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EDUCAÇÃO INCLUSIVA Unidade 02 TULIANE FERNANDES DUTRA ISABELA CRISTINA MARINS Unidade 2 | Introdução Um sistema educacional inclusivo deve atender as dificuldades de aprendizagem de todos os estudantes. É partindo dessa ideia, que daremos continuidade aos estudos. Os capítulos que serão abordados são: princípios e fundamentos de uma escola inclusiva, adaptações curriculares para a inclusão, os desafios dos professores na educação inclusiva e a capacitação docente para educação inclusiva. Fonte: Pixabay Unidade 2 | Objetivos Identificar os princípios e fundamentos para a construção de uma escola inclusiva; Elaborar as adaptações curriculares para propiciar a aprendizagem de todos os alunos; Avaliar os desafios dos professores para implantar e manter uma Educação Inclusiva discernindo sobre suas dificuldades e as resistências impostas pelo sistema e pela sociedade como um todo; Identificar os requisitos curriculares e as competências a serem desenvolvidas no processo de capacitação docente para atuar na Educação Inclusiva. Princípios e funcionamentos de uma escola inclusiva A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (13.146) define barreiras atitudinais como “atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas” (BRASIL, 2020). Fonte: Pixabay Nesta perspectiva, Dischinger e Machado (2006) explicam que as barreiras atitudinais são aquelas determinadas na esfera social, sendo que, as relações humanas centram-se nas restrições dos indivíduos e não em suas habilidades. Um exemplo no ambiente escolar citado pelas autoras é “quando o professor de educação física impede um estudante cadeirante de participar de um jogo de bola. Ele faz isso principalmente por não reconhecer seu direito de inclusão, e não tanto por não saber criar modos de brincar que permitam sua participação no jogo”. (DISCHINGER; MACHADO, 2006, p. 36). Apesar dos movimentos sociais lutarem pelo direito da inclusão das pessoas com deficiência, em uma escola regular, esse ambiente apresenta fragilidades, pois ele não foi pensado e nem projetado para atender essa diversidade. Além disso, esses espaços não estão sendo adequados, consequentemente, a educação tem sofrido grandes impactos com a inclusão escolar. As barreiras atitudinais são barreiras sociais geradas, mantidas, fortalecidas por meio de ações, omissões e linguagem produzidas ao longo da história humana, num processo tridimensional o qual envolve cognições, afetos e ações contra a pessoa com deficiência ou quaisquer grupos em situação de vulnerabilidade, resultando no desrespeito ou impedimento aos direitos dessas pessoas, limitando-as ou incapacitando-as para o exercício de direitos e deveres sociais: são abstratas para quem as produz e concretas para quem sofre seus efeitos. (LIMA; TAVARES, 2012 p.12, apud RIBEIRO, et al., 2017, p. 10). Lei 9.394 de 1996, Lei 13.146 de 2015 A LDB 9.394 de 1996 no artigo 4º, regulamenta que é dever do Estado com a educação escolar pública, garantir a educação básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) obrigatória e gratuita para todos e todas, conforme descrito: “I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos, organizada da seguinte forma: pré-escola; ensino fundamental; ensino médio” (BRASIL, 2020). Fonte: Pixabay Já referente à educação inclusiva, a LDB 9.394, também determina que é dever do estado, conforme descrito a seguir: III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 2020). A Lei 13.146 de 2015, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, explica que ela é “destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando sua inclusão social e cidadania”. (BRASIL, 2020). É também a Lei 13.146 que determina que será considerado pessoa com deficiência “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (BRASIL, 2020). Adaptações Curriculares para a Inclusão São diversas mudanças que vem acontecendo na educação formal, por isso a busca constante por práticas críticas e reflexivas para a construção do saber de qualidade, que visa a aprendizagem de todos e todas. Nesse contexto, a escola tem o currículo para orientar o seu processo de aprendizagem. Segundo Sacristán (1998) o currículo escolar se refere à trajetória de formação dos alunos. Fonte: Pixabay É importante lembrar que as adaptações curriculares em uma escola inclusiva são necessárias, pois a inclusão deve ser de todos e todas, independente das suas necessidades educacionais especiais, origem socioeconômica, cultural ou religião. A escola e a sala de aula são ambientes em que as necessidades dos estudantes devem ser atendidas e desenvolvidas. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova redigido por Fenando de Azevedo e assinado por mais de 25 educadores e/ou escritores, para o governo, tem como ideia central que o currículo escolar para educação deve ser funcional e ativo, e ainda, que os currículos devem adaptar-se aos interesses naturais dos alunos, que são o eixo da escola e o centro de gravidade do problema da educação. Nesta perspectiva, os princípios da Escola Nova baseiam-se na: Iniciativa do estudante; Preocupam-se com o que a criança pode realmente aprender; Valorizam as tendências espontâneas da criança; Os professores sugerem, orientam e coordenam; Os métodos, programas e horários são maleáveis; Visam as noções utilizáveis; São essencialmente educativos; Estão mais próximos do meio natural de vida; Buscam o aperfeiçoamento, entre outros. Currículo e a Inclusão Escolar As adaptações curriculares são necessárias, pois têm como objetivo buscar alternativas para o desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes com necessidades educacionais especiais. É importante evidenciar que a menção da adaptação curricular está presente tanto na Lei 13.146, como na Lei 9.394. Fonte: Pixabay Lei 13.146, Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: III – o projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia. Lei 9.394, Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica para atender as suas necessidades. (BRASIL, 2020, Grifo da autora). Apesar da adaptação curricular estar regulamentada em lei, não está especificado como deve ser realizada. Os autores Oliveiro e Machados (2007 apud SANTANA, et al. 2020) explicam que essas adaptações implicam no número de alunos em sala de aula, a cooperação entre os professores do ensino regular e do ensino especial e, ainda, o tempo de permanência do estudante em uma determinada série. De acordo com Santana e outros autores (2020), as adaptações curriculares são um caminho para o atendimento dos estudantes com necessidades específicas. No entanto, para compreender essas necessidades deve ser realizada uma avaliação para identificar as necessidades de aprendizagem específicas de cada aluno. Santana e outros autores (2020) explicam que essa avaliação deve ser realizada por equipeinterdisciplinar de setor ou servido de orientação do centro ou instituição. Se faz necessário lembrar que o currículo é que deve ser adaptado às necessidades educacionais dos estudantes. Logo, a função da escola é oferecer currículos que se adaptem à diversidade de estudantes que ela tem, isto é, o currículo deve ser organizado respeitando os interesses, as potencialidades e capacidades de cada um. Currículo e a Inclusão Escolar Os professores desempenham um papel importante durante todo processo de aprendizagem dos estudantes com necessidades especiais. É com apoio destes profissionais que os alunos vão desenvolver e ampliar as habilidades que já possuem. Fonte: Pixabay Na sala de aula, o professor é o responsável por organizar o ambiente, guiar e orientar as atividades durante o processo de aprendizagem para aquisição do conhecimento e das competências. Para nortear e adaptar a sua prática quando necessário, o professor tem como apoio o projeto pedagógico da escola, que indica ações que ele deverá assumir diante da diversidade presente na sala de aula. Por isso a sua participação na construção deste documento é relevante. Além disso, o professor é o responsável por proporcionar uma sala de aula de cooperação e oportunidade para todos. É um desafio para os professores proporcionarem esse ambiente, perante a diversidade presente em sala de aula. Salend (2008) apud Silva (2012) explica que os professores precisam considerar os diversos fatores que tornam os indivíduos únicos, como raça, gênero, língua, comprometimento e nível econômico, pois esses fatores interagem e influenciam o desempenho acadêmico e social dos seus estudantes. A educação inclusiva veio tornar mais complexa e mais desafiadora a tarefa dos educadores e evidenciou que sua formação nunca está acabada. Eles precisarão estudar o que estavam dispensados de estudar aprender técnicas nas quais antes não pensavam, adequar seu ritmo ao de seus alunos, aprender a “ouvir” por outros meios diferentes da audição, terão de rever suas expectativas, as formas de ensinar, avaliar, aprovar, reprovar. (CAMPBELL, 2009, p. 158). Os quatro pilares da educação contemporânea Aprender a ser: desenvolvimento total da pessoa: afetividade; valores éticos e morais; honestidade e coerência; liberdade e responsabilidade; perseverança, constância e persistência; pensamento autônomo e crítico; equilíbrio emocional; integração entre o físico, psíquico e espiritual (HENGEMULLE, 2004). Fonte: Pixabay Aprender a conhecer: domínio dos instrumentos do conhecimento; espírito de pesquisa e busca; compreensão de fenômenos; capacidade de argumentar; conhecimento técnico-científico; integração da teoria e prática; consciência de aprender a aprender e atualizar-se sempre; conhecimento sensitivo, artístico, estético; apropriação crítica das informações e dos recursos tecnológicos (HENGEMULLE, 2004). Aprender a fazer: qualificação profissional e o desenvolvimento de competências para solucionar diversas situações e trabalhar em equipe: solução de problemas; elaboração de conceitos autônomos e críticos; capacidade empreendedora; elaboração de projetos, propostas; liderança; espírito de inciativa, invenção e imaginação; administração e resolução de conflitos (HENGEMULLE, 2004). Aprender a conviver: educar para convivência, para enfrentar as questões postas pela diversidade e pelo multiculturalismo; espírito cooperativo e de equipe; respeito às diferenças culturais, sociais e religiosas; autoconhecimento para conhecer e compreender os outros; espírito de autocrítica e humildade; capacidade de dialogar; ética pessoal e profissional; sociabilidade e harmonia; capacidade para enfrentar as tensões entre pessoas, grupos e nações (HENGEMULLE, 2004). Capacitação docente para educação inclusiva O docente deve sempre considerar e reconsiderar as suas práticas educativas no contexto social em que essas práticas acontecem, na vivência acadêmica, mas também na sociedade em que a escola está inserida. Ele não pode descartar experiências já desenvolvidas e vivenciadas em outros momentos e espaços, mas ele precisa considerar sua atualização constante. Fonte: Pixabay Tornar-se exímio pesquisador também é requisito para a formação docente, visto que o professor é um sujeito do processo. Assim, é preciso que os sistemas de ensino proponham estratégias de formação inicial e continuada, a fim de melhor preparar esse profissional para o exercício da sua profissão, inclusive prevendo seus planos de carreira a ascensão para aqueles que manifestarem interesse nessa formação (GROCHOSKA, 2012). Neste contexto, Nascimento e outros autores (2016) indicam que a formação inicial deve consistir em aprender a aprender com a experiência. Diante desta perspectiva, os autores explicam que a formação docente precisa entender que existe uma relação entre a formação e o trabalho docente e que essa relação pode ser traduzida em uma somatória de momentos formais e não articulados. Candau (1997) apud Chimentão (2009), destaca três aspectos necessários para o processo de formação continuada dos professores: a escola, como locus privilegiado de formação; a valorização do saber docente e o ciclo de vida dos professores. Chimentão (2009) explica que isso significa dizer que a formação continuada parte das necessidades reais do cotidiano escolar do professor; em seguida, valoriza o saber docente, isto é, o saber curricular/disciplinar e o saber da experiência e, por último, valorização do saber construído na prática pedagógica, ou seja, teoria e prática. A formação docente e a educação inclusiva De acordo com Adams et al. (2017) a formação continuada é uma forma de superar as precariedades na formação inicial, mas também deve ser articulada vinculada às mudanças socioculturais. Assim, os autores explicam a necessidade de se discutir qual o papel do professor para o atendimento às diferenças, uma formação de professores voltada também para a educação especial. Fonte: Pixabay É um desafio a formação docente inicial e continuada de professores, pois segundo Adams et al. (2017) esses cursos devem desenvolver conhecimentos que possibilitem promover nestes profissionais novas atitudes e a compreensão das diversas e complexas situações de ensino, garantindo aos docentes a oportunidade de realizarem de maneira responsável e satisfatória seu papel no processo de ensino e aprendizagem para a diversidade. Não se pode deixar de mencionar que a escola, de acordo com Campbell (2009) deve propiciar condições dignas de trabalho para os professores comuns e especializados. Segundo o autor, a escola precisa compreender que nem todos os professores têm condições psíquicas e profissionais adequadas ao trabalho com alunos com necessidades educacionais especiais, necessitando de orientação, preparo e apoio. Obrigada! EDUCAÇÃO INCLUSIVA Unidade 2 | Introdução Unidade 2 | Objetivos Princípios e funcionamentos de uma escola inclusiva Número do slide 5 Número do slide 6 Lei 9.394 de 1996, Lei 13.146 de 2015 Número do slide 8 Número do slide 9 Adaptações Curriculares para a Inclusão Número do slide 11 Número do slide 12 Currículo e a Inclusão Escolar Número do slide 14 Número do slide 15 Número do slide 16 Currículo e a Inclusão Escolar Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Os quatro pilares da educação contemporânea Número do slide 22 Número do slide 23 Capacitação docente para educação inclusiva Número do slide 25 Número do slide 26 A formação docente e a educação inclusiva Número do slide 28 Obrigada!
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