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Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 261 Perda de biodiversidade O termo biodiversidade descreve a variedade de espécies vivas em determinada região. Na Terra, existem cerca de 1,5 milhões de espécies de seres vivos registradas pela ciência, e estima-se que haja cerca de 5 a 30 milhões ainda a serem descobertas. Na verdade, apenas 17 países concentram 70% da biodiversidade do planeta, sendo esses denominados países megadiversos. Em sua maioria, eles são países tropicais, onde as condições de alta luminosidade, alta temperatura e alta pluviosidade permitem um grande crescimento vegetal, como ocorre com Brasil, México e Indonésia. Alguns países localizados em regiões temperadas, com condições abióticas não tão favoráveis, mas de grande extensão geográfica, também são megadiversos, como é o caso de EUA e China. Os 17 países megadiversos; observe que a maioria deles está localizada na zona equatorial. O Brasil ocupa uma posição de destaque, tendo a maior biodiversidade total do planeta, ou seja, o maior número total de espécies, bem como o maior número de espécies endêmicas. Espécies endêmicas são aquelas que só existem em uma determinada região. (Ao contrário, fala-se em espécies cosmopolitas quando apresentam grande distribuição geográfica, sendo encontradas em várias regiões.) Países insulares (localizados em ilhas) costumam apresentar grande endemicidade, uma vez que o isolamento geográfico predispõe à ocorrência de especiação. Hotspots O termo hotspot (do inglês “mancha, local quente” descreve 34 regiões do planeta que concentram grande biodiversidade, alto grau de endemismo e alto risco de degradação. Assim, os hotspots podem ser descritos como as áreas mais importantes para preservar a biodiversidade na Terra. É considerada um hotspot uma área com pelo menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação original. As 34 regiões descritas como hotspots são hábitat de 75% dos mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta. Mesmo assim, somando a área de todos os hotspots temos apenas 2,3% da superfície terrestre, onde se encontram 50% das plantas e 42% dos vertebrados conhecidos. Assim, a conservação de hotspots permite a proteção a um grande número de espécies ameaçadas com a concentração dos recursos em áreas relativamente pequenas. No Brasil, são considerados hotspots dois biomas, a Mata Atlântica e o Cerrado. Extinção Quando se fala em preservar a biodiversidade, se fala simplesmente em evitar a extinção de espécies vivas. Qual o objetivo em se evitar a extinção de espécies? Pode-se argumentar que o próprio ambiente trata de extinguir um número muito maior de espécies que o próprio homem, e que antes do homem, várias espécies foram extintas em incontáveis desastres ecológicos naturais, como atividade vulcânica, terremotos e queda de asteroides. Para se ter idéia, acredita-se que hoje existam menos de 1% de todas as espécies que já passaram pela face da Terra. Entretanto, deve-se perceber que quando o ambiente extingue uma espécie, ele o faz de maneira a “ceder” lugar a uma espécie mais bem adaptada, de acordo com o processo de seleção natural. Ou seja, esta extinção promovida pelo meio não gera desequilíbrios ecológicos normalmente, pois espécies mais bem adaptadas aparecem neste meio. Além disso, estimativas apontam que o ritmo de extinção de espécies promovido pelo homem nos últimos anos é maior do que a observada em vários episódios de extinção em massa que já ocorreram na historia geológica do planeta, comparável ao episódio que levou à extinção dos dinossauros há cerca de 65 milhões de anos. Quando o homem promove esta extinção, ele está gerando desequilíbrios em ecossistemas pela eliminação de determinados elos em cadeias alimentares. Por exemplo, uma campanha australiana para acabar com tubarões em praias de surfistas levou também à extinção de lagostas em muitas destas praias. Explica- se: os tubarões comiam polvos que comiam lagostas; ao acabar com os tubarões, aumentou a população de polvos, que passaram a consumir mais lagostas, levando-as à extinção em certas áreas. Causas da extinção A Terra já passou, ao longo de sua história, por vários episódios de extinção em massa de espécies devido a fenômenos completamente naturais, como erupções vulcânicas, alterações climáticas e mesmo queda de asteroides. Por exemplo, o último destes episódios se deu há cerca de 65 milhões de anos, quando a queda de um asteroide de tamanho estimado em 10 km de diâmetro no lugar que é hoje o Golfo do México causou alterações ambientais tão violentas que levou à extinção dos dinossauros e deu início à era dos mamíferos. A Terra já passou, ao longo de sua história, por vários episódios de extinção em massa de espécies devido a fenômenos completamente naturais, como erupções vulcânicas, alterações climáticas e mesmo queda de asteroides. Por exemplo, o último destes episódios se deu há cerca de 65 milhões de anos, quando a queda de um asteroide de tamanho estimado em 10 km de diâmetro no lugar que é hoje o Golfo do México causou alterações ambientais tão violentas que levou à extinção dos dinossauros e deu início à era dos mamíferos. Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 262 NÍQUEL NÁUSEA – Fernando Gonsales Desmatamento O desmatamento é hoje a principal causa de extinção de espécies no planeta. Isso se dá principalmente pela destruição do habitat de várias espécies, que acabam por também desaparecer na região. Além disso, a eliminação de folhas e raízes favorece a erosão do solo na região. Com isso, pode-se ter a redução da fertilidade do solo pela remoção da camada fértil superficial do mesmo por ação do vento. A eliminação de raízes em áreas de encostas favorece a ocorrência de deslizamentos de terra, e nas margens dos rios, esses mesmos deslizamentos promovem o fenômeno de assoreamento, que diminui a profundidade do rio e reduz a velocidade do curso d’água, dificultando a oxigenação da água e prejudicando toda a fauna aquática. Com a redução da profundidade, diminui a capacidade do rio de receber a água extra da chuva, o que explica as frequentes inundações no verão de regiões intensamente desmatadas. As causas do desmatamento são várias: extrativismo de madeira, extração de minérios, agricultura e pecuária. Aliás, a destruição da vegetação nativa para a formação de pastos para a criação de gado é hoje a principal causa de desmatamento da Floresta Amazônica no Brasil, sendo a expansão da agricultura uma outra causa de importância significativa. Além das consequências negativas já citadas, o desmatamento leva à fragmentação de ecossistemas. CALVIN & HAROLDO – Bill Watterson Fragmentação de ecossistemas Agentes agressores a um ecossistema podem prejudicá-lo seriamente sem que necessariamente ele seja completamente destruído. Um fragmento de mata nativa preservado ao redor de uma área que tenha sido degradada pode passar por sérios problemas, como a intensificação do efeito de borda e o isolamento das populações naturais. Efeito de Borda De modo geral, as áreas de um ecossistema mais vulneráveis a agressões, por parte do homem ou não, são as regiões limítrofes do mesmo. Esta maior vulnerabilidade das regiões limítrofes do ecossistema pode ser chamada de efeito de borda. No caso da exploração humana, é bem mais fácil que se cace ou retire madeira, plantas nativas ou animais silvestres das regiões mais periféricas de uma floresta, por exemplo, do que de sua área central, onde o acesso é bem mais difícil. Além disso, as áreas da floresta perto da borda com o exterior acabam ficando mais iluminadas, mais quentes e mais secas. E as espécies da floresta respondem de várias maneiras a este fenômeno. Algumas espécies não suportam a baixa umidade, por exemplo, masoutras acabam por se beneficiar, como algumas espécies de cipós. Com isso, o equilíbrio natural fica comprometido, podendo haver perda de biodiversidade. Um perigo adicional é o avanço da borda para o interior, com a mortalidade de árvores, que além dos cipós ficam mais expostas à seca e ao vento. O efeito de borda depende do tamanho e da forma do ecossistema. Assim, em áreas desmatadas, o sucesso da preservação de certos fragmentos de floresta é maior em remanescentes maiores e com forma mais próxima de circular. Como o efeito de borda pode atingir, em uma generalização grosseira, 100 metros mata adentro, remanescentes de uma floresta em uma área desmatada, por exemplo, com menos de 100 m de largura ou diâmetro podem ser "inteiramente borda", e são bem mais vulneráveis. Isolamento de populações em fragmentos de um ecossistema Os fragmentos de um ecossistema preservados numa região desmatada podem abrigar uma certa quantidade de indivíduos de uma certa população, mas, especialmente nos menores fragmentos, esses indivíduos isolados estarão sujeitos a um grande risco de extinção. Populações isoladas só poderão cruzar com os membros da sua própria população, num fenômeno conhecido como endocruzamento. Endocruzamentos enfraquecem geneticamente uma população por impedir as trocas de genes com membros de outras populações, diminuindo a variabilidade genética da população isolada, o que por sua vez dificulta a adaptação a alterações ambientais. Além disso, no caso de pequenas populações isoladas, os endocruzamentos aumentam muito as possibilidades de cruzamentos consanguíneos dentro da população, o que é geneticamente conhecido como um fator que leva ao aumento na incidência de defeitos genéticos na prole. Unidades de Conservação e Corredores Ecológicos Áreas ecologicamente protegidas, tanto públicas ou particulares, são conhecidas como unidades de conservação. O sucesso da proteção oferecida está relacionado, dentre outras coisas, ao tamanho e forma da área preservada, o que interfere no efeito de borda, e no seu isolamento de outras áreas, o que pode levar ao isolamento populacional. Corredores ecológicos são porções de ecossistemas naturais que fazem a ligação entre as unidades de conservação tanto públicas quanto particulares, o que permite um maior intercâmbio genético, possibilitando a manutenção da biodiversidade e sua variabilidade genética. Queimadas Queimadas são utilizadas como um recurso em agricultura tanto para eliminar a vegetação nativa de uma área e abrir espaço para o plantio ou a formação de pastos para criação de gado, bem como para aumentar a disponibilidade de nutrientes no solo por acelerar a reciclagem de matéria, uma vez que a queima de restos de material orgânico no solo aumenta a Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 263 disponibilidade sais minerais no solo para as plantas a serem cultivadas. Entretanto, as queimadas, além de liberarem gases poluentes para a atmosfera, como o gás carbônico relacionado ao efeito estufa e chuvas ácidas, também promovem redução de fertilidade do solo no longo prazo, porque eliminam microorganismos relacionados à reciclagem de matéria e aos ciclos biogeoquímicos, como o ciclo do nitrogênio. As queimadas também destroem folhas de plantas que contêm a força das chuvas e raízes de plantas que ajudam a conter a erosão do solo, levando a um aumento nessa erosão e suas consequências, como deslizamentos de terra, assoreamento e inundações. Bioinvasão: a introdução de espécies exóticas em um ecossistema Grande parte da extinção de espécies atualmente se dá pela destruição de habitats e pela introdução de espécies exóticas (ou invasoras) num ecossistema, fenômeno denominado bioinvasão. A proliferação de espécies invasoras em uma região pode se dar por aspectos como a abundância de recursos alimentares, a alta taxa de reprodução, acima da das espécies nativas, e a ausência de inimigos naturais como predadores, parasitas ou competidores. Por sua vez, essas espécies invasoras podem levar as espécies nativas de uma área à extinção por agirem como predadores, parasitas ou competidores. Um conhecido exemplo das consequências da bioinvasão ocorreu na Austrália, com a introdução de um animal aparentemente inofensivo, o coelho. O coelho introduzido pelos colonizadores ingleses se transformou numa verdadeira praga para a vegetação, uma vez que não possui predadores naturais nesta região, destruindo as pastagens, tão importantes para a criação de carneiros, das principais atividades econômicas do país, além de competir com a fauna local pela alimentação. O coelho não é um animal nativo: em 1859 um inglês importou doze pares de coelhos da Europa, para colocar na sua propriedade. Seis anos depois, ele havia matado 20 mil indivíduos, e estimou que haviam sobrado aproximadamente 10 mil. Em 1887, numa única região da Austrália, foram dizimados 20 milhões de coelhos! Como uma tentativa de controlar a população de coelhos, foram trazidos para a Austrália exemplares de animais como furões e doninhas, predadores naturais dos coelhos na Europa. Entretanto, esta nova bioinvasão só gerou mais problemas: os coelhos, evolutivamente acostumados com os predadores, rapidamente fugiam, enquanto animais nativos da Austrália, que não conheciam, este problema, permaneciam como presas fáceis. Assim, esses predadores abandonaram a caça aos coelhos, por ser mais difícil, e ficaram com a atividade mais fácil de caçar a fauna australiana rica em animais estranhos, como aves que não voam, e por isso bastante vulneráveis. Por volta de 1950, surgiu a idéia de controlar as populações introduzindo-se uma doença específica dos coelhos, a mixomatose, que é transmitida por mosquitos. Essa doença é branda para os coelhos sul-americanos, porém fatal para os coelhos europeus. Inicialmente, os efeitos forma espetaculares: a epidemia de mixomatose matou 99,8% da população de coelhos, e a vegetação se recompôs em muitas regiões. Apesar disso, alguns coelhos se mostraram resistentes aos vírus e atualmente, a população de coelhos está hoje em um certo equilíbrio com a população dos parasitas. Mesmo assim, o controle biológico da população de coelhos pelo vírus da mixomatose pode ser considerado bem- sucedido. Até hoje, os australianos são tão traumatizados com este episódio dos coelhos que não há a figura dos coelhos de Páscoa na Austrália: a responsabilidade de levar os ovos de Páscoa para as criancinhas por lá está nas mãos (ou na bolsa) de um marsupial típico do país, chamado de wallaby, que é a menor das espécies de canguru que existem... No Brasil, nos últimos anos, dois casos de bioinvasão merecem mais atenção por nossa parte, o dos caramujos gigantes africanos (Achatina fulica) e dos mexilhões dourados (Limnosperma fortunei). Os caramujos gigantes africanos (Achatina fulica) foram trazidos para o Brasil para serem criados e vendidos como alimento, em substituição ao escargot. Infelizmente, a rejeição por parte dos restaurantes, que não apreciaram muito o sabor do pretenso substituto, levou os criadores a soltar os caramujos Achatina fulica na natureza. Além de destruição de áreas agrícolas e de matas nativas, os caramujos invasores se tornaram um problema de saúde pública, uma vez que podem transmitir dois vermes que prejudicam a saúde humana: Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilíase abdominal, doença grave que pode causar a perfuração intestinal, peritonite e hemorragia abdominal e pode resultar em óbito; e Angiostrongylus cantonesis, causador da angiostrongilíase meningoencefálica humana, doença que causa, entre outros sintomas, distúrbios do sistema nervoso e fortes e constantes dor de cabeça. Já os mexilhões dourados (Limnosperma fortunei) foram trazidos acidentalmente da Ásia na água de lastro de navios cargueiros. Se disseminando a partir dolitoral para os vários rios da região sudeste do Brasil, hoje em dia causam vários problemas devido a sua grande capacidade de aderir a vários tipos de superfície. Em usinas hidrelétricas, a grande quantidade de mexilhões aderidos às turbinas pode chegar a fazer com que emperrem, exigindo paradas periódicas nas atividades das mesmas para remover os bichos grudados por lá. (A propósito, a água de lastro é usada em navios que navegam sem sua carga para dar estabilidade; em navios grandes, a imensa quantidade de água de lastro, que é retirada do mar, pode trazer inúmeras espécies vivas como caronas... Inclusive, há leis internacionais que exigem que a água de lastro só seja retirada de e eliminada em ambientes de mar aberto, uma vez que as espécies dessas regiões são mais semelhantes nas diversas regiões do planeta, para evitar o transporte de potenciais espécies invasoras.) Bioprospecção: o valor econômico direto da biodiversidade Além do valor econômico indireto da biodiversidade, uma vez florestas prestam serviços como a remoção do gás carbônico atmosférico, a contenção da erosão e a renovação dos reservatórios de água, a biodiversidade apresenta um valor econômico direto em sua biodiversidade. Assim, um motivo prático pelo qual se deve preservar a biodiversidade diz respeito às possibilidades de utilização de espécies animais e vegetais na produção de alimentos e medicamentos. Imaginem se em uma das muitas espécies extintas de vegetais a cada ano na Amazônia não haveria a cura para doenças como o câncer e AIDS? Como se pode Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 264 saber disso se muitas espécies são extintas antes mesmo de terem sido catalogadas ou estudadas a fundo pela ciência? A bioprospecção é a pesquisa de medicamentos e outros produtos baseados em substâncias produzidas por organismos vivos, sendo considerada uma das mais importantes atividades para se obter uma economia sustentável e ecologicamente correta. Medicamentos como a Aspirina (derivada originalmente da casca de uma planta chamada salgueiro), o Captopril (usado para controle da pressão arterial e derivado originalmente do veneno das cobras jararacas) e o Viagra (usado para, tipo assim, vocês sabem, e derivado originalmente de uma substância produzida por esponjas, que, quem diria, servem para alguma coisa...), são exemplos de resultados da bioprospecção. Uma possibilidade negativa relacionada à bioprospecção está na prática de biopirataria. O termo biopirataria foi criado em 1992 após o tratado assinado na Convenção da Diversidade Biológica na Eco-92 no Rio de Janeiro. De modo geral, biopirataria pode ser definida como a apropriação de um organismo ou conhecimento sobre ele com a intenção de lucro econômico fora de sua região de origem, sem a repartição justa de benefícios com a comunidade local. Países megadiversos em desenvolvimento têm plantas e animais estudados por países ricos que descobrem princípios ativos e registram patentes, impedindo a utilização deste princípio pelas próprias populações nativas. Em alguns casos famosos e absurdos, o desenvolvimento do já citado Captopril a partir do veneno de cobras jararacas brasileiras, que foi feito por laboratórios multinacionais sem que o Brasil fosse beneficiado. Ou então, o caso de princípios ativos usados milenarmente por comunidades indígenas que foram registrados por laboratórios, impedindo que essas mesmas comunidades pudessem usar seus medicamentos naturalmente sem pedir autorização para esses mesmos laboratórios. Sacanagem... A verdade é que num país de dimensões continentais como o Brasil, é difícil o controle da saída de plantas, fungos ou outros organismos que podem ser fontes de princípios medicamentosos. Entretanto, a falta de fiscalização governamental e a falta de incentivo à pesquisa, que impede que nós mesmos descubramos e patenteemos princípios ativos, funcionam como um estímulo a esta pilhagem de nossos recursos biológicos. Desenvolvimento sustentável Hoje, um dos conceitos mais importantes dentro da ação do homem em relação ao meio ambiente é o de desenvolvimento autossustentável. Isso quer dizer que hoje se sabe que muitas fontes de matéria-prima, energia e água disponíveis na Biosfera não são recursos ilimitados, sendo ditos recursos renováveis. Se não houver uma exploração racional, fornecendo-se tempo para a renovação e recuperação desses recursos, eles podem se extinguir de maneira permanente. Dois importantes conceitos utilizados na área ambiental e diretamente relacionados com os pressupostos do desenvolvimento sustentável são preservação e conservação. Apesar de conceitos distintos, muitas vezes são erroneamente utilizados com o mesmo significado. - Conservação implica em uso racional de um recurso qualquer, ou seja, em adotar um manejo de forma a obter rendimentos garantindo a autossustentação do meio ambiente explorado. - Preservação apresenta um sentido mais restrito, significando a ação de apenas proteger um ecossistema ou recurso natural de dano ou degradação, ou seja, não utilizá-lo, mesmo que racionalmente e de modo planejado. 3R As ações humanas norteadas pela preocupação ecológica devem estar sempre observando os procedimentos conhecidos simplesmente como os “3R”: Reduzir, Reaproveitar e Reciclar. - Reduzir a utilização de recursos naturais renováveis ou esgotáveis a um mínimo necessário: - Reaproveitar um mesmo recurso quantas vezes for possível; - Reciclar todo o material que puder ser reciclável para diminuir a exploração dos recursos naturais. Reciclar é, além de ecologicamente correto, economicamente favorável. O Brasil, por exemplo, está entre os líderes mundiais na reciclagem de latinhas de alumínio, o que leva a consideráveis reduções no impacto ambiental negativo relacionado à exploração da bauxita e no custo de produção de novas latas. O que não puder ser reciclado deve ser de preferência biodegradável, ou seja, passível de decomposição pelos microorganismos ambientais. Já existem atualmente detergentes e inseticidas biodegradáveis, e há várias pesquisas atualmente para que se obtenha um plástico biodegradável de custo razoável. Exercícios Questões estilo múltipla escolha 1. (ENEM) Apesar de belos e impressionantes, corais exóticos encontrados na Ilha Grande podem ser uma ameaça ao equilíbrio dos ecossistemas do litoral do Rio de Janeiro. Originários do Oceano Pacífico, esses organismos foram trazidos por plataformas de petróleo e outras embarcações, provavelmente na década de 1980, e disputam com as espécies nativas elementos primordiais para a sobrevivência, como espaço e alimento. Organismos invasores são a segunda maior causa de perda de biodiversidade, superados somente pela destruição direta de habitats pela ação do homem. As populações de espécies invasoras crescem indefinidamente e ocupam o espaço de organismos nativos. LEVY, I. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 5 dez. 2011 (adaptado). As populações de espécies invasoras crescem bastante por terem a vantagem de A) não apresentarem genes deletérios no seu pool gênico. B) não possuírem parasitas e predadores naturais presentes no ambiente exótico. C) apresentarem características genéticas para se adaptarem a qualquer clima ou condição ambiental. D) apresentarem capacidade de consumir toda a variedade de alimento disponibilizados no ambiente exótico. Simétrico Pré-Universitário – Curso de Biologia – Prof. Landim – www.simetrico.com.br 265 E) apresentarem características fisiológicas que lhes conferem maior tamanho corporal que o das espécies nativas. 2. (ENEM) Certas espécies de algas são capazes de absorver rapidamente compostos inorgânicos presentes na água, acumulando-os durante seu crescimento. Essa capacidade fez com que se pensasse em usá-las como biofiltros na limpeza de ambientesaquáticos contaminados, removendo, por exemplo, nitrogênio e fósforo de resíduos orgânicos e metais pesados provenientes de rejeitos industriais lançados nas águas. Na técnica do cultivo integrado, animais e algas crescem de forma associada, promovendo um maior equilíbrio ecológico. SORIANO, E. M. Filtros vivos para limpar a água. Revista Ciência Hoje. V. 37, n° 219, 2005 (adaptado). A utilização da técnica do cultivo integrado de animais e algas representa uma proposta favorável a um ecossistema mais equilibrado porque A) os animais eliminam metais pesados, que são usados pelas algas para a síntese de biomassa. B) os animais fornecem excretas orgânicos nitrogenados, que são transformados em gás carbônico pelas algas. C) as algas usam os resíduos nitrogenados liberados pelos animais e eliminam gás carbônico na fotossíntese, usado na respiração aeróbica. D) as algas usam os resíduos nitrogenados provenientes do metabolismo dos animais e, durante a síntese de compostos orgânicos, liberam oxigênio para o ambiente. E) as algas aproveitam os resíduos do metabolismo dos animais e, durante a quimiossíntese de compostos orgânicos, liberam oxigênio para o ambiente. 3. (ENEM) A Lei Federal n.º 9.985/2000, que instituiu o sistema nacional de unidades de conservação, define dois tipos de áreas protegidas. O primeiro, as unidades de proteção integral, tem por objetivo preservar a natureza, admitindo-se apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, isto é, aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. O segundo, as unidades de uso sustentável, tem por função compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos recursos naturais. Nesse caso, permite-se a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo-se a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. Considerando essas informações, analise a seguinte situação hipotética. Ao discutir a aplicação de recursos disponíveis para o desenvolvimento de determinada região, organizações civis, universidade e governo resolveram investir na utilização de uma unidade de proteção integral, o Parque Nacional do Morro do Pindaré, e de uma unidade de uso sustentável, a Floresta Nacional do Sabiá. Depois das discussões, a equipe resolveu levar adiante três projetos: - o projeto I consiste de pesquisas científicas embasadas exclusivamente na observação de animais; - o projeto II inclui a construção de uma escola e de um centro de vivência; - o projeto III promove a organização de uma comunidade extrativista que poderá coletar e explorar comercialmente frutas e sementes nativas. Nessa situação hipotética, atendendo-se à lei mencionada acima, é possível desenvolver tanto na unidade de proteção integral quanto na de uso sustentável A) apenas o projeto I. B) apenas o projeto III. C) apenas os projetos I e II. D) apenas os projetos II e III. E) todos os três projetos. 4. (ENEM) Se a exploração descontrolada e predatória verificada atualmente continuar por mais alguns anos, pode-se antecipar a extinção do mogno. Essa madeira já desapareceu de extensas áreas do Pará, de Mato Grosso, de Rondônia, e há indícios de que a diversidade e o número de indivíduos existentes podem não ser suficientes para garantir a sobrevivência da espécie a longo prazo. A diversidade é um elemento fundamental na sobrevivência de qualquer ser vivo. Sem ela, perde-se a capacidade de adaptação ao ambiente, que muda tanto por interferência humana como por causas naturais. Internet: <www.greenpeace.org.br> (com adaptações). Com relação ao problema descrito no texto, é correto afirmar que A) a baixa adaptação do mogno ao ambiente amazônico é causa da extinção dessa madeira. B) a extração predatória do mogno pode reduzir o número de indivíduos dessa espécie e prejudicar sua diversidade genética. C) as causas naturais decorrentes das mudanças climáticas globais contribuem mais para a extinção do mogno que a interferência humana. D) a redução do número de árvores de mogno ocorre na mesma medida em que aumenta a diversidade biológica dessa madeira na região amazônica. E) o desinteresse do mercado madeireiro internacional pelo mogno contribuiu para a redução da exploração predatória dessa espécie. 5. (ENEM) A biodiversidade é garantida por interações das várias formas de vida e pela estrutura heterogênea dos habitats. Diante da perda acelerada de biodiversidade, tem sido discutida a possibilidade de se preservarem espécies por meio da construção de “bancos genéticos” de sementes, óvulos e espermatozóides. Apesar de os “bancos” preservarem espécimes (indivíduos), sua construção é considerada questionável do ponto de vista ecológico- evolutivo, pois se argumenta que esse tipo de estratégia I. não preservaria a variabilidade genética das populações; II. dependeria de técnicas de preservação de embriões, ainda desconhecidas; III. não reproduziria a heterogeneidade dos ecossistemas. Está correto o que se afirma em A) I, apenas. B) II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III 6. (UNIFOR) A análise das charges abaixo (disponíveis, respectivamente, em http://www.juniao.com.br – acesso em 12 janeiro 2010 e http://teiaonline. blogspot.com/2009/05/charges- desmatamento-na-amazonia.html – acesso em 12 janeiro 2010) sugere que o desmatamento ilegal na Amazônia