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Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 2 Princípio da atração e da repulsão Partículas eletrizadas com cargas de sinais opostos se atraem, enquanto partículas com cargas de sinais iguais se repelem. Esquematicamente: F F FF F F Adiante, aprenderemos que corpos eletricamente neutros também são atraídos por corpos eletrizados. Princípio da conservação das cargas elétricas Seja um sistema eletricamente isolado, isto é, um sistema que não troca cargas elétricas com o meio exterior. O princípio da conservação da carga elétrica diz que “a soma algébrica das cargas elétricas existentes num sistema eletricamente isolado permanece constante”. Exemplo: Fronteira do sistema Situação inicial Situação final Vemos acima um sistema eletricamente isolado. Após sucessivos contatos entre seus componentes, notamos apenas uma redistribuição da carga elétrica do sistema, já que: Carga inicial = + 5q + (- 2q) + 0 = + 3q Carga final = + 2q + (- 2q) + (+ 3q) = + 3q Notamos, então, que a quantidade de carga elétrica do sistema permanece constante, já que a fronteira do sistema não permite passagem de carga em nenhum sentido. 3 – Condutores e Isolantes Denominamos condutores elétricos os materiais que contêm portadores de cargas elétricas e que permitem o “livre” movimento desses portadores pela sua estrutura. Dizemos que os portadores de cargas precisam ter boa mobilidade, como os elétrons de valência nos metais e na grafite, como os íons dissociados em soluções eletrolíticas (água + sal), como moléculas ionizadas nos gases de lâmpadas fluorescentes etc. Em oposição, um corpo é denominado isolante elétrico (ou dielétrico) quando satisfaz uma das condições abaixo: I. O corpo não possui portadores de cargas elétricas, como íons, elétrons de condução etc. É o caso da borracha, madeira, giz, dentre outros. II. O corpo possui portadores de cargas elétricas, mas esses portadores não conseguem se deslocar pela estrutura, provendo a condução elétrica, por estarem fixos, presos à mesma. Dizemos que os portadores não têm mobilidade. Ë o caso dos sais no estado sólido. O sal NaCl, por exemplo, quando no estado sólido, possui íons Na + e Cl presos numa rede cristalina, sem nenhuma mobilidade, constituindo um isolante elétrico. Entretanto, quando esse sal é dissolvido em água, a rede cristalina se desfaz e os íons adquirem mobilidade, passando a conduzir corrente elétrica. Outros exemplos de isolantes são ar, água pura, vidro, borracha, cera, plástico, madeira, etc. 4 – Processos de Eletrização Eletrizar um corpo significa ceder ou retirar elétrons de sua estrutura de forma a provocar na mesma o aparecimento de cargas positivas (falta de elétrons) ou cargas negativas (excesso de elétrons) . Tanto um condutor quanto um isolante podem ser eletrizados. A única diferença é que nos isolantes a carga elétrica adquirida permanece na região onde se deu o processo de eletrização, não conseguindo se espalhar devido à baixa mobilidade. Nos condutores essa carga busca uma situação de equilíbrio, de mínima repulsão elétrica, distribuindo-se completamente em sua superfície externa. Num condutor em equilíbrio eletrostático, a carga elétrica em seu interior é sempre nula. Os processos de eletrização mais comuns são: 1o processo: por atrito de materiais diferentes Este é o primeiro processo de eletrização conhecido pelo homem. Atritando-se, por exemplo, seda a um bastão de vidro, constata-se que o vidro adquire cargas positivas, cedendo elétrons para a seda, que adquire cargas negativas. Os materiais atritados sempre adquirem cargas iguais de sinais opostos. Este processo é mais eficiente na eletrização de materiais isolantes que condutores. Para entendermos a eletrização por contato, é fundamental termos em mente duas características importantes do equilíbrio eletrostático: I. Em qualquer condutor, as cargas em excesso se dispõem na superfície externa de tal forma a minimizar a repulsão entre as mesmas. Num condutor esférico, por exemplo, dada a sua perfeita simetria, as cargas se espalham homogeneamente por toda sua superfície mais externa a fim de minimizar as repulsões mútuas: Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 3 II. Em condutores não esféricos, observa-se que as cargas se concentram preferencialmente nas regiões mais extremas e pontiagudas, a fim de minimizar as repulsões mútuas. A essa propriedade dá-se o nome de Poder das Pontas que aprenderemos com detalhes na página 57. Agora o aluno está apto a compreender, sem dificuldades, como acontece a eletrização por contato. 2o processo: Eletrização por contato Trata-se de um processo de eletrização que funciona melhor entre materiais condutores, embora também ocorra com isolantes. Considere as esferas condutoras abaixo: uma negativa e a outra neutra. -12 Ao encostarmos as esferas entre si, para os elétrons em excesso, tudo se passa como se houvesse apenas um único condutor com o formato estranho a seguir: -12 As cargas, então, se espalham na superfície desse “novo” condutor assim formado, mais uma vez buscando minimizar as repulsões mútuas. -8 -4 Como o “novo condutor” não tem formato esférico, no equilíbrio eletrostático as cargas se concentram nas regiões mais extremas. Tudo o que foi descrito acima acontece num piscar de olhos. Finalmente, separando-se os condutores, cada um manterá sua carga adquirida após o contato: -8 -4 Sobre o processo anterior, dois fatos importantes devem ser enfatizados : I. Houve conservação da carga total do sistema, como era de se esperar: Carga inicial = –12 = (–8) + (–4) = Carga final II. As cargas elétricas se distribuíram proporcionalmente aos raios das esferas. A esfera maior adquiriu o dobro das cargas da esfera menor, por ter o dobro do raio desta. Se, porventura, a eletrização por contato se desse entre materiais não condutores, a troca de cargas limitar-se-ia a uma região elementar em torno do ponto de contato. A B ++ + + + + + + ++ + Eletrização por contato. O corpo B é de material não-condutor. A troca de cargas se limita à região destacada. Contato entre condutores idênticos Há um caso particular que merece nossa atenção: é aquele em que os corpos são esferas metálicas de mesmo raio. Durante o contato, o excesso de cargas distribui-se igualmente pelas duas superfícies esféricas. Assim, após o contato, cada um deles estará com metade da carga inicial. Antes: carga: Q neutra Durante: Depois: carga: Q/2 carga: Q/2 De uma forma geral, se as esferas, antes do contato, tiverem carga inicial Qa e Qb, respectivamente, cada uma delas, após o contato, apresentará em sua superfície a metade da carga total do sistema: Antes: carga: Qa = +8 carga: Qb = +4 Durante: Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 4 Depois: a b final A final B Q Q 8 4 Q Q = 6 2 2 Perceba que, mais uma vez, houve conservação da carga total do sistema: Carga inicial = 8 + 4 = 6 + 6 = Carga final Exemplo Resolvido 1 Três esferas condutoras de raios R, 2R e 3R estão eletrizadas, respectivamente, com cargas + 20q, + 10q e –6q. Fazendo um contato simultâneo entre essas esferas e separando-as, pede-se determinar as cargas adquiridas por cada esfera ao final do processo. R 2R 3R + 20q + 10q - 6q Configuração inicial Solução: Quando esferas condutoras são colocadas em contato, assuas cargas se dividem proporcionalmente aos seus raios. O motivo disso só será compreendido no capítulo de Potencial Elétrico. Adicionalmente, a conservação da carga elétrica precisa ser satisfeita. Assim: R 2R 3R x 2x 3x Configuração Final Soma das cargas antes = soma das cargas depois x + 2x + 3x = + 20q + 10q – 6q 6x = +24q x = +4q Assim, as cargas finais adquiridas pelas esferas são, respectivamente, 1x = +4q, 2x = +8q e 3x = +12q Contato entre um condutor e a Terra Para fins de eletricidade, o nosso planeta terra é suposto tendo as seguintes características: É uma esfera condutora ; É admitida neutra, por convenção, apesar de estar eletrizada negativamente devido ao constante bombardeio de raios cósmicos. De raio infinito, comparado às dimensões dos objetos do dia-a-dia. Além disso, vimos nas últimas secções que, ao encostarmos duas esferas condutoras entre si, a carga total do sistema se divide entre as esferas, proporcionalmente aos seus raios. ou seja, quem tiver o maior raio, adquirirá a maior parte da carga total do sistema. Assim sendo, o que acontecereria se encostassémos uma esfera condutora eletrizada negativamente, por exemplo, na esfera terrestre ? Esfera condutora terrestre pequena esfera condutora Uma eletrização por contato pouco fraterna, como mostra o exemplo a seguir. Exemplo Resolvido 2 Uma pequena esfera condutora de raio r, eletrizada com carga q, e uma gigante esfera condutora (Terra) de raio R, eletrizada com carga Q, serão postas em contato mútuo e separadas em seguida. Determine as cargas elétricas finais Q’ e q’ adquiridas por carga esfera, admitindo que R seja muuuuuito maior que r. r R q Q Configuração Inicial Solução: Quando esferas condutoras são colocadas em contato, as suas cargas se dividem proporcionalmente aos seus raios, por isso, afirmamos que as cargas finais das esferas podem ser dadas por q’ e Q’ diretamente proporcionais aos respectivos raios das esferas: q' Q' r R Adicionalmente, a conservação da carga elétrica precisa ser satisfeita. Assim: Q’ + q’ = Q + q r R q' Q’ Configuração Final Assim, temos um sistema de duas equações e duas incógnitas Q’ e q’. Para resolver o sistema, faremos uso de uma propriedade bastante útil das proporções que é usada como atalho. Veja: Se 2 1 6 3 então 2 1 6 3 = 26 13 26 13 ; Assim, pelo mesmo motivo, podemos escrever: q' Q' q' Q ' r R R r Alegando a conservação da carga elétrica total do sistema (Q’ + q’ = Q + q), temos: q' Q' q' Q ' q Q r R R r R r Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 5 Assim, da expressão anterior, podemos determinar as cargas finais Q’ e q’ adquiridas pelas esferas : r R Qq r R 'Q 'q R Q' r 'q )qQ.( rR r ' q r R Qq r R 'Q 'q R Q' r 'q )qQ.( rR R ' Q No limite, lembrando que R é infinitamente maior que r (o raio da Terra R = 6400 km é muito maior que o raio de uma bolinha comum do dia-a-dia r = 10 cm), podemos fazer as seguintes aproximações: R + r R e 0 R r substituindo, vem: q' = )qQ.( rR r 0 . (Q+q) 0 q’ = 0 Q' = )qQ.( rR R )qQ.( R R Q + q Q ' = Q + q Assim, percebemos matematicamente o que ocorre quando um corpo é ligado ao planeta Terra (que age como uma esfera condutora de raio R infinitamente maior que o de qualquer esfera comum): ao final, a carga total do sistema é transferida para a Terra, ficando a bolinha com carga final nula, isto é, neutra. Quando um corpo não está sofrendo indução elétrica devido à presença de outros corpos eletrizados na sua vizinhança, dizemos que ele encontra-se isolado eletricamente. Todo corpo isolado eletricamente tem seu excesso de carga elétrica neutralizado, quando ligado à Terra, isto é, passa a ser neutro. Mas não é, Claudete ! Afff...mostrei matematicamente Que legal ! Parece mágica, profinho! Todo condutor isolado (ou seja, que não esteja sofrendo indução) tem suas cargas neutralizadas ao ser ligado à Terra. Se o corpo estiver sofrendo indução elétrica ao ser ligado à Terra, ele não será neutralizado. Estudaremos indução eletrostática adiante. e - Quando um corpo isolado eletricamente (isto é, que não está sofrendo indução) e eletrizado negativamente é ligado à Terra (uma esfera condutora de raio infinito), os elétrons em excesso do referido corpo escoam para a Terra até neutralização da carga elétrica do corpo. Se o condutor fosse positivo, elétrons subiriam da Terra em quantidade suficiente para compensar a carga positiva do condutor (falta de elétrons) . 3o processo: Eletrização por Indução Denomina-se indução eletrostática o fenômeno da separação de cargas que ocorre na superfície de um condutor quando colocado próximo de um corpo eletrizado. Dependendo do seu sinal, o corpo eletrizado deforma o “mar de elétrons” da superfície do condutor, atraindo-o ou repelindo-o, de tal forma a provocar (induzir) o aparecimento de cargas elétricas nos extremos do condutor: Contudo, após a ocorrência da indução eletrostática, a carga total do corpo metálico permanece inalterada, já que não houve nenhum contato entre os corpos e, portanto, nenhuma troca de cargas entre estes. bastão positivo condutor neutro A presença do bastão positivo nas proximidades do condutor neutro “deforma” seu “mar de elétrons”, atraindo seus elétrons para a extremidade mais próxima do bastão. A extremidade oposta, com falta de elétrons, adquire cargas positivas. Contudo, o condutor permanece neutro, pois a soma de suas cargas ainda é nula: +4 + (–4) = 0. Ainda assim, podemos tirar proveito dessa separação de cargas (indução de cargas) ocorrida no condutor a fim de eletrizá-lo definitivamente. Veja esquematicamente: (eletrizado) (neutro) Inicialmente A e B estão longe uma da outra. (indutor) (induzido) Simétrico Pré-Universitário – Há 23 anos ensinando com excelência os estudantes cearenses – www.simétrico.com.br 6 Aproximando-se A de B ocorre a indução eletrostática. O induzido é ligado à Terra em presença do indutor. Elétrons neutralizaram a região direita do induzido. Em presença do indutor é retirado o fio-terra Agora, isolado, o induzido está negativo. Comentários Finais sobre Indução : 1) Quando o induzido é ligado à terra, as cargas que serão neutralizadas são sempre as cargas do induzido mais afastadas do indutor; 2) A partir do instante em que ocorre a indução eletrostática, indutor e induzido se atraem mutuamente. Puxa, mas como é possível uma atração se um dos metais encontra-se neutro ? bastão positivo condutor neutro F 1F2 Para entender esse fato, Nestor, perceba que a presença do bastão positivo provoca nos extremo do condutor duas forças F1 e F2, respectivamente atrativa e repulsiva. O efeito atrativo prevalece sobre o repulsivo ( F1 > F2 ) pelo fato de que o bastão positivo está mais próximo do extremo direito do condutor. Assim, o efeito global do bastão positivo sobre o condutor neutro é atrativo. Do exposto anteriormente, podemos concluir que, se dois corpos se atraem mutuamente, existem três possibilidades para seus estados de eletrização: ATRAÇÃO + + N N Um fato interessante é que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, se dois corpos se atraem, eles não precisam, necessariamente ter cargas de sinais contrários. Na verdade, um deles pode até estar neutro. Essa novidade só vale para corpos, não vale para partículas.Prótons e nêutrons (por exemplo) nunca vão se atrair eletricamente. Neutrons não têm como sofrer indução, afinal, nêutrons não têm elétrons rrssrsrr . Para haver repulsão entre dois corpos, de fato, os corpos precisam, necessariamente, estar eletrizados com cargas de mesmo sinal: REPULSÃO + + 3) Ao final do processo de eletrização por indução, o induzido adquire sempre carga de sinal oposto ao da carga do indutor. A seguir temos um exemplo de indução, utilizando indutor com cargas negativas: O induzido é ligado à Terra, em presença do indutor. Com a descida de elétrons ficou neutra a região direita do induzido. Em presença do indutor é retirado o fio-terra. Agora, isolado, o induzido está positivo. Qual a diferença entre Indução Parcial e Indução Total ? A figura a seguir mostra um condutor neutro que sofreu indução, devido à presença de um bastão eletrizado com carga +16q. Perceba que a carga induzida no condutor neutro é menor que a carga do indutor (corpo que provoca a indução), isto é, |16q| > | 4q| .
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