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1 Nesse capítulo falaremos sobre o processo de tomada de decisão e de algumas características e desdobramentos importantes. O gestor decide, esse é um dos atos mais importantes da sua ativi- dade e provavelmente a que lhe ocupa a maior parte do tempo. É importante compreendermos o ambiente que envolve o processo de tomada de decisão, o processo de tomada de decisão e os atalhos que são utilizados para esse processo. Capítulo 8 Processo de tomada de decisão 2 Teorias da administração Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 Tomada de decisão Tomar decisão provavelmente seja o ato mais comum na atividade de um gestor, decide-se. Apesar de ser um ato comum não se pode entender como um ato trivial, simples, existe complexidade no ato de decidir. IMPORTANTE “Decisão pode ser descrita, de forma simplista, como uma escolha en- tre alternativas ou possibilidades com o objetivo de resolver um proble- ma ou aproveitar uma oportunidade. Contudo, a tomada de decisão não é um processo trivial e fácil, pois associada a cada alternativa de decisão está a incerteza de suas con- sequências e impactos” (SOBRAL, PECI; p.145; 2013) Para minimizar as incertezas um processo bem estruturado pode auxiliar na efetividade do ato de decidir. É importante compreender- mos conceitos relativos a decisão e a construção do processo de to- mada de decisão. 1.1 Conceitos sobre decisão Inicialmente é importante compreendermos o ambiente de tomada de decisão. No ambiente de tomada de decisão toda situação de decisão deve ser entendida em uma escala que vai da completa certeza à completa incerteza, observando a disponibilidade de informação sobre cada al- ternativa e seus respectivos resultados. Segundo Sobral e Peci (2013) pode-se entender: • Certeza como uma situação na qual toda a informação necessá- ria para a tomada de decisão se encontra disponível. 3Processo de tomada de decisão M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Risco como uma situação na qual não é possível prever com certeza quais são os resultados associados a cada alternativa, mas há informação suficiente para estimar uma probabilidade de ocorrência. • Incerteza como uma situação na qual a informação sobre as al- ternativas e suas consequências é incompleta e imprecisa. Além de compreender o que envolve o ambiente do processo de to- mada de decisão tem-se que entender os tipos de decisão classificados pelas teorias vigentes. Segundo Sobral e Peci (2013) o acesso a informação precisa e con- fiável nos auxilia na distinção de dois tipos de decisões as decisões programas e as não programas Decisões programadas, são soluções aconselhadas para situações repetitivas e estruturadas. Usualmente as instituições já desenvolve- ram mecanismos de atuação e controle, por este motivo, sabe-se como se deve proceder. Já as decisões não programadas são soluções específicas utiliza- das para resolver situações desestruturadas e pouco frequentes, são decisões usualmente utilizadas em processos de exceção. A tabela a seguir contextualiza as principais diferentes entre os dois tipos de deci- sões quanto a classificação, natureza, métodos e técnicas de decisão. Quadro 1 — Diferenças entre decisões programadas e não programadas DECISÕES PROGRAMADORAS DECISÕES NÃO PROGRAMADORAS CLASSIFICAÇÃO DA DECISÃO Rotina Recorrentes Genéricas Singulares Inovadoras Específicas NATUREZA DA DECISÃO Bem definida Estruturada Ambígua Desestruturada 4 Teorias da administração Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . DECISÕES PROGRAMADORAS DECISÕES NÃO PROGRAMADORAS AMBIENTE DA DECISÃO Condições Estáticas Informação confiável e precisa Condições Dinâmicas Ausência de informação MÉTODO DE DECISÃO Regras (normas explícitas) Procedimentos (série de etapas sequenciais) Políticas (orientação genéricas) Julgamento Intuição Princípio do decisor TÉCNICAS DE APOIO À DECISÃO Modelos matemáticos Orçamento Pesquisa Operacional Sistema Corporativos de apoio à decisão Análise de cenários Fonte: Adaptado de Sobral e Peci (p.150; 2013). 1.2 Processo de tomada de decisão Apesar da tomada de decisão ser cotidiana na atividade de gestão, deve-se compreender que existe um processo que a envolve, esse pro- cesso consiste em algumas etapas. Figura 1 – Etapas do processo decisório Fonte: Adaptado de Sobral e Peci (p.151; 2013). A seguir vamos especificando cada uma dessas etapas. A começar com a identificação da Situação. Todo processo de tomada de decisão tem início com a identificação de uma oportunidade ou de um problema. A correta identificação da Situação possibilita uma tomada de decisão. Identificação da situação Diagnóstico da situação Desenvolvimento de alternativas Desenvolvimento de alternativas Avaliação de alternativas Seleção e implementação 5Processo de tomada de decisão M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Já sobre a análise e o diagnóstico da Situação, segunda Sobral e Peci (2013), após a identificação do problema, o gestor deve concentrar seus esforços na análise e no diagnóstico da situação. Essa etapa do processo decisório consiste no estabelecimento dos objetos que se se pretende alcançar com a decisão e na análise das causas que estão na origem da situação. Sem objetivos claros, é difícil pensar em alternati- vas que permitam resolver problemas ou aproveitar as oportunidades O Desenvolvimento de Alternativas equivale ao momento de gera- ção de possibilidades de ação para atingir o objetivo traçado. Algumas técnicas para desenvolver alternativas são: 1. Brainstorming: consiste em uma chuva de ideias, que deve pos- sibilitar a geração livre de várias possibilidades de alternativas 2. Conflito construtivo: que consiste no incentivo ao conflito entre as pessoas que podem geral alternativas, os conflitos podem ge- rar alternativas mais complexas e colaborativas. Após esta etapa, temos a avaliação de Alternativas que, segundo Sobral e Peci (2013, p. 155), uma vez gerado um conjunto de cursos alternativos de ação, a etapa seguinte consiste na avaliação e compa- ração dessas alternativas, com o objetivo de selecionar a melhor. O pro- cesso de avaliação começa com a identificação dos principais impac- tos de cada alternativa na organização. Entre eles destacam-se: • Impacto Financeiro: deve-se observar os impactos no aspecto fi- nanceiro relativos a cada alternativa, que geram mais custos e a relação custo benefício • Benefícios: é necessário observar os benefícios gerados por cada uma das alternativas, benefícios formais e informais, di- retos e indiretos. • Ativos intangíveis: existem ativos intangíveis nas organizações como sua marca, sua reputação etc. Em cada alternativa deve se verificar os impactos nos ativos intangíveis da organização 6 Teorias da administração Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Educ aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Tempo: a que se observar quanto tempo se leva para executar cada alternativa e se eles são condicentes com os prazos do pro- jeto e do processo de tomada de decisão • Recursos: tem-se que observar todos os recursos que cada al- ternativa necessita e principalmente se esses recursos são pos- síveis e estão disponíveis. Esses recursos podem ser humanos, tecnológicos, financeiros etc. • Risco: tem-se que observar os riscos envolvidos na aplicação da alternativa, se eles são adequados e se é válido corre-los. Existem algumas técnicas de apoio à decisão, ou seja, processos e ferramentas que podem ajudar o gestor e filtrar ou ainda estabelecer in- dicadores para eleger quais alternativas são as mais adequadas. Segue algumas dessas técnicas a seguir: 1. Análise de prós e contras: É uma técnica de análise das alternati- vas que consiste na listagem das vantagens e das desvantagens de possibilidade de decisão. 2. Matriz de prioridades: Técnica de análise que consiste na cons- trução de uma matriz que permite comparar cada uma das alter- nativas por meio da atribuição de pesos diferenciados a cada um dos critérios de decisão 3. Árvore de decisão: Técnica de análise que permite a visualização gráfica das alternativas na qual cada uma delas é representada como ramo de uma árvore. 4. Sistema Especialista: Sistemas computadorizados de apoio à de- cisão, programados para simular a decisão de um especialista com 20 ou 30 anos de experiência profissional. A seguir, temos a etapa de seleção e implementação da melhor alter- nativa, que acontece depois de avaliar todas as alternativas disponíveis. 7Processo de tomada de decisão M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Nesta etapa, o administrador deve escolher aquela que melhor se adap- te aos objetivos e valores da organização e que permita resolver o pro- blema ou aproveitar a oportunidade que estiver na origem da decisão. Assim, na maioria das decisões organizacionais, o sucesso de sua implementação depende da capacidade do administrador em comuni- car de maneira eficaz a decisão aos envolvidos. Nessa comunicação, ele deve motivar e persuadir os demais, informando-lhes sobre os méri- tos e vantagens de sua escolha, ou seja, deverá: 1. Demonstrar compreensão 2. Explicar as razões 3. Declarar suas expectativas Por fim, a última etapa é a de Monitoramento e feedback. O processo decisório não termina com a implementação da decisão. O tomador de decisão deve monitorar a implementação da decisão e avaliar sua efi- cácia no alcance das metas estabelecidas. O monitoramento permite a coleta de informações e de feedback sobre a decisão, o que possibilitará avaliar se uma nova decisão ou alguma retificação serão necessárias. IMPORTANTE Na realidade, o modelo de tomada de decisão racional não tem a pre- tensão de descrever como as decisões são tomadas, mas sim como deveriam ser tomadas 2 Heurísticas De acordo com Herbert Simon, a complexidade da situação, as res- trições de tempo e de recursos e uma capacidade de processamento de informação limitada restringem a racionalidade do tomador de decisão 8 Teorias da administração Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . Segundo Sobral e Peci (2008, p. 110), de acordo com esses pesqui- sadores, as pessoas usam princípios heurísticos – conjunto de regras empíricas – para facilitar o processo de tomada de decisão. Os princí- pios heurísticos orientam implicitamente o julgamento do tomador de decisão. As heurísticas são uteis, pois tornam o processo de tomada de decisão mais rápido e simples, mas são falíveis e podem perpetuar ideias preconcebidas. As heurísticas do julgamento mais pesquisadas são a heurística da disponibilidade e a heurística da representatividade. • Heurística da disponibilidade: pode ser considerada a tendência a basear os julgamentos em informações ou eventos que estão disponíveis na memória, normalmente informações e eventos recorrentes ou que aconteceram recentemente e estão claros na memória. • Heurística da representatividade: pode ser considerada como a tendencia em basear os julgamentos em estereótipos previa- mente formados. 3 Armadilhas Psicológicas na tomada de decisão Segunda Sobral e Peci (2013, p. 164 – 165) são armadilhas psicoló- gicas na tomada de decisão: • Ancoragem: Tendência de ancorar o julgamento em uma infor- mação inicial, dificultando assim o ajuste diante de informações posteriores. • Perpetuação do status quo: Tendência a favorecer alternativas que perpetuem a continuidade e evitem a mudança. • Custo irrecuperável: Tendência de fazer escolhas que justifiquem decisões passadas, mesmo que essas decisões tenham se reve- lado erradas. 9Processo de tomada de decisão M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Evidência confirmadora: Tendência a buscar informações que corroborem seu instinto ou seu ponto de vista e a evitar informa- ções que o contradigam. • Lembrança: Tendência a valorizar os acontecimentos que estão presentes na memória • Excesso de Confiança: Tendência de confiar demais na precisão de suas previsões, o que pode levar a falhas no julgamento e na avaliação de decisões • Prudência: Tendência de fazer estimativas e projeções muito se- guras e conservadoras. IMPORTANTE Segundo Sobral e Peci (2008, p. 116), os administradores diferem na for- ma como tomam decisões. De fato, existem diferenças individuais na maneira como as pessoas percebem os problemas e as oportunidades, processam a informação disponível, geram alternativas e escolhem a solução que consideram mais adequada para alcançar os objetivos da organização. Por exemplo, um administrador criativo e propenso ao ris- co tema mais facilidade para pensar em alternativas inovadoras que um administrador conservador e avesso ao risco. Diversas pesquisas têm procurado identificar como essas diferenças individuais se mani- festam no processo de tomada de decisão. 4 Estilos de tomada de decisão Pode-se considerar que existam quatro abordagens diferentes de estilos de tomada de decisão, essas abordagens englobam divergência entre duas dimensões: 10 Teorias da administração Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1. Maneira de pensar: Pessoas lógicas e racionais que processam as informações de forma sistemática e as criativas e intuitivas que percebem as coisas em seu conjunto 2. Tolerância à ambiguidade: Algumas pessoas têm necessidade de estruturar as informações objetivando minimizar as ambiguida- des e outras são capazes de processar muitos pensamentos ao mesmo tempo Figura 2 – Modelos de estilos decisórios Assim, como vimos na figura,os estilos decisórios podem ser divi- didos em quatro. A seguir iremos contextualizar a definir mais cada um dos modelos. Começando com o modelo de estilo diretivo, que normalmente en- quadra pessoas com pouca tolerância à ambiguidade e que buscam a racionalidade. Ou seja, estão neste modelo pessoas que objetivam eficiência e lógica nas suas decisões, no entanto, se baseiam em um mínimo de informações e avaliam poucas alternativas. Comumente to- mam decisões rápidas e voltadas para o curto prazo. No modelo de estilo comportamental, estão as pessoas que normal- mente se caracterizam como tomadoras de decisão, que se preocupam Analítico Alto Baixo Racional Intuitivo Conceitual To le râ nc ia à A m bi gu id ad e Maneira de pensar Diretivo Comportamental 11Processo de tomada de decisão M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. com as pessoas da organização e com o desenvolvimento de sua equi- pe. Este profissional tende a ser receptivo a sugestões e estão preocu- pados com as realizações dos membros de sua equipe. Utilizam poucos dados para a tomada da decisão e mantem seu foco no curto prazo. No estilo analítico, temos pessoas com uma tolerância muito maior à ambiguidade, portanto, com um desejo por um maior número de infor- mações e consideram um maior número de alternativas. Normalmente são tomadores de decisões mais cuidadosos e capazes de se adaptar ou enfrentar novas situações. Por fim, no estilo conceitual, estão aquelas pessoas que procuram ter uma visão ampla utilizando dados de variadas fontes e alternativas. Busca enfoque de longo prazo e soluções criativas. Considerações finais O capítulo procurou apresentar os fundamentos e características do processo de tomada de decisão. É valido lembrar que não se tem uma receita para o sucesso nos processos e atos administrativos, a administração não tem uma re- ceita infalível. Toda a teoria pode e deve ser utilizada como alicerce para que se possa construir o seu melhor estilo de gerir. Referências SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa; Administração: teoria e prática no contexto bra- sileiro. São Paulo: Pearson Hall, 2008.
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