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Homem médio também teria medo. Ao contrário da doutrina maioritária, o professor entende que o artigo 33º, nº2 é mais uma causa de exclusão da ilicitude supralegal. 9. Estado de Necessidade subjetivo ou desculpante: 35º CP O circunstancialismo fáctico é o mesmo do artigo 34º CP, com algumas diferenças. Tem de haver uma coação psicológica forte, a lei portuguesa não exige que haja uma relação familiar, porque existem relações que traduzem uma proximidade existencial tão grande ou maior do que os vínculos familiares. Se for no auxílio de terceiro tem de ser uma coação psicológica suscetível de criar no agente uma coação psicológica tão forte que crie um sentimento equiparável como se fosse um bem jurídico próprio. A doutrina diverge quanto aos pressupostos fácticos serem os mesmos que os presentes no artigo 34º CP, apenas se diz que não tem aplicação a alínea c). Todavia, o artigo 35º, nº1 limita o estado de necessidade como causa de exclusão da culpa apenas em casos em que estejam em causa bens jurídicos pessoais. Quando o bem jurídico em perigo for de outra natureza, rege o nº2. Os bens pessoais contendem com o essencial da pessoa e criam uma situação de coação psicológica mais intensa, capaz de afastar a culpa, quando não lhe seja exigível uma conduta diferente. Já quando se tratam de bens jurídicos de outra natureza, a coação psicológica é menor, logo, por regra, não comporta a não exigibilidade, comporta a culpa, diminuindo-a, mas não a exclui, atenua-se apenas a culpa. No entanto, excecionalmente, podem haver casos em que se exclua totalmente a culpa- ex.: alguém que esteja em risco de perder a casa de família. Eduardo Correia explicava os diferentes regimes consagrados no nº1 e no nº2 na base de uma graduação de exigibilidade de culpa. Figueiredo Dias vem na linha da doutrina alemã falar na inexigibilidade total com exclusão na culpa só no nº1, considerando que o nº2 nunca exclui totalmente a culpa, há antes uma coação psicológica que diminui a culpa, só que pode o agente ser dispensado de pena por não haver necessidade depena, no âmbito da prevenção especial (EX.: instituto da dispensa de pena prevista no artigo 74º CP) O professor Almeida Costa considera que nem um nem outro tem 100% de razão, entende antes que no plano subjetivo existem situações que, não estando em causa bens jurídicos pessoais, a coação psicológica é de modo intensa que torna o comportamento não exigido. No entanto, também dá razão a Figueiredo Dias, considerando que poderão haver casos em que a situação de coação psicológica não é de intensidade tal que justifique a exclusão de culpa, mas caso não se justifique a necessidade de aplicação da pena, por não haver necessidade de prevenção, não se pune. O professor entende que se deve construir um estado de necessidade justificante supralegal quando verificados os pressupostos fácticos, sempre que, em concreto, se verifique uma situação de inexigibilidade objetiva. Para ele
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