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1 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA COMUNICAÇÃO INTERATRIAL INTRODUÇÃO Descontinuidade ao nível do septo interatrial 50:100.000 Mais comum no sexo feminino CIA OSTIUM SECUNDUM: área de descontinuidade próxima ao forame oval → CIA mais comum → é frequente em síndromes genéticas. TIPOS ANATÔMICOS OSTIUM PRIMUM: próxima à válvula atrioventricular → margem ântero-inferior da fossa oval OSTIUM SECUNDUM: descontinuidade fica no “meio”, próxima à fossa oval (mais comum) SEIO VENOSO: descontinuidade próxima à junção das cavas -Superior: na junção da veia cava superior, comunicando essa com veia pulmonar direita -Inferior: acima da junção da veia cava inferior com o AD SEIO CORONÁRIO: comunicação entre os seios direito e esquerdo (raro) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Shunt é E → D pois RV Sistêmica é maior que a RV Pulmonar Pode ser assintomática na infância LACTENTE COM CIA ISOLADA: geralmente espera- se o fechamento espontâneo ate o 1° ano de vida. VIDA ADULTA: CIA grande pode gerar sintomas → dispneia aos esforços, palpitações e tromboembolismos eventualmente. → a capacidade ao exercicio diminui (ex: paciente queixa-se de cansaço intenso na academia). Cardiopatias Congênitas ANA LUÍZA ALVES PAIVA / 8° PERÍODO / 2023-2 2 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA Pode haver: -Aumento da PAP → hipertensão pulmonar -IC à direita -Hipertrofia de câmaras direitas GESTAÇÃO: uma das cardiopatia congênitas mais bem toleradas. Pode haver arritmia, embolia paradoxal. CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA NORMAL NO CORAÇÃO EXAME FÍSICO Impulsão ou Ictus de VD Sopro sistólico no foco pulmonar (hiperfluxo na A. pulmonar) Desdobramento fixo de B2 (A valva pulmonar está demorando p/ fechar) Ruflar diastólico tricúspide EXAMES COMPLEMENTARES ELETROCARDIOGRAMA: ▪ Onda P apiculada (aumento de câmaras direitas) ▪ Desvio de QRS p/direita ▪ BAV grau I ▪ FA,flutter RADIOGRAFIA: cardiomegalia, dilatação da A. pulmonar ECOCARDIOGRAMA TRANSTORÁCICO: avalia tamanho, localização e repercussões da CIA Estima pressão sistólica do VD/ Pressão sistólica da A. Pulmonar (PSAP normal < 35 mmHg) ECOCARDIOGRAMA TRANSESOFÁGICO: é o melhor exame p/ avaliar septo interatrial. Indicado em caso de janela acústica limitada (imagem ruim) e para guiar procedimento de fechamento percutâneo no CIA. TRATAMENTO INDICAÇÕES PARA O FECHAMENTO DA CIA QP:QS > 1,5 (fluxo entre circulação pulmonar e sistêmica – avalia magnitude do shunt). Suspeita de embolia paradoxal na ausência de outras causas. Crianças assintomáticas entre 3-5 anos. Se HAP → observa a PSAP que deve ser <2/3 da PAS; Ex: PAS: 120mmHg → se PASAP > 80 = contraindica fechamento CONTRAINDICAÇÕES Resistência vascular pulmonar > 8U → ocorre inversão do shunt (passa a ser direita-esquerda). Síndrome de Eisenmenger (aumento exagerado do VD → pressão pulmonar maior que a sistêmica) PROCEDIMENTOS CIRURGIA ABERTA: Ostium primum, seio venoso, seio coronário e Ostium Secundum PERCUTÂNEA: apenas Ostium Secundum FORAME OVAL PATENTE (FOP) INTRODUÇÃO Não fusão do septo primum com septo secundium Associa-se à AVC, IAM, enxaqueca CONDUTA: Se AVC prévio → usar AAS, varfarina e realizar fechamento percutâneo. 3 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA COMUNICAÇÃO INTERVENTRICULAR INTRODUÇÃO Se isolada é a cardiopatia congênita mais comum Na maioria dos casos é associada à outras cardiopatias. CLASSIFICAÇÃO CIV PERIMEMBRANOSO: adjacente ao septo membranoso (mais comum) CIV MUSCULAR: porção muscular do septo CIV SUBARTERIAL OU DUPLAMENTE RELACIONAS: abaixo das artérias pulmonar e aórtica COMPLICAÇÕES CIV PEQUENO RESTRITIVO: QP/QS < 1,4 CIV GRANDE, NÃO RESTRITIVO: QP/QS >2,2 **Se RVP > RVS: desvio de shunt da D→E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CIV PEQUENA: sopro sistólico na borda esternal (confunde com estenose aórtica) → Pode haver fechamento espontâneo até 1° ano de vida CIV MODERADA: dilatação de câmaras esquerdas (vai chegar mais sangue pela pulmonar) CIV GRANDE: IC nas primeiras semanas de vida → doença vascular pulmonar **INVERSÃO DE SHUNT: RVP > RVS → desvio de sangue da D→ E → CIANOSE **SÍNDROME DE EISENMENGER: doença obstrutiva vascular pulmonar EXAMES COMPLEMENTARES ELETROCARDIOGRAMA: sobrecarga de câmaras esquerdas inicialmente → sobrecarga biventricular RADIOGRAFIA: cardiomegalia, dilatação da A. pulmonar ECOCARDIOGRAMA: avalia tamanho, localização e repercussões. CATE: avalia resistência vascular pulmonar, além de buscar DAC TRATAMENTO INDICAÇÕES DE ACOMPANHAMENTO CLINICO ▪ Crianças assintomáticas com CIV pequeno ▪ Lactentes com CIV moderada a grande com ICC: medidas anticongestivas (diurético +IECA) → se não responder, indicar fechamento ▪ CIV perimembranoso ou duplamente relacionado INDICAÇÕES DE FECHAMENTO ▪ Adultos sintomáticos ou não, com sobrecarga de câmaras esquerdas ▪ PSAP <2/3 da PAS **Síndrome de Eisenmenger e inversão de shunt CONTRAINDICAM fechamento PROCEDIMENTOS ▪ Tratamento cirúrgico é o de escolha ▪ Fechamento percutâneo: se CIV muscular e repercussão significativa PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL (PCA) INTRODUÇÃO Manutenção do canal arterial pós natal (Estrutura tubular que permite que o sangue venoso percorra VD → AP → AO → placenta → oxigenação) 4 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA O padrão mais comum é de estreitamento na extremidade pulmonar do canal. MANIFESTAÇÕES CLINICAS PCA PEQUENO: assintomático PCA MODERADA À GRANDE: sintomas de IC (dispneia, palpitações...); PA divergente; dilatação do VE, ictus mais proeminente; B2 hiperfonética; presença de B3 (sobrecarga de volume); sopro continuo e rude que se estende na diástole (sopro em maquinário) Síndrome de Eisenmenger EXAMES COMPL EMENTARES ECG: sinais de sobrecarga de VE. RADOIOGRAFIA: ICT aumentado; AP proeminente. ECOCARGIOFRAMA: aumento de câmaras esquerdas, hipertrofia e dimensões do PCA. CATE: avalia resistência vascular pulmonar. TRATAMENTO ▪ PCA < 3mm: oclusão percutânea (padrão-ouro) ▪ PCA maiores: próteses específicas. PCA com sopro contínuo, desvio discreto, sem dilatação de câmaras e PAP normal: oclusão do PCA. Se HAP severa + desvio de sangue bidirecional + desvio direita-esquerda: oclusão NÃO indicada. COARCTAÇÃO DE AORTA INTRODUÇÃO Estreitamento da porção descendente da aorta torácica (abaixo da emergência subclávia esquerda e inserção do canal arterial). Pode aparecer de forma isolada ou estar associada a outras anomalias, como valva aórtica bicúspide (50%), CIV, EAO ou síndrome de Turner. Mais comum no sexo masculino. Presente em 4:10000 nascidos vivos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Crianças podem ser assintomáticas ou terem IC ao nascer (obstrução acentuada → falta de boa circulação colateral) Assimetria de pulso; hipertensão arterial de MMSS e hipotensão dos MMII. Outros sintomas incluem tonturas, cefaleias, palpitações, dispneia, angina, fadiga, etc. EXAMES COMPL EMENTARES RX DE TÓRAX: cardiomegalia e aorta dilatada. ECG: sobrecarga ventricular. ECOCARDIOGRAMA: avalia gravidade, morfologia da valva aórtica, função ventricular e avaliação de valvopatias associadas. ANGIO-TC E RNM: para diagnóstico → mostram tortuosidades e circulação colateral. TRATAMENTO CATE: importante para tratamento → aortoplastia cateter balão e colocação de stent. CIRURGIA PRECOCE neonatos e lactentes se IC refratária ao tratamento clínico. 5 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA CARDIOPATIAS CIANOGÊNICAS Shunt direita-esquerda é o principal responsável pela hipoxemia. Grau da cianose vai estar relacionado com o grau de estenose pulmonar. Sãoelas: 1. Tetralogia de Fallot; 2. Trasposição de grandes artérias 3. coração univentricular 4. Drenagem anômala total das veias pulmonares; 5. truncus arteiosus. TRIAGEM NEONATAL DE CARDIOPATIA CONGÊNITA – TESTE DO CORAÇÃOZINHO Rastreamento de cardiopatias congênitas decorrentes do fechamento ou restrição do canal arterial (cardiopatias canal-dependentes). Exemplos: atresia de artéria pulmonar, hipoplasia de coração esquerdo, etc. A avaliação é feita pela determinação da oximetria no membro superior direito e em um dos membros inferiores. O teste deve ser realizado entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. NORMAL = saturação periférica ≥ 95% em ambas as medidas e diferença menor que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. SE ALTERADO → realizar nova aferição após 1 hora → confirmação da alteração → realizar ecocardiograma dentro das 24 horas seguintes. TETRALOGIA DE FALLOT É a cardiopatia cianogênica mais comum após o primeiro mês de vida. Pode estar associada à síndrome de Down. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS: CIV + dextroposição da aorta (cavalgamento AO sobre SIV – aorta mal posicionada) + obstrução da via de saída do VD + hipertrofia de VD (consequente à estenose pulmonar). CIV é única, ampla e perimembranosa. Pode haver atresia pulmonar, impedindo a saída do fluxo do VD ANOMALIAS ASSOCIADAS: dilatação de aorta ascendente; arco aórtico à direita; anomalia de coronária; PCA; etc. FISIOPATOLOGIA •Dextroposição da Aorta → recebe sangue do VE (saturado) e sangue do VD (insaturado) → o grau de mistura depende do grau de obstrução da VSVD → quanto maior a estenose pulmonar, maior a hipoxemia. Hipoxemia estimula medula óssea, levando à policitemia. Quanto mais prolongada a cianose, mais viscoso se torna o sangue → fenômenos embólicos e abscesso cerebral. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Sopro em criança assintomática no berçário ou consulta de rotina Cianose precoce CRISE DE HIPÓXIA: mais frequente após 2-3 meses de vida e rara após os 3 anos. É precipitada por esforço (choro, evacuação, mamadas) 6 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA MECANISMO DAS CRISES: espasmo infundibular, precipitado pelo aumento súbito de catecolaminas endógenas. Haverá uma hiperpneia paradoxal → aumento da atividade física, aumento do consumo de O2, redução da PaO2 e aumento da PaCO2 → gatilho para resposta do centro respiratório, gerando a hiperpneia. Consequentemente, há redução da pressão intratorácica, redução da resistência pulmonar e aumento da resistência sistêmica → aumenta shunt direita-esquerda → mais cianose. EXAME FÍSICO Cianose (em lábios e leito ungueal); baqueteamento digital (crianças maiores); palpação do impulso de VD; sopro de estenose pulmonar (ejetivo rude na borda esternal esquerda alta – compatível com obstrução na VSVD). EXAMES COMPLEMENTARES ECG: desvio do eixo QRS para direita e sobrecarga de VD. RADIOGRAFIA: ICT normal ou discreto aumento; sinais de dilatação e hipertrofia de VD; tronco pulmonar escavado; coração em bota (árvore pulmonar hipodesnvolvida – não passa fluxo para pulmão de forma adequada devido à estenose pulmonar). ECOCARDIOGRAMA: avalia alterações morfológicas, tronco e ramos pulmonares proximais e arco aórtico, além de possíveis complicações associadas. CATE, TC, RNM: para estruturas não visualizadas adequadamente (anatomia coronariana, ramos pulmonares, etc). TRATAMENTO TODOS OS CASOS EXIGEM CIRURGIA. Pode ser total ou paliativa (tendência para correção total). CIRURGIA PRECOCE: se sintomático e com lesões associadas. ATENÇÃO! Uma alternativa à cirurgia é o CATE terapêutico. Pode ser implantado stent no canal arterial ou em VSVD → melhoram a saturação e estimulam o o crescimento das artérias pulmonares. CIRURGIA PALIATIVA: shunt sistêmico-pulmonar. Coloca-se um tubo de politetrafluoretileno entre ramo da pulmonar e artéria subclávia – desvia o sangue para que seja oxigenado. TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES ARTÉRIAS Há uma origem invertida as artérias do coração (a aorta sai do VD e a pulmonar sai do VE). O trajeto do sangue, do lado direito, passa a ser AD > VD > aorta. Já do lado esquerdo, passa a ser AE > VE > artérias pulmonares. Cardioapatia congênita cianogênica mais frequente no período neonatal (primeiras 4 semanas de vida). Comum em filhos de mães diabéticas e em pacientes do sexo masculino. Se não corrigida, óbito de 90% dos casos ao final do primeiro ano de vida. Sobrevida: relacionada à existência de um shunt intercirculatório (CIA, CIV ou PCA). TIPOS ANATÔMICOS: com SIV íntegro; com CIV; com ou sem estenose pulmonar. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Podem estar presentes cianose e taquipneia. SIV ÍNTEGRO: há cianose muito importante nos primeiros dias de vida. 7 CARDIOLOGIA / 8° PERÍODO/ 2023-3 ANA LUÍZA ALVES PAIVA SE CIV AMPLA: cianose não presente ou discreta (desconforto respiratório progride gradualmente). EXAMES COMPLEMENTARES ECG: sobrecarga de VD. RX DE TÓRAX: Se CIV ampla, pode haver cardiomegalia e hiperfluxo pulmonar. ECOCARDIOGRAMA: permite a identificação da circulação sanguínea em paralelo. Além disso, permite avaliação de lesões associadas (CIA, CIV, PCA). CATE: útil para realizar atriosseptostomia por balão e para confirmar anatomia de artérias coronárias (pode ter anomalia). ANGIO-TC: avalia anatomia coronária ou obstrução de arco aórtico. TRATAMENTO ARTRIOSEPTOSTOMIA POR BALÃO (RASHKID E MILLER): método padrão para ampliar CIA em RN (indicada para aumentar a mistura entre as duas circulações) **NÃO é efetiva em crianças > 2 meses SE TRANSPOSIÇÃO SEM CIV (MAIS GRAVE): iniciar prostaglandina para manter canal arterial aberto. CORREÇÃO ATRIAL (OPERAÇÃO DE MUSTARD- SENNING): faz redirecionamento do sangue que vem das pulmonares para a valva tricúspide e VD (fluxo sistêmico) e redirecionamento do sangue das veias cavas para valva mitral e VE (fluxo pulmonar). O VD permanece em posição sistêmica. CORREÇÃO ANATÔMICA (CIRURGIA DE JATENE): secciona grandes artérias (acima das valvas semilunares) e sutura em posição invertida. Há transferência dos óstios coronarianos para neo- aorta.
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