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Distúrbios da Tireoide A TIREOIDE É uma pequena glândula em formato de borboleta, localizada logo abaixo da proeminência laríngea. Produz hormônios que influenciam praticamente todos os órgãos, tecidos e células do corpo, exercendo, portanto, um enorme efeito sobre a saúde. A glândula tireoide responde à estimulação pelo hormônio tireoestimulante (TSH), secretado pela hipófise. Quando estimulada, a glândula tireoide produz dois hormônios principais: a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). Eles recebem essas numerações em decorrência da quantidade de moléculas de iodo. T3 é a forma mais predominante e ativa de hormônio da tireoide utilizada pelo corpo. A tireoide também produz calcitonina, um hormônio que ajuda a regular a quantidade de cálcio no sangue. Outras funções são: Desenvolvimento do sistema nervoso central Regulação da temperatura corporal e frequência cardíaca Regulação do metabolismo de macronutrientes Regulação da ingestão alimentar e do peso corporal. A síntese desses hormônios necessita da tirosina e iodo. Uma vez sintetizados, eles são liberados na circulação; entretanto, os efeitos metabólicos só ocorrem quando os hormônios finalmente ocupam seus receptores específicos. De acordo com as estimativas, uma célula precisa cinco a sete vezes mais T4 do que T3 para se ligar aos receptores nucleares e exercer um efeito fisiológico. Os processos de biossíntese que resultam na geração dos hormônios tireoidianos dentro da tireoide são controlados por mecanismos de retroalimentação dentro do eixo hipotálamo- hipófise-tireoide (eixo HHT). HIPOTIREOIDISMO Distúrbio tireoidiano caracterizado pela baixa síntese de hormônios tireoidianos. Entre os casos detectados de hipoatividade da tireoide (hipotireoidismo), mais da metade deve-se a uma doença autoimune, denominada tireoidite de Hashimoto, em que o sistema imune ataca e destrói o tecido da glândula tireoide. Mulheres têm de cinco a oito vezes mais tendência do que os homens de sofrer de hipotireoidismo. Além disso, os indivíduos com doença celíaca podem correr risco. Hipotireoidismo subclínico O hipotireoidismo subclínico é uma condição caracterizada pelo aumento do TSH no soro. Alguns pacientes apresentam sintomas não específicos de hipotireoidismo subclínico, mas a maioria dos afetados é assintomática e identificada somente durante exames de sangue de rotina. Existe uma associação entre hipotireoidismo subclínico e hipercolesterolemia, aterosclerose, mortalidade cardiovascular, infertilidade, cálculos do ducto biliar comum, entre outros. Tireoidite de Hashimoto Doença crônica autoimune, caracterizada pela presença de peroxidase antitireoide (anti-TPO) e/ou anticorpos antitiroglobulina (anti-Tg) no soro, infiltração intratireoidiana de linfócitos B e T com predominância do subtipo T helper 1 (Th1), com redução dos folículos tireoidianos. Os indivíduos podem apresentam vários estados de função tireoidiana, predominantemente evoluindo pra o hipotireoidismo. Em indivíduos geneticamente predispostos, a interrupção dessas interações imunoendócrinas por fatores ambientais é capaz de mudar o equilíbrio entre a resposta imune Th1-Th2. Isso resulta em uma reação autoimune mediada por células Th1 com destruição de tireócitos e hipotireoidismo, desencadeando uma variedade de manifestações locais e sistêmicas acompanhadas de outras doenças autoimunes. Estudos indicam uma associação entre tireoidite de Hashimoto e aumento do risco para o desenvolvimento de linfoma primário da tireoide e câncer de tireoide. Fatores de risco ambientais: alta ingestão de iodo, deficiência de selênio, infecções, certos fármacos, drogas ilícitas e produtos químicos, tabagismo. Outros quadros clínicos Síndrome de Schmidt – hipotireoidismo com outros distúrbios endócrinos, incluindo a doença de Addison (insuficiência suprarrenal), o hipoparatireoidismo e o diabetes mellitus, que podem ser todos de natureza autoimune . Síndrome do doente eutireóideo – hipotireoidismo associado a uma doença sistêmica grave, que causa redução da conversão periférica de T4 em T3, conversão aumentada de T3 na rT3 inativa e diminuição da ligação dos hormônios tireoidianos. As condições frequentemente associadas a essa síndrome incluem desnutrição proteico-energética, traumatismo cirúrgico, infarto do miocárdio, insuficiência renal crônica, cetoacidose diabética, anorexia nervosa, cirrose, lesão térmica e sepse. Uma vez tratada a causa subjacente, é comum haver resolução da condição. Sintomas Pele seca, letargia, fala lenta, edema palpebral, sensação de frio, oscilação de humor, cabelos secos e grossos, menstruação intensa, pele fria, língua grossa, edema facial, perda de memória, constipação intestinal e ganho de peso. Causas Autoimune; tireoidectomia; radioterapia de cabeça e pescoço ou radioiodoterapia; malformação; carência ou excesso de iodo; disfunção hipofisária com baixa produção de TSH; infecção bacteriana; fatores nutricionais. Os defeitos estruturais da glândula tireoide representam 80% dos casos de hipotireoidismo congênito e incluem aplasia, hipoplasia e ectopia tireoidiana resultantes de malformação da glândula tireoide na embriogênese. Aproximadamente 2% dos defeitos de desenvolvimento da tireoide foram até agora atribuídos a mutações genéticas que codificam os fatores de transcrição expressos durante a embriogênese tireoidiana. Estresse suprarrenal, estresse oxidativo, envelhecimento, gravidez e menopausa podem ser gatilhos para o desenvolvimento de hipotireoidismo. Tratamento clínico Reposição de hormônios tireoideanos (levotiroxina, tiotironina, tireoide natural desidratada). HIPERTIREOIDISMO O hipertireoidismo é um distúrbio resultante do excesso de hormônios tireoidianos. A doença de Graves é uma doença autoimune, em que a glândula tireoide está difusamente aumentada (bócio) e hiperativa, produzindo quantidades excessivas de hormônios tireoidianos. Os hormônios tireoidianos em excesso podem causar desequilíbrio metabólico grave, conhecido como tireotoxicose. Em geral, os pacientes apresentam uma história familiar que envolve um amplo espectro de doenças autoimunes da tireoide, como doença de Graves, tireoidite de Hashimoto ou tireoidite pós-parto. Na doença de Graves, o próprio receptor de TRH é o principal autoantígeno, responsável pela manifestação do hipertireoidismo. A glândula tireoide encontra-se sob estimulação contínua pelos autoanticorpos circulantes dirigidos contra o receptor de TRH, e a secreção hipofisária de TSH está suprimida, em virtude da produção aumentada de hormônios tireoidianos. Esses anticorpos estimulantes da tireoide levam à liberação de hormônio tireoidiano e tireoglobulina (Tg) e também podem estimular a captação de iodo, a síntese de proteínas e o crescimento da glândula tireoide. Sintomas Perda de peso, tremor, nervosismo, diarreia, taquicardia, intolerância ao calor, alterações do apetite, evacuações frequentes, fraqueza muscular, distúrbios menstruais, comprometimento da fertilidade, aumento da tireoide, insônia. Causas Autoimune; tumor hipofisário; nódulos tireoidianos; uso de medicamentos contendo hormônio tireoidiano e seus derivados; uso de medicamentos ricos em iodo; e infecção bacteriana. Tratamento clínico Uso de medicamentos antitireoideanos (metimazol, propiltiouracila, iodo radioativo). DIETOTERAPIA Iodo A glândula tireoide precisa captar uma quantidade mínima estimada de 60 µg de iodeto (a forma iônica do iodo) diariamente, de modo a assegurar um suprimento adequado para a produção dos hormônios tireoidianos. A quantidade inadequada de iodo compromete a função da tireoide e leva a um espectro de distúrbios. Na tireoidite de Hashimoto autoimune, a suplementação com iodo pode exacerbar a condição. O iodo estimula a produção de TPO. Isso aumenta acentuadamentea concentração de anticorpos anti-TPO, indicando uma crise autoimune. O monitoramento da ingestão de iodo com base nas recomendações de ingestão diária é fundamental, em especial nas fases de maior vulnerabilidade a distúrbios tireoidianos, como a gestação e lactação. Selênio Se houver deficiência de selênio, ocorre comprometimento da atividade da deiodinase, resultando em diminuição da capacidade de deiodisar a T4 em T3. Também ter importante impacto na síntese celular da selenoproteínas e para a atuação da glutationaperoxidase tipo 3, que protege os tireócitos do excesso de H2O2 gerado durante a síntese de hormônios tireoidianos. Vários estudos relataram os benefícios do tratamento com selênio na tireoidite de Hashimoto e na doença de Graves. As evidências também sugerem que uma quantidade elevada de selênio pode exercer uma influência prejudicial sobre o metabolismo dos hormônios da tireoide. Embora indivíduos expostos a teores dietéticos elevados de selênio tipicamente apresentem concentrações normais de T4, T3 e TSH, foi constatada uma correlação inversa significativa entre a T3 e o selênio. Ferro A hipofunção da tireoide pode ser secundária a uma baixa concentração de ferro ou anemia. A razão disso é que a TPO é uma enzima heme glicosilada que depende de ferro. O fornecimento de ferro juntamente com iodo resulta em melhora mais acentuada da função e volume da tireoide do que o suprimento isolado de iodo. Dietas restritivas A restrição de energia e carboidratos pode diminuir substancialmente a atividade dos hormônios da tireoide. Entretanto, quando a restrição energética persiste por mais de três semanas, as concentrações de T4 e rT3 retornam a valores normais. De modo global, durante o jejum, observa-se uma infrarregulação do eixo hipotálamo-hipófise- tireoide, que se acredita ser um mecanismo poupador de energia. Bociógenos Os vegetais cianogênicos (couve-flor, brócolis, repolho, couve-deBruxelas, mostarda, nabo, rabanete, broto de bambu e mandioca) exercem atividade antitireoidiana por meio da inibição da TPO. A hidrólise de alguns glicosinolatos encontrados em vegetais crucíferos (p. ex., progoitrina) pode produzir a goitrina, um composto conhecido pela sua interferência na síntese de hormônios da tireoide. A hidrólise dos indolglicosinolatos resulta na liberação de íons tiocianato, os quais podem competir com o iodo pela sua captação pela glândula tireoide. A exposição aumentada a íons tiocianato em consequência do consumo de vegetais crucíferos não aumenta o risco de hipotireoidismo, a não ser que acompanhado de deficiência de iodo. A soja pode bloquear a absorção de medicamentos para a tireóide. Consumo elevado de isoflavonas não parece aumentar o risco de hipotireoirismo quando o consumo de Iodo é adequado. Evitar HIPOTIREOIDISMO HIPERTIREOIDISMO Refeições rápidas, alimentos processados salgados, guloseimas açucaradas, como pastelaria, bolo, biscoitos e sorvete, uso excessivo de álcool, alimentos à base de soja, brócolis, repolho, couve de bruxelas, couve-flor, couve, nabo, alimentos com glúten. Peixe, algas, sushi, nori, algas, queijo, gemas de ovos, sal iodado, água iodada, corantes alimentares, xaropes para tosse, contraste médico, corantes, suplementos de ervas ou vitaminas, leite de soja, molho de soja, creamers à base de soja. Tratamento com iodo radioativo ✓ Evitar contato ou ingestão de substâncias contendo iodo (alimentos, suplementos, medicamentos, produtos de higiene pessoal, cosméticos) ✓ Evitar banhos de mar ✓ Alimentos e bebidas com corante vermelho podem conter iodo (exemplo: balas, whisky) ✓ Informar ao médico o uso de comprimidos, cápsulas ou remédios de cor vermelha ✓ Permanecer 2 horas de jejum após a dose. ✓ Ingerir bastante líquido. Recomendações que devem ser seguidas até 7 dias após a dose ✓ Procurar dormir sozinho no quarto e evitar o contato sexual ✓ Roupas de cama, toalhas, talheres, pratos e copos, de uso do paciente, deverão ser separados e lavados separadamente ✓ Evitar o contato com crianças de colo e mulheres grávidas ✓ Quando for ao banheiro, dar a descarga várias vezes e lavar bem as mãos ✓ Pacientes em idade fértil, deverão usar métodos de contracepção, até 12 meses, após a administração do Iodo-131 ✓ Mantenha a dieta alimentar pobre em iodo, por 7, dias após administração do Iodo.
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