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primórdio hipofisário murino, sugerindo que tem um papel crucial na determinação e diferenciação inicial da hipófise4. Defeitos no HESX-1 acarretam deficiência iso- lada de GH ou associada à deficiência de TSH, prolacti- na, ACTH, LH e FSH. Além das deficiências hormonais, a displasia septo-óptica (caracterizada pela tríade clínica de anormalidades da linha média cerebral, hipoplasia do nervo óptico e hipopituitarismo4) pode estar associada. A hipoplasia hipofisária pode manifestar-se como defi- ciência endócrina, variando de deficiência isolada de GH a pan-hipopituitarismo4. A endocrinopatia mais comum é a deficiência de GH, resultando em baixa estatura e re- dução da taxa de crescimento. Acompanha a deficiência de gonadotrofinas, TSH e de ACTH4. Déficit neurológi- co é comum, embora não obrigatório, variando de um retardo mental global a déficits focais como epilepsia e hemiparesia4. O modo de herança é autossômico recessi- vo nas mutações homozigóticas. Pode ser autossômica dominante, sendo que alguns pacientes com formas he- terozigóticas apresentavam pais normais com a mutação, sugerindo penetrância incompleta. Uma mutação mis- sense, levando a substituição de um aminoácido isoleuci- na na posição 26 por timina (I26T), foi identificada em uma paciente brasileira com quadro clínico de deficiên- cia de GH e gonadotrofinas5. Esta paciente posterior- mente evoluiu com deficiência de TSH e ACTH, além de apresentar neuro-hipófise ectópica, sem alteração das vias ópticas no exame de ressonância magnética5. LHX3 (ou Lim3, P-lim) pertence aos fatores de transcrição da classe homeodomínio LIM envolvidos na organogênese de diversos órgãos, principalmente tecidos neurais. O LHX3 é essencial para a diferenciação e proli- feração das linhagens celulares da adeno-hipófise. Está localizado no cromossomo 9p34.3. Os pacientes apresen- tam deficiência completa de todos os hormônios hipofi- sários, exceto do ACTH1,3,4. Associa-se rigidez da coluna cervical, com ombros elevados, limitando a rotação da cabeça a 75-80º1,3. O modo de herança é autossômico re- cessivo4. Mutações neste gene são raras em humanos. LHX4 (Gsh4) pertence ao grupo dos fatores de transcrição da classe homeodomínio LIM. Está localiza- do no cromossomo 1q25. Participa da regulação, proli- feração e diferenciação das linhagens celulares hipofisá- rias. Mutações no LHX4 são raras, sendo que deficiência de GH, TSH, PRL e ACTH são associadas a hipoplasia hipofisária e defeitos cerebelares, como a malformação de Chiari, que consiste na protrusão das tonsilas cerebelares de mais de 5 mm abaixo do forame magno6. A neuro-hipófise pode estar em posição nor- mal ou ectópica6, 7 (Figura 2). O modo de herança é au- tossômico dominante. Um estudo do LHX4 em 62 pacientes brasileiros com hipopituitarismo e neuro-hi- pófise ectópica não revelou mutações7. PROP-1 (Prophet of Pit-1) O PROP-1, fator de transcrição do tipo homeodo- mínio paired-like, é expresso especificamente nas célu- las embrionárias da hipófise. Está envolvido na ontogê- nese, na diferenciação e na função dos somatotrofos, lactotrofos, tireotrofos e provavelmente dos gonadotro- fos4. O modo de herança é autossômico recessivo. Nes- te defeito genético, ocorrem as deficiências de GH, TSH, prolactina, LH, FSH e, em alguns casos, deficiência tar- dia de ACTH4. Diversas mutações já foram descritas, e esta parece ser a causa hereditária mais freqüente de de- ficiência hipofisária múltipla, ocorrendo em aproxima- damente 50% destes pacientes8. É notável a variabilida- de fenotípica dos pacientes com mutações no PROP-1, incluindo o início do aparecimento das deficiências hormonais, tamanho hipofisário e secreção de corti- sol4,8. Os pacientes exibem um fenótipo predominante- mente hipogonádico com puberdade atrasada ou au- sente com resposta acentuadamente reduzida de LH e FSH ao teste de estímulo com GnRH. O retardo de cres- cimento manifesta-se geralmente após os 3 anos de ida- de e a altura pode estar severamente reduzida (desvio padrão de até -10) à época do diagnóstico. Os adultos afetados são baixos e apresentam genitália externa in- fantil. O hipotireoidismo secundário por deficiência de TSH ocorre em aproximadamente 20% dos casos. A maioria dos pacientes apresenta parênquima hipofisá- rio reduzido no exame de ressonância magnética, mas pode ter um período de aumento hipofisário seguido por hipoplasia acentuada (sela vazia secundária)9. POU1F1 (Pit-1) POU1F1 é um fator de transcrição específico da hi- pófise, pertencente à família POU dos genes homeobox. CLÍNICA MÉDICA ! DOENÇAS ENDÓCRINAS E METABÓLICAS84 ! Figura 2. Ressonância magnética da região hipotálamo-hipofisá- ria em T1, sem contraste. A e B: Hipófise normal, cortes coronal e sagital, respectivamente. Observa-se haste ín- tegra, conectada ao parênquima hipofisário e hipersinal posterior, que corresponde à neuro-hipófise. C e D: Neu- ro-hipófise ectópica (setas) com localização próxima à eminência média, haste não visualizada (transecção) e parênquima hipofisário reduzido. A C B D Martins - Clínica Médica (Volume 5)
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