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Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 TUTORIA – CASO 1 ID/HMA: Vitória, 20 anos, portadora de síndrome de Down, apresenta-se na UBS acompanhada pela mãe, com queixa de indisposição. Refere que há aproximadamente quatro meses passou a se sentir muito cansada, sem motivação para nada. A mãe tem notado que a filha tem dormido mais e tem muita dificuldade para acordar pela manhã. Refere que a filha sempre foi ativa, dócil e colaborativa em casa, mas que ultimamente está sempre com sono. Vitória sempre teve uma boa saúde, mas nos últimos exames de sangue solicitados para “check-up” passou a ter colesterol elevado e anemia. Ao exame: paciente um pouco apática, respondendo às solicitações de forma lentificada, com mucosa descorada ++/4, hidratada. Dados vitais (DV): frequência respiratória (FR) 14 incursões por minuto (IPM); pulso radial (PR): 50 pulsações por minuto (PPM); pressão arterial (PA): 120 X 70 mmHg, peso 60 kg, estatura 1,55 m. Cabeça e pescoço: presença de aumento simétrico da região cervical anterior. Tórax: forma normal, sem retrações ou abaulamentos; Aparelho Cardiovascular (ACV): Ictus no 5º espaço intercostal, na linha hemiclavicular esquerda, com uma polpa digital, bulhas rítmicas normofonéticas (BRNF) bradicárdicas em dois tempos (2T), sem sopros. Aparelho respiratório (AR): murmúrio vesicular bem distribuído (MVBD) sem ruídos adventícios (RA). Abdome: plano simétrico, com ruídos hidroaéreos (RHA) presentes, indolor a palpação superficial e profunda, sem visceromegalias. Extremidades e Aparelho Osteo-Articular (AOA): sem achados. Pele e fâneros: pele ressecada, queda de cabelo importante e unhas quebradiças. Sistema Nervoso (SN): reflexo aquileo com retorno lentificado. ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS São mutações, alterações do material genético que compromete a sequência de bases nitrogenadas a estrutura ou a quantidade de cromossomos presentes na célula. As mutações são espontâneas ou ser induzidas. Podem ser letais ou acarretar doenças ou anomalias. Elas podem, também, promover a evolução, uma vez que determinam aumento na variabilidade genética. SÍNDROME DE DOWN EPIDEMIOLOGIA A síndrome de Down ou trissomia do cromossomo 21 é o mais comum e mais conhecido dos distúrbios cromossômicos; causa genética isolada mais comum de deficiência intelectual moderada. A SD ocorre em todos os grupos étnicos, níveis socioeconômicos e regiões geográficas. Aproximadamente 1 criança em 850 nasce com a síndrome de Down, e entre os nativivos ou fetos de mães com 35 anos de idade ou mais, a incidência de trissomia do 21 é muito maior. FATORES DE RISCO - À medida que aumenta a idade materna, aumenta a incidência para síndrome de Down (aproximadamente aos 30 anos de idade, o risco começa a subir, aproximando-se de 1 em cada 10 nascimentos na faixa etária materna mais velha). Isso acontece porque os ovócitos têm a idade correspondente a idade da mulher, e quando esses ovócitos ficam velhos, eles estão mais submetidos e propensos a terem problemas na divisão celular. Os ovócitos, apesar de já estarem formados, param no meio da divisão celular, na metáfase, e só vão concluir o processo de divisão celular quando eles forem fecundados pelos espermatozoides.. Dessa forma, mesmo que eles já estejam formados, ainda podem sofrer erros de disjunção porque pararam na metáfase. - Mais da metade das mães de todos os bebês com síndrome de Down têm menos de 35 anos de idade por conta da taxa de natalidade. O risco para a síndrome de Down, devido à translocação ou trissomia parcial não tem relação com a idade materna. TIPOS Existem três formas que podem levar à síndrome de Down: trissomia do 21, em forma de mosaico e, ainda, por alterações estruturais. Down por trissomia do 21: 95% dos casos; Down por mosaico: 1 – 2% dos casos; Down por translocação: 3% dos casos. Humanos geralmente têm 23 pares de cromossomos (46 cromossomos no total). Os primeiros 22 pares são chamados de autossomos e são semelhantes em homens e mulheres. Os cromossomos do 23° par são chamados de cromossomos sexuais porque determinam o sexo. A nomenclatura dos cromossomos humanos para homens é 46,XY e para mulheres é 46,XX. TRISSOMIA DO 21 Em pelo menos 95% de todos os pacientes, o cariótipo da síndrome de Down tem 47 cromossomos, com uma cópia extra do cromossomo 21. Esta trissomia resulta de não disjunção meiótica do par de cromossomos 21. O erro meiótico responsável pela trissomia geralmente ocorre durante a meiose materna (90% dos casos), predominantemente na meiose I, mas cerca de 10% dos casos ocorrem na meiose paterna, na meiose II. A trissomia do 21 típica é um evento esporádico, e assim recorrências não são frequentes. MOSAICO (diferentes tipos de células no corpo) Algumas células possuem a trissomia e outras não. 2% dos pacientes com síndrome de Down são mosaicos de duas populações de células - uma com um cariótipo normal, e uma com o cariótipo da trissomia do 21. O fenótipo pode ser mais leve do que o da trissomia do 21 típica, mas existe uma grande variabilidade fenotípica entre pacientes mosaico, presumivelmente refletindo a proporção variável de células da trissomia do 21 no embrião durante o início do desenvolvimento. TRANSLOCAÇÃO ROBERTSONIANA Ao contrário da trissomia do 21 típica, a síndrome de Down por translocação não apresenta nenhuma relação com a idade materna, mas tem um risco relativamente alto de recorrência em famílias quando principalmente a mãe, é portador de translocação. Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 O pai ou a mãe dessa pessoa apresenta, nas células do seu organismo, no lugar de cromossomos 21 completos, que é o normal, um cromossomo 21 completo mais um pedaço de outro cromossomo 21 que se soltou e se colou a outro cromossomo (14 ou 22). Assim, o pai ou a mãe tem um cromossomo 14, um cromossomo 14 com um pedaço de 21 colado, e um cromossomo 21: por isso não apresentam alteração. Quando se formam seus óvulos ou seus espermatozóides, o par 14 se separa: o cromossomo 14 inteiro vai para uma célula e o cromossomo “misto” (14 + pedaço de 21) vai para outra, e o 21 que não tinha par vai para uma das duas. Desse modo, algum óvulo ou espermatozoide ficará com um cromossomo 14 + um pedaço do 21, e outro 21 completo, ou seja, já tem dois elementos de 21. Ao se unir com o parceiro, na concepção, esse parceiro contribui com o seu cromossomo 21 comum, o que resultará em dois cromossomos 21 completos mais um pedaço do terceiro translocado ao outro cromossomo. SINAIS E SINTOMAS A síndrome de Down geralmente pode ser diagnosticada ao nascimento ou pouco depois por suas características dismórficas, que variam entre os pacientes, mas mesmo assim produzem um fenótipo distintivo. A hipotonia (redução da força muscular) a primeira anomalia observada no recém-nascido. Além das características faciais dismórficas típicas, os pacientes são de pequena estatura e têm braquicefalia (síndrome da cabeça chata) com occipício plano. O pescoço é curto, com a pele frouxa na nuca. As mãos curtas e largas, frequentemente com uma única prega palmar transversal (“prega simiesca”) e os quintos dígitos encurvados (denominado clinodactilia). Anomalias específicas são detectadas em quase todos os pacientes, mas outras são observadas apenas em um subconjunto de casos. Os indivíduos com Síndrome de Down podem apresentar problemas cardíacos - 3° semana do desenvolvimento embrionário, que é quando se forma o 3° folheto (trilaminar). No momento em que o coração começa a se formar, são formados os septos do coração, entre as câmeras cardíacas. Defeito Septo Ventricular: uma septação anormal dos septos ventriculares, uma abertura no septo, ou uma parede divisória entre as duas câmaras inferiores do coração. E com isso, acaba passando sangue de um septo para o outro. Determinadas malformações, tais como atresiaduodenal e a fístula traqueoesofágica, são muito mais comuns na síndrome de Down do que em outros distúrbios. Apenas cerca de 20% a 25% de conceptos com trissomia do 21 sobrevivem até o nascimento. Os que apresentam menor chance de sobrevivência são os que apresentam doença cardíaca congênita; aproximadamente 25% dos bebês nativivos com defeitos cardíacos morrem antes de seu primeiro aniversário. Há um aumento de quinze vezes no risco de leucemia entre os pacientes com síndrome de Down que sobrevivem ao período neonatal. A demência precoce, associada a achados neuropatológicos típicos da doença de Alzheimer (atrofia cortical, dilatação ventricular) acomete quase todos os pacientes com síndrome de Down, várias décadas antes da idade típica de início da doença de Alzheimer na população geral. Orelha de implantação baixa (abaixo da linha dos olhos). Língua saliente (macroglossia) – inclusive possuem dificuldade de manter a língua dentro da boca; DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico da síndrome de Down (pequenas anomalias na morfologia da face, pregas epicânticas e achatamento da ponte nasal) da formação geralmente não apresenta nenhuma dificuldade. No entanto, a cariotipagem é necessária para confirmação e para fornecer uma base para o aconselhamento genético. Embora o cariótipo específico anormal responsável pela síndrome de Down geralmente tenha pouco efeito sobre o fenótipo do paciente, é essencial determinar o risco de recorrência. RISCO DE RECORRÊNCIA: de trissomia do 21 ou de qualquer outra trissomia autossômica, depois que uma criança com esse distúrbio nasce em uma família, é de aproximadamente 1% em geral. 1,4% para as mães com idade inferior a 30 anos, e mães mais velhas; ou seja, há um aumento pequeno, mas significativo, de risco para as mães mais jovens, mas não para as mães mais velhas, cujo risco já é elevado. RASTREAMENTO (OLHAR EXAMES NO RESUMO DE GENÉTICA) Procedimentos para obtenção de alterações fetais; inicialmente são feitos os não invasivos. métodos não invasivos: ultrassonografia; ecocardiograma; dopplerfluxometria; uso de sangue materno para marcadores bioquímicos; métodos invasivos: amniocentese (coleta de líquido amniótico), cavc (coleta de amostra de vilosidade coriônica – amostras de trofoblastos), Cordocentese (coleta de material do cordão umbilical). TRIAGEM NEONATAL A síndrome de Down pode ser detectada no pré-natal por cariotipagem, por análise dos microarranjos cromossômicos, ou por sequenciamento de genoma completo a partir de vilosidades coriônicas ou de células do líquido amniótico. A triagem para síndrome de Down também é possível atualmente por triagem pré-natal não invasiva (TPNI) de DNA fetal livre de células no plasma materno. Embora todas as gestações devam receber oferta de diagnóstico pré- natal, a decisão de submeter-se a métodos invasivos de exame pré-natal equilibra o risco de que um feto tenha síndrome de Down e o risco de que o procedimento de amniocentese ou a amostragem de vilosidades coriônicas utilizado para obtenção de tecido fetal para análise cromossômica leve a perda fetal. No entanto, com a TPNI surgindo como um exame de triagem para síndrome de Down e outras condições de aneuploidia relativamente comuns, este paradigma e considerações de aconselhamento tendem a mudar nos próximos anos. TRIAGEM DO PRIMEIRO TRIMESTRE A triagem do primeiro trimestre é realizada, de modo ideal, entre a 11ª e a 13ª semana de gestação, e conta com a medição dos níveis de certos analitos no soro materno em combinação com exames ultrassonográficos direcionados. Os analitos utilizados são a proteína A plasmática associada à gravidez (PAPP-A) e o hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG), tanto como hCG total quanto como sua subunidade β livre. A PAPP-A está abaixo da faixa normal em todas as trissomias; a hCG (ou β-hCG livre) está aumentada na trissomia do 21, mas diminuída em outras trissomias. As medições dos analitos são combinadas às medições ultrassonográficas da translucência nucal (NT), definida pela espessura do espaço livre de eco entre a pele e o tecido mole que recobre o aspecto dorsal da espinha cervical causado por edema subcutâneo do pescoço do feto. Um aumento na NT é comumente visto nas trissomias do 21, do 13 e do 18 e em fetos 45,X. A NT varia com a idade do feto e deve ser determinada em relação ao período gestacional. TRIAGEM DO SEGUNDO SEMESTRE A triagem do segundo trimestre é geralmente realizada medindo-se a hCG em combinação com três outros analitos: MSAFP, estriol não conjugado e inibina A. Essa bateria de testes é referida como uma triagem quádrupla. Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 Todas essas substâncias estão abaixo da faixa normal em todas as trissomias, com exceção do hCG, que é aumentada na trissomia do 21, mas reduzida em outras trissomias, e da inibina A, que está aumentada na trissomia do 21, mas não é significantemente afetada nas outras trissomias. Os níveis desses analitos podem ser afetados por vários fatores, incluindo etnia, tabagismo, gravidez por fertilização in vitro e diabetes materno, e os laboratórios geralmente ajustam essas variações. Triagens Pré-natais Não Invasivas pela Análise de DNA Fetal Livre de Células (TPNI) A descoberta biológica é que depois de 7 semanas de gestação, o soro da mulher grávida contém DNA fetal que não está contido no núcleo de uma célula, mas sim flutua livremente na circulação materna. Aproximadamente 2% a 10% do DNA livre de células no sangue materno é derivado do trofoblasto da placenta, sendo, portanto, de origem fetal. Este DNA fetal livre de células, embora misturado com DNA de origem materna, fornece uma amostra de genoma fetal que está disponível para análise sem a necessidade de procedimentos invasivos. O avanço tecnológico está no desenvolvimento e aplicação clínica de métodos de sequenciamento de alto rendimento que permitam o sequenciamento de milhões de moléculas de DNA individuais numa mistura. O TPNI torna possível um teste de gestações altamente acurado e não invasivo para aneuploidias autossômicas comuns e dos cromossomos sexuais, com sensibilidade e especificidade próximas a 99% para a trissomia do 21. DNA fetal livre de células no soro materno também é usado para genotipar o locus Rh do feto. O DNA livre de células total é submetido ao sequenciamento de nova geração, e milhões de moléculas de DNA são mapeadas segundo seu cromossomo particular de origem. O número de moléculas que mapeiam em cada cromossomo é determinado, sem conhecimento de qual fragmento é fetal e qual é materno. Embora o TPNI promova uma melhora substancial na sensibilidade e especificidade para identificar trissomias fetais, particularmente a trissomia do 21, e aneuploidias dos cromossomos sexuais, ainda assim ele é um teste de triagem, e não um teste de diagnóstico. O TPNI pode também ser usado para detectar sequências do cromossomo Y no soro materno com o propósito de determinar o sexo fetal; o teste tem taxas de falso-positivos e falso-negativos, variando entre 1% e 2%. TOROIDE ANATOMIA - A glândula tireoide é uma glândula única, que se situa anteriormente à traqueia, entre a cartilagem cricóidea e a incisura supraesternal, entre a 5ª vértebra cervical e a 1ª torácica, superiormente se relaciona com a parte inferior da laringe e posteriormente com o esôfago e artéria carótidas comuns. - Possui dois lobos conectados por um istmo (o ístimo fica logo abaixo da cartilagem cricoidea), e quatro glândulas paratireoides na região posterior, produtoras do paratormônio. - Cerca de 50% das glândulas tireoides têm um lobo piramidal que varia em tamanho, estendendo-se superiormente a partir do istmo da glândula tireoide, em geral à esquerda do plano mediano. VASCULARIZAÇÃO: A irrigação é feita pelas artérias tireóideas superiores (ramo da carótida interna, se divide em ramo anterior eposterior, irriga as regiões anterior, lateral e medial) e inferiores (ramo da artéria subclávia, ela sobe e se divide em ramo superior que irriga as paratireoides e ramo inferior – essa aa.tireóidea inferior tem relação com o nervo laríngeo recorrente (responsáveis pela inervação das pregas vocais) e isso tem importância clinica pois na cirurgia de tireoide uma das principais complicações é a lesão desse nervo). FISIOLOGIA Histologia: Há um tecido conjuntivo denso que fixa a cápsula à cartilagem cricóidea e aos anéis traqueais superiores - Formada por milhares de folículos tireoidianos que são as unidades funcionais da tireoide, esses folículos são pequenas esferas com paredes formadas por células foliculares, no interior desses folículos encontramos o coloide constituído pela tiroglobulina que associada ao iodo é a precursora para os hormônios tireoidianos. Células c: produz a calcitonina que reduz o cálcio sanguíneo a media que inibe a reabsorção óssea, ou seja, ela vai tirar o cálcio do sangue para o osso. - Essa glândula secreta dois hormônios principais, a tiroxina e a tri-iodotironina (mais potente, forma ativa), chamados de t4 e t3 (para o metabolismo basal). Controle do metabolismo de açúcar. - As funções desses hormônios são iguais, o que difere é na velocidade e intensidade da ação. A t3 é quatro vezes mais potente que a tiroxina, mas está presente no sangue em menor quantidade e persiste por um tempo muito curto. - A produção de t4 é maior pq ele é liberado para a conversão periférica em t3 que é feita por deiodases (93% dos hormônios metabolicamente ativos, secretados pela tireoide é tiroxina, e 7% tri-iodotironina). O iodo é necessário para a formação de tiroxina. É necessária a ingestão de 1mg/semana de iodo na forma de iodeto. CAPTAÇÃO DE IODEDO O primeiro estágio de formação dos hormônios tireoidianos é o transporte de iodeto do sangue para células e folículos glandulares da tireoide. A membrana basal das células tireoidianas tem a capacidade de bombear iodeto para o interior da célula. Esse bombeamento é realizado pela ação de simporte de sódioiodeto, que co-transporta um íon de iodeto, junto com dois íons sódio, através da membrana basolateral, para a célula. A energia para o transporte vem da bomba de sódio-potássio adenosina trifosfatase (ATPase). - A ligação do iodo com a molécula de tireoglobulina é chamada organifcação. - A tireoide tem a capacidade incomum de armazenar grande quantidade de hormônios; então os hormônios tireoidianos são armazenados nos folículos em quantidade suficiente para suprir as necessidades normais do organismo por 2 a 3 meses. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFSE-TIREÓIDE A secreção dos hormônios tireoidianos é controlada pelo hipotálamo e pela hipófise anterior. Os níveis reduzidos de T3 e T4 estimulam a liberação do hormônio de liberação da tireotrofina (TRH) pelo hipotálamo, esse hormônio vai agir na hipófise para a liberação do hormônio estimulador da tireoide (TSH), fazendo com que os níveis de T3 e T4 se elevem. Os níveis elevados de T3 e T4, por sua vez, suprimem a secreção tanto do TRH quanto do TSH (feedback negativo). O TSH se liga ao receptor do TSH Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 sobre o epitélio folicular tireoidiano, o que provoca a ativação das proteínas G, a liberação de AMP cíclico (cAMP) e a síntese e liberação de hormônio tireoidiano (T3 e T4) mediadas pelo cAMP. Na periferia, T3 e T4 interagem com o receptor do hormônio tireoidiano (TR) e formam um complexo que se transloca para o núcleo e se liga aos assim enominados elementos de resposta tireoidianos (TREs) em genes-alvo, iniciando, assim, a transcrição. AÇÃO DOS HORMÔNIOS DA TIREÓIDE Aumentam a atividade metabólica celular de quase todos os tecidos corporais. Mitocôndrias: as mitocôndrias aumentam de tamanho e em número. Aumenta tbm a superfície de membrana. Crescimento: Manifesta principalmente em crianças. Promove crescimento e desenvolvimento do cérebro durante a vida fetal e nos primeiros anos de vida pós- natal. Aumento da velocidade de contração e relaxamento muscular. Sistema Nervoso Autônomo: Aumenta a ação das catecolaminas que age no metabolismo dos nutrientes e na produção de calor do corpo (termogénese). Ação hematopoiética: Aumenta a demanda celular de O2, aumenta os níveis de eritropoietina, além da disponibilidade de O2 tecidual. Cardiovascular: Diminui a resistência vascular, aumenta o volume sanguíneo e débito cardíaco. Apresenta efeito na excitabilidade do coração. Ação gastrointestinal: estimula a motilidade do tubo digestório. Estimulação do metabolismo de carboidratos: Incluindo a captação rápida de glicose pelas células. Aumento de glicólise e gliconeogênese. Estimulação do metabolismo de gorduras: Praticamente todos os aspectos do metabolismo de lipídios que são rapidamente mobilizados a partir do tecido adiposo. Aumento do metabolismo basal: aumento da produção de calor e consumo de O2. DIMINUIÇÃO E AUMENTO DOS HORMÔNIOS Efeitos do frio: Aumenta a secreção de TRH e, portanto, de TSH. Esse efeito resulta da excitação dos centros hipotalâmicos do controle da temperatura corporal. Reações emocionais: podem afetar a liberação de TRH e TSH, afetando a secreção dos hormônios tireoidianas. A agitação e ansiedade são condições que estimula, intensamente o sistema nervoso simpático. Substâncias Antitireoidianas suprimem a secreção tireoidiana: Tiocianato, propiltioracil e as altas concentrações de iodemos inorgânicos. Aumento da TBG (proteína transportadora dos hormônios): estrógenos, hepatite, fármacos e hipotireoidismo podem aumentar a TBG o que irá resultar em maiores níveis de T3 e T4. PATOLOGIA Hipertiroidismo A tireotoxicose é o estado hipermetabólico devido à elevação dos níveis circulantes de T3 e T4. Hipertireoidismo refere-se a hiperatividade tireoidiana, enquanto tireotoxicose refere-se a síndrome causada por excesso de hormônio tireoidiano. 1. EPIDEMIOLOGIA: É mais frequente em mulheres (cinco para cada homem) e em tabagistas. O hipertiroidismo subclínico ocorre em 0,3% a 1%. Doença de Graves (DG) Representa a etiologia mais comum de hipertireoidismo (80% dos casos). 2. ETIOLOGIA: O desencadeamento do hipertireoidismo pode ocorrer devido ao excesso de iodo presente em alguns medicamentos, ao surgimento de nódulos na glândula, ao funcionamento mais acelerado da tireoide ou à ingestão dos hormônios da tireoide. 3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas são multiformes e incluem alterações estado hipermetabólico induzido por quantidade excessiva de hormônio tireoidiano: Sintomas constitucionais: A pele das pessoas tireotóxicas tende a ser macia, quente e enrubescida; a intolerância ao calor e a sudorese excessiva são comuns. O aumento da atividade simpática e o hipermetabolismo resultam em perda ponderal a despeito do aumento do apetite. Gastrointestinal: O estímulo do intestino resulta em hipermotilidade, má absorção e diarreia. Cardíaco: As palpitações e a taquicardia são comuns; os idosos podem desenvolver insufciência cardíaca congestiva como consequência da agravação de doença cardíaca preexistente. Neuromuscular: nervosismo, tremor e irritabilidade. Quase 50% desenvolvem fraqueza muscular proximal (miopatia tireoidiana). Manifestações oculares: Olhar amplo, arregalado, e atraso palpebral devido à hiperestimulação simpática do elevador da pálpebra superior. No entanto, a verdadeira oftalmopatia tireoidiana associada à proptose é uma característica somente observada na doença de Graves. Tempestade tireoidiana expressão usada para designar o início abrupto de hipertireoidismo grave. Essa condição ocorre mais em pacientes com doença de Graves subjacente, provavelmente resultante de elevação dos níveis de catecolaminas, como pode ser encontrado durante o estresse. A tempestade tireoidiana constitui umaemergência médica: número significante de pacientes não tratados falece devido a arritmias cardíacas. Hipertireoidismo apatético se refere à tireotoxicose que ocorre em idosos, nos quais as características típicas de excesso de hormônio tireoidiano observados em pacientes mais jovens estão embotadas. Nesses pacientes, o diagnóstico é frequentemente feito durante a avaliação laboratorial para perda de peso inexplicada ou do agravamento de uma doença cardíaca. DOENÇA DE GRAVES É um distúrbio autoimune também chamado de bócio difuso toxico onde o corpo produz anticorpos que ativam a tireoide ao invés de destruí o receptor de TSH que ativa a tireoide. Então a hipófise para de produzir o TSH e ele fica zerado. ETIOPATOGÊNESE Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 1. O hipertireoidismo se origina da produção pelos linfócitos B de anticorpos contra o TSHR (TRAb). 2. Tais anticorpos se ligam ao TSHR e ativam complexos de sinalização das proteínas Gs 3. Ao se ligarem ao receptor do TSH, os TRAb vão estimular a síntese e a liberação dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), que, por sua vez, exercem retroalimentação negativa sobre a hipófse, mas não sobre os TRAb. 4. Como consequência, surgirá elevação do T3 e T4, associada à supressão do TSH. FATORES PREDISPONENTES: A suscetibilidade para a DG é determinada por uma mistura de fatores genéticos, ambientais e endógenos, que são responsáveis pelo surgimento da autorreatividade das células T e B para o receptor do TSH. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A DG apresenta-se com três manifestações principais: hipertireoidismo com bócio difuso, oftalmopatia infltrativa e dermopatia (mixedema pré-tibial). Ansiedade, tremos, muita energia, irritação, arritmia, palpitação. Bócio Na DG, o bócio é caracteristicamente difuso, sendo observado em 97% dos casos. Pode ser assimétrico ou lobular, com volume variável. Em alguns pacientes, há frêmito e sopro sobre a glândula, produzidos por um aumento do fluxo sanguíneo.. Oftalmopatia infltrativa: Pode ser exacerbada tanto pelo hipo como pelo hipertireoidismo. Os anticorpos reagem provocando autoagressão intraorbitária, como no tecido tireoidiano. Acontece devido do aumento de volume dos músculos extraoculares e da gordura retrobulbar. Dermopatia (mixedemapré-tibial): Exclusivamente encontrada na doença de Graves, acomete apenas 5 a 10% dos pacientes. Quase sempre está associada à oftalmopatia infltrativa. Na área pré-tibial, devido ao acúmulo de glicosaminoglicanos. As lesões mostram-se em placas e, nelas, a pele está bastante espessada, com aspecto de casca de laranja e coloração violácea. 5. DIGNÓSTICO Função tireoidiana: encontramos supressão do TSH, elevação do T4 e T3. Ocasionalmente, apenas o T3 está elevado, acompanhando a supressão do TSH (T3-toxicose). Tal situação é mais comum na fase inicial da doença ou em casos de recidiva. Além disso, inicialmente podemos encontrar apenas níveis baixos de TSH, com T4 e T3 normais, caracterizando o hipertireoidismo subclínico Anticorposantitireoidianos: Anticorpos antitireoglobulina (anti-Tg) e, sobretudo, os antitireoperoxidase (anti-TPO) são observados em muitos pacientes com DG. Em pacientes hipertireóideos, a presença dos anticorpos antirreceptores do TSH (TRAb) é específica para a DG, indicando doença ativa (em 70 a 100% dos casos). Captação do iodo radioativo: nas 24 horas (RAIU/24 h). A RAIU/24 h encontra-se elevada em praticamente 100% dos casos de DG, o que possibilita facilmente sua diferenciação com os casos de tireotoxicose secundária à tireoidite subaguda linfocítica e tireoidite pós-parto, situações em que a RAIU/24 h está caracteristicamente muito baixa ou ausente. Alterações hematológicas e bioquímicas: Na DG, observam-se leucopenia (comum), hipercalciúria e hipercalcemia (ocasionais), elevação de transaminases e hiperbilirrubinemia (nos casos mais graves). Redução do colesterol total pode, também, ser encontrada. Cintilografia com iodo radioativo (123I ou 131I) ou tecnécio: deve ser realizada em pacientes com nódulos identificados à palpação ou à ultrassonografia, para avaliar se tais nódulos são “quentes” ou “frios”. Punção aspirativa com agulha fina: Estará indicada quando forem encontrados nódulos tireoidianos normo ou hipocaptantes à cintilografia. Tratamento Não há cura, o manejo consiste em intervenções que reduzam a capacidade da tireoide em responder à estimulação anormal pelos TRAb. As três opções básicas de tratamento são, há 60 anos, o uso de drogas antitireoidianas (DAT), também denominadas anti- tireoidianos de síntese ou tionamidas, o iodo radioativo e a cirurgia. i. Medicamentoso Antitireoidianos de síntese (tionamidas): Existem duas opções principais preparações: metimazol (MMI) e propiltiouracil (PTU). Ácido iopanoico/ipodato de sódio: são contrastes iodados que inibem a síntese e a liberação dos hormônios tireoidianos, bem como a conversão periférica de T4 em T3. Glicocorticoides: inibem a conversão de T4 em T3, a captação do iodo e a liberação dos hormônios estocados na glândula. Iodo radioativo (radioiodo): controlar o hipertireoidismo, tornando o paciente hipotireóideo. É facilmente administrado por via oral, em solução ou cápsulas, e tem baixo custo. ii. Tireoidectomia A cirurgia está indicada, sobre- tudo, nas seguintes situações: (1) bócios muito volumosos (> 150 g), (2) Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 existência de sintomas compressivos locais ou nódulos com suspeita de malignidade após PAAF e (3) opção do paciente. HipOtiroidismo Síndrome clínica resultante da deficiente produção ou ação dos hormônios tireoidianos, com consequente retardo nos processos metabólicos. Pode ser primário (falência tireoidiana), secundário (causa hipofisária, por deficiência de tireotrofina ou TSH) ou terciário (defciência hipotalâmica do hormônio liberador da tireotrofna ou TRH). EPIDEMIOLOGIA O hipotireoidismo primário (HTP) é prevalente em todo o mundo, e apesar de ser uma doença comum em todo o mundo ela pode ser endêmica em regiões com deficiência de iodo, é mais comum na raça branca e responde por 95% do total de casos. Em recente levantamento feito no Rio de Janeiro, a prevalência de HTP (clínico e subclínico) variou de 9,4% em mulheres com 35 a 44 anos de idade a 19,1% naquelas com 75 anos de idade ou mais (média de 10,3%). Bem menos comum é o hipotireoidismo central, cuja prevalência estimada é de 0,005% na população em geral. O hipotireoidismo congênito ocorre em 1 em cada 4.000 a 5.000 recém-nascidos. ETIOLOGIA 1. Patologias tireoidianas A ttireoidite de Hashimoto (TH) é a causa mais comum de hipotireoidismo. Cerca de 20 a 30% das mulheres com tireoidite pós-parto desenvolverão HTP após 5 anos (risco maior naquelas com altos títulos de anticorpos antiperoxidase). O hipotireoidismo ocorre também em 30 a 40% dos pacientes com tireoidite de Riedel, resultado da substituição do tecido tireoidiano por tecido fIbroso. Algumas vezes, o hipotireoidismo é decorrente de doenças infltrativas, como hemocromatose, sarcoidose, esclerose sistêmica progressiva, amiloidose ou cistinose. 2. Tratamento do hipertireoidismo A terapia com Iodo representa a segunda causa mais comum de hipotireoidismo. Este último em geral ocorre dentro do primeiro ano após o tratamento. 3. Fármacos A ingestão de iodo em grande quantidade, medicamentos ricos em iodo (amiodarona, contrastes radiológicos) ou carbonato de lítio podem causar hipotireoidismo. Tal fato ocorre, sobretudo, na presença de tireoidite de Hashimoto, história prévia de tireoidite pós-parto ou tireoidite indolor, bem como em pacientes que já foram submetidos à cirurgia tireoidiana ou terapia com iodo. 4. Radioterapia externa Pode ser decorrente de radioterapia externa da cabeça e do pescoço. É bastante comum (25 a 50%) após a irradiação de linfomasde Hodgkin e não Hodgkin, sobretudo quando a tireoide não foi protegida e quando contrastes radiológicos contendo iodo foram usados antes da radioterapia. 5. Adquirido Pode se originar de qualquer processo neoplásico, inflamatório, infltrativo, isquêmico ou traumático que comprometa a capacidade secretória da hipófise anterior e/ou do hipotálamo. 6. Congênito Defeitos congênitos na estimulação ou síntese do TSH, ou na estrutura desse hormônio, representam raras causas de hipotireoidismo central congênito (HCC). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Manifestações oftalmológicas, neurológicas e psiquiátricas: Entre as alterações neurológicas, a mais grave é o coma mixedematoso. Tem também a cefaleia, tonturas, zumbido no ouvido, astenia, fala lenta ou arrastada, alterações vestibulares, défcits cognitivos, distúrbios visuais, defciência auditiva, parestesias etc. - Pele e fâneros: apresentam com alterações cutâneas caracterizadas por uma pele seca, descamativa e áspera, que pode ficar amarelada devido ao acúmulo de caroteno. Cabelos secos e quebradiços, queda de cabelos, fragilidade ungueal, rarefação do terço distal das sobrancelhas (madarose) e edema facial são outros achados comuns. - Sistema cardiovascular: Bradicardia (a despeito da anemia), redução do débito cardíaco, hipofonese das bulhas cardíacas, baixa voltagem do QRS e alterações inespecíficas do ST-T são manifestações mais características do hipotireoidismo de longa duração, não tratado. Cardiomegalia, sobretudo por derrame pericárdico, pode também estar presente. - Sistema digestivo: Anorexia, constipação intestinal e distensão gasosa são as manifestações mais comuns. As duas últimas resultam de menor ingestão alimentar, retardo no esvaziamento gástrico e alentecimento do trânsito intestinal. Algumas vezes, grave retenção fecal ou íleo paralítico podem acontecer. Megacólon pode ser constatado por exames radiológicos. - Sistema respiratório: O hipotireoidismo pode cursar com respirações lentas e rasas, bem como respostas ventilatórias alteradas à hipercapnia ou hipoxia. Ocorre dispneia em cerca de 50% dos pacientes. Pode haver também derrame pleural, bem como apneia do sono obstrutiva. - Sistema musculoesquelético: Pacientes com hipotireoidismo podem se apresentar com fadiga muscular generalizada, mialgias e cãibras. Artralgias, derrames articulares, síndrome do túnel do carpo e pseudo-gota também podem ocorrer. Em geral, não se observa alteração dos níveis séricos do cálcio e do fosfato, nem da densidade mineral óssea. - Manifestações renais e distúrbios eletrolíticos: No hipotireoidismo, pode haver diminuição do fluxo sanguíneo renal e da taxa de fltração glomerular, em função de redução do débito cardíaco e do volume sanguíneo. Como consequência, ocorre elevação dos níveis séricos de creatinina, ácido úrico e magnésio. - Sistema reprodutivo: Em mulheres, o hipotireoidismo acompanha-se de irregularidades menstruais (oligomenorreia, amenorreia e, menorragia), anovulação e infertilidade. Está presente em até 40 a 50% dos pacientes com hipotireoidismo primário. EIXO HIPOTÁLAMO- HIPÓFISEGONADAS 1. O hipotálamo produz um hormônio, o GnRH (Hormônio Liberador de Gonadotrofinas), que chega até a hipófise anterior pela circulação sanguínea, por meio de uma rede de capilares que fazem essa comunicação, e, então, estimula as células gonadotróficas a produzirem os hormônios LH e FSH que são secretados e vão realizar suas funções nas gônadas. 2. O LH e o FSH são hormônios produzidos e liberados pela adeno-hipófse (o lobo anterior da hipófse). HIPOTIREOIDISMO E PROBLEMÁTICAS NO CICLO MENSTRUAL Uma grave deficiência de tiroxina estimula intensamente a secreção de TRH... Este fator hipotalâmico, quando em excesso, acaba estimulando a liberação de FSH e LH, o Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 que explica o surgimento de puberdade precoce em crianças e a menorragia. SISTEMA HEMATOPOÉTICO Anemia leve a moderada é um achado comum, com frequência bem variável (32 a 84%). A anemia causada pelo hipotireoidismo é decorrente da diminuição do metabolismo da produção de eritropoetina - baixa produção de hemácias = ANEMIA. HIPERCOLESTEROLEMIA O colesterol do organismo deriva de duas fontes: colesterol dietético (exógeno) e colesterol de síntese (endógeno), sendo este último a principal fonte. O colesterol circula no organismo através de lipoproteínas, e o LDL (lipoproteína de baixa densidade) transporta a maior parte do colesterol do fígado para os tecidos e o HDL (lipoproteína de alta densidade) realiza o transporte reverso, levando o colesterol dos tecidos para o fígado. Os hormônios tireoideanos diminuem a quantidade de colesterol plasmático por sua ação sobre a lipase lipoprotéica, que aumenta o catabolismo intravascular de VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade). Além disso, estes hormônios aumentam a velocidade de secreção de colesterol na bile, com sua consequente perda nas fezes. Esse mecanismo ocorre pela capacidade dos hormônios da tireoide de induzir o aumento do número de receptores de LDL nas células hepáticas, resultando na rápida remoção do LDL plasmático, com secreção subsequente do colesterol dessas lipoproteínas pelos hepatócitos. TIREOIDITE DE HASHIMOTO TH ou tireoidite linfocítica crônica tem etiologia autoimune e é a forma mais comum de tireoidite. 1. Epidemiologia A TH acomete em torno de 5% da população adulta e tem uma prevalência aumentada com o passar dos anos. É três a cinco vezes mais frequente no sexo feminino. 2. Etiologia A doença auto-imune da tireóide é uma doença multifatorial, tem a contribuição de fatores genéticos, ambientais e endógenos que juntos vão induzir ao distúrbio no processo de tolerância imunológica e ao início do processo de agressão auto-imune. 3. Etiopatogenia O primeiro evento no desencadeamento do processo autoimune é o aumento do número de CAA (células apresentadoras de antígenos) na tireóide. Este aumento é provocado por sinais inflamatórios produzidos por dano ou necrose das células tireoidianas. As CAA vão promover a ativação de células T helper específicas para antígenos da tireóide, o que pressupõe uma alteração dos mecanismos normais de tolerância imunológica. Pode-se ter uma evolução no sentido da destruição autoimune da tireoide, levando à tireoidite de Hashimoto. 4. Quadro clínico O achado clínico inicial mais comum é um bócio indolor e simétrico; alguns pacientes podem apresentar somente um lobo tireóideo aumentado. 5. Diagnóstico: Hipotireoidismo primário As alterações clássicas são: TSH elevado e níveis baixos de T4 livre (FT4) e T3. De início, observa-se apenas elevação do TSH, caracterizando o hipotireoidismo subclínico; a seguir, reduzem-se o T4 e depois o T3. Hipotireoidismocentral (HTC) caracteriza-se por níveis séricos de FT baixos, enquanto aqueles do TSH podem estar normais, baixos ou, até mesmo, um pouco elevados (em geral < 10 mUI/L). TRATAMENTO O tratamento do hipotireoidismo consiste em geral na administração de levotiroxina ou L-tiroxina (L-T4), em uma dose única diária. SÍNDROME DE DOWN E TOROIDE O hipotireoidismo é uma das patologias mais comuns em pessoas com síndrome de Down e o transtorno endocrinológico mais frequente. Entre 30% e 40% de pessoas com síndrome de Down tem hipotireoidismo. Esta incidência chega a variar de 80% a 90% durante a primeira infância (7,8). Na diagnóstico de hipotireoidismo associado à síndrome de Down, a história clínica e o exame físico têm pouco valor. Isso se dá por duas razões: primeiro, porque as pessoas com síndrome de Down apresentam, por conta da trissomia, sintomas parecidos com os do hipotireoidismo – como aumento de peso, secura da pele ou apatia -, sem apresentar disfunção hormonal. Segundo porque, como a incidência do hipotireoidismo é bastante alta entre pessoas com síndrome de Down, o objetivo é fazer um diagnósticoprecoce, antes que os sintomas apareçam, através de análises periódicas dos níveis de T3, T4 e TSH (através de exame de sangue). Com esta análise, é possível detectar o hipotireoidismo ainda em sua fase subclínica, quando ainda não apresenta sintomas, e é possível iniciar o tratamento imediatamente. 1. Normalmente, a glândula tireoide secreta cerca de 80-90% de T4 e 10-20% de T3. T4 é um hormônio inativo, ou, por vezes, chamado de um pró-hormônio, e não serve para controlar a função das células, até ser convertido em T3. 2. A conversão de T4 para T3 é realizada por enzimas de deiodinase. A função destas enzimas é a de remover um iodo, o que converte T4 para T3. 3. T3 reverso tem o efeito oposto de T3 ativo, dado que é uma forma inativa de T3. Além de não realizar suas funções dentro da célula, eles de certa forma ocupam espaço, e bloqueiam a entrada e atividade do T3 útil, o ativo. 4. A baixa produção de T3 ativo pode ser um ciclo vicioso, especialmente quando os genes de receptores de T3 são inibidos. Todos esses processos que contribuem para os níveis de T3 reverso e/ou receptores de T3 reduzidos nas membranas celulares existem de fato em crianças e adultos com síndrome de Down. A prova diagnóstica fundamental do hipertireoidismo na síndrome de Down será a determinação dos níveis de TSH, T3 e T4. A análise desses hormônios no sangue mostrará o padrão característico do hipertireoidismo clínico, TSH suprimido e a elevação de T3 e T4. SEMIOLOGIA DA TOROIDE Inspeção Estática: observação lateral e anterior do pescoço em posição neutra, em extensão, em flexão e em rotações direita e esquerda. Não é facilmente visível; caso a isto ocorra, deve-se considerá-la aumentada. Melhor visualizada com a extensão do pescoço associada a deglutição (por ser fixa à fáscia pré-traqueal, é deslocada para cima na deglutição) Palpação: anterior ou posterior ao paciente: Elementos a serem avaliados durante a palpação: Volume - Aproximadamente 3-5 cm (os lobos, sendo o direito um pouco maior) e istmo com diâmetro de 0,5 cm. Consistência - Normalmente de consistência elástica, a presença de áreas mais firmes pode indicar nodulações ou processos neoplásicos. Dor - Normalmente indolor a palpação. Quando dolorosa pode ser indicativo de processo inflamatório primário ou secundário. Superfície - Normalmente lisa perdendo essa característica quando da presença de nódulos. Mobilidade - Normalmente móvel à deglutição pode perder ou ter diminuído a mobilidade em processos neoplásicos. Thaís Silva Batista | Medicina UNIFTC | 4º P 2021.1 Pulsações - Dependem da transmissão das pulsações das carótidas, pela proximidade anatômica. Frêmitos - Ocorrem pela interrupção do fluxo laminar ocasionado pelo aumento da velocidade circulatória na glândula. Anterior Paciente sentado frente ao examinador, com a cabeça em discreta flexão anterior. - identificar as cartilagens tireóidea e cricóide e localizar o istmo, situado logo abaixo desta última. Posiciona-se o polegar direito horizontalmente, abaixo da cartilagem cricóide, solicitando ao paciente que degluta, permitindo com a movimentação a percepção do istmo, cuja consistência é elástica e a largura gira em torno de 0.5 cm. - Palpando os lobos: para o lobo direito, nos posicionamos anterior e a esquerda do paciente e com os dedos indicador e médio da mão esquerda justapostos e horizontalizados, ordenamos ao paciente que degluta. - para o lobo esquerdo, nos posicionamos anterior e a direita do paciente e com os dedos indicador e médio da mão direita procedemos a mesma seqüência anterior. Posterior Paciente sentado e o examinador por trás do mesmo. O paciente então flete a cabeça ântero-lateralmente, para descontrair o músculo esternocleidomastóideo, e em seguida é feita à palpação dos lobos da tireóide e do istmo. Ausculta: Normalmente ausculta-se somente a pulsação das artérias carótidas, mas quando há aumento da velocidade do fluxo circulatório na tireóide pode-se auscultar um sopro contínuo. Indicativo de hiperfunção da glândula tireóidea. NEUROPSICOPATOLOGIAS DAS ENDOCRINOPATIAS = SM Hipertireoidismo Pacientes com hipertireoidismo podem ser diferenciados dos com transtornos de ansiedade primários pela pele quente, ao invés de fria, pelo apetite aumentado e uma incapacidade descrita de associar a ansiedade a idéias ou preocupações específicas. O hipertireoidismo pode ser diferenciado da mania, em geral, pelo nível diminuído de energia e atividade. Por outro lado, hipertireoidismo em pacientes bipolares é facilmente ignorado, porque o hipertireoidismo pode precipitar mania, e o tratamento subseqüente com lítio pode levar a uma resposta parcial (por suas ações antitireoidéias e antimaní- acas). Hipotireoidismo O hipotireoidismo agudo, e especialmente o de longa duração, estão associados a alterações na cognição e no estado afetivo. As alterações na cognição podem ocorrer isoladamente ou parecer mais gerais do que os transtornos do humor. Transtornos afetivos abrangendo de depressão leve à psicose e tendência suicida ocorrem em mais da metade dos pacientes com hipotireoidismo de grau I. Depressão e, em extensão menor, ansiedade, podem ocorrer logo nas primeiras três semanas do início do hipotireoidismo, particularmente em pacientes com história de transtornos afetivos. lrritabilidade marcante, labilidade emocional e insônia são observados freqüentemente. Os pacientes têm uma quantidade reduzida dos estágios 3 e 4 do sono, similar ao observado na depressão. Ocorre psicose em 10% dos pacientes com hipotireoidismo de grau I, mas raramente pode ser vista em casos mais leves. A qualidade da psicose não é específica e geralmente é parte de um delirium. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Doença hepática crônica, hipotireodismo, deficiência de ácido fólico, deficiência de vitamina B12, anemias hemolíticas, displasias medulares, toxicidade por anticonvulsivantes e hiperhidratação celular A “Síndrome de Down” é uma condição de base molecular, genética ou cromossômica? Como é feito seu rastreio e diagnostico? Quais as 03 principais causas de Hipotiroxinemia e Hipertiroxinemia? Quais as principais manifestações clinicas da falta e do excesso de hormônios tireoidianos? (raciocinar por sistemas) Como é feito o diagnostico laboratorial das disfunções tireoidianas (avaliação hormonal e principais anticorpos)? Qual a fisiologia básica dos hormônios tiroidianos (quem produz? O que faz aumentar a produção? O que faz diminuir? Como agem?) Qual é a fisiopatologia da doença de graves (qual o principal anticorpo? Como ele está associado a fisiopatologia da doença?) Qual a fisiopatologia da tireoidite de hashimoto (qual o principal anticorpo? Como ele está associado a fisiopatologia da doença?) Diagnósticos diferenciais para o caso: anemia (SEC a parasitose?), síndrome climatérica?
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