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CARDIOPATIAS CONGÊNITAS Epidemiologia: - No brasil 28 mil/ano - Podem se apresentar isoladamente (80 - 85%) ou fazer parte de síndromes cromossòmicas (5 a 10%) ou gênicas (3-5%) Triagem pré-natal → Rastreamento de cardiopatia com USG obstétrico - ecocardiograma fetal nível I - Caso haja alguma suspeita de malformação → Ecocardiograma fetal avançado de nível II → No Brasil esse rastreio é importante para caso haja uma alteração o parto possa ocorrer em um serviço terciária, evitar transporte do neonato em estado crítico e evitar atrasos diagnósticos de cardiopatias maiores. Como suspeitar de cardiopatia congênita ? - Sopro - Cianose central - Taquipnéia/sudorese/palidez (sintomas na criança) = ICC - Assimetria de pulsos MMSS > MMII → coarctação de aorta - Suspeita de arritmia → taquicardias acimas de 180-200 ou bradicardia FC < 80 - Baixo ganho ponderal - Infecção respiratória de repetição Fisiopatologia Classificação 1. Lesões de Shunt 2. Lesões obstrutivas à direita 3. Lesões obstrutivas à esquerda 4. Anomalias conotruncais Lesões de Shunt → Possuem um desvio da Esquerda para a Direita significativo - Hiperfluxo pulmonar → Hipertensão pulmonar → Síndrome Eisenmenger (desenvolvimento shunt D → E com cianose → pressão da pulmonar > pressão na aorta) → Exemplos - Comunicação Interatrial (CIA) - Comunicação Interventricular (CIV) - Persistência do canal arterial (PCA) - Defeito do septo atrioventricular (DSAV) Lesões obstrutivas à direita → Obstruem o fluxo que vai para os pulmões - estenose ou atresia da valva pulmonar - estenose ou atresia da valva tricúspide - obstrução ou lesão em VD Lesões obstrutivas à esquerda → Obstruem o fluxo que vai para a aorta - estenose da valva mitral - estenose da valva aórtica - coarctação de aorta Anomalias conotruncais → Malformações que envolvem os grandes vasos: tronco pulmonar e aorta - Malformação de tamanho ou posição Cardiopatias congênitas acianóticas Circulação fetal → 3 estruturas diferenciam a circulação fetal: 1. Ducto venoso → desvia o sangue que chega pela veia umbilical para a cava superior e posteriormente para o AD. Não passa toda o sangue pelo fígado, para poupar oxigênio 2. Forame Oval → sangue passa do AD para AE → valva mitral –. aorta que oxigena coração e cérebro 3. Canal arterial → comunica o ramo esquerdo da artéria pulmonar com o istmo da aorta. → Essa estruturação tem o objetivo de levar o sangue mais oxigenado para cérebro e coração Após o nascimento, o que muda ? - A artéria pulmonar é dilatada pelo aumento de pressão do ar nos pulmões. - A ida de mais sangue para os pulmões → aumento do retorno de sangue para o AE → exerce maior pressão na câmera que fecha o forame oval - Com o nascimento, se corta o cordão umbilical fazendo com que a circulação na veia umbilical pare → fechando o ducto venoso - O canal arterial se fecha entre 10 - 15h após o nascimento → dependendo da PaO2 > ou igual a 50 que estimula o fechamento desse canal Avaliação inicial da cardiopatia congênita 1. Cianótica X Acianótica 2. Rx de tórax → aumento de área cardíaca, hipo/hipofluxo pulmonar 3. ECG → sobrecarga de câmaras Diagnóstico → ECO, Cateterismo - O exame padrão ouro é o ECO transtorácico ou transesofágico FIsiopatologia Excesso de volume 1. Shunt E→D: CIV 2. Regurgitação de válvulas AV 3. Aumento da resistência na artéria pulmonar → lesão da artéria → Hipertensão pulmonar → culmina em dilatação das câmaras cardíacas Excesso de pressão 1. Obstrução do fluxo de saída do ventrículo → estenose pulmonar, coarctação de aorta → hipertrofia das câmaras cardíacas Fisiologia de Eisenmenger - Shunt E → D (sem cianose) → hipertrofia do VD → shunt D → E → cianose - HP irreversível a uma cardiopatia congênita acianótica Lesões com shunt E → D CIA (comunicação interatrial) → Pode ser diagnosticado apenas na idade adulta - Não gera sopro normalmente pq é uma comunicação entre câmaras de pressão próximas → Repercussão hemodinâmica depende: - Tamanho do defeito - Tamanho das câmaras - Velocidade de fluxo pulmonar - Gradiente do shunt - Pressão pulmonar → Anatomia da CIA - Tipo ostium secundum (+ comum) - Tipo seio venoso → orifício próximo da desembocadura das veias cavas - Tipo seio coronário (+ rara) - Tipo ostium primum → orifício próximo à valva atrioventricular CIA → hiperfluxo pulmonar → congestão pulmonar fazendo com que a artéria pulmonar faça um vasoconstrição → esse efeito cronicamente pode gerar hipertrofia da camada média da artéria → estenose da pulmonar → Hipertensão pulmonar - Em 30% dos lactentes pode haver fechamento espontâneo até 1 ano se for uma CIA restrita (< 5 mm) - Fluxo do AE para o AD - Não há uma grande diferença de pressão entre os ventrículos, logo não há turbilhonamento de sangue e consequentemente não há sopro. - Caso haja sopro é devido o grande volume de sangue passando pela valva pulmonar. Diagnóstico clínico: → Sintomas: - relacionados relacionados à disfunção miocárdica direita ou global ou eventos trombóticos → Exame físico: - desdobramento fixo (independente de expirar e inspirar) de B2 (TUM- TRAA) - sopro sistólico de ejeção (foco pulmonar) Raio-X: - Aumento do átrio D - Aumento da curvatura do tronco pulmonar - Hiperfluxo pulmonar Eletrocardiograma: - Sobrecarga de câmaras direitas - Desvio de eixo para direita - Distúrbio de condução à direita OBS.: A reduzida diferença de pressão não gera turbilhonamento → não tem lesão local da anomalia → NÃO NECESSITA DE PROFILAXIA PARA ENDOCARDITE Tratamento: - Crianças: quando houver sobrecarga de câmaras direitas independente de sintomas ou em assintomáticos até 3 - 5 anos de idade - Adultos: sobrecarga de câmaras direitas + shunt E → D + QP/PS > 1,5 + RVP menor que ⅓ da VRS. - Geralmente em HP grave contra indica a oclusão da CIA. Percutânea - Prótese por via femoral - Não serve pra toda CIA, pois é necessário uma margem de espaço - Ostium secundum Qp>Qs > 1,5 em pacientes maiores de 3 anos peso >15 kg Cirurgia - Necessita de circulação extracorpórea - Tipo seio venoso, seio coronário e ostium primum tem indicação cirúrgica - Qp/Qs > 1,5 e RVP normal - Idade ideal entre 2 - 4 anos CIV (comunicação interventricular) Tipos: - Perimembranosa: + comum/ localizada próximo a valva AV - Muscular: normalmente são fenestradas - Via de entrada - Mal alinhamento - Duplamente relacionada → Segunda patologia mais prevalente no adulto encaminhado para correção: - percutânea ou cirúrgica → Objetivo principal: prevenir complicações como endocardite e HAP → CIV grande deve operar no primeiro ano de vida pois na vida adulta evolui com Eisenmenger Fisiopatologia: - Sobrecarga de câmaras direitas - Hiperfluxo pulmonar - Aumento da resistência pulmonar - + comum - Quanto maior o shunt → menor o sopro - Sopro holossistólico na borda esternal esquerda (3 ou 4 cruzes) - Período neonatal: shunt é menor → pq o VD está hipertrofiado nesse período. ● CIV pequena: sopro sistólico borda esternal ● CIV média: atraso do crescimento, menor tolerância ao exercício, insuficiência resp e sinais de IC ● CIV grande: 2º bulha mais intensa no foco pulmonar. Sopro sistólico de regurgitação - Sopro mesodiastólico audível em ápice em paciente com CIV → elevado hiperfluxo da artéria pulmonar, sobrecarregando AE que gera uma estenose mitral Tratamento cirúrgico: cirurgia aberta é a regra. Abordagem percutânea é exceção - Indicado para lactentes o tto clínico e cirurgia apenas para não responsivos. - Crianças maiores: cirurgia é indicada quando há sobrecarga de câmaras esquerdas ou HP grave , independente dos sintomas obs.: Pode ocorrer uma oclusão espontânea da CIV → aneurisma do septo interventricular 1. Cerclagem ou bandagem do tronco pulmonar → cirurgia paliativa para lactentes de alto risco para correção definitiva com ICC grave e sem resposta ao tto clínico. 2. Tto cirúrgico definitivo consiste no fechamento da CIV com retalho de pericárdio bovino (ventriculosseptoplastia): - lactentes assintomáticos com CIV grande: operar até 12meses de idade - crianças com CIV moderada, assintomática ou com poucos sintomas e Qp/Qs > 1,5: operar entre 12 - 24 meses - paciente com CIV pequena: não tem indicação cirúrgica, exceto se evoluírem com insuficiência aórtica ou EB PCA (persistência do canal arterial) - Associado a rubéola na gestação - Crianças com até 15 dias de vida devem ter o canal arterial fechado - Comum em prematuros → devido a imaturidade não há resposta suficiente do vaso à oxigenação, o que impede o fechamento - RN a termo com PCA → lesão estrutural (não fecha espontaneamente → Fisiopatologia: - Sangue da aorta com alta pressão chega à circulação pulmonar → HAP com evolução para síndrome eisenmenger se não tratada - Deve ser resolvido no primeiro ano de vida → Exame físico: - sopro contínuo (maquinária), no foco pulmonar → supra e infraclavicular - PA divergente → Tratamento - Drogas: indometacina (inibidor de PG) → prostaglandinas dificultam o fechamento. Indicados para prematuros. - Cirurgia →clampeamento do canal - não necessita de circulação extracorpórea e deve ter cuidado com o nervo laríngeo recorrente - Cateterismo (coils) → depende da anatomia do canal 1. PCA pequena: assintomático sem sopro → sem cirurgia 2. PCA média com sopro → oclusão após 1 ano 3. PCA grande com sintomas de IC → indicação formal para oclusão Defeito do septo Atrioventricular (DSAV) → Cardiopatia + associada a síndrome de down (forma parcial) - forma total associada à isomerismo → Tipos: - Forma parcial (CIA OP + cleft “fenda”+ duas valvas) - Forma intermediária (CIA OP + CIV mínima + clef “fenda”+ duas valvas) - Forma toral (CIA OP + CIV grande de entrada + valva AV única) → Deve ser operado antes dos 12 meses para que não gere HAP → Fisiopatologia: - Sintomas da CIA + sintomas da insuficiência mitral dependendo do grau de acometimento → Sintomas: - iniciam na 2º década de vida com intolerância ao exercício - Sinais de ICC - Surgimento de HAP Retorno venoso pulmonar anômalo parcial - Síndrome da cimitarra (drenagem p/ veia cava inferior) - Pouco comum - Veias pulmonares não desembocam no AE, podem desembocar na cava superior ou no AD → hiperfluxo pulmonar → RX de tórax: sombra de densidade vascular na silhueta cardíaca Lesões obstrutivas à esquerda Estenose aórtica → Fisiopatologias: - Fluxo não consegue sair do pulmão em direção à aorta - Baixo débito cardíaco, ICC e congestão pulmonar/HAP - Válvula bicúspide que dificulta a saída do sangue → Quadro clínico: - Obstrução → aumento da área cardíaca por HVE e redução dos pulsos Coarctação da aorta → Coarctação é uma obstrução em algum nível da aorta - 98% das coarctações são justaductal (próxima ao canal arterial) → istmo da aorta - Associada a síndrome de Turner → Fisiopatologia: - Dificuldade de perfusão para abdome e MMII - Diferença de pulso - Causa de hipertensão arterial precoce (20 - 30 anos) - Causa e rotura da aorta ou hemorragia intracraniana (aneurisma do polígono de Willis) - Associado com valva aórtica bicúspide calcificada → Quadro clínico: - pulsos dos MMII reduzidos - Diferença de pulsos e pressão dos MMSS e MMII - atraso do pulsos radial-femoral - cianose diferencial → se o canal arterial continuar aberto com a coarctação → a cianose será apenas nos membros inferiores → Rx: - O sinal de Roesler, que são erosões na borda inferior dos arcos costais, pode ser encontrado na radiografia de tórax do adulto com coarctação da aorta. - É visto como irregularidades no contorno inferior do quarto ao oitavo arcos costais posteriores, e é visto em pacientes mais velhos (>20 anos), já que corresponde a um remodelamento do osso da costela como resultado do aumento do fluxo colateral pelas artérias intercostais. - 2º e 3º arcos costais são poupados → Tratamento: - cirurgia - angioplastia Lesões Obstrutivas à Direita → Constitui obstáculo para a chegada de sangue proveniente da circulação sistêmica (venoso) na circulação pulmonar - nível valvar → tricúspide - nível valvar → valva pulmonar - nível arterial pulmonar Estenose da valva pulmonar → No adulto, forma assintomática através de sopro sistólico descoberto acidentalmente - EGC com eixo desviado para direita e SVD. Distúrbio de condução do ramo direito pode estar presente - RX mostra aumento de VD e dilatação do TP → Indicação de tratamento: gradiente sistólico médio transvalvar ao ecocardiograma > 35 mmHg e/ou grau de repercussão no ventrículo direito - evoluem com IVD e arritmias (câmaras direitas dilatadas) na 4º década - tratamento com dilatação por cateter balão percutâneo → Artéria pulmonar fica dilatada Anomalia de Ebstein → Atrialização do VD que normalmente é associada à CIA - Átrio direito grande - Muitas arritmias → Tratamento: - Valvuloplastia tricúspide → reconstrução cônica da valva tricúspide - Não tem indicação para uso de próteses nem em crianças nem em adultos Estenose pulmonar periférica (ramos da pulmonar) Associada com rubéola congênita →Síndrome de williams quando associada a: - estenose aórtica supravalvar - hipercalcemia idiopática - fácies de elfo - retardo mental Cardiopatias congênitas cianóticas → Podem ser classificação em cardiopatias com: - hipofluxo pulmonar - hiperfluxo pulmonar Anomalias conotruncais → Malformações que envolvem vasos da base - cianose desde o nascimento - sobrevida do paciente depende de “shunts naturais”, estenose pulmonar protetora ou intervenção precoce. → Representantes: 1. Tetralogia de Fallot 2. Transposição dos grandes vasos da base 3. Truncus arteriosus → só sai 1 grande vaso do coração. Mistura total de sangue. 4. Duplas via de saída de VD ou de VE → Aorta e pulmonar sindo da mesma câmara Transposição de grandes artérias - Concordância atrioventricular - Aorta sai do ventrículo direito - Pulmonar sai do ventrículo esquerdo → Incompatível com a vida sem circulação colateral → Criança cianótica → Tratamento - Manuseio neonatal de administrar prostaglandinas para manter o canal arterial aberto até que seja feito a cirurgia - Cirurgia de Jatene: mantém as valvas trocadas e troca os vasos, reinserindo as coronárias ao toco ligado ao VE → correção anatômica Tetralogia de Fallot → Cardiopatias congênitas cianóticas com hipofluxo pulmonar → Cardiopatia cianótica + frequente no adulto → 4 alterações anatômicas resultam em oxigenação insuficiente do sangue bombeado para o corpo: 1. Estenose pulmonar infundibular (MAIOR PROBLEMA) 2. HVD 3. CIV de mal alinhamento → desvio anterior do SIV 4. Dextroposição da aorta (cavalgamento) → Tudo isso se dá pois embriologicamente a aorta ficou anteriorizada, uma vez que fisiologicamente ela é posterior. → As anomalias são geradas por uma falha na formação do septo, o qual guia a formação do coração → Quadro clínico: - crises hipóxicas, hipercianótias - comum nos 2 primeiros anos de vida - lactentes pouco cianóticos são mais propensos a episódios graves → crianças com fallot mas com pouca cianose tem uma estenose pulmonar leve, logo não desenvolve os mecanismos compensatórios da hipóxia (aumento da eritropoietina - policitemia) logo quando há uma crises são mais afetados → O grau de cianose vai depender do grau de estenose da pulmonar → Rx : coração em bota Tratamento das crises hipercianóticas 1. oxigênio 2. posição genupeitoral (cócoras) 3. morfina → vasodilatação que melhora a oxigenação e acalma a criança → Na maioria dos casos essas 3 medidas já consegue reverter o quadro, mas caso não: 4. bicarbonato IV → combate a acidose que pode impedir a resposta as outras medidas 5. casos refratários às 4 medidas: fenilefrina (aumenta a resistência vascular sistêmica que faz com que a saída de sangue para a aorta seja dificultado, desviando o fluxo para pulmonar e melhorando a oxigenação) 6. Propranolol IV → efeito cronotrópico _ para melhorar o enchimento na diástole que vai ter melhor fluxo para pulmonar Complicações: - Trombose cerebral (policitemia + desidratação → hiperviscosidade) < 2 anos - Abscesso cerebral (> 2 anos) - Endocardite Diagnóstico- RX de tórax → coração em bota Tratamento → Neonatos cianóticos (urgência): - Shunt sistêmico pulmonar (blalock-taussig) → Indicada para menores de 4 anos com hipóxia ou cianose - Cirurgia definitiva: fechar o CIV, miomectomia da estenose pulmonar Síndrome de Einsenmenger → Forma mais avançada de HAP relacionada a cardiopatia congênita - Transforma uma CC acianótica em cianótica, redirecionando o shunt E→D para D → E - Doença multi-sistêmica → o que dificulta ainda mais o transplante coração-pulmão - Pressões na Artéria Pulmonar maiores que na aorta → Achados clínicos: - RX: Artéria pulmonar dilatada - Cianose - Hemoconcentração
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