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50 Unidade 1 Ciência e tecnologia 1. No final do século XIX, a extração de látex e a produção de borracha geraram um surto de ri- queza na Amazônia. Aponte as causas e as con- sequências dessas atividades. 2. Um grande número de pessoas trabalhava nas diversas etapas de exploração da borracha na Amazônia. Quem eram os trabalhadores envolvi- dos nesse processo e quais funções eles desem- penhavam? 3. Aponte as principais características da indústria brasileira nos primeiros anos da República. 4. No início do século XX, São Paulo tornou-se o es- tado mais industrializado do Brasil. Explique de que maneira a cultura cafeeira impulsionou a in- dustrialização paulista. 5. Descreva as condições de trabalho dos operários nas fábricas brasileiras nas primeiras décadas do século XX. 6. A industrialização levou ao surgimento das orga- nizações que lutavam por melhores condições de vida e de trabalho dos operários. Quais ideias in- fluenciaram o movimento operário brasileiro nos primeiros tempos republicanos e o que defendia cada uma delas? 7. As primeiras décadas do século XX no Brasil foram marcadas por intensas mobilizações ope- rárias. Explique o que reivindicavam os traba- lhadores e qual foi a reação dos governantes diante dessas mobilizações. 8. Com a proclamação da República, havia espe- ranças de que ocorreriam muitas melhorias na situação de vida de boa parte da população ne- gra no Brasil. Porém, revelou-se grande o pre- conceito contra o negro na sociedade brasilei- ra. Nesse contexto, explique a importância dos jornais criados e mantidos por negros nas pri- meiras décadas do século XX. 9. Até a década de 1930, o Brasil foi um dos prin- cipais destinos de imigrantes, de várias partes do mundo. Explique quais foram as transforma- ções culturais observadas no Brasil em decor- rência da imigração. 10. No início do século XX, em diversas cidades brasileiras, principalmente nas capitais, a popu- lação mais pobre viu-se obrigada a sair da re- gião central para morar nas periferias. Explique o que provocou essa situação. Organizando as ideias A imprensa desempenhou importante papel na luta dos operários por melhores salários e pela melhoria das condições de vida da população. Ela também foi fundamental para divulgar as ideias po- líticas que mobilizaram o movimento operário no Brasil e em diversos países. O documento a seguir é um exemplo dessa situação. Ele reproduz trecho de um artigo publicado no número de estreia do jornal Ceará Socialista, um periódico semanal vincu- lado ao Partido Socialista Cearense, que começou a circular no Ceará em 1919. Após a leitura do texto, responda ao que se pede. A carestia da vida Não deve existir no sentimento popular a mais leve sombra de esperança de melhores dias. A vida no Ceará inteiro vai se tornando insustentável. Os exploradores da desgraça alheia cada vez mais apertam a sacola do pobre, aumentando criminosa- mente, desumanamente, os preços dos gêneros de primeira necessidade. Ontem, era o monopólio da querosene, a espe- culação mais ignóbil que enriqueceu, em poucos meses, centenas de comerciantes desalmados que, em outra terra, estamos certos, teriam o castigo me- Interpretando dOCUMeNTOs Atenção: não escreva no livro. Responda sempre no caderno. HMOV_v3_PNLD2015_038a051_U01_C04.indd 50 4/25/13 3:27 PM 51O Brasil chega ao século XX Capítulo 4 Mundo virtual n Ferrovias paulistas – Site do Arquivo do Estado de São Paulo sobre a história das ferrovias do estado de São Paulo. Disponível em: <www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_ferrovias>. Acesso em: 9 jan. 2013. n 100 anos de imigração japonesa no Brasil – Site com a história da imigração japonesa no Brasil. Disponível em: <www.ndl.go.jp/brasil/pt/index.html>. Acesso em: 9 jan. 2013. n O Malho – Site com a versão digitalizada da revista O Malho, importante periódico do início do século XX. Disponível em: <www.casaruibarbosa.gov.br/omalho/?lk=50>. Acesso em: 9 jan. 2013. n O Careta – Site com a versão digitalizada da revista Careta, periódico influente do início do século XX. Disponível em: <www.memoriaviva.com.br/careta/>. Acesso em: 9 jan. 2013. recido. Ninguém dirá o contrário, pois a querosene era vendida a eles, comerciantes, a 25$000 [vinte e cinco mil réis] a caixa e revendida aos consumidores a 100$, 120$, 150$ e até 180$000! Muitas famílias ti- veram seus lares às escuras durantes meses! Hoje, é o café, a farinha, a carne verde, o feijão, o arroz, o açúcar, o pão, etc., todos esses gêneros ge- nuinamente nossos, exclusivamente nossos, os quais subiram em seus preços, alguns a mais de 100% [...]. E quando nessas injunções desesperançadas, o operário se levanta e exige o aumento de salário, dizem eles que pregamos a desordem e que ataca- mos a religião! Então eles têm o direito de aumentar 100% nas mercadorias e nós não temos o direito de protestar e de pedir aumento de 20%. [...] Não há um só operário que já não tenha sentido a dor desta revolta e o clamor desta injustiça e não custará muito que ele, como o povo francês, venha para a rua, a bradar enérgico e viril: basta de explo- rações; queremos igualdade na ordem econômica, política e social! GONÇALVES, Adelaide (Org.). Ceará Socialista: Anno 1919. Edição Fac-Similar. Florianópolis: Insular, 2001. p. 2-3. 1. Com base no texto, o que se pode concluir a res- peito das condições de vida dos operários no Ceará durante o ano de 1919? 2. Que argumentos são utilizados no artigo para comprovar o aumento “criminoso” dos produtos considerados de primeira necessidade? 3. Pelo texto é possível saber de que maneira os operários reagiam diante dessas desigualdades? Como eram interpretadas essas reações? Hora de ReFLeTiR Ao chegarem ao Brasil, os imigrantes japo- neses introduziram uma série de novidades tec- nológicas que promoveram grandes avanços na agricultura brasileira. Hoje, os últimos avanços tecnológicos são utilizados, por exemplo, para alterar geneticamente as sementes e desenvol- ver novas variedades de frutas e legumes. Diver- sos grupos ambientalistas criticam tais práticas alegando que ainda não existem estudos com- provando que a ingestão de alimentos geneti- camente modificados não faz mal à saúde. Com base nessas informações, reflita sobre a seguinte questão: Até que ponto o uso da tecnologia na agricultura resulta em melhorias para o ser hu- mano? Depois, elabore um texto breve sinteti- zando suas ideias. HMOV_v3_PNLD2015_038a051_U01_C04.indd 51 4/25/13 3:27 PM 52 Marc Ferrez/Instituto Moreira Salles, São Paulo No Brasil, qualquer pessoa com mais de 18 anos pode escolher livremente seus candidatos para os cargos executivos – prefeito, governador e presidente – e legislativos – vereador, deputados estadual e federal e senador. Além disso, jovens entre 16 e 18 anos – caso desejem – também podem tirar seu título de eleitor e participar do pleito. Esses direitos são assegurados pela Constituição brasileira, que se encontra em vigor desde 1988. Hoje a população brasileira tem lugar garantido no sistema político brasileiro, mas no passado não foi assim todo o tempo. A primeira Constituição da República brasileira, promulgada em 1891, colocava tantas restrições à participação das pessoas nas eleições que apenas uma parcela – cerca de 10% da população – podia votar. Eram proibidos de votar, por exemplo, mulheres, militares, religiosos e mendigos. Os analfabetos também não podiam escolher seus candidatos. Não bastasse isso, nas eleições ocorriam inúmeras fraudes e ações violentas, o que também O Congresso e a Constituição, caricatura de Pereira Neto para Revista Illustrada, publicação republicana e abolicionista que circulou no Brasil entre 1876 e 1898. O desenho representa os parlamentares que promulgaram a Constituição de 1891 e elegeram indiretamenteDeodoro da Fonseca e Floriano Peixoto a presidente e vice do país, respectivamente. Capítulo 5 Primeiros tempos republicanos Objetivos do capítulo n Compreender o processo de consolidação do regime republicano no Brasil. n Entender a dinâmica que regia a política no Brasil durante a República oligárquica, entre 1889 e 1930. n Conhecer alguns princípios econômicos que marcaram o início da República no Brasil e compreender as consequências socioeconômicas e políticas mais imediatas da aplicação desses princípios. n Compreender a importância dos movimentos messiânicos e de contestação nos primeiros tempos do regime republicano. n Perceber como os avanços tecnológicos relativos à produção do carro nos Estados Unidos afetaram a produção de borracha no Brasil. contribuiu para garantir que uma pequena elite se perpetuasse no poder por longos períodos. Como veremos neste capítulo, essa situação persistiu por mais de 40 anos e marcou de maneira signifi cativa os primeiros tempos do Brasil republicano. Pereira Neto/Coleção do Instituto de Estudos Brasileiros da USP, São Paulo, SP HMOV_v3_PNLD2015_052a069_U01_C05.indd 52 4/25/13 3:27 PM 53Primeiros tempos republicanos Capítulo 5 Nas mãos da elite De 1889, ano em que um movimento militar derrubou a Monarquia e instaurou a República no Brasil, até 1930, data em que um movimento arma- do levou à Presidência o gaúcho Getúlio Vargas, o país esteve quase todo o tempo nas mãos das elites oligárquicas do Sudeste. Durante esse período, as atenções dos suces- sivos governos estiveram voltadas primordialmen- te para os interesses das elites. Nada foi feito para promover mudanças econômicas e sociais que aten- dessem às necessidades da população mais pobre. E, embora a indústria estivesse crescendo, a base da economia continuava sendo a grande propriedade rural, produtora de culturas destinadas à exportação. Politicamente, esse regime foi caracterizado pelo controle do país exercido por forças econômicas e políticas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco. Suas lideranças influenciaram significativamente to- das as escolhas presidenciais desse período. Além disso, essa época – conhecida mais tarde como Re- pública oligárquica (veja boxe abaixo) – foi marcada por fraudes eleitorais e por uma forte repressão aos movimentos populares. Durante a República oligár- quica, também foram influentes diversos segmentos do Exército, responsáveis pela liderança em uma sé- rie de movimentos que exigiam mudanças políticas no país. 1 Governo Provisório Proclamada a República em 1889, o marechal Deodoro da Fonseca anunciou a criação de um Go- verno Provisório que comandaria o Brasil até a apro- vação de uma nova Constituição, o que só ocorreria em 1891. Além do presidente Deodoro da Fonseca, o Governo Provisório foi composto por sete ministros civis e militares. Logo nos primeiros dias, o presidente dissolveu o Senado e a Câmara dos Deputados, enquanto mui- tos suspeitos de defender a monarquia eram presos. Como afirma o historiador Hamilton Monteiro, “insti- tuía-se de fato uma ditadura, na medida em que não havia nenhum órgão legislativo funcionando e que a Constituição de 1824 deixava de viger”. As antigas províncias foram transformadas em es- tados. Cada estado teve autorização para organizar suas próprias forças policiais e elaborar sua própria Constitui- ção. Enquanto isso não acontecesse, os presidentes de estado (como eram chamados os atuais governadores) seriam indicados pelo presidente da República. Antigos símbolos do Império foram extintos. A bandeira imperial, criada por Jean-Baptiste Debret, foi substituída por outra, feita pelo pintor Décio Villa- res (1851-1931). Nela consta a divisa Ordem e pro- gresso, retirada de uma máxima positivista e intro- duzida na nova bandeira para indicar a ideologia do novo regime (veja a seção Olho vivo, na página 54). A Constituição de 1891 Em setembro de 1890, foram realizadas eleições para escolher os representantes que fariam parte de uma Assembleia Constituinte, a qual deveria elaborar a pri- meira Constituição da República. Os trabalhos dos cons- tituintes se prolongaram até fevereiro de 1891, quando foi promulgada a nova Carta. Seu principal redator foi o jurista baiano Rui Barbosa e seu texto traduzia boa parte dos anseios dos cafeicultores paulistas, naquele momen- to o grupo socioeconômico de maior expressão. Além de assegurar o sistema federativo e definir o presidencialismo como forma de governo, a Constitui- ção republicana estabeleceu a divisão do Estado em três poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário –, “harmô- nicos e independentes entre si”. Os senadores deixaram de ser vitalícios e foi definida a separação entre o Estado e a Igreja. Com isso, o país deixou de ter uma religião oficial e diversas funções até então controladas pela hie- rarquia da Igreja católica, como o registro de nascimen- tos e mortes, passaram para as mãos do governo. O que foi a República oligárquica República Velha, Primeira República ou Re- pública oligárquica são expressões utilizadas pelos historiadores para designar o regime vi- gente no Brasil entre 1889 e 1930. Esses termos nasceram depois que Getúlio Vargas chegou ao poder, em 1930, e com eles procura-se evi- denciar as diferenças políticas entre as duas épocas. Segundo essa concepção, enquanto o período de 1889 até 1930 teria sido marcado por uma política de atendimento aos interes- ses dos coronéis e das oligarquias estaduais, o período posterior a 1930 seria pautado pelo fortalecimento de grupos urbanos, como o ope- rariado e a burguesia industrial. HMOV_v3_PNLD2015_052a069_U01_C05.indd 53 4/25/13 3:27 PM 54 Unidade 1 Ciência e tecnologia Proclamada a República, uma das pri- meiras preocupações do governo recém- -instalado foi escolher uma nova bandeira para o país. Durante quatro dias, uma ban- deira semelhante à dos Estados Unidos, mas com faixas nas cores verde e amarela, chegou a ser hasteada na Câmara Munici- pal do Rio de Janeiro e usada no navio que levou a Família Real ao exílio na Europa. Po- rém, um grupo de positivistas não aprovou essa semelhança e se apressou em elaborar outra proposta, logo encaminhada a Benja- min Constant, ministro da Guerra. A nova bandeira foi idealizada por Rai- mundo Teixeira Mendes (1855-1927) e Mi- guel Lemos (1854-1917), fundadores da Sociedade Positivista Brasileira, e dese- nhada pelo pintor Décio Villares, também positivista. Eles contaram com a consulto- ria científica do astrônomo Manuel Perei- ra Reis (1837-1922). O modelo apresentado mantinha detalhes da antiga bandeira im- perial, como as cores verde e amarela, mas eliminava alguns símbolos relacionados à monarquia. Uma das novidades – a divisa “Ordem e progresso” – gerou grande polê- mica por causa de sua inspiração declara- damente positivista. Em um texto no qual justificava o dese- nho, Teixeira Mendes afirmou que o novo símbolo nacional procurava manter da an- tiga bandeira imperial “tudo o que pudes- se ser conservado, de modo a despertar em nossa alma o mais ardente culto pela memó- ria de nossos avós”. No entanto, “deveria eli- minar tudo quanto pudesse perturbar o sen- timento da solidariedade cívica, por traduzir crenças que não são mais compartilhadas por todos os cidadãos”. No dia 19 de novembro, o Governo Pro- visório publicou um decreto oficializando-a como a nova bandeira do país. Veja alguns de seus símbolos. Olho vivo A bandeira e seus símbolos Em heráldica (Ciência que estuda a origem, evolução e significado dos símbolos nos brasões), o losango é asso- ciado à figura feminina. Na bandeira imperial, era uma homenagem à esposa de dom Pedro I, dona Leopoldina, de origem austríaca. O amarelo era a cor da Família Im- perial Austríaca. O dístico,de caráter positivista, foi extraído do lema O amor por princípio e a ordem por base, o progresso por fim, de Augusto Comte (1798-1857), filósofo fran- cês criador do positivismo. Estrela de Prócion. Pertence a uma constelação visível apenas no hemisfério norte, a do Cão Menor. Represen- ta o Amazonas, estado que tem áreas acima da linha do Equador. O losango no interior de um retângulo era usado em bandeiras militares francesas na época da Revolução de 1789. O pintor francês Jean-Baptiste Debret usou esse recurso para fazer a bandeira do Império brasileiro. A constelação de Cão Maior está representada na ban- deira por cinco estrelas. Na bandeira de 1889, havia ape- nas a estrela Sírio, associada a Mato Grosso . As demais se referem a estados surgidos no século XX: Rondônia, Amapá, Roraima e Tocantins. Estrela Canopus, da constelação de Carina (antiga Argos). Remete aos navegantes portugueses que aqui chegaram em 1500. Representa Goiás. Estas estrelas não estavam na bandeira de 1889. Perten- cem à constelação de Hidra Fêmea. A da esquerda repre- senta Mato Grosso do Sul; a da direita, o Acre. Na antiga bandeira imperial, a cor verde era referência à Casa de Bragança, dinastia de dom Pedro I. A bandeira republicana manteve o retângulo da mesma cor. B a n c o d e I m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra Bandeira do Império brasileiro, que vigorou entre 1822 e 1889, quando foi proclamada a República. HMOV_v3_PNLD2015_052a069_U01_C05.indd 54 4/25/13 3:27 PM 55Primeiros tempos republicanos Capítulo 5 Constelação do Cruzeiro do Sul. A faixa branca é uma idealização da eclíptica, ou seja, a linha central do zo- díaco, uma faixa da esfera celeste for- mada por 12 constelações e pela qual se movem o Sol, a Lua e os planetas. Os estados do Sul estão representados pela constelação do Triângulo Austral. Estrelas da constelação de Escorpião. Repre sen tam os estados nordestinos, ex- ceto a Bahia . Aparecem na bandeira por- que, segun do a astro logia, o dia 15 de no- vembro é regido por esse signo. Estrela Spica (espiga). Uma parte das estrelas dessa constelação está no hemisfério norte e outra no sul. A Spica fica no sul, mas foi colo- cada como se estivesse no norte. Ela represen- ta o Pará e remete também à figura feminina e à Virgem Maria (cultuada pelos positivistas). Simboliza igualmente a agricultura, que, para os positivistas, representa o progresso. Apare- ce acima da palavra “Progresso”. Estrela Sigma da Oitante (ou Polar do Sul). É vista em todo o território abaixo da linha do Equador. Em torno dela, giram todas as estrelas visíveis no céu do Brasil. Representa a Capital Federal: até 1960, o Rio de Janeiro; depois, Brasília. B a n c o d e I m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra Atual bandeira do Brasil. A esfera entrecortada por uma faixa já havia sido uti- li za da em bandeiras da co- lônia portuguesa da Amé- rica. A novidade é que na bandeira republicana a es- fera representa o céu bra- sileiro estrelado. B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra Bandeira branca do Principado do Brasil com esfera armilar de ouro e outra, menor, na cor azul. Essa bandeira, de caráter comercial, vigorou de 1645 a 1816. HMOV_v3_PNLD2015_052a069_U01_C05.indd 55 4/25/13 3:27 PM 56 Unidade 1 Ciência e tecnologia A nova Carta estabeleceu também o voto uni- versal masculino (ou seja, não censitário e só para homens), mas as regras eleitorais ainda eram bem restritivas: só podiam votar maiores de 21 anos e alfa- betizados. Assim, os analfabetos (80% da população) não tinham acesso ao voto. Além deles, mendigos, soldados e membros de ordens religiosas tampouco podiam votar. As mulheres também continuaram ex- cluídas desse importante direito de cidadania política. to, aumentar a quantidade de dinheiro em circulação e incentivar a abertura de novas indústrias, o minis- tro permitiu que bancos privados emitissem moe- da. Seu objetivo era incentivar o desenvolvimento in- dustrial do país. A medida contribuiu, de fato, para a expansão do crédito, mas muitas pessoas abriam empresas fic- tícias para obter dinheiro dos bancos. A especulação cresceu significativamente e, passado o período de euforia, vieram em 1891 as falências de bancos (que não receberam o pagamento dos empréstimos fei- tos) e estabelecimentos empresariais. Tal política, co- nhecida como Encilhamento, lançou o país em uma profunda crise econômica e financeira. Em meados de 1891, deputados e senadores começaram a rever algumas decisões do governo. Ao mesmo tempo, aprovaram medidas que restrin- giam o poder do presidente. Inconformado com es- sas restrições, Deodoro da Fonseca fechou o Con- gresso em novembro de 1891 e decretou estado de sítio. As reações contra essas medidas foram tão ge- neralizadas que, poucas semanas depois, o presi- dente renunciou ao cargo. A Revolução Federalista e a Revolta da Armada Com a renúncia do presidente Deodoro da Fon- seca, o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu a chefia do governo e reabriu o Congresso, pondo fim ao estado de sítio. Em 1893, irrompeu no Rio Grande do Sul uma rebelião armada: a Revolução Federalista. O objetivo dos rebeldes era a derrubada do presidente do estado (governador), Júlio de Castilhos, um aliado de Floria- no Peixoto. Conhecidos como federalistas ou mara- gatos, eles lutavam também pela instauração do par- lamentarismo no Brasil. Seu principal líder era Gaspar Silveira Martins. Júlio de Castilhos e seus seguidores, os chama- dos pica-paus, reagiram e teve início uma sangrenta guerra civil que levou o presidente Floriano Peixoto a deslocar tropas do Exército para o Rio Grande do Sul, em apoio a Júlio de Castilhos. A guerra civil gaúcha se estendeu para Santa Catarina e Paraná* e teve reflexos no Rio de Janeiro (na época, ca- pital do país). Gravura de Dionísia Gonçalves Pinto (1810-1885), de cerca de 1885. Nascida no Rio Grande do Norte, foi escritora, poetisa e educadora. Em uma sociedade e em uma época que excluíam a mulher de várias esferas da vida, como a da política, foi uma ardente defensora dos direitos femininos. Adotou o pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta. A duração do mandato presidencial foi fixada em quatro anos. A escolha do presidente da Repú- blica, assim como a dos outros integrantes do poder Executivo (governadores e prefeitos), deveria ser fei- ta por meio de eleições diretas. A exceção seria o pri- meiro presidente, cuja eleição coube à própria Cons- tituinte. Promulgada a nova Carta, os constituintes escolheram para presidente e vice-presidente da Re- pública os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, que tomaram posse em fevereiro de 1891, pondo fim ao Governo Provisório. O Encilhamento Quando assumiu o Governo Provisório, logo após a Proclamação da República, em novembro de 1889, Deodoro da Fonseca nomeou para o ministério da Fa- zenda o jurista Rui Barbosa. Para expandir o crédi- * Veja o filme O preço da paz, de Paulo Morelli, 2003. w w w .m c c .u fm .b r/ A rq u iv o d a e d it o ra HMOV_v3_PNLD2015_052a069_U01_C05.indd 56 4/25/13 3:27 PM