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Linguagem das Artes Plásticas 02 1. Representações Arte 4 Conceitos 6 Funções das Artes Visuais 7 2. Princípios das Belas Artes 9 3. Elementos da Linguagem Visual 16 Linha 18 Superfície 19 Cor 19 Luz 22 Volume 23 4. Referências Bibliográficas 29 03 4 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS 1. Representações Arte Fonte: Veja Abril1 ote que as obras de arte ex- pressam uma ideia, um olhar do mundo, e resultam uma forma de inquietação no observante, uma sensação exclusiva, uma aspiração de contemplar e uma conversação com a impressionabilidade do artis- ta. A este contíguo de sensações denominamos de experiência esté- tica. Os movimentos artísticos origi- nam uma marca atemporal, do am- biente e dos artistas que as cunha- ram, despontando a pensamento, a ideia e a visão daquela obra, arre- 1 Retirado em http://veja.abril.com.br bentando associações, articulações, elementos, proporcionando o desve- lar da cultura e a promoção a ela, uma forma de saber e de desenvol- ver conhecimento. A sensibilidade artística é ad- quirida através do contato com as obras de arte, a educação do gosto, a compreensão das cor- rentes estéticas e formas de ex- pressão artística. Nas aprecia- ções feitas sobre estas obras, não se deixa de refletir os gostos dominantes da sociedade ou os padrões correntes nos grupos sociais em que os indivíduos se movem. A produção artística N 5 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS moderna e contemporânea cria exigências de percepção e de in- terpretação que podem ser mai- ores que a capacidade de apre- ensão do público. Na atuali- dade, a arte está cada vez mais complexa e mais distante do imaginário do homem comum, gerando a necessidade constan- te de formação do público em geral e do próprio artista plásti- co no conhecimento dessas no- vas formas de expressão e de pensar a arte. Nesse sentido, a programação em Artes Plásti- cas deverá dar visibilidade, pri- oritariamente, à produção ar- tística moderna e contemporâ- nea, ampliando sua frente de trabalho no registro, difusão e circulação dessas propostas (SESC, 2008). Como resultado, desenvolve- se condições de uma ciência mais aprofundada pelo notório assim co- mo pelos artistas plásticos. As apre- sentações precisarão priorizar artis- tas plásticos identificados pela esté- tica do que se entende-se sendo a própria da arte contemporânea, e que tenham determinado nível de qualidade em suas criações. Assim, as exposições não ne- cessitam se abranger àquelas que podem ser alocadas em galerias. As manifestações que, por suas propri- edades, demandam instalação em ambientes ao ar livre, ruas e praças, precisam ser avaliadas pela organi- zação da programação em Artes Plásticas. Estas exposições devem permi- tir intervenções contemporâ- neas em seu interior, possibili- tando, assim, ao público, diver- sas leituras da criação artística. Foco na arte moderna e con- temporânea Ser um artista plástico contemporâneo signi- fica estar em conexão com o que acontece na sua época, mos- trando em sua produção os câ- nones que marcam esses perío- dos da criação artística, os avanços nas discussões e pro- postas da arte que se manifes- tam em diferentes modos no mundo. Estes novos objetos ar- tísticos, a arte moderna e con- temporânea, são resultantes da incorporação nas obras dos meios multimídia, da incessan- te pesquisa e da liberdade de experimentação de materiais diversos e suportes pela intro- dução. A criação artística que se pauta pelos cânones estabeleci- dos no passado, mesmo reali- zada nos dias de hoje, não pode ser considerada como moderna ou contemporânea. Ela é ape- nas uma manifestação tardia de uma percepção artística que o tempo esgotou. O fato de se dar prioridade a exposições de ar- tistas contemporâneos não sig- nifica exclusão da programação em Artes Plásticas de artistas plásticos que foram importan- tes no passado e são exemplos acabados das tendências hege- mônicas em suas épocas. Expo- sições históricas podem e de- vem ser realizadas (SESC, 2008). Logo, o conhecimento do pas- sado é indispensável para um enten- 6 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS dimento superior e melhor do anda- mento da criação artística coeva e, em implicação, alcançar-se uma vi- são mais apurada das tendências que fazem o presente momento nas artes plásticas do Brasil e no mundo. Nesse contexto, a conduta me- diante à abordagem das artes plásti- cas com o público necessitará ser contemporânea no que se refere-se à vinculação do tema ao artista, à sua obra uma vez que o processo e con- textualização dentro do seu mo- mento. Com uma boa visita mediada deve ser aquela em que equaci- ona o conteúdo da exposição com a interferência necessária do mediador, que deve estimu- lar o senso crítico nos visitan- tes, diferentemente das visitas guiadas que levam o visitante à leitura dirigida. A ideia é esta- belecer uma relação mais pró- xima entre a obra de arte e o pú- blico. As programações da mo- dalidade Artes Plásticas dentro das Atividades Apresentações Artísticas e Desenvolvimento Artístico-Cultural devem, sem- pre que possível, ser articula- das. Exibição de acervos e reali- zação de cursos são ações que, sempre que possível, devem ca- minhar juntas em prol do mes- mo objetivo. A realização de um número significativo de exposi- ções ou de cursos simplesmente não significa que estejamos atu- ando de forma expressiva em artes plásticas. A quantidade de ofertas não está associada ne- cessariamente à qualidade do produto. Desse modo, torna-se necessá- rio que a programação em Apresen- tações Artísticas, assim como o De- senvolvimento Artístico-Cultural se modere sempre pela escalação de ar- tistas proeminentes para a compre- ensão da arte contemporânea, assim como o domínio dos elementos em- pregados pelos artistas que se aco- plam a essas tendências nas artes plásticas ao exibir e fazer artístico. Conceitos Como vimos as artes plásticas são concepções expressivas realiza- das utilizando-se de técnicas de pro- dução que manuseiam materiais para desenvolver formas e imagens que despontem um pensamento es- tético e poético de um algum período histórico. O Pensador de Rodin Fonte: http://culturagenial.com Estética, do grego aisthésis: percepção, sensação, é um ra- 7 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS mo da filosofia que tem por ob- jeto o estudo da natureza do “belo” e dos fundamentos da ar- te. Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como: as diferentes formas de arte e da técnica artística; a ideia de obra de arte e de cria- ção; a relação entre matérias e formas nas artes. Por outro lado, a estética também pode ocupar-se da privação da be- leza, ou seja, o que pode ser considerado “feio” (XAVIER, s/a). Desse modo, por poética com- preende-se a linguagem utilizada para fins estéticos com fundamento na imaginação de quem desenvolve ou aprecia o resultado dessa concep- ção. Por arte visual entende-se a pesquisa e tudo aquilo que é avalia- do ou percebido pela visão de ma- neira criativa. Funções das Artes Visuais Veja que a criação de materiais visuais é ampla pois são múltiplas as precisões humanas. Podendo ser de ordem prática, trivial ou podem es- tar regressadas para o aparecimento de um estado de espírito ou de um pensamento. Na maior parte das produções visuais procuram regis- trar, conservar, reproduzir e identi- ficar indivíduos, lugares ou elemen- tos objetivando expandir o processo de comunicação humana. Igreja Santa Efigênia em Ouro Preto-MG Fonte: htttp://flickr.com A Arte Visual e o design atuam ao representar visualmente uma forma, cor ou representa- ção,estando presente no teatro, na música, no cinema, na foto- grafia e demais expressões. Nos tempos atuais, além de atuar no segmento artístico, também exercem papel fundamental na representação visual comercial, de empresas e instituições pú- blicas. Toda arte apreciada pelo olhar é conceituada como arte visual, abrange a pintura, o de- senho, a gravura, a fotografia, o cinema, a escultura, a arquite- tura, web design, a moda, a de- coração e o paisagismo. Lida com o caráter teórico e prático do estético, seja o estético do belo, do funcional ou do fazer pensar (XAVIER, s/a). 9 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS 2. Princípios das Belas Artes Fonte: Decor Tips2 ejamos que para compreender- mos sobre a concepção da lin- guagem desenvolvida pela as artes plásticas, precisamos entender os princípios que originaram as belas artes e assim os que conceituou a sua linguagem. Note que as doutrinas artísti- cas antigas, baseadas em um deter- minado neoaristotelismo, tais como em obras poéticas ainda derivadas da antiguidade, a aristotélica e a ho- raciana, especialmente, enquadra- ram à composição do ensaio titulado As belas artes comprimidas a um mesmo princípio, segundo Batteux, professor de retórica, filosofia e de 2 Retirado em http://decortips.com poesia grega e latina no Collège Ro- yal de Paris, em meados do final no século XVIII. Sucedem o Les beaux-arts ou- tras obras fundamentais escri- tas por Batteux ao longo do tempo em que desempenhou as referidas funções, de professor e reitor, tais como o volumoso Cours de Belles-Lettres ou Prín- cipes de la Littérature, de 1753, ou o Les Quatre Poétiques, d’Aristote, d’Horace, de Vida, de Despreáux, avec les traduc- tions & des remarques, de 1771, Histoire des Causes Premières, de 1769, além de outros (BAT- TEUX, 2009). V 10 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS Note que não se trata aquele, entretanto, é retratado sendo uma execução para as artes nem também não pode ser alvitrado como obra predecessora quanto à emergência de estéticas que motivam o fazer ar- tístico de acordo com a noção de vi- da subjetiva do artista, logo, o basi- lar critério, segundo aquelas, para o crescimento das artes na chave do avanço e do devir. Transformado a definição de “princípio unificador”, das artes, isto é, o princípio a que se alude o tí- tulo da obra não é redutivo quanto à insinuação das técnicas e dos exem- plos de imitação, especializando-os, do mesmo modo em que se amplia o desempenho da subjetividade e da personalidade como basilares mó- veis da concepção poética e artística. Não pertence, caso se queira di- zer de outro modo, à Estética ou à Filosofia da Arte, mas às dou- trinas poético-retóricas que pensam as artes, em termos de comparação, paragone, na chave da imitação e do decoro, conforme, preceito aristotélico. Confirma-o a própria exposição feita por Batteux no prólogo do As belas-artes: “Após tantas buscas inúteis e não ousando entrar sozinho em uma matéria que, vista de perto, parecia tão obscura, atrevia-me a abrir Aristóteles, do qual eu havia es- cutado exaltarem a Poética. [...] A máxima de Horácio se achou verificada pelo exame: ut pic- tura poesis. Constatou-se que a poesia era em tudo uma imita- ção, assim como a pintura. Eu ia mais longe: tentava aplicar o mesmo princípio à música e à arte do gesto, e espantou-me a justeza com a qual lhes convi- nha. Foi isso que produziu esta pequena obra, onde se pres- sente que a poesia deve ocupar a posição principal, tanto por causa de sua dignidade, quanto por ter sido sua ocasião.” (BAT- TEUX, 2009). Vejamos que ao invocar o kai- ros, o momento, ou “a ocasião opor- tuno”, para a poesia, Batteux se do- bra a imitação mediante em todas as artes àquela lançada pela poesia, edificando o seu discurso perante outros princípios, apesar que não declarados no ensaio, ocorridos da eloquência aristotélica. Competente menos a conven- cer do que a desenvolver os meios determinados para cada circunstân- cias, com vistas ao convencimento, esta eloquência fornece para Batteux as provas inartísticas, abastecidas pelas obras de Aristóteles, Horácio, entre outros, tais como as artísticas, cujo o autor corrobora ao leitor so- bre o objetivo do ensaio, para o acla- ramento de seus pensamento sobre as belas-artes e a poesia, ou para prestamento de contas a si mesmo, segundo o que ele descreve, encon- trada por processo ou inventada por meditação própria. 11 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS De acordo com o mesmo, a na- tureza fornece o melhor modelo a ser imitado para quem saiba imitála bem, quer dizer, conve- nientemente, sendo, por outro lado, um despropósito imitá-la “servilmente”, tal como ela é. O conveniente é o bom que, por sua vez, é “digno de ser escolhi- do em si e por si”, segundo Aris- tóteles, ou aquilo que, “pela sua presença, outorga bem-estar e autossuficiência, [...] ou o que produz e conserva esses bens” (Retórica, I, 6). O bom é belo, e é útil, sendo conveniente, por exemplo, que o “mais fácil seja maior que o mais difícil” por- quanto sendo em geral “o mais difícil maior que o mais fácil”, todavia, é a este último que sempre desejamos. Reduzir as artes a um mesmo princípio im- plica simplificar as regras, ten- dendo-se à conveniência do “mais fácil” ou do mais simples, uma vez que o modelo a ser imi- tado por todas as artes é sempre o mesmo, ou seja, a natureza, em si, bela, boa e útil. Para Bat- teux o “juiz nato de todas as be- las-artes é o gosto”, uma vez que o bom gosto nas artes, a par da imitação da bela natureza, é regrado pelo sentimento, ou pelo “gênio”, sendo este o senti- mento em conformidade com as coisas naturais. O gosto é para as artes o que a inteligên- cia é para as ciências, estas in- teressadas pelo verdadeiro, aquelas, pelo que é belo e bom, enquanto expressão do verossí- mil. “Agradar”, “levar ao pra- zer”, sempre foi o seu objeto, constituindo-se as artes os seus “novos objetos”, embora o gosto sempre permaneça cons- tantemente o mesmo, uma vez que procede da imitação do “modelo da natureza” (apud, BATTEUX, 2009). Os elementos proporcionados pelas artes, conforme Batteux, preci- sam ter “uma relação íntima conos- co”, acordando o nosso interesse de acordo com o grau que o nosso espí- rito prova da variedade, do mesmo modo, diversificando em nós os sen- timentos e as opiniões. À arte compete a função de se- guir as díspares partes desses ele- mentos de um “nível requintado de força e de amabilidade”, fazendo-os apresentar novidades, pois exibidos de forma singularíssima, para a au- diência ou plateias, que, por sua vez, partilham dos mesmos mandamen- tos do “legislador”, e ponderam o êxito da ficção. As definições de Batteux sobre “o gosto” coincidem também com as de Montesquieu, que foi incumbido de escrever um ver- bete sobre este conceito para a Enciclopédia de D’Alembert e Diderot, anotadas em um en- saio inacabado iniciado em 1753. Para Montesquieu, o “gosto é aquilo que nos liga a uma coisa por meio do senti- mento”. O gosto, adquirido, cultivado, dá a conhecer, para o sentimento, as regras particula- res que o “gênio” do artista uti- lizará na invenção e disposição de seu discurso, comportando- se todas as artes particulares como formas discursivas conso- antes à poesia, que é exemplo para Batteux de imitação do 12 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS belo natural, estendido ao gos- to, e, assim, a todas as artes. Sendo o “gênio” uma aptidão e uma disposição do ethos do ar- tista na contrafação do modelo natural, por meio da imitação, o “gosto”, para Batteux, conse- quentemente está subordinado ao mesmo princípio, sendo em relação ao mesmo não uma ap- tidão produtiva, como o “gê- nio”, mas somente apreciativae legislativa. O “gênio”, por sua vez, é uma tópica que também corresponde às doutrinas, não investido ainda da subjetivi- dade psicologizada que o proje- tará no “romantismo” como principal expoente de arte que se apresente como expressão autônoma e intimista (BAT- TEUX, 2009). Batteux articular que a sua função versa “não em imaginar o que pode ser, mas encontrar o que é”, arquitetando, ou seja, desco- brindo um elemento já é vivente com o propósito de imitá-lo. Versa-se de uma capacidade apropriada ao exercício, basilar, de reconhecimento, acontecimento ainda pelo “gosto”, visto que na na- tureza, onde tudo há, pode ser des- coberto o exemplo prototípico para as artes que jamais sobrevêm do nada. Desse modo, ao enquadrar co- mo meios de transferência dos “tra- ços que estão na natureza e exibi-los em elementos que não são naturais”, as artes ostentam a direção da pro- dução do admissível, e não da procu- ra pelo correto, servindo-se do tema que a natureza efetivamente lhe abona. Tal tópica se apresenta em mui- tos outros lugares, por exem- plo, em Kant, na terceira crítica, obra do final do século XVIII, quando este analisa a relação entre “belas-artes, gênio e gos- to”. Para Kant, do mesmo mo- do, a arte, usando a matéria da natureza, é capaz de criar como uma outra natureza, e em vista disso propõe: “Uma beleza na- tural é uma bela coisa; a beleza artística é a bela representação de uma coisa” (Crítica do Juízo, 48). Batteux é mais explícito. “O que é uma pintura?”, per- gunta ele, para em seguida res- ponder: “Uma imitação dos ob- jetos visíveis. Ela nada tem de real, nada tem de verdadeiro. Tudo nela é aparência, e sua perfeição só depende de sua ve- rossimilhança com a realida- de.” Divergem os dois autores, sutilmente, quanto à direção determinada para o conceito de “gênio”, aptidão natural para ambos, porém, voltada mais à invenção de “ideias estéticas” ou daquelas “ricas em imagina- ção”, segundo Kant, do que algo que se apresenta como uma acurada capacidade investiga- tiva, segundo o autor francês. Talvez possa se propor, aqui, a captura do conceito de “gênio” pela filosofia do final do século XVIII, pelo que Kant o deter- mina como a “disposição natu- ral inata” ativa no sujeito, en- quanto natureza reflexionante, de onde provém toda regra ne- cessária à produção da belas- artes, dispensando outras re- 13 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS gras que lhe sejam alheias. Con- tingentes, as leituras que se fi- zeram, sobretudo no século XIX e início do século XX, des- tas e de outras proposições kan- tianas, serviram às definições mais recentes de arte para as quais a expressão e a criação, principais chaves de entendi- mento destas, rondam subter- raneamente o autor subjetivo. Batteux, porém, deve ser lido ainda em concordância com as doutrinas neoaristotélicas cir- culantes à época (apud, BAT- TEUX, 2009). Para estas, as artes competem ao Raciocínio Ativo que é compo- nente da Razão Universal, condu- zindo-se como praxes factivos ou se- gundo uma recta ratio factibilium, “a reta razão dos factíveis”, signifi- cando ser o gênio uma competência que imita, rivaliza e aperfeiçoa, pelo circunspeto imitado, o padrão da na- tureza, sem abandonar o referido circunspeto “de ser natural”. É, junto ao “gosto”, o “gênio”, um do requisito da produção artís- tica, não categórico, contudo, imita- tivo, por isso transportador quanto à natureza das artes e suas conjectu- ras, retóricos, de decência e elegân- cia. Em outras expressões, o “gênio” propõe e aparelha entre os inúmeros elementos naturais, aqueles que são apropriados à invenção e à reprodu- ção, na composição dos elementos da arte cujo o artista se dedica. Por isso, Batteux afirma: “O gê- nio é como a terra que não pro- duz nada de que não tenha re- cebido a semente.” Servindo- lhe de apoio e alimento, a natu- reza dispõe a ele as suas rique- zas, encarecendo a imitação co- mo operação de reconhecimen- to destas, “naquilo que é propri- amente arte”, ou como constru- ção de um “fundo de verdade,” misturada habilmente à ilusão. Lendo Aristóteles, possivel- mente a partir da edição co- mentada da Poética, publicada por André Dacier, em 1692, Batteux redita a comparação entre poesia e história, está li- gada ao verdadeiro, aquela, ao verossímil: “O historiador dá os exemplos tais como são, fre- quentemente imperfeitos. O poeta os dá tais como deveriam ser. E é por isso que, segundo o mesmo filósofo, a poesia é uma lição muito mais instrutiva do que a história.” A imitação pre- vê a seleção das partes da natu- reza e também dos fatos assim ditos verdadeiros na efetuação de uma ficção baseada no ver- dadeiro, vera fictio, associada à composição do pleno artifício, falsa fictio, operação também retórica que, para o autor, é exemplificada pela tópica “ins- crição de similitudes”. Operan- te em Plínio o Velho, que é refe- rência para Batteux e todos os outros autores do período, esta tópica é reapresentada pelo nosso autor no exemplo da sele- ção de belezas, feita por Zêuxis para a pintura de uma deusa, ou pela pintura das batalhas de Alexandre, por Le Brun, ou ain- da nas Musas de Hesíodo, etc (apud, BATTEUX, 2009). 14 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS Logo, a imitação, apesar disso, tão-somente se completa como cul- minância de arte, se a conjuntura do gênio, excitando-se, no período em que se aperfeiçoa a composição, constituindo-se como se fosse um “pensamento vivo”, que o faz se des- lembrar de si mesmo. Abismado, o gênio possui, no botão do entusiasmo platônico, arti- culado por Cícero, condições de se atrelar ao seu elemento, vivendo pe- lo anseio os artistas, as personalida- des de seus frutos, “situando-se no meio dos objetos que queiram repre- sentar”, transportando-se, a título de exemplo, os pintores, para as imagens de batalha que almejam pintar. Para Batteux, as artes consis- tem na imitação da bela nature- za, que em si é boa e útil, “repre- sentada”, assim, “ao espírito no entusiasmo”. Divididas em três espécies, as “artes mecânicas”, as “belas-artes”, e as da “elo- quência e arquitetura”, são as de segunda espécie a receber tratamento que as articula em torno do princípio de imitação poética. Assim, logo após tratar da natureza do gênio e do gosto, Batteux lança-se a analisar a operação do “mesmo princípio” à poesia, suas divisões e gêne- ros, “à pintura, à música e à dança”. Homólogas à poesia, estas artes estão destinadas a se mostrarem juntas ou reunidas, principalmente a primeira, se- guida das duas últimas, por- quanto a elas cabe a tarefa de “apresentar a imagem das ações e paixões humanas”, aristoteli- camente. Uma vez que a natu- reza criou os seus princípios, com o fim de mantê-los unidos, este é o princípio fundamental ou o primeiro princípio. À ar- quitetura, escultura e pintura, por outro lado, caberia a missão de armar a cena para o espetá- culo ou para a exposição do composto imitado. Para tanto, Batteux propõe para esta últi- ma, a pintura, também uma ho- mologia com a poesia, extensí- vel às demais artes. Basta, se- gundo ele, que se substituam os nomes “poesia, fábula, versifi- cação” pelos nomes “pintura, desenho, colorido”. Vistos hie- rarquicamente como partes da pintura, “desenho e colorido”, neste último incluso o claro-es- curo, são remissivos à divisão da pintura que circula pelos tra- tados a ela dirigidos desde pelo menos meados do século XV (apud, BATTEUX, 2009). Pense-se, a título de exemplo, na conjectura “desenho/claro-escu- ro/cor”, produtiva em Alberti, em seguida vigorante nas academias de Bologna, Roma e França, e alhures. O movimento que ainda se abrigará mais tarde na Instituição acadêmica brasileira, a partir do século XIX, à luz de meditação quase sempre esta- tutária, legível em leis de nossa pa- pelada oficial.16 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS 3. Elementos da Linguagem Visual Fonte: Incrível História3 Assim como a natureza é um contraponto à poluição e ao progresso industrial, um uni- verso diferenciado contra a pa- dronização da informática, a ar- te é uma espécie de reserva mí- tica e utópica, uma reserva para a subjetividade, um caminho para a interiorização do homem ou, ao contrário, um caminho para o reencontro do homem com o social. Frederico Morais, 1994 (apud, ROCHA, 2019). Note que a linguagem visual é aquela que empregada especialmen- 3 Retirado em http:incrivelhistoria.com.br te considerando os sentidos da vi- são, da audição, do paladar e do olfa- to, para alcançar até ao fruidor. Para que isso ocorra, é imprescindível a ela, uma ciência mínima sobre essa maneira particular de expressão, para que seja constituído um diálogo em meio ao artista e ele. Logo, a linguagem visual pos- sui os seus códigos tais como qual- quer outro tipo de linguagem. Per- corramos, por exemplo, o seguinte: 17 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS para atuar na computação, é indis- pensável que as normas sejam co- nhecidas. Assim como na arte, versa no mesmo sentido. Para compreender sua história, seus modos de existir e de se in- serir na sociedade, como tam- bém seus modos de produção, é necessário um conhecimento diversificado capaz de interpre- tar as épocas em que foram rea- lizadas as obras, as característi- cas do trabalho apresentado e o perfil do artista que a concreti- zou. É um conjunto multifato- rial de conhecimentos ligados às situações econômicas, soci- ais, históricas, filosóficas e par- ticulares do artista que vai pos- sibilitar o desvelamento da obra, isto é, é necessária a com- preensão do coletivo e do indi- vidual envolvidos na criação da arte. Sem o entendimento do contexto de produção, do entre- laçamento dos fatores mencio- nados, torna-se difícil o diálogo pretendido. Estão apresenta- dos, a seguir, os elementos visu- ais que sempre estarão presen- tes na construção das obras de arte: linha, superfície, luz, cor e volume (ROCHA, 2019). Entretanto, compete ao artista a disposição de utilizar tão-somente os elementos que achar apropriados para minutar seus pensamentos e sentimentos em cada obra. Arte abstrata Fonte: https://www.contioutra.com/ Arte Realística Fonte: Anatomia Artística (2014) Vamos percorrer sobre os di- versos elementos que compõe essa linguagem. 18 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS Linha Esse elemento é responsável pelo o encadeamento de espaços e coisas que pertence ao contexto ex- pressivo do trabalho, logo, consiste em ser um segmento unidirecional, listra de distintas larguras, que tanto pode delimitar o limite do horizonte, produzir movimentos por meio de ondulações que realiza espontanea- mente no espaço, como antes apre- sentar-se sucessiva ou descontinua- mente cunhando o clima que o ar- tista pretende. A linha reta indica a direção pa- ra o olhar. Ao segui-la, percebe- mos seus movimentos e as alte- rações que ela imprime no es- paço ao visitar lugares onde se abrigam situações estéticas, a fim de desvendá-las. Se a linha é contínua, o olho a segue rapi- damente. Contudo, ao ser sub- metida a pausas (interrupções), descontinuidades, intervalos provocados por um corte, pela inserção de uma cor ou por ou- tro fenômeno, a linha gera mo- vimentos visuais no espaço e no tempo do contexto represen- tado, reduzindo a velocidade do olhar. Enquanto as linhas hori- zontais e verticais são conside- radas estáticas, as linhas diago- nais e curvas trazem dinamici- dade ao espaço expressivo (RO- CHA, 2019). Fonte: http://7daartes.blogspot.com 19 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS Superfície Note que a superfície consiste em ser um elemento pertencente ao campo da dinâmica dos elementos visuais. Organiza-se principalmente por meio de duas dimensões: largu- ra e altura, sendo que uma não pode haver sem a outra. É o ambiente onde as atuações comandadas pela linha e pela cor se constituem e inte- ratuam, desenvolvendo momentos significativos. Sem esses elementos - a linha e a cor - o espaço da superfície fica vazio. Por opção, alguns ar- tistas podem explorar situações de imobilidade, o que a História da Arte caracteriza como uma forma do fazer artístico, inclu- indo-as no seu discurso. A su- perfície é bem exemplificada pelo suporte (o papel, por exemplo) sobre o qual se realiza o desenho, a gravura, a pintura e outras formas de registro das artes (ROCHA, 2019). Cor Iniciando pela existência da luz é que se pode discorrer sobre as cores, porquanto, sem a luz, tem-se somente a cor negra, impossibilita- da de transmitir à retina as implica- ções da manifestação do fenômeno artístico ou alguma outra. Em impli- cação dessa vivência, nasce a cor em suas várias nuances, despontando sua localização, seu sentido. Espectro de Cores Fonte: https://sobiologia.com.br A cor é entendida como a inter- conexão das cores envolvidas em determinado contexto artís- tico, isto é, seu valor é resultan- te do relacionamento das cores entre si. Na arte e na vida, a cor é um elemento visual com fun- ções expressivas, que vem dina- mizar a percepção. As cores pri- márias - azul, vermelho e ama- relo - regem as relações colorís- ticas, vez que, ao serem mistu- radas duas a duas, dão origem a novas cores denominadas se- cundárias: roxo, verde e laranja (ROCHA, 2019). 20 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS Fonte: https://brasilescola.uol.com.br Então como vimos na imagem as cores terciárias são os marrons, ocres, terras. Círculo Cromático Fonte: Rocha (2019). Note que os gráficos acima apresentam as cores primárias, se- cundárias e outras tonalidades sus- citadas pela combinação de secun- dárias entre si. As primárias são au- tônomas, densas (pelo encargo da cor) e, por vezes, parecem se atacar. Todavia, as analogias se si- tuam em pontes desenvolvidas por outras cores. Ao serem assentados dois vermelhos e uma cor laranja (complementário) entre eles, está inventada a ponte. É só marchar nos planos das cores. As escalas cromáticas são mon- tadas através de dois pólos que vão das tonalidades mais claras 21 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS até as mais escuras, o que forma uma família de cor azul, verme- lha ou amarela. Na última tona- lidade do pólo, encontra-se o tom mais intenso, que é a cor saturada, que apresenta a plena cromaticidade, o ponto alto de uma cor. A manipulação das in- finitas possibilidades de con- trastes e semelhanças, junções e distanciamentos, densidades e esfriamentos das cores torna possível a expressão artística. Das cores primárias, o amarelo e o vermelho são considerados cores quentes por revelarem mais densidade, materialidade e, até mesmo, pelo significado das experiências humanas com o calor e o fogo. Por outro lado, os azuis, que são considerados cores frias, são associados ao céu, ao gelo, à noite, às distân- cias, às transparências, à imate- rialidade. A junção dessas co- res, quando ocorrem no mesmo espaço, traz ao olhar, sensações de avanço no caso das cores quentes, e recuo, retraimento, quando usadas as cores frias. Através dessas ocorrências, isto é, da relação cromática estabe- lecida entre as corres e suas to- nalidades na superfície do su- porte, as imagens criadas apre- sentam-se participando de uma dinâmica constituída de vibra- ções rítmicas em simultâneo avanço e recuo das cores ou imagens (ROCHA, 2019). Fonte: http://pinterest.com 22 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS Desse modo, as cores são al- cançadas por meio da mistura de pigmentos, assim como as tintas ole- osas e acrílicas, carvão e entres tan- tos outros materiais.Em Morro Branco, no litoral do Ceará, são des- cobertos tipos de areias com múlti- plas tonalidades de cores, que são utilizadas pelos moradores do lugar para inventar objetos diversificados. São empregues garrafas de vidro cristalino, dentro das quais o artesão arquiteta paisagens litorâneas, a tí- tulo de exemplo de novos insumos em suportes inusitados. Fonte: http://cearacultural.com.br Luz Note que a luz é o elemento vi- sual que faz surgir os objetos do mundo. Pois, na ausência dela, os objetos seriam invisíveis e conforta- riam em profundo crepúsculo por quase toda a estação. Brotando o contraste claro-escuro na arte ou conjunto de imagens do contexto significativo, a luz pronuncia uma vibração no ambiente. Logo, quanto mais vivo o con- traste em meio aos tons claro e es- curo, mais manifesto será o resul- tado simultâneo da vibração: a matiz clara vai prosseguir e a tonalidade escura, em alusão a esse claro, vai retroceder. Esse acontecimento é sempre comboiado da expansão- contração da cor, possibilitando que a profundidade pictórica seja con- creta. Fonte: http://desenhose44.blogs- pot.com A luz é a base de dois outros efeitos espaciais: tensão e fusão espacial. Ao observarmos uma pintura que possui cores ver- melhas de um lado e pinceladas verdes (cor secundária) de ou- tro lado, percebe-se que essas cores se atraem, o que resulta em forte tensão visual, como se elas quisessem aproximar-se fi- sicamente. Quando essas mes- mas cores estão vizinhas numa mesma área, o resultado é uma 23 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS fusão espacial, que é o envolvi- mento de ambas numa unidade de cor, na qual elas perdem suas identidades, surgindo, en- tão, nova tonalidade. Diante das possibilidades do uso da cor e dos efeitos provocados pela incidência da luz, cabe ao ar- tista a opção de manipular esses recursos nos trabalhos pictóri- cos que realiza, criando zonas de tensão ou de fusão, valori- zando o efeito que lhe interessa, evitando que traços intencio- nais se tornem ilegíveis, contra- riando o objetivo da inserção daquela cor, comprometendo assim, o conteúdo que preten- dia revelar (ROCHA, 2019). Volume Note que o volume é um con- junto formado por linhas e superfí- cies que se adicionam à luz e à cor, dando ascendência a um formato possuindo três dimensões: largura, altura e profundidade. Desse modo, tanto a linha e quanto a superfície pode ser estimada sendo elementos estáticos em determinados casos, a cor e a luz produzem resultados di- namizadores que abreviam a per- cepção, derivando em efeitos visuais da concepção artística volumétrica. A ilustração mostra o processo de formação do cubo, que, para a geometria, é um poliedro re- gular com seis faces. É compos- to por superfícies sobrepostas e linhas retas somadas às linhas diagonais, que originalmente eram horizontais, mas foram transformadas em diagonais pelo distanciamento e posição da figura representada. Ao se- rem apagadas algumas linhas, surge o cubo, como mostram as Figuras 1 e 2, e, consequente- mente, a imagem tridimensio- nal. Apesar de estar representa- do, neste instante, num espaço bidimensional, o cubo, que sim- boliza volume, é uma figura que comporta as noções de cheio/ vazio, dentro/fora, claro/escu- ro, remetendo-se também a planos da arquitetura (ROCHA, 2019). Figuras 1 e 2 Fonte: Rocha (2019) Assim, as configurações volu- métricas assinalam-se por exibir os elementos linha e superfície, uma vez que, em seus fatores dinâmicos, provocam sobreposições de superfí- cies junto a diagonalidade das li- nhas. Esses componentes, sem per- der suas colocações anteriores, ad- vêm a ter outros encargos ao afian- çar à pintura, a título de exemplo, a noção do volume e bem como o sen- tido de profundidade. Note que a tridimensionali- dade diretamente dita, tais como a 24 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS escultura, a acomodação artística, o objeto com suas linhas e as superfí- cies se entretêm criando configura- ções que ocupam o recinto onde to- dos os outros elementos habitam, ou seja, a imagem sai do papel para fa- zer caminhos em novos caminhos, no sítio real. Fonte: Vírus da arte Este trabalho de Paul Klee mos- tra uma composição cujo espa- ço bidimensional é riscado por diversas linhas marrons e ver- des, escuras e claras, tonalida- des que surgem em percursos interrompidos e rotas que não se sabe aonde vão. Se o infinito é ou não o destino, as linhas es- tão escritas de maneira retilí- nea, buscando caminhos de acesso entre as verticais que vi- cinalmente se encarregam de promover a dúvida. Esta obra de arte é uma pintura que se vincula ao abstracionismo, isto é, é um trabalho que abandona a ideia da representação figura- tiva das imagens ou aparências da realidade, para representar uma ideia plástica. Com essa decisão, o artista optou por uma forma abstrata para falar da ci- dade e, principalmente, para fa- lar da pintura em si mesma. O artista usa formas e cores, veios e luzes para construir uma su- perfície dinâmica com ritmos e relações criativas. Na parte su- perior do trabalho, onde o olhar do fruidor inicia, as linhas hori- zontais em paralelo e o azulado corrente fazem supor um reser- vatório para um banho em águas refrescantes, para en- frentar a caminhada pelas ruas da cidade que não se sabe onde está localizada. É no Paquistão? É na Europa ou na Ásia? O mais importante é que é uma cidade, ser cultural construído pelo o homem (ROCHA, 2019). Logo, enquanto determinadas ruas desembocam em outras de for- ma tranquila, pequenas vias estão à busca da adesão do desenho para a próxima rua, onde se ligam desen- volvendo rabiscos nervosos. Na rua basilar, as cores quentes e frias, sen- do elas amarelas alaranjada, azul, verde - intercalam-se e exibem tex- turas: desenvolvimentos do terreno, talvez. Note que nas laterais, têm ou- tras separações, simulando ruas que se formam. O olhar que se apresenta é aérea: o traçado das ruas. Podendo 25 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS ser quem sabe o mapa da cidade? Formador por ruas e ruelas onde a obra é retratada como se fosse aqua- rela, calmamente. Os azuis, que são cores frias, bem poderiam ser águas, mas, independentemente do que se- jam, são pausas para o olhar. Algumas cores alaranjadas lo- calizadas no meio da obra e à esquerda são fortes, atraem o olhar como todos os amarelos. O artista não quer mostrar co- res puras ou primárias; prefere utilizar cores secundárias e frias como os verdes. Estão pre- sentes também os marrons, nas áreas onde tem menos luz. A luz tem sua ação principalmente na rua principal, o que é indicado pelos amarelos. Paul Klee faz uma topografia do lugar com luzes e sombras, claros e escu- ros e suas simbologias. Por ou- tro lado, esta obra poderia ser vista como um grande volume: uma rocha, cheia de declives e patamares, para a subida ao topo (ROCHA, 2019). Note que essa visão é reco- mendada por linhas frontais que acompanham de baixo para cima, afunilando-se, cunhando assim, o sentido do aspecto, como se o públi- co permanecesse embaixo, ao pé da rocha. Se é complexo a elevação pela parte frontal, pode ser adotada as la- terais, mais estreitas junto com as pequenas bases em encostas. Nesta paisagem, a experiência arriscada é possível. Desse modo, vimos que a cor consiste em ser uma experiência vi- sual importante e tem três dimen- sões que podem ser acentuadas e medidas: Matiz ou croma é a cor em si e existe em número superior a cem, existem três matizes pri- mários ou elementares: ama- relo, vermelho e azul e as cores secundárias obtidas através de misturas: laranja, verde e vio- leta. As cores se organizam de acordo com a relação entre três cores principais (primá- rias) e suas combinações (se- cundárias),cada cor primária possui sua cor complementar, quando próximas, se reforçam mutuamente. Saturação: é a pureza relativa de uma cor, do matiz ao cinza. A cor saturada é simples, qua- se primitiva e foi sempre pre- ferida pelos artistas populares e pelas crianças. As cores me- nos saturadas levam uma neu- tralidade cromática sendo su- tis e repousantes. Brilho relativo, do claro ao es- curo, das gradações tonais ou de valor, a presença ou ausên- cia de cor não altera o tom que é constante (SESC, 2008). Note que as cores influenciam, têm implicações sobre os indivíduos e podem imprimir ideias ou concei- tos. O que denominamos de cores quentes aquelas em que valer-se 26 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS tons vermelhos, amarelos ou alaran- jados e cores frias aquelas em que concentram os tons de azul, verde e roxo como já vimos. Dessa forma, ainda é possível que uma textura não exiba qualida- des táteis, entretanto somente óti- cas. Onde existe uma textura real, as qualidades táteis e óticas convivem, todavia, permitem à mão e ao olho sensações particulares. Escala - Os elementos visuais são capazes de se modificar e se redefinir uns aos outros, esse processo é conhecido por esca- la. Em outras palavras, “o gran- de não pode existir sem o pe- queno”. A escala não apresenta valores absolutos, pois varia- ções podem ser livremente es- tabelecidas entre o tamanho re- lativo das pistas visuais, com o campo e com o meio ambiente. No estabelecimento da escala, o fator fundamental é a medida do próprio homem. A dimensão existe no mundo real, não só podemos senti-la, mas também vê-la com o auxílio de nossa vi- são (SESC, 2008). Fonte: http://webkits.com.br Note que os desenhos da di- mensão em formas visuais podem ser bidimensionais (comprimento e largura determinam conjuntamente uma superfície plana) e tridimensio- nais (comprimento, largura e al- tura). 27 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS Materiais Complementares Links “gratuitos” a serem con- sultados para um acrescentamento no estudo do aluno de assuntos que não poderão ser abordados na apos- tila em questão: Livro artes plásticas Arte e Educação no Brasil [LIVRO] Artes plásticas na Semana de 22 [PDF] O audiovisual nas artes plás- ticas [PDF] O simbolismo nas artes plás- ticas https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/552598/2/Livro%20Artes%20Plasticas%20-%20Desenho%20e%20Pintura%20III%20.pdf https://www.belasartes.br/revistabelasartes/downloads/artigos/29/arte-educacao-brasil.pdf https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=LHuZVkUgsP8C&oi=fnd&pg=PA205&dq=Linguagem+da+artes+pl%C3%A1sticas&ots=o4uscUBkfR&sig=iXIuwsTkb88eYEr_DZRsnnYucMM https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=LHuZVkUgsP8C&oi=fnd&pg=PA205&dq=Linguagem+da+artes+pl%C3%A1sticas&ots=o4uscUBkfR&sig=iXIuwsTkb88eYEr_DZRsnnYucMM http://www.caoguimaraes.com/wordpress/wp-content/uploads/2012/12/o-audiovisual-nas-artes-plasticas.pdf http://www.caoguimaraes.com/wordpress/wp-content/uploads/2012/12/o-audiovisual-nas-artes-plasticas.pdf https://i0.statig.com.br/correcaodeprovas/enem2011/49555198-Carl-Jung-O-Homem-e-seus-simbolos-parte-4.pdf https://i0.statig.com.br/correcaodeprovas/enem2011/49555198-Carl-Jung-O-Homem-e-seus-simbolos-parte-4.pdf 28 28 29 LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS 29 4. 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