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MACROECONOMIA ABERTA A. Introdução e Conceitos B. Modelo Clássico C. Modelo IS-LM-BP A. INTRODUÇÃO E CONCEITOS A.1 - Inclusão do Setor Externo ➢ Transações econômicas internacionais ▪ Exportações e importações de bens e serviços, turismo etc. ▪ Transações com ativos: investimentos diretos, endividamento externo etc. ➢ O país pode ter ganhos de eficiência, tais como: ▪ Vantagens comparativas e especialização na produção ▪ Maior diversidade de produtos para o consumo ▪ Diversidade das opções de portfólio ▪ Antecipação do consumo futuro (com endividamento externo) ▪ Ampliação da concorrência nos mercados domésticos ➢ O registro contábil das transações entre residentes de um país e o resto do mundo é feito no Balanço de Pagamentos (BP). As contas do BP refletem: ▪ Fluxo de bens e serviços: conta corrente ▪ Fluxo internacional de capitais: movimento de capital - direitos e obrigações ➢ Estrutura do Balanço de Pagamentos (BP) A. Balanço de Transações Correntes ou Conta Corrente (TC) A.1 Balança comercial (bens e serviços não fatores) A.1.1 Exportações A.1.2 Importações A.2 Conta de serviços e renda – (serviços fatores) A.2.1 Serviços A.2.2 Rendas A.3 Transferências unilaterais correntes B. Conta Capital e Financeira (Mk) B.1 Conta capital B.2 Conta financeira C. Erros e Omissões Resultados (saldo) do BP (A + B +C) D. Variação de Reservas A.2 Alguns Conceitos A.2.1 Taxa de Câmbio: mostra qual é a relação de troca entre duas unidades monetárias diferentes, ou seja, o preço relativo entre diferentes moedas. Taxa de câmbio nominal: relação entre quantidades de moeda. Ou seja, é o preço de uma moeda em relação a outra. No Brasil, essa taxa expressa o valor de uma unidade de moeda estrangeira em termos da nacional. Assim, a taxa de câmbio expressa as unidades de moeda doméstica necessárias para a aquisição de uma unidade de moeda estrangeira. E( 𝑅$ 𝑈𝑆$ )= 5 (um dólar custa 5 reais) Já em outros países, como EUA, Inglaterra e ex-colônias, essa taxa expressa o valor de uma unidade de moeda nacional em termos da estrangeira. Assim, a taxa de câmbio expressa as unidades de moeda estrangeira necessárias para a aquisição de uma unidade de moeda nacional. E( 𝑖𝑒𝑛𝑒 𝑈𝑆$ ) ; ( 𝑅$ 𝑈𝑆$ ) ❖ Apreciação (valorização) nominal do câmbio: ocorre quando a moeda nacional fica relativamente mais cara do que a moeda estrangeira, em termos monetários. Por exemplo: E( 𝑅$ 𝑈𝑆$ ) -𝐸0 = 5 𝐸1 = 4,5. Então, o real valoriza-se frente ao dólar, ou seja, a moeda nacional vale mais moeda estrangeira. ❖ Depreciação (desvalorização) nominal: ocorre quando a moeda nacional fica relativamente mais barata que a moeda estrangeira, em termos monetários. Por exemplo: E( 𝑅$ 𝑈𝑆$ ) - 𝐸0 = 5 𝐸1 = 5,5. Então, o real desvaloriza-se frente ao dólar, ou seja, a moeda nacional vale menos moeda estrangeira. A taxa de câmbio real: corresponde ao preço relativo entre o produto nacional e o estrangeiro, ou vice-versa. Essa é a taxa relevante para a determinação os fluxos comerciais entre os países. No Brasil: 𝜃= 𝐸𝑃∗ 𝑃 , sendo: θ = taxa de câmbio real E = taxa de câmbio nominal (R$/US$) 𝑃∗ = preço do produto estrangeiro, em US$ P = preço do produto nacional, em R$ EP* = preço do produto estrangeiro, em R$ Então, considere o seguinte exemplo: Automóvel produzido no Brasil: R$ 30.000,00 Automóvel similar produzido nos EUA: US$ 24.000,00 Se E ( 𝑅$ 𝑈𝑆$ )= 1,0 → θ = 1 ( 𝑅$ 𝑈𝑆$ )𝑋 24.000 (𝑈𝑆$) 30.000 (𝑅$) = 0,8 (automóvel norte-americano é 20% mais barato do que o nacional). magno Realce magno Realce Se E= 1,25 → θ = 1 (preço do bem é igual nos dois países, quando expresso na mesma moeda). • Valorização real da moeda brasileira θ = 0,8 → θ = 0,5 ( 𝑃∗ ou P ou E) Assim, uma valorização da taxa de câmbio real significa que o produto nacional fica relativamente mais caro que o estrangeiro. θ → 𝐷𝑎𝑢𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 (𝑋𝑎𝑢𝑡𝑜 e 𝑀𝑎𝑢𝑡𝑜) • Desvalorização real da moeda brasileira. θ = 0,8 → θ = 1 (𝑃∗ ou P ou E) Assim, uma desvalorização da taxa de câmbio real significa que o produto nacional fica relativamente mais barato que o estrangeiro. θ → 𝐷𝑎𝑢𝑡𝑜 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜 (𝑋𝑎𝑢𝑡𝑜 e 𝑀𝑎𝑢𝑡𝑜 ) Taxa de câmbio efetiva: neste caso, ponderam-se as diversas taxas reais de câmbio, de acordo com a importância dos parceiros comerciais. Θ = ∑ θ𝑖µ𝑖 𝑛 𝑖=1 , 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 µ𝑖 𝑜 𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑝𝑎í𝑠 𝑖 A.2.2 Regimes ou Sistemas Cambiais Questão: como é determinado o valor da taxa de câmbio nominal? a) Regime de câmbio fixo: a autoridade monetária, Banco Central, determina o valor da taxa de câmbio, e se compromete a comprar e vender divisas à taxa estipulada. No caso do excesso de demanda por moeda estrangeira, o banco central deve atendê- lo, vendendo moeda externa, o que contrai a base monetária interna. Deve possuir reservas cambiais suficientes. No caso de excesso de oferta, o BC deve adquiri-lo, comprando moeda externa, o que expande a base monetária interna. Deve aceitar perdas de graus de liberdade na condução da política monetária – conflito entre equilíbrio externo e interno. Vantagem: i) segurança proporcionada aos agentes econômicos, o que facilita as transações internacionais. Promoção de um ambiente mais estável para o crescimento do comércio mundial e do investimento internacional. Desvantagens: i) perda de graus de liberdade na condução de políticas monetárias. ii) suscetibilidade a ataques especulativos (desregulamentação financeira → livre mobilidade de capitais → expansão dos fluxos de capitais entre os países → corrida contra a moeda doméstica – saída de capitais → elevar a taxa de juros para conter essa saída → produz efeitos negativos- I↓ e µ↑ etc → conflito entre a manutenção da paridade e demais objetivos da política econômica → credibilidade do regime monetário é afetado) iii) incapacidade do BC de acomodar choques externos (no país âncora) que venha a incidir na economia. (taxas de juros podem estar correlacionadas) b) Regime de câmbio flutuante (flutuação pura): o valor da taxa de câmbio é determinado pelo mercado (confronto entre demanda e oferta de divisas), neste caso, a taxa de câmbio se ajusta de modo a equilibrar o mercado de divisas. Vantagens: i) Balança de Pagamentos sempre em equilíbrio. Assim, o déficit no BP (excesso de demanda por divisas) desaparece com desvalorização cambial. E o superávit no BP (excesso de oferta de divisas) desaparece com valorização cambial. ii) Mercado determina a taxa de câmbio Menor influência (arbitrariedades) das autoridades monetárias. iii) Maior grau de liberdade na condução da política monetária. Maior independência em relação as políticas econômicas. Políticas monetárias e fiscais podem ser usadas para buscar metas internas. iv) Isolamento da economia interna em relação a alguns choques externos (do lado da demanda) Por exemplo: recessão externa – se a renda externa diminui, as exportações diminuem (Y*↓ → X↓) → déficit no BP Com câmbio fixo: X↓ e D↓ e Y↓ Com câmbio flutuante: X↓ → excesso de demanda por moeda externa → E↑ → elimina-se o déficit no BP e E↑ → X↑ e M↓ → D↑ e Y↑. Desvantagens: i) Maior volatilidade da taxa de câmbio Com maior volatilidade da taxa de câmbio, há desestímulo ao comércio internacional e ao investimento no exterior (desestabilização dos fluxos comerciais – aumento dos riscos do comércio e dos investimentos internacionais). ii)Constantes deslocamentos de mão de obra e outros recursos entre produção para o mercado interno e produção para exportação, criando o chamado desemprego friccional. iii) Especulação desestabilizadora em mercado de moeda estrangeira (expectativas de novos movimentos no câmbio na mesma direção). Ampliação da incerteza (reduçãonos investimentos) Outros regimes: c) Flutuação suja (dirty – floating): determinação da taxa de câmbio pelo livre mercado, porém com intervenções da autoridade monetária (BACEN) de modo a limitar sua instabilidade (intervenções esporádicas e limitadas no mercado cambial). d) Bandas cambiais d1) Tradicional: neste caso, fixa-se uma taxa de câmbio central e um intervalo de variação para cima e para baixo (BACEN atua quando é atingido esses limites). A banda é irreajustável. d2) Bandas rastejantes: amplitude e taxa central variam de acordo com uma regra pré- estabelecida. d3) Banda cambial deslizante: amplitude e taxa central variam sem compromisso prévio. e) Minidesvalorizações ou regime de câmbio real fixa: correção da taxa de câmbio nominal periodicamente de acordo com algum indicador. Em geral, a sua correção é feita pelo diferencial entre a inflação interna e externa (ΔE= π - π*). f) Câmbio fixo ajustável: o câmbio é fixo, mas não indefinidamente. g) Conselho da moeda (currency board): entidade responsável por definir as regras da emissão da moeda doméstica, cujo valor é fixado em termos de uma moeda estrangeira, em forma de lei. h) Dolarização plena: moeda doméstica é substituída por uma outra tradicionalmente estável magno Realce A.3 Determinantes do Saldo do Balanço de Pagamentos A.3 1 Balança em transações correntes (TC) Balança comercial Conta de serviços e renda Transferências unilaterais Se forem excluídos os componentes da renda líquida enviada ao exterior (RLEX):(herança do passado), juros da dívida externa, remessa de lucros etc. →Saldo em TC depende no curto prazo, sobretudo das exportações líquidas de bens e serviços não fatores (serviços acabados completos não derivados da mera remuneração internacional pelo uso de um fator de produção de um residente por um não residente. →Exportações Líquidas (TC) = Exportações (X) – Importações (M) Importações: 𝑀 = 𝐹(𝑌(+); 𝜃(−)) Exportações: 𝑋 = 𝐹(𝑌∗(+); 𝜃(+)) Dados Y e Y*, 𝑇𝐶 = 𝐹(𝜃+), A.3.2 Movimentos de capitais (Mk) Determinantes do fluxo de capitais: análise do risco-retorno. Se risco for igual em todos os países, então o capital flui para o de maior retorno. No entanto, espera-se que a taxa de retorno seja igual em todos os países (r = r*) Mundo com Mobilidade de Capitais Vale a condição de arbitragem: 𝑟 = 𝑟∗ + 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑐𝑡𝑎𝑡𝑖𝑣𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟𝑖𝑧𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑐â𝑚𝑏𝑖𝑜 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙(𝐸𝑒) + 𝑐𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑎çã𝑜(𝜌) + 𝑟𝑖𝑠𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑎í𝑠(𝛾). Sendo:𝑟 = taxa real de juros interna e 𝑟∗ = taxa real de juros externa Caso (i): Perfeita mobilidade de capitais Inexistência de 𝜌 𝑒 𝛾 𝑟 = 𝑟∗ (expressas na mesma moeda) → Paridade coberta da taxa de juros. 𝑀𝑘 = (𝐸𝑘 − 𝑆𝑘), sendo 𝑀𝑘 a conta do saldo do movimento de capitais, 𝐸𝑘 a entrada de capitais e 𝑆𝑘 a saída de capitais. → 𝑟 > 𝑟∗ → 𝐸𝐾↑ → 𝑟 = 𝑟 ∗ → MK = MK (𝑟 − 𝑟∗) Porém, note que, se 𝑟 e 𝑟∗são expressas em diferentes moedas (paridade descoberta da taxa de juros), então Ee influencia a taxa de juros. $ 100 com câmbio de 𝐸 = 𝑅$ 𝑈𝑆$ = 2,0, valem 100 X 2 = R$ 200 Com E = 2,5, R$ 200 valem agora $ 80. Ou seja, 200/2,50 = $ 80 → perda de $ 20,0. Assim, se há expectativa de desvalorização do real frente ao dólar, então r terá que ser maior que 𝑟∗: ↑Ee → 𝑟 > 𝑟∗. E vice-versa, ↓ Ee → 𝑟 < 𝑟∗. Caso (ii):- País pequeno (não afeta a taxa de juros internacional) e com perfeita mobilidade de capital (não há restrição ao fluxo de capitais), o saldo de 𝑀𝑘 é infinitivamente elástico em relação à taxa de juros. Caso (iii): País grande, o saldo de 𝑀𝑘 responde positivamente a taxa de juros (elevação da demanda por dólares implica na elevação na taxa de juros externa) Caso (iv): com mobilidade de capital imperfeita. Se risco país crescer → saldo de 𝑀𝑘 ↑ só ocorre com r↑ magno Realce A.3.3 Paridade do Poder de Compra (PPC) ✓Questão: como determinar o valor da taxa de câmbio nominal e seu comportamento a longo prazo? PPC tenta responder isto! A.3.3.1 Versão absoluta da paridade do poder de compra ✓Lei do Preço único: produtos homogêneos devem ter o mesmo custo nos diferentes mercados, quando expressos na mesma moeda. Com isso, os consumidores serão indiferentes em que lugar comprar o produto. Exemplo: ➢Big Mac deve ter o mesmo preço em qualquer lugar: 𝑃𝐵𝑅 𝑅$ = 𝑃𝐸𝑈𝐴 𝑅$ = 𝐸𝑅$ 𝑈𝑆$⁄ 𝑋 𝑃𝐸𝑈𝐴 𝑈𝑆$ . Essa igualdade dos preços seria garantida pelo funcionamento do mercado. Suponha inexistência de 𝜌 𝑒 𝛾. Se 𝑃𝐵𝑅 < 𝑃𝐸𝑈𝐴 , então 𝐷𝐵𝑅↑ e 𝐷𝐸𝑈𝐴↓ → 𝑃𝐵𝑅 ↑ e 𝑃𝐸𝑈𝐴 ↓, até atingir o equilíbrio. ✓Assim, a taxa de câmbio nominal será determinada de modo a igualar o preço nos dois países, quando expressa na mesma moeda. 𝑃𝐵𝑅 𝑅$ = 𝑃𝐸𝑈𝐴 𝑅$ = 𝐸 𝑋 𝑃𝐸𝑈𝐴 𝑈𝑆$ 4(𝑅$) = 𝐸(𝑅$ 𝑈𝑆$⁄ )𝑋 3𝑈𝑆$ 𝐸 = 4 3 = 1,33 𝑃𝐵𝑅 𝑅$ = 4 𝑒 𝑃𝐸𝑈𝐴 𝑈𝑆$ = 3,0 → 𝐸 = 1,33 1,0 Se E < 1,33 → produto americano mais barato que o brasileiro Se E > 1,33 → produto brasileiro será mais barato ✓ Considerada para a economia em conjunto, a lei do preço único fornece a condição da paridade do poder de compra das moedas. 𝐸 = 𝑃𝐵𝑅 𝑃𝐸𝑈𝐴 Nesse caso, os preços dos bens são substituídos pelos níveis gerais de preços dos dois países. Essa é chamada de versão absoluta da paridade do poder de compra. Críticas: i) Inexistência de custos de transação → Hipótese irrealista Por exemplo: serviços (bens não transacionáveis; Non-tradeables) – custos de obtê-los; custos de deslocamento. → nível geral de preços pode não ser o melhor indicador para a determinação da taxa de câmbio. ii) Cestas homogêneas de consumo nos diferentes países (bens comercializáveis nem sempre são substitutos perfeitos). A.3.3.2 Versão relativa da paridade do poder de compra Notação: seja 𝑥(𝑡), 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝑑𝑥 𝑑𝑡 = �̇�(𝑡) e 𝑑𝑙𝑛𝑥(𝑡) 𝑑𝑡 = ln x(t)̇ = �̇�(t) x(t) ; %∆E = %∆θ + %∆P − %∆P∗ (caso discreto) ln Ė = ln θ̇ + ln Ṗ − ln Ṗ∗ (caso contínuo) θ = E P∗ P ou E = θ P P∗ →ln E = ln θ + ln P − ln P∗ →ln Ė = ln θ̇ + ln Ṗ − ln Ṗ∗ ou →lnĖ = ln θ̇ + (π − π∗) ✓Assim, a PPC relativa explicação a correção cambial ao longo do tempo: Precisamente, taxa de câmbio nominal deve ser corrigida ao longo do tempo pelo diferencial entre inflação interna e externa, de modo a manter a taxa de câmbio real constante, ou seja, o poder de compra da moeda. (1 + ∆𝐸) = (1 + 𝜋) (1 + 𝜋∗) → ∆𝐸 = 𝜋 − 𝜋∗ Sendo: ∆𝐸 = variação da taxa de câmbio nominal em dado período; 𝜋 = inflação interna no mesmo período e 𝜋∗= inflação externa no mesmo período.
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