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A diferença entre os artigos 162 e 309 do Código de Trânsito Brasileiro e a

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1 
 
A diferença entre os artigos 162 e 309 do Código de Trânsito Brasileiro e a 
tipificação das ocorrências pelos militares do Batalhão Policial de Trânsito 
 
The difference between articles 162 and 309 of the Brazilian Traffic Code and the 
typification of occurrences by the military of the Traffic Police Battalion 
 
Enner Marins Vieira1, André José Oliveira2 
 
RESUMO 
Buscou-se avaliar se estão sendo empregados, de forma assertiva, os critérios 
adotados pelos militares lotados no Batalhão de Polícia de Trânsito para diferenciar 
a infração administrativa disposta no artigo 162 do Código de Trânsito Brasileiro do 
crime de trânsito previsto no artigo 309 do mesmo diploma legal, que versam sobre 
a condução de veículo automotor sem possuir habilitação para tanto. Utilizou-se o 
método de pesquisa indutivo. Num primeiro momento, coletaram-se boletins de 
ocorrência registrados pela citada Unidade e separou-se quantitativamente os 
registros de infração administrativa daqueles que tratavam do crime de trânsito 
durante o período compreendido entre 1o de janeiro e 31 de março de 2022. 
Posteriormente, realizou-se coleta de dados por meio de um questionário aplicado a 
64 policiais do referido Batalhão com o escopo de melhor entender a atuação destes 
frente a situações de trânsito envolvendo inabilitados. Analisou-se que dos 43 
boletins de ocorrência lavrados referentes ao crime do artigo 309, 41 tratavam-se 
ocorrências relacionadas ao acidente de trânsito com ou sem vítimas. Logo, a tropa 
entende ser o sinistro uma das causas que geram o perigo de dano. Constatou-se 
que os policias empregam corretamente os artigos, conforme consta a norma de 
trânsito. 
Palavras-chave: Batalhão de Polícia de Trânsito. Crime de Trânsito. Infração 
Administrativa. 
 
ABSTRACT 
We sought to assess whether the criteria used by the Traffic Police Battalion are 
being used assertively to differentiate the administrative infraction provided by the 
article 162 of the Brazilian Traffic Code from the traffic crime forseen in the article 309 
of the same diploma. law, which deal with driving a motor vehicle without having a 
license to do so. The inductive research method was used. At first, police reports 
registered by the aforementioned Unit were collected and the administrative 
infraction records were quantitatively separated from those dealing with traffic crime 
during the period between January 1 and March 31, 2022. Data was collected 
through a questionnaire applied to 64 police officers from the Battalion with the aim of 
better understanding their performance in traffic situations involving disabled people. 
It was analyzed that of the 43 police reports drawn up referring to the crime of article 
 
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão do Curso de Formação de Oficiais. Academia de 
Polícia Militar de Minas Gerais. Data 07 out 2022. 
 
1 Cadete do CFO3. Bacharel em Direito pela Faculdade Pitágoras de Uberlândia. 
2 Oficial da Polícia Militar de Minas Gerais. Bacharel em Ciências Militares pela Escola de Formação 
de Oficias da Polícia Militar de Minas Gerais. 
2 
 
309, 41 dealt with occurrences related to traffic accidents with or without victims. 
Therefore, the troops understand that accidents are one of the causes that generate 
the danger of damage. It was found that the police use the articles correctly, as 
stated in the traffic rule. 
Keywords: Traffic Police Battalion. Traffic Crime. Administrative Offence. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Brasil possui a quarta maior malha viária do mundo com cerca de 1.720.700 
quilômetros de rodovias e estradas em 2019 (BRASIL, 2021). No final do ano de 
2021, possuía uma frota de 111.448.870 veículos em atividade, conforme dados do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2021), quantidade muito 
relevante para uma população de aproximadamente 215 milhões de brasileiros.3 
 
Um elevado percentual dessa quantidade de veículos circula nas mesmas vias 
públicas, ao mesmo tempo, e assim resulta em acidentes de trânsito. Conforme 
dados do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (BRASIL, 2021) 
pertencente ao Ministério da Infraestrutura, em 2021 ocorreram 884.105 acidentes 
de trânsito, dos quais ocasionaram 1.349.573 pessoas feridas e 21.545 óbitos, uma 
média anual de 10,10 óbitos a cada 100 mil brasileiros. 
 
Paralelamente, os condutores nesse mesmo ano cometeram 2.359.479 infrações de 
trânsito no país e registradas pelos órgãos de trânsito, consoante a Secretária 
Nacional de Trânsito (SENATRAN), quantidade que ultrapassa o número de novos 
condutores habilitados que alcança a marca de 2.112.6074. 
 
Nesse panorama, por questões históricas e estratégicas, Minas Gerais constitui-se 
no Estado com a maior malha viária do país, cerca de 269.543 quilômetros, segundo 
a CNT (BRASIL, 2021). Acompanhando esse dado, possui a segunda maior frota 
viária do Brasil, com aproximadamente 12.442.000 automóveis, ficando atrás 
apenas de São Paulo, o qual possui em sua frota 31.455.910 veículos5. Dada a 
 
3 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). População do Brasil. Disponível em: 
https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/box_popclock.php. Acesso em: 02 ago. 2022. 
4 BRASIL, Secretária Nacional de Trânsito (SENATRAN). Anuário SENATRAN 2021. Disponível em: 
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/estatisticas-
senatran/AnuarioSenatran2021.pdf. Acesso em: 02 ago. 2022. 
5 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Frota de veículos. Disponível em: 
3 
 
relevância do estado mineiro demonstrada pelos dados acima, elege-se como objeto 
de estudo do artigo. 
 
Não há como precisar a quantidade exata de inabilitados circulando em veículos 
pelo país, em virtude da dificuldade de fiscalização, somado ao fato de que eles não 
seguem os trâmites legais, tornando-se, assim, inexistentes nos bancos de dados 
oficiais. Entretanto, percebe-se que se trata de uma quantidade considerável, tendo 
em vista que apenas em 2021 o número de novos habilitados ultrapassou o patamar 
de dois milhões de motoristas (BRASIL, 2021). 
 
A legislação de trânsito, por si só, é demasiadamente complexa para um motorista 
habilitado, que precisou preencher os requisitos, frequentar uma autoescola por 
várias horas, estudar para uma prova objetiva e conduzir veículos em aulas práticas 
para simular a realidade vivida. Agora, um motorista não habilitado, que não passou 
por todo esse trâmite, o grau de complexidade ainda é maior. Não raras vezes 
encontram-se inabilitados que não conseguem ler uma placa de trânsito e dirigem 
intuitivamente em virtude de uma experiência já adquirida na condução de 
automóvel e não sabem coisas consideradas rotineiras como saber aguardar, 
enquanto outro veículo está concluindo uma rotatória, dar a preferência e outras 
situações de trânsito corriqueiras. Nas palavras de Macedo e Mendes: 
 
Houve um tempo na legislação de trânsito que analfabeto podia habilitar-se, 
razão pela qual este requisito (ser alfabetizado) é dispensável nos exames 
de renovação da habilitação, mudança e adição de categoria. (...) Saber ler 
tornou-se requisito indispensável para conduzir veículos, devido ao 
excessivo número de sinalizações que contemplam informações 
complementares na forma escrita, e também pela exigência de exame 
teórico-técnico com avaliação em prova escrita. (MACEDO; MENDES, 2021, 
p. 231). 
 
 
O agente de trânsito ao deparar com um motorista inabilitado deverá analisar se o 
condutor está cometendo uma infração ou um crime por estar na condução de um 
veículo em via pública e precisará estar atento a tal diferenciação, tendo em vista 
que as medidas a serem adotadas são distintas e podem impactar de modo 
considerável na vida de quem não possui habilitação. 
 
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pesquisa/22/0?localidade1=31. Acesso em: 02 ago. 2022. 
4 
 
 
Na Polícia Militar de MinasGerais, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) trata-
se de uma Unidade de Execução Operacional com militares capacitados para 
atuarem no âmbito do trânsito urbano da capital mineira. Eles possuem 
conhecimento para analisar a questão do inabilitado e pontuar uma distinção entre a 
infração e o crime de dirigir um veículo sem habilitação. 
 
Delimitou-se o aspecto geográfico em Belo Horizonte, Minas Gerais, local de atuação 
do Batalhão Policial de Trânsito por tratar-se de um espaço onde circulam 
diariamente elevada frota de veículos. No aspecto temporal, optou-se pelo período 
de 1o de janeiro de 2022 a 31 de março de 2022, por ser um espaço de tempo 
relativamente recente. 
 
Ao realizar uma breve revisão da literatura e estado da arte sobre o tema, constatou-
se que vários autores se debruçaram sobre o assunto como Leandro Macedo e 
Gleydson Mendes (2021), Omar Zanette Tobias (2021) e Klinger Sobreira de 
Almeira (2006): 
 
Na esfera administrativa, se essa pessoa for flagrada conduzindo seu 
próprio veículo sem possuir habilitação estará cometendo infração 
gravíssima, com multa no valor de R$ 880,41. (...). No entanto, se um 
condutor inabilitado se envolver em acidente de trânsito, é possível que 
sejam atribuídas outras responsabilidades, como veremos a seguir. (...) Não 
havendo vítima, existindo somente danos materiais, considerando que o 
inabilitado foi o causador do acidente, então além da infração, tem o dever 
de reparar o dano causado (...). Caso ele não tenha sido o responsável pelo 
acidente, e considerando que outro condutor devidamente habilitado colidiu 
em seu veículo, então estaremos diante de uma infração de trânsito por 
conduzir veículo sem habilitação, mas o dever de reparar o dano é daquele 
que de fato provocou o acidente. (...) Trata-se de uma distorção feita por 
alguns que presumem a responsabilidade em razão da inobservância de 
uma condição para dirigir, que é o documento de habilitação. (MACEDO; 
MENDES, 2021, p. 352-353). 
 
Na hipótese do condutor dirigir veículo automotor sem permissão ou 
habilitação, porém, não gerando perigo de dano, estaremos frente a 
uma simples “infração administrativa” nos termos do art.162, I, do 
Código de Trânsito Brasileiro. Tratando-se de “estado de necessidade”, 
este exclui o crime quando o agente dirige sem permissão ou 
habilitação para socorrer pessoa adoentada ou acidentada que 
necessite de socorro ou, ainda, em outras situações de extrema 
urgência. (TOBIAS, 2021, p.1348). 
 
As infrações administrativas ligadas à direção veicular sem habilitação 
ou com restrições ao seu uso – artigos 162 a 164, CTB – que 
constituem grave desrespeito à ordem jurídica, podem, em 
5 
 
determinadas cirucunstâncias, configurar ilícito penal. É o que 
preconizam os artigos 309 e 310, in fine, do mesmo diploma legal. Com 
efeito, no primeiro dispositivo, o crime emerge quando o ato praticado 
pelo infrator esteja, de forma visível e manifesta, gerando perigo de 
dano. (...) chamo a atenção novamente para o “gerando perigo de 
dano”, pois aí reside o cerne da questão, o fato que dará a conotação 
de antijuridicidade à conduta típica. Não se trata de perigo abstrato, 
como querem crer alguns ansiosos pela repressão penal desordenada, 
mas, sim, de perigo concreto, visível e manifesto. O simples fato de 
dirigir sem CNH ou com ela cassada, não chega a configurar crime, se 
a pessoa estiver dirigirindo com toda segurança sem constituir -se 
ameaça potencial a outrem. Contudo, estará cometendo uma infração 
administrativa, pois, para a configuração desta, basta o simples ato do 
inabilitado ou cassado dirigir, visto que a lei sanciona a conduta 
genérica de inobservância de um regramento social, que pode e, em 
tese, configurar uma ameaça abstrata. (ALMEIDA, 2006, p.134 e 142). 
 
O presente artigo tem como tema o crime de trânsito. O título: a diferença entre os 
artigos 162 e 309 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e a tipificação das 
ocorrências correlatas pelos militares do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran). 
 
Traz o seguinte problema: Quais os requisitos utilizados pelos militares do BPTran 
para diferenciar a infração administrativa do artigo 162 e o crime de trânsito do artigo 
309, ambos do CTB? 
 
Para orientar o artigo, implementou-se a hipótese: Os militares integrantes do 
BPTran utilizam, em regra, o critério de gerar perigo de dano para diferenciar a 
infração administrativa do crime de trânsito. 
 
Definiu-se, como objetivo geral, avaliar se os critérios adotados pelo BPTran para 
diferenciar o crime de conduzir veículo sem habilitação da infração de trânsito estão 
empregados de forma correta. Para chegar ao objetivo geral, verificaram-se quatro 
objetivos específicos para alcançar ao título: a) pesquisar a doutrina e a 
jurisprudência acerca do título; b) analisar os boletins de ocorrência referentes ao 
artigo 309 feitos pelos militares do BPTran; c) analisar o questionário aplicado aos 
militares do BPTran sobre os requisitos empregados para diferir o crime da infração 
de trânsito; d) analisar os resultados dos boletins de ocorrência e do questionário 
sobre a tipificação que os militares utilizam durante o serviço operacional. 
 
6 
 
Justifica-se o artigo para que posteriormente a PMMG possa realizar treinamentos à 
tropa, com a intenção de atuarem em conformidade as normas nas abordagens a 
condutores inabilitados na condução de veículos. 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
Para agregar ao conhecimento, faz-se necessário o conceito e a doutrina sobre o 
crime de trânsito e a infração de trânsito, o conceito de habilitação do direito 
administrativo. Também versar sobre a responsabilidade do inabilitado na Nota 
Técnica 01212.2/12 da DMAT e a derrogação do artigo 32 da Lei de Contravenções 
Penais. 
 
2.1 Crime de trânsito 
 
Conforme o artigo 1° da Lei de Introdução do Código Penal: 
 
Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou 
de detenção, quer isoladamente, quer alternativamente ou cumulativamente 
com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, 
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou 
cumulativamente. (ANGHER, 2021, p. 360). 
 
O conceito de crime adotado no Brasil é a teoria analítica tripartida, a qual considera o 
crime um fato típico, antijurídico e culpável. Esta linha de pensamento é defendida 
por doutrinadores como Nelson Hungria, Juarez Tavares e Cézar Roberto 
Bittencourt. 
 
O Código de Trânsito Brasileiro é considerado uma lei penal especial e prevê como 
crimes de trânsito as condutas tipificadas nos artigos 302 ao 312. As referidas 
condutas são entendidas como crimes de trânsito por estarem relacionadas à 
direção de veículo automotor. 
 
“Crime de trânsito é a denominação dada aos delitos cometidos na direção de 
veículos automotores, desde que sejam de perigo – abstrato ou concreto – bem 
7 
 
como de dano, desde que o elemento subjetivo constitua culpa”. (NUCCI 20096 
citado por MACEDO; MENDES, 2021, p. 414). Para a caracterização do referido 
delito, é necessário que a conduta esteja prevista no CTB, atinja um bem jurídico 
protegido e que o agente tenha consciência da conduta ilícita. 
 
2.2 Infração de trânsito 
 
A definição de infração de trânsito está prevista no anexo I do CTB: 
 
Inobservância a qualquer preceito da legislação de trânsito, às normas 
emanadas do Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a 
regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade executiva de trânsito. 
(BRASIL.1997). 
 
Nesse sentido, as infrações de trânsito são ações ou omissões humanas que geram 
perigo à sociedade, já que violam os deveres de cuidado e as regras de trânsito e elas 
estão previstas nos artigos 161 a 255 da lei. Nesses artigos, são previstas penalidades 
e medidas administrativas que podem ser aplicadas aos infratores. As medidas 
administrativas são aplicadas imediatamente pelosagentes de trânsito, visando à 
prevenção de perigo para o condutor e para os demais cidadãos. Em relação às 
penalidades, essas são aplicadas pela autoridade de trânsito. 
 
2.3 Habilitação 
 
A palavra habilitação possui vários significados. Em relação ao trânsito: 
 
A habilitação é um gênero do qual são espécies: Permissão para Dirigir, 
Carteira Nacional de Habilitação, Autorização para conduzir Ciclomotor, 
Licença de Aprendizagem de Direção Veicular, Permissão Internacional para 
Dirigir, Autorização para conduzir Veículo de Tração Animal e Autorização 
para Conduzir Veículo de Propulsão Humana. (MACEDO, 20127 citado por 
REIS, 2012, p. 51). 
 
No Direito Administrativo, a habilitação faz parte dos denominados atos 
administrativos. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro: 
 
6 NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais especiais comentadas. 4. ed. 
São Paulo: RT, 2009. 
7 MACEDO, Leandro. A habilitação. Disponível em: http: //www.euvoupassar.com.br. Acesso em: 02 
ago. 2012. 
8 
 
 
Pode-se definir o ato administrativo como a declaração do Estado ou de quem 
o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da 
lei, sob regime jurídico de direito público e sujeita a controle pelo Poder 
Judiciário. (DI PIETRO, 2019, p. 234) 
 
No caso da habilitação, constituir-se em um ato com declaração de um direito já 
existente por parte da Administração Pública. As duas partes, habilitado e Estado, 
estão no mesmo patamar de interesse, têm consciência e vontade de realizarem o ato 
de conceder o documento ao condutor. 
 
Ela é uma modalidade de licença e, como tal, traz no bojo várias características: 
 
[…] Na licença, cabe à autoridade tão somente verificar, em cada caso 
concreto, se foram preenchidos os requisitos legais exigidos para 
determinada outorga administrativa e, em caso afirmativo, expedir o ato, sem 
possibilidade de recusa; é o que se verifica na licença para construir e para 
dirigir veículos automotores. (DI PIETRO, 2019, p. 265). 
 
Em outras palavras, é um ato vinculado, declaratório e permanente, ao passo que não 
poderá ser abolido por simples conveniência e oportunidade dos agentes 
administrativos. 
 
2.4 A responsabilidade do inabilitado na Nota Técnica 01212.2/12 da DMAT 
 
O policial na atuação de uma ocorrência precisa reconhecer quem é o autor 
provocador do fato e a vítima de um crime para dar voz de prisão ao infrator e conduzi- 
lo para a autoridade policial. Contudo, num fato envolvendo inabilitados na condução 
veicular, o agente pode ter dificuldade para identificar quem é o autor. 
 
A Nota Técnica 01212.2/12 da Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito (DMAT), 
documento que trata dos procedimentos a serem adotados pela Polícia Militar em 
desfavor do condutor inabilitado entre os anos de 2012 até 2017, até ser revogada 
pela Nota Técnica 068.2/17 da DMAT, definiu critérios para facilitar a compreensão do 
policial sobre o que é o perigo de dano no trânsito, tratando-se do envolvimento do 
motorista em acidentes de trânsito, com ou sem vítimas. No entanto, essa definição 
deu margem para algumas incongruências. 
 
9 
 
Fora da esfera do sinistro de trânsito, a norma prevê que o inabilitado comete apenas 
uma infração de trânsito e deve ser entendido como tal pelo policial militar durante 
uma fiscalização de rotina. Logo, caso o veículo esteja com a documentação regular, 
ele deverá ser entregue ao motorista habilitado que comparecer ao local em tempo 
hábil, bem como o carro ou motocicleta serão recolhidos ao depósito na falta de um 
terceiro habilitado. Consoante o documento, veda-se agir de outra forma para evitar 
excessos arbitrários. 
 
Em complemento à liberação do automóvel, a 01212.2/12 da DMAT menciona que “a 
liberação está atrelada ao fato do condutor não gerar perigo de dano o que está ligado 
diretamente à natureza da ocorrência”. Sendo assim, o motorista inabilitado será 
preso e terá o veículo apreendido na hipótese de cometer o crime de disputar corrida 
ou competição não autorizados em via pública por exemplo. Acerca do acidente de 
trânsito, a norma determina que o sinistro envolvendo habilitados resulta no perigo 
de dano, ainda que o condutor não tenha provocado o fato, pois segundo a referida 
Nota Técnica 01212.2/12 da DMAT: 
 
Nota-se que quando um inabilitado se envolve em acidente de trânsito, 
mesmo que não seja ele o causador do acidente, houve nesse caso, o perigo 
de dano, uma vez que se o veículo que é conduzido pelo inabilitado não 
estivesse naquele local, não ocorreria o acidente (MINAS GERAIS, 2012). 
 
Desse modo, percebe-se que a norma generaliza e reduz o entendimento do perigo 
de dano aos fatos envolvendo acidentes, atribuindo a criação do perigo de dano ao 
motorista, ainda que não tenha causado o acidente dando. 
 
Em 2017, foi instituída a Nota Técnica 068.2/17 da DMAT que revogou a Nota Técnica 
01212.2/12; no entanto, essa norma não trata do perigo de dano, ou seja, a primeira 
norma, apesar das divergências, apontava um direcionamento para a atuação do 
policial militar; agora, a norma mais atual, além de extirpar juridicamente a primeira, 
não fez menção ou complementou o entendimento sobre o perigo de dano. 
 
2.5 Derrogação do artigo 32 da Lei de Contravenções Penais 
 
10 
 
Em momento anterior à introdução do CTB em território nacional, o artigo 32 da Lei 
de Contravenções Penais (LCP) tratava da condução de veículo em via pública por 
inabilitado ao dizer que “dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou 
embarcação a motor em águas públicas” (ANGHER, 2021, p. 834) cabe pena de 
mullta. Na época, a mera condução sem habilitação configurava contravenção penal, 
tratando-se de ser um crime de perigo abstrato. 
 
A vigência do CTB resultou em divergências doutrinárias e jurisprudênciais, 
procurando estabelecer se ocorreu a revogação ou derrogação, ou seja, a revogação 
parcial do artigo 32 da LCP, porque o artigo 309 é um crime de perigo concreto. 
Assim sendo, a discussão alcançou ao Supremo Tribunal (STF) e houve a 
necessidade de implementar a súmula 720, “O art. 309 do Código de Trânsito 
Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das 
Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres”. 
(ANGHER, 2021, p. 2456). 
 
Desde então, a contravenção do LCP é cabível somente em águas públicas e o 
habilitado que dirigir gerando perigo não responderá pelo artigo 32, e sim pelo artigo 
309 do CTB. 
 
3 METODOLOGIA 
 
O artigo tem a finalidade básica estratégica de perceber o ponto de vista do policial 
militar do BPTran para distinguir o crime da infração de conduzir o veículo sem 
habilitação e a partir disso realizar treinamentos e reciclagens posteriormente para 
os policiais, a fim de alinharem as condutas nas abordagens a condutores de 
veículos inabilitados. 
 
No aspecto dos objetivos, o tipo de pesquisa é descritivo procurando entender como 
se deu os crimes de transito no primeiro semestre de 2022 com a analise 
quantitativa dos boletins de ocorrência e explicativo por intermédio de um 
questionário para avaliar o pensamento dos militares do BPTran. 
 
11 
 
Realizou-se uma abordagem quantitativa dos boletins de ocorrência registrados no 
sistema informatizado de Registros de Eventos de Defesa Social (REDS) e separou 
os registros de infração de trânsito, artigo 162, do crime previsto no artigo 309 do 
CTB, entre 1o de janeiro e 31 de março de 2022. Depois, realizou-se uma pesquisa 
quantitativa sobre os dois artigos. 
 
Em sequência, coletou-se o quantitativo de todos os Autos de Infração de Trânsito 
confeccionados manualmente do artigo 162, tendo em vista que não necessitam de 
registro e estavam no banco de dados digital do P3 do BPTran para agregar 
informações à pesquisa, no entanto foram aproveitadas apenas os AITs contidos nos 
boletins de ocorrênciado REDS. 
 
Posteriormente, foi feita uma abordagem qualitativa com 64 policiais do Batalhão de 
Polícia de Trânsito, os quais encontravam-se disponiveis no momento, 
aproximadamente 22% do efetivo de 283 militares, para responderam um 
questionário (com sete perguntas e respostas fechadas) com a finalidade de 
compreender como atuam em situações de trânsito envolvendo inabilitados. No 
âmbito dos procedimentos, utilizou-se procedimentos documentais como boletins de 
ocorrência contidos no REDS e Autos de Infração de Trânsito lavrados manualmente 
por terem fé pública, assim como no caso do REDS por relatar a história do fato 
gerador da infração ou crime. 
 
O método empregado é o indutivo, com a observação dos dados contidos nos 
boletins de ocorrência e no questionários aos militares do BPTran para alcançar uma 
conclusão mais ampla. 
 
3.1 Analise dos boletins de ocorrência referentes aos artigos 162 e 309 do CTB 
feitos pelos militares do BPTran 
 
A coleta dos boletins de ocorrência foi realizada no banco de dados do módulo 
informatizado de Registro de Eventos de Defesa Social (REDS) e, posteriormente, 
precisou-se verificar o quantitativo de Autos de Infração de Trânsito anotados em 
documento próprio e armazenados na P3 do Batalhão. 
 
12 
 
Porém, percebeu-se que há a possibilidade da lavratura do Auto de Infração de 
Trânsito sem precisar lavrar o boletim de ocorrência como nos casos descritos no 
inciso I, do artigo 162, quando não vislumbrada outra infração de trânsito. Devido à 
dificuldade para identificar os AITs sem registro das que foram lavradas em boletim, 
haja vista que um auto pode estar contido em um boletim de ocorrência 
simultaneamente, assim como existe a dificuldade de fazer uma análise qualitativa 
dos autos não registrados no módulo informatizado, logo serão observadas somente 
as ocorrências que estão dispostas no REDS. 
 
Para quantificar mais precisamente, os militares do BPTran, nos três primeiros meses 
de 2022, lavraram 425 boletins de ocorrência que tratam da infração do artigo 162 
como um todo. Desses, 131 boletins de ocorrência relacionados à falta de habilitação, 
contidas no inciso I, do artigo 162. Pelo inciso II, habilitação suspensa, são 127 
registros e cassada, 2 registros. Disposto no III, conduzir veículo com a documentação 
com categoria diferente em 38 ocasiões. Com validade vencida há mais de trinta dias, 
inciso V, lavradas 127 vezes. Não há registros do inciso VI que faz alusão à falta de 
lentes corretoras de visão, audição ou prótese física do condutor. 
 
As infrações de trânsito no REDS são codificadas no sistema com o Grupo T e a 
Classe com os dois dígitos numéricos, sendo o número 10 as que se referem ao CTB, 
em seguida as subclasses com três dígitos numéricos. 
 
As disposições ocorrem com a seguinte dinâmica: os crimes de trânsito estão 
especificadas com uma codificação entre o T10.302 até T 10.312. As infrações de 
trânsito como T 10.161; o acidente de trânsito sem vítima T 00.008 e acidente de 
trânsito com vítima T 00.009. For fim, há as previstas para transporte ilegal de 
passageiros, para veículo abandonado em via pública e o T 99.000 quando não 
existir uma codificação específica para a ocorrência. Por sua vez, a descrição da 
natureza das infrações de trânsito T 10.161 está descrita no módulo como aplicação 
de medidas administrativas previstas no artigo 269 do CTB, vez que caberá, por 
exemplo, nos casos do artigo 162, II, o recolhimento do documento de habilitação 
e/ou retenção do veículo até um condutor habilitado se apresentar no local. Na 
possibilidade de ocorrer a mesma infração com uma outra infração de trânsito, tal 
13 
 
como conduzir veículo com pneus irregulares, as medidas administrativas 
continuarão a ser aplicadas. 
 
No espaço de tempo analisado, entre 1o de janeiro e 31 de março de 2022, não foram 
localizadas ocorrências de crimes do artigo 309, codificação T 10.309, como a 
natureza principal de uma ocorrência de trânsito. Somente foi vislumbrada a natureza 
secundária do artigo como integrante de um outro delito, porque o militar do BPTran 
vislumbrou um outro crime com uma tipificação mais grave que a condução de veículo 
inabilitado e gerando perigo de dano. Por exemplo, o artigo 306 que trata da condução 
com capacidade psicomotora alterada pela influência de álcool, então, estará descrito 
o T 10.306 como primário e o T 10.309 em segundo plano. 
 
O artigo 309 sendo a natureza secundária foi lavrado em 43 oportunidades. Desse 
total, 41, ou seja, aproximadamente 95%, possuem como natureza principal o 
acidente de trânsito com vítima e sem vítima, T 00.008, T 00.009, respectivamente. 
Referente aos 2 restantes, há uma ocorrência do delito do artigo 306, embriaguez 
na condução veicular e um registro do crime de receptação previsto no Código Penal 
com a codificação C 01.180 no REDS. 
 
3.2 Analisar o questionário aplicado aos militares do BPTran sobre os 
requisitos empregados para diferir o crime da infração de trânsito 
 
Utilizou-se um questionário que trata de uma técnica de observação direta extensiva 
para a pesquisa com sete perguntas fechadas, sendo que as duas primeiras 
possibilitam mais de uma resposta a ser preenchida. O BPTran possui 283 militares e 
64 responderam ao questionário, ou seja, 22,6% do efetivo. Inicialmente, empregou-
se a soma e a média das respostas, posteriormente, será feita a análise qualitativa 
delas. 
 
 
 
 
 
 
14 
 
GRÁFICO 1 – Procedimento com condutor inabilitado 
 
 Fonte: Pesquisa de campo 
 
Todos os sessenta e quatro pesquisados responderam a alternativa “a”. Por se tratar 
de uma pergunta que permite várias respostas, logo, quarenta e quatro militares, 
68,8% também responderam “c”; vinte e quatro, 37,5%, optaram por “e”. Cinco 
policiais, 7,8% responderam “b”. Nessa questão foi citada apenas a inabilitação 
como infração de trânsito, logo, seguindo os procedimentos da DIAO, o correto é a 
“a”, cabe apenas confeccionar o Auto de Infração de Trânsito. 
 
GRÁFICO 2 – Critério de definição de acontecimento do artigo 309 do CTB 
 
 Fonte: Pesquisa de Campo 
 
Tal como a primeira questão, a segunda permitiu o preenchimento de várias respostas 
ao mesmo tempo. A alternativa “b” e “e” foram as escolhidas por quarenta e sete 
militares, 73,4%, do efetivo; a alternativa “a”, por quarenta e cinco militares, 70,3%; 
a) lavrar o AIT
50.100
b) prender o
condutor pelo Art.
309 do CTB
c) analisar se
houve geração de
risco de dano
d) analisar se
houve dano
material
e) analisar se
houve lesão
corporal ou morte
0%
50%
100%
150%
Quando identificado condutor inabilitado na condução de
veículo, qual procedimento você policial militar realiza? É
possível marcar mais de uma alternativa.
a) o condutor ser
inabilitado ou
estar com a
CNH cassada
b) o condutor ter
se envolvido em
acidente
c) o condutor ter
se envolvido em
acidente e se do
acidente houve
dano em veículo
d) o condutor ter
se envolvido em
acidente e se do
acidente houve
lesão corporal
ou morte
e) se houve
direção perigosa
por parte do
condutor
inabilitado ou
com CNH
cassada
f) se houve
outras infrações
administrativas
de trânsito
relacionadas à
circulação de
trânsito
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Quais critérios você policial militar utiliza para definir o
acontecimento do Art. 309 do CTB? É possível marcar mais de
uma alternativa
15 
 
alternativa “d”, por 32,50%; alternativa “c”, por vinte e sete militares, 42,2% e vinte 
militares, 31,3%, letra “f”. 
 
Gráfico 3 – Envolvimento de condutor inabilitado em 
acidente de trânsito sem vítima 
 
 Fonte: Pesquisa de campo 
 
Conforme se infere do gráfico acima, a maioria, quarenta e sete militares, 73,4% 
decidiram pela alternativa “a”, dezessete policiais, 26,6%, pela alternativa “b”. Se há 
indícios de crime e autoria, o policial prenderá o condutorinabilitado. 
 
Gráfico 4 – Envolvimento de condutor 
inabilitado em acidente de trânsito com 
vítima 
 
 Fonte: Pesquisa de campo 
 
Houve prevalência da alternativa “a” por cinquenta e quatro militares, 84,4%, e 
alternativa “b”, por dez policiais, 15,6%. Havendo indícios de crime e autoria, o policial 
fará a prisão do condutor sem habilitação. 
 
73,4%
26,6%
Um condutor inabilitado envolveu-se em um
acidente de trânsito sem vítima. Este
condutor cometeu, em tese, o crime do Art.
309 do CTB?
sim
não
84,4%
15,6%
Um condutor inabilitado envolveu-se em
um acidente de trânsito com vítima. Este
condutor cometeu, em tese, o crime do
Art. 309 do CTB?
sim
não
16 
 
Gráfico 5 – Condutor inabilitado causador acidente 
de trânsito sem vítima 
 
 Fonte: Pesquisa de campo 
 
Trinta e seis militares, 56,3%, responderam a alternativa “b” e vinte e oito, 43,8%, 
optaram pela alternativa “a”. Ainda que o inabilitado não tenha causado o acidente, o 
policial fará a prisão dele ao constatar indícios de autoria e crime no local para os 
peritos da policia civil avaliarem a situação. 
 
GRÁFICO 6 – Condutor inabilitado evade do local após aborgagem 
 
 Fonte: Pesquisa de campo 
 
A maioria, quarenta e dois militares, 65,6%, optaram pela letra “a”; treze policiais, 
20,3%, responderam a alternativa “c” e nove entrevistados, 14,1%, a letra “b”. Nessa 
questão, o condutor sem habilitação evadiu em alta velocidade podendo colocar em 
risco a integridade física de pedestres e condutores de outros veículos, dessa forma, 
a correta é a alternativa “a”. 
 
43,8%
56,3%
Um condutor inabilitado envolveu-se em um
acidente de trânsito sem vítima. Visivelmente o
condutor causador do acidente foi o condutor
habilitado. Aquele condutor inabilitado cometeu,
em tese, o crime do Art. 309 do CTB
sim
não
65,6%
14,1%
20,3%
Um condutor inabilitado evadiu no veículo da ação policial,
em alta velocidade, sendo logo após abordado. Este
condutor cometeu, em tese, o crime do Art. 309 do CTB?
sim
não
cometeu somente o crime
de Desobediência e a
contravenção penal de
Direção Perigosa.
17 
 
GRÁFICO 7 – Condutor inabilitado avança sinal vermelho 
 
 Fonte: Pesquisa de campo 
 
Trinta e três militares, 51,6%, responderam a alternativa “a”, enquanto trinta e um, 
48,4%, escolheram a “b”. Atravessar o sinal vermelho do semáforo gera risco de dano, 
assim letra “a”. 
 
4 RESULTADOS/DISCUSSÃO 
 
Para a realização desse artigo foram seguidas as diretrizes da Resolução número 
466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. 
 
Verificou-se que das 43 ocorrências com a codificação T 10.309, inabilitado gerando 
perigo de dano, 41 são registros de acidente de trânsito. Desses sinistros, em 40, de 
fato, os condutores sem habilitação nitidamente causaram o perigo, logo, resultando 
no sinistro de trânsito. Os autores são presos e conduzidos para a Polícia Judiciaria 
ou quando se encontram hospitalizados, acionados posteriormente em outra 
oportunidade. Observou-se que 29 ocorrências tratam-se de acidentes com vítimas, ou 
seja, envolvidos no mínimo com lesões corporais e 12 boletins sem vítimas, 
demonstrando que basta o dano material para configurar o crime, não é necessário 
alguém se machucar para tal. 
 
Um acidente chamou a atenção, em um determinado REDS, aconteceu um sinistro 
entre três veículos e a condutora inabilitada estava no carro do meio vindo a colidir 
51,6%
48,4%
Um condutor avançou o sinal vermelho do semáforo
e foi abordado logo após, sendo identificado ser
este condutor inabilitado. Este condutor cometeu,
em tese, o crime do Art. 309 do CTB?
sim
cometeu somente as
infrações
administrativas de
trânsito.
18 
 
com o automóvel da frente, porque foi empurrada por inercia pelo veículo que 
acertou a traseira do veículo dela. Ela havia mantido a distância de segurança do 
veículo da frente, conforme o boletim de ocorrência. O habilitado que não freou a 
tempo e provocou o acidente não foi preso, e a inabilitada foi presa. Isso ocorreu 
pois o policial militar não é capaz de determinar no local do fato quem é culpado ou 
inocente, função que compete aos peritos da Polícia Civil e ao juiz. Deve- se fazer a 
prisão a princípio. Algo semelhante ocorre na questão 5 do questionário para os 
militares do BPTran, que menciona haver um acidente de transito entre um habilitado e 
um inabilitado e o habilitado é o causador do perigo de dano. Mesmo assim, os 
policiais prendem o inabilitado e constam no boletim de ocorrência a codificação T 
10.309. 
 
Referente a outras duas questões sobre acidentes de trânsito, as questões 3, 4, 
acidente sem e com vítima, respectivamente, não citam o causador do sinistro, ainda 
assim, quem não possui habilitação será preso e conduzido com base no artigo 309. 
A questão 2 perguntou quais os critérios para definir o crime do artigo 309 e as 6 
alternativas podem ser consideradas como resposta da questão. 
 
Sobre a questão 1, a respeito da abordagem a inabilitado, todos responderam que 
deve lavrar o AIT e não há dúvidas, uma vez que não havia mais informações para 
agir de modo diferente. No mais, além dessa alternativa, a maioria também escolheu 
a opção que trata da verificação da geração de risco de dano, o que é bastante 
plausível, vez que está de acordo com o CTB. 
 
Na questão 6, sobre o veículo conduzido por inabilitado que evade da viatura em 
alta velocidade, a maioria disse que causou o crime do artigo 309, sendo o 
entendimento mais cabível. Por fim, a questão 7, que diz respeito a avançar o sinal 
vermelho do semáforo, a tropa ficou dividida quanto à resposta, sendo 51,6% a 
responder que é delito e 49,4% disseram que é infração administrativa. O ato de 
avançar o semáforo com sinal vermelho pode resultar em perigo de dano. 
 
A respeito do artigo 162 do CTB que trata da infração de transito, os militares do 
BPTran seguem a lei e aplicam a norma, conforme o caso. Verificou-se que no 
primeiro trimestre foram lavrados 425 e estão divididas conforme o inciso 
19 
 
vislumbrado, quer dizer, o inciso I para inabilitados, II documentação cassada ou 
suspensa, III categoria diferente e V vencida a mais de trinta dias. 
 
No que tange ao crime previsto no artigo 309 do CTB encontra-se o conceito de 
perigo de dano e não está previsto na lei a explanação dessa expressão. A Nota 
Técnica 01212.2/12 da Diretoria de Meio Ambiente e Trânsito (DMAT), documento 
que trata dos procedimentos a serem adotados pela Polícia Militar em desfavor do 
condutor inabilitado foi revogada em 2017 pela Nota Técnica 068.2/17 da DMAT. A 
Nota Técnica mais antiga tratava que é perigo de dano o envolvimento do motorista 
inabilitado em acidentes de trânsito, com ou sem vítimas. Ainda há esse 
entendimento pela tropa, até mesmo para resguardá-la de arbitrariedades porque os 
militares não tem competência para dizer no local do fato quem tem a culpa em um 
sinistro de trânsito, logo é feita a prisão do condutor inabilitado e condução para os 
peritos da polícia civil. 
 
Essa abordagem quanto aos acidentes de trânsito precisou ser feita, vez que a 
maioria dos REDS do trimestre analisado, aproximadamente 95%, que relacionaram 
o artigo 309 como natureza primaria ou secundaria de uma ocorrência estão 
conectados ao acidente de trânsito com ou sem vítimas, logo a tropa entende que o 
acidente de trânsito também é um gerador de perigo de dano. 
 
Presume-se que quando ocorre um acidente de trânsito, quem solicita o contato e 
providência policial militar são os habilitados em desfavor dos condutores 
inabilitados. Conforme analisado nos REDS, é raro um inabilitado entrar em contato 
com a Polícia Militar, tendo em vista que não está com a documentação regular. 
 
O entendimento dos militares do BPTran é contrário ao entendimento de Macedo e 
Mendes (2021, p. 352-353) que entendem ser o acidente detrânsito sem vítima 
provocado por inabilitado apenas uma infração de trânsito. O inabilitado causador do 
acidente, além da infração, fica responsável pela reparação do dano causado e caso 
seja o habilitado o causador do sinistro, este responde pelo pagamento do prejuízo 
causado, enquanto o inabilitado responderá pela infração de trânsito por conduzir 
veículo sem habilitação. Se no sinistro houver vítima, o inabilitado responderá pelo 
homicídio culposo ou lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. 
20 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Esse artigo pretendeu entender a diferença entre a infração e o crime de conduzir 
veículo sem habilitação, sob o aspecto dos policiais militares do BPTran para que 
posteriormente a PMMG possa realizar treinamentos à tropa, com a intenção de 
atuarem em conformidade as normas nas abordagens a condutores inabilitados na 
condução de veículos. Isso por intermédio da analise dos REDS sobre o artigo 162 e 
309 do CTB lavrados no primeiro trimestre de 2022 e um questionário aos policiais 
do BPTran. 
 
Para alcançar a compreensão de que os critérios adotados pelo BPTran estão 
empregados de forma correta foram analisados os boletins de ocorrência referentes 
ao artigo 162 e 309 do CTB confeccionados pelos militares do BPTran, sendo que 
em elevado percentual referiam-se aos sinistros de trânsito, depois foi entregue um 
questionário acerca do tema que foi preenchido por 64 policiais do BPTran. E 
percebeu-se que de fato a tropa emprega corretamente os critérios previstos no 
CTB. 
 
Com isso, é confirmado a hipotese de que os integrantes utilizam o critério de gerar 
perigo de dano para diferenciar a infração administrativa do crime de trânsito, tal 
como é previsto no CTB. Logo, responde ao problema de saber qual o requisito 
empregado para distinguir o delito da infração de trânsito. 
 
Os instrumentos de coleta de dados permitiram aferir que os militares possuem 
entendimento, sobre as infrações do artigo 162 do CTB, conforme o descrito no 
artigo. Acerca do artigo 309 a expressão gerar perigo de dano não está disposta no 
Código, no entanto os militares seguem a norma. No que tange ao crime de transito 
previsto no artigo 309, 41 registros dos 43 lavrados no período analisado estão 
relacionadas aos acidentes de trânsito com ou sem vítimas. Assim, infere-se que o 
acidente de trânsito também é um gerador de perigo de dano. 
 
Sugere-se realizar uma pesquisa com uma Companhia de Trânsito do interior do 
Estado para analisar se os policiais estão em consonância com o entendimento dos 
militares do BPTran, pois o tema restringiu-se aos militares em Belo Horizonte. 
21 
 
REFERÊNCIAS 
 
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fundamentos e meios de atuação. Salvador: Contexto e Arte, 2006. 314 p. 
 
ANGHER, Anne Joyce. (Org.). Vade mecum acadêmico de direito Rideel. 32. ed. 
São Paulo: Rideel, 2021. 
 
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Brasileiro. Brasília: Senado Federal. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm. Acesso em: 16 abril. 
2022. 
 
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RENAST visão geral. Disponível em: https://www.gov.br/infraestrutura/pt-
br/assuntos/transito/arquivos-senatran/docs/renaest. Acesso em: 02 ago. 2022. 
 
BRASIL, Secretária Nacional de Trânsito (SENATRAN). Anuário SENATRAN 2021. 
Disponível em: https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-
denatran/estatisticas-senatran/AnuarioSenatran2021.pdf. Acesso em: 02 ago. 2022. 
 
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Transporte 2021, 6ª Edição, 2021. Disponível em: 
https://anuariodotransporte.cnt.org.br/2021/Rodoviario/1-3-1-1-1-/Malha-
rodovi%C3%A1ria-total. Acesso em: 02 ago. 2022. 
 
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 31. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2019. 1117 p. 
 
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Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pesquisa/22/0?localidade1=31. 
Acesso em: 02 ago. 2022. 
 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). População do Brasil. 
Disponível em: https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/box_popclock.php. 
Acesso em: 02 ago. 2022. 
 
MACEDO, Leandro. A habilitação. Disponível em: http: //www.euvoupassar.com.br. 
Acesso em: 02 ago. 2012. 
 
MACEDO, Leandro; MENDES, Gleydson. Curso de legislação de trânsito. 7. ed. 
Salvador: Juspodivm, 2021. 1056 p. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais especiais 
comentadas. 4. ed. São Paulo: RT, 2009. 
 
REIS, Carlos Alberto Protássio dos. A prisão do condutor inabilitado de veículo 
automotor. 2012. Monografia (Especialização em Segurança Pública) – Centro de 
Pesquisa e Pós-Graduação, Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, Belo 
Horizonte, 2012. p.130 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm.
22 
 
 
TOBIAS, Omar Zanette. Código de Trânsito Brasileiro comentado. 20. ed. Leme: 
Edijur, 2021. p.1534. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO 01 AOS AOS MILITARES DO BPTRAN 
 
1a Questão: Quando identificado condutor inabilitado na condução de veículo, qual 
procedimento você policial militar realiza? É possível marcar mais de uma alternativa. 
 a ( ) lavrar o AIT 50.100; 
b ( ) prender o condutor pelo Art. 309 do CTB; 
c ( ) analisar se houve geração de risco de dano; 
d ( ) analisar se houve dano material; 
e ( ) analisar se houve lesão corporal ou morte. 
 
2a Questão: Quais critérios você policial militar utiliza para definir o acontecimento 
do Art. 309 do CTB? É possível marcar mais de uma alternativa. 
a ( ) o condutor ser inabilitado ou estar com a CNH cassada; 
b ( ) o condutor ter se envolvido em acidente; 
c ( ) o condutor ter se envolvido em acidente e se do acidente houve dano em veículo; 
d ( ) o condutor ter se envolvido em acidente e se do acidente houve lesão corporal 
ou morte; 
e ( ) se houve direção perigosa por parte do condutor inabilitado ou com CNH cassada; 
f ( ) se houve outras infrações administrativas de trânsito relacionadas à circulação de 
trânsito. 
 
3a Questão: Um condutor inabilitado envolveu-se em um acidente de trânsito 
sem vítima. Este condutor cometeu, em tese, o crime do Art. 309 do CTB? 
a ( ) sim; 
b ( ) não. 
 
4a Questão: Um condutor inabilitado envolveu-se em um acidente de trânsito com 
vítima. Este condutor cometeu, em tese, o crime do Art. 309 do CTB? 
a ( ) sim; 
b ( ) não. 
 
24 
 
5a Questão: Um condutor inabilitado envolveu-se em um acidente de trânsito sem 
vítima. Visivelmente o condutor causador do acidente foi o condutor habilitado. 
Aquele condutor inabilitado cometeu, em tese, o crime do Art. 309 do CTB? 
a ( ) sim; 
b ( ) não. 
 
6a Questão: Um condutor inabilitado evadiu no veículo da ação policial, em alta 
velocidade, sendo logo após abordado. Este condutor cometeu, em tese, o crime do 
Art. 309 do CTB? 
a ( ) sim; 
b ( ) não; 
c ( ) cometeu somente o crime de Desobediência e a contravenção penal de Direção 
Perigosa. 
 
7a Questão: Um condutor avançou o sinal vermelho do semáforo e foi abordado 
logo após, sendo identificado ser este condutor inabilitado. Este condutor cometeu, em 
tese, o crime do Art. 309 do CTB? 
a ( ) sim; 
b ( ) cometeu somente as infrações administrativas de trânsito.

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