Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rev Port Cardiol. 2015;34(6):429---431 www.revportcardiol.org Revista Portuguesa de Cardiologia Portuguese Journal of Cardiology IMAGEM EM CARDIOLOGIA Uma causa rara de isquemia subendocárdica A rare cause of subendocardial ischemia Inês Almeidaa,∗, Marta Madeiraa, Francisca Caetanoa, Catarina Faustinoa, Luís Semedob, Lino Gonçalvesa a Serviço de Cardiologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Hospital Geral, Coimbra, Portugal b Serviço de Cardiologia, Hospital Distrital da Figueira da Foz, Figueira da Foz, Portugal Recebido a 17 de outubro de 2014; aceite a 2 de janeiro de 2015 Disponível na Internet a 3 de junho de 2015 A regurgitação periprotésica severa é uma complicação rara, mas potencialmente grave, da cirurgia valvular. A apresentação clínica varia desde insuficiência cardíaca, anemia hemolítica a endocardite infeciosa. A suspeita diag- nóstica surge normalmente a partir do ecocardiograma transtorácico. 10 5 A 10 5 BAV Vmax 3,57 m/s AV Vmean 2,18 m/s AV maxPG 50,97 mm/Hg AV meanPG 23,71 mm/Hg AV Env.Ti 333 ms AV VTI 72.5 cm HR 77 BPM –,63 15 10 5 –1 –2 –3 –4 [m] 1 1 Figura 1 Ecocardiograma transtorácico: A) prótese mecânica aórtica (Medtronic 21®) com insuficiência aórtica de grau ligeiro, possivelmente periprotésica; B) gradientes transprotésicos elevados (máximo 51 mmHg e médio 24 mmHg); tempo de aceleração 89 ms; VTICSVE/VTIAo 0,29; área indexada 0,83 cm2/m2, sugestivo de mismatch e/ou hiperfluxo. Mulher de 78 anos, com fibrilhação auricular paroxís- tica e portadora de prótese aórtica mecânica desde há dez anos, sob hipocoagulação oral. Internamento recente por dor torácica associada a supradesnivelamento de ST anterior. Dos exames realça-se: coronariografia sem doença coronária epicárdica, evidenciando imagem compatível com ∗ Autor para correspondência. Correio eletrónico: inesalm@gmail.com (I. Almeida). http://dx.doi.org/10.1016/j.repc.2015.01.005 0870-2551/© 2014 Sociedade Portuguesa de Cardiologia. Publicado por E lsevier España, S.L.U. Todos os direitos reservados. dx.doi.org/10.1016/j.repc.2015.01.005 http://www.revportcardiol.org http://crossmark.crossref.org/dialog/?doi=10.1016/j.repc.2015.01.005&domain=pdf mailto:inesalm@gmail.com dx.doi.org/10.1016/j.repc.2015.01.005 430 I. Almeida et al. I II III III II I II aVR aVL aVF aVF aVL aVR V1 V2 V3 V4 V5 V6 V4V1 V2 V3 V6 V5 A B Figura 2 Eletrocardiograma: A) basal; B) durante episódio de dor torácica, evidenciando infradesnivelamento de ST difuso com m t o r m d d g t i r d d t g s c d n c r g r d q áximo de 7 mm na derivação V4. rombo na artéria descendente anterior distal; aortografia bjetivou regurgitação aórtica moderada; ecocardiograma evelou gradientes transprotésicos elevados sugestivos de ismatch/hiperfluxo e regurgitação ligeira (Figura 1). Qua- ro interpretado como enfarte embólico; alta com indicação e controlo rigoroso de INR e agendamento de ecocardio- rama transesofágico para avaliação protésica. Readmitida duas semanas depois por recorrência de dor orácica intensa, associada a sintomas neurovegetativos e nfradesnivelamento acentuado de ST (Figura 2), refratá- ia à terapêutica médica. Repetido cateterismo que excluiu oença coronária e revelou prótese com boa abertura do isco e regurgitação aórtica severa (Figura 3). Angio-TC orácica descartou síndrome aórtica aguda. O ecocardio- rama transesofágico objetivou regurgitação periprotésica evera (Figura 4). A doente foi referenciada para cirurgia ardíaca. O diagnóstico de regurgitação periprotésica pode ser esafiante quando a apresentação é atípica e a visualização ão é evidente em ecocardiograma transtorácico. A onsequente redução da pressão de perfusão coroná- ia diastólica pode condicionar isquemia subendocárdica rave. Neste caso, a valorização da semiologia e o ecurso a várias técnicas de imagem permitiu definir o iagnóstico e planear a estratégia terapêutica mais ade- uada. F s igura 3 Aortografia revela regurgitação aórtica severa, não endo possível identificar a sua origem. Uma causa rara de isquemia subendocárdica 431 Figura 4 Ecocardiograma transesofágico: A e B) em eixo curto (40◦), visualiza-se zona de deiscência periprotésica, na região da cúspide não coronariana, ocupando cerca de 25-30% do perímetro da prótese (setas amarelas); C (sístole) e D (diástole) em , lar D r a eixo longo (120◦) observa-se jato regurgitante muito turbulento esquerdo. Responsabilidades éticas Proteção de pessoas e animais. Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais. Confidencialidade dos dados. Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo. C O go na origem, ocupando toda a câmara de saída do ventrículo ireito à privacidade e consentimento escrito. Os auto- es declaram que não aparecem dados de pacientes neste rtigo. onflito de interesses s autores declaram não haver conflito de interesses. Uma causa rara de isquemia subendocárdica Responsabilidades éticas Proteção de pessoas e animais Confidencialidade dos dados Direito à privacidade e consentimento escrito Conflito de interesses
Compartilhar