Buscar

Historia em movimento Vol 2-21

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

139A França imperial Capítulo 16
O Bloqueio Continental
Apesar dessas vitórias, a principal rival da França 
– a Inglaterra – não estava derrotada. Contando com 
uma poderosa frota naval, a Inglaterra era a nação 
mais desenvolvida da época. Sabendo que o poderio 
britânico encontrava-se amparado no comércio e na 
indústria, o governo de Napoleão proibiu as nações 
europeias de comerciar com a Inglaterra. Sua intenção 
era enfraquecê-la economicamente a ponto de deixá-
-la militarmente vulnerável. Os países que não partici-
passem do boicote, conhecido como Bloqueio Con-
tinental, seriam atacados pelo exército napoleônico.
Para o plano dar certo, era necessário que 
todos os países europeus participassem do Blo-
Fonte: GRAND atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
queio. Os governos de Portugal e da Espanha, en-
tretanto, não aderiram a ele. Por essa razão, em 
1807 tropas francesas invadiram a península Ibé-
rica. Fernando VII, rei da Espanha, foi destituído e, 
em seu lugar, coroado José Bonaparte, irmão do 
imperador francês (sobre a resistência espanhola 
à ocupação francesa, veja a seção Olho vivo, na 
página 140).
O fato repercutiu nas colônias espanholas da 
América, onde começaram a eclodir movimentos 
emancipacionistas (veja o capítulo 17). Já em Portu-
gal, a família real e sua Corte fugiram para o Bra-
sil um dia antes da chegada do exército napoleônico 
(ver capítulo 21).
OCEANO
ATLÂNTICO
Mar Negro
Mar do
Norte
REINO UNIDO
DA GRÃ-BRETANHA
E IRLANDA 
REINO DA
SUÉCIA
Estocolmo
São Petersburgo
Copenhague
Londres
Moscou
REINO DA PRÚSSIA
ÁFRICA
Berlim Varsóvia
GRÃO-DUCADO
DE VARSÓVIA
IMPÉRIO
AUSTRÍACO
WESTFÁLIA
SAXÔNIA
CONFEDERAÇÃO
DO RENO
BAVIERA
SUÍÇA
Viena
Paris
IMPÉRIO OTOMANO
IMPÉRIO
FRANCÊS
Milão
Cagliari
REINO DA
ITÁLIA
REINO DE
 NÁPOLES
Nápoles
Palermo
SABOIA
REINO DE
PORTUGAL
Lisboa
Baleares
Córsega
Elba
REINO DA
SARDENHA
REINO
DA SICÍLIA
REINO
 DA 
ESPANHA
REINO
DA
DINAMARCA
E
NORUEGA
França em 1789
Estados aliados da França em 1811
Territórios anexados até 1811
Estados dependentes da França em 1811
Inimigos da França em 1811
Governo da família Bonaparte
Bloqueio Continental (1806)
M
ar
B
ál
ti
co
M a r M e d i t e r r â n e o
LEGENDA
Madri
45º
20º
O ImpérIO Francês
0 260 
QUILÔMETROS
ESCALA
520
LEGENDA
França em 1789 Inimigos da França em 1811
Territórios anexados até 1811 Governo da família Bonaparte
Estados aliados da França em 1811 Bloqueio Continental (1806)
Estados dependentes da França em 1811
HMOV_v2_PNLD2015_137a143_U03_C16.indd 139 3/20/13 4:36 PM
140 Unidade 3 A luta pela cidadania
A invasão da Espanha pelas tropas de Napoleão e a consequente queda da monarquia espanhola mo-
tivaram os espanhóis a organizar a resistência contra a ocupação de seu território. A gota de água foi a 
exigência das autoridades francesas, adotada no dia 2 de maio de 1808, para que os últimos membros da 
família real que ainda se encontravam na Espanha abandonassem o país. 
Revoltada, a população de Madri pegou em armas e foi às ruas promovendo saques e matando fran-
ceses. O governo francês na Espanha reagiu determinando a prisão e a execução dos envolvidos. Assim, 
entre o dia 2 e a madrugada de 3 de maio, centenas de espanhóis foram presos e executados pelas tropas 
francesas em diversos pontos de Madri. Muitos dos mortos nem sequer haviam participado do levante.
Olho vivo Terror em Madri
Este morto está caído com os braços abertos 
assim como a figura central do quadro. Por 
meio desse paralelismo, Goya parece mostrar 
que o destino dos personagens de pé também 
é a morte.
As vítimas podem ser divididas em três grupos: 
à esquerda, as que já foram mortas pelos 
soldados; ao centro, as que estão prestes 
a ser fuziladas; e à direita, as que estão na 
fila aguardando a vez de serem executadas. 
Esses três grupos introduzem assim a noção 
de transcurso do tempo (passado, presente e 
futuro) na composição.
O hábito cinzento e a cabeça raspada do frade 
sugerem que se trata de um franciscano, ou 
seja, um religioso pertencente à Ordem de São 
Francisco. Ele está com as mãos unidas, em típico 
gesto de súplica.
O ferimento na mão do personagem central 
remete às chagas nas mãos de Jesus Cristo, 
provocadas pelos cravos que o pregaram à cruz. 
Reforça a ideia de que a morte de inocentes 
é algo que se repete ao longo da história da 
humanidade. Para Goya, o assassinato de 
inocentes não seria uma circunstância própria da 
guerra, mas um reflexo da crueldade humana.
O personagem central está de braços abertos, 
como se estivesse crucificado. É um paralelo 
com a morte de Jesus Cristo. Com isso, o autor 
procura transmitir a ideia de que inocentes foram 
assassinados pelos franceses. A cor branca da 
camisa reforça a ideia de inocência, convertendo 
a vítima em símbolo do povo espanhol.
Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808, 
óleo sobre tela de Francisco de Goya, 1814.
HMOV_v2_PNLD2015_137a143_U03_C16.indd 140 3/20/13 4:36 PM
141A França imperial Capítulo 16
Essas execuções foram registradas no óleo sobre tela Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808, do pin-
tor espanhol Francisco de Goya (1746-1828), reproduzido abaixo. Pintada em 1814, ano da restauração 
da monarquia espanhola, a obra mostra o terror que tomou conta da população espanhola diante do as-
sassinato em massa praticado pelos soldados napoleônicos. O medo, a resignação, a coragem, o pânico e 
outros sentimentos podem ser observados no rosto das pessoas diante do pelotão de fuzilamento. Como 
veremos a seguir, o quadro se tornou um símbolo da luta dos heróis anônimos do povo espanhol em bus-
ca de sua liberdade. 
Fontes: MARQUÉS, Manuela B. Mena. Tres de mayo de 1808 en Madrid: los fusilamientos en la montaña del Príncipe Pío. 
Disponível em: <http://tinyurl.com/bdv6y5a>; GARCÍA, Susana Hermoso-Espinosa. Análisis histórico artístico de los 
fusilamientos del 3 de mayo de Goya. Disponível em: <www.homines.com/arte/fusilamientos_3_mayo_1808_goya/index.htm>. 
Acesso em: 22 nov. 2012.
Museo Del Prado, Madri
Goya utiliza os contrastes de luz e sombra para 
destacar a dramaticidade da cena. A única 
fonte de luz é a lanterna no chão que ilumina 
as pessoas prestes a serem fuziladas e deixa o 
pelotão de fuzilamento no escuro. Ao fazer isso, 
o artista sugere uma divisão entre heróis (no 
claro) e vilões (no escuro).
Antevendo seu futuro trágico, esse personagem 
leva a mão à boca, em um gesto infantil de 
medo.
 O uniforme revela que os militares eram 
integrantes do Batalhão de Marinheiros da 
Guarda Imperial.
Caso as pessoas não morressem com os tiros, os 
soldados cravavam as baionetas em seus corpos.
Goya não pintou o rosto dos militares 
franceses, como se quisesse demonstrar que os 
soldados são apenas uma máquina de guerra, 
seres impessoais e anônimos, encarregados 
simplesmente de cumprir ordens, sem 
questioná-las.
Alinhado e munido de armas e apetrechos, o 
pelotão de fuzilamento transmite uma imagem 
de organização e eficiência, em oposição aos 
populares, que se encontram desorganizados.
HMOV_v2_PNLD2015_137a143_U03_C16.indd 141 3/20/13 4:36 PM
142 Unidade 3 A luta pela cidadania
Rumo à Rússia
O Bloqueio Continental afetou realmente a In-
glaterra. Em 1808, as fábricas têxteis inglesas acu-
mulavam enormes estoques de tecidos sem conse-
guir vendê-los. Da mesma forma, as exportações 
de produtos de ferro diminuíram e a revenda de 
artigos provenientes das colônias britânicas, como 
açúcar e algodão, foi afetada.
Outra grande prejudicada foi a Rússia, que ex-
portava para a Inglaterra matérias-primas destinadas 
à construção naval. Em 1811, o czar Alexandre I rom-
peu com o boicote e abriu os portos do país aos 
navios britânicos. Em represália, Napoleão declarou 
guerra à Rússia. 
Não preparado para enfrentar a falta de ali-
mentos para seu exército e o rigoroso inverno rus-
so, Napoleão retornou à França em 1812 com ape-
nas 100 mil dos 600 milsoldados que havia levado.
O fim de uma era
Com a derrota francesa, Inglaterra, Prússia, 
Rússia e Áustria formaram nova coalizão e desfecha-
ram um ataque fulminante à França. Abaladas com 
3
o fracasso da invasão à Rússia, as tropas napoleôni-
cas não puderam deter o avanço do inimigo: no co-
meço de abril de 1814, Napoleão abdicou do trono 
e foi enviado para a ilha de Elba, entre a península 
Itálica e a ilha de Córsega.
Enquanto a França organizava um novo governo, 
conduzindo ao trono o rei Luís XVIII – irmão de Luís 
XVI, guilhotinado durante a Revolução Francesa –,
representantes dos países europeus se reuniam em 
Viena, Áustria, para definir as novas fronteiras entre 
as nações do continente e restabelecer o equilíbrio 
de forças entre elas. Dois princípios básicos orien-
taram os diplomatas que participaram do chamado 
Congresso de Viena. Um deles era o da legitimida-
de, que preconizava a restauração das dinastias des-
tituídas pela Revolução Francesa e pelo governo de 
Napoleão e consideradas legítimas pelo Congresso. 
O outro princípio orientador do conclave foi o con-
ceito de equilíbrio de forças entre as grandes potên-
cias. Com ele, procurava-se evitar a hegemonia de 
algumas dessas potências.
Em fevereiro de 1815, durante a realização 
do Congresso de Viena, Napoleão fugiu de Elba, 
desembarcou na França à frente de um grupo de 
seguidores.
Entrada dos franceses em Moscou, 14 de setembro de 1812, gravura de Edme Bovinet, a partir de obra de Louis François Couche 
(século XIX). O fracasso da invasão da Rússia deu início à derrocada do Império Francês liderado por Napoleão.
B
e
tt
m
a
n
n
/C
o
r
b
is
/L
a
ti
n
s
to
c
k
HMOV_v2_PNLD2015_137a143_U03_C16.indd 142 3/20/13 4:36 PM
143A França imperial Capítulo 16
 Philip de Bay/Historical Picture Archive/Corbis/Latinstock
O novo governo do imperador, po-
rém, duraria pouco menos de 100 dias.
Afastado do poder, Bonaparte foi 
enviado para Santa Helena, pequena 
ilha no Atlântico. Ali permaneceria até 
sua morte, em 1821. Na França, Luís 
XVIII foi reconduzido ao trono.
Mundo virtual
 n L’Histoire par l’image (A história por imagem) – Em francês, história cronológica do período 
napoleônico por meio de imagens. Disponível em: <www.histoire-image.org/site/rech/1789-1799.php>. 
Acesso em: 22 nov. 2012.
Hora DE REFLETIR
Ao analisar o Código Napoleônico, o historiador 
norte-americano Leo Huberman afirmou que ele foi 
feito “pela burguesia e para a burguesia”. Some-se 
a seu grupo de colegas e, juntos, discutam as se-
guintes questões: as leis brasileiras também aten-
dem aos interesses de determinados grupos econô-
micos, sociais ou políticos? As minorias têm direitos 
assegurados em lei? Como a sociedade pode se ar-
ticular para conseguir a aprovação ou a rejeição de 
determinadas leis? Depois de refletir sobre o tema, 
cada grupo deve criar uma cena curta (1 ou 2 minu-
tos) que expresse a opinião de todos. Pode-se gra-
var a cena e apresentá-la em DVD ou realizar uma 
apresentação teatral para a classe.
1. Napoleão assumiu o poder em 1799, dez anos depois da eclosão da Revolução Francesa. Que circuns-
tâncias históricas permitiram a sua ascensão política?
2. O que foi o Bloqueio Continental?
3. Que relação pode ser estabelecida entre o Bloqueio Continental e o início da guerra entre a França e a 
Rússia?
4. Descreva os acontecimentos que se sucederam entre a derrota militar dos franceses na Rússia e o início 
do Congresso de Viena.
5. Explique os dois princípios fundamentais do Congresso de Viena: o da legitimidade e o do equilíbrio 
entre as grandes potências.
Organizando as IDEIas
Batalha de Waterloo (1815), 
na qual Napoleão sofreu sua 
derrota definitiva, representada 
em pintura de H. Chartier.
HMOV_v2_PNLD2015_137a143_U03_C16.indd 143 3/20/13 4:36 PM
144
Situada no norte da América do Sul, a 
Venezuela vem passando nas últimas décadas 
por diversas mudanças econômicas e políticas. 
Até mesmo seu nome foi alterado. Em 1999, 
uma nova Constituição estabeleceu que a antiga 
República da Venezuela passaria a se chamar 
República Bolivariana da Venezuela.
Essa alteração tem um forte signifi cado 
simbólico: bolivarianismo é o nome do ideário 
político-ideológico posto em prática pelo 
presidente venezuelano Hugo Chávez desde que 
assumiu o poder, em fevereiro de 1999.
De contornos imprecisos, o bolivarianismo 
prega, entre outras coisas, a união dos países 
latino-americanos contra o que chama de 
imperialismo das grandes potências e o fi m do 
neoliberalismo econômico.
A política de Chávez, morto em 2013, porém, 
foi objeto de muitas críticas. Alguns afi rmavam 
que ele estaria implantando uma ditadura no país. 
Outros o viam como um expoente do populismo 
que já se pensava superado na América Latina. 
O presidente venezuelano, 
Hugo Chávez, segura a 
espada do herói 
latino-americano Simón 
Bolívar, o Libertador, perante 
uma multidão de apoiantes 
depois de receber a notícia 
de sua reeleição em Caracas, 
em 7 de outubro de 2012. 
O presidente faleceu em 
março de 2013.
A
g
ê
n
c
ia
 F
ra
n
c
e
-P
re
s
s
e
 Litografía Tecnocolor. Biblioteca Bicentenária, Caracas, Venezuela.
A independência 
da América espanhola
Capítulo 17
Objetivos do capítulo
 n Compreender a importância da estrutura 
político-administrativa para a definição da 
dinâmica social das colônias na América 
espanhola.
 n Entender o contexto histórico-social, os 
diferentes movimentos e as principais 
características do processo de independência 
da América espanhola.
 n Identificar algumas permanências e rupturas 
entre o passado e o presente na organização 
socioeconômica e política da América 
colonizada pela Espanha, até mesmo pelo 
viés da luta pela cidadania.
Seja como for, o ideário de Hugo Chávez remete 
a Simón Bolívar (1783-1830), que, entre 1811 e 
1824, liderou algumas das lutas contra o domínio 
espanhol na América. Bolívar imaginava reunir 
todos os territórios hispano-americanos em uma 
grande confederação republicana. 
Como veremos neste capítulo, o sonho de 
Bolívar só em parte se concretizou: a América, de 
fato, conquistou sua autonomia política, mas seu 
território fragmentou-se em diversos países.
HMOV_v2_PNLD2015_144a148_U03_C17.indd 144 3/20/13 4:36 PM
145A independência da América espanhola Capítulo 17
Para manter a unidade desse império, o gover-
no espanhol contava com um enorme aparato buro-
crático e também com a força da Igreja católica, que, 
como afirma o historiador Leandro Karnal, cumpria 
“importante papel de coerção e geração de consenso 
entre a população”.
A organização social
No começo do século XIX, a América espanho-
la encontrava-se dividida em quatro vice-reinos – o 
do Rio da Prata (formado pelas regiões hoje perten-
centes à Argentina, ao Paraguai e ao Uruguai), o de 
Nova Granada (atuais Colômbia, Equador e Pana-
má), o de Nova Espanha (hoje, América Central, Mé-
xico e parte do sudoeste dos Estados Unidos) e o do 
Peru (atuais Peru, Bolívia e parte do território chile-
no) – e algumas capitanias-gerais, como as do Chile, 
Venezuela e Cuba. 
Por essa época, a população his-
pano-americana variava de 13 mi-
lhões a 18 milhões de habitantes. No 
topo da pirâmide social estavam os 
peninsulares ou chapetones, em tor-
no de 40 mil. Eram originários da Es-
panha e dominavam toda a alta ad-
ministração pública, religiosa e militar 
da América espanhola.
Abaixo dos peninsulares vinham 
os criollos, cerca de 3 milhões de bran-
cos (no começo do século XIX) nas-
cidos na colônia. Embora nem todos 
fossem ricos, eles faziam parte de uma 
aristocracia composta de proprietários 
de terras, de minas e de escravos. Pos-
suíam grandes fazendas – as hacien-
das – e seus filhos podiam estudar na 
Europa, de onde muitos voltavam in-
fluenciados pelo pensamento iluminis-
ta e animados com a notícia de que 
as Treze Colônias inglesas da América 
do Nortehaviam se libertado da Ingla-
2
A serviço da Espanha
Durante o período colonial, o governo da Espa-
nha dividiu suas terras na América em vice-reinos e 
capitanias (releia o capítulo 3). Cada vice-reino era 
governado por um vice-rei, que respondia diretamen-
te à Coroa espanhola. Na metrópole, as decisões po-
líticas e administrativas relativas às colônias ficavam a 
cargo do Conselho das Índias, órgão criado em 1524 
e encarregado de nomear os vice-reis, governadores, 
autoridades militares, judiciais, etc.
A relação estabelecida entre as colônias e a Es-
panha tinha por base o pacto colonial. Assim, as pri-
meiras deviam produzir e exportar para a metrópole 
matérias-primas ou metais preciosos, e comprar dela 
os produtos manufaturados de que necessitavam. A 
administração desse comércio estava a cargo da Casa 
de Contratação, órgão criado em 1503 e sediado em 
Sevilha, na Espanha.
1
De mestiço e de índia, coyote, óleo sobre tela 
do pintor mexicano Miguel Cabrera (1763), 
que representa uma indígena, seu marido, um 
homem mestiço, e seus dois filhos, também 
mestiços. A criança nascida dessa união entre 
indígenas e mestiços era chamada de coyote.
M
ig
u
e
l 
C
a
b
re
ra
, 
1
7
6
3
/W
ik
im
e
d
ia
 F
o
u
n
d
a
ti
o
n
/A
rq
u
iv
o
 d
a
 e
d
it
o
ra
HMOV_v2_PNLD2015_144a148_U03_C17.indd 145 3/20/13 4:36 PM

Continue navegando