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Geografia I -57

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CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA II 
Prof. Italo Trigueiro 
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
 
MOBILIDADE POPULACIONAL: MIGRAÇÃO DE 
TRABALHADORES, FLUXO DE TURISTAS E DE 
REFUGIADOS POLÍTICOS 
 
AS ORIGENS DO SER HUMANO: DA ÁFRICA PARA O MUNDO 
Atualmente, os estudiosos sobre as origens do ser humano e sua 
evolução histórica apontam para o surgimento do ser humano no 
continente africano, de onde migrou para os outros continentes, 
após passar pela Europa e Ásia. 
 
F
onte: amora2009animais.pbworks.com 
 
Existem inúmeras teorias que buscam explicar como e quando se 
deu a ocupação humana do continente americano. A teoria malaio-
polinésia afirma que a chegada do ser humano à América se deu 
por meio de embarcações primitivas que partiram da Malásia. A 
segunda conhecida como teoria australiana, diz que a América foi 
ocupada a partir de embarcações que atravessaram o Pacífico. E a 
terceira, a teoria asiática, mais aceita nos dias atuais, afirma que a 
América foi ocupada durante a quarta glaciação, quando o Estreito 
de Bering foi congelado, possibilitando a passagem para o Alasca. 
 
Em 2004 foi divulgado novo estudo que pode alterar as teorias até 
então estudadas. Trata-se de uma pesquisa russa, realizada no rio 
Yana, no Círculo Polar Ártico, onde foram encontradas ferramentas 
de caça confeccionadas há mais de 30 mil anos. O local fica 
próximo ao Estreito de Bering, a diferença central para a teoria 
asiática está na data. 
 
Ao se espalharem pelo Planeta, os seres humanos formaram as 
mais variadas civilizações1, que surgiram e desapareceram ao 
longo da história. 
 
CULTURA OU CIVILIZAÇÃO? 
 
Nas transformações da ideia de cultura durante os séculos 
XVIII e XIX, a discussão sobre cultura surgiu associada a uma 
tentativa de distinguir entre aspectos materiais e não-materiais 
da vida social, entre a matéria e o espírito de uma sociedade. 
Até que o uso moderno de cultura se sedimentasse, cultura 
competiu com a ideia de civilização. Assim, ora civilização, ora 
cultura serviam para significar os aspectos materiais da vida 
 
1 Civilização é um conceito bastante complexo.Podemos afirmar que a civilização é exspressa por 
uma cultura composta pelas relações de trabalho, sociais e econômicas que a diferenciam de outros 
povos. 
social, o mesmo ocorrendo com o universo de ideias, 
concepções, crenças. 
 
Com o passar do tempo, cultura e civilização ficaram quase 
sinônimas, se bem que usualmente se reserve civilização para 
fazer referência a sociedades poderosas, de longa tradição 
histórica e grande âmbito de influência. Além do mais, usa-se 
cultura para falar não apenas em sociedades, mas também em 
grupos no seu interior o que não ocorre com civilização. 
SANTOS, José. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994.p.35-36. Coleção 
Primeiros Passos. 
 
Nos primórdios da história, o indivíduo se identificava basicamente 
com o clã e a aldeia em que vivia. As chances de conhecer valores 
e características diferentes eram reduzidas, dada a pouca 
frequência de contato entre os grupos. Os contatos esporádicos 
entre os grupos provocaram tanto choques quanto assimilações 
culturais. Com o tempo, essas assimilações e choques 
intensificaram-se em virtude das migrações, das guerras, do 
desenvolvimento e do crescimento das atividades comercial e 
industrial. 
 
Do encontro de culturas decorre, de modo geral, a avaliação 
recíproca, ou seja, o julgamento do valor da cultura do “outro”. 
Assim, análise da cultura do “outro” parte da sua cultura, da cultura 
do “eu”. Passa-se então, a desprezar os valores, o conhecimento, 
a arte, a crença, as formas de comunicação, enfim, a cultura do 
“outro”. A partir daí, são se consegue entender as diferenças 
culturais existentes em relação ao grupo étnico, o que pode 
provocar sentimentos de medo e hostilidade. 
 
Com isso surge o etnocentrismo, ou seja, o julgamento do “outro” 
baseado em valores e modelo de vida do “eu”. A parti daí, via de 
regra, não se consegue entender os valores culturais e surgem os 
conflitos. O etnocentrismo é um elemento básico do processo de 
identificação de um grupo sociocultural. É um traço comum às 
culturas e corresponde a forma de legitimação de determinadas 
realidades. Esse etnocentrismo transforma-se num problema 
quando justifica a opressão de outra comunidade étnica ou a 
conquista de povos e territórios por grupos que se consideram 
superiores. 
 
 
Bósnios-muçulmanos presos durante a Guerra da Bósnia, 1992. 
 
Aula 11 – Mobilidade Demográfica 
 
 
 
 
 
331 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
RELATIVISMO CULTURAL 
No início do século XX, surgiram novas concepções antropológicas 
que se contrapuseram à questão da superioridade ou inferioridade 
dos povos. A alemão Frans Boaz foi o primeiro a ressaltar a 
importância do estudo das diversas culturas em seu próprio 
contexto, a partir de suas peculiaridades, ou seja, considerando os 
fatores históricos, naturais e linguísticos que influenciavam o 
desenvolvimento de cada uma delas, rompendo assim com a 
Teoria Evolucionista e dando base ao Relativismo Cultural. 
 
 
Punk em Londres, Inglaterra. 
 
 
Família de Ianomâmis, Roraima, Brasil. 
 
MOBILIDADE DEMOGRÁFICA 
“Os movimentos de população revelam as feições das 
sociedades contemporâneas. É a sua ‘função de espelho’ que 
se situa em todos os níveis de análise. Como tudo que 
desempenha uma função de revelação, a migração 
internacional é uma questão que incomoda. Ela incomoda as 
sociedades onde ocorrem as saídas, pelo julgamento que traz, 
o “referendo pelos pés”, que sanciona a ditadura ou a 
incapacidade de um regime. Também incomoda países de 
imigração. O que fazer com refugiados albaneses que ocupam 
o porto de Brindisi, na Itália, ou com vietnamitas encerrados 
em campos de refugiados em Hong Kong? Como agir diante 
do risco do gueto? Depois de termos apoiado o direito de 
emigração dos europeu do Leste sob o regime comunista, 
temos o direito de impedir aos europeus ocidentais de morar e 
trabalhar nessa parte da Europa?” 
Simon, 1991. 
As migrações são diferentes tipos de movimentos de uma 
determinada espécie de um espaço para outro. As pessoas que 
realizam esses movimentos são chamadas de migrantes e esses 
deslocamentos podem ocorrer por diversos fatores sociais e 
naturais. Além desses fatores o avanço nos meios de transportes 
também facilitou o deslocamento populacional para regiões 
distantes de suas terras de origem. As migrações podem ser 
externas, ou seja, de país para país (Internacional ou 
Intercontinental), ou internas, dentro do próprio país (Extra-
Regional, Intra-Regional, Local, etc.). 
 
PRINCIPAIS FLUXOS MIGRATÓRIOS NO FINAL DO SÉCULO 
XX E INÍCIO DO SÉCULO XXI 
 
 
Segundo a ONU, em 2013, estimava-se que cerca de 232 milhões 
de habitantes haviam deixado sua pátria e migrado para outras 
regiões, destes, 136 milhões somente nos últimos 45 anos. Desse 
volume total, aproximadamente 19% migra por perseguição 
política, seca ou outras catástrofes ambientais, o restante, são 
migrantes por motivos econômicos. 
 
 
Família de refugiados sudaneses no campo de Goz Amer, no leste do Chade. 
Fonte: ACNUR 2004/H.Caux. 
 
Há lugares em que a luta dos imigrantes para entrar nos países 
desenvolvidos é tão acirrada que ganhou aparência de guerra, com 
cercas e muros. A intensificação das migrações internacionais nas 
duas últimas décadas e neste século XXI veio acompanhada de 
inúmeras restrições e até mesmo proibições. 
 
CONVEÇÃO DE KAMPALA 
Conscientes da gravidade e da situação das pessoas deslocadas 
internamente que constitui uma fonte de instabilidade e tensão 
contínua para os Estados Africanos, presidentes de 46 nações 
adotaram uma convenção comum em outubro de 2009 que garante 
proteção e assistência legal a milhares de pessoas deslocadas 
dentro de seus próprios países por conflitos oucalamidades 
 
 
 
 
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CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) 
naturais. O General Yoweri Kaguta Museveni, presidente de 
Uganda, afirma que o compromisso é: “um acordo histórico para 
proteger e assistir nossos irmãos e irmãs, os deslocados internos”. 
 
 
O ex-Alto Comissário António Guterres,hoje Diretor Geral da ONU, junto com o 
Presidente de Uganda, Yoweri Museveni, e a Comissária Política da UA, Julia Dolly 
Joiner. Fonte: http://www.acnur.org 
 
A nova convenção da UA (União Africana) para proteção e 
assistência dos deslocados internos na África é o primeiro 
instrumento legal do gênero no planeta. O acordo histórico foi 
adotado consensualmente por 46 nações africanas. Define as 
obrigações que Estados, e mesmo grupos armados, têm de 
proteger e assistir seus próprios cidadãos. 
 
ESTADOS UNIDOS – UM PAÍS DE IMIGRAÇÃO 
Os Estados Unidos é o país que mais recebeu imigrantes em todo 
o mundo e em toda a história. Em 2013 havia um registro de 
aproximadamente 40 milhões de migrantes. A atual legislação 
norte-americana é de combate à entrada de imigrantes. Mesmo 
com todas as restrições, estima-se que todo ano, 1 milhão de 
novos habitantes, legais e ilegais, cheguem ao país. 
 
Desde janeiro de 2004, qualquer turista que ingresse nos Estados 
Unidos é fotografado em tem as impressões digitais e 
armazenadas em sistemas informatizados. Os Estados Unidos 
possui uma política de assimilação, fenômeno conhecido como 
melting pot (mistura), e em geral cabem aos imigrantes os 
trabalhos pesados, perigosos, sujos e indesejados, com jornadas 
de trabalho sem limites. 
 
TRECHO DO GUIA 
 
 
Os residentes permanentes recebem um Cartão de Residente 
Permanente (Formulário I-551) como prova de seu status de 
residente legal dos EUA. Algumas pessoas chamam esse 
documento de “Green Card”. Caso você seja um residente 
permanente com 18 anos ou mais, é necessário portar 
comprovação de seu status imigratório e, se lhe for solicitado, 
mostrá-la ao oficial de imigração. O seu cartão é válido por 10 
anos e precisa ser renovado antes de vencer. Você deve 
apresentar o Formulário I-90 para substituir ou renovar seu 
Cartão de Residente Permanente. É possível obter esse 
formulário no http://www.uscis.gov ou ligando para Disque 
Formulários USCIS. Para dar entrada ao Formulário I-90 é 
necessário pagar uma taxa. 
 
 
 
UNIÃO EUROPEIA 
A partir dos Tratados Constitutivos da União Europeia, este bloco 
não apenas criou um mercado comum como, também, adotou 
diversas medidas que aboliram obstáculos à livre circulação de 
bens, serviços, capitais e pessoas entre os Estados-membros. 
 
Porém, em relação à livre circulação de pessoas, a política de 
integração do bloco assume amplas proporções com a adoção de 
uma cidadania comum aos nacionais de seus países, a qual 
consagra o direito de ir e vir e de instalar-se livremente dentro do 
âmbito europeu, e são garantidos no Tratado da União Europeia 
assinado em 1992. 
 
A aplicação do princípio da liberdade de circulação de pessoas 
amplia-se com a supressão das fronteiras interiores, com base no 
Acordo Schengen assinado entre a Alemanha, a Bélgica, a França, 
o Luxemburgo e os Países Baixos, em 14 de Junho de 1985, para 
suprimir gradualmente os controles nas fronteiras comuns e 
instaurar um regime de livre circulação para todos os nacionais dos 
Estados signatários, dos outros Estados da Comunidade ou de 
países terceiros. 
 
Em 1990 foi assinada a Convenção de Schengen, que a partir de 
1999 passou a integrar o quadro institucional e jurídico da União 
Europeia. Alguns países como o Reino Unido e a Irlanda2 adotam 
apenas parcialmente o acordo, mantendo ainda o controle sob 
suas fronteiras. 
 
AYLAN KURDI – O MENINO SÍRIO QUE CHOCOU O MUNDO 
Sobreviveu às bombas e à guerra, mas não conseguiu vencer o 
mar e as barreiras geográficas e legais que separam o Oriente 
Médio em chamas da Europa. Aylan Kurdi é o nome do garoto sírio 
 
2 Estes países podem participar na totalidade ou em parte das disposições do acervo de 
Schengen, após votação do Conselho por unanimidade dos treze Estados que tomaram parte 
nos acordos e do representante do governo do Estado interessado. Já a Islândia e a Noruega, 
embora não fazerem parte da União Européia, são associadas à aplicação do acervo de 
Schengen e ao prosseguimento do seu desenvolvimento. Disponível em: 
<http://europa.eu/scadplus/leg/pt/lvb/l33020.htm> Acesso em: 28 ago. 2006. 
Aula 11 – Mobilidade Demográfica 
 
 
 
 
 
333 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
cuja fotografia se transformou no símbolo do drama dos refugiados 
— com sua camisetinha vermelha e sua bermuda azul, estendido 
sem vida na turística praia turca de Ali Hoca Burnu, as mesmas 
ondas que o mataram roçando seu rosto. Tinha somente três anos. 
 
O bote no qual viajavam a família de Aylan e outros refugiados 
sírios — seis pessoas no total — saiu na noite de terça para 
quarta-feira da península de Bodrum (sudoeste da Turquia) com 
destino à ilha de Kos. Mas jamais chegou ao seu destino. Junto 
com o pequeno sírio morreram seu irmão, Galib (de 5 anos), sua 
mãe, Rihan Kurdi (de 35 anos) e um jovem de 18 anos. Só duas 
pessoas, uma delas o pai da família Kurdi, Abdulá, foram 
resgatadas pela guarda costeira turca. 
 
Abdulá Kurdi, o pai do menino afogado, relatou a tragédia: “A 
guarda costeira [turca] nos deteve e depois nos soltou. Nós 
mesmos conseguimos um bote e começamos a remar em direção 
a Kos”, explicou. “Depois que nos distanciamos uns 500 metros da 
costa, começou a entrar água no bote e nossos pés ficaram 
molhados. O pânico aumentava à medida que a água subia. 
Alguns ficaram de pé, e o bote virou. Eu segurava minha mulher 
com a mão. As mãos dos meus filhos se soltaram das minhas. 
Tentamos ficar no bote, mas quase não tínhamos ar. Todo mundo 
gritava na escuridão. Eu não conseguia que minha esposa e meus 
filhos ouvissem minha voz”. 
 
 
 
REFUGIADOS E ACNUR 
O ato de se deslocar, ou seja, trocar de Estado, país, região ou 
bairro; sempre esteve presente na história da humanidade. 
Diversos estudos comprovam a necessidade humana em sair de 
um local, sejam por razões econômicas, sociais, culturais e por 
questões de sobrevivência; logo, os deslocamentos humanos 
podem ser entendidos como um fenômeno histórico e não um 
evento recente. Desde os primórdios da humanidade, no Egito e 
Mesopotâmia, algumas regras referentes aos deslocamentos 
humanos, especificamente ao refúgio, já eram presentes no 
convívio humano; porém estas eram referentes unicamente às 
questões religiosas, portanto o refúgio tinha como principal motivo 
a perseguição religiosa. 
 
A pessoa que se desloca pode ser identificada como refugiado, 
migrante ou asilado. O refúgio é caracterizado por pessoas que 
estão fugindo de algum conflito, guerra e/ou perseguições, o ato de 
sair é realizado por necessidade de sobrevivência e não por 
vontade própria. Já o migrante pode ser caracterizado por pessoas 
que têm o intuito de buscar melhores condições econômicas e 
sociais, por isso este grupo se desloca por vontade própria 
diferentemente do refugiado. O asilo, porém é visto como um 
instrumento político, no qual o requerente não precisa passar pelos 
trâmites burocráticos como o refugiado e o migrante, o asilo, 
diferentemente das outras categorias, necessita apenas do aval da 
presidência da república. 
 
Foi apenas a partir do final do século XIX e início do século XX, 
que as questões referentes aos refugiados, grupo no qual irei 
abordar, tornam-se assuntos dos Estados, somando-se agora a 
uma conotação política e não apenas religiosa. A América Latina 
em 1889 e a Europa, por exemplo, passaram a praticar o asilo 
diplomático e o refúgio em meio à instabilidade política das regiões. 
Esta postura em relação ao refugiadoreflete até os dias atuais na 
forma como estas regiões se posicionam e encaram a situação das 
pessoas em condição de refúgio. 
 
 
O conceito de refugiado, no entanto, passa a se desenvolver de 
forma independente à luz da criação de diversos mecanismos 
jurídicos que garantem a sua proteção e dignidade humana. Após 
a Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa e Segunda Guerra 
Mundial, o mundo se deparou com milhões de pessoas em 
condição de refúgio e torna-se evidente a necessidade da criação 
de órgãos e instrumentos jurídicos que solucionem de forma 
 
 
 
 
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humanitária a realidade destes indivíduos. Desta forma é criada em 
1947 através da Assembleia Geral das Nações Unidas, a 
Organização Internacional de Refugiados que apresentava funções 
temporárias em proteger, abrigar e repatriar refugiados. Três anos 
depois, também é criado o Alto Comissariado das Nações Unidas 
para os Refugiados (ACNUR), considerada como uma instituição 
de caráter internacional, humanitária e social. 
 
Nota-se que o ACNUR foi fundado antes mesmo de se estabelecer 
um conceito universal do que seria um refugiado, por isso foi 
preciso definir internacionalmente o que viria a ser um “refugiado” 
através de um tratado internacional: a Convenção Relativa ao 
Estatuto dos Refugiados, de 1951. Esta convenção é considerada 
como um marco normativo no Direito Internacional que definiu 
claramente o conceito de refugiado, que diz: 
 
Art. 1º - Definição do termo "refugiado" 2) Que, em 
consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro 
de 1951 na Europa e temendo ser perseguida por motivos de raça, 
religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se 
encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em 
virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou 
que, se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual 
tinha sua residência habitual em conseqüência de tais 
acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer 
voltar a ele. 
(CONVENÇÃO RELATIVA AO ESTATUTO DOS REFUGIADOS, 1951) 
 
No Brasil, o Congresso Nacional aprovou em 1960 a Convenção 
Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, através do Decreto 
nº 50.215 e em 1972 o Protocolo de 1967, somente após as 
limitações serem suprimidas. Desta forma, tanto no plano interno 
quanto no plano internacional, o Brasil se comprometeu em acolher 
e proteger os refugiados que se encontrarem em seu território. 
Após a ratificação e promulgação destes tratados internacionais, o 
ACNUR instalouse em território brasileiro em 1977 e foi 
considerado como um marco legítimo para a recepção de 
refugiados no Brasil, entre eles vietnamitas e cubanos. Ao 
reconhecer internacionalmente em 1982 o ACNUR como um órgão 
das Nações Unidas (ONU), o Brasil passou a acolher outras 
nacionalidades como: iranianos perseguidos por motivos religiosos 
em 1986 e angolanos perseguidos por questões políticas em 1992 
a 1994. 
 
Juridicamente e historicamente, o Brasil efetivou uma etapa muito 
importante no seu regimento interno ao instituir em 1997 a Lei nº 
9.474, referente ao Estatuto Jurídico do Refugiado. Esta lei teve 
como desdobramento a criação do Comitê Nacional para os 
Refugiados - CONARE, órgão de deliberação coletiva, no âmbito 
do Ministério da Justiça; e apresentou o princípio de “Não-
devolução”, onde os solicitantes de refúgio não podem ser 
devolvidos ou expulsos para o país onde a sua vida ou integridade 
física estejam em risco. O CONARE foi estabelecido como o órgão 
do governo responsável por analisar e decidir todos os pedidos de 
refúgio no Brasil e também encarregado de formular a política 
sobre refúgio no Brasil e criar normas que esclareçam os termos da 
lei de refúgio. A Lei nº 9.474 em parceria com o CONARE, é 
mencionada pelo Ministério de Relações Exteriores, Itamaraty, 
como a lei brasileira que é reconhecida como uma das mais 
avançadas sobre o assunto, tendo servido de modelo para países 
da região. 
 
 
PROBLEMAS COM OS IMIGRANTES NA EUROPA 
A entrada de imigrantes em alguns países europeus, os quais 
trouxeram consigo uma cultura completamente diferente foi 
percebida, como ameaças à seguridade econômica e social 
usufruída pelos cidadãos europeus. 
 
Nos últimos anos, a União Europeia tem convivido com uma 
quantidade crescente de desempregados, que chegou a atingir 
mais de 10% da sua população economicamente ativa – em alguns 
países, esse número alcançou os 20%. No início do século XXI, 
apesar de o índice ter baixado para 8%, em média, cerca de 65 
milhões vivem em situação de pobreza dentro das fronteiras da 
União Europeia. 
 
 
 
Na Alemanha, a situação tornou-se especialmente grave a partir de 
1990, com a reunificação alemã. A economia do país passou a 
conviver com avanços tecnológicos que suprimiram empregos e 
com a falência de empresas da parte oriental do país, que não 
conseguiam competir num mercado aberto. 
 
Em 2004, foi criada uma Agência Europeia de Gestão da 
Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados-
membros da União Europeia (FRONTEX) que tem como objetivo 
melhorar a gestão integrada destas áreas, além de facilitar a 
Aula 11 – Mobilidade Demográfica 
 
 
 
 
 
335 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
aplicação de medidas comunitárias relacionadas à gestão das 
fronteiras exteriores. 
 
 
 
 
PROBLEMAS AMBIENTAIS E REFUGIADOS 
Em muitos locais do planeta, uma nova modalidade de refugiados 
tem surgido: são os refugiados movidos por problemas ambientais, 
ou refugiados do clima. Em 2007 um relatório na ONU sobre as 
mudanças climáticas, entre outras implicações, chamava a atenção 
para os refugiados do clima ou refugiados ambientais. Em 2007 
diversas famílias foram transferidas um campo de refugiados em 
uma ilha próxima. A Cruz Vermelha calcula que mais de 25 milhões 
de pessoas no mundo atual já se deslocaram de lugares destruídos 
por problemas ambientais. Ao norte de Papua Nova Guiné, no 
arquipélago de Carteret, os habitantes foram obrigados a deixar 
suas casas em razão da elevação do nível do mar. O arquipélago 
do Pacífico Sul deverá desaparecer nos próximos anos. 
 
Segundo a ONU, o mundo tem hoje cerca de 5 milhões de 
refugiados ambientais. Atualmente a situação mais urgente é a dos 
que vêm sendo expulsos pela elevação das marés. 
 
A legislação internacional não contempla a nova classe de 
refugiados. Para a Convenção de Genebra, refugiados são 
definidos como pessoas que temem “ser perseguidas por motivos 
de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou associações 
políticas” e “se encontram fora do país de sua nacionalidade”. 
 
Então, os refugiados ambientais, talvez, fossem aqueles expulsos 
pela natureza, uma vez que esta vem sendo a causa das principais 
tragédias vividas pela humanidade nos últimos anos, a exemplo 
dos tsunamis na Ásia, dos furacões nos Estados Unidos e a 
desertificação em páreas da África Subsaariana. 
 
Esta é uma situação que requer a situação das autoridades assim 
com ações urgentes. O Alto Comissariado das Nações Unidas para 
Refugiados ou mesmo o dos Direitos Humanos, deve inserir nos 
novos acordos internacionais esta categoria de refugiados a fim de 
que sejam minimizados os transtornos causados pelas alterações 
climáticas. 
 
 
 
 
Fonte: http://agnaldobarros.blogspot.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	SEMANA 11 - GEOGRAFIA II - MOBILIDADE DEMOGRÁFICA - TRIGUEIRO

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