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VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulare de Alta Concorrência 235 Aula 3 – Economia Agroexportadora e o Ciclo Açucareiro cujas colheitas passaram significativamente a ser rotuladas como "cana cativa". Aspectos sociológicos: a casa-grande. Com seu complexo esquema de funcionamento, o engenho de açúcar foi a forma de exploração agrária que melhor assumiu, no Brasil colonial, as características básicas da grande lavoura. Isso porque, além dos trabalhos de cultivo do solo, o engenho requeria toda uma série de operações exaustivas, com aparelhamento de obtenção difícil e mão-de-obra abundante. Com seus vários prédios para moradia e instalações fabris -- a casa da moenda, a das fornalhas, a dos cobres e a de purgar, além de galpões para estocar o produto --, o engenho constituía um pequeno aglomerado humano: um núcleo de população. De início, ocupava apenas uma clareira na floresta, onde se amontoavam as construções de adobe e cal. Com a progressiva expansão das lavouras pelas áreas em torno, a clareira primordial se converteu não raro num esboço de aldeia, mas muitos dados sociológicos básicos já haviam sido definidos naquele mundo fechado sob o poder dos senhores. A casa-grande, residência do senhor de engenho, assobradada ou térrea e sempre bem imponente, constituía o centro de irradiação de toda a atividade econômica e social da propriedade. A casa-grande se completava com a capela, onde as pessoas da comunidade, aos domingos e dias santificados, reuniam-se para as cerimônias religiosas. Próximo se erguia a senzala, habitação dos escravos, classificados como "peças", que se contavam às centenas nos maiores engenhos. Os rios, vias de escoamento do açúcar, eram também com frequência as únicas estradas de acesso: por eles vinham as toras que alimentavam as fornalhas do engenho e os gêneros e artigos manufaturados adquiridos alhures, como tecidos e louças, ferramentas e pregos, papel e tinta, barris de vinho ou de azeite. A casa-grande, a senzala, a capela e as casas destinadas ao fabrico do açúcar definiam o quadrilátero que dava a um típico engenho sua conformação mais comum. Outras construções, em número variável, podiam servir de residência ao capelão, ao mestre de açúcar, aos feitores e aos poucos trabalhadores livres que se ligavam às atividades do engenho por seus ofícios, como barqueiros, carpinteiros, pedreiros, carreiros ou calafates. Na maior parte do território brasileiro, ao que parece, predominaram os pequenos engenhos, com reduzido número de escravos e movidos pela força animal. Contudo, no final do século XVIII considerava-se indispensável um mínimo de quarenta escravos para que um engenho pudesse moer "redondamente" durante as 24 horas do dia. Na mesma época, grandes engenhos da capitania do Rio de Janeiro mantinham sob a chibata várias centenas de escravos, como o da Ordem de São Bento, que chegou a ter 432. Reflexos culturais. Foi à sombra da civilização do açúcar, em meio ao estrago ecológico da derrubada de matas e à exploração da mão-de-obra servil, que começaram a desenvolver-se na América portuguesa a urbanização e a arquitetura, as tradições culinárias e o artesanato, a medicina e as ciências naturais. Tais artes e ciências surgiram como manifestações do sistema de cultura ibero- católico, ao qual coube a primazia no desenvolvimento da civilização brasileira. Os benefícios da cultura foram porém notavelmente avigorados pela presença dos holandeses -- e, em especial, do conde Maurício de Nassau -- no Nordeste açucareiro do Brasil, durante o século XVII. Foi com os holandeses, atraídos para o Brasil porque as terras de massapê eram ideais para a cultura da cana e também porque Recife ficava numa posição econômica e comercial estratégica, que se realizaram os primeiros estudos sistemáticos da flora e da fauna tropicais; que se deu a um burgo, a própria Recife, um traçado científico para a conversão em cidade; que se realizaram as primeiras quermesses e outras recreações populares de sabor não ibérico, que se pintaram as primeiras paisagens e se fixaram em desenhos os tipos humanos, as habitações e os costumes da época; que se criaram condições para a convivência de três cultos, o católico-romano, o protestante e o judaico, sob as vistas liberais do poder; que se esboçaram formas de governo representativo, admitindo-se nessa representação elementos das populações dominadas pelos invasores. Não consta que os holandeses tenham concorrido, de modo específico, para o aperfeiçoamento técnico da agricultura da cana e do fabrico do açúcar no Brasil. Sabe-se porém que foi em grande parte obra de sua ciência, depois de enriquecida pela experiência brasileira, o aperfeiçoamento do processo de refinar o açúcar. Esse progresso se realizou na França a partir de meados do século XVII, deixando em desvantagem comercial, desde o fim do mesmo século, o açúcar brasileiro pardo e mal refinado, o mascavo. Êxodo e decadência. Com a reconquista das terras brasileiras de açúcar pelos portugueses e brasileiros -- brasileiros que parecem ter adquirido sua primeira "consciência de espécie" nas lutas contra o invasor holandês -- o Nordeste foi abandonado por grande parte dos judeus que, durante o século XVI e nos primeiros decênios do XVII, haviam contribuído para dar prestígio comercial ao açúcar brasileiro, colocando-o nos melhores mercados. Muitos desses judeus deixaram Recife para instalarem-se em outras áreas da América tropical como animadores ou organizadores da agricultura da cana e da indústria do açúcar. Não raro, fizeram-se acompanhar de escravos peritos nessas especialidades. Alguns transferiram-se, entretanto, de Recife para a então Nova Amsterdam, depois Nova York, que teve assim, entre outros pioneiros israelitas de sua grandeza comercial, homens cuja primeira experiência americana se verificara em terras brasileiras de açúcar e em atividades ligadas ao desenvolvimento de uma civilização apoiada na agricultura da cana e no fabrico e exportação do muscovado. No século XVIII o Brasil já havia perdido a liderança da produção açucareira, em face da concorrência de colônias francesas, inglesas e holandesas na América, como também das oscilações de preços no mercado mundial e da corrida em busca do ouro, que levou a um progressivo abandono das lavouras e engenhos. A fase de decadência, paralela ao crescimento de outros produtos de exportação, como o fumo, o algodão e sobretudo o café, prolongou-se até quase a independência. Por essa época, tentou- se revitalizar a agroindústria açucareira, com a introdução da máquina a vapor e aplicações da química e da física. Milhares de engenhos, os velhos banguês, espalhavam-se então pelo país, tentando resistir a concorrentes fortes que surgiam nas regiões mais adiantadas. O primeiro engenho central, com matéria-prima vendida pelos agricultores para o processamento em instalações industriais já bem aperfeiçoadas, foi inaugurado na então província do Rio de Janeiro em 1878. Grandes engenhos, nessa fase, transformaram- se em usinas. Com o avanço da indústria, os banguezeiros, antes senhores absolutos da produção do açúcar, ficariam cada vez mais reduzidos a meros fornecedores de cana CICLO DO AÇUCAR As potencias europeias sempre procuraram explorar regiões onde já se 236 CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles) VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência havia riquezas naturais, instalavam no local uma feitoria e se apropriavam dos produtos existentes. No Brasil a situação era outra, Portugal teria de adaptar sua política mercantilista. Seriam necessários colonos, mudas de cana-de-açucar, instrumentos de plantio, montagem de engenhos. Isso demandava grandes investimentos, mas o momento para Portugal era ruim. Parte do capital da expansão eram de comerciantes judeus, porem em 1506, perseguidos pela Coroa lusitana transferiram-separa os Países Baixos. A Coroa portuguesa se viu obrigada a recorrer aos mercadores e banqueiros holandeses para financiar o açúcar. A Holanda tinha o direito de refino e do transporte mesmo quando navegavam com bandeiras portuguesas. Qual seria a vantagem de Portugal nestas condições? Além de promover o povoamento, garantindo a posse das terras, existia o pacto colonial. Todos os navios com destino ao Brasil zarpar de Portugal e as embarcações vindas do Brasil eram obrigadas a fazer escala na metrópole. Assim o governo português garantia a cobrança e o recebimento de impostos sobre as transações comerciais coloniais. MONTAGEM DA PRODUÇAO AÇUCAREIRA Monocultura, latifúndio, escravidão e mercado externo eram as principais características da estrutura econômica brasileira colonial. A esse conjunto de características dá-se o nome de PLANTATION. A unidade de produção era o engenho, era geralmente um latifúndio. Chegava em alguns casos a abrigar 5000 habitantes. A vida no engenho girava em torno da casa grande, moenda, capela e senzala. Na casa grande viviam o senhor de engenho, seus parentes e agregados. Os negros escravos habitavam uma construção miserável chamada de Senzala. Na capela centralizava-se a vida social e religiosa. O local onde a cana era moída e transformada era a moenda. Em 1560, o Brasil já contava com cerca de 60 engenhos. A alimentação provinha das plantações, da criação de animais, da caça e pesca realizadas no próprio engenho. Montavam também serrarias, onde a madeira para a construção das casas era preparada, confecção de mobiliário. Após o corte, a cana era levada para a moenda, onde, triturada, se transformava em garapa. Conduzido para a caldeira, esse suco era cozido até engrossa, resultando o melaço. O melaço ia para a casa de purgar, onde era colocado ao sol para secar, em formas de barro ou madeira, transformando-se em rapadura. Finalmente, o açúcar mascavo, em forma de pães de açúcar era encaixotado e levado aos navios que iam para a e Europa. VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulare de Alta Concorrência 237 Aula 3 – Economia Agroexportadora e o Ciclo Açucareiro EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM QUESTÃO 01 Sobre a estrutura social e econômica dos engenhos coloniais no Brasil, marque a opção certa: a) a escravidão era a forma de trabalho predominante, fazendo com que não houvesse qualquer divisão técnica do trabalho b) na agro-manufatura do açúcar, os escravos trabalhavam nas plantações de cana-de-açúcar enquanto os homens livres se ocupavam do trabalho nos engenhos c) os engenhos mantinham uma divisão do trabalho muito desenvolvida, com escravos realizando tarefas simples e homens livres realizando atividades que exigiam maior conhecimento técnico d) apesar de uma certa divisão do trabalho ser estabelecida nos engenhos, geralmente os homens livres se ocupavam das tarefas menos importantes e mais simples, em que se exigia somente a força física. Questão 02 A política colonizadora portuguesa, voltada para obtenção de lucros do monopólio na esfera mercantil, tinha como principal área de produção: a) a implantação da grande lavoura tropical, de base escravista e latifundiária caracterizada pela diversidade de produtos cultivados e presença de minifúndios e latifúndios; b) o "exclusivo colonial", que obrigava todos os interesses da produção agrícola aos objetivos mercantis da Coroa e dos grandes comerciantes metropolitanos; c) a agricultura de subsistência, baseadas em pequenas e médias propriedades, utilizando mão-de- obra indígena; d) a integração agropastoril, destinada ao abastecimento do mercado interno colonial, sobretudo ao do metropolitano; e) a criação de Companhias Cooperativas envolvidas com a produção de tecidos e demais gêneros ligados ao consumo caseiro. Questão 03 O engenho de açúcar pode ser considerado como um recorte representativo do mundo colonial, por conter em seu interior as principais características da sociedade e da economia que se desenvolveram na colônia como, por exemplo, a(o): a) ampla integração entre os diversos segmentos étnicos da sociedade colonial. b) preponderância da população escrava, principal forma de mão-de-obra. c) participação direta do capital comercial europeu na produção colonial, através da propriedade dos engenhos. d) ausência de qualquer controle econômico da metrópole sobre a vida colonial. e) controle de toda a economia e dos cargos políticos da sociedade colonial pelos "senhores de engenho". Questão 04 "Coloquemo-nos naquela Europa anterior ao século XVI, isolada dos trópicos, só indireta e longinquamente acessíveis e imaginemo-la, como de fato estava, privada quase inteiramente de produtos que se hoje, pela sua banalidade, parecem secundários, eram então prezados como requintes de luxo. Tome-se o caso do açúcar, que embora se cultivasse em pequena escala na Sicília, era artigo de grande raridade e muita procura; até nos enxovais de rainhas ele chegou a figurar como dote precioso e altamente prezado." (PRADO Jr., Caio. "Formação do Brasil contemporâneo". São Paulo, Brasiliense, 1961.) A colonização do Brasil, a partir do século XVI, permitiu à Coroa Portuguesa usufruir das vantagens trazidas pelas riquezas tropicais. Caracterizam a economia colonial brasileira: a) o monopólio comercial, a monocultura de exportação, o trabalho escravo e o predomínio das grandes propriedades rurais. b) o livre comércio, a indústria do vestuário, o trabalho livre e o predomínio das pequenas propriedades rurais. c) o liberalismo econômico, o trabalho assalariado, a monocultura canavieira e o predomínio das grandes propriedades rurais. d) o exclusivo colonial, o trabalho escravo, a exportação de ferro e aço e o predomínio das pequenas propriedades rurais. e) o monopólio comercial, o trabalho assalariado, a produção para o mercado interno e o predomínio das grandes propriedades rurais. Anotações 238 CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles) VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Questão 05 A família patriarcal foi o modelo de organização social do Brasil Colônia. Sobre ela, é correto afirmar, EXCETO: a) A esposa deveria acatar as ordens do marido, administrar a casa e educar cristãmente os filhos. b) O senhor poderia se servir sexualmente das escravas, consideradas "território do prazer". c) O primogênito dividia o poder com o pai, pois aos homens cabiam as posições de mando. d) As filhas eram educadas para reproduzir o papel da mãe como esposas servis e submissas. e) A autoridade suprema era a do pai, a quem todos deviam respeito, obediência e subordinação. Questão 06 Considere as afirmativas a seguir sobre a sociedade brasileira no período colonial. I. A oposição senhor-escravo é uma das formas de explicar a ordenação social no período colonial, embora tenha existido o trabalho livre (assalariado ou não) mesmo nas grandes propriedades açucareiras e fazendas de gado. II. Os escravos trazidos da África pelos traficantes pertenciam a diferentes etnias e foram transformados em trabalhadores cativos empregados tanto nas atividades econômicas mais rentáveis (cana-de-açúcar e mineração) quanto nas atividades domésticas e urbanas. III. Os primeiros escravos foram os Tupis e os Guaranis do litoral, porém, à medida que se desenvolveu a colonização e se criaram missões jesuíticas, no final do século XVI, a escravização indígena extinguiu-se. IV. Os homens livres pobres (lavradores, vaqueiros, pequenos comerciantes, artesãos) podiam concorrer às Câmaras Municipais, pois não havia no Brasil, critérios de nobreza ou de propriedade como os que vigoravam na metrópole portuguesa. Estão corretas as afirmativas: a) I e II. b) I, II e IV. c)I e IV. d) II e III. e) III e IV. Questão 07 “Oh, se a gente preta tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus e a Sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre!” (VIEIRA, Padre Antônio. Sermão XIV. Apud: ALENCASTRO, Luiz Felipe de, O Trato dos Viventes. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 183.) Sobre a escravidão no Brasil no período colonial, é correto afirmar: a) O tráfico de escravos no século XVIII era realizado por comerciantes metropolitanos e por “brasílicos” que saíam do Rio de Janeiro, Bahia e Recife com mercadorias brasileiras e realizavam trocas bilaterais com a África. b) A produção econômica colonial era agroexportadora, baseada na concentração fundiária e no uso exclusivo do trabalho escravo. c) O tráfico de escravos para o Brasil, no século XVIII, era realizado exclusivamente por comerciantes metropolitanos. A oferta de mão-de-obra escrava era contínua e a baixos custos. d) O tráfico de escravos no século XVIII era realizado apenas por comerciantes “brasílicos”. A oferta de mão-de-obra, contudo, era descontínua e a altos custos. e) O século XVII marcou o auge do tráfico de escravos no Brasil, para atender à demanda do crescimento dos engenhos de açúcar, com uma oferta contínua e a altos custos. Questão 08 “Diz-se geralmente que a negra corrompeu a vida sexual da sociedade brasileira (...). É absurdo responsabilizar-se o negro pelo que não foi obra sua (...), mas do sistema social e econômico em que funcionaram passiva e mecanicamente. Não há escravidão sem depravação sexual. É da essência mesma do regime. (...) Não era o negro (...) o libertino: mas o escravo a serviço do interesse econômico e da ociosidade voluptuosa dos senhores. Não era a ‘raça inferior’ a fonte de corrupção, mas o abuso de uma raça por outra”. FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 372 e 375. Considerando o texto, é correto afirmar que a degradação moral da sociedade açucareira do Nordeste brasileiro tinha como eixo: a) a estrutura frágil da Igreja colonial e seu reduzido trabalho na disseminação dos valores cristãos. b) as relações de poder entre a metrópole e a colônia, desfavoráveis a essa última quanto aos preços dos seus produtos. c) a complexa formação étnica da sociedade açucareira, misturando raças em detrimento dos costumes portugueses. d) a natural corrupção do ser humano, que jamais encontra limites, seja na Igreja ou polícia, para a expressão dos instintos. e) as relações sociais de produção do engenho açucareiro, base da ordem social colonial. Anotações VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulare de Alta Concorrência 239 Aula 3 – Economia Agroexportadora e o Ciclo Açucareiro EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 01 ... a reprodução da economia colonial não é inteiramente comandada pelas variações conjunturais do mercado internacional; se isto é verdade, resta saber: o que influenciaria tal ritmo? Ao nosso ver, esta pergunta é respondida se considerarmos a Colônia como uma sociedade, com as suas estruturas e hierarquias econômicas e sociais. Em realidade, o ritmo da economia colonial seria comandado pela lógica e necessidades da reiteração da sociedade colonial. (FRAGOSO, João Luís Ribeiro. HOMENS DE GROSSA AVENTURA: ACUMULAÇÃO E HIERARQUIA NA PRAÇA MERCANTIL DO RIO DE JANEIRO (1790-1830). Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 1992, p. 243) Atualmente vários trabalhos vêm procurando realizar uma revisão sobre a estruturação da economia colonial brasileira. Assim, esses novos trabalhos contestam as teses do "sentido da colonização" e do "Antigo Sistema Colonial", as quais afirmam que a atividade colonizadora: a) previa o afrouxamento do exclusivo colonial como forma de cooptação política dos colonos, permitindo, desta forma, acumulações internas, embora fosse subordinada à expansão comercial europeia. b) foi um desdobramento da expansão comercial europeia e, nesse sentido, a realização da produção colonial dava-se na especialização para o abastecimento do mercado externo. c) foi pensada enquanto complementar a economia metropolitana, o que não significa dizer que os capitais investidos na produção colonial fossem exclusivamente da burguesia metropolitana e voltados para enriquecê-la. d) era dotada de ritmos próprios, os quais regulavam o sentido da produção colonial para uma transferência de excedentes para a metrópole, mas não para uma subordinação total desta economia ao capital mercantil europeu. e) não era totalmente regulada por uma transferência de excedentes para o mercado externo, sendo o sentido da colonização, deste modo, muito mais uma categoria de subordinação política do que econômica. Questão 02 Leia com atenção as afirmações a seguir: I - A economia colonial brasileira foi baseada na diversificação de atividades voltadas para o mercado interno. II - A agricultura no período colonial era pautada pelo trinômio monocultura-latifúndio-escravidão. III - Apesar da existência de homens livres em torno do engenho principalmente em cargos técnicos a mão-de-obra essencial do cultivo da cana e do preparo do açúcar era escrava. a) Apenas II está correta. b) Apenas I está correta. c) II e III estão corretas. d) Todas estão corretas. e) I e III estão corretas. Questão 03 No período colonial, a renda das exportações do açúcar: a) Raramente ocupou lugar de destaque na pauta das exportações, pelo menos até a chegada da família real ao Brasil. b) Mesmo no auge da exportação do ouro, sempre ocupou o primeiro lugar, continuando a ser o produto mais importante. c) Ocupou posição de importância mediana, ao lado do fumo, na pauta das exportações brasileiras, de acordo com os registros comerciais. d) Ocupou posição relevante apenas durante dois decênios, ao lado de outros produtos, tais como a borracha, o mate e alguns derivados da pecuária. e) Nunca ocupou o primeiro lugar, sendo que mesmo no auge da mineração, o açúcar foi um produto de importância apenas relativa. Questão 04 Duas atividades econômicas destacaram-se durante o período colonial brasileiro: a açucareira e a mineração. Com relação a essas atividades econômicas, é correto afirmar que: a) na atividade açucareira, prevalecia o latifúndio e a ruralização, a mineração favorecia a urbanização e a expansão do mercado interno. b) o trabalho escravo era predominante na atividade açucareira e o assalariado na mineradora. c) o ouro do Brasil foi para a Holanda e os lucros do açúcar serviram para a acumulação de capitais ingleses. d) geraram movimentos nativistas como a Guerra dos Emboabas e a Revolução Farroupilha. e) favoreceram o abastecimento de gêneros de primeira necessidade para os colonos e o desenvolvimento de uma economia independente da Metrópole. Questão 05 A função histórica das colônias era completar a economia das metrópoles; no caso brasileiro, a atividade econômica que iniciou este papel histórico foi: a) a criação de gado, facilitando a penetração e povoamento do sertão. b) a cana-de-açúcar, produto em expansão no mercado europeu, que permitiu a ocupação efetiva da colônia. c) a exploração do ouro, fato que consolidou o modelo metalista de mercantilismo português. d) a exploração de drogas do sertão, utilizando trabalho indígena através de missões jesuíticas. e) a produção de gêneros de primeira necessidade voltados para o mercado interno. Questão 06 (Ufv) "O ser Senhor de Engenho é título a que muitos aspiram, porque traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. E se for, qual deve ser, homem de cabedal e governo, bem se pode estimar no Brasil o ser Senhor de Engenho, quanto proporcionadamente se estimam os títulos entre os fidalgos do Reino." (ANTONIL. "Cultura e Opulência do Brasil", 1711) O engenho colonial representava, em miniatura, omodelo das relações de poder que eram dominantes na sociedade colonial como um todo. Das alternativas a seguir, aquela que NÃO constitui atribuição típica de senhor de engenho na colônia é: a) organizar grandes expedições aos sertões em busca de metais e pedras preciosas. b) exercer o mando e o controle sobre um amplo espectro de dependentes e servidores, incluindo familiares, agregados, escravos e lavradores livres. c) possuir um grande plantel de escravos, ocupados na complexa tarefa da produção do açúcar. 240 CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles) VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência d) estar vinculado a uma rede triangular de relações mercantis, envolvendo a exportação do açúcar para a metrópole e a importação de escravos da costa da África. e) possuir imensa riqueza, na forma de terras e equipamentos para o fabrico do açúcar. Questão 07 Sobre o emprego da mão-de-obra, durante o primeiro século de colonização do Brasil, especificamente no Nordeste, pode-se afirmar que: a) em razão do alto contingente populacional do território brasileiro, mesmo sendo dizimadas tribos inteiras, os indígenas foram a base da exploração monocultora da colonização brasileira. b) as atividades econômicas nesse período tinham como base o trabalho familiar e a mão-de-obra livre que se localizavam nas imediações das unidades produtivas. c) negros e indígenas, base da produção dos engenhos, coexistiam nas propriedades produtoras de cana-de-açúcar realizando, por vezes, tarefas diferenciadas. d) com a decadência do escambo do pau-brasil, a mão-de-obra indígena passa a ser utilizada exclusivamente nas atividades de produção de açúcar e de criação de gado. e) os franceses utilizaram processos semelhantes aos dos exploradores portugueses na relação com os indígenas: distribuíram ferramentas e adornos manufaturados em troca do pau-brasil cortado e empilhado. Questão 08 "Não são raros [no período colonial] os casos como o de um Bernardo Vieira de Melo, que, suspeitando a nora de adultério, condena-a à morte em conselho de família e manda executar a sentença, sem que a Justiça dê um único passo no sentido de impedir o homicídio ou de castigar o culpado...". (Sérgio Buarque de Holanda, "Raízes do Brasil".) O texto demonstra a) a ineficácia das instituições judiciárias. b) a insegurança dos grandes proprietários. c) a força imensa, mas legal, do pátrio poder. d) a intolerância com os crimes de ordem sexual. e) a gestão coletiva do poder no interior da família. Questão 09 Sobre a sociedade brasileira do período colonial, pode-se afirmar como verídico que: 01. esteve baseada em relações sociais de cunho patriarcalista e escravista. 02. os escravos, além de abastecerem de mão-de-obra a agroindústria açucareira do Brasil, eram importante peça no comércio internacional. 04. os índios do litoral brasileiro foram rechaçados do seu habitat natural e foram usados nas incursões para o interior e, em inúmeras situações, como mão-de-obra escrava. 08. os senhores do engenho exerciam forte domínio social, caracterizando um certo poder local. 16. na sociedade que gravitava em torno da exploração das minas emergiu uma nova dinâmica sócio-cultural que buscava afirmar os valores do nativismo (valores locais) e contestava a exploração colonial. 32. a crise do sistema decorreu do desinteresse do Estado Absolutista na manutenção das áreas coloniais, motivado por fortes tensões sociais. Questão 10 "Se vamos à essência de nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes, depois algodão e, em seguida, café para o comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção que não fosse o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras (...)". Caio Prado Júnior, in Formação do Brasil Contemporâneo". São Paulo, Brasiliense, 1979. Segundo o texto, é CORRETO afirmar que: 01. o processo de colonização do Brasil atendeu unicamente aos interesses europeus. 02. a economia do Brasil Colônia foi subsidiária da economia européia. 04. a produção de manufaturados da Colônia atendia ao mercado interno; a de produtos agrícolas abastecia os mercados europeus. 08. a colonização do Brasil teve como objetivo a exploração dos recursos naturais, sem a preocupação de criar condições para o desenvolvimento da Colônia. Questão 11 A lavoura de cana-de-açúcar tornou-se, no século XVII, a base da economia brasileira. Sobre a lavoura canavieira e suas consequências, é VERDADEIRO: 01. O engenho era a unidade de produção. Compreendia, além das instalações usadas para produzir açúcar, a casa-grande, a capela e a senzala. 02. A mão-de-obra predominante era a do trabalhador escravo. Este, reduzido à condição de coisa, era tratado e marcado com fogo como animal. Podia ser vendido ou castigado. 04. A sociedade que se organizou, na época de apogeu do cultivo de cana-de-açúcar, possuía um caráter aristocrático. Embora fosse grande a mobilidade social, era muito difícil para um escravo tornar- se trabalhador livre e este transformar-se em senhor de engenho. 08. A família, que se formou nesta época, era patriarcal. A mulher, os filhos e todos os que rodeavam o senhor de engenho a ele temiam e obedeciam. 16. O crescimento da lavoura de cana-de-açúcar teve, entre outras consequências, o desenvolvimento da lavoura de subsistência e da pecuária. 32. A mineração foi uma atividade dependente da lavoura canavieira, uma vez que o ouro produzido era utilizado para pagar as importações dos insumos (ferramentas, mão-de-obra) necessários ao cultivo da cana. Questão 12 Observe a figura: (Vera Lúcia Amaral Ferlini. "A civilização do açúcar: séculos XVI a XVIII". São Paulo: Brasiliense, 1986. p.39) SEMANA 03 - H. BRASIL - ECONOMIA AGROEXPORTADORA E O CICLO AÇUCAREIRO - MICHILES - após correção do professor As potencias europeias sempre procuraram explorar regiões onde já se havia riquezas naturais, instalavam no local uma feitoria e se apropriavam dos produtos existentes. No Brasil a situação era outra, Portugal teria de adaptar sua política mercantili...
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