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Historia em movimento Vol 1-47

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321Manual do Professor
parada à do território do início da expansão? Como um impé-
rio de tamanha dimensão pode se desagregar?
Os recursos cartográficos também podem ser explorados 
para que os alunos tenham noção da dimensão que o Impé-
rio Romano adquiriu e do processo histórico envolvido em sua 
construção. Pode-se propor, por exemplo, a comparação en-
tre o mapa Império Romano (p. 120) e o mapa A conquista da 
península Itálica (seculos IV e III a.C.), do capítulo 14 (p. 108). 
Com relação à primeira fase do período imperial (expan-
são), vale destacar que é no governo de Otávio Augusto que se 
origina o poder ilimitado dos imperadores. Ainda com relação 
a essa fase, o item Os romanos se divertem (p. 118) aborda as-
pectos do cotidiano romano. O boxe A arte, a cultura e o Direito 
Romano (p. 120), por sua vez, analisa a produção romana na po-
esia, na arquitetura, na filosofia e seu maior legado – o Direito. 
Com base na leitura coletiva do boxe A difusão do cristia-
nismo, pode-se propor uma discussão de aspectos das práticas 
e concepções religiosas dos romanos (culto doméstico, poli-
teísmo, paralelo em relação aos mitos gregos, introdução do 
cristianismo como religião monoteísta).
Já a abordagem do período de retração e desagrega-
ção do Império pode ter como ponto de partida a leitura do 
mapa As invasões do Império Romano (p. 123). Devem ser 
observados, por exemplo, a divisão do Império, considerando 
suas respectivas áreas, e as diversas trajetórias empreendidas 
pelos povos germânicos no processo de invasão. A leitura do 
mapa pode ser enriquecida pela do boxe A ameaça externa 
(p. 122). O texto contém também informações sobre os po-
vos invasores.
Na análise desse período, vale destacar que a divisão do 
império (em ocidental e oriental) visava a uma administração 
mais eficaz. Entretanto, isso não conseguiu deter as invasões.57
Na seção Enquanto isso..., os alunos têm oportunidade 
de conhecer como viviam alguns povos da África subsaaria-
na. Pode-se trabalhar a simultaneidade histórica recorrendo 
a algumas perguntas: A metalurgia do ferro era conhecida 
pelos romanos? As sociedades subsaarianas não tinham con-
tato com os romanos ou outros povos que viviam na Europa 
e na Ásia? 
O fechamento dos trabalhos desta unidade pode ser feito 
com base na releitura do texto de abertura da unidade (p. 78), 
fazendo-se uma retomada dos conceitos de democracia, cida-
dania e direito (discutidos durante as aulas), o que favorecerá 
uma análise crítica dos documentos 1 e 2 da seção Fechando 
a unidade (p. 125).
Sugestão de leitura
FINLEY, Moses I. Democracia antiga e moderna. Rio de Janei-
ro: Graal, 1988 
Sugestão de site
Roma antiga – Fotografias e ilustrações referentes à Roma 
antiga. Disponível em: <www.vedute.fi/imbas/roma/startpage.
php?lang=en&action=1>. Acesso em: 2 dez. 2012.
A difusão do cristianismo
Sua opinião
Nesta atividade, espera-se que a classe reflita coleti-
vamente sobre os limites da tolerância religiosa no mundo 
contemporâneo e, especialmente, no Brasil. O direito legal à 
diversidade religiosa é algo bastante recente na história do 
país. Até o fim do Império, a Igreja Católica e o Estado es-
tavam juridicamente ligados e era proibido professar outra 
religião que não fosse o catolicismo. Atualmente, o Esta-
do deve assegurar a liberdade religiosa, mas há ainda muito 
preconceito e intolerância nas relações entre pessoas de re-
ligiões diferentes. A desconfiança, os estereótipos e as ane-
dotas depreciativas em relação a grupos minoritários, como 
judeus e muçulmanos, revelam um tipo de tratamento de-
sigual. As representações sobre cultos afro-brasileiros tam-
bém mostram sinais de intolerância. Em termos compara-
tivos, não há mais perseguição religiosa, como no Império 
Romano, mas certos preconceitos e rivalidades ainda preci-
sam ser vencidos para que possamos viver em uma socieda-
de mais tolerante.
A arte, a cultura e o Direito Romano
Sua opinião
Objetiva-se com esta atividade propiciar uma reflexão 
sobre o papel do Direito nas sociedades contemporâneas, 
especialmente no Brasil. Se, por um lado, o Direito garante 
a manutenção do status quo, beneficiando poderosos gru-
pos econômicos ou dificultando a atuação dos movimen-
tos sociais e das organizações sindicais, por outro, o Direi-
to também pode contribuir para combater a desigualdade, 
criando estratégias de distribuição de renda, garantindo o 
uso social da terra e da riqueza produzida no país e comba-
tendo a impunidade.
A ameaça externa
De olho no mundo
Enquanto os fluxos de capital e de informações se glo-
balizaram nas últimas décadas, em certas regiões do mun-
do o controle sobre as fronteiras se tornou mais rigoroso. 
Esse controle tem dificultado a migração de pessoas dos paí-
ses empobrecidos ou mergulhados em anos de guerra ci-
vil para países mais desenvolvidos, à procura de emprego 
ou simplesmente para proteger a própria vida e a de seus 
familiares. Essa situação criou o “imigrante ilegal”, que 
atualmente chega a milhões de pessoas em todo o mun-
do. O Departamento de Segurança Nacional do gover-
no norte-americano estima que existam nos Estados Uni-
dos cerca de 12 milhões de imigrantes nessas condições, a 
maioria dos quais de origem latino-americana. Em 2006, o 
Senado estadunidense aprovou a construção de um muro 
de cerca de mil quilômetros na fronteira entre os Esta-
dos Unidos e o México para conter a entrada de imigran-
tes clandestinos. Os senadores também aprovaram leis que 
57 São comuns as dúvidas a respeito dos motivos que levaram às invasões germânicas. Segundo o historiador Jacques Le Goff, não há uma causa única, podendo 
ser citados o crescimento demográfico dos invasores, a atração por territórios mais ricos, ou até mesmo mudanças climáticas, que, com o resfriamento, teriam 
reduzido as áreas de cultivo e criação dos povos germânicos ao norte. Porém, mais importante do que isso, foi a pressão exercida pelos hunos sobre os povos 
germânicos que viviam mais a leste. Estes, para fugir da pressão, se deslocaram para o oeste, pressionando por sua vez outros povos que, em seu deslocamen-
to, acabaram por franquear as fronteiras do Império Romano do Ocidente. (Ver: LE GOFF, Jacques. Civilização do Ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2005. p. 22).
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punem com maior rigor os imigrantes ilegais que já se en-
contram nos Estados Unidos, permitindo à polícia norte- 
-americana tratá-los como criminosos antes da deportação 
para o país de origem. Na Europa, a restrição à imigração 
também é assunto debatido no Parlamento europeu. O go-
verno italiano aprovou em 2008 um conjunto de leis que per-
mitem condenar os imigrantes ilegais a até 4 anos de prisão. 
O Grupo de Informação e Suporte ao Imigrado (Gisti) calcula 
que só na França existam cerca de 600 mil imigrantes sem 
documentação e em situação de ilegalidade. Dois artigos em 
português do jornal Le Monde trazem informações sobre o 
debate em torno dos imigrantes na Europa. Um deles é o ar-
tigo Os sem papéis também lutam, de Olivier Piot, no ende-
reço eletrônico <http://diplo.org.br/2008-06,a2445>. Aces-
so em: set. 2012. O outro, A força dos que vivem longe, de 
Pierre Daum, encontra-se no endereço <http://diplo.org.br/ 
2007-09,a1905>. Acesso em: set. 2012.
Organizando aS iDEiaS
1. A princípio, Otávio manteve o Senado e os cônsules que 
eram símbolos importantes da República. Mas logo o po-
der se concentrou na sua pessoa, embora o Senado nun-
ca tenha desaparecido. Otávio recebeu do exército o títu-
lo de Imperator e foi aclamado Sumo Pontífice e Augusto, 
título reservado às divindades. Para reafirmar seu poder, 
passou a ser chamado de Augusto. Governou duran-
te quatro décadas, ao longo das quais promoveu refor-
mas na sociedade romana, destituiu senadores acusados 
de corrupção, perdoou as dívidas dos camponesescom o 
Estado, criou um tribunal de pequenas causas, distribuiu 
alimentos e recursos para os pobres, incentivou os espe-
táculos públicos.
2. As festas e espetáculos mantidas pelo governo de Augus-
to serviam para manter ocupada a população pobre e sem 
emprego. Foram construídos anfiteatros para a realização 
de diversos espetáculos. No Coliseu, eram organizadas lutas 
entre gladiadores; no Circo Máximo, havia corridas a pé, a 
cavalo e de carros. Para divertir-se, os romanos tinham ainda 
teatros, jogos de azar e grandes festas em homenagem aos 
generais vitoriosos. O governo promoveu também a cons-
trução de edifícios para que os romanos pudessem tomar 
banho, já que não havia água encanada na maioria das ca-
sas. Nessas termas, as pessoas também recebiam massagem 
e tinham acesso a bibliotecas.
3. Entre a morte de Otavio e o início da dinastia dos Flávios, 
com Vespasiano, em 69, o Império passou por um período 
de turbulência política provocada por disputas sangrentas 
pelo trono. A maioria dos imperadores passou por episó-
dios de perseguições aos inimigos, assassinatos e conspi-
rações que os mantinham no poder ou os levavam a per-
der o trono e a vida. Um desses imperadores foi Calígula, 
que concedeu honrarias a seu cavalo e o teria nomeado 
cônsul. Outro imperador da época foi Nero, que perseguiu 
implacavelmente os cristãos e assassinou a própria mãe. 
Com a morte de Nero, houve um ano de guerra civil que 
terminou quando o general Vespasiano assumiu o trono e 
apaziguou o Império.
4. Nesse período, a produção literária e artística assumiu ca-
racterísticas próprias, tipicamente romanas, separando-
-se da forte influência grega. Surgiram poetas e escritores 
como Cícero e Virgílio. A arquitetura também inovou, com 
a invenção de arcos sustentados por pilares, o que permi-
tiu a construção de pontes e aquedutos. A descoberta do 
cimento impulsionou a construção de grandes edifícios. No 
campo político e social, a pax romana (paz romana) repre-
sentou um período de calmaria nas diversas províncias. Isso 
foi possível graças à prosperidade econômica e ao controle 
militar das fronteiras, que impedia a entrada de povos in-
vasores. Apesar da relativa tranquilidade, porém, o Império 
enfrentou diversos problemas, como epidemias, incêndios e 
a erupção do Vesúvio, que destruiu as cidades de Pompeia 
e Herculano. 
5. A religião cumpria diversas funções na vida dos romanos. 
Havia práticas religiosas domésticas de adoração aos ances-
trais e aos deuses e deusas que podiam oferecer proteção, 
prosperidade e boas colheitas. Ao lado disso, havia cultos 
públicos nos santuários construídos para os diversos deuses 
e deusas. Os sacerdotes tinham importante participação po-
lítica e eram consultados sobre vários assuntos de Estado. 
Entre as diversas divindades romanas, muitas tinham origem 
estrangeira e haviam sido incorporadas pela cultura romana 
ao longo de séculos de dominação. Boa parte dessas divin-
dades era oriunda do panteão grego.
6. O cristianismo baseia-se nos ensinamentos de Jesus, que te-
ria vivido na Palestina no século I, época em que a região era 
província do Império Romano. Seus seguidores – os cristãos 
– acreditam que Jesus é filho de Deus, enviado à Terra para 
pregar o amor ao próximo e redimir a humanidade de seus 
pecados. As autoridades romanas passaram a perseguir os 
cristãos porque não admitiam que se atribuísse caráter divi-
no a outras pessoas que não os imperadores. Além disso, ao 
pregar o amor universal, sem distinção entre ricos e pobres, 
senhores e escravos, o cristianismo ameaçava a estabilidade 
social do Império Romano, baseada na escravidão. Esses te-
riam sido os principais motivos para a condenação de Jesus 
Cristo à morte na cruz.
7. A maioria dos povos que invadiram o Império Romano do 
Ocidente era de origem germânica. Antes das invasões, eles 
habitavam uma extensa região a leste do Império Romano. 
Em sentido norte-sul, essa região ia desde o mar do Norte 
até as planícies do mar Negro. O movimento em direção ao 
Império foi provocado por dois fatores: por um lado, as in-
cursões dos hunos sobre a planície russa e a Europa oriental 
levaram os diversos grupos germânicos a migrar para dentro 
do Império Romano, em alguns casos à procura de proteção; 
por outro, a crise interna do Império enfraqueceu as defesas 
militares das zonas de fronteira, facilitando a penetração de 
povos estrangeiros. Todos os que viviam para além das fron-
teiras do Império eram chamados pelos romanos de bárba-
ros. A expressão vem do grego e significava a princípio “não 
grego”, mas foi incorporada pelo idioma latino e passou a 
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designar os “não romanos” e, em consequência, “não civili-
zados”. Até hoje, a palavra “bárbaro” tem um sentido nega-
tivo e depreciativo.
Hora DE rEFlETir
A lentidão do sistema judiciário brasileiro tem sido mui-
to debatida pelos meios de comunicação e pelos governos 
que se sucederam desde o fim da ditadura militar, em 1985. 
Algumas propostas já foram feitas para diminuir o tempo de 
tramitação dos processos nos tribunais e acelerar as decisões 
da Justiça. Uma delas é a “súmula vinculante”, que vincu-
la uma decisão do Superior Tribunal Federal (STF, a mais alta 
instância da Justiça no país) às decisões tomadas nas cortes 
menores. Isso eliminaria a necessidade de julgamento de ca-
sos semelhantes nos tribunais de cada estado, bastando que 
uma decisão já adotada pelo STF fosse utilizada como base 
da decisão do tribunal. Outra medida discutida é a que res-
tringe as possibilidades de recursos a serem apresentados nos 
tribunais de instância superior contra decisões de tribunais de 
uma instância inferior. Dessa forma, deixaria de ser necessá-
rio que um caso julgado num tribunal estadual tenha que ser 
julgado novamente pelo STF. Essas polêmicas e a insatisfação 
social com a atuação da Justiça brasileira provocaram um am-
plo debate sobre a reforma do Judiciário, que pode ser acom-
panhada pelos jornais e revistas.
Fechando a unidade
Reflita e responda
1. O texto de abertura e o relatório da ONU afirmam que a de-
mocracia tem por base a realização dos direitos humanos 
em geral, e não apenas do direito de eleger representan-
tes ou manifestar opiniões políticas. Segundo o relatório, o 
sistema democrático deve ser entendido como o eixo orga-
nizador da própria sociedade. A democracia é, simultanea-
mente, fim e instrumento de realização dos direitos políti-
cos e sociais, pois ela é capaz de definir o modo pelo qual 
os indivíduos participam da sociedade e contribuem para 
seu desenvolvimento. O relatório afirma ainda que a realiza-
ção plena da democracia permite aos indivíduos passarem 
da condição de eleitores para a de cidadãos, graças a con-
dições efetivas de participação política. Portanto, o sentido 
ampliado da democracia deve levar em conta a “cidadania 
civil e social”, capaz de garantir a melhoria da qualidade de 
vida das pessoas.
2. A crítica de Angeli refere-se à identificação preconceituosa 
entre atos criminosos e condição social. Professor, você pode 
ressaltar que a ironia da charge tem pelo menos dois signi-
ficados: o primeiro, refere-se ao trabalho da Polícia Federal 
que tem se debruçado sobre diversas formas de crime or-
ganizado (que, em geral, envolvem pessoas de classe média 
ou de setores da elite). Por isto, o policial da charge faz uma 
lista das técnicas de investigação utilizadas (escutas telefô-
nicas, quebra do sigilo bancário, etc.). Nessa perspectiva, a 
charge sugere que entre as classes “privilegiadas” há crimi-
nosos a serem investigados pelos órgãos policiais. Por outro 
lado, à medida que o personagem “funk” revela sua condi-
ção de pobreza, não são mais precisos mecanismos que pro-
vem a sua condição individual de criminoso: basta a sua pa-
lavra: “Eu sou pobre”.
3.A democracia social envolve os direitos trabalhistas (des-
canso remunerado, limitação da jornada de trabalho, férias, 
aposentadoria, proteção à mulher trabalhadora, etc.) e ou-
tras prerrogativas, como o direito à educação, à saúde, ao 
bem-estar, a moradia digna, à justiça, ao trabalho, etc. Num 
país com imensas desigualdades sociais e, portanto, muita 
pobreza, esses direitos sociais não são assegurados a todos. 
Enquanto os mais ricos têm fácil acesso a eles – seja por 
meio do mercado (escolas particulares, hospitais privados, 
universidades, planos de saúde, etc.), seja por meio do Esta-
do –, os mais pobres são marginalizados. Assim, a desigual-
dade impede que a democracia seja vivenciada em todos os 
âmbitos da sociedade e por todos os seus integrantes. Nas 
sociedades latino-americanas, embora existam democracias 
políticas (com eleições livres e diretas), as diferenças sociais 
impedem que os setores mais pobres exerçam os mesmos 
direitos que as camadas médias e as elites.
4. Resposta pessoal. Pode-se, entretanto, estimular os alu-
nos a refletir sobre suas próprias práticas sociais. A res-
peito dessas questões, é muito comum que, a princípio, 
todos apresentem soluções ou práticas “abstratas”, rela-
cionadas aos “políticos”, ao “governo” ou simplesmente 
aos “outros” ou a “todo mundo”. Por isso, seria interes-
sante conduzir a reflexão para questões mais diretas, en-
volvendo a prática social dos alunos no ambiente escolar 
ou na comunidade. Assim, podem surgir questões efetivas 
que contribuam para transformar a prática em sala de aula 
ou na escola. Diante de questões mais próximas ou de no-
vas posturas que dependam apenas da reflexão do gru-
po, o tema da democracia pode se tornar menos abstra-
to, reduzido às altas esferas do poder ou à vida adulta. A 
transformação de práticas cotidianas pode ensinar muito 
mais sobre o conceito de democracia do que a formaliza-
ção abstrata desse conceito.
4Unid
a
d
e
Diversidade religiosa
Começo de conversa
1. Professor, a resposta depende do repertório cultural e da ex-
periência dos alunos. É importante que eles possam explicar 
nos grupos o que compreendem por intolerância religiosa. 
Em geral, costuma-se atribuir esse conceito a situações de 
conflitos abertos, de grande repercussão na mídia, como os 
citados na abertura do capítulo. Entretanto, também são 
práticas intolerantes quaisquer formas de discriminação ou 
preconceito contra a religião ou a cultura de pessoas com 
as quais convivemos no dia a dia. Nesta etapa da reflexão, 
os alunos podem discutir livremente sem que seja necessá-
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rio sistematizar conceitos ou corrigi-los nas suas primeiras 
impressões sobre o tema. Ao longo da unidade, as ativi-
dades de reflexão retomarão o tema, solicitando do aluno 
que aprofunde suas ideias e questione posições assumidas 
no início do curso. Neste momento, é mais relevante que os 
alunos ampliem suas noções e passem a reconhecer práticas 
sociais que ignoravam do que possam formular corretamen-
te o conceito de intolerância religiosa.
2. A tolerância religiosa é requisito básico na definição das 
sociedades democráticas. Ela garante a liberdade de cul-
to e de religião, que são aspectos fundamentais da vida 
social nesse tipo de sociedade. Quando não há tolerância 
e respeito pelas diversas práticas religiosas, o Estado e os 
grupos dominantes passam a perseguir ou estigmatizar os 
grupos minoritários ou com menos poder, discriminando-
-os com base em pressupostos religiosos ou morais. Assim, 
apenas uma parcela da população tem assegurados seus 
direitos políticos e civis, enquanto outros grupos perdem 
as garantias legais estabelecidas pelo Estado de direito (a 
garantia, por exemplo, de não ser agredido ou roubado 
sem que o Estado o defenda, por intermédio da polícia e 
do sistema judiciário). Professor, é importante que o aluno 
compreenda que a tolerância não tem relação com “gos-
to pessoal”, isto é, não depende da vontade e do desejo 
de cada pessoa, mas de um esforço coletivo para a cons-
trução de um aparato legal (leis, sistema judiciá rio) e polí-
tico capaz de garantir o direito à livre expressão religiosa. 
Portanto, as pessoas podem ter suas preferências pessoais, 
mas socialmente não podem praticar atos de discrimina-
ção motivados por diferenças religiosas.
Capítulo 17
Civilizações asiáticas
Conteúdos e procedimentos sugeridos
Neste capítulo é abordado o desenvolvimento de algu-
mas sociedades asiáticas – China, Império Mongol e Japão – no 
período correspondente à Idade Média europeia.
Antes de iniciar seu estudo, algumas perguntas podem 
ser valiosas para que os alunos compreendam por que abordar 
tais assuntos. O que se sabe sobre a história das sociedades 
orientais? O que acontecia nessa parte do mundo enquanto na 
Europa vivia-se a desagregação do Império Romano e o esta-
belecimento dos povos germânicos? Os conhecimentos mate-
riais e a crenças desses povos eram os mesmos dos povos que 
viviam na Europa?
Essas questões contribuem também para a compreensão 
da simultaneidade dos processos históricos ocorridos no Oci-
dente e no Oriente. Ao estudar os próximos capítulos, os alu-
nos podem estabelecer comparações com os conteúdos estu-
dados neste capítulo.
O boxe Idade Média: um conceito europeu (p. 129) con-
tribui para essa compreensão. Pode ser interessante propor aos 
alunos que elaborem hipóteses para explicar por que a deno-
minação Idade Média, embora consagrada, está sujeita a crí-
ticas. As hipóteses levantadas podem ser verificadas ao longo 
do estudo da unidade.
Com relação à China, o texto A supremacia econômica 
do Oriente, da seção Passado presente (p. 130), contribui para 
a rejeição de qualquer ponto de vista eurocêntrico.
No que se refere ao Império Mongol, o mapa Império 
Mongol (p. 132) mostra suas dimensões e suas possibilidades 
de expansão. Isso pode ser explorado por meio da iconografia 
da seção Olho vivo (p. 131). O Império Mongol teve papel es-
pecial no contato entre Oriente e Ocidente, o que pode ser dis-
cutido por meio do boxe O homem que viajava (p. 132), que 
trata das viagens de Marco Polo.
Com relação ao Japão, é interessante destacar a impor-
tância dos xogunatos, que relegam a um papel figurativo o 
próprio imperador.
Por fim, o texto da seção Enquanto isso... possibilita co-
nhecer as origens do Império Turco Otomano, que ocupou o 
território do Império Bizantino.
Texto complementar
O texto a seguir aborda a expansão do comércio durante 
a dinastia Song e seus reflexos para a China.
Durante a dinastia Song do Sul, o comércio exte-
rior fornecia a maior parte da receita do governo – única 
vez em que isto ocorreu antes do século XIX. A deman-
da por artigos de luxo em Hangzhou, especialmente de 
especiarias importadas pela Rota das Especiarias – que 
ia da Índia ocidental até a China e que se estendia até a 
Europa – está na base da rápida expansão do comércio 
exterior na época Song. A demanda era tão elevada que 
as famosas exportações chinesas de sedas e porcelanas, 
assim como de moedas de cobre, não eram suficientes 
para contrabalançá-la. A diáspora islâmica – que chegou 
até a Espanha e influenciou profundamente a Europa – 
provocou também na época dos Song uma expansão do 
comércio marítimo nos portos chineses de Guangzhou 
(Cantão), Quanzhou (Zayton), Xiamen (Amoy), Fuzhou 
e Hangzhou. Embarcações chinesas desciam pela cos-
ta da Ásia Oriental até as Índias e, dobrando a Índia, 
chegavam até mesmo à África Oriental, mas o comér-
cio exterior dos Song do Sul encontrava-se ainda forte-
mente concentrado nas mãos dos árabes. Os impostos 
que recaíam sobre eles permitiam que os Song do Sul se 
apoiassem mais no sal e nas taxas comerciais do que no 
tradicional esteio da vida imperial, ou seja, os impostos 
sobre a terra. Um dos efeitos desseaumento do comér-
cio foi ter revivido o uso do papel-moeda, inaugurado 
pelos Tang, que começou com notas de pagamento do 
governo para a transferência de fundos, notas promis-
sórias e outros papéis de poder de negociação limitado, 
chegando até a emissão, pelo governo, de papel-moeda 
em todo território nacional. Tal como o carvão, o papel-
-moeda também fascinou Marco Polo.
A tecnologia náutica chinesa era a melhor do 
mundo nesse período. Os grandes navios compartimen-
tados da China (com até quatro conveses, quatro ou seis 
mastros e doze velas) dirigidos por um leme de popa 
e pelo uso de mapas e da bússola, podiam embarcar 
até quinhentos homens. Essa tecnologia era bem mais 
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325Manual do Professor
avançada do que a que estava em vigor na Ásia Ociden-
tal e na Europa, onde as galerias mediterrâneas ainda 
utilizavam força muscular e um ineficiente sistema de 
propulsão a remo.
Extraído de: FAIRBANK, John King; GOLDMAN, Merle. 
China: uma nova história. Porto Alegre: L&PM, 2008. p. 99.
Sugestão de leitura
FAIRBANK, John King; GOLDMAN, Merle. China: uma nova 
história. Porto Alegre: L&PM, 2008. p. 99.
Sugestão de site
Museu de arte virtual do Japão – Site em inglês. Disponível 
em: <http://web-japan.org/museum/menu.html>. Acesso em: 2 
dez. 2012.
¡sso...Enquanto
Os turcos otomanos
De olho no mundo
Em 2012, o governo da Turquia continuava a negociar 
seu ingresso na União Europeia. Entretanto, alguns proble-
mas não resolvidos pelas lideranças do país levantavam obs-
táculos a essa pretensão. Para conquistar o direito de ingres-
sar na União Europeia, o país candidato precisa contar com 
instituições democráticas estáveis, combater a corrupção, res-
peitar os direitos humanos e satisfazer algumas exigências de 
ordem econômica, como um deficit nas contas públicas abai-
xo de 3% do PIB, abertura dos mercados e baixos índices de 
inflação. Ora, a Turquia tem sido alvo de diversas denúncias 
de violação dos direitos humanos e apresenta altos índices de 
inflação, além de contar com uma forte presença de militares 
na vida política, o que fragiliza suas instituições democráticas. 
Tudo isso vem sendo apresentado pelos opositores à admis-
são do país como razões para que a União Europeia rejeite 
o pedido de ingresso do governo turco. Questões religiosas 
também são levadas em consideração. Enquanto os países do 
bloco europeu são majoritariamente cristãos, a Turquia – com 
mais de 70 milhões de habitantes – é predominantemente 
muçulmana. Apesar disso, a Turquia é a nação mais ociden-
talizada e laica do Oriente Médio. Desde 2001, mais de uma 
quinta parte da Constituição foi emendada, com a votação 
de sete pacotes de “harmonização” com a União Europeia. 
Entre essas mudanças, a abolição da pena de morte e a igual-
dade de direitos entre homens e mulheres foram vistas com 
bons olhos na Europa.
Organizando aS iDEiaS
1. Os pensadores humanistas admiravam profundamente a 
cultura greco-romana, vendo nela a fonte de inspiração 
e a origem do próprio Renascimento. Segundo eles, entre 
esses dois momentos de florescimento artístico e cultural 
europeu, ou seja, entre a Antiguidade clássica e a época 
renascentista, houve uma fase intermediária (daí a expres-
são média para Idade Média), na qual a Europa foi mer-
gulhada nas trevas, isto é, na ignorância e na barbárie. 
Atualmente, essa visão é rejeitada pela maioria dos his-
toriadores, que valorizam a riqueza cultural produzida no 
período medieval.
2. A dinastia Tang subiu ao poder em 618 e garantiu a reuni-
ficação do poder imperial. Sob o domínio dessa dinastia a 
economia se expandiu, a metalurgia se desenvolveu com a 
abertura de fundições de cobre, ferro e prata, a agricultura 
também prosperou. Além disso, o comércio com o estran-
geiro ampliou-se e estimulou o desenvolvimento urbano. 
No campo espiritual, esse período foi marcado pela expan-
são do budismo, originário da Índia. Gigantescas estátuas 
de Buda foram construídas por toda a China. 
3. Entre as importantes conquistas tecnológicas dos chineses 
dos séculos VI a XIII que repercutiram na história mundial, 
podemos citar a criação do dinheiro de papel, o desenvol-
vimento de novas armas e a invenção da bússola. Poste-
riormente levadas para a Europa, essas criações desempe-
nharam importante papel, sobretudo durante as Grandes 
Navegações, nos séculos XV e XVI. Os chineses também 
aperfeiçoaram a impressão xilográfica: em meados do sé-
culo XI, o alquimista Bi Sheng inventou uma forma de im-
pressão com tipos móveis de argila cozida que permitia 
a produção de livros com grande facilidade. Invenção se-
melhante só teria lugar na Europa no século XV, com a in-
venção (ou reinvenção) dos tipos móveis de impressão por 
Johannes Gutenberg.
4. Publicadas na península Itálica após seu retorno do Orien-
te, em 1295, as memórias de Marco Polo contribuíram para 
transformar o imaginário dos europeus, ao revelarem a exis-
tência de civilizações complexas, ricas e culturalmente so-
fisticadas – até então, totalmente desconhecidas na Europa 
medieval. O livro contribuiu para estimular o comércio e a 
aproximação entre Ocidente e Oriente.
5. O Império Mongol resultou da unificação ocorrida em 1206 
das diversas tribos mongóis de pastores nômades que viviam 
nas estepes asiáticas. Cada tribo reunia vários clãs (grupos 
com um ancestral comum), sob a liderança de um chefe que 
recebia o nome de Khan. Com a unificação, o líder guerrei-
ro Temudjin foi aclamado chefe de todos os mongóis com o 
título de Gêngis Khan (khan dos khans). Esse processo deu 
origem à expansão territorial que levaria os mongóis a con-
quistar um imenso império no continente asiático. Esse ex-
tenso domínio, porém, duraria relativamente pouco tempo: 
em fins do século XIII, teve início o declínio do Império, com 
a morte do neto de Gêngis Khan, Kublai Khan.
6. Os samurais eram guerreiros que lideravam clãs provinciais. 
Obedeciam a um rigoroso código de ética, pautado pela 
coragem, honra e lealdade, e contavam com diversos pri-
vilégios, como o de receber grandes extensões de terra do 
imperador. Isso lhes garantia poder e riquezas, além do res-
peito dos diversos setores sociais que compunham a socie-
dade japonesa daquela época. Durante a dinastia Heian 
(794-1185), o imperador concedeu a um dos chefes guer-
reiros, o samurai Minamoto Yoritomo, o título de xogum, 
que significa “grande general, supremo conquistador dos 
bárbaros”. A partir de então, o verdadeiro governante pas-
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326 Manual do Professor
sou a ser o xogum, escolhido sempre entre os chefes guer-
reiros. Essa transferência de poder transformou o imperador 
em uma figura praticamente decorativa, já que o xogum 
passou a ser o governante de fato.
Hora DE rEFlETir
A separação entre Estado e religião é relativamente re-
cente na história da humanidade. Além disso, mesmo atual-
mente ela ainda não ocorreu em todos os países. A criação de 
um Estado laico (não religioso) que garanta a liberdade de cul-
to remonta ao século XVIII e à Revolução Francesa. Entretanto, 
em diversos países, inclusive de tradição cristã, certas religiões 
exercem forte influência política, e o ateísmo, em muitos luga-
res, ainda é moralmente condenado. Os conflitos atuais entre 
católicos da Irlanda do Norte e o governo protestante da Grã- 
-Bretanha, por exemplo, têm uma importante dimensão reli-
giosa que remonta ao século XVII. Os discursos do ex-presi-
dente George W. Bush (2001-2009) a respeito da chamada 
“guerra contra o terrorismo” insistiam na separação entre o 
“mundo cristão” (definido por ele como democrático, libe-
ral, humano) e o “mundo islâmico” (que seria, segundo ele, 
autoritário, fanático e desumano). A contrapartida dessa po-
sição é a política do governo do Irã, um dos Estados em que 
a religiãoe a política estão mais intimamente ligados. Desde 
1979, uma Revolução liderada pelo líder supremo da religião 
muçulmana naquele país, o aiatolá Khomeini, transformou o 
Irã numa República Islâmica, isto é, num Estado cujo poder 
político é controlado pela hierarquia religiosa (uma teocracia). 
Embora o presidente do Irã possa ser uma pessoa laica, acima 
dele encontra-se o Conselho de Guardiães, formado por doze 
líderes religiosos, que zela para que as leis e as decisões po-
líticas sejam coerentes com sua interpretação do islamismo. 
Como consequência, a vida política praticamente se confun-
de com a vida religiosa.
Capítulo 18
O mundo árabe-muçulmano
Conteúdos e procedimentos sugeridos
O mundo árabe-muçulmano originou-se de tribos semi-
tas, que foram unificadas em torno de uma nova religião mo-
noteísta – o islamismo. Fator de identidade entre os povos ára-
bes, a nova religião continha preceitos que contribuíram para a 
expansão e formação de um império. E mesmo depois de ter se 
desagregado, os diversos reinos que se formaram continuaram 
ligados pelo islamismo. É disso que trata o capítulo.
Levantar questões do presente sobre o mundo islâmico 
pode ser um interessante ponto de partida para o estudo dos 
conteúdos do capítulo. Que informações têm os alunos a res-
peito do mundo islâmico? A que país(es) se refere(m)? São in-
formações políticas? Por que nesse(s) país(es) religião e política 
estão tão associadas? O que os alunos sabem sobre a cultura, 
os costumes e as tradições do mundo árabe-islâmico?
É importante observar o processo de passagem de um 
mundo fragmentado e politeísta para um mundo monoteís-
ta, unificado e expansionista. O divisor entre esses dois mun-
dos foi Maomé, que difundiu o islamismo entre os árabes. O 
texto Princípios do islamismo, da seção Passado presente 
(p. 137), ajuda a compreender as origens e os fundamentos do 
islamismo, assim como o significado de jihad. Além do texto, é 
oportuna a leitura do mapa A expansão islâmica (p. 138), que 
registra os territórios conquistados pelos árabes e os respecti-
vos momentos da conquista.
Com relação às dinastias Omíada e Abássida, que suce-
deram Maomé, vale destacar: da primeira, seu caráter laico; da 
segunda, a responsabilidade pela ampliação das etnias conver-
tidas à fé maometana, o que transformou o Império Árabe em 
Império Muçulmano.
Merece destaque a cultura do mundo islâmico (veja o tex-
to complementar a seguir), não só por sua própria produção, 
mas também pela preservação da produção cultural e científica 
de outros povos (gregos, romanos, hindus, persas). Na seção 
No mundo das letras (p. 142), os alunos têm oportunidade de 
conhecer um trecho da obra As mil e uma noites.
Por fim, o boxe Jerusalém, uma cidade sagrada (p. 
141) articula o conteúdo do capítulo ao conceito norteador 
da unidade – Diversidade religiosa –, considerando que a ci-
dade é sagrada para as três principais religiões monoteístas. 
A leitura coletiva do texto, aliada à discussão proposta na 
seção Diálogos, pode proporcionar um trabalho proveitoso 
a esse respeito.
Texto complementar
Num momento em que, na Europa, a cultura letrada 
estava restrita ao controle da Igreja, no mundo islâmico ela 
se expandia, com a publicação de livros e a organização de 
várias bibliotecas. No texto a seguir, o historiador britânico, 
Albert Hourani, analisa a difusão da cultura letrada no mun-
do árabe.
Não apenas os sábios e os estudantes religiosos nas 
madrasas, mas também membros de famílias urbanas 
que se haviam alfabetizado liam livros. A essa altura, ha-
via um grande volume de obras escritas em árabe para 
lerem, e desenvolveu-se uma espécie de autoconsciência 
cultural, um estudo e reflexão sobre a cultura acumulada 
expressa em árabe.
A condição de tal atividade era que houvesse livros 
de fácil acesso. A difusão da fabricação e uso do papel 
a partir do século IX tornou mais fácil e barato copiá-los. 
Um livro era ditado a escribas por seu autor ou sábio fa-
moso, que depois ouvia ou lia a cópia e autenticava-a 
com a ijaza, um atestado de transcrição autêntica. Esse 
processo se propagou à medida que os que tinham co-
piado um livro autorizavam outros a copiá-lo. As cópias 
eram vendidas por livreiros, cujas lojas muitas vezes fica-
vam perto das principais mesquitas de uma cidade, e al-
gumas eram adquiridas por bibliotecas.
As primeiras grandes bibliotecas de que temos re-
gistro foram criadas por soberanos: a “Casa do Saber” 
(Bayt al-hikma), em Bagdá, pelo califa Ma‘mum (813- 
-33), e depois a “Casa da Cultura” (Dar al-‘ilm), fundada 
no princípio do século XI no Cairo. As duas eram mais 
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327Manual do Professor
do que simples repositórios de livros; eram também cen-
tros de estudo e propagação de ideias favorecidas pe-
los soberanos.
HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. 
São Paulo: Companhia da Letras, 2006. p. 267-268.
Sugestões de leitura
ARMSTRONG, Karen. Maomé: uma biografia do profeta. São 
Paulo: Companhia das Letras, 2002. 
HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: 
Companhia da Letras, 2006.
LEWIS, Bernard. O Oriente Médio: do advento do cristianismo 
aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.
Passado Presente
Princípios do islamismo
De olho no mundo
O texto a seguir oferece um quadro geral a respeito da 
situação da mulher no mundo islâmico e pode subsidiar a re-
flexão sobre o tema: “Duas citações do Corão demonstram 
como este pode ser usado para fundamentar duas versões 
bem diferentes do papel da mulher: ‘Os homens têm auto-
ridade sobre as mulheres porque Deus os fez superiores a 
elas’. ‘As mulheres devem, por justiça, ter direitos semelhan-
tes àqueles exercidos contra elas’. O contraste no tratamen-
to de homens e mulheres é visível numa série de áreas da 
vida social, sobretudo, nas leis relativas ao casamento. Mas, 
como muitos estudiosos islâmicos já indicaram, há também 
uma série de leis que protegem as mulheres dentro do ca-
samento. Quando o contrato de casamento é assinado, o 
marido paga um dote que permanece propriedade da espo-
sa e não pode ser usado sem o consentimento dela. A mu-
lher só pode ter um marido, ao passo que os homens po-
dem ter até quatro esposas. A poligamia para os homens não 
era rara no Oriente Médio na época de Maomé. A exigên-
cia deste de que um homem não deve tomar mais esposas 
do que pode sustentar teve muitos efeitos positivos em sua 
época. Hoje, a poligamia é proibida na Turquia e na Tunísia. 
[...] Diferentemente da circuncisão para os homens, a exci-
são do clitóris (mutilação da genital feminina) não é obriga-
tória para as mulheres; tampouco se menciona tal mutilação 
no Corão. Mesmo assim, ela é praticada com frequência no 
Norte da África. Nos anos recentes, porém, vem encontran-
do forte oposição por causa de seus efeitos negativos sobre 
a vida sexual da mulher. Nem mesmo a tradição de usar véu, 
ou chador, deriva do Corão, mas ela se difundiu por amplas 
áreas geográficas, independentemente da religião. Em sua 
origem, tal moda se limitava às classes superiores, não tendo 
penetração na sociedade agrícola, onde as mulheres deviam 
trabalhar no campo. A luta contra o véu vem sendo uma 
questão predominante na modernização de muitas nações 
árabes; entretanto, o reavivamento islâmico dos anos recen-
tes também forneceu apoio ao véu” (GAARDER, Jostein et 
al. O livro das religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 
2000. p. 133-134).
Jerusalém, uma cidade sagrada
Diálogos
Trata-se de uma questão historicamente polêmica, cujo 
debate pode ser observado na imprensa atual. Em 1949, o 
Estado de Israel declarou Jerusalém sua capital, mas na parte 
oriental da cidade viviam milhares de palestinos. Na chamada 
Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel anexou a porção pales-
tina (além dos territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza).No começo dos anos 1980, o Parlamento israelense aprovou 
a chamada “Lei Básica” (ou Lei de Jerusalém) que reafirmou 
Jerusalém em seu status de capital e a declarou “eterna e in-
divisível”. Em 2008, um projeto de lei propôs uma nova de-
finição para a cidade como “capital de Israel e do povo ju-
deu”. Isso reforçaria o caráter judaico da cidade, apesar dos 
200 mil palestinos que ainda vivem lá. A comunidade in-
ternacional não reconhece Jerusalém como capital de Israel 
e mantém seu corpo diplomático, isto é, suas embaixadas 
e consulados na cidade de Tel Aviv, a segunda maior do 
país. A cidade de Jerusalém está no centro das principais 
negociações de paz entre judeus e palestinos há mais de 
meio século. Atualmente, os palestinos exigem que a parte 
oriental da cidade seja transformada em capital do seu fu-
turo Estado independente. Essa disputa se fundamenta na 
dimensão histórica e simbólica da cidade para as duas reli-
giões. Além disso, os cristãos também reivindicam o cará-
ter sagrado de Jerusalém, pois foi ali que Jesus Cristo teria 
sido crucificado. Ademais, a cidade abriga monumentos e 
templos cristãos. O texto a seguir é um relato pessoal so-
bre Jerusalém da professora e pesquisadora britânica Ka-
ren Armstrong.
Em meu primeiro dia em Jerusalém meus colegas 
israelenses me ensinaram a identificar as pedras utili-
zadas pelo rei Herodes, com seus característicos bor-
dos chanfrados. Elas pareciam onipresentes, lembrando 
eternamente um compromisso dos judeus com Jeru-
salém que (neste caso) remonta ao século I a.C. – e, 
portanto, é muito anterior ao surgimento do islã. Sem-
pre que passávamos por um canteiro de obras da Cida-
de Velha contavam-me que Jerusalém havia estagnado 
completamente durante a dominação otomana e só vol-
tara à vida no século XX, em boa parte graças a inves-
timentos de judeus – bastava ver o moinho construído 
por Sir Moses Montefiore e os hospitais fundados pela 
família Rothschild. Graças a Israel, a cidade prosperava 
como nunca.
Meus amigos palestinos me mostravam uma Je-
rusalém muito diferente. Para eles, o esplendor do Ha-
ram al-Sharif e as primorosas madãris – escolas muçul-
manas –, construídas pelos mamelucos em suas bordas, 
evidenciavam o compromisso dos muçulmanos com a 
cidade. Eles me levaram ao santuário de Nebi Musa, er-
guido nos arredores de Jericó para defender Jerusalém 
dos cristãos, e aos extraordinários palácios que a dinas-
tia dos Omíadas edificara nas proximidades.
Adaptado de: ARMSTRONG, Karen. Jerusalém: uma cidade, 
três religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 13.
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