa. A dosagem de T3 livre também não sofre influência significativa dos níveis de TBG circulantes. Indica-se a dosagem de T3 livre para pacientes com diagnóstico duvidoso de hipertireoidismo, quando se deseja avaliar possíveis alterações de ligação ou resistência periférica aos hormônios tireoidianos. METABOLISMO PERIFÉRICO O T4 representa cerca de 93% dos hormônios produzidos pela tireodide, mas o T3 é quatro vezes mais potente. Por isso, deve ocorrer a conversão do T4 em T3, trabalho realizado pelas enzimas deiodinases (DI), que são dependentes de selênio. Efeitos e mecanismos de ação dos hormônios tireoidianos T3 e T É produzida em pequena quantidade pela glândula tireóide, e em maior quantidade pela metabolização do T4, num processo de inativação. Sua dosagem pode ser útil na avaliação do status metabólico da tireóide em pacientes gravemente enfermos, em que se pode detectar níveis séricos diminuídos de hormônios tireoidianos, com triiodotironina reversa (T3R) aumentado. APOIO NUTRICIONAL NA SAÚDE DA TIREÓIDE 1. Cafeína 4 Além de promover alteração pressórica, pode alterar a biodisponibilidade da levotiroxina e provocar danos no tratamento das disfunções da glândula. Deve-se evitar o uso de cafeína, ou bebidas que a contenham, em horários próximos ao de medicação. A cafeína também compete na absorção de zinco, prejudicando a saúde tireoidiana. 2. Soja Pesquisas apontam risco de doença de tireoide em grandes consumidores de soja e usuários de suplementos de isoflavonas. Crianças em uso exclusivo de fórmulas a base de soja são candidatas a rastreio para desordens tireoidianas. Outro ponto é a presença de fatores antinutricionais, como lecitinas e fitatos, que diminuem a biodisponibilidade de metais, como zinco. As recomendações sobre a forma e horário de tomada dos comprimidos de levotiroxina devem ser sempre seguidas. Deve ser ingerida em jejum, com água, pelo menos 30 a 60 minutos antes do café da manhã, e com quatro horas de intervalo com medicamentos que interfiram com sua absorção. 3. Sucralose A presença de átomos de cloro em sua estrutura poderia alterar a captação de iodo pela glândulae, deste modo, prejudicar o funcionamento glandular. Não há estudos de longo prazo de eficácia para pacientes com alterações tireoidianas. 4. Picolinato de cromo O uso de picolinato de cromo pode diminuir a quantidade de levotiroxina que o corpo absorve. Isto pode reduzir a eficácia da levotiroxina . Há poucos estudos relacionando interação negativa do elemento cromo e levotiroxina, logo, sugere-se que a medicação deva ser ingerida 30 minutos antes ou 3-4 horas depois de ingestão de cromo. 5. Selênio Na deficiência de selênio, os níveis de T4 estão elevados, mas os níveis de T3 estão diminuídos, porque o selênio é necessário ao funcionamento das deiodinases. Outro ponto é que a suplementação de selênio parece atenuar a doença autoimune em pacientes com anticorpos antitireóide elevados. Sugere-se o consumo de 100mcg de selênio em pacientes com desordens tireoidianas. A deficiência de selênio - aumento na formação de T3 reativo, que age inibindo o TSH, mas não tem atividade nos receptores periféricos celulares - hormônio tireoidiano inativo. A formação de T3 reativo é conseqüência da ativação da enzima diodinase e não dependente de selênio e zinco. A maior parte do T4, em situações fisiológicas, se transforma em T3, via triiodotironina 5’ desiodinase 1, dependente de selênio e zinco. 5 6. Zinco O zinco aumenta a atividade da deiodinase tipo 2, o que parece demonstrar que a suplementação de zinco pode suavizar a queda de T3 associada a dietas restritivas pacientes com Síndrome de Down podem apresentar hipozincemia e alterações no metabolismo tireodiano. A suplementação de zinco poderia normalizar TSH e T3 reverso. Sugere-se o consumo de 40mg de zinco em pacientes com desordens tireoidianas. Deficiência subclínica de zinco - aumento do seqüestro deste em níveis hepático e adrenal - cofator do metabolismo de cortisol. Pacientes com altos níveis de estresse - Hipotireoidismo Subclínico em virtude de deficiência subclínica de zinco - inativação do T3 ativo e formação do T3 reativo. 6 7. Iodo A carência de iodo está associada a presença de bócio endêmico ou simples. Com redução da circulação da síntese de T4 e T3. Solução de lugol: É composto por Iodo metalóide (I2, Inorgânico) (ou Iodo metálico ou ressublimado ou molecular ou elementar), Iodeto de Potássio (KI, Inorgânico) e água destilada. Usado para eliminar a deficiência de Iodo, que é muito comum, e geralmente está associado ao Hipotiroidismo. E como consequência ajuda a eliminar nódulos e cistos que existam no corpo devido à carência de Iodo. Utiliza-se comumente Lugol 5% (2 gts em água) em paciente com Doença de Graves e Tireoidite de Hashimoto. Avaliar TSH. 8. Brássicas Repolho, rabanete, brócolis, couve de Bruxelas são alimentos que devem ser usados apenas eventualmente e mesmo assim cozidos. São ricas em isotiocianatos. O isotiocianato é considerado bociogênbico, por reduzir a captação de iodo pela tireóide. 9. Vitamina C e A Artigo apresentado no Endocrine Society’s 90TH (Annual Meeting em São Francisco), pelas pesquisadores da Universidade de Buenos Aires, Sandra Licht e Paula Antunez , descreve o aumento da absorção de L-T4 influenciado pela vitamina C. O estudo foi realizado em 11 pacientes que faziam uso de altas doses de L-T4, sem no entanto, conseguir atingir níveis normais de TSH sérico e reduzir sintomas do hipotireoidismo, tais como fadiga, depressão, ganho de peso. Segundo as autoras, foram excluídos: má aderência, pacientes com doença celíaca ou em uso de cálcio, ferro ou anti-ácidos. Durante um período de seis semanas, os pacientes receberam 1g de vitamina C junto com o comprimido de L-T4 por via oral. A vitamina C foi diluída em 200 mL de água. 7 10. Reações adversas a alimentos DISBIOSE alteração de flora intestinal. ALTERAÇÃO DE PERMEABILIDADE INTESTINAL associada à entrada de moléculas grandes desencadeando resposta imune. A recuperação da integridade de TGI, em associação à reposição de nutrientes controle de hipotireoidismo subclínico. 8 DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS A disfunção tireoidiana leve, definida como níveis de tireotropina sérica (TSH) fora da faixa de referência, associada a níveis normais de hormônios tireoidianos, é frequente na prática clínica. Sua prevalência está associada à idade, ao sexo e ao teor de iodo da dieta. O rastreamento dessas doenças e os benefícios clínicos de seu tratamento serão abordados de maneira resumida nesta revisão, juntamente com a descrição das afecções tireoidianas mais comuns. TRIAGEM PARA DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS A triagem é a realização de exames para detectar uma doença potencial ou condição em uma pessoa que não apresenta sinais ou sintomas dessa condição no momento em que os testes são realizados. A triagem, por meio da dosagem dos hormônios que avaliam a função tireoidiana, pode identificar pacientes assintomáticos ou com sintomas discretos ou não específicos, que tenham maior risco para desenvolver 9 doenças da tireoide. Detecta precocemente disfunções, evitando complicações tardias e propicia o tratamento precoce. Entretanto, há grande controvérsia, na literatura, sobre o valor da triagem, tanto por não haver consenso sobre o benefício em se tratar o paciente assintomático e com pequenas alterações hormonais, como pelos custos envolvidos. Como realizar a triagem? A dosagem de TSH é o exame de eleição para a triagem das doenças tireoidianas, pois é capaz de detectar pequenas anormalidades antes que ocorram alterações nos exames séricos de T4 e T3. Testes de segunda e terceira gerações têm a capacidade de detectar variações da ordem de 0,1 e 0,01 μUI/mL de TSH sérico, respectivamente, e são mais sensíveis na avaliação de pacientes ambulatoriais. A sensibilidade dos testes é de aproximadamente 98% e a especificidade, acima de 92%. A dosagem isolada de TSH apresenta limitações nos pacientes com alterações da função tireoidiana secundárias ao acometimento da hipófise ou hipotálamo, como ocorre no hipotireoidismo central. Nesta situação, está indicada a realização do T4 livre. No entanto, acrescentar o T4 livre à triagem, de forma indiscriminada, eleva os custos sem aumentar o benefício para o paciente, já que o hipotireoidismo central tem baixa prevalência na população geral. A triagem para doença tireoidiana não é recomendada, de rotina, para pacientes internados. Diversas condições clínicas, não relacionadas à função tireoidiana, e uso de diversos medicamentos podem alterar as concentrações do TSH e das proteínas transportadoras dos hormônios da tireoide, modificar as concentrações séricas do T4 livre e do T3 e levar a diagnósticos equivocados. Quais pacientes devem ser triados? Não há consenso na literatura sobre a população a ser triada e as diretrizes das diversas sociedades diferem entre si. Faltam estudos populacionais randomizados que demonstrem os benefícios do tratamento do paciente portador de alterações tireoidianas subclínicas. A United States Preventive Services Task Force não recomenda, de rotina, a triagem para doenças tireoidianas nos adultos, enquanto a ATA a indica para adultos a partir dos 35 anos, com repetição a cada cinco anos. A American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) recomenda a triagem em pacientes idosos, sem especificar a idade, especialmente nas mulheres. O Consenso publicado em 2005 pela ATA, pela AACE e pela Endocrine Society recomendava a triagem para indivíduos acima de 60 anos ou em qualquer idade com risco aumentado para disfunções tireoidianas. O rastreamento sistemático das grávidas não é recomendado na última publicação da ATA, que considera as evidências insuficientes para se posicionar a favorou contra sua indicação. Os mesmos fatores de risco para pacientes não grávidas devem ser considerados para a triagem da gestante. Situações clínicas nas quais a triagem está indicada, segundo recomendações da Clinical Knowledge Summaries (CKS) do Reino Unido: Bócio Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 Fibrilação atrial Osteoporose Dislipidemia Uso de iodo radioativo ou cirurgia prévia tireoidiana Irradiação cervical História familiar de doença tireoidiana História pessoal de doença da tireoide História de doenças autoimunes, incluindo as tireoidianas Portadores de anticorpos anti-TPO positivos Síndromes de Down ou Turner História de tireoidite pós-parto Infertilidade, abortamento espontâneo ou parto pré- termo recorrente Depressão pós- parto Uso de substâncias que interferem na função tireoidiana Os medicamentos que interferem na secreção da glândula tireoide ou no resultado de suas dosagens hormonais devem ser avaliados. A influência do uso desses medicamentos deve ser cuidadosamente considerada no diagnóstico da disfunção tireoidiana. 10 Quando repetir o exame? A necessidade de repetir a dosagem do TSH ou complementar a propedêutica com T4 livre depende da condição clínica do paciente. Na ausência de alterações ou do surgimento de novos fatores de risco, recomenda-se a repetição da dosagem de TSH a cada cinco anos. HIPOTIREOIDISMO 11 HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO O hipotireoidismo caracteriza-se pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos. É classificado como primário quando as alterações que levam à disfunção ocorrem na própria glândula tireoide. São causas frequentes a deficiência de iodo na dieta, alterações inflamatórias ou tireoidites - sendo a tireoidite de Hashimoto, forma crônica e autoimune, a mais frequente -, tireoidectomias parciais ou totais, radioiodoterapia para tratamento do hipertireoidismo e irradiação externa na área do pescoço e/ou tórax para o tratamento de neoplasias. As doenças infiltrativas, tais como sarcoidose e amiloidose, são causas mais raras do hipotireoidismo. Essa disfunção pode ocorrer, também, como efeito secundário ao uso de medicamentos como lítio, amiodarona, derivados fenóis, sulfonilureia, etc. O hipotireoidismo primário franco acomete 0,3% a 0,7% da população geral. Sua prevalência aumenta com a idade, chegando a 1,8% na população acima de 60 anos. Apresentação clínica 12 Diagnóstico O diagnóstico é clínico, confirmado por testes de laboratório que mostram TSH alto e T4 livre baixo. Não há necessidade da realização do T4 total, T3 total ou livre para o diagnóstico. Tratamento O tratamento é feito com levotiroxina (T4) oral com melhora das manifestações clínicas da doença. O acompanhamento pode ser feito apenas com a dosagem do TSH, exceto no paciente com hipotireoidismo central, quando o exame de eleição é o T4 livre. Hipotireoidismo: deve ser administrado em doses baixas (50mcg/dia) que serão aumentadas de acordo com as condições cardiovasculares do paciente. Dose inicial: 50 mcg/dia, aumentando-se 25mcg a cada 2 ou 3 semanas até que o efeito desejado seja alcançado. Em pacientes com hipotireoidismo de longa data, particularmente com suspeita de alterações cardiovasculares, a dose inicial deverá ser ainda mais baixa (25mcg/dia). 13 Monitorização da terapia com levotiroxina Uma das razões mais comuns para avaliar a função tireoidiana é monitorizar a terapia com levotiroxina em pacientes com hipotireoidismo através da dosagem do TSH. Se o TSH está alto, a dose precisa ser aumentada; se está baixo, a dose precisa ser reduzida. Quando o TSH está muito suprimido, pode aumentar o risco de fibrilação atrial e osteoporose, principalmente em pacientes idosos e mulheres após a menopausa, devido ao hipertireoidismo subclínico. As medidas do T4 livre são muito insensíveis para avaliar apropriadamente a dose de levotiroxina. Uma situação na qual o T4 livre deve ser usado para se ajustar a dose correta do hormônio da tireoide é em pacientes com hipotireoidismo secundário devido a doença pituitária ou hipotalâmica, que apresenta liberação de TSH prejudicada. HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO Trata-se de doença tireoidiana que acomete de 2,5% a 4,3% da população geral. Sua prevalência aumenta com a idade, especialmente nas mulheres, chegando a 13,6% na população de ambos os sexos acima de 60 anos e a 25% nas mulheres acima de 65 anos. Várias situações clínicas, como diabetes tipo I, história de doença autoimune, irradiação do pescoço e uso de alguns medicamentos, estão associadas ao hipotireoidismo subclínico. Apresentação clínica Os indivíduos acometidos por hipotireoidismo subclínico são assintomáticos ou têm sintomas leves. Pacientes com TSH < 10 μUI/mL geralmente são assintomáticos. As mudanças na 5’-deiodinação ocorrem em uma série de situações, como estresse, má nutrição, doenças, deficiência de selênio e terapia medicamentosa. Os metais tóxicos, como o mercúrio, cádmio e chumbo, têm sido associados a prejuízos na 5’-deiodinação hepática em modelos animais. Os radicais livres também estão envolvidos na inibição da atividade da 5’-desiodase. No curso da doença crônica do fígado, como a cirrose hepática, as alterações na deiodinação hepática resultam em aumento do rT3; também foi observada redução simultânea das concentrações de T3. Inibidores da 5’-desiodase: Deficiência de selênio Proteínas inadequadas, excesso de carboidratos Concentração elevada de insulina Doença crônica Estresse (cortisol) Cd, Hg, Pb e outras toxinas de metais pesados Função hepática ou renal comprometida Gatilhos: Estresse Suprarrenal e Estresse Oxidativo A baixa função da tireoide é quase sempre secundária a alguma outra condição, muitas vezes a fadiga adrenal. A fadiga adrenal (estresse adrenal) indica uma síndrome causada pela diminuição da capacidade de as glândulas suprarrenais responderem adequadamente ao estresse. As glândulas suprarrenais são duas glândulas que ficam sobre os rins e são as principais responsáveis pela coordenação das adaptações do corpo a qualquer tipo de estresse. O estresse suprarrenal crônico causa: • Alteração na comunicação entre o cérebro e as glândulas secretoras de hormônio. O hipotálamo e a hipófise controlam a produção hormonal, incluindo a da tireoide. Quando o hipotálamo e a hipófise se enfraquecem por causa do estresse suprarrenal crônico, não são capazes de se comunicar bem com a tireoide. • Aumento na atividade da proteína de ligação da tireoide, de modo que os hormônios da tireoide não podem entrar nas células para desempenhar sua função. • Dificuldade de conversão de T4 nas formas ativas de T3 que o corpo pode usar. • Interferência nas vias de desintoxicação por meio das quais os hormônios tireoidianos desnecessários deixam o corpo, levando à resistência ao hormônio da tireoide. • Perda de sensibilidade das células aos hormônios tireoidianos. • Enfraquecimento das barreiras imunológicas do sistema digestório, pulmões e cérebro; promove regulação imune precária. Esses fatores aumentam o risco de desencadeamento de tireoidite de Hashimoto ou sua exacerbação. Essas são algumas das formas que o estresse suprarrenal afeta diretamente a função tireoidiana. O estresse suprarrenal crônico afeta outros sistemas do corpo, que por sua vez diminuem a função da tireoide. Por exemplo, o hormônio suprarrenal cortisol desempenha um papel importante na saúde da tireoide. Quando suas concentrações caem muito, o cortisol aumenta a glicemia Quando isso acontece repetidamente, esgota as glândulas suprarrenais e a tireoide, bem como o hipotálamo e a hipófise. Ao longo do tempo, essa exaustão levaao hipotireoidismo funcional. Além disso, a produção de cortisol constante enfraquece o sistema gastrointestinal (GI), tornando-o mais suscetível à inflamação, disbiose e infecção. Assim, esse ciclo vicioso enfraquece a tireoide. Envelhecimento: A manutenção da função do hormônio da tireoide durante todo o processo de envelhecimento parece ser uma característica importante do envelhecimento saudável. A incidência de hipotireoidismo (baixa atividade da tireoide) aumenta com a idade. Por volta dos 60 anos, 9% a 17% dos homens e mulheres têm disfunção da tireoide. Observa-se ausência de autoanticorpos circulantes da tireoide em centenários saudáveis. Uma vez 14 que o envelhecimento saudável está associado ao aumento progressivo da prevalência de autoanticorpos órgão-específicos e não órgão-específicos, a ausência destes anticorpos pode representar um risco significativamente reduzido de doença cardiovascular crônica e outras doenças relacionadas com a idade. Gestação: A disfunção da tireoide tem sido relacionada com complicações obstétricas, como parto prematuro, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e descolamento prematuro da placenta. Nos Estados Unidos, aproximadamente 1 em cada 50 mulheres é diagnosticada com hipotireoidismo durante a gestação. De cada 100 abortos, 6 estão associados à deficiência de hormônio da tireoide durante a gestação; até 18% das mulheres são diagnosticadas com tireoidite pós- parto; e cerca de 25% das mulheres desenvolvem hipotireoidismo permanente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente aumentou a ingestão recomendada de iodo durante a gestação de 200 para 250 mcg/d; sugeriu ainda que uma concentração média de iodo urinário (UI) de 150 a 249 mcg/L indica uma ingestão de iodo adequada em mulheres grávidas. Em áreas de grave carência de iodo, a hipotiroxinemia materna e fetal pode causar cretinismo e afetar adversamente o desenvolvimento cognitivo em crianças. Para evitar danos fetais, deve-se administrar iodo antes ou no início da gestação. Em países ou regiões onde menos de 90% dos domicílios utilizam sal iodado e a concentração mediana urinária de iodo em crianças em idade escolar é inferior a 100 mcg/L, a OMS recomenda a suplementação de iodo na gestação e na infância. Diagnóstico O diagnóstico do hipotireoidismo subclínico baseia-se em testes laboratoriais, com TSH elevado e T4 livre normal. Essa condição deve ser distinguida de outras causas fisiológicas ou transitórias de aumento do TSH, sendo importante afastar a possibilidade de erro laboratorial, interferências de drogas, tireoidites e outras causas que podem acometer a glândula. Nas grávidas, de acordo com a idade gestacional, os valores de referência do TSH e T4 livre podem variar. Recomendações específicas para essa situação não serão objeto deste documento. Tratamento Pacientes com TSH alto (acima de 10 μUI/mL) e com anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO) positivos têm chance maior de progredir para hipotireoidismo franco. Entretanto, apesar do achado laboratorial, é controverso, na literatura, se esses pacientes se beneficiam com a instituição precoce do tratamento. Estudos demonstraram que a doença arterial coronariana é mais prevalente nos pacientes com hipotireoidismo subclínico, associado à elevação do TSH e à idade inferior a 65 anos. De forma paradoxal, nos pacientes com idade acima de 85 anos e níveis de TSH até 10 μUI/mL, esta condição foi associada à maior sobrevida. A mesma controvérsia existe quanto ao ponto de corte da dosagem de TSH a partir do qual a terapia medicamentosa deve ser instituída. O tratamento com tiroxina evita a progressão para o hipotireoidismo franco, especialmente naqueles pacientes com TSH maior que 10 μUI/mL e anti-TPO positivo, resultando em benefícios na contratilidade e na função cardíacas. Entretanto, há risco de tratamento excessivo, resultando em hipertireoidismo, o que aumenta o risco de complicações cardíacas, como angina e infarto, e eleva os custos tanto com o tratamento, como com o seguimento de pacientes assintomáticos. 15 Tratamento Nutricional Clínico: Está bem estabelecido que vários nutrientes estão envolvidos na saúde da tireoide, principalmente o iodo e o selênio. Por causa do papel essencial do iodo na síntese dos hormônios da tireoide, esse mineral historicamente tem recebido mais atenção em relação aos distúrbios da tireoide. Outras deficiências de micronutrientes – como ferro, selênio, vitamina A e zinco – possivelmente podem interagir com o estado nutricional do iodo e a função da tireoide. Jejum ou Dietas Restritivas A restrição de calorias e carboidratos pode reduzir substancialmente a atividade dos hormônios da tireoide. Existe uma vasta gama de variação entre os indivíduos; a genética, a obesidade, o sexo e o conteúdo de macronutrientes da dieta hipocalórica influenciam a resposta. O estado nutricional e o gasto energético influenciam centralmente a função da tireoide de secreção de TSH, deiodinação e possivelmente outras áreas. Uma vez que se encontra aumento de rT3 à custa de T3 durante a restrição calórica, é possível que as vias hepáticas desempenhem um papel importante no controle metabólico durante o balanço energético. No entanto, quando a restrição calórica perdura por mais de 3 semanas, as concentrações de T4 e rT3 retornam aos valores normais. O jejum também exerce uma poderosa influência sobre o metabolismo dos hormônios da tireoide. Isso pode ser parcialmente causado por discretas elevações nas concentrações de cortisol endógeno. As cetonas geradas pela privação de calorias não parecem suprimir a geração de T3 e a atividade hepática da 5 ’-desiodase. No entanto, não está claro se as cetonas exercem um efeito semelhante em uma dieta com quantidade suficiente de calorias. Em uma dieta de baixas calorias, a eliminação do rT3 pela 5’- deiodinação é diminuída. As calorias e o balanço energético também podem influenciar o metabolismo dos hormônios da tireoide durante o aumento do consumo de calorias, durante o qual a depuração do rT3 pela 5’-deiodinação efetivamente é maior. Em uma dieta com restrição de calorias, a eliminação do rT3 pela 5’-deiodinação é menor; contudo, a depuração do rT3 pela 5’-deiodinação efetivamente é maior com uma dieta rica em calorias. Goitrogênicos (bociogênicos) Os alimentos vegetais cianogênicos (couve-flor, brócolis, repolho, couve-de-bruxelas, mostarda, nabo, rabanete, broto de bambu e mandioca) exercem atividade antitireoidiana pela inibição da tireoide peroxidase. A hidrólise de alguns glucosinolatos encontrados em vegetais crucíferos (p. ex., progoitrina) pode produzir a goitrina, um composto conhecido por interferir na síntese do hormônio da tireoide. A hidrólise de alguns glucosinolatos indólicos resulta na liberação de íons tiocianato, que podem competir com o iodo pela absorção pela glândula tireoide. Contudo, o aumento da exposição aos íons tiocianato pelo consumo de vegetais crucíferos não aumenta o risco de hipotireoidismo, a menos que acompanhado por deficiência de iodo. A soja, uma importante fonte de proteína em muitos países em desenvolvimento, também tem propriedades goitrogênicas quando a ingestão de iodo é limitada. As isoflavonas (genisteína e daidzeína) inibem a atividade da tireoide peroxidase e podem diminuir a síntese de hormônios da tireoide. Além disso, a soja interrompe o ciclo enterohepático do metabolismo dos hormônios da tireoide. No entanto, o consumo elevado de isoflavonas de soja não parece aumentar o risco de hipotireoidismo quando o consumo de iodo é adequado. Desde a adição de iodo às fórmulas à base de soja na década de 1960, não houve mais relatos de desenvolvimento de hipotireoidismo em crianças alimentadas com fórmula à base de soja. A soja é de longea fonte mais concentrada de isoflavonas da dieta humana. Pequenas quantidades são encontradas em uma série de legumes, grãos e vegetais. A ingestão dietética média de isoflavonas nos países asiáticos, em particular no Japão e na China, vai de 11 a 47 mg/dia, por causa da ingestão dos alimentos tradicionais feitos a partir da soja, incluindo tofu, tempeh, missô e matte, enquanto o consumo é consideravelmente mais baixo em países ocidentais (2 mg/dia). Entretanto, os produtos de soja (soja texturizada, leite de soja, queijo de soja e iogurte de soja) estão ganhando popularidade nos países ocidentais. Embora a pesquisa não tenha determinado o efeito exato da soja no destino metabólico dos hormônios da tireoide, o consumo excessivo de soja deve ser observado com cautela em doentes com suspeita de prejuízo nas vias metabólicas da tireoide. Iodo Como um oligoelemento, o iodo está presente no corpo humano em quantidades de 10 a 15 mg e 70% a 80% dele está localizado na glândula tireoide. Noventa por cento disso está organicamente ligado à tireoglobulina (Tg). O iodeto é absorvido ativamente na glândula tireoide para ajudar a produzir os hormônios da tireoide bioquimicamente ativos T4 e T3. Estima-se que a glândula tireoide deve capturar um mínimo de 60 mcg de iodo (na forma iônica do iodo) diariamente para garantir um fornecimento adequado para a produção de hormônios da tireoide. A ingestão inadequada de iodo prejudica a função da tireoide e resulta em um espectro de transtornos. Estudos de intervenção randomizados e controlados em populações com deficiência de iodo têm demonstrado que o fornecimento de ferro juntamente com iodo resulta em grandes melhorias na função e no volume da tireoide do que fornecer o iodo isoladamente. Também é vital para a função tireoidiana, já que é um cofator e estimulador importante da enzima tireoide peroxidase. Na tireoidite de Hashimoto autoimune, a suplementação com iodo pode exacerbar a condição. Considerando que o iodo estimula a produção de tireoide peroxidase, este por sua vez aumenta drasticamente as concentrações de anticorpos antiperoxidase tireoidiana (anti- TPO), indicando uma crise autoimune. Algumas pessoas desenvolvem sintomas de tireoide hiperativa, enquanto outras não têm sintomas, embora os testes mostrem uma concentração elevada de anti-TPO. Portanto, é preciso ser cauteloso em relação ao uso de iodo. Além disso, embora a deficiência de iodo seja a causa mais comum de 16 hipotireoidismo na maioria da população do mundo, nos Estados Unidos e outros países ocidentais, a tireoidite de Hashimoto responde pela maioria dos casos. Embora seja amplamente reconhecido o risco de deficiência de iodo em populações que vivem em áreas com deficiência de iodo sem programas adequados de enriquecimento com iodo, há preocupações de que determinadas subpopulações podem não consumir uma quantidade adequada de iodo em países considerados suficientes em iodo. Descobriu-se que as dietas vegetarianas e não vegetarianas que excluem o sal iodado, peixes e algas marinhas contêm muito pouco iodo. Além disso, estudos da excreção urinária de iodo sugerem que a ingestão de iodo está diminuindo na Suíça, Nova Zelândia e Estados Unidos, possivelmente em virtude da maior adesão às recomendações dietéticas para restringir a ingestão de sal a fim de reduzir a incidência de hipertensão arterial. Mostrou-se que a deficiência de iodo grave durante a gestação aumenta o risco de morte fetal, aborto espontâneo e anomalias congênitas. O mais grave é o cretinismo, um estado de atraso intelectual que na maioria das vezes ocorre em combinação com o nanismo, surdo-mudez e espasticidade. Em grande parte, essas condições são irreversíveis. Ferro Historicamente, acreditava-se que a baixa função da tireoide podia causar anemia. Estudos recentes sugerem que a baixa função da tireoide pode ser secundária à baixa concentração de ferro ou anemia. A razão para isso é que a tireoide peroxidase é uma enzima heme glicosilada ferro- dependente. É necessária a inserção do ferro heme na tireoide peroxidase para que a enzima transloque-se à superfície celular apical dos tireócitos (ou células epiteliais da tireoide), auxiliando a tireoide peroxidase a catalisar as duas etapas iniciais da síntese de hormônio tireoidiano. A avaliação completa do estado de ferro provavelmente poderia ajudar a identificar a causa de muitos casos de mau funcionamento da tireoide. Selênio O selênio, como selenocisteína, é um cofator da 5’- desiodase. Se houver déficit de selênio, a atividade da desiodase é prejudicada, resultando em diminuição da capacidade de deiodizar T4 em T3. Em animais, as deficiências de selênio estão associadas à insuficiência da atividade da 5’-deiodinase no fígado e nos rins, bem como concentrações reduzidas de T3. Evidências sugerem uma forte associação linear entre menores razões de T3/T4 e o estado reduzido de selênio, mesmo entre indivíduos considerados eutireoideos com base nos parâmetros laboratoriais padrão. Esta associação é particularmente forte em idosos, possivelmente como resultado da conversão periférica comprometida. Uma relação inversa entre o câncer de mama e T3 está associada à depleção do estado de selênio, mesmo quando as concentrações plasmáticas de T4 e TSH podem ser semelhantes. Esta combinação de fatores sugere fortemente que o T3 baixo pode ser decorrente da conversão defeituosa de T4 em T3 esperada na deficiência de selênio. O selênio participa na rede antioxidante. Auxilia na desintoxicação como parte da glutationa peroxidase, uma enzima que tem como principal papel biológico proteger o organismo de danos oxidativos. Vários estudos relatam os benefícios do selênio no tratamento da tireoidite de Hashimoto e da doença de Graves. Evidências também sugerem que o consumo elevado de selênio pode exercer uma influência negativa sobre o metabolismo dos hormônios da tireoide. Embora os indivíduos expostos a altos teores dietéticos de selênio normalmente apresentem concentrações normais de T4, T3 e TSH, encontrou-se uma correlação inversa significativa entre T3 e selênio. Alguns pesquisadores levantaram a hipótese de que a atividade da 5’-desiodase pode tornar-se reduzida depois de uma alta ingestão dietética de selênio, sugerindo que uma concentração segura de selênio na dieta seja de 500 mcg diários ou menos. Síndrome de ovários policísticos e hipotireoidismo O hipotireoidismo ocorre em alguns casos de síndrome dos ovários policísticos. Os exames laboratoriais para a função da tireoide frequentemente são normais em pacientes com evidências clínicas de hipotireoidismo; o tratamento com hormônio da tireoide resulta em melhora clínica em muitos indivíduos. Portanto, deve-se considerar uma tentativa empírica de hormônio da tireoide em pacientes com síndrome dos ovários policísticos que apresentem evidências clínicas de hipotireoidismo. Devem-se considerar as concentrações de anticorpos da tireoide ao iniciar o tratamento empírico com hormônios da tireoide em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. A metformina frequentemente é prescrita para melhorar a resistência à insulina e o tratamento com esse fármaco pode levar à retomada da ovulação. Outros tratamentos incluem fármacos de citrato de clomifeno (para induzir a ovulação) e espironolactona (um antiandrógeno), bem como contraceptivos orais (para tratar a irregularidade menstrual e o hirsutismo). Tratamento Clínico Nutricional na SOP As intervenções nutricionais que podem ser benéficas para mulheres com síndrome dos ovários policísticos incluem as modificações na dieta projetadas para melhorar a sensibilidade à insulina. Isto inclui a restrição de carboidratos refinados e calorias totais; consumir alimentos ricos em fibras; e ingerir refeiçõespequenas e frequentes. Alguns pacientes com resistência à insulina se saem melhor com uma dieta rica em carboidratos complexos (aproximadamente 60% das calorias totais), enquanto outros respondem melhor a uma dieta com restrição de carboidratos (≤ 40% do total de calorias). Além disso, relata-se que a suplementação com vitamina D3 (800 a 1.200 UI/dia) e picolinato de cromo (200 a 1.000 mcg/dia) melhora a tolerância à glicose, a secreção de insulina e a sensibilidade à insulina. O tratamento de curto prazo com N-acetilcisteína (600 mg duas vezes ao dia) pode ser útil como adjuvante ao citrato de clomifeno em mulheres com infertilidade resistente ao citrato de clomifeno. Além disso, o tratamento com hormônio da tireoide pode ser benéfico para as mulheres com evidências laboratoriais ou clínicas de hipotireoidismo. 17 APOIO FITOTERÁPICO (PRESCRIÇÃO PERMITIDA PARA ESPECIALISTAS EM FITOTERAPIA, COM BASE NA RES CFN Nº 556/2015) a. Coleus forskohlii O Coleus é uma planta nativa da Índia, com uso tradicional na alimentação, tem ganhado projeção por ser a única planta fonte do diterpeno forskolin. O composto Forskolin tem a propriedade de aumentar a adenilato ciclase, uma enzima que transforma a alta energia da molécula de ATP para produção de AMP cíclico. Pela facilitação hormonal, o AMP cíclico pode regular a resposta termogênica do organismo ao alimento, aumentar a taxa do metabolismo, e aumentar inclusive a lipólise. Outro fator relevante no mecanismo de perda de peso pela Forskolin envolve a ação estimulante da tireóide, comparável em força a tireotropina ou TSH. A ação estimulante da tireóide pode também contribuir para o aumento na taxa do metabolismo e na termogênese. Está ainda envolvida na regulação da secreção de insulina. Parte usada : Planta inteira Derivado de droga vegetal : Extrato padronizado a 10% de forskoliina Indicações/Ações terapêuticas : Utilizado como estimulador de hormônio tireoidiano, hipotireoidismo subclínico Dose Diária : 250mg; 2x ao dia. Ingerir uma cápsula de manhã e a outra à tarde, meia hora antes das refeições. b. Fucus vesiculosus Nome popular: Alga castanha ou sargaço Parte usada : Folhas e caule Padronização/Marcador : Iodeto Derivado de droga vegetal : Extrato seco (5:1) ou tintura (1:5) Indicações/Ações terapêuticas : Fonte dietética de iodo Dose Diária : 300 a 1000mg de extrato seco/dia ou Tintura (1:5): 50-100gotas, uma a três vezes ao dia. Via de Administração : Oral Restrição de uso: Venda sem prescrição médica Obs.: É recomendada apenas como suporte dietético de Iodo, pois seu consumo excessivo pode promover intoxicação por Iodo. c. Commiphora mukul Commiphora mukul, gugul, ou árvore de mirra Mukul, é uma planta de florescência na família Burseraceae . A planta guggul pode ser encontrado a partir do norte da África para a Ásia Central , mas é mais comum no norte da Índia . É rica em fitoesteróis que possuem como propriedade melhorar a assimilação de iodo em células com receptores para iodeto. Parte usada : Resina de goma Derivado de droga vegetal : Extrato seco padronizado no mínimo a 2,5% de guggulesteróis Indicações/Ações terapêuticas : Melhora a assimilação tireoidiana de iodo Dose Diária : 500 a 1000mg de extrato seco/dia. HIPERTIREOIDISMO A doença de Graves é uma doença autoimune em que a tireoide está difusamente aumentada (bócio) e hiperativa, produzindo uma quantidade excessiva de hormônios da tireoide. É a causa mais comum de hipertireoidismo (tireoide hiperativa) nos Estados Unidos. Os sintomas físicos frequentemente incluem olhos vermelhos, secos, inchados, com olheiras e salientes (exoftalmia), intolerância ao calor, dificuldade de dormir e ansiedade. No entanto, o sinal mais comum da doença de Graves é o bócio ou aumento da tireoide. O excesso de hormônios da tireoide pode causar um desequilíbrio metabólico grave, a tireotoxicose. A prevalência de tireotoxicose materna é 18 de cerca de 1 caso por 500 pessoas, sendo que a doença de Graves materna é a causa mais comum. Fisiopatologia: Comumente, os pacientes têm uma história familiar que envolve um amplo espectro de doenças autoimunes da tireoide, como doença de Graves, tireoidite de Hashimoto ou tireoidite pós-parto. Na doença de Graves, o receptor TRH por si só é o autoantígeno primário e é responsável pela manifestação do hipertireoidismo. A glândula tireoide está sob estimulação contínua pelos autoanticorpos circulantes contra o receptor do TRH e a secreção hipofisária de TSH é suprimida por causa do aumento da produção de hormônios da tireoide. Estes anticorpos estimulantes da tireoide levam à liberação de hormônio da tireoide e Tg; também estimulam a absorção de iodo, a síntese de proteínas e o crescimento da glândula tireoide. A Tg e a anti-TPO parecem ter uma pequena atuação na doença de Graves. No entanto, conforme mencionado anteriormente, são marcadores da doença autoimune de Hashimoto contra a tireoide. Utiliza-se um teste de anticorpo anti-TSH – geralmente chamado de imunoglobulina estimulante da tireoide – para identificar o hipertireoidismo ou a doença de Graves. Gatilhos: A doença de Graves é um distúrbio autoimune influenciado por uma combinação de fatores ambientais e genéticos. Os fatores genéticos contribuem com aproximadamente 20% a 30% da suscetibilidade total. Outros fatores incluem as infecções, ingestão excessiva de iodeto, estresse, sexo feminino, esteroides e toxinas. O tabagismo tem sido implicado na piora da oftalmopatia de Graves. A doença de Graves também tem sido associada a agentes infecciosos, como Yersinia enterocolitica e Borrelia burgdorferi. Genéticos Identificaram-se diversos genes de suscetibilidade a doenças autoimunes da tireoide que parecem ser específicos da doença de Graves ou da tireoidite de Hashimoto, enquanto outros conferem suscetibilidade a ambas as condições. A predisposição genética à autoimunidade da tireoide pode interagir com fatores ou eventos ambientais para precipitar o aparecimento da doença de Graves. O HLA-DRBL e o HLA-DQBl parecem estar associados à suscetibilidade à doença de Graves. Estresse O estresse pode ser um fator para a autoimunidade da tireoide. A imunossupressão induzida pelo estresse agudo pode ser seguida pela hiperatividade do sistema imunológico, que poderia precipitar a doença autoimune da tireoide. Isto pode ocorrer durante o período pós-parto, sendo que a doença de Graves pode ocorrer 3 a 9 meses após o parto. O estrogênio pode influenciar o sistema imunológico, particularmente as células β. Também se relata que o trauma à tireoide está associado à doença de Graves. Isso pode incluir a cirurgia da glândula tireoide, a injeção percutânea de etanol e o infarto de um adenoma da tireoide. Tratamento Clínico: Em pacientes com formas estáveis de hipertireoidismo, como a doença de Graves ou o bócio nodular tóxico, podem ser utilizados medicamentos antitireoidianos. O objetivo com esta forma de tratamento medicamentoso é evitar que a tireoide produza hormônios. 19 NUTRIÇÃO NO APOIO AO HIPERTIREOIDISMO Além dos tratamentos para bloquear as sínteses de hormônios tireoidianos, é importante manter os níveis de vitaminas e minerais adequados, em virtude de aumento de atividade metabólica. O complexo B é necessário para um funcionamento adequado de tireóide. O uso de lecitinas é necessário para adequado funcionamento glandular e o uso de LECITINA DE SOJA, 200mg, 3 vezes ao dia, demonstrou ser adjuvante de tratamento. Ácidos graxos essenciais são necessários para um funcionamento correto da função glandular; lecitinas aumentam a atividade metabólica dos ácidos graxos. Administra-se juntamente com vitamina C e vitamina E, que agem como antioxidante. 1. Apoio Fitoterápico a. Leonuruscardíaca Nome popular : Agripalma ou “erva das mães” Parte usada : Partes aéreas Padronização/Marcador : triterpenos, leonurideo e leonurina Derivado de droga vegetal : rasura e tintura Indicações/Ações terapêuticas : Utilizado para redução da atividade de tireóide. Dose Diária : Infusão : 1 xícara de chá três vezes por dia . Tintura (1:5): 20 gotas 2 vezes ao dia. vezes ao dia.Via de Administração Oral Restrição de uso: Venda sem prescrição médica b. Melissa officinalis Nome popular: Melissa, Erva cidreira Parte usada: Folhas Padronização/Marcador: Ácidos hidroxicinâmicos expressos em ácido rosmarínico Derivado vegetal: Extratos Alegação de uso: Carminativo, antiespasmódico e ansiolítico leve; possui efeito inibidor da tireóide e pode ser indicado no controle de hipertireoidismo. Dose Diária: 60 a 180 mg de ácidos hidroxicinâmicos expressos em ácido rosmarínico Via de Administração: Oral – 100 a 250mg de extrato seco /dia ou 1 a 4g de folhas secas em 150mL de água em infuso; 2 a 3x ao dia. Restrição de uso: Venda sem prescrição médica INDUÇÃO DE HIPOTIREOIDISMO COM USO DE IODO RADIOATIVO OU CONDUTA APÓS IODOTERAPIA PÓS-CIRURGIA DE CA DE TIREOIDE A Iodoterapia, terapia com iodo radioativo, é usada no controle de tumores diferenciados da glândula tireóide. O objetivo deste tratamento, que combate as células cancerígenas presentes na tireóide, é destruir as células que ainda restaram após a cirurgia (tireoidectomia) e diminuir a chance de recidiva do câncer. Antes da terapia com Iodo radioativo ( 131 I), recomenda-se dieta pobre em iodo. Duração de 7 a 14 dias antes da intervenção. A dieta restrita deve ser prescrita com base em seu potencial efeito positivo e baixo custo. Recomenda-se ainda a restrição de suplementos e medicamentos que contenham iodo. Alimentos Não Permitidos: Frutos do mar (peixes, mariscos, algas, ostras). Produtos feitos de algas (carragenina, ágar-ágar, algina ou alginato de sódio). Laticínios (leite, queijo, iogurte, manteiga, sorvete, requeijão, creme de leite, nata). Margarina. Café solúvel. Embutidos e carnes defumadas (presunto, bacon, linguiça, carne de sol, conservas, chucrute, salsicha). Frango ou peru frescos injetados com aditivos. Soja e produtos da soja (tofu, leite de soja, molho shoyu, carne de soja). Legumes enlatados (azeitonas, picles, milho verde, cogumelos). Agrião, aipo, couve de Bruxelas e repolho. Pães industrializados, pizza, cereais em caixas. Gema de ovo ou qualquer produto que contenha gema de ovo como doces. Chocolate. Corante vermelho nº 3 (balas, pílulas vermelhas ou marrons, refrigerantes à base de cola). Vitaminas que contenham iodo. Alimentos Permitidos: Frutas frescas. Legumes (beterraba, batata sem casca, pepino, tomate, vagem, nabo). Nozes e amendoim sem sal. Pipoca em óleo vegetal sem sal iodado. Clara de ovo. Pães feitos em casa sem sal iodado e com óleo vegetal (exceto óleo de soja). Carnes frescas não defumadas. Peixes de água doce (truta, pintado). Grãos e produtos cereais (arroz, aveia, cevada, farinha, milho e trigo). Massas. Açúcar, geleias, mel. Pimenta do reino, ervas frescas ou secas, temperos sem sal. 20 Óleos vegetais, azeite de oliva. Refrigerantes transparentes, café, chá, cerveja, vinho, destilados, limonada, sucos de fruta. TRATANDO DESEQUILÍBRIOS DO SISTEMA HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-TIREOIDE A tireoide está relacionada com as funções hipotalâmicas, hipofisárias, imunológicas, suprarrenais e cardiovasculares que afetam os resultados clínicos, celulares e moleculares. Fatores de Promoção da Saúde da Tireoide em Adultos Considerar: Proteína: 0,8 g/kg/dia Iodo (quando a doença autoimune tiver sido descartada): 150 mcg/dia Selênio (como L-selenometionina): 75 a 200 mcg/dia Zinco (como citrato de zinco): 10 mg/dia Vitamina D (como D3 ou colecalciferol): 400 IV/dia Vitamina E (como d-alfa tocoferol succinato): 100 IV/dia Vitamina C (como ácido ascórbico): 100 a 500 mg/dia Guggulsterona (do extrato guggul): 100 mg/dia Ashwaganda: 100 mg/dia Reduzir ou Eliminar Glúten (encontrado no trigo, centeio, aveia e cevada) Soja processada Excesso de alimentos goitrogênicos não cozidos 1. Fornecer precursores adequados para a formação de T4. Em muitos indivíduos, o iodeto é um nutriente que limita a produção de T4. Concentrações adequadas de iodeto orgânicos, que podem vir de vegetais do mar, sal iodado e frutos do mar, são importantes na produção de T4. A ingestão adequada de proteínas na dieta é importante no estabelecimento de uma nutrição calórico- proteica adequada. A suplementação com tirosina não parece ter um efeito benéfico em elevar os hormônios da tireoide. 2. Reduzir anticorpos antitireóideos. Diversos antígenos alimentares podem influenciar os anticorpos que apresentam reação cruzada com a glândula tireoide. Pode- se considerar o seguimento de uma dieta de eliminação utilizando grãos sem glúten e a possível eliminação da caseína, a proteína predominante do leite, para o hipotiroidismo de origem inexplicável. Também se sugere que as toxinas ambientais atuam na indução da tireoidite autoimune e na disfunção da tireoide. A implementação de terapia nutricional e o fornecimento de teores adequados de vitamina D para apoiar o sistema imunológico podem ser benéficos. 3. Melhorar a conversão de T4 em T3. Os agentes nutricionais que ajudam a apoiar a deiodinação adequada pela enzima 5’-desiodase tipo 1 incluem a selenometionina (como L-selenometionina) e o zinco (como glicinato de zinco ou citrato de zinco). Estudos em humanos demonstraram repetidamente consequentes concentrações reduzidas de hormônios da tireoide quando há deficiência de zinco. Em crianças com síndrome de Down, o sulfato de zinco pode reduzir os anticorpos tireoidianos, melhorar a função da tireoide e reduzir a incidência de hipotireoidismo subclínico. 4. Aumentar a influência de T3 na bioenergética mitocondrial. Diversas relações nutricionais importantes melhoram o efeito dos hormônios da tireoide sobre as mitocôndrias. A suplementação de selênio em animais pode melhorar a produção de T3 e reduzir os autoanticorpos aos hormônios da tireoide, enquanto melhora a produção de energia. A suplementação com selenometionina resulta em melhora na deiodinação de T4, que pode melhorar a formação de trifosfato de adenosina, apoiando a melhora da atividade mitocondrial. As fontes alimentares de selênio incluem castanha-do-pará, pargo, bacalhau, linguado, atum de barbatana amarela, salmão, sardinha, camarão, cogumelos e cevada. 5. Monitorar o uso de produtos fitoterápicos. Com base em estudos com animais, parece que certas preparações fitoterápicas influenciam a atividade da tireoide. Os produtos mais importantes incluem Commiphora mukul (guggulsterones, do extrato guggul) e Withania somnifera (ashwagandha). O Commiphora mukul demonstra forte ação estimulante da tireoide. Sua administração (1 mg/100 g peso corporal) aumenta a captação de iodo pela tireoide, aumenta a atividade da tireoide peroxidase e diminui a peroxidação lipídica, sugerindo que o aumento da geração periférica de T3 pode ser mediado por efeitos dessa planta antioxidante. O extrato da raiz da Withania somnifera (ashwagandha) (1,4 g/kg) pode aumentar as concentrações de T3 e T4 sem alterar a atividade da 5’- desiodase. 6. Evitar alterar o metabolismo de hormônios da tireoide pelos flavonoides. Os flavonoides, tanto naturais quanto sintéticos, têm a capacidade de perturbar o metabolismo dos hormônios da tireoide. Os derivados sintéticos dos flavonoides podem diminuir as concentrações séricas de T4 e inibir tanto a conversão de T4 em T3 quanto a depuração metabólica de rT3 pela 5’-deiodinaseselênio- dependente. Os flavonoides de ocorrência natural parecem ter um efeito inibitório semelhante. Dos flavonoides que ocorrem naturalmente, a luteolina (mais frequentemente encontrada nas folhas, mas também vista no aipo, tomilho, dente-de-leão, pimentão, tomilho, perila [Perilla frutescens], chá de camomila, cenoura, azeite, hortelã, alecrim e orégano) é o inibidor mais ativo da atividade da 5’-deiodinase. Uma vez que os flavonoides isolados ou concentrados são cada vez mais usados como intervenções terapêuticas, são necessárias mais pesquisas sobre a potencial influência dessas substâncias sobre o metabolismo do hormônio da tireoide. 7. Atentar para os suplementos. O ácido lipoico reduz a conversão de T4 em T3. Já que a redução na ativação periférica de T3 subsequente ao tratamento com T4 normalmente não é uma vantagem terapêutica, o uso de suplementos de ácido lipoico em pacientes com hipotireoidismo submetidos à terapia hormonal exógena deve ser abordado com cautela. 8. Manter a suficiência vitamínica. Um nutriente que é extremamente importante para estabelecer o equilíbrio 21 imunológico e prevenir a produção de anticorpos é a vitamina D. A vitamina D é considerada um pró-hormônio com atividade antiproliferativa, diferenciativa e imunossupressora. A vitamina D é um modulador imune eficaz e pode suprimir o desenvolvimento de doenças autoimunes, como a artrite e a esclerose múltipla. Por outro lado, a deficiência de vitamina D está associada a inúmeras doenças autoimunes, incluindo a tireoidite de Hashimoto. Mais de 90% das pessoas com doença autoimune da tireoide têm um defeito genético que afeta sua capacidade de metabolizar a vitamina D. A vitamina D também parece atuar com outros fatores nutricionais para ajudar a regular a sensibilidade imunológica e pode proteger contra o desenvolvimento de autoanticorpos. Após uma exposição a metais pesados, observam-se diminuições em diversos sistemas antioxidantes da peroxidação lipídica hepática (a degradação oxidativa de lipídios). O ácido ascórbico tem se mostrado eficaz na prevenção da diminuição de T3 e na 5’-deiodinação hepática induzida pelo cádmio. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Boelaert K, Torlinska B, Holder RL, Franklyn JA. Older subjects with hyperthyroidism present with a paucity of symptoms and signs: a large cross-sectional study. J Clin Endocrinol Metab. 2010;95(6):2715-26. Brenta G et al. 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