Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA II Prof. Italo Trigueiro VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência MOBILIDADE POPULACIONAL: MIGRAÇÃO DE TRABALHADORES, FLUXO DE TURISTAS E DE REFUGIADOS POLÍTICOS AS ORIGENS DO SER HUMANO: DA ÁFRICA PARA O MUNDO Atualmente, os estudiosos sobre as origens do ser humano e sua evolução histórica apontam para o surgimento do ser humano no continente africano, de onde migrou para os outros continentes, após passar pela Europa e Ásia. F onte: amora2009animais.pbworks.com Existem inúmeras teorias que buscam explicar como e quando se deu a ocupação humana do continente americano. A teoria malaio- polinésia afirma que a chegada do ser humano à América se deu por meio de embarcações primitivas que partiram da Malásia. A segunda conhecida como teoria australiana, diz que a América foi ocupada a partir de embarcações que atravessaram o Pacífico. E a terceira, a teoria asiática, mais aceita nos dias atuais, afirma que a América foi ocupada durante a quarta glaciação, quando o Estreito de Bering foi congelado, possibilitando a passagem para o Alasca. Em 2004 foi divulgado novo estudo que pode alterar as teorias até então estudadas. Trata-se de uma pesquisa russa, realizada no rio Yana, no Círculo Polar Ártico, onde foram encontradas ferramentas de caça confeccionadas há mais de 30 mil anos. O local fica próximo ao Estreito de Bering, a diferença central para a teoria asiática está na data. Ao se espalharem pelo Planeta, os seres humanos formaram as mais variadas civilizações1, que surgiram e desapareceram ao longo da história. CULTURA OU CIVILIZAÇÃO? Nas transformações da ideia de cultura durante os séculos XVIII e XIX, a discussão sobre cultura surgiu associada a uma tentativa de distinguir entre aspectos materiais e não-materiais da vida social, entre a matéria e o espírito de uma sociedade. Até que o uso moderno de cultura se sedimentasse, cultura competiu com a ideia de civilização. Assim, ora civilização, ora cultura serviam para significar os aspectos materiais da vida 1 Civilização é um conceito bastante complexo.Podemos afirmar que a civilização é exspressa por uma cultura composta pelas relações de trabalho, sociais e econômicas que a diferenciam de outros povos. social, o mesmo ocorrendo com o universo de ideias, concepções, crenças. Com o passar do tempo, cultura e civilização ficaram quase sinônimas, se bem que usualmente se reserve civilização para fazer referência a sociedades poderosas, de longa tradição histórica e grande âmbito de influência. Além do mais, usa-se cultura para falar não apenas em sociedades, mas também em grupos no seu interior o que não ocorre com civilização. SANTOS, José. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.p.35-36. Coleção Primeiros Passos. Nos primórdios da história, o indivíduo se identificava basicamente com o clã e a aldeia em que vivia. As chances de conhecer valores e características diferentes eram reduzidas, dada a pouca frequência de contato entre os grupos. Os contatos esporádicos entre os grupos provocaram tanto choques quanto assimilações culturais. Com o tempo, essas assimilações e choques intensificaram-se em virtude das migrações, das guerras, do desenvolvimento e do crescimento das atividades comercial e industrial. Do encontro de culturas decorre, de modo geral, a avaliação recíproca, ou seja, o julgamento do valor da cultura do “outro”. Assim, análise da cultura do “outro” parte da sua cultura, da cultura do “eu”. Passa-se então, a desprezar os valores, o conhecimento, a arte, a crença, as formas de comunicação, enfim, a cultura do “outro”. A partir daí, são se consegue entender as diferenças culturais existentes em relação ao grupo étnico, o que pode provocar sentimentos de medo e hostilidade. Com isso surge o etnocentrismo, ou seja, o julgamento do “outro” baseado em valores e modelo de vida do “eu”. A parti daí, via de regra, não se consegue entender os valores culturais e surgem os conflitos. O etnocentrismo é um elemento básico do processo de identificação de um grupo sociocultural. É um traço comum às culturas e corresponde a forma de legitimação de determinadas realidades. Esse etnocentrismo transforma-se num problema quando justifica a opressão de outra comunidade étnica ou a conquista de povos e territórios por grupos que se consideram superiores. Bósnios-muçulmanos presos durante a Guerra da Bósnia, 1992. Aula 11 – Mobilidade Demográfica 331 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência RELATIVISMO CULTURAL No início do século XX, surgiram novas concepções antropológicas que se contrapuseram à questão da superioridade ou inferioridade dos povos. A alemão Frans Boaz foi o primeiro a ressaltar a importância do estudo das diversas culturas em seu próprio contexto, a partir de suas peculiaridades, ou seja, considerando os fatores históricos, naturais e linguísticos que influenciavam o desenvolvimento de cada uma delas, rompendo assim com a Teoria Evolucionista e dando base ao Relativismo Cultural. Punk em Londres, Inglaterra. Família de Ianomâmis, Roraima, Brasil. MOBILIDADE DEMOGRÁFICA “Os movimentos de população revelam as feições das sociedades contemporâneas. É a sua ‘função de espelho’ que se situa em todos os níveis de análise. Como tudo que desempenha uma função de revelação, a migração internacional é uma questão que incomoda. Ela incomoda as sociedades onde ocorrem as saídas, pelo julgamento que traz, o “referendo pelos pés”, que sanciona a ditadura ou a incapacidade de um regime. Também incomoda países de imigração. O que fazer com refugiados albaneses que ocupam o porto de Brindisi, na Itália, ou com vietnamitas encerrados em campos de refugiados em Hong Kong? Como agir diante do risco do gueto? Depois de termos apoiado o direito de emigração dos europeu do Leste sob o regime comunista, temos o direito de impedir aos europeus ocidentais de morar e trabalhar nessa parte da Europa?” Simon, 1991. As migrações são diferentes tipos de movimentos de uma determinada espécie de um espaço para outro. As pessoas que realizam esses movimentos são chamadas de migrantes e esses deslocamentos podem ocorrer por diversos fatores sociais e naturais. Além desses fatores o avanço nos meios de transportes também facilitou o deslocamento populacional para regiões distantes de suas terras de origem. As migrações podem ser externas, ou seja, de país para país (Internacional ou Intercontinental), ou internas, dentro do próprio país (Extra- Regional, Intra-Regional, Local, etc.). PRINCIPAIS FLUXOS MIGRATÓRIOS NO FINAL DO SÉCULO XX E INÍCIO DO SÉCULO XXI Segundo a ONU, em 2013, estimava-se que cerca de 232 milhões de habitantes haviam deixado sua pátria e migrado para outras regiões, destes, 136 milhões somente nos últimos 45 anos. Desse volume total, aproximadamente 19% migra por perseguição política, seca ou outras catástrofes ambientais, o restante, são migrantes por motivos econômicos. Família de refugiados sudaneses no campo de Goz Amer, no leste do Chade. Fonte: ACNUR 2004/H.Caux. Há lugares em que a luta dos imigrantes para entrar nos países desenvolvidos é tão acirrada que ganhou aparência de guerra, com cercas e muros. A intensificação das migrações internacionais nas duas últimas décadas e neste século XXI veio acompanhada de inúmeras restrições e até mesmo proibições. CONVEÇÃO DE KAMPALA Conscientes da gravidade e da situação das pessoas deslocadas internamente que constitui uma fonte de instabilidade e tensão contínua para os Estados Africanos, presidentes de 46 nações adotaram uma convenção comum em outubro de 2009 que garante proteção e assistência legal a milhares de pessoas deslocadas dentro de seus próprios países por conflitos oucalamidades 332 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) naturais. O General Yoweri Kaguta Museveni, presidente de Uganda, afirma que o compromisso é: “um acordo histórico para proteger e assistir nossos irmãos e irmãs, os deslocados internos”. O ex-Alto Comissário António Guterres,hoje Diretor Geral da ONU, junto com o Presidente de Uganda, Yoweri Museveni, e a Comissária Política da UA, Julia Dolly Joiner. Fonte: http://www.acnur.org A nova convenção da UA (União Africana) para proteção e assistência dos deslocados internos na África é o primeiro instrumento legal do gênero no planeta. O acordo histórico foi adotado consensualmente por 46 nações africanas. Define as obrigações que Estados, e mesmo grupos armados, têm de proteger e assistir seus próprios cidadãos. ESTADOS UNIDOS – UM PAÍS DE IMIGRAÇÃO Os Estados Unidos é o país que mais recebeu imigrantes em todo o mundo e em toda a história. Em 2013 havia um registro de aproximadamente 40 milhões de migrantes. A atual legislação norte-americana é de combate à entrada de imigrantes. Mesmo com todas as restrições, estima-se que todo ano, 1 milhão de novos habitantes, legais e ilegais, cheguem ao país. Desde janeiro de 2004, qualquer turista que ingresse nos Estados Unidos é fotografado em tem as impressões digitais e armazenadas em sistemas informatizados. Os Estados Unidos possui uma política de assimilação, fenômeno conhecido como melting pot (mistura), e em geral cabem aos imigrantes os trabalhos pesados, perigosos, sujos e indesejados, com jornadas de trabalho sem limites. TRECHO DO GUIA Os residentes permanentes recebem um Cartão de Residente Permanente (Formulário I-551) como prova de seu status de residente legal dos EUA. Algumas pessoas chamam esse documento de “Green Card”. Caso você seja um residente permanente com 18 anos ou mais, é necessário portar comprovação de seu status imigratório e, se lhe for solicitado, mostrá-la ao oficial de imigração. O seu cartão é válido por 10 anos e precisa ser renovado antes de vencer. Você deve apresentar o Formulário I-90 para substituir ou renovar seu Cartão de Residente Permanente. É possível obter esse formulário no http://www.uscis.gov ou ligando para Disque Formulários USCIS. Para dar entrada ao Formulário I-90 é necessário pagar uma taxa. UNIÃO EUROPEIA A partir dos Tratados Constitutivos da União Europeia, este bloco não apenas criou um mercado comum como, também, adotou diversas medidas que aboliram obstáculos à livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas entre os Estados-membros. Porém, em relação à livre circulação de pessoas, a política de integração do bloco assume amplas proporções com a adoção de uma cidadania comum aos nacionais de seus países, a qual consagra o direito de ir e vir e de instalar-se livremente dentro do âmbito europeu, e são garantidos no Tratado da União Europeia assinado em 1992. A aplicação do princípio da liberdade de circulação de pessoas amplia-se com a supressão das fronteiras interiores, com base no Acordo Schengen assinado entre a Alemanha, a Bélgica, a França, o Luxemburgo e os Países Baixos, em 14 de Junho de 1985, para suprimir gradualmente os controles nas fronteiras comuns e instaurar um regime de livre circulação para todos os nacionais dos Estados signatários, dos outros Estados da Comunidade ou de países terceiros. Em 1990 foi assinada a Convenção de Schengen, que a partir de 1999 passou a integrar o quadro institucional e jurídico da União Europeia. Alguns países como o Reino Unido e a Irlanda2 adotam apenas parcialmente o acordo, mantendo ainda o controle sob suas fronteiras. AYLAN KURDI – O MENINO SÍRIO QUE CHOCOU O MUNDO Sobreviveu às bombas e à guerra, mas não conseguiu vencer o mar e as barreiras geográficas e legais que separam o Oriente Médio em chamas da Europa. Aylan Kurdi é o nome do garoto sírio 2 Estes países podem participar na totalidade ou em parte das disposições do acervo de Schengen, após votação do Conselho por unanimidade dos treze Estados que tomaram parte nos acordos e do representante do governo do Estado interessado. Já a Islândia e a Noruega, embora não fazerem parte da União Européia, são associadas à aplicação do acervo de Schengen e ao prosseguimento do seu desenvolvimento. Disponível em: <http://europa.eu/scadplus/leg/pt/lvb/l33020.htm> Acesso em: 28 ago. 2006. Aula 11 – Mobilidade Demográfica 333 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência cuja fotografia se transformou no símbolo do drama dos refugiados — com sua camisetinha vermelha e sua bermuda azul, estendido sem vida na turística praia turca de Ali Hoca Burnu, as mesmas ondas que o mataram roçando seu rosto. Tinha somente três anos. O bote no qual viajavam a família de Aylan e outros refugiados sírios — seis pessoas no total — saiu na noite de terça para quarta-feira da península de Bodrum (sudoeste da Turquia) com destino à ilha de Kos. Mas jamais chegou ao seu destino. Junto com o pequeno sírio morreram seu irmão, Galib (de 5 anos), sua mãe, Rihan Kurdi (de 35 anos) e um jovem de 18 anos. Só duas pessoas, uma delas o pai da família Kurdi, Abdulá, foram resgatadas pela guarda costeira turca. Abdulá Kurdi, o pai do menino afogado, relatou a tragédia: “A guarda costeira [turca] nos deteve e depois nos soltou. Nós mesmos conseguimos um bote e começamos a remar em direção a Kos”, explicou. “Depois que nos distanciamos uns 500 metros da costa, começou a entrar água no bote e nossos pés ficaram molhados. O pânico aumentava à medida que a água subia. Alguns ficaram de pé, e o bote virou. Eu segurava minha mulher com a mão. As mãos dos meus filhos se soltaram das minhas. Tentamos ficar no bote, mas quase não tínhamos ar. Todo mundo gritava na escuridão. Eu não conseguia que minha esposa e meus filhos ouvissem minha voz”. REFUGIADOS E ACNUR O ato de se deslocar, ou seja, trocar de Estado, país, região ou bairro; sempre esteve presente na história da humanidade. Diversos estudos comprovam a necessidade humana em sair de um local, sejam por razões econômicas, sociais, culturais e por questões de sobrevivência; logo, os deslocamentos humanos podem ser entendidos como um fenômeno histórico e não um evento recente. Desde os primórdios da humanidade, no Egito e Mesopotâmia, algumas regras referentes aos deslocamentos humanos, especificamente ao refúgio, já eram presentes no convívio humano; porém estas eram referentes unicamente às questões religiosas, portanto o refúgio tinha como principal motivo a perseguição religiosa. A pessoa que se desloca pode ser identificada como refugiado, migrante ou asilado. O refúgio é caracterizado por pessoas que estão fugindo de algum conflito, guerra e/ou perseguições, o ato de sair é realizado por necessidade de sobrevivência e não por vontade própria. Já o migrante pode ser caracterizado por pessoas que têm o intuito de buscar melhores condições econômicas e sociais, por isso este grupo se desloca por vontade própria diferentemente do refugiado. O asilo, porém é visto como um instrumento político, no qual o requerente não precisa passar pelos trâmites burocráticos como o refugiado e o migrante, o asilo, diferentemente das outras categorias, necessita apenas do aval da presidência da república. Foi apenas a partir do final do século XIX e início do século XX, que as questões referentes aos refugiados, grupo no qual irei abordar, tornam-se assuntos dos Estados, somando-se agora a uma conotação política e não apenas religiosa. A América Latina em 1889 e a Europa, por exemplo, passaram a praticar o asilo diplomático e o refúgio em meio à instabilidade política das regiões. Esta postura em relação ao refugiadoreflete até os dias atuais na forma como estas regiões se posicionam e encaram a situação das pessoas em condição de refúgio. O conceito de refugiado, no entanto, passa a se desenvolver de forma independente à luz da criação de diversos mecanismos jurídicos que garantem a sua proteção e dignidade humana. Após a Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa e Segunda Guerra Mundial, o mundo se deparou com milhões de pessoas em condição de refúgio e torna-se evidente a necessidade da criação de órgãos e instrumentos jurídicos que solucionem de forma 334 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) humanitária a realidade destes indivíduos. Desta forma é criada em 1947 através da Assembleia Geral das Nações Unidas, a Organização Internacional de Refugiados que apresentava funções temporárias em proteger, abrigar e repatriar refugiados. Três anos depois, também é criado o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), considerada como uma instituição de caráter internacional, humanitária e social. Nota-se que o ACNUR foi fundado antes mesmo de se estabelecer um conceito universal do que seria um refugiado, por isso foi preciso definir internacionalmente o que viria a ser um “refugiado” através de um tratado internacional: a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951. Esta convenção é considerada como um marco normativo no Direito Internacional que definiu claramente o conceito de refugiado, que diz: Art. 1º - Definição do termo "refugiado" 2) Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 na Europa e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência habitual em conseqüência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele. (CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS, 1951) No Brasil, o Congresso Nacional aprovou em 1960 a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, através do Decreto nº 50.215 e em 1972 o Protocolo de 1967, somente após as limitações serem suprimidas. Desta forma, tanto no plano interno quanto no plano internacional, o Brasil se comprometeu em acolher e proteger os refugiados que se encontrarem em seu território. Após a ratificação e promulgação destes tratados internacionais, o ACNUR instalouse em território brasileiro em 1977 e foi considerado como um marco legítimo para a recepção de refugiados no Brasil, entre eles vietnamitas e cubanos. Ao reconhecer internacionalmente em 1982 o ACNUR como um órgão das Nações Unidas (ONU), o Brasil passou a acolher outras nacionalidades como: iranianos perseguidos por motivos religiosos em 1986 e angolanos perseguidos por questões políticas em 1992 a 1994. Juridicamente e historicamente, o Brasil efetivou uma etapa muito importante no seu regimento interno ao instituir em 1997 a Lei nº 9.474, referente ao Estatuto Jurídico do Refugiado. Esta lei teve como desdobramento a criação do Comitê Nacional para os Refugiados - CONARE, órgão de deliberação coletiva, no âmbito do Ministério da Justiça; e apresentou o princípio de “Não- devolução”, onde os solicitantes de refúgio não podem ser devolvidos ou expulsos para o país onde a sua vida ou integridade física estejam em risco. O CONARE foi estabelecido como o órgão do governo responsável por analisar e decidir todos os pedidos de refúgio no Brasil e também encarregado de formular a política sobre refúgio no Brasil e criar normas que esclareçam os termos da lei de refúgio. A Lei nº 9.474 em parceria com o CONARE, é mencionada pelo Ministério de Relações Exteriores, Itamaraty, como a lei brasileira que é reconhecida como uma das mais avançadas sobre o assunto, tendo servido de modelo para países da região. PROBLEMAS COM OS IMIGRANTES NA EUROPA A entrada de imigrantes em alguns países europeus, os quais trouxeram consigo uma cultura completamente diferente foi percebida, como ameaças à seguridade econômica e social usufruída pelos cidadãos europeus. Nos últimos anos, a União Europeia tem convivido com uma quantidade crescente de desempregados, que chegou a atingir mais de 10% da sua população economicamente ativa – em alguns países, esse número alcançou os 20%. No início do século XXI, apesar de o índice ter baixado para 8%, em média, cerca de 65 milhões vivem em situação de pobreza dentro das fronteiras da União Europeia. Na Alemanha, a situação tornou-se especialmente grave a partir de 1990, com a reunificação alemã. A economia do país passou a conviver com avanços tecnológicos que suprimiram empregos e com a falência de empresas da parte oriental do país, que não conseguiam competir num mercado aberto. Em 2004, foi criada uma Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados- membros da União Europeia (FRONTEX) que tem como objetivo melhorar a gestão integrada destas áreas, além de facilitar a Aula 11 – Mobilidade Demográfica 335 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência aplicação de medidas comunitárias relacionadas à gestão das fronteiras exteriores. PROBLEMAS AMBIENTAIS E REFUGIADOS Em muitos locais do planeta, uma nova modalidade de refugiados tem surgido: são os refugiados movidos por problemas ambientais, ou refugiados do clima. Em 2007 um relatório na ONU sobre as mudanças climáticas, entre outras implicações, chamava a atenção para os refugiados do clima ou refugiados ambientais. Em 2007 diversas famílias foram transferidas um campo de refugiados em uma ilha próxima. A Cruz Vermelha calcula que mais de 25 milhões de pessoas no mundo atual já se deslocaram de lugares destruídos por problemas ambientais. Ao norte de Papua Nova Guiné, no arquipélago de Carteret, os habitantes foram obrigados a deixar suas casas em razão da elevação do nível do mar. O arquipélago do Pacífico Sul deverá desaparecer nos próximos anos. Segundo a ONU, o mundo tem hoje cerca de 5 milhões de refugiados ambientais. Atualmente a situação mais urgente é a dos que vêm sendo expulsos pela elevação das marés. A legislação internacional não contempla a nova classe de refugiados. Para a Convenção de Genebra, refugiados são definidos como pessoas que temem “ser perseguidas por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou associações políticas” e “se encontram fora do país de sua nacionalidade”. Então, os refugiados ambientais, talvez, fossem aqueles expulsos pela natureza, uma vez que esta vem sendo a causa das principais tragédias vividas pela humanidade nos últimos anos, a exemplo dos tsunamis na Ásia, dos furacões nos Estados Unidos e a desertificação em páreas da África Subsaariana. Esta é uma situação que requer a situação das autoridades assim com ações urgentes. O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados ou mesmo o dos Direitos Humanos, deve inserir nos novos acordos internacionais esta categoria de refugiados a fim de que sejam minimizados os transtornos causados pelas alterações climáticas. Fonte: http://agnaldobarros.blogspot.com.br SEMANA 11 - GEOGRAFIA II - MOBILIDADE DEMOGRÁFICA - TRIGUEIRO
Compartilhar